Proposta para uma política nacional da fotografia

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o DSP WO POLÍTICA NACIONAL DA FOTOGRAFIA CV

MINISTERIO DA CULTURA FUNARTE

PROPOSTA PARA UMA

POLITICA NACIONAL DA FOTOGRAFIA

Funarte/Instituto Nacional da Fotografia 1986

Ministro da Cultura

Aluísio Pimenta

Fundação Nacional de Arte

Presidente

Ziraldo Alves Pinto

Diretora-ExecutivaMaria Luiza Librandi

Diretor do Instituto Nacional da Fotografia Pedro Vasquez

capa foto José Oiticica

INTRODUÇÃO

À criação do Instituto Nacional da Fotografia da Funarte nasceu de uma proposta por uma política nacional da fotografia, definida pelo então Núcleo de Fotografia, em consonância com os anseios gerais da categoria detectados em fregientes consultas e com total respeito às especificidades regionais.

O INFoto surgiu portanto de uma necessidade real, não sendo em absoluto fruto da iniciativa isolada de alguns tecnocratas inspirados, mas a concretização de uma proposta original para o atendimento das carências da fotografia brasileira, evitando a equivocada postura de importação de soluções estrangeiras, na maior parte dos casos inadequadas à nossa realidade.

Tal proposta não se consolidaria entretanto se, além dos anseios acima referidos, não estivesse ela respaldada pela própria trajetória da linguagem fotográfica desde seu aparecimento até nossos dias. Esta trajetória ascendente vem redefinir os conceitos de fonte histórica, faz repensar a arte do século XVIII inserida no beco sem saída do triunfo da filosofia cartesiana; nos faz repensar os processos de simbolização sobre o imaginário; nos adverte para outras verdades. Malgrado a conquista de um espaço crescente, a fotografia continua imprensada entre as outras disciplinas artísticas, carecendo ainda de um lugar para a reflexão sobre si mesma. Dentro deste quadro, a criação do Instituto Nacional da Fotografia (INFoto) vem cumprir a tarefa de ser um desses espaços, e sua atuação tem como compromisso primeiro manter-se sempre dinâmica e maleável, para. ser capaz de acompanhar a perpétua inquietação da fotografia, amalgamada, de modo indissociável, a todas as manifestações culturais e sociais e industriais das. sociedades modernas.

Buscando cumprir eficazmente suas funções de instituição cultural, o Instituto Nacional da Fotografia dividiu sua atuação em dez áreas de interesse: apoio à produção fotográfica; apoio à elaboração de uma teoria fotográfica bem como a uma filosofia da imagem; a preserva-. ção do acervo existente e em produção; a formação do fotógrafo e dos demais técnicos em fotografia; a assessoria técnica às instituições culturais; o encaminhamento de soluções para os problemas profissionais; bibliografia no campo da fotografia; intercâmbio técnico e da produção fotográfica brasileira ao nível internacional; pesquisa de materiais e equipamentos; as questões de infra-estrutura.

Essas linhas de atuação foram determinadas, conforme já foi dito, por meio de consultas constantes à categoria e às demais instituições culturais.

Numa tentativa de suprir a deficiência de locais de exibição de fotografias nas diversas regiões do país, partimos para o estabeleci-

mento de um circuito nacional, através do Projeto Itinerância que, além do envio de exposições para todos os estados, ambiciona a realização de ações de influência mais duradoura, como oficinas de trabalho, projeções, palestras e mesas-redondas. Desta forma, acreditamos desencadear gradativamente um movimento regional que, após o período inicial de estímulo exterior, terá condições de funcionar de maneira autônoma, buscando inspiração para suas ações nas reivindicações e sugestões locais.

Outra forma de emulação para as regiões são as mostras coletivas regionais, que privilegiam o olhar regional em detrimento do cosmopolitismo pasteurizador, que é a maior ameaça à identidade cultural de uma nação. Para garantir o aspecto estritamente local dessas exposições, a participação fica limitada aos fotógrafos habitantes da região em pauta, que participam com fotografias sobre a própria região, escolhidas também por uma comissão de seleção local. Três mostras desse tipo já foram realizadas a I Foto Centro-Oeste em 1983; a I Foto Sul, 1983 e a I Foto Nordeste, em 1984 e uma. quarta, a | Foto Norte, que será realizada este ano.

