São Paulo antigo e São Paulo moderno : 1554-1904

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5. PAULO ANTIGO E S. PAULO MODERNO


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Todos os direitos reservados

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Não julgamos necessária a publicação de dados biographicos de quem tem a sua existência tão materialmente assignalada por toda esta cidade. O povo conhece bem a vida dos verdadeiros estadistas.

D e d ic a m

e

consagram

C OS AUTORES

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INTRODUCÇÃO

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ideia de reunir em um album vistas

do que foi a

antiga cidade de S. Paulo, surgiu ao mesmo tempo

aos trez signatários destas linhas.

Publicaremos primeiramente o album comparativo da Capital, seguindo-se as principaes cidades do Interior.

O mais velho, aguilhoado, talvez,

Cada fasciculo terá 16 paginas, muitas gravuras mostrando a

pela saudade de sitios que já desappareceram na transformação por­

transformação da cidade e um curto resumo historico dos principaes

que tem passado a capital, quizera ainda uma vez patentear o seu

edifícios ou dados biographicos dos vultos notáveis cujos retratos

amor por esta terra onde vive como num canto da França que o vio

publicarmos.

nascer.

Artista, o seu temperamento eternamente joven não per-

Os autores receberão com o maior agrado o auxilio que qual­

mittia que o encanecido manejador do pincel e do lapis findasse os

quer pessoa entender dever prestar, pelo escopo patriótico deste

seus dias sem trazer mais esta contribuição do seu estorço ao espan­

trabalho, á mais completa e perfeita reproducção das ruas, edifícios

toso progredir da nossa capital.

e objectos antigos.

Os outros dous, jovens, — um

Photographias de vultos eminentes, corrigendas

commerciante e irmão de arte do primeiro e o outro modesto

ou quaesquer informações poderão ser dirigidas a Vanorden & Cia.,

amador das cousas patrias nesta epocha em que os espíritos novos

rua do Rosário 9 — 1 1 , bem como toda a correspondência referente

tão pouco se preoccupam com as velharias, — foram levados, por certo, pelo deslumbramento do S. Paulo de hoje. O fim elevado e nobre que fizera nascer a ideia unira-os,

a esta publicação. Que 0 favor do publico seja mais um incentivo para 0 desen­ volvimento do nosso trabalho.

por um acaso, forçando-os a convergir todos os esforços para realizar obra digna da attenção do publico a que é destinada.

S. Paulo, r.° de Janeiro de 190?.

Nas paginas que se vão seguir procuraremos dar ideia do que foi esta cidade, desde os primeiros tempos cm que a photographia e o pincel permittiram a comparação com o que ahi está feito

J u /e s M a r tin .

pela patriótica e inimitável dedicação do Sr. Dr. Antonio Prado —

JCereu R a n g e ! 9 e sta n a .

o eminente Prefeito que S. Paulo acata agradecido como unico administrador que possuiu desde a sua fundação.

JK enrique V anorden.


FUNDAÇÃO DE S. PAULO EM 1554 Foi Martim Affonso de Souza, fidalgo da casa real, senhor de Alco-entre e Tagarro e alcaide mór de Bra­ gança e do Rio Maior, nomeado por D. João 111 por alvará de 20 de Novembro de 1550, para vir ao Brazil des­ cobrir e dar terras ás pessoas que 0 acom­ panhassem, trazendo patente de capitão mór e governador. Partindo de Portu­ gal, a 3 de Dezembro chegou Martim Affonso ao Rio de Janeiro, a 30 de Abril e velejando para 0 Sul, tocou em Cananéa, onde encon­ M a r tim

sul da ilha que os indígenas chamarão depois Engaguassú, ahi fundou a 22 de Janeiro de 1 532 a primeira povoação do Brazil, hoje villa de S. Vicente. Resolveu Martim Affonso, em 22 de Maio fazer voltar para Portugal seu irmão Pero Lopes de Souza, afim de dar ao rei noticia das explorações no rio da Prata; e, com data de 28 de Setembro recebeu uma carta *-de D. João 111, communicando-lhe que havia deliberado dividir 0 Brazil em capitanias hereditárias e doan­ do-lhe cem léguas. Martim Affonso, depois de distribuir sesmarias a vários fidalgos e especialmente a Antonio Rodrigues, companheiro de João Ramalho,

O d e s e m b a r q u e d e M a r tim A ffo n so Quadro de Oscar P. da Silva ( Museu do Ypiranga)

A ffo n s o d e S o u z a

trou 0 portuguez Francisco Chaves ahi resi­ dente havia mais de 30 annos. Depois de alguns dias de demora, Mar­ tim Affonso, obediente ás ordens que recebera, fez-se de vela para 0 Rio da Prata, regres­ sando, em vista de grandes temporaes, do cabo de Santa Maria, onde naufragara. En­ trando com sua armada em uma enseada ao

as terras situadas na ilha de São Vicente, a duas léguas da barra de Santo Amaro e fronteiras a Timiurú, subiu a serra Paranapiacaba para reconhecer os campos de Piratininga em companhia de João Ramalho, seu guia, em cuja casa, no sitio conhecido por Borda do Campo, fez pousada. Ahi Martim Affonso confirmou-lhe a posse em que estava dessas terras; e ainda nesse logar assignou cartas de sesmarias abaixo da Serra, nas terras da costa e das ilhas. B r a z ã o d c M a r tim A ffo n s o

Em fins de 1 333 voltou para Portugal deixando por seu locotenente Gonçalo Monteiro, com a patente de capitão-mór e ouvidor.


A necessidade de um regi­ men capaz de conservar e de­ senvolver as capitanias, creadas no Brazil, e melhor curar dos interesses das povoações, re­ primindo os abusos que se davam, provindos de seus go­ vernadores privativos, á mercê dos quaes estavam a honra, a vida e a propriedade dos co­ lonos, deu lugar a que, pela carta regia de 7 de Janeiro de 1549, fosse instituído no Brazil um governo geral com séde na Bahia. A r m a d u r a d e M a r tim A ffo n s o ( Museu do Ypiranga

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p r i m e i l '0 r • T i

g O V e m a d O t' • J o

partiu 0 padre Nunes para a Bahia a entender-se com Manoel da Nobrega, que resolveu vir pessoalmente conhecer das necessidades do serviço espiritual da capitania de S. Vicente, e como por seu turno desejasse 0 governador informar-se sobre 0 que ia pelas ca­ pitanias do sul, partiram ambos no fim do anno de 1 552, chegando a S. Vicente em Fevereiro de 1 553.

110-

meado foi 1 home de bouza, que chegou á Bahia aos 29 de Março daquelle anno, vindo com elle, alem dos funccionarios que deviam tomar parte na governação da colonia, 0 padre Manoel da Nobrega e mais cinco membros da Companhia de Jesus. Solicito em propagar a fé pelas terras já povoadas, mandou No­ brega, no mesmo anno de sua chegada, para a capitania de São Vicente os padres Leonardo Nunes, Affonso Braz e Diogo Jacome, os quaes, bem succedidos no seu apo­ stolado, fundaram um collegio na Villa de S. Vicente, a que annexaram casa de educação, em que eram admittidos os menores tilhos dos colonos e dos aborígenes. Carecendo de mais companhei­ ros para 0 serviço da catechese, C a n ?rJt,uvpez <l442) Ypiranga)

F u n d a ç ã o d e S . V ic e n te pelo capitão-mór Martini Afonso tie Souza — (Quadro de BENEDICTO C alixto

Museu do Ypiranga)

0 governador, apóz uma curta inspecção, transpoz a serra e foi até á povoação de S.10 André da Borda do Campo, onde habi­ tavam Antonio Rodrigues e João Ramalho, sendo este ultimo o portuguez que Martim Affonso encontrára na nova região e que, por sua alliança com a filha de Tibyriçá, chefe da numerosa tribu dos Guayanazes, muito influira para 0 benevolo acolhimento prestado aos portuguezes. A' nascente povoação de S.'° André deu 0 governador geral 0 predicamento de villa e a Ramalho 0 titulo de alcaide-mór.


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CONVENTO E IGREJA DO COLLEGIO. Fundada em Janeiro 1554. Concluída em 1681.

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Demolida em 1898.


Cumprida a sua missão na capitania de S. Vicente, retirou-se Thomé de Souza para a Bahia, sendo logo depois, em 1 5 1 3 , substituído no governo por Duarte da Costa (15 3 3— 1 358). Com 0 novo governadorgeral vieram outros padres da Companhia de Jesus, entre os quaes José de Anchieta. A esse tempo, já conhecendo Nobrega as necessidades que se faziam sentir no serviço da catechese da capitania, dahi mesmo dispoz a vinda de religiosos da Bahia para S. Vicente, resolvendo mais que se estabelecesse outro Collegio eill CÍma da SeiT3, onde mais vasto campo se

P a d r e J o s é d e A n c h ie ta

offerecia aos christã.

missionários

da

Apparelhada a apostólica missão, da qual faziam parte Manoel de Paiva e José de Anchieta, 0 padre Nobrega, já provincial no Brazil, enviou-a a fundar um collegio nos campos de Piratininga. Começa ahi, de facto, a obra da conquista do planalto brazileiro, a expansão do Brazil. Transposta a serra, atravessada a região da Matta, e, já distante d elia cerca de 18 kilometros, foram

P i a d a e g r e j a d o C o lle g io que servia desde a fundação Museu do Ypiranga).

ter ao logar escolhido para 0 collegio nessa lombada de campo alto, interposta ás aguas dos ribeiros Tamanduatehy e Anhangabahú, onde foi levantado rústico tugurio, em que se celebrou missa no dia 25 de Janeiro de 1 354, dia em que a egreja commémora a con­ versão de S. Paulo, cujo nome passou a ser 0 da nascente povoação. “ A posição escolhida para a nova egreja, era, entretanto, a mais pro­ picia. A face do terreno, voltada para 0 Tamanduatehy, outrora Pira­ tininga, onde se espraiavam extensas varzeas, era talhada em encosta ab­ rupta e exhibia nesse tempo os desbarrancados vermelhos, de grés e ria. A escarpa tinha resaltos, curvas e recortes, e nella formava profunda depressão a actual — rua General Carneiro. Esta elevação, que lembrava as acropoles gregas, dominava de 25 a 30 metros de alto toda a extensa varzea alagadiça até 0 Tietê ou Anhemby, distante meia legua ao norte. Mais ingreme do que hoje e banhada no sopé pela agua remansada e funda do ribeiro, essa escarpa era como um baluarte inaccessivel pelo lado da campina húmida que se estendia ainda para as regiões das cabeceiras, na mesma direcção onde. por detraz de uma lomba de campo, se erguia, trez léguas distante, a villa de Santo André. Da pequena egreja, collocada á beira dessa escarpa e no angulo da mais funda das suas re­ entrâncias, não só se dominava todo 0 hori­ zonte de onde era pos-

C ocar de

C a c iq u e s (Museu do Ypiranga).


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PALACIO DO GOVERNO.

Antigo Convento e Collegio, reformado em 1881 sob a Presidência do Senador F loren CIO de A breu . Nova fachada em 1880, sob a Presidência do Cons. J oão ALFREDO.


Cl sivcl uma surpreza' ou ataque, como se podia fazer a policia da povoação que lhe cre­ scia na vizinhança. No plano então ob­ servado se descobrem perfeitamente os linea­ mentos dessa cauta prudência, dessa estra­ tégia, que convinha guardar para com os de dentro e desse cal­ Pedra tumular encontrada nas exeavações da egreja do Collegio por culado retrahimento ou occastâo da sua demolição melhor, exclusão in­ Era a sepultura de Affonso Sardinha e de sua mulher Maria Ccr.çalves teira que observava para com os de fóra. O chefe Tityriça e os da sua scquella ficaram alli para o vértice do triângulo na altura do actual con­ vento de S. Bento, que era a porta Norte da cidadella dos catechumenos e protegendo o accesso desse lado do sinuoso Tieté. Os do séquito do velho Cai-Uby localisaram - se alli para o extremo Sul, proximo do sitio que depois chamou-se Tabatagnéra e tinham sob a sua guarda o caminho que do alto do espigão descia para a varzea e tomava para S. Vicente por Santo André. No meio ficava o collegio dos Padres como centro de onde irradia­ vam os caminhos ou futuras ruas da Cidade. No beiço da escarpa que dá para o Anhangabahú, sulco profundo, onde crescia espesso matto e onde a lenda selvagem fazia deslizar mysteriosaÇJ

M ú m ia i n d í g e n a ( Museu do Ypiranga)

mente essa agua da maldade, oriunda de uma fonte do diabo, rasgava-se o caminho de cintura, mais tarde transformado em rua Martim Affonso, e hoje de S. Bento, outrora habitado em sua maior extensão pela gente de Tibyrica. Para o alto do campo, nas vizinhanças do moderno largo da Assembléa, onde os aesbarrancados oppostos ou sorocas dos gentios mais se approximavam, um montículo de pedras de limonito de

f i e v i s i a d e t r o p a s n o P a la c io d o G o v e r n o e m 1 8 5 9

que se encontram ainda hoje fragmentos nos nossos vetustos calça­ mentos, se estendia para o sul como uma crista escalvada attingindo sua maior altura, no sitio que depois se chamou campo da Forca. Desse morro procedia bôa parte da pedra usada nas primeiras construcções. As paredes mestras da egreja do Collegio eram feitas com esse material. Subindo para o mais alto dos morros, o campo ia fenecer na matta virgem que coroava aquellas eminências, a qual, descambando ainda para a vertente opposta, tomava o nome de Caaguassú, que

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PALACIO DO GOVERNO. Reconstruído em 1898 (vista actual — 1904'.

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quer dizer matto grosso, nome que a tradição conservou. Dahi descia o combustível mais abundante como também quasi toda a madeira de construcção para as obras da Cidade.

Naquelies tempos não havia mais que quatro portas na cidadella dos catechumenos: duas ao norte, guardadas e frequentadas pela gente de Tibyriça, e duas ao sul, defendidas pelos guerreiros de Cai-Uby. A trilha que se encaminhava do Collegio para o vau do Piques, a actual rua Direita, já a esse tempo parece indicar a linha divisória entre os dous bairros em que a cidade, desde logo, se repartiu. » De então, começou a edificação da nova povoação, a qual, já pelo labor dos indios, já pela concurrencia dos colonos vindos do littoral, teve rápido incremento a ponto de supplantar, alguns annos depois a visinha villa de Santo André, pois certo é que achando-se em S. Vicente o governador-geral, Mem de Sá, em 1560, mediante representação do padre Nobrega, mandou extinguir a Villa de Santo André e transferiu este predicamento para a povoação vizinha com 0 nome de S. Paulo de Piratininga. (Continua.) (M o r e ir a P in t o — “ S.

E g r e j a d o C o lle g io

A n tig o T h e a t r o

Paulo.” )

1S58

Abundante e salutifera era a agua desses campos. Fontes numerosas, na encosta dos morros, nos desbarrancados para onde davam os fundos dos quintaes de todas as casas, forneciam o sufficiente para os gastos domésticos e para as obras. O accesso para a agua dos ribeiros, no perímetro da cidade nascente, era difficil; mas bem se escusavam aguas de rio descendo encostas Íngremes, ou talhadas em degraos, onde tão abundantes eram os olhos e minas d'agua de que não poucos existem ainda guardando a bôa fama de outFora. Para ganhar os campos ao poente da cidade, abundantes de perdizes e de caça miuda, pittorescos nos seus numerosos grupos de pinheiros, nas suas pequenas lagoas frequentadas pelas garças e bandos de patos que vinham do Tietê, havia então dous caminhos únicos pelos dous vaus existentes no sulco estreito e profundo do Anhangabahú: o que descia pelo Acú, no logar em que está hoje o mercadinho da rua de S. João, e o que se encaminhava para a aldeia dos Pinheiros, passando pelo Piques.

P a la c io d o G o v e r n o ( 16 d e N o v e m b r o d e 1 8 8 9 )


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Convento1'e Egreja do Carmo e Venerável Ordem Terceira (Estado actual — Vide 2 ° fascículo) 1905

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PLANTA DA CI DADE

S. PAULO levan lad a pelo Cap™ de E n g e n h e iro s Rufino J" Felizardo e Costa



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Mosteiro e egreja de S. Bento (Vista actual — Vide 2.0 fascículo)

1905


O CARMO

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ontinuava a prosperar a nova villa dos Jesuítas, apezar das guerras que comecavam a apparecer. «Tupiniquins, Guayanazes e Carijós uniam-se para destruir Piratininga.

