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Danilo Galvão

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OLD entrevista

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Olhar Dissonante

Danilo apresenta na OLD seu projeto Olhar Dissonante, que trabalha com múltiplas exposições e com conceitos musicais. É um trabalho com imagens instigantes e diferentes do que estamos acostumados a ver.

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Como foi o processo de desenvolvimento do seu ensaio Olhar Dissonante?

métrica, causam uma uniformidade sonora ou uma divergência dos timbres, como se de um acorde pudéssemos ouvir dois sons. Nesta livre interpretação considerei a fotografia como música e assim a dissonância seria uma múltipla exposição. Onde em uma única fotografia vemos duas imagens que causam o mesmo desconforto visual que a dissonância causa na audição.

O ensaio é uma interpretação livre que faço dos elementos da música: consonância e dissônancia. Ligados a harmonia, ritmo e

É deste princípio que desenvolvo o trabalho, utilizando esta “dissonância imagética” para criar uma nova representação da arquitetura, paisagens e formas.

Como você realiza o processo de múltipla exposição? Você o faz com filme ou digitalmente?

Sempre fiz em analógico variando entre coloridos, P&B e slides, nunca senti o mesmo prazer com o digital pois o resultado é mais previsível. Gosto de experimentar os processos de revelação, cruzando os filmes e ficar sujeito as reações químicas que podem mudar as características das imagens.

Você reconstrói os espaços que você apresenta, criando associações visuais entre as imagens que usa para as múltipas exposições. Qual o sentido que você quer dar para esses novos espaços? As associações são randômicas ou prépensadas?

As imagens fazem parte dos caminhos por onde estive em algum momento, procurando essa dissonância que muitas vezes funcionam como consonante, solucionando as formas da imagem final.Por mais randômico que seja o processo de múltiplas exposições, sempre tenho uma intencionalidade. Não dá para ter certeza de como vai ser o resultado, mas sei o que fotografei.

Monto as imagens à partir de um mesmo espaço, sempre buscando texturas e contrastes que formarão a multimagem diferente daquelas de sua origem. Porém com características de ambas onde se mantém a identidade dos lugares, mas com uma forma diferente de ver / olhar. Busco trabalhar a relação de tempos diferentes na mesma imagem, criando um terceiro espaço, onde a imagem que produzo não é exatamente como vejo. Existe uma dissonância como se as duas imagens, cada uma no seu tempo, falassem por si e juntas formem uma instabilidade visual que eu associo à música. Você fotografa com filme, certo? Como surgiu sua relação com a fotografia analógica?

Uma relação familiar. Desde criança brincava com os monóculos antigos da minha avó. Tive a minha primeira câmera aos 6 anos e era pura diversão, aliás, continua sendo. Na adolescência ganhei uma Zenit 122 do meu pai, sempre levava comigo nas viagens em família. O interesse maior aconteceu na faculdade de jornalismo, onde tinha aulas de fotografia e laboratório P&B. Hoje eu mesmo revelo e experimento no laboratório. Acredito que há algum tipo de relação orgânica que une o tempo do registro da imagem com a sua perpetuação na fotografia, como se ficassem elementos materiais daquele momento armazenados na imagem e isso me instiga.

Você tem dentro das suas imagens uma geometria forte, que marca bem os espaços apresentados. Como você escolhe os locais que fotografa? Você os encontra por seus caminhos ou já sai com um objetivo traçado?

Os caminhos sempre me mostraram as imagens, mas algumas vezes eu dou uma força para elas aparecerem. Eu levo sempre comigo uma ideia, um conceito, nem que seja uma palavra e deixo meu inconsciente agir. Não me recuso a produzir o que imagino, acho que a produção é um processo importante na externalização da fotografia autoral, mas produzo de portas abertas para o acaso.

No meu ensaio não faço uma distinção conceitual sobre as imagens coloridas e P&B, apenas utilizo como formas diferentes do ver. Estou sempre atento às cores dos lugares por onde passo, alguns deles já tem uma característica monocromática, não propriamente pela cor, mas pelos sentimentos que me causam. Então busco fotografar esses lugares em P&B. Quando fotografo em cor o pensamento é o mesmo, o sentimento que me causam. Busco elementos que possam atribuir formas e cores representativas que contextualizem e ao mesmo tempo formem novas cores.

Como você escolhe entre fotografar em P&B e Cor? O que te chama mais atenção? Como você associa essas duas técnicas dentro do seu ensaio?

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