Este movimento de fortalecimento das correntes estilísticas regionais é acompanhado de uma valorização correspondente da fotografia brasileira no cenário internacional, para que a originalidade de nossa fotografia encontre o merecido reconhecimento. Neste sentido, já realizamos diversas ações, como a produção de uma exposição (Corpo & Alma) para o Mois de la Photo de 1984, em Paris, o maior evento mundial de fotografia, e priorizamos o intercâmbio no âmbito latino-americano, por entender que as relações intercontinentais foram excessivamente relegadas dentro de nossa história em favor de uma relação com o hemisfério norte. Obedecendo a essa filosofia, objetivamos realizar no Brasil o IV Colóquio Latinoamericano de Fotografia.

Outro importante mecanismo de descentralização é a Semana Nacional da Fotografia (SNF) que o INFoto promove anualmente no: mês de agosto, a cada ano num Estado diferente, de modo a vir um dia a visitar todas as unidades da federação. Quatro semanas já foram realizadas, no Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza e Belém, congregando um ciclo de debates, projeções, exposições e oficinas de trabalho, com resultados muito animadores.

A próxima Semana se realizará em Curitiba, atingindo assim a região Sul, a única ainda não visitada pela Semana Nacional da Fotografia. Uma proposta de política cultural no campo da fotografia não poderia deixar de prever meios substanciais de apoio à produção, tendo em vista as dificuldades com que se defrontam os fotógrafos e as instituições culturais que trabalham com fotografia no Brasil. Para suprir esta necessidade, o INFoto tem subvencionado com fregiên-

cia projetos de diversas instituições em todo o país, observando sempre rígidos critérios de validade da proposta, de acordo com sua originalidade, abrangência, interesse local, efeitos residuais etc.

Da mesma forma, partimos para o apoio direto às propostas individuais dos fotógrafos, oferecendo bolsas de trabalho e pesquisa onde são asseguradas ao proponente total liberdade temática e de execução, não tendo eles que se submeter a quaisquer objetivos institucionais restritivos. O primeiro concurso de bolsas, que contou com mais de 260 inscritos, favoreceu propostas tão diversas quanto a documentação e o ensaio fotográfico; a pesquisa de processos arcaicos e alternativos em fotografia; propostas para o ensino da fotografia no segundo grau; e uma reflexão sobre a sintaxe fotográfica.

Outro item que tem merecido especial atenção do Instituto Nacional da Fotografia é o atendimento aos problemas profissionais, pois não acreditamos no mito do artista pobre e sacrificado que extrai inspiração das próprias vicissitudes: consideramos o apoio ao produtor tão -ou mais importante que o apoio à produção.

Em conformidade com essa filosofia, temos estimulado, inclusive através de apoio financeiro ou técnico, as discussões sobre os problemas de regulamentação da profissão e de direito autoral, conduzidas pelas associações de fotógrafos em todo o país.

Na mesma perspectiva, trabalhamos em conjunto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas para encontrar meios de melhorar a qualidade dos materiais e equipamentos fotográficos produzidos e/ ou comercializados no Brasil, tentando, paralelamente, encaminhamento favorável para o problema da importação de equipamentos, hoje excessivamente taxados o que causa sérios empecilhos para o aprimoramento técnico permanente de nossos fotógrafos.

Ainda nesta linha de apoio à produção, temos nos associado a todos -aqueles que têm se esforçado para conseguir uma legislação que favoreça o amparo e a subvenção aos projetos culturais, por entender - que o Estado jamais será capaz (e não deve fazê-lo com exclusividade) de responder a todas as demandas na área.

Outra missão do Instituto Nacional da Fotografia é a valorização da linguagem fotográfica dentro do universo das artes plásticas, o que só será possível através do estímulo ao estudo desta linguagem. Para tanto, criamos a coleção Luz & Reflexão, que tem como objetivo sistematizar a reflexão sobre fotografia, evitando os aspectos técnicos para definir e analisar a especificidade da linguagem fotográfica.

