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uaiPhone produção coletiva
O uaiPhone é um coletivo brasileiro com 22 membros que compartilham e divulgam sua produção fotográfica feita com o iPhone. O grupo surgiu quando Bruno minha produção. O fato dele estar sempre comigo e à mão, de ser de fácil manuseio e de ter todos aqueles aplicativos para poder manipular a imagem e postar tudo ao mesmo tempo, são fatores que impulsionam e, de certa forma, determinam a minha produção. Ao ver a foto acontecendo é só tirar o iPhone da bolsa e a foto já está feita. Não tem mais aquele momento de “ah, se eu estivesse com a minha câmera aqui”. Tirar fotos
Figueiredo começou a fotografar Londres com o dito aparelho em 2010. Desde então foi só crescimento, chegando até cinco países.
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O iPhone é determinante em sua produção ou é somente um equipamento?
Erica Kawamoto: Como fotógrafa por acidente que sou, o iPhone é determinante em é muito mais fácil e quase automático com um iPhone em mãos. Mas sei que apesar de todas essas facilidades, esse é um equipamento limitado. Por mais fotógrafa de iPhone que eu seja entendo que fotografia é mais que instantaneidade e que muitas vezes ele é apenas um simples equipamento. Quanto do interesse da fotografia com iPhone está na pós produção e nos aplicativos para fotografia?
Tomás Arthuzzi: Eu diria que muito, não sei exatamente o quanto. O fato de editar rapidamente e obter resultados bonitos e variados é uma das coisas que me desperta interesse em fotografar com o iPhone. Provavelmente, se tivesse que editar as fotos feitas a partir dele em outro momento, no computador, tudo seria diferente.
O fato de ter ali, na hora, várias possibilidades faz com que você transmita algo que estava acontecendo no momento para a foto, coisa que não seria reproduzida em um momento posterior.
Como você lida com as limitações técnicas do iPhone em sua produção?
T A: É tranquilo, afinal nunca usei nada produzido com ele para fins profissionais. Não por preconceito ou por achar que não vale, ou qualquer coisa neste sentido, mas sim pelo simples fato de nunca ter tido uma oportunidade. Se um dia tiver, com certeza não serão as limitações do iPhone que me trarão problemas. Sei os limites dele e até onde posso ir.
Quanto pesa a fotografia do cotidiano dentro da produção do uaiPhone?
Bruno Figueiredo: “A melhor câmera é aquela que está com você” e ter uma câmera sempre a mão faz com que o seu olhar fique muito mais atento a tudo o que acontece ao seu redor. O iPhone mudou minha relação com a fotografia, fazendo com que ela se tornasse mais frequente e espontânea. Essa experiência me remete muito à maneira como Cartier Bresson fotografava, sempre com uma câmera a tira-colo. Devido a isso, ele é considerado o pai da fotografia de rua e do novo fotojornalismo. Por todos esses motivos a fotografia do cotidiano foi fundamental para o nosso projeto. Entretanto, já exploramos isso o suficiente e entramos no estágio de deixar de lado as fotos aleatórias e focar em uma produção coletiva. O objetivo é dar mais sentido e consistência ao conjunto da obra, e isso era um caminho inevitável visto que somos, na grande maioria, fotojornalistas bastante atuantes no mercado editorial. Estamos sempre discutindo e refletindo sobre o projeto e já estamos planejando uma reformulação do site, a fim de facilitar a execução e compartilhamento dos futuros projetos.
Parafraseando Glauber: Um celular na mão e uma idéia na cabeça.
O tamanho do equipamento é uma grande vantagem no registro documental?
André Americo: O tamanho do equipamento é fundamental, tanto para o conceito do UaiPhone quanto para a linguagem da fotografia com iphone. O celular cabe no bolso e está sempre à mão, não existe mais aquela história de “perdi a foto porque estava sem câmera”. Todo momento é momento de fotografar, aos poucos é possível enxergar uma foto, um enquadramento em tudo o que se vê, o celular ajuda a registrar essas visões. Outra vantagem é o fato de poder fotografar as pessoas sem ser visto, flagrar situações onde só se é possível com uma câmera pequena e discreta o suficiente para que o personagem não perceba que está sendo fotografado. Estou fazendo uma série de imagens de pessoas dormindo nos metros e trens de São Paulo (em breve estará no UaiPhone), esse trabalho não poderia ser feito com uma câmera tradicional. Primeiro porque as pessoas nunca ficam à vontade com um fotógrafo por perto, depois porque a câmera grande chama atenção tanto do fotografado como das pessoas em volta, que adotam uma posição mais defensiva em relação ao fotógrafo, dessa forma não é possível captar as pessoas em situações genuinamente espontâneas. Você deseja que seu trabalho seja visto como “fotografia com iphone” ou você não deseja esse rótulo técnico?
A A: Não me preocupo com esse rótulo, ele é temporário. A fotografia com o celular ainda é vista como uma imagem low quality, meramente de registro. Isso está mudando, e o UaiPhone contribui muito para a mudança. Aos poucos as pessoas estão começando a enxergar a imagem com o iphone como uma forma legítima de fotografia. Isso acontece principalmente pela evolução das câmeras fotográficas de celular. Hoje, é possível conseguir uma imagem de qualidade suficiente para impressão com o iphone. O papel do UaiPhone é mostrar que é possível criar imagens memoráveis com o aparelho celular. Dessa forma, a fotografia com iphone vai conquistando seu espaço como linguagem. Num futuro próximo, não vai existir “foto de iphone”, vai existir apenas foto. As câmeras de celular vão continuar evoluindo e, acredito, que a fotografia com o celular vai acabar ganhando o mercado das máquinas fotográficas portáteis. As regras da Lomography podem ser aplicadas à fotografia com iPhone? uma foto aparece na minha frente. E depois, caso ela dure um pouco mais, é ótimo ficar testando todas as possibilidades (mais perto, mais longe, horizontal, vertical, diagonal...). E isso, só pelo prazer de clicar, sem ter que levar nenhuma regra sério.
E K: Acredito que se caso existissem,as regras do iPhone seriam muito semelhantes às da Lomography. Além de ser minha câmera, o iPhone também é o meu telefone, portanto é bem provável que estará comigo aonde eu for. Pronto para ser usado, tanto de dia quanto de noite, sem interferir na minha vida. Na verdade, ele já faz parte dela de uma certa forma. Sem falar que é quase natural pegar o iPhone, o mais rápido possível, quando