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GERMAN LORCA Mosaico do Tempo | 70 Anos de Fotografia 3
São Paulo, 2018
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EXPEDIENTE coordenação editorial Carlos Costa edição Amanda Rigamonti e Thiago Rosenberg conselho editorial Ana de Fátima Sousa, Carlos Costa, German Lorca, José Henrique Lorca, Juliano Ferreira, Lucas Baliões, Luciana Rocha, Marina Amaral (terceirizada), Rubens Fernandes Junior e Sofia Fan projeto gráfico Guilherme Ferreira produção editorial Luciana Araripe e Victória Pimentel supervisão de revisão Polyana Lima revisão Karina Hambra e Rachel Reis (terceirizadas)
German Lorca atuou em diferentes campos da foto-
José de Souza Martins explora a obra do homenagea-
grafia, sempre com êxito, e carrega a fama de grande
do e sua ligação com a cidade de São Paulo.
fotógrafo brasileiro, tendo acompanhado e registrado
a modernização do país. Nascido em 1922, o artista
personalidades que reforçam a importância de Lor-
se mantém em atividade e experimentando as evo-
ca na história da fotografia moderna de São Paulo.
luções tecnológicas: embora conserve sua primeira
Uma cronologia da trajetória do fotógrafo destaca
câmera, uma Kodak Bullet 127 adquirida na década
momentos marcantes de sua vida e essenciais para
de 1930, também usa smartphone para fotografar.
sua formação. Por fim, no verso da publicação, o
leitor encontra uma seleção de registros do artista.
A exposição German Lorca: Mosaico do
Há ainda uma reunião de depoimentos de
Tempo, 70 Anos de Fotografia revisita as diferen-
tes facetas da produção do fotógrafo – que engloba
mação do Itaú Cultural, e obras de Lorca já ocupa-
tanto criações artísticas quanto imagens publicitárias
ram suas paredes e as de suas instituições parceiras
– e aborda aspectos importantes de sua vida, como
em exposições coletivas, como na mostra Moderna
a formação de um olhar tão particular. A curadoria
para Sempre – Fotografia Modernista na Coleção
é de Rubens Fernandes Junior, com assistência de
Itaú Cultural, que circulou pelo Brasil todo. Aos 96
José Henrique Lorca.
anos de vida e com uma trajetória profissional que
soma sete décadas, Lorca volta ao instituto com uma
Esta publicação oferece um material com-
plementar à exposição. Primeiramente, apresenta
A fotografia está sempre presente na progra-
mostra retrospectiva inteiramente dedicada a ele.
texto assinado pelo curador abordando o processo de curadoria da exposição e se aprofundando na relação de Lorca com a imagem. Em seguida, o sociólogo
Itaú Cultural
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GERMAN LORCA Mosaico do Tempo | 70 Anos de Fotografia
Rubens Fernandes Junior
Não é tarefa fácil pensar uma exposição a partir de
formatamos alguns núcleos que pudessem tanto va-
um gigantesco inventário fotográfico produzido nos
lorizar suas fotografias mais representativas quanto
últimos 70 anos. Por outro lado, é desafiador elabo-
evidenciar as imagens que foram de circulação mais
rar um conjunto de imagens capaz de dar conta da
restrita. Na verdade, o maior trabalho foi organizar e
potência da obra do reconhecido fotógrafo German
articular os núcleos para despertar no espectador
Lorca, uma das poucas unanimidades da fotografia
pequenos desdobramentos, tais como coincidências,
brasileira. Suas obras expressam de modo exemplar
surpresas, choques de temporalidades, lembranças.
toda a experiência do período modernista e che-
gam aos dias de hoje com o mesmo frescor que
tivemos que superar alguns dilemas a fim de tornar
o aproxima de algumas manifestações e de alguns
esta exposição uma verdadeira declaração de amor
procedimentos da arte contemporânea.
