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PANO
Cada lugar, cada olhar Tatewaki Nio
Foi na Bahia que morei pela primeira vez no Brasil. E foi na Bahia que comecei a me interessar em fotografia. Tantas festas sob o sol ardente, foi tão natural pegar máquina e fotografá-las por vontade de registrar. Revendo as imagens que fotografei nesta época senti que o olhar que tive não foi tão longe daquele de turistas.
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Por ser um estrangeiro nesta terra, o meu objeto de fotografia é sempre algo que tema ver com cultura e sociedade deste país. É inevitável fazer comparação entre duas culturas, uma de onde vim e outra de onde estou, para adaptar em situação diferente.
Em 2001 voltei pro Japão depois de 3 anos em São Paulo. Por tanta saudade procurei sentir e conhecer o Japão o mais possível e andei fotografando templos budistas. Foi a minha primeira experiência de fotografar a terra natal. O que procurei não foi a realidade que já conhecia mas foram imagens idealizadas por mim na vida em terra alheia. Foi um ato de reconhecer a cultura de origem através do olhar[og eeToretobçoR
Desde 1999 estou fotografando o Sertão. Atraido por filmes de Cinema Novo surgiu a vontade de conhecer a realidade daquela região pelos meus olhos. Acho que qualquer coisa que vejo, escuto ou sinto no Sertão é resultado de encontro de duas culturas extremamente diferentes. Eu, como um jovem oriental que vivia em Tóquio, uma das maiores metrópoles da Ásia com grande população, estar no Sertão, região de terra enorme sob desenvolvimento econômico, é um caso simplesmente extraordinário. Ao contrário, para quem fotografo sempre eu apareço como um forasteiro. Isto é claro nos olhos curiosos e temidos de crianças.
Estou interessado no Sertão pela sua diferença. Agora, como eu vejo o São Paulo? Cada ano mais o filtro de olhar estrangeiro desaparece e sinto que o meu olhar está aproximando dos olhares nativos. Já que vejo e fotografo o Japão pelo olhar estrangeiro, por enquanto São Paulo é único lugar que vejo por olhar natural. Estou tentando fotografar esta cidade, mas pela sua grandeza e complexidade é impossível fotografar do mesmo conceito de ver o Sertão. Estou procurando um assunto não tão grande nesta cidade, mas como não encontrei ainda, sinto que preciso mergulhar mais profundo neste labirinto urbano.