A lucta, porém, bem cedo se empenhou. S. Paulo foi inve­ stida, posta em cerco. Das aldeias visinhas chegam soccorros. Recolhem-se velhos, mulheres e creanças á egreja do Collegio, no fundo da qual mais féra a peleja se encarniçara, entre gritos medonhos, atroadores. Indecisa por momentos, a victoria, por fim se pronuncia pelos que combatem pela fé e pela civilisação. A morte de Jaguanharo, chefe doS Tupys, filho de Araray, sobre a

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Ig re ja do C a rm o — 1854

Prevendo já os tristes successos, que uma tal situação podia determinar, a Gamara de S. Paulo representou á metropolc pedindo armas, solicitando autorisação para applicar o producto dos dizimos na fortificação da villa e lembrando a remessa de degradados para povoar a terra, contanto, dizia ella, que não fossem ladrões. (Camara de S. Paulo — Livro de Vereanças — 1560.) A n tig a P o n t e d o C a r m o - — 1 8 7 0


escarpa da montanha, que elle heroicamente escalara, foi o signal da derrota dos confederados. Couberam as honras da jornada ao chefe Tibyriçá, o guerreiro dos olhos turvos e encovados, já feito christão e crente fervoroso. A confederação tinha, comtudo, deitado raizes mais profundas. Os Tamoyos da costa ,e os do valle superior do Parahyba tinham vindo atacar os povoados de beira-níar. Santos e S. Vicente tinham sido mais uma vez assaltados. Era preciso vencer os Tamoyos, fosse embora pelas armas da persuasão e da brandura. Manoel da Nobrega e José de Anchieta tomam essa resolução heroica; vão metter se entre elles, arriscam-se a tudo pela paz e pela prosperi­ dade da colonia. Não descreveremos aqui o que foi esse episodio dos mais brilhantes da historia do apostolado na America. Basta saber que a paz com os Tamoyos de iperoig significa a victoria sobre os francezes estabelecidos nas ilhas da bahia do Rio de Janeiro. Enfraquecidos os alliados, divididos e discordes, facil foi ba­ tel-os como, logo depois, o fizeram Mem de Sá e seu heroico sobrinho, Estacio de Sá. em 1 567, com forcas vindas da Bahia c com os reforços que lhes levara de S. Vicente o irmão José de Anchieta. Estava conquistado de vez 0 littoral. O Brazil maior, 0 Brazil sertanejo só 0 seria, porém, quando, para a sementeira das missões, soasse a hora promissora da colheita. » Para tanto, duplicavam de esforços os jesuítas. Fundaram aldeias, levavam para 0 sertão 0 Evangelho de Christo e estabele­ ciam na nova villa a séde de todo esse apostolado que se estendia pelo interior. Era necessário dominar os espíritos e para isso não poupavam sacrifícios. Assim, em 1594. Fr. Antonio de S. Paulo fundava 0 Convento do Carmo, em terras doadas por Braz Cubas, que fallecera havia dous annos. Quanto esforço representa essa egreja de interior singelo, cujos altares mais do que modestos, até hoje, nada apre­ sentam de notável senão as imagem que os adornam: São José, Santa Barbara, São João Evangelista, Sant' Angelo, Sant' Anna e São Joaquim reunidos! Que sacrifícios não representará esse Con­ vento, mais tarde transformado até em quartel! . . .

A capella mór, em cujo centro está N. S. do Carmo, Santo Elias á direita e Santo Eliseu á esquerda, possue 40 cadeiras de espaldar. A sachristia tem um altar de N. S. de Bòa Viagem e denota bem a antiguidade da egreja. Ao lado desta egreja e convento, está a Ordem Terceira do Carmo. Comquanto a 26 de Janeiro de 1 587 fosse passada a patente autorisando a creação das Ordens do Carmo no Brazil, parece que depois de 1648 foi levada a effeito a installação da de S. Paulo. As paredes de taipa que nos mostra a gravura, e os moveis do consistorio, talhados á mão com bastante valor, transportam-nos aos tempos da velha cidade colonial. Esta egreja é mais bem ornada que a do convento. A capella mór com 6 tribunas e um altar com rica imagem de N. S. do Carmo e dos lados Santa Thereza e São João da Cruz. No corpo da egreja, ó altares dos Passos, 2 nichos com 0 Sagrado Coração de Jesus e São José e muitos quadros da Via Sacra e do Cathecismo. No tecto ha uma pintura, tendo no centro a Virgem e os principaes santos da Ordem. Possue um bom orgão no coro. Ao lado da sachristia e por baixo do consistorio fica a sala dos jazigos com um altar do Senhor da Columna. Entre os jazigos que alli existem, nota-se o do Dr. Gabriel José Rodrigues dos Santos, político notável, deputado, lente da Faculdade de Direito, secretario do Governo, orador eloquente, advogado illustre, nascido a i." de Abril de 18 1 ò e fallecido a 23 de Maio de 1858. Seu funeral foi um dos mais con­ corridos de que ha noticia tem S. Paulo. Dr. Entre os estudantes educados no Convento Gabriel José Rodrigues dos Santos do Carmo, que se tornaram notáveis, citam-se Gurgel, Pires da Motta, Marcellino, Chaves e outros. A tribuna dos Carmelitas foi abrilhantada por Mont’ Alvcrne, Padre Mestre Pères e Santa Gertrudes. Neste convento, cujas decisões foram por muito tempo leis e sentenças na Capitania, encontravam também muitos estudantes da velha Academia, de meio século atraz, agazalho e educação.



Dahi, do alto dessa encosta, hoje grammada, se descortinam o Braz, a Moóca, a Penha, Não é mais a varzea alagada pelas cheias do Tamanduatehy, nem a trilha estreita que levava ao littorai os antigos fundadores de Piratininga.

Maio de 1 824 e depois do Conego arcipreste — Anselmo José de Oliveira, a desafiar 0 alvião demolidor que 0 ha de transformar em um grande prédio de moderno estylo, onde nada se encontre dos seculares elementos de hoje.

O progredir da cidade exigia a construcção de uma ponte logo á ribanceira do Carmo, onde os escravos traziam, ao começar o século passado, roupas para lavar. O desenho que a gravura da primeira pagina reproduz, mostra essa ponte que ligava a ladeira do Carmo ao aterrado do Braz.

E seja mais esta uma recordação, pois que 0 pão de trigo só começou a ser bem conhecido em S. Paulo em 1840, quando foi fundada a primeira padaria.

Mais tarde, em 1860 já é outra a estrada que liga a cidade alta ao bairro do Braz: embora calçada, a ladeira só tinha uma ou outra casa de taipa, levantando-se do outro lado a negra muralha do largo do Convento. Com 0 augmento do transito, pelo estabelecimento da Estrada de Ferro do Norte, 0 aterrado do Braz foi se transformando em uma rua de grande movivento. A gravura que representa a ladeira e 0 aterrado em 1 887 já deixa vêr as novas construcções, de outro aspecto, os lampeões de illuminação a gaz e a casaria ao longe. Hoje a varzea do Carmo está quasi totalmente reformada. A velha ponte sobre 0 Tamanduatehy não é mais 0 ponto predilecto das lavadeiras. O leito do rio está regularisado, as margens grammadas e arborisadas, dão outro aspecto ao local, para quem passa no bond electrico que 0 transporta ao Braz. A encosta do Con­ vento, toda grammada e cortada de ruas sinuosas, dá aprazível subida á praça bem cuidada que fica no alto. Mais adeante, a grande ponte de pedra, construída em 1895, 0 canal por onde corre 0 rio, a varzea nivellada e limpa, attestam bem 0 zelo que tem me­ recido aos governos de agora esse local por tanto tempo descurado. Continuam os trabalhos de arborisação e aterres e esperamos em outro fascículo poder estampar os novos melhoramentos que vão soffrer as varzeas de Piratininga, onde as aguas desapparecendo deixavam 0 peixe secco. . . E, por emquanto, lá está, em frente á praça, 0 velho sobrado de rotulas, occupado por uma padaria, outr ora residência de D. Matheus de Abreu Pereira, 4." Bispo de S. Paulo, fallecido a 5 de

A n tig a R e s id ê n c ia d e D . M a th e u s d e A b r e u P e r e i r a , 4 . B is p o d e S . P a u l o , e d e p o i s d o C o n e g o a r c i p r e s t e A n s e lm o J o s é d e O liv e ir a


Ladeira do Carmo — 1887


S. BENTO o a l t o em que acampara a gente de Tibyriçá, em direcção ao Anhemby que corre a meia legua do Collegio, partia um

Mais tarde, em 1600, foi realisada a fundação do mosteiro por Fr. Matheus da Ascenção, conforme se vé da carta de data seguinte: «Os officiaes da Gamara da viila de S. Paulo da capitania de S. Vicente do Brazil Balthazar de Godoy e João Maciel, verea­ dores, Gaspar Vaz, juiz ordinário, e João Fernandes, procurador do conselho, etc., etc. «Aos que esta carta de chãos de sesmaria para sitio de convento virem e 0 conhecimento delia com direito pertencer, fazemos saber que, por sua petição nos enviou dizer Fr. Matheus da Ascensão, prior da casa de S. Bento, novamente fundada, nesta viila, que elle fora enviado de seu maior a esta Capitania de S. Vicente, para nella edificar mosteiro, aonde mais decente e melhor lhe parecesse, e por quanto nella viila lhe pareceu bem e achou já feita uma ermida em certo sitio e chão que lhe fora assignado pelos officiaes nossos antepassados, fóra desta viila, partindo com

N o v a p o n te d o C a rm o — 190 5

trilho que atravessando o Anhangavahy levava ao bairro do Guarepe (Luz). Nesse ponto, por devoção do Governador Geral D. Fran­ cisco de Souza e por Fr. Mauro Teixeira, mandado pelo provincial, da Bahia, para estabelecer um mosteiro benedictino, foi fundada em duas sesmarias, concedidas a 4 de Junho de 1598, pelo capitão - mór Jorge Corrêa, uma ermida dedicada á Nossa Senhora do Monserrate.

N o v a P o n te s o b r e o a te r r a d o



Gonçalo Madeira de uma banda, e da outra com Jorge e João,' e com o rio Grande que vai para baixo desta villa e um ribeiro chamado Anhangav.iy naquelle alto, por cima, pedindo-nos que dos ditos lhe mandássemos passar carta e dar delles posse, segundo o que na dita petição era declarado, por nós vista com a informação que do escrivão Belchior da Costa tomámos, por nos constar ser como o dito padre allega, por serviço de Deus Nosso Senhor e do seu servo bemaventurado São Bento, lhe damos e have­ mos por dados os ditos chãos para convento, mos­ teiro ou casa do dito Santo. - Dada hoje 15 de abril de ióoo, etc.» O que consta da carta que fica transcripta, mais se corrobora com a certi­ dão infra: « Certificamos nós os officiaes da Gamara desta villa de S. Paulo, abaixo assignados, e damos nossa fé em como 0 sitio e egreja que nessa villa está, de S Bento, e por outro nome, N. S. de Monserrate, é dos F u n d o s d a Ig re ja d o C arm o religiosos do patriarcha S. Bento, que de muitos annos possuem; 0 qual sitio foi dado com terras de sesmaria para seus mantimentos e nelle fundarem mosteiro. O primeiro religioso que aqui veio, por nome Fr. Mauro, natural da ilha de S. Vicente, foi que fundou a dita egreja, que hoje nelle se vê. E alli viveu por

alguns annos, até que D. Francisco de Souza governador-geral, que foi deste Estado, nesta Capitania, veio em descobrimento de ouro e trouxe religiosos da mesma ordem, que foram os padres Fr. Mathcus, 0 primeiro prior desta casa, 0 padre Fr. Antonio da Assumpção, 0 padre Fr. Bento da Purificação, prégador, e 0 dito governador mudou 0 nome da egreja e mosteiro em 0 de Santís­ sima Virgem do Monserrate. «E alli viveram estes re­ ligiosos alguns annos, e em differentes tempos vie­ ram a esta terra outros como 0 padre Fr. Gregorio, que na dita egreja dizia missa, e prégava, 0 padre Fr. Bernardo de Azevedo, 0 padre Fr. Pedro dos San­ tos, 0 padre Fr. Maximo Pereira, e ultimamente 0 padre Fr. João Pimentel com seu companheiro, que nella dizem missa sem con­ tradição alguma, renovando 0 recolhimento que alli tinha favorecido de devotos e amigos. E assim nos consta mandaram os offici­ aes da Camara mudar na­ quelle tempo 0 caminho de A n tig a e p r i m i t i v a p a r e d e d e t a i p a Guarepe (bairro da Luz), que pelo sitio passava por não devassar os religiosos, de modo que hoje não fazem mais do que renovar o»cahido erguendo casa para 0 seu recolhimento. E por terem posse tão antiga os prelados, não se intrometteram em visitar sua egreja sendo ausentes, por terem a Manoel Preto,


JO Ã O F E R N A N D E S P r o c u r a d o r d o C o n s e lh e ir o .

G A R C IA R O D R IG U E S

V eread o r.

BRAZ CUBAS Capitão e Ouvidor da Capitania de S. Vicente, por Marti « Afkonso de Souza t F u n d a d o r tí a C id a d e d e S a n t o s — 1 5 5 5 .

Assignaturas dos membros do l.o Governo de S. Paulo

1555.

J O Ã O R O D R IG U E S — A f e r id o r .


reverendo padre provincial da dita ordem, 0 Dr. Fr. Gregorio de que por sua ordem tinham cuidado delia, riem de novo fazem Magalhães, e 0 padre presidente Fr. Feliciano de S. Thiago, 0 mosteiro, por onde não encontramos a dita obra, por ser do serviço padre prior Fr. Jeronymo do Rosário, e os mais religiosos do dito do Senhor e entendermos que, ao fazer, iamos de encontro ás convento ao diante assignados, todos chamados ao som da campa nossas consciências, que nos ditam ser tudo isto uma verdade, tangida, e bem assim estava presente 0 capitão Fernão Dias Paes, como é publico e notorio. E por nos ser esta pedida, lhes mandá­ morador nesta villa, e logo mos passar esta em Ga­ pelo dito padre provincial mara, ^debaixo de juramento e mais padres do dito con­ dos nossos cargos. Eu vento foi dito a mim tabel­ Ambrosio Pereira, escrivão lião, perante as testemunhas da camara, a fiz escrever ao diante nomeadas e ashoje q de julho do 1630. signadas, que elles estavam — João Fernandes de Saaveconcertados e compostos dra, Pedro Madeira, Fran­ de mão commum e boa con­ cisco de Ogaya, Mathias formidade com elle dito Lopes, João Raposo. * capitão Fernão Dias Paes, Cerca de 20 annos de­ que elle lhes faria a egreja pois, desejando os frades nova, que ora pretendiam edificar uma nova egreja, fazer da invocação de Nossa celebraram com 0 distincto Senhora de Monserrate, e generoso paulista Fernão acabada de todo 0 neces­ Dias Paes o contracto de sário, por cujo beneficio que trata a escriptura que lhes assim faziam elles abaixo e mais tarde, ao ditos padres provincial e que parece, construiram mais religiosos, lhe davam novo convento, pois que a capella-mór da dita egreja 0 que hoje existe não é 0 para elle e todos os seus primitivo, sendo que este herdeiros e descendentes acha-se unido áquelle pelo que apóz elle vierem e interior, e é conhecido até descenderem, naquella cahoje por convento velho. p e l l a - m Ó r S e f a r i a UIT) C a t «Saibam quantos este consutono da igreja d» c .™ « - ( Cadeiras talhadas a mâo, dos tempos coloniaes) neiro para elle e todos os publico instrumento de con­ seus herdeiros legítimos serem sepultados, e assim mais duas sepultu­ trato e com posição deste dia para todo 0 sempre, virem, que no anno ras nas ilhargas.do dito carneiro para outras pessoas, tudo na fórma do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de i6=jo, aos 17 dias abaixo declarada, pelo que, logo por virtude desta publica escriptura, do mcz de Janeiro, nesta villa de S. Paulo, da Capitania de S. Vicente, disse elle capitão Fernão Dias Paes, em seu nome e dos ditos seus Estado do Brazil, etc., nesta dita villa, no convento do patriarcha herdeiros e descendentes, que se obrigavam, como de facto logo se S. Bento, onde eu tabellião fui chamado ahi estavam presentes 0


éWsbsÊÊm^

Ladeira Miguel Carlos — 1862 (H oje Florencio d’Abreu)


obrigou, a fazer a dita egreja e acabar de todas as cousas a ella neces­ sárias, a saber: a dita capella-mór ornada com seu retábulo, ornamentos, castiçaes, lampadario e tudo o mais necessário ao ministro do dito altar, e o corpo da dita egreja, com seu côro alto, torre e púlpito, grades da dita egreja e bancos para assento delia, e elles ditos padres provincial e mais religiosos, em seu nome e em nome dos mais que ao diante vierem, se obrigam, como de facto logo se obrigaram, a lhe darem a dita capella-mór da dita egreja para elle e todos os seus herdeiros ascendentes e descendentes para que a possam lograr como causa sua própria, na qual capella-mór se ha de fazer um carneiro no seio delia e nas duas ilhargas, duas sepultura, para que sejam enterrados, a saber: os herdeiros ascendentes delle capitão Fernão Dias Paes, legítimos e assim mais os filhos e filhas naturaes, que o dito capitão tiver, sómente nas ditas sepulturas, e poderão enterrar sua mãi, irmãos, irmãs, cunhados descendentes legítimos por linha directa: e sendo caso que alguma pessoa da obrigação do dito Fernão Dias se queira enterrar nas ditas sepul­ turas com sua licença o poderão fazer, e na dita capella-mór se não enterrará mais pessoa alguma senão as atraz declaradas, nem elles ditos padres presentes e que ao adiante vierem não enterrarão nella pessoa alguma, e se obrigam mais elles ditos padres a em seu nome e dos mais que lhe succederem, que tanto que dito Fernão Dias Paes fallecer e sua mulher, tendo-a, os irão buscar á porta da egreja do dito convento para serem sepultados em sua sepultura, e todos os mais a traz declarados, vindo amortalhados no habito da dita ordem do patriacha S. Bento, serão obrigados os ditos religiosos a os virem buscar á porta da egreja; e não vindo no dito habito o não farão. E sendo caso que Deus não permitta, que elle dito Fernão Dias Paes falleça da presente vida antes da dita egreja ser acabada, seus herdeiros e successores acabarão toda, da maneira que atraz fica declarado, do melhor parado de sua fazenda, e assim se obriga a fazer bom da dita fazenda o melhor parado delia, por si e seus successores que lhe vierem, lhe dêm 8 $ de renda cada um anno, para fabrica da dita capella - mór, os quaes 8 $ para a dita fabrica não haverão logar em sua vida, porque isso se obriga a fabrica de todo o necessário, e somente se entenderá depois de sua morte.