à fotografia. A montagem foi idealizada para mostrar
A ideia para organizar esta retrospectiva foi
certos elementos que participaram de sua vida e
sintetizar, dessa larga e rica vivência de Lorca, um
alavancaram sua trajetória profissional: porta-retratos
grupo de fotografias que tivesse a capacidade de
familiares, certificados de premiação, troféus, meda-
estabelecer uma narrativa coerente e contemplar
lhas e homenagens são objetos banais, destituídos
sua visão de mundo. É um grande desafio orques-
de singularidade, mas que marcam os momentos
trar tantas variáveis temáticas, além dos diferentes
importantes de sua carreira. Ao lado dessas con-
formatos por ele utilizados, mas, dentro do possível,
quistas, uma vitrine exibe as principais câmeras que
Para concretizar o desejo de German Lorca,
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pontuaram seu percurso na fotografia. São as infor-
sileira, de alguém que tenha trabalhado por mais de
mações distintas que deixam clara e transparente
70 anos. Um mosaico é a reunião de peças – no
nossa verdadeira intenção: elaborar um exercício
caso, fotografias – com a finalidade de formar uma
de presentificar o passado, seja exibindo seu mundo
imagem síntese; é uma possibilidade de harmonizar
técnico e afetivo, seja ocupando o espaço com a
a combinação de diferentes fotografias e séries fo-
magia das imagens.
tográficas a fim de construir uma unidade. A palavra
mosaico vem do grego mouseîn, raiz também da
Evitamos uma leitura linear de sua obra, op-
tando por mostrá-la dividida em grandes núcleos
palavra música, derivada de musa. E a fotografia é
que circunscrevem sua incrível pluralidade temáti-
a grande musa de German Lorca.
ca, o que permite uma compreensão mais ampla e
qualificada da extensão do seu trabalho. Com isso,
1947, ano em que ele adquiriu sua primeira câmera
consegue-se vislumbrar o artista German Lorca, um
fotográfica, com o amigo de infância e de brinca-
homem inteligente e sensível, perspicaz e talentoso,
deiras no Brás Alberto Arroyo, que na ocasião era
que desenvolveu plenamente sua criatividade. Os
balconista da tradicional loja São Paulo Photogra-
núcleos da exposição agregam momentos e temas
phico, instalada no centro histórico havia décadas. A
que foram essenciais em toda a sua dinâmica e
máquina era uma Welta Welti, objetiva Tessar 2.8/50,
agitada trajetória. Assumimos enfatizar como seus
Carl Zeiss, formato 35 milímetros. A ideia inicial era
principais pontos de visibilidade a produção desen-
fazer alguns retratos, registrar as viagens e os pas-
volvida no Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB); os
seios da família. Mas foi o tio de sua esposa, Manoel
retratos, que evidenciam sua conexão com o mundo
Rodrigues Ferreira, que o estimulou a procurar mais
das artes; as imagens de publicidade que marcaram
conhecimento técnico para aprimorar sua iniciação.
época e se tornaram emblemáticas; a cidade de São
Antes disso, fez suas primeiras fotografias memo-
Paulo, cenário de suas mais importantes fotografias;
ráveis datadas de 1947, como Horto1 e Fogo nos
e a fotografia autoral, como Lorca denomina sua pro-
Bondes – Revolta dos Passageiros2. Nesse perío-
dução não associada aos trabalhos comissionados.
do, o jovem contador sonhava com a fotografia e já
carregava a câmera em sua maleta a fim de registrar
Com isso, German Lorca: Mosaico do
Sua aventura com a fotografia teve início em
Tempo, 70 Anos de Fotografia sintetiza milha-
algum acontecimento inusitado.