Esta questão da linguagem é indissociável de outra, mais ampla: a do ensino da fotografia, que é imperfeito e insuficiente em todos os níveis no Brasil. Temos dado prioridade máxima à matéria, tendo sido realizado em novembro de 1984 o 19 Seminário de Ensino da

Fotografia (em convênio com a Unicamp), onde foram definidas sugestões de currículos mínimos para o ensino da fotografia visando a graduação;e o ensino da fotografia dentro dos cursos de comunicação social, apresentando também um balanço do ensino não-acadêmico da fotografia. Em 1985, o INFoto coordenou uma mesaredonda na 372 Reunião da SBPC (Sociedadé Brasileira para o Progresso da Ciência) cujo tema era: A Universidade Brasileira e o Ensino da Fotografia.

Seria impensável apresentar uma proposta de política cultural no campo da fotografia que não tivesse entre suas prioridades a preservação dos acervos existentes ou em produção. Porque concordamos com a escritora Marguerite Yourcenar ao afirmar que quando se fala do amor pelo passado, é preciso atentar para isso, trata-se do amor pela vida... quando se ama a vida, ama-se o passado, porque é o presente tal como sobreviveu na memória .

Esse conhecimento do passado é portanto essencial para a consolidação da fotografia brasileira no presente, pois sem referências não existe evolução. Prova disso foi justamente o movimento mais renovador de nossa cultura a Semana de Arte Moderna de 22 de onde emergiu a consciência da necessidade imperiosa do resgate de nosso patrimônio e de nossas raízes culturais.

Dentro dessa perspectiva, o INFoto conseguiu fazer aprovar pelo então Secretário da Cultura do MEC o Programa Nacional de Preservação e Pesquisa da Fotografia, coroamento de um trabalho de três anos, rêsponsável pelo financiamento de diversos projetos de pesquisa da história da fotografia brasileira, pela implantação de laboratórios para a realização de cópias de longa permanência e a construção de salas climatizadas para a preservação de acervos fotográficos.

Estes trabalhos têm sido sempre acompanhados de cursos de introdução aos processos de conservação de imagens fotográficas, numa tentativa de estabelecer um primeiro atendimento ao grave problema de formação de mão-de-obra especializada. Tal problema será mais adequadamente tratado a partir de março de 1986, quando o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica do INFoto então definitivamente implantado tomar possível o recebimento de Pra ptios de todas as regiões do país, para treinamento mais aprondado.

Cabe salientar aqui que o Programa Nacional de Preservação e Pesquisa da Fotografia não tenciona em absoluto constituir arquivo próprio. Ao contrário, visa fornecer o necessário apoio técnico e financeiro para que os acervos existentes possam funcionar de modo adequado em suas regiões de origem, pois para nós a existência de acervos só tem sentido se eles são abertos às comunidades que os geraram, sendo assim constantemente integrados à vida comunitária

e vivificados por esse contato, como as casas, que só sobrevivem e têm utilidade se ocupadas em permanência. Como entendemos preservação em seu sentido mais amplo e dinâmico, não nos preocupamos unicamente com os acervos já constituídos. Inclinamo-nos também sobre a produção contemporânea, pois a preservação correta de uma imagem fotográfica deve começar obrigatoriamente no instante em que ela foi feita e não apenas no momento em que ela passa a integrar alguma coleção, onde já chega quase sempre comprometida.

Assim, ao programa de formação de técnicos em fotografia, à edição de manuais de preservação ou de problemas correlatos e ao controle da qualidade dos produtos fabricados e comercializados no país, acreditamos ser imprescindível somar o incentivo às pesquisas para o desenvolvimento de tecnologia e equipamentos adequados à realidade nacional, tarefa que o INFoto encara com otimismo, apesar de sua amplitude, visto que todos os nossos esforços têm sido recompensados com a adesão irrestrita dos interessados. Talvez porque tenhamos sempre em mente que uma ação institucional de âmbito nacional só tem validade se corresponder às necessidades e expectativas gerais, numa perspectiva de fomento, sem descambar jamais para uma ação cerceadora.