« E para cumprimento desta escriptura e todo o n'ella declarado, disserem elles ditos padres provincial e mais padres assim presentes em seu nome e como dos mais que adiante vierem, e elle dito Fernão Dias Paes Leme em seu nome e dos demais seus herdeiros e descendentes, que obrigavam todos os seus bens moveis e de raiz, havidos e por haver, e querem e são contentes, que indo qualquer delles partes contra o cumprimento desta escriptura, em parte ou em todo, não querem ser ouvidos nem admittidos em juizo, nem fóra delle, e para isso renunciam o juizo de seu fôro, privilégios e liberdades, e quaesquer outras cousas que em seu favor allegar possam, porque ue nada queriam usar senão em tudo cumprir e guardar esta escriptura pelo modo nella declarado, e movendo-se alguma divida a façam diante dos juizes ordinários desta villa, onde sómente poderão ser ouvidos. E pelo dito padre provincial foi dito que elle como cabeça de toda a paovincia dos conventos do patriarcha S. Bento do Estado do Brazil, dava o seu consentimento em todo o conteúdo n'esta escriptura e era contente que se cumprisse. E em fé de testemunho de verdade assim o outorgaram e mandaram as partes ser feita esta escriptura neste meu livro de notas, e que delia se dessem os traslados necessários que pedirem e aceitavam, e aceito em nome dos ausentes a quem tocar possa como pessoa publica aceitante e estipulante, sendo testemunhas presentes Antonio de Madureira Magalhães, Pedro Varejão, Ignacio Dias e Sebastião Preto, todos moradores nesta villa, pessoas de mim tabellião conhecidas. E eu João Dias de Moura, tabellião do publico, escrevi. — D. Fr. Gregorio de Magalhães, D. abbade pro­ vincial de S. Bento. — Fr. Feliciano de Santiago, presidente. — Fr. Jeronymo do Rosário, prior. — Fr. Gaspar da Graça - - F r. Manoel Baptista. — F r. Basilio da Ascensão. — Fr. Manoel d'Assumpção. — Fr. Roberto. — Fernão Dias Paes Leme. — Antonio de Madureira Magalhães. — Pedro Varejão. — Sebastião Preto Leme. — Ignacio Dias. O qual traslado de escriptura eu André Barros de Miranda trasladei no i.° livro de notas, vai na verdade sem cousa que duvida façá, o que me reporto em tudo e por tudo. E me assigno de meif signal publico e raso, que taes são como se segue. E eu André de Barros de Miranda, tabellião do publico judicial e notas nesta villa de S. Paulo, o escrevi. — André de Barros de Miranda. »


Rua Florencio d’Abreu — 1887


áquelle bairro, onde já se iam estabelecendo 0 Recolhimento de Nossa Senhora da Luz, 0 Jardim Botânico, 0 Quartel de artilharia e Voluntários reaes e 0 Hospital Militar. Merecendo sempre os cuidados dos governadores, attendendo ao grande transito dessa rua, 0 Caminho do Miguel Carlos, recebeu 0 nome de rua da Constituição, depois de 1824. O que era essa rua em 1860, mostra a gravura que representa 0 trecho proximo ao Convento. Mais tarde, em 1 881 , 0 senador Florencio de Abreu, então Presidente da Província, determinou a execução de vários melhoramentos entre os quaes a ponte sobre 0 Anhangabahú, hoje transformada pelo Dr. Antonio Prado, em uma passagem ligando 0 bairro do Braz, ao de Santa Ephigenia

T r e c h o d a R u a F lo r e n c io d ’A b r e u

19D5

Foi neste convento que se refugiou, a i,° de Abril de 1 641 , Amador Bueno da Ribeira, quando perse­ guido pelo povo que 0 aclamava Rei de S. Paulo, de espada em punho, exclamava: — Viva D. João IV, nosso Rei, pelo qual darei a v id a ! Tornou - se necessária a sahida dos frades em procissão, com cruz alçada, para acalmar 0 povo que ameaçava pra­ ticar violências para forçal-o a acceitar 0 titulo. Pelos annos seguintes os frades benedictinos gozaram de grande influencia política, nessa epocha de hostilidades entre 0 povo e os jesuitas. Com 0 desenvolvimento do bairro da Luz, pelos últimos annos do século XVIil, foi pelo Governador Francisco da Cunha Menezes, mandado abrir um caminho regular quo ligasse 0 convento de S. Bento

M e s m o T r e c h o em 1 8 8 7



Taes melhoramentos que se vém em uma photo­ graphia de 1887 valeram áqueíle digno administrador, a quem tanto deve S. Paulo, a mudança do nome da rua da Constituição para 0 de rua Florcncio de Abreu. Hoje, depois do novo calçamento, com a edifica­ ção de soberbos palacetes e estabelecimentos commerciaes, esta rua c uma das de maior transito de S. Paulo. E ainda lá está, mostrando de longe, 0 ponto de partida do caminho que leva á Ponte Grande a torre da egreja de S. Bento, em 1860 construída. A' direita da egreja fica 0 convento, bastante reformado c augmentado, onde está estabelecido um collcgio, equiparado aos gymnasios officiaes.

T r e c h o d a r u a F lo r e n c io d ’A b r e u

1905

No altar - mór da egreja jazem sepultados os ossos de Fernão Dias Paes Leme, ,,o caçador de esmeraldas“ , nos termos da obrigação da escriptura acima. . «E um dia, povoada a terra em que te deitas, Quando aos beijos do sol, sobrarem as colheitas, Quando, aos beijos do amor, crescerem as famílias, «Tu cantarás na voz dos sinos, nas charruas, No esto da multidão, no tumultuar das ruas, No clamor do trabalho e nos hymnos da paz! E subjugando o olvido, atravez das idades, Violador de sertões, plantador de cidades, Dentro do coração da patria viverás!» IV?csr.:o T r e c h o e m 1S87


A n tig o e s t a n d a r t e

E s t a n d a r t e d o A n tig o C u r s o A n n e x o

Faculdade de Direito de S. Paulo


__________________________________ Dentre os seus companheiros de assembléa, achava-se o Dr. José Feliciano Fernandes Pinheiro, depois Visconde de S. Leopoldo, que na sessão de 14 de Junho de 1 823 funda­ mentou uma indicação para a creaçâo de uma Universidade, pronunciando 0 seguinte discurso: “ As disposições e efficaeia desta assembléa sobre 0 im­ portantíssimo ramo da instrucção publica, não deixam duvidar de que essa base solida de um Governo Constitucional ha de ser lançada em nosso codigo sagrado de uma maneira digna das lu/cs do tempo e da sabedoria des seus collaboradores. Todavia, esta convicção, e ao longe as melhores esperanças, nem por isso me devem acanhar de submetter já á consideração desta assembléa uma indicação de alta monta,

A A c a d e m ia e m 1 8 6 0

A Faculdade de Direito A emancipação política do Brazil estava feita. O glo­ rioso estadista, José Bonifácio de Andrada e Silva, 0 patriarcha da Independência. 0 sabio brazileiro respeitado em todas as aggremiações scientificas da epocha. dirigia a organisação da nossa nacionalidade. Deputado á Assembléa Constituinte, 0 illustre Paulista apresentara desde logo á consideração dos legisladores um programma para a creação de estabelecimen­ tos de instrucção primaria, secundaria e scientiíica, como base de qualquer constituição política.


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Faculdade de Direito de S. Paulo 1884.


seus paes, já desanimados por não haver ainda no Brazil institutos, onde prosigam e rematem seus encetados estudos. Nessa amarga conjunctura, voltados sempre para a Patria, por quem suspiram, lembraram-se de constituir-me com uma carta que aqui apresento; correspondendo, pois, quanto em mim cabe. a tão lisongeira con­ fia d a , e usando ao mesmo tempo das faculdades que me permitte o art. ó.° do nosso regimento interno, offereço a seguinte: Indicação. — Proponho que no Império do Brazil se crie, quanto antes, uma Universidade pelo menos, para assento da qual parece dever ser preferida a cidade de S. Paulo, pelas vantagens naturaes e razões de economia geral. Que na Faculdade de direito civil, que será sem duvida uma das que comporá a nova Univer­ sidade, em vez de multiplicadas cadeiras de direito romano, se

T u m u lo d e J u l i o F r a n c k

p r o f e s s o r d e H i s t o r i a U n iv e r s a l

e que parece urgir. Uma porção escolhida da grande familia brazileira, a quem um nobre estimulo levou á Universidade de Coimbra, geme alli debaixo dos mais duros tratamentos e oppressões, não se decidindo, antes de tudo, a interromper e a abandonar sua car­ reira. já incertos de como será semelhante conducta avaliada por

C la u s tr o do C o n v e n to



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St

substituam duas, unia de direito publico con­ stitucional, outra de economia política. Paço da Assembléa, 12 de Junho de 1823. Fernandes Pinheiro. Esta indicação foi remettida á commissão de Instrucção Publica e na sessão de iq de Agosto 0 deputado Mar t i m F r a n c i s c o Ribeiro de Andrada, comorelatorda mesma, apresentou 0 seguinte projecto: “ A Assembléa Geral Constituinte e Legis­ lativa do Brazil de­ creta : i,° — Haverá duas A n tig a e n t r a d a d a F a c u l d a d e p e l a e p r e j a d e S . F r a n c i s e »

U l l l V e i ' S l d a d e S , 111113 113

cidade de S. Paulo e outra na de Olinda. nas quaes se ensinará todas as sciencias e bellas - lettras. 2." — Estatutos proprios regularão o numero e ordenados dos professores, a ordem e arranjamento dos estudos. 3-° — Em tempo competente se designarão os fundos precisos a ambos os estabelecimentos. 4 " — Entretanto haverá desde já um curso jurídico na cidade de S Paulo, para o qual o Governo convocará mestres idoneos, os quaes se governarão provisoriamente pelos estatutos da Univer­ sidade de Coimbra, com as alterações e mudanças, que, em meza

presidida pelo vice reitor, julgarem adequadas ás circumstancias c luzes do século. — S. M. 0 Imperador escolherá dentre os mestres um para servir interinamente de vice-reitor. Paço da Assembléa, 19 de Agosto de 1 8 2 3 .-— Martini Fran ­ cisco Ribeiro de Andrada — Antonio Rodrigues Vel/oso de Oliveira Antonio Gonçalves Gomide— Mancei Jacintho Nogueira da Gama. Este projecto, que foi approvado na sessão de 4 de Novembro, tendo passado por longo debate, teve a favor os deputados José Feliciano Fernandes Pinheiro, Antônio Gonçalves Gomide, Pedro de Araujo Lima, depois Marquez de Olinda, Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Arouche de T o­ ledo Rendon, Can dido José de Araujo Vianiia, depois Mar­ quez de Sapucahy, Ant o ni o C a rlo s Ribeiro de Andrada Machado e Si l va, Venancio Henrique de Rezende e Miguel Calmou du Pin e Almeida, depois Mar­ quez de Abrantes. Fallaram a favor da ideia, mas contra 0 estabelecimento em S. Paulo, os deputa­ dos Luiz Josg de Carvalho e i^ello. depois Visconde de Cachoeira, Manoel E n tr a d a a c tu a l Jacintho Nogueira



da Gama, depois Marquez de Baependy, Antonio Ferreira Franca, José Martiniano de Alencar, Francisco Gê Acayaba de Montezuma, depois Visconde de Jequetinhonha, Antonio Luiz Pereira da Cunha, mais tarde Marquez de Inhambupe, Pedro José da Costa Barros, José da Silva Lisboa, depois Visconde de Cayrú, Lucio Soares Teixeira de Gouvêa e Joaquim Manoel da Cunha. Os quatro pri­ meiros eram de opinião que a Universidade devia ser crcada na Córte,' os quatro seguintes indicavam a Bahia, Teixeira de Gouvêa era de opinião que fosse em Minas e Carneiro da Cunha na Parahyba. José da Silva Lisboa, allegara que “ a pronuncia incorrccta e o dialecto desagradavel dos paulistas havia de influir para que a mocidade adquirisse o mesmo d e fe it o " ......... A dissolução da Assembléa a 12 de Novembro veiu deixar, porem, sem saneção 0 voto daquelles patriotas. Os acontecimentos políticos, nessa phase agitada da vida na­ cional, em que 0 elemento intellectual do paiz se rebcllava contra os desmandos de Pedro I. fizeram com que fosse adiada essa aspi­ ração de todos os brazileiros. Apezar de todas as Iuctas e divergências, sendo ministro do Império, em 1 825, Antonio Luiz Pereira da Cunha, depois Visconde e Marquez de Inhambupe, teve começo de execução 0 projecto de creacão de um curso de sciencias jurídicas e sociaes na Córte do Império. Convidado de Portugal, chegou, mesmo, ao Rio de Janeiro, para esse fim, 0 Dr. José Maria de Avellar Brotero. Recuou, porem, 0 Governo desta pretenção e nada se fez até i i de Agosto de 1 827, sendo ministro do Império, 0 Dr. José Feliciano Fernandes Pinheiro. Arrostando todos os embaraços oppostos pelo espirito de bairrismo, o illustrado Paulista conseguiu a realização do que propuzera quatro annos antes á Assembléa Constituinte: por De­ creto daquella data creou duas academias, uma em Olinda e outra em S. Paulo. Em 1 3 de Outubro do mesmo anno 0 tenente general Dr. José Arouche de Toledo Rendon e 0 Dr. José Maria de Avellar Brotero foram nomeados, aquelle Director e este lente da 1 ,:l cadeira do i.° anno da Academia de S. Paulo e a i.° de Marco de 1 828 foi celebrada com toda a pompa, a solemne abertura c

installação do curso jurídico, em presença do Presidente da Pro­ víncia C< nselheiro Thomaz Xavier Garcia de Almeida, bispo diocc-

D. P e d r o II Quadro a oleo qtie occupaví um lugar no salão de honra da Academia. &

sano D. Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, funccionarios civis, militares, e grande concurso de povo.

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os primeiros favos da sabedoria e da sciencia,” como notou Zaluar. Ainda era a terra das beatas de man­ tilhas, dos tropeiros, de quando em vez escandalisada pela representação de um drama em que estudantes vestidos de mulher faziam de Ignez de Castro e outras heroinas, ou pelas serenatas ao luar, apreciadas recatadamente de alguma janella de rotulas com o terror que as republicas de então inspiravam ás famílias paulistanas. Como já vae longe esse tempo em que encontra­ vam-se em plena rua do Rosário (hoje 1 5 de Novembro)

S a la d a s ra u n iõ e s d a C o n g re g a ç ã o

pujança desse núcleo em que sobresahiam, ao lado de Justiniano José da Rocha e Francisco Bernardino Ribeiro, os Dias da Motta, Pereira da Cunha e outros. São Paulo era, por essa epocha, a triste cidade apenas sahida da phase colonial, que Saint-Hilaire descreveu. Triste, monotona, quasi desanimada, só tinha vida onde os estudantes estavam. A cidade dos jesuítas possuia ainda aquelles costumes rotineiros que a tornavam pacifica, apezar dessa “ colmeia ruidosa, infatigável em sua acção, regorgitando de vida, prompta em todas as manifestações dessa vontade expontânea que produz os desvarios e alimenta o genio, de sa colonia de abelhas douradas que fabricão ao sol da juventude

S e c re ta ria



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A inauguração e as primeiras lições tiveram lugar na sala preparada para este fim, na antiga sachristia do convento dos Franciscanos, que a cederam, e que afinal entregaram voluntariamente todo o convento a 8 de Novembro do mesmo anno. Regeram os cursos juridicos até 30 de Março de 1 832 os estatutos formulados pelo Visconde da Cachoeira. Luiz José de Carvalho e Mello, para a projectada faculdade de Direito da Côrte que não chegou a ser installada. Nessa data foram postos em execução os de 7 de Novembro de 1 8 3 1 , assignados pelos lentes Drs. Brotero, Luiz Nicolau Fagundes Varella, Carlos Carneiro de Campos (Visconde de Caravelas) José Joaquim Fernandes Torres e Thomaz Pinto Cerqueira.