res de fotografias realizadas durante a mais longeva
produção de um fotógrafo brasileiro. De fato, não
Clube Bandeirante de número 21 publicou os novos
temos conhecimento, na história da fotografia bra-
sócios – entre eles, o de número 499, German Lor-
Em janeiro de 1948, o Boletim do Foto Cine
ca, na categoria “novíssimo”. Foi o começo de seu
mou-se dos artistas frequentando o recém-fundado
aprendizado técnico e de suas primeiras incursões
Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e
no mundo da imagem fotográfica, distante daquela
estabeleceu boas conexões, que foram fundamentais
ideia inicial de diletante. Sua inserção no FCCB se
para ampliar sua esfera de atuação. Também soube
deu rapidamente. Atento e observador, logo conse-
muito bem se apropriar dos ensinamentos que adqui-
guiu um bom entrosamento, quer participando das
ria no FCCB, particularmente com Chico Albuquer-
excursões promovidas pelo clube, quer apresen-
que e Geraldo de Barros. O primeiro ensinou-lhe a
tando e submetendo suas fotografias às diferentes
importância do conhecimento técnico e do controle
instâncias de avaliação previstas no calendário in-
de todo o processo fotográfico. O segundo mos-
terno. Foi assim, rápida e silenciosamente, que foi
trou-lhe as possibilidades de tratar a fotografia como
promovido para a categoria de “fotógrafo júnior”. Sua
linguagem e expressão. Foi com Geraldo de Barros
meta era buscar o máximo de envolvimento possível
que aprendeu a técnica de solarização e os princípios
a fim de aperfeiçoar-se para alçar novos voos.
da boa composição a partir do segmento áureo. Tudo
foi incorporado e aprimorado com a finalidade de
Seu percurso meteórico e consistente
envolveu persistência e disciplina. É inegável que
atender às futuras demandas do seu estúdio.
o clube foi uma verdadeira escola de fotografia.
Com esse intenso aprendizado, Lorca arriscou,
tidiano de Lorca, sempre em busca de mais conhe-
logo abandonando a contabilidade para dedicar-se
cimento e disposto a fazer o inesperado. Isso talvez
exclusivamente à fotografia. Primeiro foram os ca-
explique como sua intuição e sua criatividade o trans-
samentos, em seguida os retratos, e depois vieram
formaram num dos mais requisitados profissionais de
a reportagem em geral, a fotografia técnica e indus-
São Paulo após a experiência no Foto Cine Clube
trial e a fotografia comercial. Impetuoso e motivado,
Bandeirante. Aliás, aos poucos abandonou o clube e,
montou seu primeiro estúdio, localizado num prédio
em 1953, passou a dedicar-se quase integralmente
na Avenida Ipiranga. Sua versatilidade na técnica
ao seu estúdio, com uma capacidade de trabalho in-
e nos formatos foi aos poucos sendo reconhecida
comum. Certa vez, o fotógrafo confessou que sempre
pelo mercado, e cada vez mais foi chamado para
se achou muito corajoso e, às vezes, “inconsequente”.
trabalhos comissionados.
Com essa afirmação, fica claro por que ele nunca re-
Tanto no clube quanto em sua atividade co-
cusou um trabalho, por mais difícil que fosse. Assumia
mercial, Lorca mostrava-se sempre o mesmo: brin-
projetos complexos como se já tivesse a solução para
calhão, irreverente, alegre e feliz com a vida. Aproxi-
os obstáculos que iria enfrentar e superar.
A paixão pela fotografia tomou conta do co-
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Essa liberdade em aceitar os mais incrí-
Seu desejo constante de surpreender mate-
veis desafios deu a Lorca uma experiência e uma
rializa em cada uma das suas fotografias a possibili-
versatilidade que o transformaram em um fotógrafo
dade de se instalar no território artístico. Entendemos
de qualidades singulares. Quando desenvolvia uma
que há em sua obra uma espécie de convergência
campanha ou um editorial, conseguia naturalmente
imagética em que é possível perceber algo como
encontrar uma situação visual inusitada e imprimir sua
uma matriz ordenadora que tem, simultaneamente,
marca autoral. É graças a essa permanente inquieta-
a mesma tradição articulada com as novas propo-
ção que, mesmo após sua saída do FCCB, temos uma
sições que sintetizam o projeto de modernidade
expressiva produção autoral que atravessa toda a sua
fotográfica no Brasil. Há, no conjunto de suas foto-
história com a fotografia. Lorca distingue essa produ-
grafias, uma difusão capilar, como se fossem vasos
ção autoral do seu trabalho comissionado. Para ele,
comunicantes, e por isso mesmo é possível entender
a fotografia autoral é o registro simples de como as
a obra como imagens diversas que se conectam,
coisas se deixam ver, uma maneira pessoal e particular
que atravessam os diferentes tempos e se mostram
de produzir uma imagem, sem grandes intervenções.