Pedro Vasquez

BREVE HISTÓRICO

O Instituto Nacional da Fotografia da Fundação Nacional de Arte, criado pela portaria nº 207 de 18 de maio de 1984 do Ministério da - Educação e Cultura, surgiu da necessidade de se traçar uma política cultural específica para a fotografia no Brasil, no âmbito nacional, preocupação urgente assinalada em agosto de 1979, quando da criação do Núcleo de Fotografia.

Em diagnóstico elaborado para o Documento Ação Funarte 1983, o Núcleo de Fotografia apontava para a ausência de projeto de atuação, o que determinava impasses que deveriam ser solucionados. Eram eles:

. O isolamento da produção contemporânea das diversas regiões do país;

.- a carência de canais de debate, mostragem e intercâmbio de idéias, obras e ações;

. a ausência de reflexão e pesquisa sobre a fotografia, enquanto linguagem artística, e a prática generalizada de tratá-la exclusivamente como documento iconográfico ;

- inadequação de técnicas, materiais e equipamentos à realidade nacional;

- O estado deplorável do rico acervo fotográfico em todo o país, quase sempre em deterioração ou sob ameaça de perda definitiva.

Objetivos

À criação do Instituto Nacional da Fotografia veio, portanto, ao encontro da necessidade de definir e executar no plano nacional uma política cultural na área da fotografia, tendo como objetivos gerais: :. estimular, apoiar e divulgar a produção contemporânea da fotografia;

- conhecer e mapear os diversos movimentos brasileiros;

- fortalecer as produções regionais, assim como possibilitar o intercâmbio entre as diferentes regiões, através de exposições, publicações e debates; definir e coordenar uma política nacional de preservação; - apoiar e estimular os canais de formação e aperfeiçoamento dos profissionais da fotografia;

- garantir um espaço institucional de reflexão sobre esta produção enquanto obra de arte, signo de cultura, propiciando assim uma leitura estética, semiológica, sociológica e histórica da fot. xafia.

Especificamente, o Instituto Nacional da Fotografia objetiva:

valorizar o fotógrafo, enquanto produtor cultural;

. realizar exposições exemplares e mostras regionais;

. fortalecer, divulgar e difundir a produção fotográfica brasileira;

. favorecer foros de debates e discussões em tomo da fotografia;

. privilegiar a reflexão sobre a linguagem fotográfica;

. localizar e identificar acervos fotográficos de época;

. incentivar e apoiar pesquisas de significado histórico, de abrangên-. cia nacional e/ou regional;

. integrar-se a ações de outros órgãos que desenvolvam trabalhos voltados para a definição de normas e procedimentos no campo da fabricação de equipamentos e material fotográfico em geral;

. promover a realização de pesquisas técnicas que visem a melhoria da qualidade dos produtos fotográficos.

Estratégias de ação

O Instituto Nacional da Fotografia procura adequar suas diretrizes de atuação e sua programação às carências diagnosticadas, a partir de contatos e consultas feitas junto à comunidade fotográfica.

Para concretização desta proposta, a atuação do INFoto está centrada nas seguintes vertentes básicas:

Coordenadoria de Exposições

. Coordenadoria de Preservação e Pesquisa da Fotografia

. Coordenadoria de Ensino e Pesquisa

. Projetos Especiais

O trabalho destas vertentes é norteado por: exposições coletivas que atendam ao maior número possível de fotógrafos de diferentes Estados; que ofereçam levantamento e avaliação de um determinado movimento e/ou corrente fotográfica; que possibilitem a concretização de projetos não-usuais ou que encontram dificuldades de colocação no circuito comercial;

. atividades coletivas que favoreçam o intercâmbio regional, o aprimoramento da linguagem e técnica fotográfica, o acesso da comunidade a equipamentos e laboratórios, e o enriquecimento da memória , fotográfica brasileira;

. atividades coletivas que afirmem a brasilidade da fotografia dentro e fora do país, assegurando uma presença marcante e permanente da fotografia brasileira no cenário artístico internacional.