S a l a d e l e i t u r a d a b ib l io th e c a

S a l a d o D ir e c t o r

Desde a sua crcação até 23 de Agosto de 1 833 foi seu Director 0 Tenente-general Dr. José Arouche de Toledo Rendon, que cedeu os vencimentos que lhe competiam á Santa Casa de Misericórdia de S. Paulo. Desse anno até 5 de Novembro de 1 833 foi director 0 Dr. Carlos Carneiro de Campos. A primeira geração de estudantes da Academia de São Paulo, mostrou desde logo 0 que havia de ser esse ninho de aguias. As revistas litterarias, os theatres, os jornaes politicos, os tribunaes, de 1 833 em deante, deixam vêr a


1903 1891

João Monteiro

V. Mamede

Barão de Ramalho

Faculdade de Direito de S. Paulo


Limpo de Abreu, “ as quitandeiras, os taboleiros nocturnos, nos quaes fervia a chaleira do negro e perfumoso liquido a io réis a chicara, trazendo em companhia as fatias dos cuscús, o pinhão, o amendoim, o peixe frito, o milho verde e quejandas minudencias provindas em linha recta da cosinha africana e indígena . . . . Brotero, Fagundes Varella, Carneiro de Campos, Fer­ nandes Torres, Falcão, Amaral Gurgel, Pires da Motta, Chris'^i.'iiano, Couto Ferraz, Carrão, Martim Francisco, Ribas, Rodrigues dos Santos, Dabney Brotero, José Boni­ facio, Antonio Carlos, Justino, Falcão Filho, João Theodoro,

A u la d e m e d ic i n a le g a l

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Ferreira França, Benevides, Gonçalves de Andrade, Dutra Rodrigues, é a geração de lentes de 50 annos atraz, illustres na Política, na Jurisprudência, notáveis no Clero ou na Litteratura. Quer seja em Aquino Castro, Pimenta Bueno, Oliva Maia, .Américo Brasiliense, Leite Moraes, Vieira de Carvalho, Ezequiel Ramos ou Delphino Cintra, Rubino de Oliveira, Leoncio de Carvalho e outros, entre os discípulos Doutores, ou em Pedro Luiz, Bittencourt Sampaio, Fagundes Varella, Theophilo Ottoni, Rodrigo Octavio, Salvador de Mendonça,


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18 91

1905

<^f F a c u ld a d e de D ireito ■çS’ A s s ig n a tu ra s d e D ire c to re s


Assis Brazil, Julio de Castilhos, Alcides Lima, Pereira da Costa, Homero Baptista, Victorino Monteiro, Adolpho Ozorio, Ernesto Alves, Antonio Mercado, Argemiro Galvão, Pinheiro Machado, Borges de Medeiros, Cassai, Jacintho de Mendonça, é o Rio Grande do Sul, em 1880, vindo a S. Paulo aprender 0 Evangelho da Republica em companhia de Julio Mesquita, Silva Jardim, Alberto Salles, Raymundo Corrêa, Carlos Garcia, entre outros, conhecidos nas Lettras e na Política.

S a l a d o s c a b id e s

Beltrão Duarte, Quirino dos Santos, João Quirino, Cezario Alvim, Cerqueira Cezar, Guimarães Junior, Rangel Pestana, Theodomiro, Campos Salles, Prudente de Moraes, Bernar­ dino de Campos e tantos outros dessa pleiade de bacharéis de 1 8 ó 3, em todos explendem as glorias desse velho Con­ vento donde tem sahido quasi todo 0 Brazil intellectual. Quem desconhecerá essa turma de poetas, politicos, jurisconsultos que illuminaram a Academia, desde Castro Alves, Varella, Alvares de Azevedo, Américo Lobo, Pedro Luiz, Magalhães, Quirino dos Santos, até Lucio de Mendonça, Theophilo Dias, Affonso Celso, Ezequiel Freire, Valentim Magalhães, Fontoura Xavier, Eduardo Prado?.

S a la d a s b é c a s


V e lh a m e z a - ^ m q u e e s t ã o g r a v a d o s a c a n i v e t e o s n o m e s d e m u i to s e s t u d a n t e s

Faculdade de Direito de S. Paulo


J osé F eliciano F ernandes P inheiro. — O fundador da J osé A rouche de T oledo R ondon. — Nasceu em S. Paulo, Academia de S. Paulo, nasceu em Santos a 9 de Maio de 1 774, a 14 de Março de 1756. Filho do mestre de campo Agostinho filho do coronel José Fernandes Martins e de D. Thereza de Jesus Delgado Arouche e de D. Maria Thereza de Araújo Lara, foi man­ Pinheiro, naturaes de Portugal. dado a estudar em Coimbra, onde obteve 0 grau de doutor em Seguio para Coimbra em 1 792 e em 1798 obteve 0 gráo de leis a 3 de Julho de 1779 . De volta a S. Paulo, dedicou-se á bacharel cm cânones. No estabelecimento litterario do Arco do advocacia, notável entre Campos Vergueiro, Azevedo Marques e Ornellas. Cego, em Lisboa, foi admittido logò depois de formado e ahi fez apparecer trabalhos de nota. Possuindo bens de fortuna e descendendo de familia illustre, Voltando ao Brazil em Dezembro de 1 801 como juiz das occupou cargos importantes, taes como juiz de medições, ordinário, alfandegas do Rio Grande e de S.ta Catharina, veio encarregado de orphãos e procurador da coróa. de creal-as e nellas demorou-se por alguns annos. Por occasião da organisação dos corpos de milícias na capi­ Em 1 8 11 e 1 81 2 servio 0 importante cargo de auditor geral tania de S. Paulo, entrou como capitão para uma das companhias; das tropas no exercito pacificador e assistiu á campanha de que se fez historiador nos “ Annaes da Provinda de S. P edro". Em 1 821 foi eleito deputado ás Cortes Constituintes portuguezas pelas províncias de S. Paulo e Rio Grande do Sul, optando por aquella. De volta ao Brazil, em1 823. veio encontrar a sua eleição para a Constituinte brazileira pelas mesmas províncias, optando, então, pela do Rio Grande. Dissolvida a Constituinte, foi nomeado presidente dessa Pro­ víncia, onde residiu, em Novembro de 1823. Ahi a primeira typographia que houve na provínciae a colonia “ S. Leopoldo" são creações suas. Em fins de 1825 foi chamado para ministro do Império. Em 1 826 eleito e escolhido senador, agraciado com 0 titulo de Visconde de S. Leopoldo e nomeado conselheiro de Estado. Durante 0 seu ministério creou os cursos jurídicos que havia tentado esta­ belecer na Constituinte de 1823. Em 37 foi nomeado presidente da Commissão de limites naturaes do Brazil, tendo escripto excellente memória histórica a esse respeito. Em 1 838 concorreu com 0 conego Cunha Barbosa e 0 marechal Cunha Mattos para a fundação do “ Instituto Historico e Geographico Brazileiro", do qual foi eleito presidente perpetuo. Como membro de muitas sociedades litterarias e scientificas da Europa, falleceu Fernandes Pinheiro, na cidade de Porto Alegre, O s f u n c e i c n a r i c s m a i s a n t ig o s . a de Julho de 1847. 1. J o a q u i m A v e lin o d o s S a n t o s D e lp h im , e n t r o u p a r a a c a d e m i a e m 1 8 8 4 . 2 . F r a n c i s c o M o tta , id e m , id e m e m 1 8 7 6 .


O u t r a m e /.a e m q u e e s t ã o g r a v a d o s a c a n i v e t e o s n o m e s d e m u i to s e s t u d a n t e s

Faculdade de Direito de S. Paulo


_____________ ;______________ :___________________________ :__________ £ > T promovido logo a coronel por serviços relevantes, foi nomeado inspector geral das milícias. Mais tarde foi inspector geral das aldêas dos indios e então escreveu uma memória sobre a civilisação e catechese dos indios, publicada na “ Revista do Instituto His­ tórico e Gcographico Brasileiro". Em 1 81 3 foi encarregado do commando militar das villas do Norte ,de S. Paulo. Fòi promovido a tenente general em 1829, por serviços imporfafttes, tendo sido em 1 822, por occasião da Independencia, mandado com outros cidadãos, á Córte para pedir a D. Pedro que não se retirasse do Brazil. Deputado á Constituinte em 1 823, exerceu o mandato até a dissolução; de novo eleito para a 1 .a legislatura ordinaria, não tomou assento por enfermo. Membro do Conselho do Coverno e do Conselho Geral da província, prestou nesses cargos notáveis serviços, Foi 0 primeiro Director da Academia em 1828, servindo até 19 de Agosto de 1 833, data em que lhe foi concedida a demissão tantas vezes solicitada. Serviu como Provedor da Santa Casa de Misericórdia, por muitos annos, e a ella cedeu os seus vencimento de Director dos Cursos Jurídicos, tendo concorrido bastante para a edificação da egreja de S .ta Ephigenia. Deve-se ao General Arouche a introducção e cultura do chá em S. Paulo, tendo sido 0 primeiro que 0 fabricou nesta cidade. Falleceu nesta cidade aos 78 annos, a 26 de Junho de 1834, deixando apenas uma filha que falleceu sem descendencia. Seu nome está perpetuado, como 0 de um dos paulistas mais notáveis, em importante bairro da cidade.

J oaquim Ignacio R amalho. — O venerando ancião que durante 1 2 annos foi 0 Director da Faculdade, depois da Proclamação da Republica, nasceu nesta capital a ó de Janeiro de 1809, tendo como contemporâneos, os Andradas, Feijó, Paula Souza, Costa Carvalho e outros vultos notáveis. Cursava ainda 0 ultimo anno do curso jurídico, quando a 3 de Abril de 1 834 foi nomeado lente substituto de philosophia racional e moral e mais tarde em 1 8 3 ó, cathedratico da mesma cadeira.

Bacharel em direito a 23 de Outubro de 1834, doutor em 1 833, entrou em concurso para a i.a cadeira do 5.0 anno de que foi nomeado cathedratico a 8 de Julho de 1854. Jurisconsulto notável, foi presidente da Gamara Municipal de S. Paulo em 1 845, logo depois nomeado para Presidente da Pro­ víncia de Coyaz. Deputado geral por aquella província em 1884, membro da assembléa provincial de S. Paulo, em duas legislaturas, exerceu vários outros por eleição popular e dedicou-se muito á realização do monumento do Ypiranga. Autor de muitos trabalhos jurídicos, é citada a sua obra “ Praxe brazileira” , como “ a que de maior vulto têm escripto jurisconsultos brazileiros".

P o r t e i r o , b e d e is e o u t r o s f u n c c i o n a r i o s

1905

p



J oão P ereira Monteiro. — Natural do Rio de Janeiro, labutou no commercio até que se matriculou no Collegio D. Pedro II, onde depois de um curso brilhante fez os preparativos para a Faculdade de S. Paulo, para a qual entrou em 1868. Concluiu 0 curso de direito em 1 872, já acatado por mestres e condiscípulos, pelo brilhantismo de sua carreira acadêmica. Defendeu theses e doutorou-se em 1874. Foi curador geral de orphãos no Rio de Janeiro, promotor publico de S. Paulo e tendo entrado em concurso foi, em 2 de setembro de 1882, nomeado lente substituto da Faculdade de S. Paulo.

Advogado notável, tornou-se logo conhecido no fôro, pelos seus pareceres e artigos nas revistas jurídicas. Possuia a mais completa bibliotheca juridica de S. Paulo; infatigável e methodico, descorria sobre qualquer assumpto com larga erudição.

1905

E s t a t u a d e J o s é B o n if a c io , o m o ç o

Official da Ordem da Rosa, commendador da de Nosso Senhor Jesus Christo e Conselheiro de Estado no antigo regimen, a Republica veio encontral-o jubilado, desde 1 883, entregando-lhe á direcção da Faculdade em 1 891 , cargo que exerceu até fallecer em 1902. Respeitado pelos seus pares, era venerado pelos discípulos que até hoje consagram á sua memória imperecível culto.



Orador admiravel, era um artista na tribuna, expressivo, conceituoso e erudito. No enthusiasmo com que se referia sempre á Academia de S. Paulo, esteve, talvez, 0 segredo da sua popularidade entre os estudantes. Enriqueceu a litteratura national de grande numero de traba­ lhos jsridicos de valor e organisou, por incumbência do Governo, vario$, srojectos de leis e codigos.

S a l a d o 2 ." a n n o

dos cursos jurídicos, foi nomeado Director a 23 de agosto de 1903, quando occorreu a morte do venerando Barão de Ramalho. Falleceu a 18 de Novembro de 1904, de volta da Europa, perdendo as lettras um grande cultor e a Academia de S. Paulo um dos seus mais brilhantes ornamentos. S e c r e t a r i a d a E s c o l a d e C o m m e r c io

Occupou a cadeira de senador no Congresso Constituinte de São Paulo, em 1 891 . Foi nomeado Vice-director da faculdade a 24 janeiro de 1893 e posto em disponibilidade em 1 901 , por effeito de reforma do ensino

Funcciona também actualmente na Faculdade de Direito a Escola de Commercio, findada nesta Capital ha :i annos graças aos esforços do senador Lacerda Franco, Dr. Veiga Filho e Horacio Berlinck. Reconhecida pelo governo federal, conta 158 alumnos nos diversos annos dos cursos geral e superior. Occupa a Escola trez salas da Faculdade, das quaes duas estão represen­ tadas nas gravuras acima.


E stação [ n g le z a 1867


A “ S. Paulo Railway Company ” Foi pclo anno de 1 855. A locomotiva chegara já ao terri­ tório paulista e surgiam projectos de estradas de ferro ligando 0 porto de Santos ao interior da Pronincia. Pela lei geral n.° 838, de i 2«de setembro daquelle anno e a lei provincial n." 495 de 17

de marco, resolveu-se 0 importante problema, tendo sido esta sancionaua e promulgada pelo então Presidente da Província, José Antonio Saraiva. Por Decreto n.° 1 739 de 26 de Abril de 1 856 foi concedido á Companhia que organisassem 0 Marquez de Monte Alegre, Con­ selheiro José Antonio Pimenta Bueno, depois Marquez de S. Vicente, e 0 Barão de Mauá — notável banqueiro — 0 privilegio pelo prazo

V is ta

E s t a ç ã o I n g le z a

V is ta e x t e r i o r

1880

interna

— Plataforma

de 90 annos psra a construcção, uso e gozo de uma estrada de ferro que, partindo da cidade de Santos, se approximasse da de S. Paulo e se dirigisse á viila de Jundiahy. Com muitos favores e a garantia de juros de 7 sobre 0 capital empregado, a Com­ panhia que devia explorar essa concessão, teve os seus estatutos


S. Paulo Railway Company Estação de S. Paulo 1905


Ainda uma vez, 0 Brazil teve de ser grato ao Barão de Mauá, que havia sido 0 introductor da locomotiva em nossa Patria e a cujo prestigio commercial se devem tão grandes emprehendimentos. A Estrada de Ferro Ingleza é notável pelo trecho da Serra, uma das mais importantes obras de engenharia. Atravessando de­ zenas de tunneis, pontes, viaduetos, entre os quaes 0 celebre da Grota Funda, é citada entre os competentes pelas suas obras de arte, muralhas, etc. O panorama da descida da Serra de Santos é explendido. Ao estrangeiro que desembarca em Santos não po­ díamos offerecer melhor attestado do que é a nossa natureza e de quanto pode 0 genio do homem nas plagas do Novo Mundo. Em 1900 foi inaugurada uma segunda linha na Serra, cons­ truída paralielamente e a algumas centenas de metros á cavalleiro da primeira, tendo sido as obras, que não tem egual no mundo, executadas pelo engenheiro brazileiro Emilio Schnoor. R u a J o s é P a u li n o

approvados somente em ó de junho de 1860, pelo Decreto n.° 2601 , do Governo Imperial. Graças ao prestigio dos concessionários, foi bem succedida, em Londres, a organisação da Companhia que começou os trabalhos de construcção da linha a 24 de novembro daquelle anno. Apezar de todos os receios e prevenções na travessia da Serra do Mar, foi, a 28 de julho de 1864, com assistência do Presidente da Província, Barão Homem de Mello, inaugurado 0 primeiro plano inclinado da Serra, funccionando 0 serviço de tracçâo com excellente resultado. Proseguindo as obras com actividade, em ió de fevereiro de i SÓ7 era inaugurado 0 trafego de toda a estrada, de bitola de i"'6o, na extensão total de 139 kilometros, sendo 79 de Santos a S. Paulo e óo de S. Paulo a Jundiahy. Estava dado 0 primeiro passo para 0 progresso da terra paulista.

V is ta ti r a d a

d a p o n te d a R u a F lo r e n c io d e A b reu


a

s

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Rua da E stação 1905


Entre S. Paulo e Santos tem a estrada 14 estações, sendo as mais importantes: S. Bernardo, Ribei­ rão Pires, Pilar, Alto da Serra, Piassaguera e Pary onde se acham os armazéns de mer­ cadorias. De São Paulo a Jundiahy ha 13 esta­ ções sem importân­ cia commercial. Pela gravura que apresentamos verse- á 0 que era a estrada quando se inaugurou, ha 38 annos. A velha esta­ ção de São Paulo, S a lã o d a E s t a ç ã o d a L u z

fS. Paulo RaiKvay C.°)

l T ia i S

ta rd e

Paulino desfilam para todos os pontos da cidade que quasi toda se regula pelo excellente relogio da torre da Ingleza. A superintendência da São Paulo Railway está ha muitos annos entregue á competência do Sr. William Speers, 0 trafego ao Sr. Antonio Fidelis e as demais secções a profissionaes quasi todos

Ilie lh O -

rada, como mostra a gravura seguinte, está hoje substituída por um monumental edifício, dotado de todas as commodidades, salas de espera, botequins, restaurant, etc. E ' a mais importante do Brazil e possue duas grandes plataformas, uma em frente da outra, dando accesso de nivel para os trens, 0 que occasionou grandes excavações, e se communicando entre si por meio de tres passadiços elevados. No intervallo livre das plataformas, que é da largura de 23 metros, estão assentes seis vias differentes. Bella arcada de ferro de vão livre de 39 metros sustenta a cobertura desta parte do edifício onde funccionam todas as depen­ dências do serviço, assim como no corpo principal a administração geral da estrada. O movimento da estrada é extraordinário e á chegada dos trens os carros que estacionam dos lados da rua da Estação e José

R e s t a u r a n t d a E s ta ç ã o

brazileiros. Os serviços da estrada, incontestavelmente dos melhores do mundo, dão laerecida recompensa ao capital immenso que a Com­ panhia tem empregado. Como transformação, a Estrada Ingleza, embora não tenha 40 annos, apresenta hoje completa differenca, acompanhando 0 progresso de S. Paulo.