harmoniosas em relação à composição, às sombras
misteriosas, às formas insinuantes. Uma estética pró-
A exposição contempla em dois núcleos a
experiência fotoclubista e a experiência da fotogra-
pria que o acompanha desde sempre.
fia autoral. Com isso, podemos perceber o artista
sensível, intuitivo e racional que Lorca se tornou ao
comissionados – também se mostra diferenciada.
longo do tempo. Atua em distintos universos, mas
Como afirma Susan Sontag, “o tempo termina por
o tratamento dado à imagem tem a mesma natureza
situar a maioria das fotografias, mesmo as mais
expressiva. Um exemplo é a clássica imagem de sua
amadoras, no nível da arte”. Então, ao olharmos
avó e de seu filho em direção à Oca (Oca – Ibi-
sua produção na fotografia, incluindo a publicitá-
rapuera³), no Parque Ibirapuera, que foi produzida
ria e as capas de discos, vê-se que Lorca nunca
em 1954 para uma publicação, a fim de documentar
perdeu seu olhar profundamente estético. Aliás, ele
o parque nas comemorações do IV Centenário de
tem uma composição elaborada, minuciosa, e traz
São Paulo, uma vez que Lorca havia sido contrata-
a erudição imagética desenvolvida nos tempos do
do como fotógrafo oficial do evento. Essa imagem
clube. É quase impossível dissociar sua produção
transcendeu seu uso específico e ganhou uma força
desse seu aprendizado inicial, ocasião em que teve
misteriosa, permanecendo como uma obra inquie-
a oportunidade de apurar seu olhar e estimular sua
tante, que provoca nossa imaginação.
percepção visual.
Sua fotografia aplicada – os trabalhos
Lorca se inflama ao falar de suas fotografias.
Geometria das Sombras4 (2014), uma experiência
Cada uma delas tem uma história, seja um trabalho
lúdica que recupera a força do espanto que suas
comissionado ou não. Seu olhar é quase sempre
fotografias sempre provocaram. Em 2017, uma nova
transformador: mais do que nunca, aprendeu a com-
série de retratos, desta vez munido de um smartphone.
binar os elementos da cena para apreender uma
experiência sensível. Sua curiosidade incessante
imagens emblemáticas e inspiradoras, nas quais
e sua perícia em resolver problemas em situações
pulsam ideias, materializam-se formas, dividem-se
adversas denotam que, na verdade, ele não apenas
planos e concretizam-se espaços. Um artista que
assimilou as lições e o conhecimento gerado, mas
perseguiu seus sonhos e imprimiu sua marca defini-
também se mostra sempre disposto a questioná-los
tivamente na fotografia brasileira. É justamente esse
e a pensar diferente. Toda essa vitalidade fica explíci-
aspecto moderno e contemporâneo, atemporal e uni-
ta em sua fotografia, que é um convite à especulação.
versal da sua obra que torna German Lorca uma das
figuras mais importantes da nossa fotografia. Feliz-
Em sua série sobre São Paulo, Lorca deixa
Agora e sempre, uma trajetória virtuosa, com
transparecer o amor pela cidade. Mudanças avas-
mente, temos a sorte de conviver com ele, um artista
saladoras provocaram o aparecimento de uma nova
cuja grandeza e importância a história já consagrou.
paisagem urbana, mas passar os olhos por suas fotografias é uma experiência que nos faz recuperar o tempo vivo da memória. A cidade moderna e pulsante desapareceu. A cada instante, histórias são esquecidas, mas permanecem em suas fotografias.