Cabe salientar que, em relação ao Programa Nacional de Preservação e Pesquisa da Fotografia, o ÍNFoto coordenará o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica, que conta com o apoio da Fundação Nacional Pró-Memória, e tem como principais atividades:

. conservação de acervos fotográficos;

. pesquisa e desenvolvimento de técnicas, processos e sistemas de pres rvação e conservação de acervos fotográficos;

. assessoria a projetos de implantação ou reorganização de sistemas de arquivamento de documentos fotográficos;

edição e divulgação de manuais técnicos na área de preservação fotográfica;

. formação e treinamento de pessoal para trabalho de conservação de acervos fotográficos.

A Coordenadoria de Ensino e Pesquisa volta-se para a discussão sobre o lugar da fotografia enquanto meio de expressão no interior do conjunto das demais disciplinas artísticas, resguardado o princípio de identidade com si mesma a que toda obra de arte aspira; bem. como ampliar a reflexão sobre tal linguagem para além dos conceitos da teoria estética clássica.

Princípios e mecanismos de ação

Os principais mecanismos de ação adotados pelo Instituto Nacional da Fotografia para que atenda aos seus objetivos e finalidades estão baseados nos seguintes princípios:

. descentralização e democratização

As ações do INFoto se desenvolvem em locais cuja definição não se dá a partir de critérios territoriais, mas de potencialidades diretament relacionadas ao conteúdo da ação; exemplaridade

A questão da exemplaridade está presente no conjunto das preocupações do Instituto. (Entende-se como exemplares ações que proporcionam a discussão e reflexão, possuem conteúdo didático e efeito multiplicador e permanente, buscando suprir as principais carências da pr gera brasileira, como por exemplo, uma literatura especiífica.

as exposições buscam ser exemplares ao proporcionar a discussão de diversos campos de ação da fotografia e, simultaneamente, dentro de cada mostra, possibilitar várias leituras, incluindo em seu conteúdo uma ação didática corporificada em textos e catálogos concebidos para atender a esta finalidade;

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- O Programa de Preservação expressa sua exemplaridade e descentralização, por exemplo, na ação multiplicadora local, ao permitir que se fortaleçam as estruturas locais ao mesmo tempo em que vão sendo alcançados objetivos nacionais.

. à linha editorial revela sua exemplaridade por dar prioridade às principais carências da literatura específica.

Para viabilizar tais mecanismos de ação, o INFoto tem como atividades principais:

. realização de mostras regionais que buscam resgatar o perfil da produção fotográfica dos Estados;

- Semana Nacional da Fotografia espaço destinado à reflexão e aproximação da produção fotográfica bem como dos produtores dessa disciplina artística;

realização sistemática de exposições na Galeria do INFoto, atividade que tem por objetivo levar ao público, prioritariamente, a produção fotográfica brasileira, assim como acolher exemplos marcantes «da produção internacional;

. publicação de livros através da coleção Luz & Reflexão, objetivando sistematizar a reflexão e aumentar o campo bibliográfico;

- publicação da coleção História da Fotografia no Brasil, que delineia a trajetória da imagem no Brasil enquanto processo autônomo; publicação de boletim para informação e aproximação da classe fotográfica;

. publicação de catálogos de exposições que conceituem as exposições realizadas;

. bolsas de pesquisa na área de pesquisa técnica e teórica, assim como para a produção de ensaios e documentação fotográfica;

. realização de seminários sobre o ensino da fotografia no currículo normal das escolas de comunicação, belas-artes, desenho industrial e outras, bem como nos cursos de extensão, graduação e pós-graduação.

. mostras de audiovisuais e estudo das relações entre a imagem fixa e a imagem móvel; produção de V'Ts didáticos ou de divulgação na rede comercial de TV;

. publicação de manuais de normas de preservação;

. apoio e financiamento de pesquisa para aprimoramento da qualidade do material fotográfico produzido no Brasil;

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. apoio à instalação de laboratório-modelo para processamento de longa permanência e locais apropriados para conservação de documentos fotográficos;

. itinerância de exposições, produzidas pelo INFoto ou não, para divulgar a fotografia brasileira;

. acolhimento da produção fotográfica estrangeira, buscando afirmar laços de solidariedade, bem como aproximar e discutir tendências.