Jardim P u b l ic o — 1886 O

Lago

e o C anudo


O Jardim da Luz Devia ser um jardim botânico. Mello Castro e Mendonça, capitão general de S. Paulo, recebeu ordem de creal-o, por aviso regio de 1 9 de Novembro de 1790. E ', portanto, secular o jardim da Luz, fundado por aquelle governador no lugar em que dera começo a um quartel para 0 corpo de artilharia de voluntários reaes, cujos muros foram conservados até 1844.

A n t o n i o B e r n a r d o Q u a r t i m — ( 1/ ' Dirocior)

C o n se lh e iro D r. J o ã o T h e o d o ro

cJardim publico da LUZ

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E n t r a d a v e lh a pela A venida T ira d e n te s


o

Antiga vista do Jardim 18 8 6


Esta somma havia sido subscripta para a construcção do quartel, mas por accordo dos subscriptores, foi parte delia despen­ dida na factura do jardim e parte na construcção do hospital mi­ litar, que era o edifício que serviu de seminário de educandas. O jardim botânico não foi concluído senão com a autorização do Governo, por aviso de 8 de Outubro de 18 25, no tempo do primeiro Presidente da Província, Lucas Antonio Monteiro de Barros, depois visconde de Congonhas de Campos, cujo nome está perpe­ tuado na praça que fica ao lado do actual jardim. Por elle toi facultado ao recreio publico, tendo como primeiro director 0 Ge­ neral Arouche. Doze annos depois, por uma lei da assembléa provincial, foi 0 estabelecimento convertido em jardim publico, cessando a antiga denominação.

E n tra d a no v a p ela ru a j o s é P aulino

A principio foi chamado — Horto Botânico — , tendo começado por meio de subscripção de pessoas gradas, ás quaes, em remuneração, se concederam patentes de officiaes de milícias. Os primeiros subscriptores foram : Coronel José Florencio de Oliveira. . . 1:0008000 „ Bento Manuel de Almeida Paes . 1:0008000 Tenente-coronel Antonio Moreira da Costa. 5008000 Manuel Antonio Rangel . 5008000 Antonio Pereira de Araujo . 4008000 Manuel Leite de Moraes . 4008000 Matheus da Silva Bueno . 2508000 Claudio José de Camargo. 6008000 João da Costa . . . . 4508000 Francisco Antonio de Araujo. 4008000 Julião de Moura Negrão . 4008000 Coronel José dos Santos Souza . . - 1:0008000 6:c)o6Sooo A scenção do a u r e o n a u ta Z e ballos

1876


Restaurant

1905


Visconde de Congonhas de Campos entregou a sua direcção ao tenente-coronel Antonio Maria Quartim e por morte deste o substituiu seu filho Antonio Bernardo Quartim. 0

Em 18 7 5 , sob a presidência do Conselheiro Dr. João Theodoro, 0 jardim mereceu sérios cuidados. São desse «tempo a cascata, 0 lago e ^ torre tão conhecida e hoje demolida por ameaçar ruina: o can hào do jardim, que uma das gravuras representa.

L a g o a c t u a l — 1 8 05

De então para cá, tem sido o jardim procurado para kermesses, festas de caridade e outros divertimentos, entre os quaes a ascenção do aeronauta Zeballos em 1876, que a gravura recorda. Actualmente, graças á administração do Conselheiro Antonio

Prado, 0 jardim está completamente reformado e merece todo 0

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zelo da Prefeitura. A superfície é de <50.000 metros quadrados e é, hoje, pequeno para conter os milhares de pessoas que ahi vão ouvir aos domingos 0 concerto da banda policial, contractada pela Prefeitura.

Contem ó bonitos tanques repletos de peixes, garças, jaburus, cysnes, ganços e outras aves. 0 lago central é em forma de cruz de Savoia, com um enorme repuxo que lanca por minuto 1.200 litros de agua. A entrada nova é pela rua José Paulino, havendo outra pela praca Visconde de Congonhas e a velha pela Avenida Tiradentes. Encravados em terrenos do jardim ficam os edifícios do Gymnasio e Lyceu de Artes e Ofticios e a Escola Prudente de Moraes. A casa da Administração, como todo 0 parque, é rodeada de canteiros de flores lindíssimas e raras. Bosques de toda a especie de plantas, nos quaes ha bancos, como nas alamedas c ruas calçadas com uma composição de alcatrão e pó de pedra, são illuminados, á noute, á gaz incandescente, em lampeões artísti­ cos. Um vistoso bote­ quim substitue as mezas toscas dos pic-nics e a popu­ lação de São Paulo para ahi afflue todas as noutes de concerto e nos domingos á tarde. A conservação é esmerada e 0 publico, bem comprehendendo a dedicação do bene­ mérito Prefeito, ..cor­ responde aos esfor­ ços da administração pelo aformoseamento do velho jardim da Luz.

Coreto — 1905


A entrada velha restaurada 1905

L


Nascido em Gibraltar, era filho de Antonio Bernardo Quartim. Tendo assentado praça no posto de Capitão no Regimento de Cu­ ritiba em 179 7, foi transferido para S .’ Paulo a \C de Março de 180Ó. O ^Tenente Coronel Quartim, distincto pelo nascimento, me­ receu sempre a consideração publica pela nobreza de seu caracter, por suas qualidades civicas e moraes, occupando posições elevadas, taes como Almoxarife da Real Fazenda, membro do Governo Provisorio de S. Paulo constituído pelo movimento popular de 23 de Junho de 18 2 1 e Director do Jardim Publico, desde 27 de Fevereiro de 1827. Os seguintes documentos perfeitamente mostram os relevantes serviços prestados por este distincto cidadão: ‘•Antonio José da Franca e Horta etc. Altesto debaixo de minha palavra de honra que Antonio Maria Quartim, Almoxarife dos Armazéns Reaes desta Capitania he pessoa do toda a probidade e verdade, que no Emprego que se acha exercendo tem mostrado durante o meu governo todo o zelo no interesse da Reai Fazenda, dando regularmente as suas contas a tempo com grande exactidáo e clareza, e que tudo me tem sido presente pelos mesmos Deputados da Junta Real Fazenda. Attesto igualmente que em virtude da exacção e ordem com que mandei se escriplurasse e ftscalisasse todas as despezas que se fizessem, se tem augmentado o trabalho do mesmo Almoxarifado, cuja augmento pode ser obste os seus interesses particulares como me tem representado. E por me ser pedida esta attestação mandei passar a qual vai por mim assignada e sellada com os sellos de minhas Armas. S. Paulo, 20 de Junho de 1808. — A n to n io J o s é do F ranca e H orta. “ Senhor. — Em provisão de 6 de Fevereiro do presente anno (aqui junta por copiai hé V. A. R. Servido ordenar-me informe eu com o meu parecer, ouvindo por escripto a Junta da Fazenda desta Capitania, sobre o requerimento de Antonio Maria Quartim, Almoxarife da Real Fazenda, no qual pede 0 augmento de duzentos mil réis mais de ordenado, além do que actualmente percebe pelo dito emprego, com 0 vencimento do dia em que se augmentaráo os ordenados dos Ofliciaes da sua Contadoria. Satisfazendo a esta Regia determinação, fiz que os deputados da Junta da Fazenda; isto hé, 0 Escrivão, Thesoureiro <• Procurador da Coróa (porque o Deputado Ouvidor quasi nunca vem á Junta) dessem seu parecer por escripto e das suas respostas, que envio por copia, se vê não acharem fundamentos attendiveis na petição do suplicante, convindo todos em que só por Graça especial pode ser deferida. Hé certo que 0 augmento de ordenado que tiverâo 0 Escrivão, Contador e Primeiro Escripturario a titulo de ajuda de custo nenluía analogia tem com 0 emprego do s iplicante. mas também hé certo que nenhum homem capaz de bem servir a V. A. procura ser Almoxarife, visto que tendo só duzentos mil réis de ordenado, hé responsável por todos os enganos, quebras e descuidos que se não podem obviar em toda a distribuição feita por parcellas miúdas. Hé igualmente verdade que tendo-se aperfeiçoado 0 methodo da arrecadação da Real Fazenda de V. A. Iiuns artigos passarão para diversa administração do Almoxarifado e a outros se deu huma forma mais regular para o liscalisação dos generos e das custas. Taes são os Inventários a que mandei proceder de tudo 0 que se acha nos Armazéns aface dos quaes em poucas horas sé vê 0 que falta ou existe, providencias que antes não havia e de que se originaváo as maiores duvidas e embaraços no balanço das contas, muitas das quaes se achão ainda por ajustar. Isto não obstant?, 0 lugar de Almoxarife hé assás laborioso e pensionado para um homem verdadeiro que capricha em ser exacto.

“ O suplicante o hé. tendo servido e servindo actualmente com honra e fidelidade, como se manifesta das contas, nas qtiaes tem feito ver em pró da Real Fazenda 0 accrescimo que havia em certos generos de que nunca fizeram menção seus antecessores, e do mesmo modo huma notável diminuição de preço nas compras que lhe tem sido encarregadas. Hé quanto sobre este objecto tenho de informar a V. A. que determinará o que for mais de seu Real Agrado. Sam Paulo, 14 de Junho de 1806. — A n to n io J o s é da F ranca e H orta. “ lllustrissinio e Excellentissimo Senhor. — Indo eu pessoalmente ver a Fabrica de Te­ cidos de Algodão do Tenente Coronel de Melbcia, Antonio Maria Quartim, a primeira estabe­ lecida nesta cidade 1 elle me deu as amostras de tudo que alli se faz, e egualmente uma Re­ lação dos preços porque póde vender aqui os mencionados Tecidos e a Planta da Fabrica, o que eu levo a presença de v. exa. não só como do Ministro competente, mas também como Presidente da Junta do Commercio e rogo a v. exa. queira tomar esta Fabrica debaixo da sua Protecção, afim de que este Official e outros a seu exemplo cada vez mais se animem a aug­ mentai' estes estabelecimentos, talvez mais adequados aos Paizes do interior, onde por causa da conducção os generos devem ser de menos pezo e de mais valor. Deus guarde a v. exa. S. Paulo. 1; de Dezembro de 1811. IIlustríssimo e Excellentissimo Senhor Conde de Aguiar. M a rq u e z de A le g re te ."

O Tenente Coronel Quartim falleceu em Maio de 1846 e do seu consorcio com d. Mathilde de Castro Oliva deixou numerosa descen­ dência, hoje espalhada em S. Paulo, Minas e Rio de Janeiro.

ANTONIO BERNARDO QUARTIM Nascido a 3 de outubro de 1 8 2 1, em Jundiahy, por ter sido seu pae Antonio Maria Quartim, deportado por causa dos successos que se prenderam á Bernarda de Francisco Ignacio. Seu pae era homem de finíssima educação e alto nascimento na Europa e de raros conhecimentos naquella época, conhecendo e fallando 7 linguas. Na sua velhice não poude dar instrucção a seu filho por ser extremamente pobre, por ter servido 0 governo sem interesse pessoal. Antonio Bernardo foi caixeiro na companhia Cachoeira de um seu cunhado, mais tarde barão de Carneiro. Dotado de uma imaginação viva e enthusiasta, energico e de uma actividade assom­ brosa, em poucos annos formou um pequeno pecúlio, razão pela qual, morrendo seu pae cm 1846, foi nomeado director do Jardim Publico, cargo vitalício, feito por graça de D. Pedro II ao filho em reconheci­ mento dos serviços prestados pelo pae. Foi fundador dos bailes masques, directo“ do Cassino (Hotel de França) e falleceu em 1 1 de julho de 1888. ('

A fabrica era estabeleci Ja na ladeira do Porto Geral.

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ANTONIO MARIA QUARTIM


Jardim P u blic o O Lago e a ca sca ta

1905


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Assignaturas dos membros do 1." Governo de S. Paulo I 55G


Seminário Episcopal O vasto edifício em que funcciona o seminário episcopal não tem ainda meio século. Foi iniciada a sua construcção no-anno de 18 55, findando em 1860, graças aos esforços do ò.° Bispo de São Paulo — D. Antonio Joaquim de Mello. Fronteiro ao Jardim da Luz, 0 semi­ nário occupa 0 quarteirão comprehendido entre a linha ingleza e a rua de São Caetano. Compõe-se 0 edifício de dous corpos e tem no centro a egreja. Em uma das aulas funcciona 0 Curso equi­ parado ao Gymnasio Nacional, estabele­ cimento de ensino bem frequentado e possuindo um corpo docente conside­ rado entre os professores. Do outro lado está propriamente 0 curso de theologia que 0 actual Bispo Diocesano tem procurado desenvolver. Pela primeira gravura que representa 0 seminário cm 1882 e pela vista actual, se verifica que 0 estabelecimento tem acompanhado a transformação de São Paulo. A egreja possue hoje duas torres e no angulo da rua São Caetano foi construído um torreão, tendo sido 0 edifício em sua fachada completamente reformado. Fosse ainda vivo 0 frade illustradissimo que se chamou Germano d'Annecy, e nesse torreão, talvez, instal­ lasse agora 0 seu modesto observatorio

E s t a t u a d e D. A n t o n i o J o a q u i m d e M el lo .

onde se fizeram as primeiras observações astronômicas na Província de S. Paulo. Que differença apresenta 0 velho casarão de taipa e 0 campo em frente, com algumas palmeiras a evidenciar ainda mais a nossa indígena civilisação de 30 annos atraz ! A arborisação bem cuidada, 0 extra­ ordinário movimento da Estação Ingleza, a bella perspectiva da Avenida Tiradentes a se prolongar até a Ponte Pequena, dão outro aspecto ao local em que 0 virtuoso Prelado lançou as bases do clero paulista, apezar de todas as opposições da epocha. No interior do edifício, ao centro do jardim, a gratidão elevou uma estatua ao fundador do Seminário. Quem não se approximará respeitoso, quaesquer que sejam as suas crenças, desse monu­ mento donde 0 venerando sacerdote, com ar bondoso e severo, parece indi­ car aos seus discípulos 0 verdadeiro caminho que ha de tornai-os dignos de apparccerem deante do Supremo Creador! “ D. Antonio Joaquim de Mello era natural de Itú, filho do Capitão Theobaldo de Mello Cezar e de D. Josepha do Amaral, tendo nascido a 29 de Setem­ bro de 17 9 1. Pobres, mas honrados e nobres, seus paes tiveram de procurar em Minas os meios de subsistência que difficilmente encontravam em Itú. O Governador daquella Capitania, Bernardo José de Lorena, pretendeu que


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1

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Seminário Episcopal 1882


o joven Antonio sentasse praça de cadete, mas a isto se oppoz seu pae, acceitando a praça de simples soldado em razão da pobreza em que se achava. No mez de Agosto de lygo sentava praça e começava a apren­ der .primeiras letras. Até 18 10 , ò joven-Antonio de Mello supportou constrangido a vida militar na Capi­ tania de Minas, porque a sua voca­ ção era outra; mas em Outubro desse anno obteve baixa e voltou á terra natal. Em janeiro de 18 1 1, transpor­ tou-se á Capital para encetar os estudos proprios da carreira ecclesiastica, a que, de coração, queria dedicar-se, e já no anno seguinte tomava ordens menores e de subdiacono. Ordenado presbytero, recolheu-se á vida privada e limitou-se ao exercício do seu ministério com geral admiração c respeito pelas suas virtudes, até que, já em avan­ çada edade, foi sorprehendido pelo Decreto de 5 de Maio de 18 5 1, que 0 elevou á alta dignidade de príncipe da egreja paulo-politana, sendo 0 primeiro paulista que mereceu tão subida honra.

as difficuldades que se multiplicavam contra 0 seu governo religioso e se não conseguio reformar todo os abusos, contra os quaes accommetteu, ao menos deixou na diocese indelleveis signacs de suas virtudes e do muito que dedi­ cou-se á causa da Egrcja. Foi assim que, apenas investido do báculo, seu primeiro cuidado foi 0 de percorrer 0 bispado com 0 duplo fim de reformar com a palavra e com 0 exemplo e, ao mesmo tempo, colher donativos para a creação do Seminário Episcopal. Seus merecimentos e serviços mereceram do Pontífice Pio IX, alem da correspondência com que a miudo 0 honrava, os titulos de conde romano, prelado domestico c assistente do solio pontifício. Em 1860, os achaques, os desgostos e a avançada edade tinham prostrado 0 corpo do venerando paulista que a ió de Fevereiro do anno seguinte desapparecia da terra no mesmo lugar onde tinha visto a luz.”

Logo em frente ao Seminário está cm construcção 0 edifício do Relogio d e so l e x i s t e n t e n o J a r d i m d o S e m i n á r io . Lyceu de Artes e Òfficios onde funcciona também 0 Gymnasio do Estado. Do mev,mo lado do Jardim, destaca-se a Escola Prudente de Elevado ao episcopado, D. Antonio Joaquim de Mello, apezar Moraes, unr dos edifícios especialmente construídos para estabeleci­ da muita edade e achaques, foi incançavel no desempenho da mentos de ensino, pelo Dr. Cezario Motta, quando secretario do difficil e arriscada missão que lhe havia sido confiada. Interior. Alli funcciona actualmente um grupo escolar, tendo sido Luctando braço a braço com a opposição que lhe suggerio transferida para Guaratinguetá a Escola Complementar que recebeu um clero ainda não convenientemente educado, jamais recuou ante



o nome do primeiro governador de S. Paulo, depois de 1889. No quarteirão seguinte, do mesmo lado da Escola, ficam a Penitenciaria e a Cadeia Publica. Foi iniciador daquelle estabelecimento 0 presidente da província, visconde de S. Leopoldo, em 1825 Raphael Tobias de Aguiar, quan Jooccupou 0 mesmo cargo, tratou de desenvolver a creação do seu antecessor e em 1854 mudou para parte do quartel da tropa de linha alguns presos, dando tal ou qual organisação.