German Lorca ainda fotografa. E, quando
perguntamos o porquê, ele simplesmente responde: “Eu me emociono ao ver uma cor bonita, uma criança fazendo isto ou aquilo, um rosto de mulher, uma luz recortada, uma sombra acentuada. Tudo isso me dá a sensação de uma nova existência”. Nunca se recusou a experimentar as novas tecnologias. Depois do aprendizado no FCCB, fotografou com câmeras de pequeno, médio e grande formato. Mais recentemente, assumiu a Leica digital e produziu o ensaio
As fotografias estão no portfólio, no verso da publicação, nas seguintes páginas: 1. Horto: página 48 2. Fogo nos Bondes – Revolta dos Passageiros: página 49 3. Oca – Ibirapuera: página 51 4. Geometria das Sombras: página 58
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A PÓS-MODERNIDADE de Lorca
José de Souza Martins
Quando a fotografia de German Lorca é analisa-
menta o empenho do fotógrafo em fixar na obra o
da na perspectiva dos agrupamentos temáticos
que foi o traço visual da época mais bela da Pauli-
propostos por ele mesmo, vemos que há nela uma
ceia, o período que vai do imediato pós-guerra às
polissemia imaginária e uma modernidade peculiar.
grandes celebrações do seu quarto centenário. A
No conjunto, é obra da pós-modernidade da foto-
cidade recém-saída dos sofrimentos, medos e pe-
grafia brasileira.
núrias da Segunda Guerra Mundial era ainda uma
Lorca, nas diferentes temporalidades da
cidade-monumento da economia do café, mas tam-
imagem, mergulha na alma do tempo, no espírito
bém a cidade da indústria. Era ainda a cidade da
da época e do cenário para desvendar ali os sen-
garoa, a cidade formal dos homens de paletó e gra-
timentos contidos nos semblantes, nos gestos, na
vata, das mulheres apuradas no trajar, gente que
paisagem. Ainda que seu trabalho seja uma das
saía à rua como se estivesse recebendo alguém na
melhores expressões da nossa fotografia moderna,
sala de visitas. A cidade de uma transição indefini-
ele o é justamente porque se trata da modernidade
da entre a era dos pedestres e a era da multidão.
contrapontística dos tempos que se cruzam. Sua fo-
tografia paulistana registra a modernidade de espa-
cinzenta da garoa era apropriada para a fotogra-
cialidades refugiadas em nichos de tempos sociais.
fia em preto e branco, do que Lorca tirou proveito.
O grupo das fotografias aqui apresentado,
Em alguns de seus trabalhos há um romantismo de
que tem como tema a cidade de São Paulo, docu-
fim de era, nostalgia de uma cidade de arrabaldes,
A cidade mergulhada na beleza triste e
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de um imaginário que tentava escapar do sufoco
na de 1922 e o apego à permanência do belo de
demarcatório dos grandes edifícios que já tolhiam
outras datas, progredir sem destruir. Esse espírito
a visão dos paulistanos em relação ao entorno ur-
está presente na fotografia de German Lorca, como
bano, paisagem do período do romantismo literário,
está na pintura de Raphael Galvez, Rebolo, Zani-
em que a cidade fora “personagem” de obras como
ni, Pennacchi, Graciano, Rizzotti. Gente que, como
Macário, de Álvares de Azevedo. Não foi por acaso
Lorca, veio dos bairros e dos arrabaldes, que neles
que os artistas plásticos do Grupo Santa Helena e
se criou; gente do meio do caminho entre a cida-
outros, como Raphael Galvez, foram buscar suas
de que ia desaparecendo e a cidade vertical que ia
imagens nas baixadas do Rio Tietê, para ver a ci-
nascendo; gente da mistura das formas que há nas
dade de fora para dentro e de longe, como obra de
transições. Há um sentimento de ambiguidade em
arte, e não como amontoado de edificações.
relação à cidade tanto na fotografia de Lorca quanto
Uma das primeiras e mais belas fotografias
nas obras dos modernistas. Uma relutância em rela-
de Lorca foi, justamente, a que fez na beira de um
ção à voracidade imagética das novas e monumen-
lago no Horto Florestal, em 1947, quando ele ainda
tais formas do urbano, o receio do concreto de uma
não se definia como fotógrafo. É obra do artista que
modernidade sem poesia. Até o limite das verticali-
nele já havia, que cria imagens antes de realizá-las
dades superpostas, de São Paulo Crescendo2, de
na fotografia ou na pintura. Em Barco no Rio Tietê
1965, a bela fotografia do tempo único e linear, que
– Ponte Grande1, de 1949, mostra a dissolução da
teima, no entanto, em desconstruir-se no confronto
Pauliceia bucólica no barco atracado num porto de
da diversidade do mesmo, o vertical e retilíneo desi-
areia em águas que perderam a limpidez. A nature-
gual, a mesmice das sombras desencontradas.