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PROGRAMA

NACIONAL DE PRESERVAÇÃO E PESQUISA

DA FOTOGRAFIA

Origens

O Programa Nacional de Preservação e Pesquisa da Fotografia, criado pela portaria de nº 13/84 e assinada pelo então Secretário da Cultura -do Ministério da Educação e Cultura, vem dar continuidade ao Projeto Preservação e Pesquisa da Fotografia, cuja proposta foi apresentada primeiramente em novembro de 1981, durante o II Seminário sobre Arquivo Fotográfico promovido pela Funarte.

Sua origem remonta não apenas à constatação do estado em que se encontra em geral a fotografia brasileira dita histórica nas diferentes regiões brasileiras, como à alarmante situação das fotografias produzidas recentemente, cujas imagens vêm desaparecendo com grande rapidez.

A preocupação com esta realidade levou à concepção de uma política de preservação com objetivos, diretrizes e linhas de trabalho bem definidos e, a partir de 1982, a uma ação efetiva coordenada pelo então Núcleo de Fotografia, que tem como objetivos específicos:

. preservar a memória fotográfica brasileira;

. formar pessoal especializado na área de preservação;

. tomar conhecimento do acervo existente e referenciá-lo;

. pesquisar a história da fotografia no Brasil;

. pesquisar técnicas de conservação e restauração;

. aperfeiçoar a tecnologia do material fotográfico no Brasil.

Desenvolvimento da proposta

Inicialmente coube ao Núcleo identificar grupos e instituições que ao realizar trabalhos em tomo da fotografia histórica estivessem aptos a um empreendimento mais profundo voltado para a:

. prospecção

. reprodução catalogação

. reflexão

. divulgação

. formação de pessoal.

Quase que paralelamente, e em consegjiência da atuação do INFoto no nível nacional, foram recebidas solicitações de apoio, incentivo e assessoramento a projetos que vinham ao encontro dos nossos objetivos.

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Em nenhum momento cabe ao INFoto executá-los. A ele estão reservadas as funções de coordenação, assessoramento, acompanhamento e financiamento.

A execução é de responsabilidade de instituições locais com as quais é firmado convênio, uma vez reconhecida a competência da equipe diretamente envolvida, o valor do acervo fotográfico e sua importância para a comunidade a que pertence.

Situação atual

Três anos após sua implantação, o atual Programa conta com os seguintes subprojetos, que somados a outros ainda em fase embrionária contribuirão para o conhecimento e divulgação da fotografia no Brasil:

. Fotógrafos Pioneiros do Paraná (Curitiba, PR)

. Estudo Fotográfico da Formação Colonial de Buí (Ijuí, RS)

. Resgatando Velhas Imagens (Caxias, RS)

. História da Fotografia no Maranhão (São Luís, MA)

. Mauá, Ontem e Hoje (Resende, RJ)

. História do Café no Sul de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)

". História dos Bairros de Salvador (Salvador, BA)

História da Fotografia em Pemambuco, 1840/1930 (Recife, PE)

. Juiz de Fora, 90 Anos de Fotografia (Juiz de Fora, MG)

-. Fotografia Histórica no Pará (Belém, PA)

Fotos Antigas de Canela (Canela, RS)

Registro Fotográfico da Memória Artística, Histórica e Ambiental de Vila Velha (Vitória, ES).