Foi coronel da guarda nacional e brigadeiro honorário do exercito, por ter sido nomeado director geral dos indios; desem­ penhou muitas commissões scientificas como engenheiro, organisou e commandou nesta cidade 0 7 .0 batalhão de voluntários da patria por occasião da guerra com 0 Paraguay. Na direcção da Peniten­ ciaria prestou relevantes ser­ viços e falleceu no exercício desse cargo. A casa de correcção de São Paulo obedece mais ou menos ao mesmo plano da do Rio de Janeiro e possue officinas de encadernador, alfaiate, sapateiro, mareineiro, latoeiro e ferreiro. Por ser 0 edifício acanhado para 0 numero de reclusos e attendendo aos progressos que as sciencias penaes tem demon­ strado nestes últimos annos, cuida-se de estabelecer uma nova Penitenciaria, modelada pela dos mais adeantados paizes.

Pela lei provincial de 10 de Março de 18 37 foi 0 Governo autorizado a fazer as installações necessárias e desde esse anno até 1852 foi 0 tempo occupado na construcção do i,° raio da casa que teve regu­ lamento a 5 de Maio daquelle anno. A Casa' 'de Correcção teve como primeiro director 0 bri­ gadeiro Francisco Antonio de Oliveira, nascido em S. Paulo, a 10 de Maio de 1796, filho do sargento mór Polycarpo José de Oliveira e de D. Anna Joaquina da Annunciação.

Em frente á Correcção, hoje bem melhorada, fica 0 Quartel da Força Publica. G ru p o es c o la r “ P r u d e n te de M o ra e s ”

Dotado de intelligencia notável, deu-se de motu-proprio ao estudo de linguas, mathematicas, sciencias naturaes e litteratura, adquirindo illustração superior. No exercito percorreu os postos até 0 de tenente coronel, em que se reformou.

1905.

Nesse local onde deveria ser construída a nova Peniten­ ciaria, resolveu-se, mais tarde, em 1884, edificar a Hospedaria de Immigrantes. Não concordando 0 Presidente João Alfredo, em 1886, foi cedido esse terreno, comprado ao Recolhimento da Luz, ao Governo Geral, para nelle ser edificado 0 novo quartel para a força de linha.


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Avenida Tiradentes 1905


da rua Dr. João Theodoro foi mandada levantar uma columna em memória dos soldados do i,° batalhão mortos nos sertões da Bahia, em Canudos. Em uma chapa de bronze, a cujo centro está o emblema da Fama, lê - se a seguinte inscripção: “ 1898 — Aos soldados paulistas mortos em Canudos. “ Vereis 0 amor da patria não morrido De prêmio vil, mal alto e quasi eterno. ” Do lado opposto, uma lapide com os nomes dos soldados mortos recommenda-os á gratidão dos brazileiros.

B rigadeiro F ra n c is c o A ntonio d e O liv e ira

Depois de construído passou ao Estado, o vasto edifício de forma quadrangular que occupa o quarteirão comprehendido entre as ruas Dr. João Theodoro e Dr. Jorge Miranda. Nelle está installada com commodidade e hygiene a força policial do estado, cavallariças, dependencias, etc. Nos fundos do Quartel fica o Hospital da Força Publica, bello edifício, em estylo românico com todas as exigências sanitarias. Em ambas as esquinas do quartel ha um jardim bem cuidado e no que fica no angulo

C asa de C orrecção

1905


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A in Ja na Avenida, existe o primeiro edifício da Escola Polytechnica: o palacete do marquez de Trez Rios. Nesse prédio funccionam actualmente a bibliotheca e outras dependcncias da Escola que foi installada em 1894, quando Presidente do Estado 0 Dr. Bernardino de Campos e Secretario do Interior 0 Dr. Cezario Motta. Velha aspiração dos Paulistas, 0 patriotismo de Cezario Motta tornou uma realidade esse esta­ belecimento, reconhecido mais tarde pelo Governo Federal e justamente considerado pelo pre­ paro dos mestres e pela applicacão dos alumnos. O edifício novo, cuja frente se acha na rua Trez Rios é de cstylo romano, tendo sido con­ struído pelo lente da escola, Dr. F . A. Ramos de Azevedo. A escola está perfeitamente installada e no edifício tanto chamam a attenção as bellezas architectonicas, como 0 mobi­ liário e os apparelhos de ensino. A sala da Congregação é lin­ díssima, tendo nc tecto a figura de Minerva e nas paredes os retratos dos Drs. Cezario Motta, Bernardino de Campos, Cerqueira Cezar, General Jardim.

A Escola Polytechnica de S. Paulo é, desde a sua fundação, dirigida pelo Dr. A. F. de Paula Souza, e possue excellente corpo docente. Fronteiro ao novo templo da sciencia que a Republica elevou, a crença catholica dos velhos habitantes havia levantado trezentos annos antes a capella de N. S. da Luz do Guarepe. O documento que se segue dá a origem do actual Recolhimento de Nossa Senhora da Luz que as duas gravuras representam em 1887 e 20 annos depois, em 1 905. “ Saibam quantos este publico instrumento e carta de doação virem, como no anno do nasci­ mento de Nosso Senhor Jesus Christo de 1 óo 3 em os 10 dias do mez de Abril, nesta Villa de São Paulo da Capitania de São Vicente do Brazil. de que é capi­ tão e governador por sua Magestade, 0 Sr. Lopo de Souza, etc.:

Nesta dita villa nas pousadas de Domingos Luiz, o Carvudro de alcunha, aqui morador, onde eu publico tabellião fui chamado, perante mim e das testemunhas que se achavam presentes, todos ao deante nomeados, apparcccram E n trad a de Q uartel 1 9 05 partes, a saber: 0 dito Domingos Luiz e sua mulher Anna Carvalho, e por elles ainbos e cada um de per si foi dito que os annos Os cursos fundamentaes e geraes são muito frequentados, atraz. passados, tempo, dia e mez que na verdade se achar, elles tendo já a Escola diplomado engenheiros geographos, civis, agroambos fizeram uma escriptura de doação á casa de Nossa Senhora nomos, industriaes e architectos. Os cursos de mecânicos, agrimen­ da Luz que fizeram em Piranga, termo desta villa, a qual escreveu sores, machinistas e contadores, tem valor, sobretudo, pelas aulas 0 tabellião Lourenço Vaz, e acceitou 0 Sr. Administrador Bartholomeu praticas.


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Escola Polytechnica — 1904 R i a T r è s R io s


a mesma escriptura e são contentes ambos, e cada um se obrigava ás suas terras, na forma seguinte: que a terça de cada um delles fica obrigada á dita casa de Nossa Senhora, por inventario c o sustentamento entregue a quem ficar pela avaliação no melhor parado, o qual durante sua vida admini­ strará a dita casa de todo o necessário e por sua morte deixará a terça de ambos a uma pessoa de sua geração que melhor lhe parecer, com a condição que se ha de obrigar a dar fiança dc pessoa abonada a cumprir com esta obrigação e reparar a dita casa dc Nossa Senhora assim e da maneira que elles lhes são obrigados até agora de ornamentos e reparos da mesma casa durante a sua vida e que assim fica encabeçado e no­ meado, e para as festas costumadas, assim como elles doadores até agora fizeram á sua custa c

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A ntigo edifício d a E s c o l a P o l y t e c h n i c a — 1894

Simões Pereira, e que as forças da dita escriptura estavam já quebradas, porquanto a dita egreja se mudou para Guarepe e o ascento em que estava se perdeu e nas ditas suas partes não podia haver effcito. E por isso elles por virtude dessa escriptura em pre­ sença de pessoas religiosas e outros homens da terra, tinham determinado dar outra satisfacção equivalente com que se não perdesse a obrigação, antes podia ir com mais força daqui por diante para serviço de Nossa Senhora e não extinguir-se a sua casa e orago que ora está em Guarepe, por bem da qual elles hão por quebrada a dita escriptura em tudo e por tudo, daqui por deante e distratada

R e c o l h i m e n t o d a L u z — 1885



de sua fazenda, e não das ditas terras, porque essas hão de ficar vivas sempre para nellas entrar a pessoa nomeada, e que houver de ficar com este encargo pelo tempo ao diante, a qual pessoa será da geração delles doadores a mais idônea e sufficiente que parecer á justiça ordinaria e ao padre superior da casa do Sr. S. Paulo, do nome de Jesus desta villa de §. Paulo. E' desta maneira queíein que se passe traslado que ande no livro da confraria de Nossa Senhora, onde se escreverá a im­ portância das terças para que se saiba que quantia é.

Depois de sua morte eahiu em decadência a capclla, até que o Capitão General D. Luiz Antonio de Souza Botelho, em 17 7 3, consentiu que a recolhida de Santa Thereza, Helena Maria do Sacramento creasse um recolhimento, com 0 voto dc pobreza, sob a denominação de Nossa Senhora da Luz da Divina Providencia. A 2 de Fevereiro de 17 7 4 foi inaugurado 0 recolhimento, entrando a fundadora, uma sua sobrinha e, dias depois, mais oito companheiras. O edifício que hoje existe já não é 0 mesmo em que começou, tendo sido construído em 1788. Logo depois de fun­ dado 0 recolhimento, houve ordem para fechai - 0 por não ter precedido licença do poder competente para creal - 0, mas graças ao Capitão General Francisco da Cunha Menezes c ao bispo D. Fr. Manoel da Resureicão foi conservado.

E de como assim disseram, etc. José Camargo assigno por minha sogra Anna Camacho — Domingos Luiz — Sebastião de Freitas — Diogo Navarro." Assim ficou por muitos annos, cui­ dada pelos successores dos doadores, até que por morte de uns e ausência de outros eahiu cm decadência a capclla. Em princípios do século XVIII Filippe Cardoso de Campos, descendente dos instituidores, tendo enviuvado, se fez ermitão e tomou a si a administração da capella, realizando melhoramentos, muros nos terrenos, casas para romeiros, encanamento dagua e levantamento do frontespício.

1885

Actualmentc 0 edi­ fício foi melhorado e a egreja ésbastante frequentada pela população do bairro da Luz. Alem da Ponte Pequena que atravessa 0 Tamanduatehy, a rua Voluntários da Patria, em continuação á Avenida Tiradcntcs, prolonga-se até o Tieté.



Sobre o antigo Anhemby, ligando a cidade á aldeia de S.la Anna que os jesuítas fundaram com os indios, a Fonte Grande é o segundo marco da cidade de S. Paulo. Uma legua de terra do Collegi» ao Tietê, acha-se hoje povoada por uma raça nova, pro grersista, adeantada. "'À' margem do rio, a chacara do General Couto de Magalhães chama logo a attenção pelo observatorio cuja cupola o povo contemplava com admiração pelo estudioso patrício. Doutro lado, uma casa de diversão que a gravura representa, onde se encontram botes, lanchas, etc. para passeios íluviaes.

P o n te G ran d e

1905

A' esquerda da ponte, a Floresta das tohemias de outroYa, é hoje o Club de Regatas de S. Paulo, onde a mocidade de agora vae buscar vigor nas remadas fortes pelo Tietê acima. Em frente, o Club Esperia, outra associação sportiva, vae avivando a saudade aos que ainda vêem na Ponte Grande sómente o local donde se retirava a areia para as construcções. E ao vêr as aguas mansas do Tietê, do alto da Ponte, quantos não terão recordado scenas da mocidade, quando São Paulo ainda era a cidade dos estudantes folgazões e atrevidos?

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“ Contai, ó brizas, mas contai baixinho! Passai, ó vagas, mas passai de manso! Não pertubeis-lhes o plácido remanso, Vozes do ar! emanações do rio!" . . .


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O Triângulo Central A ermida da Senhora do Monteserrate que em 1598 os frades bentos levantaram no alto da encoíta que vinha da confluência do Anhángabahu com 0 Tamanduatehy, marcava 0 acampamento de Tibtryçd, 0 chefe guayanaz, amigo dedicado de Martim Affonso de Souza. Desde logo, prolongando-se em linha recta em direcção ao primitivo convento de S. Francisco, hoje cgreja de Santo Antonio, surgiram os casebres da gente portugueza e como homenagem ao genro de João Ramalho a cuja dedicação e influencia deviam a conquista destas terras, deram á rua 0 nome de Martim Affonso que 0 chefe indígena tomara ao baptismo como mostra de veneração e amizade ao donatario da capitania la progredindo a villa de S. Paulo, adiantando-se a população e 0 commercio, principalmente depois que pela provisão do Marquez de Cascaes, então donatario, a 22 de março de 16 8 1, teve 0 predicamento de cabeça da capitania. A deserção dos moradores de Santo André e a vinda de muitos outros de Santos e S. Vicente, trouxeram rápido augmento á villa dos jesuítas. Datam do principio do século X V 111 quasi todas as egrejas de S. Paulo, que por carta regia de D. João V, em 1 1 de julho de 1 7 1 1 , foi elevada á cathegoria de cidade, ao tempo do seu primeiro governador e capitão-general — Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Por essa epocha, a rua de Martim Affonso passou a chamar-se rua Direita de S. Bento. Ahi habitava a parte pobre da população, tanto que “ na rua e bairro de S. Bento” mandara 0 governador D. Rodrigo Cezar de Menezes que fossem morar os affectados das bexigas, prohibindo que se tratassem bexiguentos no lado do Carmo onde, então, moravam os fidalgos e ricos. Em frente á egreja de S. Bento houve sempre 0 largo que a gravura representa.

A’ esquerda, a rua da Constituição, hoje Florencio de Abreu, mandada abrir pelo governador Francisco da Cunha Menezes em 178 2, é 0 primitivo caminho do Guarepe (Luz). Em frente, á direita do Convento, a rua Nova de S. José, agora Libero Badaró, aberta pelo successor daquelle capitão-general, 0 marechal José Raymundo Chichorro da Gama Lobo (1786 -1788), conduz, em plano inferior, ao extremo da collina onde está edificado 0 convento dos franciscanos. Caminho natural para a Varzea, pelo Porto Geral, a rua da Bôa Vista em angulo com a de S. Bento, estabelece os limites da praça que se vê na primeira gravura. Passemos, pois, já que não existem vistas destes sitios nos primeiros annos do século XVIII, a reconstruir o largo de S. Bento em 1886. S. Paulo começava a soffrer os primeiros impulsos do progresso do século das luzes; ás ruas mal calçadas, irregulares, de casas baixas e mal construídas que davam á cidade do meiado do século passado “ um aspecto monotono e quasi tristonho," iam succeder as avenidas arborisadas e bem tratadas, 0 calçamento excellente, a illuminação esplendida e a architectura sumptuosa de hoje. A gravura representa, uma das primeiras praças ajardinadas, ainda cercada de arame farpado, como si os cidadãos civilisados devessem ser comparados aos animaes bravios . . . Na esquina da rua de S. Bento, lá está a antiga “ Sereia Pau­ lista,’ ’ com 0 Fischer — 0 seu conhecido proprietário— , 0 vinho húngaro e os celebres beefs a cavallo a 18000. Quantos respeitáveis paes de famílias de agora, não poderão gabar os banhos da “ Sereia " ou as bòas ceias que tiveram epocha em S. Paulo! . . . Nesse local, ha em 1905 um bello edifício de 3 andares, onde já funccionou a Repartição de Policia e agora está estabelecido 0 Hotel Rebecchino. Do outro lado, a contrastar com a velha casa de uma venda em 1886, fida 0 Hotel Bella Vista, em um predio também de 3 andares e de' construcção elegante. Na esquina da rua da Bôa Vista, em predio reedificado depois de um incêndio, está installado com vantagem 0 Hotel d'Oeste,” um dos mais antigos e conhecidos da Capital.



L argo d o R o sário — 1885

Deixando o largo, entremos pela rua de S. Bento, agora bem calçada a parallelepipedos, com excellentes prédios quasi todos occupados por importantes casas commerciaes. Nesse trecho comprehendido entre os largos de S. Bento e do Rosário, estão hoje estabelecidas, entre muitas outras, as importantes casas: Zerrenner, Bülow & C.'a, Rodolpho Richter & C .,a, Jorge Fuchs (couros, malas, etc.), L. Grumbach & C .ia (louças e crystaes) Drogaria Santos, Stolze & Stück (objectos photographicos), Loja Flora (flores) etc. etc.

