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Egito Maria Mondini

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Cidades

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Maria Mondini produziu um belíssimo ensaio de rua sobre o Egito e seu povo. Com várias imagens bressonianas a fotógrafa italiana apresentou templos, pessoas e mercados, sempre com personagens bem construídos e cenas impagáveis. As imagens em preto e branco da fotógrafa italiana realçam a aura das cenas de rua registradas. A ausência de cor faz com que nos concentremos muito mais em seus personagens e suas expressões.

Mesmo estando fora de seu país natal, Maria soube apresentar muito bem diversos aspectos da vida citadina no Egito. Apesar da visão do estrangeiro ser menos profunda, ela é também mais pura, por não ter nenhum contato cotidiano com o que irá ser registrado, o fotógrafo carrega uma curiosidade e leveza que só são alcançadas neste tipo de condição.

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Como era sua relação com a fotografia analógica e o que mudou para você com a fotografia digital?

Tenho que fazer uma premissa para essa pergunta; o termo fotografia se refere tanto à técnica, que permite criar imagens sobre uma película sensível à luz, quanto a uma imagem obtida com esta técnica, ou, mais geralmente, a uma forma de arte que utiliza esta técnica.

Tive que abandonar a máquina fotográfica analógica muito a contragosto, porque com o passar dos anos, comecei a ter problemas com a vista; focar se tornou um processo muito lento e, pelo meu interesse em fotografia de reportagem, isto me incomodava muito, pois é próprio da fotografia de reportagem captar o instante que foge.

A não ser pelo foco automático, utilizo a digital como se fosse uma velha máquina analógica, a mantenho no manual, sempre decidindo sensibilidade e tempo de exposição. Com o crescimento da digital ficou muito difícil conseguir produtos analógicos na cidade em que vivo, além do sumiço de todos os laboratórios que revelam meus filmes, tornando o processo todo muito complicado.

Como você se sentiu retratando uma cultura diferente da sua?

Cada país tem sua cultura, sua religião, seus sincretismos, e portanto eu procuro sempre pesquisar sobre o país que irei visitar, tento sempre ser o mais veloz possível em fotografar um conjunto de pessoas, mas, afinal, são os pequenos fatos, um sorriso, uma carícia, uma palavra que me abrem o caminho... Muitas vezes tenho encontrado pessoas que, inclusive, me pediram para serem fotografadas.

Quanto tempo e quantas vezes você foi ao Egito para produzir este ensaio?

Foi uma viagem de 15 dias. O Cairo foi a última etapa, o passeio a Khan el Khalili foi feito antes da partida. O mercado de Khan el Khalili, em tamanho, é o segundo maior em todo o Oriente Médio. Ali, passeando, encontrei muitas afinidades com os quatro mercados históricos que temos em Palermo.

Suas imagens de rua são muito belas e tem um estilo muito interessante. Quais são os fotógrafos que te influenciaram?

Agradeço pela pergunta, mas não saberia dizer. Certamente são muitos os fotógrafos que aprecio e admiro, e talvez folheando os álbuns e visitando as exposições algo é sempre assimilado. Tive a sorte de viver em Palermo, onde temos excelentes fotógrafos, como Enzo Sellerio e Letizia Battaglia. Qual é sua relação com o tema social e com estes personagens?

Estou sempre interessada no social! e como diz o fotógrafo Enzo Sellerio: “o centro visto da periferia, para descobrir que a periferia é o centro” .

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