Um Fotógrafo Norte-americano no Nordeste (Salvador, BA)

. Registro Fotográfico da Memória do Contestado (Caçador, SC)

. Acervo Fotográfico Jesco von Puttkamer (Goiânia, GO)

. Arquivo Fotográfico do IPAC Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Salvador, BA)

Outras atividades

Embora os subprojetos citados constituam a espinha dorsal do Programa de Preservação pelo seu caráter regional, descentralizador de ações, valorizador da cultura local e sendo elementos constitutivos de um projeto nacional , outras atividades são desenvolvidas pelo INFoto estreitamente ligadas à preservação e pesquisa da fotografia, a saber:

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Coleção História da Fotografia no Brasil

Trata-se de uma linha editorial que tem por finalidade reconstituir a história da fotografia no Brasil, publicando o resultado das pesquisas realizadas pelos projetos regionais, trabalhos inéditos e/ou reedições de obras esgotadas.

O primeiro volume que se encontra editado é Fotografia noBrasil, de Gilberto Ferrez. A História visual da formação colonial de Ijuí, concluído, aguarda financiamento para edição.

Formação de pessoal

É a grande preocupação do Programa. A quase inexistência de técnicos na área de preservação tem sido a causa mais constante do atraso na implantação de uma ação sistemática nessa área.

É atribuição do INFoto e condição para assinatura de convênio a - realização de cursos sobre reprodução arquival (processamento para longa permanência) e preservação de fotografias para equipes locais, assessoramento em todas as fases do projeto, administração de recur"sos financeiros e tratamento dos acervos tanto no que diz respeito aos materiais quanto à catalogação mais indicada. Por ocasião desses cursos são atendidos não apenas os integrantes do Programa mas fotógrafos e laboratoristas ligados a instituições públicas e demais interessados, quando houver vaga. Com isso democratiza-se as informações e capacita-se equipes locais para desenvolver este trabalho.

Um aspecto significativo do trabalho em 1983 foi o diagnóstico da situação real de diversos acervos brasileiros.

Nessa ocasião, foi prestada assessoria aos técnicos responsáveis pelos acervos em seus locais de trabalho. Posteriormente, realizou-se um treinamento no Rio de Janeiro (agosto 1983) do qual participaram 14 responsáveis por acervos pertencentes a órgãos da Secretaria de Cultura, Arquivo Nacional e subprojetos Preservação.

Para os técnicos do então Núcleo de Fotografia, realizou-se em novembro de 1983 um curso sobre preservação fotográfica.

Finalmente, em março de 1985, teve lugar no Rio de Janeiro o Seminário Internacional sobre Preservação e Pesquisa da Fotografia, que contou com a presença de 250 técnicos de todos os Estados do país e cuja segunda parte, voltada para a produção contemporânea, está prevista para o segundo semestre deste ano.

Assessoramento

Intimamente ligado ao treinamento de pessoal está o assessoramento prestado pelo INFoto, seja aos projetos sob sua coordenação seja a diversos órgãos da Secretaria da Cultura e outras instituições e/ou

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coleções particulares, tais como: Biblioteca Nacional, Museu Histórico Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa, Fundação Joaquim Nabuco, Museu da Imagem e do Som (RJ), Light (RJ), Coleção Gilberto Ferrez etc.

O assessoramento está presente desde a fase de concepção e elaboração dos subprojetos regionais/locais até as diversas etapas de sua execução.

O assessoramento prestado é referente à identificação de material, local adequado para guarda, instalação de laboratório, catalogação, limpeza e preservação de matrizes etc.

É muito importante esta assessoria, pois confirma a possibilidade de um trabalho integrado e o reconhecimento do Instituto Nacional da Fotografia como órgão responsável pela política fotográfica no Brasil.

Conclusão

Tomando como máxima para avaliação dos resultados obtidos os objetivos do Programa, conclui-se que, de um modo geral, há aceitação e atendimento aos princípios e objetivos do Programa por parte de instituições e fotógrafos pesquisadores.

Quanto às propostas veiculadas pelo Programa, pode-se afirmar que, com o trabalho que vem sendo desenvolvido, começa a haver uma consciência sobre o valor sócio-cultural da fotografia. Os cursos e assessoramento prestados vêm contribuindo, embora em escala diminuta, se pensarmos na dimensão do país, para que efetivamente uma parcela da memória fotográfica brasileira tenha condições de -preservação. Quanto à análise do material fotográfico que vem sendo trabalhado, a única concluída, realizada em Ijuí, embora apresentando problemas sobretudo quanto à forma pouco direta como foi redigida, representa uma primeira tentativa no sentido de dar às fotos uma dimensão que extrapole seu caráter documental.