G L argo do R osário é o coração da cidade. Alli, nas confeitarias, ao centro do largo, ou nas esquinas das ruas, reunem-se os rapazes de S. Paulo. E' o ponto elegante, predilecto dos desoccupados chies e prefe­ rido pelos pacatos burguezes á espera do bond da Lighi que todos passam por ahi. Cõmparem-se as duas gravuras: a de 1885 e a de 1905. Vinte annos e que transformação! Ó

Ao centro um chafariz com um lampeão sem esthetica e sem luz. Na esquina da rua de S. Bento e ladeira de S. João, o antigo armazém do Guimarães. Em frente 0 hotel de M.me Maragliano. No local em que hoje se vêem os edifícios da Camisaria Bom Gosto, da Confeitaria Castellões e da Chapellaria Alberto, trez prédios baixos, de architectura colonial. Neste mesmo estylo, continua a rua de S. Bento para 0 lado da Academia, já deixando vêr a gravura de 1885 0 bom edifício do Grande Hotel e os palacetes Antonio Prado e Elias Chaves. Seguem se os “ Quatro cantos." e 0 segundo lado do triângulo: a rua Direita — chamada de Santo Antonio no século XVI e da Misericórdia no século XVII. Ainda lá está, 0 Hotel de França, quasi tão antigo como 0 prédio de taipas em que está installado. E ' esta, talvez, a rua central que possue prédios mais antigos, ao lado de alguns edifícios bem construídos como a Casa Allemã, a Casa Dolivaes, 0 da Drogaria Amarante, da 5 . Paulo Tramway Light & Power C. e outros. No principio da rua Direita, quem vae da rua de S. Bento encontra 0 largo da Sé cuja transformação as gravuras patenteiam. Em 1860, a esquina agora occupada pelo Café Girondino, era a conhecida Casa Garraux, a mais importante livraria e papela­ ria de então. Era 0 centro intellectual da epocha, onde os estudantes procuravam as poucas obras que a minguada mezada lhes permittia adquirir e os velhos lentes se instruíam nas modernas conquistas do Direito de 50 annos atraz. Em frente, 0 abarracado prédio em que esteve por muito tempo ainda a Casa Baruel— a mais importante drogaria de S. Paulo. Mostra a photographia 0 lampeão de kerozene da illuminação publica, hoje substituído pela excellente lampada a gaz, “ A u er” . Em 1898 0 editicio da casa Baruel foi reconstruído e 0 importante prédio em que agora funcciona ficou sendo um dos melhores estabelecimentos commerciaes que a cidade possue. No centro do largo, a velha Cathedral — a egreja da Sé — que tanto se tem fallado em reconstruir, sem que se leve a cabo a ideia que a magnificência da Religião Catholica está a exigir.


Hua de S. Bento — 1905


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Matheus Lourenço de Carvalho foi levantado 0 frontespício da egreja que este mesmo, quando vigário, havia iniciado á custa de esmolas. Passaram-se alguns annos e a administração das obras ficou a cargo do conego Domingos João Villarinho, não sendo concluídas, até 0 alvará de 1 756 acima citado. Em 1803, o arcediago Dr. Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, mais tarde Bispo da Diocese, fez reparar 0 edifício que ameaçava ruina e augmentou-o com 0 lanço esquerda da egreja com acommodações para 0 cabido e aulas, até hoje conservadas. A frente da egreja apresenta um aspecto sombrio e triste. 0 interior é modesto e 0 tecto é pintado pelo artista paulista Almeida Junior.

í R u a D ire ita — 1860

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Ainda é a mesma, a Sé de 1850. datando do principio do século passado a reedificaçâo da egreja nas actuaes pro­ porções, nos termos do alvará de 20 de Fevereiro de 1 756 que concedeu a quantia de 30.000 cruzados dos cofres reaes, para aquelle fim. Conforme se verifica de documentos existentes no Archivo da Gamara Municipal, a 6 de Junho de 1 588 reuniu-se 0 povo e a Camara e nessa reunião se assentou "q u e era bom que na dita Villa houvesse igreja matriz e vigário e que se fizesse entre as casas de Diogo Teixeira e André Mendes ” , aos quaes elegeram para receber donativos. Em maio do anno seguinte, dirigiram um pedido ao Gover­ nador Geral do Estado, para que lhes mandasse vigário, paramentos e sinos para a matriz, que servio até 1747. Nesse anno, foi começada a construcção de outra no mesmo local e em 1754- na administração do arcediago

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R u a D i r e i t a — 18 87

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d "h. Entremos agora na principal artéria da cidade. E' a rua de Manuel Paes de Linhares, do século X V 11, a rua do Rosário do século X V 11I, a da Imperatriz, depois de meiados do X IX , agora rua 15 de Novembro. E' ahi que pulsa mais forte 0 progresso de S. Paulo. Os bancos, os estabelecimentos commerciaes de primeira ordem, os cafés, as rodas políticas, os jornaes, fazem dessa rua irregular ainda, apezar do alvião demolidor da Prefeitura, 0 centro de toda a vida de uma importante cidade de 280.000 habitantes. E foi sempre assim. Basta apreciar as gravuras de 20 annos passados e ainda encontraremos muitas das principaes casas commerciaes de hoje. Veja-se a Casa Paiva ha poucos dias demolida para alarga­ mento desse trecho, a Loja do Gaito — a conhecida alfaiataria — , a Confeitaria Napet, a Casa Levy, — importante deposito de pianos

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L a rg o d a Sé — 1860

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Ainda nesse largo está edificada a egreja de S Pedro da Pedra, cuja construcção se deve aos padres paulistas Angelo de Siqueira e Francisco Alves Calheiros, com per­ missão do Bispo D. Fr. Antonio de Guadelupe, datada de 7 de Novembro de 1740. Não soffreu também alteração a egreja de S. Pedro com 0 andar dos tempos, continuando 0 aspecto lugubre do exterior com 0 mesmo interior paupérrimo. Apenas em 1905 já não existe a casa contígua, onde esteve por longos annos a “ Padaria Franceza ". O velho prédio de taipa foi demolido, a rua da Fundição alargada e edificados bellos prédios até a rua do Carmo.

L a rg o d a S é

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1889

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Mais larga do que a principal artéria fluminense, possue prédios sumptuosos, magnificas casas de modas, ricas joalherias. A' noute, muito bem illuminada, é frequentada por grande numero de habitantes dos arrabaldes, 0 que contrasta com a rua do Ouvidor, morta completamcnte depois de 7 horas da noute. Entre os seus bellos edifícios, sobresae a Galeria Werbendõefer — unica no Brazil. Serve de communicação para a rua da Bôa Vista e tem uma cobertura de crystal, supportada por arcos de ferro, contendo 36 armazéns no pavimento terreo e 54 escriptorios no primeiro andar. Nesta rua ficam as redacções dos jornaes “ Correio Paulistano,/ “ Estado de S. Paulo,” “ Diário Popular,” “ Platéa” e “ Tribuna Italiana". E não se pode negar que muitas das transformações por que tem passado S. Paulo são devidas á imprensa.

R u a do R o s á r io — 1860 (L ado do P ateo da S ê)

e musicas, o prédio em que está hoje o Café Americano, os velhos orgãos “ A Provinda de S. Paulo ” e o “ Correio Paulistano" e ter-se-á quasi reconstruído a rua do Rosário do S. Paulo antigo. 0 lampeâo de kerozene, as janellas de rotulas, as abas collossaes dos prédios de taipa, hão de ser para muitos, para os saudosos “ dos bons tempos de outEora” , preferíveis ás Iampadas eléctricas de i .000 vélas, ás construccões de ferro e aço, ao calçamento de madeira e tantas outras bellezas do S. Paulo moderno. A rua 1 5 de Novembro não terá, talvez, a importância política da rua do Ouvidor, do Rio de Janeiro, mas eguala-a em animação, em movimento commercial.

R u a 15 d e N o v e m b ro — 1893



Actualmente pubücam-se na capital, diariamente alem dos que já referimos, os seguintes jornaes: “ Fanfulla", Commercio de S. Paulo” , “ Tribuna Paulista” , “ Correio da Noite” , “ Avanti” e “ Deutsche Zeitung” . Será este, por certo, um dos mais evidentes signaes de progresso. Continuamos a publicar as assignaturas dos cidadãos que dirigiram o governo de S. Paulo desde a fundação de cidade até os nossos dias. Este trabalho fora encommendado pelo fallecido imperador D. Pedro II ao artista Jules Martin, quando pela ultima vez aquelle monarcha visitou a província. A proclamação da Repu­ blica e o exilio da familia imperial não permittiram a satisfacção desse desejo do velho imperador, sempre enrhusiasta dos

R u a d a I m p e r a t r i z — 1 8 8 7 ( L a d o d a S é)

O primeiro jornal que appareceu na província, com typographia própria, foi o “ F ir o l Paulistano ", fundado em 8 de Fevereiro de 1828 pelo Dr. José da Costa Carvalho, mais tarde marquez de Monte Alegre, que 0 redigiu com seu amigo Antonio Mariano de Azevedo Marques. Este periodico era orgâo das ideias liberaes defendidas por Feijó, Paula Souza, Evaristo, Vasconcellos e outros chefes eminentes. Mais tarde, na epocha tormentosa que procedeu á maior­ idade de D. Pedro II appareceram outros jornaes políticos de curta duração. Em 1854, a 2 6 de Junho, sahiu á luz o primeiro numero do “ Correio Paulistano” , — que se propunha a offerecer “ uma imprensa livre, fóra dos interesses políticos” , advogando as necessidades da Província. Foi seu fundador Joaquim Roberto de Azevedo Marques, cidadão por tantos titulos digno da estima publica.

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assumptos que se império.

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relacionavam com a historia do seu grande

Quando houvermos publicado as assignaturas de todos os que assistiram e provocaram o progresso desta gloriosa cidade, nos tempos da colonia e da monarchia, daremos as dos que tem gover­ nado o Estado depois de 15 de Novembro de 1889.

18 de

sessão d e J u n lio , cujos tr a b a lh o s co m eçám o s a d a r em o N . ” u lU îu o , p rs sa n d o se à o rd em d o d ia , c u j.r 1 .» p a rt» e r a - o p a re c e r d a C oinm issrio d o t , lU iiit j i ç i o so b re u m a q u e .s a d e l)o Jirinços L o p e s F o g aça co u rra o Vicet P r e ­ s id e n ts d o C o n selh o A d im m siratr’vo d e G aras. D ep o is d a d is c u s s ã o , n ã o sc v e u c è o , n e m o p a re c e r , item u m a c m e n d a d it S r . F a u la C av a lcan te , c lico u p ara e u l r a r n o v aiiie n te u a o rd e m dos tra b a lh o s . O S r. L td o .h r o u m p a re c e r d a C om m.issào d e F a z e n d a , p a ra q u e sc co n v i­ d a s s e ao P re s id e n te d o T lic s o iro P u b lic o p a r a u m a co n feren cia s o b re os m eios de" o c c o rre r á d iv id a p u b lic a , e d e reo rg a­ n iz a r p o r u n ira L e i o B an c o do. B ja v .il, jarra' o q u e c o u v iria q u e fussent ta n ib e m p r e s e n te s os D irc c lu re s d o B a n c o . F o i n p p ro v ad n . O S r . M .ria ioo a rtd a c ç S o d a s cm en * «las a o •p ro je cto " p ara o re g u la m e n to dos O iïic ia e s d a S e c re ta ria d e a m b a s a s C am a n s , q u e lo i ap p ro v ad a p a r a se te rn e tt r r à G am a ra "dos S r .“- S e n a d o re s. E n tr o u c m d iscu ssão o i . ° a r t . d o p ro je c to so b re à a r r e m a ta ç ã o d e p a r te dus d ir e ito s d n À ïf a b d - - a .

î f a sessão rie 1 9 , fin d o o c e r f (Den­ te , le o o S r . M a ia a. red ac ção d o p .’y je cto île L e i, q u e co n ceile a s v iu v a s e o rp b rias dos O l'.iciaea.rlo E x e rcito a in c tá d t d o s soldos île scos (in ad o s p a re n te s . F o i appi'ov.ula c c y v ia d .P á C a m a ra dos *Sr.B ■S-uadorrs. , B e tã o -s c v aries p ro je c to s d o S r . l ) : o s c 'S rlv a. • O S r. L o b o a p p re s e n lo n u m a _in d ic a ­ ç ã o p a r a q u e s e faça ex ten siv o à Vil a d e C ax ias , n a P ro v ín cia d o M a r a u lia ü o l ’ e g iiu e n ip d e 10 d e O itu b r o d e. 170.1 , p elo q u a l sari co n ta d o s os processos n o ir s t o ü 'n q u e lla P r o v ín c ia .' F ic o u p a r a s .- * le itu ra . E n tr o li- s e n a o rd em d o d ia , e a p p ro v o u -se o p a re c e r d a C o tm n issaô d e s a u ­ d e p u b lic a ò c e rc a d a jn d ie a ç a õ d o S e. C a stro e S ilv a so b re a re m essa d ’ùiti ap a .relb o d e s a lv a r a v id a a o s afogados r a ã P ro v ín c ia d o l l i o g r a n d e tu* F in i(ê , gnlierabvainio-.se a m e d id a p a ra to d a s a s P ro v ín c ia s c m igtraes eiiciiu stan cirrs. C oncbrio-se a a .» d iscu ssn ô d o p rn jc c !o d e L e i p a r a a a r ie m a la ç s p d e p a rla do» d ire ito s d a A lfan d eg a , 'c v e n e c o - tc q u e p assasse u b .11 discussaG. • ib ijio m s e p o is, » a . 3 .* p a rte d a o r­ d e m d o ( lia , que" c i » a 3 .» d iscu ssão -do .p ro je c to S obre a afcohçnõ d o tjirm le g io il'-s• su ai d o J o .o ,. a c o jo a r L rr)." to-isc—A * selrisp o d a Vv lii-a "depuis c fu m lor-po e b eu »


4~ * J o ã o G a le n o

Vereador — 1 5 5 6

F r a n c i s c o N u n e s — Vereador — 1 5 7 2

P a s c o a l A ffo n so

Vereador -

C ftV # 1572

A n to n io d c A lb u q u e r q u e C o e lh o d e C a r v a l h o 18 d e J u n h o d e 1 7 1 0 D . P e d r o d e A lm e id a P o r t u g a l , C o n d e d e A s s u t n a r — 4 d e S e te m b r o d e 1 7 1 7

D. B r a z B a l t h a z a r d a S i l v e i r a — 3 1 d e A g o s to d e 1 7 1 3

R o d r ig o C e s a r d e M e n e z e s — 5 d e S e te m b r o d e 1 7 2 2

Assignaturas dos governadores de S. Paulo.

I 05

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S É O FEIRA 20 DE JUNHO DE 1854.

CORREIO PAULISTANO. r",J" iUntMrw wnw

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qo* . Paulo c o sorvedouro dc pre­ sidente* T E‘ força. conféisemo* lodo«, que i dl» coisJ» trnhani um paradeiro, que no»»a terra nan ratifique o eo.nlccito de indomit/c ingovernável. Con» que meio* • Suflócandtp tendências ogoi«ta»do partidário, aolepond-ia uiilídadc publica aomlcrc»»e ikincslico. evitando a -livcrsencia r.o pruprio credo que sc ali­ menta ioa l|u«ando o governo, cni-luanto este norne merecer, para que o» negocies públicos, que tio domk M» parcialidade política, c o <|UC c CUUR319 » A U U m » . negocio». :i ujcjam lançados ao ol­ mais. dcquestões muitas vezes |icsvido para ».- considerar esta» risas insoacs. tem transviado a nossa im­ N o dm 2 4 do m erq ue c o rre . a s p er­ Icslina« que nos dilaceram prensa de sen santo ministério. Cir­ las d a cid ad e s c abriram ao S r Or. Na preatduicia que liojc chegco U cunscritos u cs*a discussão araiihmla im o A uioo-u haiaii,-. c g rande con- *i-i- irriiu» lemos <iei:mpio(pif cum c dcsagradavcl as íoilias punmcntc cu rso «te cidad ão* COuMm-u a rm -p - pre arrolar políticas bem depressa comera-» por çao -la n ova cnlulartc. rtn cuia» mao» Veio um ci-tjdão lionesto collocarcvpcrinicnUi uma espeeie dc Iricza se d epositaram o» destino» .la pro- »c a tc»ia de teu»nrgocios. 'mpregou «•»lorço» que. ainda que o quizeocna própria opinião que cilas se pro­ v in c a H oje no» i*aço» da eain ara muni mos. o.to poitnamoi csqecccr. Inpõemsustentar. l'or outro lado. os interesses rcaca r i, f il (o- apresentada a r a r i a «mpc* «idou einfim asnuas (orcas para que da proviada, que lauto convêm pro­ n a l. e a solem nn ladc religiosa se lei a meonvenicncia -to rui marcha só ou vir, preslanoo e oovu prcsid cn le o lhe pudesse ser inpuUda mover cadvogar, crao postos de par­ Mas reto a estreita nrgra da ciolçflor* lu ran icn lo «agrado le, porque os interesse'- de portido Saudam os ao Se B r Saraiva e de contra cila nao ha a luter tem indo dcaoaturado c coutuudnlo. an im o sm ccro. lhe desejam os qoo at E esto homem, Ircvc vai mar em Nestas circumslaocia» eniende- am argura* sem eadas peta carreira fora. levabdo de nossa prormcn a mos íazer nin importante serviço ã presidencial -testa *ez n io perturbem verdadeira imagem da dmorgannanossa bclla província puDlicando o «eu cam in h o oa direcção <1o j nefo- Ç3o «la associaçao partidani: CORREIO PAULISTANO, cuja mis­ c ó s publico» Que elementos pois vem encontrar a nova governança * Umparinfo dcisão c a deoíTcrecei uma IMPRENSA 4 »tar p ré . a n a >c ic ir*io rn ad o a c » LlVRt. Asociedade, o governo «cm «icita presidencial no» oiiinm» tem ­ uiiido. II uilos dc seu» membros fe­ grande inicrcssc uo conticcuucaio da p o s * p rovín cia d e S 1’au to. « c cn- ridos -l.i peleis scnaturial. t-squeceoverdade. c n s olTcrcecndo as cotuui- I X I . mu»* -Ir. .-»lido 4 ma.» bené­ (lw o iiM M l u tw v , q u v r n o n h o pOlfC nas do CORREIO I’ALLISTANO a vola. ch eia dc-rccur»u». hospitaleira, s c r. E o outro T Como qne morto pe­ discussão dcTodaa as opiniões, dc lo­ icm *i»io. cou io -iuc por fatalidade, »uecederem se o» presidente* com a las novas nlCas dj sliuãçao. u-parado dos os pleitos, teremos 'coutntiuido dj.secna pobltcs. MlBendo a deser­ rapiite* do raio. ^piu o nosso contingente para o conI» o» »eu» imcre*»e». c as vanaçOc» ção da nor .lê seu crercito. nao po­ seguimento daqucllc grandioso fnn. d o »ystcni« adm inistrativo, c o i c i dendo cnlurpeccr qualquer marche % o correio paulistano, pui», p riclu n m e vila ve n cm c.ida um de» que ic leniu otal-eleccr na provioaspira nesta proviuCia o caractci dc »*•» rem ado», imo suflrcraiH i|uclira, publicação imparcial. Seus Iviioics 1 c o m o reiid u rto q c e e w r - u de>»c proP.-»i uuiro lado uma provinCrcopu-. rucontrarãoem suas paginas a liu* I conceito q u e |a passi m o v .q v s u — J tm - e C l l - 4 J O I U l l i « fc gdage-i» da franqueza e lealdade . só assim leremos impiensa livre, aco­ berto das eónsidcrarfles que a adultcO CORKF.IO PAULISTANO,,... lão Sc porém nitri Icalírar-nioses­ Iipjc cnrcta WH» rarreirn jorruiliv ta» vistas não o scrà por ausência dc lira, vem laiulifin abrir uma nova CNtorro. licra a imprensa «lesta provinda. Cremos ter «-vplindoo nosso pro­ Entre nos, furroso é eóiifcvwl-o. a gram ma. imprensa uão leiu correspondido por rcdacrão sò «•flor tanto moraiui modo satufactoiio a Ma suUúuc missão. Osjoroaísqtle leni »isto a mente responsável pdlo que íòr pu­ blicado sol» o lifultx especial desta luz ucsia província, qnasl cvclusiva^ iiMMiie «.ccopados dos int*«rcs>c> de lôlba.