za sem vida, num reflexo residual do luar, tentando
arrancar do fundo das águas a poesia do Rio das
últimos refúgios do espírito de São Paulo. Nem o
Bandeiras que a superfície perdera batida pelos re-
formalismo cerimonioso dos paulistanos de terno,
mos da busca sem fim. A busca agora é a do lucro
gravata e chapéu sufoca a permanência dos dias
na areia das profundezas.
de antanho em detalhes quase imperceptíveis. O
transeunte a caminho do trabalho em Parque Dom
O romantismo, já superado na literatura
A fotografia paulistana de Lorca é um dos
por uma estética mais formal, persistia nas outras
Pedro3, de 1949, atravessa o ajardinado da persis-
artes como maravilhosa herança da durabilidade da
tência assim como, em 1950, pedestres permane-
imaginação paulistana, da cidade dividida entre a
cem cerimoniosos no cenário rústico de Praça da
modernização intensa da Semana de Arte Moder-
República 2. Nada de rupturas nesse paciente ficar
dos paulistanos que caminham no interior da permanência e das lembranças. São Paulo, nos anos 1950, ainda era a cidade vista lá de longe. O lá de longe rapidamente passa a ser o lá do alto, como em Santa Helena e Catedral, de 1952. A distância ganha nova dimensão na profundidade, São Paulo se liberta da espacialidade pré-moderna, horizontal, transitiva, para fugir de si mesma na abstração de horizontes polissêmicos revelados pelo olhar preocupado de Lorca. Três fotos do centro da cidade, de 1954, demarcadas por construções fabris e casas operárias do bairro do Brás, o ninho paulistano de Lorca, são a moldura afetiva de uma despedida que foi para ele o ano do quarto centenário. Outra São Paulo, a do Rio Pinheiros de 1970, um rio invertido e domesticado para a produção de energia elétrica. A do Museu de Arte de São Paulo (Masp), da nova beleza retilínea da cidade, abrigo da arte e da civilização. O tempo da fotografia de Lorca é o do anúncio do novo e do possível no marco da saudade.
As fotografias estão no portfólio, no verso da publicação, nas seguintes páginas: 1. Barco no Rio Tietê – Ponte Grande: página 61 2. São Paulo Crescendo: página 82 3. Parque Dom Pedro: página 50
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OUTRAS VOZES sobre German Lorca
“Partindo do trabalho bem cuidado, ele se realiza
“Sua carreira foi meteórica, laboriosa, de um
lenta mas seguramente. Abandona o tema social
profissional respeitado e apreciado que, em seu
para cada vez mais se exprimir através de valores
atelier ou fora dele, está habilitado a resolver
plásticos puros. A preocupação do assunto e o
qualquer problema com gosto e satisfação do
gosto pelo literário desaparecem, substituídos
comitente. Ele é fotógrafo realista. Preocupa-se
pelos ritmos e composições em branco e negro,
em fixar o que o seu olhar descobre e considera,
uma vez adquirida a consciência plástica dos
com calma e atenção, sem recorrer a recursos
problemas de arranjo numa superfície. Hoje, a
artificiais que muitos colegas ajeitam para dar à
objetiva não é mais obstáculo ao seu trabalho
fotografia o sentido assim chamado ‘artístico’, isto
pois Lorca não depende exclusivamente dela para
é, valendo-se da técnica para concorrer com o
realizar suas fotografias – descobriu, afinal, em
desenhar e o pintar. Lorca é da turma dos que
si mesmo, a liberdade, sentindo plenamente a
fotografam a natureza, as coisas e a gente assim
necessidade de criação.”