As dificuldades encontradas são basicamente relativas à carência de recursos humanos, técnicos e financeiros, embora venha sendo realizado um esforço imenso por parte da Funarte, para somá-los.

A partir de meados de 1984, o Programa voltou-se ao planejamento do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica, que se propõe a atender às necessidades de pesquisa sobre a instabilidade e preservação da documentação fotográfica existente nos acervos de imagens do país, desenvolvendo técnicas apropriadas de conservação, restauração e sistemas de arquivamento. Deverá ainda estar capacitado para .a prestação de serviços técnicos especializados em conservação, de

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modo a suprir as necessidades de tratamento em laboratório dos ' originais fotográficos existentes em acervos.

Com sua inauguração prevista para março de 1986, estamos seguros de que o INFoto consolidou sua posição de liderança absoluta no campo da preservação fotográfica, atendendo a questões que dizem respeito tanto ao acervo museológico existente no país quanto à imensa produção registrada no Brasil de hoje.

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ATRIBUIÇÕES DAS COORDENADORIAS

Coordenadoria de Preservação e Pesquisa da Fotografia

. aprovar projetos próprios referentes à preservação

. aprovar projetos de entidades convenentes referentes à preservação

. definir o programa editorial da área

. representar o Instituto nos órgãos técnicos nacionais que atuam na área

. prestar assessoria aos diversos projetos apoiados financeiramente pela Funarte na área de preservação fotográfica, bem como àquelas na qual esta instituição esteja comprometida na prestação de assessoria em comprometimento financeiro

. prestar assessoria na área de processamento fotográfico para longa permanência da imagem

. prestar assessoria na área de restauração fotográfica

. realizar conferências e cursos nas áreas de preservação e processamento de materiais fotográficos

. coordenar todas as atividades (técnicas e administrativas) do Centro de Preservação, dirigindo, orientando e planejando a atuação dos funcionários através do estabelecimento de normas de trabalho e padrões técnicos de controle de qualidade, bem como definição de áreas de pesquisa e programas de assessoria a acervos fotográficos.

. orientar a formação e especialização profissional dos funcionários técnicos do Centro de Preservação, estagiários e orientados em geral.

Coordenadoria:de Exposições

. organizar exposições da Galeria de Fotografia (elaboração da programação anual: conceituação, pesquisa, seleção e edição das imagens)

. organizar palestras e projeção de filmes

. conceituar e acompanhar edição dos catálogos das mostras

. Organizar exposições itinerantes (roteiro, contato com fotógrafos e instituições, envio e acompanhamento das mostras)

. prestar assessoria técnica a instituições para elaboração de projetos e montagens das exposições fotográficas

-. Organizar mostras regionais

. organizar mostras coletivas nacionais

. atender a fotógrafos para análise de portfolios, programação de exposições e orientação em geral

-. organizar a Semana Nacional da Fotografia (palestras, oficinas de trabalho, exposições, mostras de audiovisuais e portfolios)

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. Organizar mostras de audiovisuais

- levantar dados pertinentes ao funcionamento das associações fotográficas no país

Coordenadoria de Ensino e Pesquisa

. coordenar os debates sobre o ensino da fotografia no Brasil

- coordenar as pesquisas realizadas e apoiadas pelo INFoto

. assessorar especialistas que estejam realizando trabalhos direta ou indiretamente ligados à fotografia

. propiciar a discussão sobre a utilização da imagem nos diferentes campos do conhecimento, através da realização de seminários, palestras e concursos

. produzir textos institucionais que propiciem a discussão teórica e a reflexão sobre a linguagem fotográfica e norteiem a política de apoio a projetos apresentados ao INFoto

.- fornecer bibliografia sobre a área tanto internamente quanto para atender solicitações externas

- coordenar as discussões de política editorial do Instituto

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FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTE

Instituto Nacional da Fotografia

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MINISTÉRIO DA CULTURA

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