PHOSPECTO.

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C a s a d a r u a d o T h c s o u r o , e s q u i n a d a r u a d o C o m m e r c io — u m a d a s m a is a n tig a s d a c id a d e —

3

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Com o adiantamento das sciencias e dos estudos graphologicos, quem sabe se não accumulamos material para algum observador intelligente que queira estudar a acção individual em cada attestado de progresso da terra paulista? Desde o signal tão discutido de João Ramalho á firma do General Couto de Magalhães ou do Dr. Jorge Tibiryçá, quantas investigações não provocaremos, reunindo estes elementos esparsos em documentos antigos e modernos?

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Numero 7

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Era até então deficientissimo 0 numero de escolas. As esta­ tísticas accusavam na capital resultados de ensino que não condi­ ziam de modo nenhum com os foros de uma cidade como São Paulo. Com relação ás escolas do interior, os algarismos, na sua inflexível eloquência, diziam qual o estado cahotico a que havia chegado a instrucção publica. A' nova forma de governo impunha-se a necessidade de justi­ ficar a sua acção immediata sobre a instrucção e sobre 0 ensino, tornando-os compatíveis e dignos do progresso de São Paulo e das novas instituições, fazendo ao mesmo tempo comprchender ao pro­ fessor quão erradamente elie exercia a magistratura social. Basta dizer, para que assim se possa ter uma ideia do nossa atraso, em matéria de instrucção, que no exercício de 1886 a 1887, ella apenas custava ao erário publico uma somma inferior a oitocentos contos,

D r . A n to n io C a e ta n o d e C a m p o s

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insírucção publica no Esfado de 8. paulo

A proclamação da Republica a 15 de Novembro de i88g veiu operar uma completa transformação nos mais importantes ramos da administração do Estado. Um desses ramos, a instrucção publica, absorveu desde logo a attencão dos legisladores paulistas, que vinham encontrar 0 ensino primário, secundário e até 0 superior senão quasi nullo, pelo menos caminhando por entre difficuldades de toda a ordem, sem um ideal definido, sem uma orientação segura, sem os factores necessários ao seu desenvolvimento e progresso. &

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Escola Normal ( I n a u g u r a d a e m 2 d e A g o s to 1 8 9 4 )

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Cabe a Prudente de Moraes a gloria de ter operado 0 primeiro movimento de reformas, guiado pelo elevado ideal de alargar 0 mais possível a esphera da instrucção popular. Eleito presidente üo Estado após 0 curto periodo do governo provisorio, 0 grande e saudoso paulista tratou immediatamente de estudar 0 magno problema, para poder clarear uma situação cujas naturaes consequências collidiam com os mais firmes propositos do governo. O seu plano de administração, que foi dos mais benefícios resultados, envolveu desde logo, num ataque decisivo, os dois ramos principaes do serviço publico: a hygiene e a instrucção, pois, na opinião do preclaro e saudoso estadista, esses dois ramos, acima de quaesquer outros, deveriam sempre preoccupar a attenção dos legisladores, visto como representavam a vida de um povo e a rasão victoriosa da sua existência.

II

B ib l io th e c a d a E s c o la N o r m a l

ao passo que depois da proclamação da Republica, isto é, de 1889 .a 1 Qoo custava 1.076.7548 30 0 , de 1890 a 1891 1.16 7 .6 3 18 9 9 9 réis, semestre 1891 a 1902 réis 7 3 3 .7 5 2 8 3 3 4 ; em 1892 r é is ., i .400.4808764; 1893 réis i .730 .4 73S 2 28, e assim por diante, augmentando as despezas em cada anno consideravelmente, sem que os legisladores se tenham preoccupado com 0 cerceamento, cada vez mais crescente, que 0 orçamento da instrucção vae determinando na receita. Também, então, em 1886 as cadeiras publicas para ambos os sexos eram apenas 1034, ^as quaes apenas providas 8 14 , sendo 478 para 0 sexo masculino e 336 para 0 feminino; ao passo que. oito annos depois, possuia 0 Estado de São Paulo cerca de mil e quinhentas escolas. A V

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A m p h it h e a t r o d a E s c o l a N o r m a l

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\ Jardim da Infancia ( I n a u g u r a d o e m 18 d e M a rç o

1896)


admiração geral e um dos primeiros senão 0 primeiro da America do Sul. E ' alli que se preparam os alumnos que tem de ser mais tarde os mestres do ensino. Ha junto a escola modelo Caetano de Campos, um nome que recorda um grande e valoroso espirito ao qual a instrucção tantissimos serviços ficou devendo. Essa escola, mode­ lada inteiramente pelo typo norte-americano, apresenta uma installação esplendida e é obra de uma senhora americana, miss Mareia Browne, que muito versada no ensino pedagógico, conseguiu que 0 governo dotasse 0 estabelecimento com todos os utensílios neces­ sários ao ensino integral, de que se aproveitaram desde logo para mais de mil crianças e cujos resultados se devem não só ao claro espirito de Gabriel Prestes, então seu illustre director, como também a professores e professoras de reconhecido zelo e competência.

O f f ic in a d e M a r c e n a r i a d a E s c o l a N o r m a l

A sua exposição, ao Congresso, nesse sentido, documenta a apurada visão e o alto tino administrativo de um estadista abalisado, tendo a auxiliai-o nesta grande e imperecível obra de pro­ gresso moral e intellectual de seu Estado o dr. Vicente de Carvalho, então secretario do interior. Assim, em 1890, epoca em que 0 dr. Prudente de Moraes teve de deixar 0 governo por haver sido eleito membro do Senado Federal, a instrucção publica no Estado de São Paulo começa a receber os influxos vitaes de uma orientação racional e moderna. Consciente do alcance pratico que ella poderia trazer para 0 ensino publico, 0 dr. Prudente de Moraes auctorisa a construcção da Escola Normal da Praça da Republica, cujo editicio é inaugurado em 2 de Agosto de 1894. Esse estabelecimento é hoje motivo de

S a l a d e A u la d a E s c o l a N o r m a l


Escola Complementar Prudente de Moraes


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do Congresso do Estado em 1892. Assignalava-se 0 provimento de 838 dessas escolas; a sua frequência-era de 110 .9 6 5 alumnos por uma matricula de 16 5.0 27. O ensino secundário, então, irra­ diava da Escola Normal e Gymnasio de São Paulo, do Gymnasio de Campinas, da Escola Normal de Itapetininga e de grande numero de collegios da capital e interior, aos quaes 0 Estado auxiliava na medida de suas forças. Deve-se ao dr. Bernardino de Campos, então presidente do Estado e ao dr. Cesario Motta, secretario do Interior, 0 notável impulso que 0 ensino tomou depois da execução da lei n.° 88 de 8 de Setembro daquelle anno, devida aos esforços do dr. Alfredo Pujol, Bueno de Andrade, Gabriel Prestes, Alvaro de Carvalho e outros benemeritos da Instrucção.

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Na sua mensagem ao Congresso, em 1895, 0 ^r- Bernardino de Campos expunha no que havia consistido a acção do seu governo.

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B a t a lh ã o C e z a r io M o tta

Os benefícios alcançados na Escola Normal e sua annexa leva­ ram os governos que se seguiram ao do dr. Prudente de Moraes á realisação de outros melhoramentos de monta. Assim, começou-se por dotar essa instituição com um museu, gabinete de physiea e chimica, bibliotheca, officinas mechanicas, aulas de musica e de gymnastica. São creadas, annexas, á Normal, a segunda e terceira escola modelo, uma na Luz, em prédio proprio, outra no Carmo, aquella dirigida por Miss Brown, esta pelo dr. Oscar Thompson, que é o actual director da Escola Normal.

5

Em 1894, em que 0 Estado já dispunha de 14 30 escolas publicas, divididas em preliminares e complementares, 0 ensino pri­ mário havia tomado verdadeiro incremento, graças á reorganisação

G a b in e te d e P h y s i e a d a E s c o l a N o r m a l

I 12

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Grupo Escolar do Braz


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ÍO O Congresso não negou ao governo do dr. Bernardino de Campos os meios necessários para que o ensino publico do Estado fosse dotado de todas as vantagens e benefícios. Veiu depois o governo do snr. Campos Salles desenvolver esse programma, para execucão do qual lucidamente trabalhou o dr. Alfredo Pujol, Secretario do Interior. Dahi por diante a instrucção publica attingia um alto gráu de aperfeiçoamento, attestando de um modo inconfundível a acção potentissima dos governos nesse importante ramo da publica administração. Para se poder avaliar do seu gráu de aperfeiçoamento, basta recorrer ao relatorio que no anno passado o dr. Cardoso de Almeida, Secretario do Interior, apresentou ao snr. dr. Jorge Tibiriçá, actual presidente do Estado.

G ru p o d e a lu m n o s do ja r d im

d a In fa n c ia

na obra da instrucção. O Congresso havia legislado sabiamente, reformando o ensino primário e a instrucção formadora do profes­ sorado, creando o ensino secundário e o superior no Estado pela dotação de gymnasios e uma Escola Polytechnica. O empenho do governo, agora, era procurar fixar os melhores methodos e sua applicação. Ahi estavam as escolas modelo e outras a offerecer um exemplo convincente, pelo que se tornava necessidade inadiavel reunir as escolas em grupos, em grande numero de municipios, com o auxilio das respectivas camaras. Além disso o governo pensava em desenvolver o aproveitamento das aptidões para o en­ sino profissional. Tinha, por isso, providenciado em relação a uma instituição já existente, o Lyceu de Artes e Officios. Para alargar a esphera de seus serviços tornava-se preciso o auxilio efficaz do Estado. CJ



da reforma iniciada, entre os mais vivos applausos, mutilando-a e impedindo-a de fructificar.» A necessidade de reparar os erros commettidos, dando-se assim real interpretação ao pensamento do legislador de 1892, levaram 0 actual Secretario de Estado a tomar diversas providen­ cias, entre as quaes avulta a de se ter esforçado por conquistar do eminente brasileiro Ruy Barbosa a promessa de um plano de reforma da instrucção publica de São Paulo, que viesse acabar de vez com uma já cumprida serie de tentativas e désse á matéria um caracter estático, definitivo. Era bem claro 0 fim da lei n.° 930 de 13 de Agosto de 1904]: unificar 0 ensino em todos os grupos e escolas modelos; diffundir 0 ensino por todo 0 Estado; estabelecer e garantir a carreira do professorado.

S a la d e H is to ria N a tu r a l

Lyceu dc Artes e Officios)

Nesse documento, em que ficou perfeitamente traçado um plano de reformas que com o tempo, necessariamente, terá a saneção do Congresso, o illustre governante põe em evidencia os largos recur­ sos do seu espirito e as qualidades, que tanto o têm distinguido como um dos administradores do Estado de São Paulo. Acompanhemos, ainda que affastadamente, o pensamento do illustre secretario do interior com relação ao magno assumpto, que constitue o objectivo destas linhas. Analysando a lei n.° 88 de 8 de setembro de 1892, que re­ formou 0 ensino em São Paulo, actuando efficazmente sobre 0 desenvolvimento e progresso da instrucção, notou 0 dr. Cardoso de Almeida, que as disposições dessa mesma lei, bem como de outras relativas á instrucção, votadas sob a influxo de ideias differentes. como apoiadas em motivos diversos, vieram perturbar os intuitos

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L y c e u d e A r te s e O ffic io s (em. construcção) o n d e f u n c c i o n a ta m b é m o G y m n a s io d a C a p i ta l


'i* lares ou para as escolas isoladas da capital; os primeiros depois de tres annos de exercício no interior e os segundos depois de dois. Com taes disposições tirava-se ao governo competência para arbitrar com relação ao provimento dos melhores lugares e os professores seriam obrigados a iniciar a sua carreira em bairros de districto de paz, passando para as cidades um anno depois e para as escolas de Capital quando provada uma permanência de dois annos na sede dos Municípios. Ainda pela lei em questão só pode recair em professores do estabelecimento a nomeação de director do grupo; no concurso a prova de habitilacão foi supprimida estabelecendo-se, a exhibição do diploma, a preferencia dos normalistas aos complementares, destes aos adjunetos de concursos e dos últimos aos intermédios e o systema de facilitar as transferencias, tendo em vista a melhoria de posição dos professores, segundo o merecimento de cada um.

S a l a d a C o n g r e g a ç ã o (Escola Polyieclinicn)

As escolas modelos e os grupos escolares, tão irmanados com relação ao ensino preliminar, offereciam entretanto, notável desegualdade em programma e organisação. Que conviria fazer? Reduzir a quatro annos o ensino em taes estabelecimentos, egualando-os todos, quer na parte pedagógica quer na parte administrativa. Foi o que s. ex.a fez, obedecendo assim á necessidade imperiosa de eliminar uma desegualdade que, além de perturbadora do desenvolvimento do ensino, constituía formidável obice á execução do programma pedagógico e ao salutar estudo das matérias. Pela citada lei. foram obrigados os professores habilitados pelas escolas complementares a iniciar o magistério nos bairros ou districtos de paz. Os professores diplomados pela Escola Normal nas sedes do Município só poderiam ser nomeados para os grupos csco&

O f f ic in a M o c h a n ic a d a E s c o l a P o l y t e c h n i c a


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'G : Para mais acoroçoar a tentativa dos jovens estudantes, 0 dr. Cardoso de Almeida auctorisou nas Officinas do Diário Official a publicação de uma revista que se propõe a registrar os progressos alcançados naquelle estabelecimento. Também os Gymnasios do Estado mereceram a attenção ca­ rinhosa do snr. dr. Cardoso de Almeida. S. ex.a occupando-se do da capital, lembra ao governo a necessidade de se lhe dar um edi­ fício proprio, dotando-o ao mesmo tempo com os moveis condizen­ tes á importância desse estabelecimento. Dando execução á lei de 4 de Julho de 1904, supprimiu s. ex.a na Escola Normal as cadeiras de astronomia e mechanica, de ana­ tomia, physiologia e hygiene e a de latim, reunindo 0 ensino dessas matérias ao de outras disciplinas. Assim procedendo, teve 0 illustre secretario de Estado unicamente em mira simplificar 0 programma de estudos, cuja revisão ainda se faz precisa. Pensando na obra reformadora do ensino, nunca nos ha-de esquecer uma passagem de um memorável discurso que 0 presidente Roosevelt pronunciou um dia em Washington. Dizia elle:

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“ A minha felicidade foi 0 terem meus filhos recebido e alguns ainda estão recebendo parte de sua educação nas escolas publicas desta cidade de Washington, e persuadido estou de que as vantagens por elles auferidas são incalculáveis e não é que eu deprecie 0 ensino superior, mas é incontes­ Voltando as suas vistas para a Escola Polytechnica, estabele­ tável que a escola primaria é 0 factor mais importante da instrucção publica. cimento de ensino profissional, tão proficientemente dirigido pelo "As escolas publicas não são sómente centros de educação para a seu digno director dr. Paula Souza, o actual secretario do interior massa do povo; também pela frequência dos filhos de extrangeiros, junta­ assignala a necessidade de ser aquelle estabelecimento dotado de mente com os nossos, e pela instrucção que recebem em nosso idioma, cursos de geodesia e astronomia. No periodo da sua gerencia, ellas convertem estes em cidadãos americanos." a sala de desenho do 2.0 anno do curso geral foi adoptada para 0 desenho de sombras; fundou-se 0 Grêmio Polytechnico, destinado exclusivamente ao ensino technico, entre os alumnos, e, com um exito tal, que de diversas procedências hão sido enviados ao Grêmio, para 0 necessário exame, muitos especimens de madeiras e materiaes de outra natureza.

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