como nós as vemos, documento de tempo e de costume, porém observado e considerado com a
Geraldo de Barros, 1952
sensibilidade da qual o realista precisa produzir
[trecho do fôlder da primeira mostra de German Lorca no Museu
nesta arte da fotografia.”
de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), realizada em 1952]
Pietro Maria Bardi, 1978 [trecho de carta inédita enviada a German Lorca em 1978]
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“German Lorca inicia o rigor e a maestria de um
“German Lorca não foi educado para ser artista ou
brilhante autodidata. Paralelamente às fotos
mesmo fotógrafo. Para quem cresceu no proletário
pessoais, muitas das quais participaram de salões,
bairro paulistano do Brás, seguiu por caminho
concursos, etc., o fotógrafo assume consagrada
seguro: trabalhou num escritório de contabilidade.
carreira profissional enquanto fotógrafo de
Só depois foi para a fotografia. E logo se revelou
estúdio e publicidade. […] Suas imagens atestam
no que havia de mais avançado, e aí, por luzes
seu impecável domínio técnico, aliado à estética
incertas: o modernismo. […] O que fez esse jovem
da descoberta e construção de imagem. O tempo
traçar tal trajetória? A sua inquietude é uma forma
está do seu lado. Sábio e conhecedor, a história
de vida até hoje, esse energético e surpreendente
da fotografia brasileira contemporânea, há
menino carrega uma postura de quem ainda tem
muito reserva o seu retrato na galeria dos
tudo para fazer. É uma curiosidade quase infantil,
grandes mestres.”
uma disposição de esportista, o vislumbramento
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de quem está em plena criação e um espírito Orlando Azevedo, 1998
empreendedor que, dentro da profissão de
[trecho do catálogo da exposição German Lorca Fotografia;
fotógrafo poucos tiveram. Se por um lado, Lorca
II Bienal Internacional de Curitiba, que aconteceu em 1998]
conseguiu desenvolver as fotografias publicitária e industrial, por outro lado não deixou nunca a foto de autor. Percebeu com o tempo, que o ensaio ou a temática eram importantes. Fotografou centenas e milhares de situações isoladas, mas também desenvolveu assuntos em que o conceito e o discurso são valiosos. Com isso, torna-se um fotógrafo que acompanhou o tempo de sua laboriosa e longa vida.” Ricardo Ohtake, 1998 [trecho do catálogo da exposição German Lorca Fotografia; II Bienal Internacional de Curitiba, que aconteceu em 1998]
“Durante muitos anos mantemos a imagem
“Com o olhar como o de um mestre de cinema,
de pessoas que, em alguma época de nossa
algumas das suas imagens fazem da organização
vida, foram o que se chama de amigo. Anos de
do espaço, da entrada da luz, da presença das
separação tornam esta imagem esmaecida, ou
sombras e do jogo de formas algo como uma
flou como se diz em fotografia. De repente,
operação semiótica entre sentido e complexidade,
aparece o Lorca: igual, brincalhão, irreverente,
mas, sobretudo, emoção. O que torna cada uma
como era; mesma cara e mesmo jeito. Continua
dessas fotografias ainda mais definitiva, quando
ótimo em fotografia, trabalhador e criativo, com
temos quase a conclusão final do grande colapso
força e vontade. Viva o Lorca!”
que estamos passando diante desse sentido, ou sentimento – a emoção. Tudo é caríssimo
Thomaz Farkas, 1998
na fotografia e na vida desse artista. O simples
[trecho do catálogo da exposição German Lorca Fotografia;
detalhe do bastidor de uma janela aberta, lá
II Bienal Internacional de Curitiba, que aconteceu em 1998]
naquela casa, no Brás, refletindo a casa vizinha, em frente, ganha uma proporção geométrica capaz de deter a sintonia entre tempo e espaço, e nos deter diante do tempo. Esse gesto, essa coisa interior e paralela, cria, ao mesmo tempo, uma face única que se sublima como se Lorca colhesse sempre o último momento daquilo que vê, o primeiro momento que aproxima um século do outro, como se tudo fosse mesmo uma questão de instantes. Isso é raro como memória, escapulindo nos dias de hoje, como água embrulhada.” Diógenes Moura, 2006 [trecho do catálogo da exposição Fotografia como Memória, que aconteceu na Pinacoteca do Estado entre 2006 e 2007]
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“German Lorca é fotógrafo, na mais pura acepção
“Estar diante das fotografias do paulistano
moderna do termo. As imagens por ele produzidas
German Lorca é experimentar uma sensação de
ao longo da década de 1950 nos remetem não
felicidade plena. Quando aprofundamos nosso
só a um outro tempo, mas principalmente a um
olhar para suas imagens, de algum modo ficamos
outro modo de olhar o mundo, que caracterizou
emocionados. Seja pelo tempo passado que as
a visão modernista. […] A fotografia moderna
fotografias evocam e nos permitem reviver, seja
que se desenvolveu no Brasil nos anos 50 veio
pelo rigor e pela qualidade técnica intrínseca ao
responder às necessidades de atualização da
fazer fotográfico, seja pelo encantamento puro
cultura local, diante do impacto do crescimento
e simples que emana de sua poética visual. […]
urbano do pós-guerra, dos desafios da nossa
Sua fotografia é essencialmente direta e sem
industrialização tardia e das contradições do
artifícios. Apresenta-se como uma visão de
nosso processo de modernização. Os fotógrafos
aparente simplicidade, mas na realidade é aí que
modernistas posicionaram-se como protagonistas
reside sua ordem essencial e desestabilizadora. É
da construção de um país em desenvolvimento e
quase impossível ficar indiferente às imagens de
encontraram na fotografia um veículo, não só para
Lorca, pois elas assumem um caráter de registro
dar vazão à construção simbólica desse país ideal,
de uma situação de tempo alongado, e adquirem
como também para afirmar uma identidade cultural
uma espécie de nobreza que as eleva a uma
própria, enquanto classe social emergente. O
subjetividade difusa. Sempre entusiasta e inventivo,
lugar que almejavam para a fotografia era o museu.
Lorca criou, com audácia e coragem, uma obra que
O sonho era tornar a fotografia reconhecida como
se reveste de incontestáveis qualidades plásticas
arte por suas qualidades intrínsecas. A trajetória
e que de alguma forma enfatiza uma mensagem
de Lorca nas décadas de 1940 e 1950 foi
visual de sofisticada elegância. Através da sua
pontuada por essa utopia.
fotografia podemos compreender melhor e mais profundamente o mundo contemporâneo, pois ele
Helouise Costa, 2006
cria imagens que restituem a geometria e o rigor
[trecho do catálogo da exposição Fotografia como Memória,
formal de um mundo visível que se apresenta em
que aconteceu na Pinacoteca do Estado entre 2006 e 2007]
permanente estado de convulsão.” Rubens Fernandes Junior, 2006 [trecho do catálogo da exposição Fotografia como Memória, que aconteceu na Pinacoteca do Estado entre 2006 e 2007]
“Assim como outros fotógrafos no Brasil, de
de luz, as investidas geométricas, as sombras
décadas anteriores e posteriores, Lorca é um
inusitadas. Seu olhar se fazia moderno, dentro e
autodidata. E isto significou um preço alto a ser
fora do salão.”
pago. Porém, o que fazer naquela época, diante da inexistência de um ensino sistemático, na teoria e na prática, base para um conhecimento metódico, alicerce para o desenvolvimento
Boris Kossoy, 2006 [trecho do catálogo da exposição Fotografia como Memória, que aconteceu na Pinacoteca do Estado entre 2006 e 2007]
técnico e estético? Restava ao autodidata somar conhecimentos desconectados, acumulados pela experiência do dia a dia de trabalho; buscar conhecimentos e soluções através do método
“German Lorca confere igual importância à
do ‘erro e acerto’. Lorca, um observador nato
captação do instante, ‘o acontece’, e ao ‘faz
e um espírito determinado, acreditou que
acontecer’, que, assim, são colocados na mesma
poderia enfrentar essa transição, a partir dos
chave. Abre-se a liberdade do fotógrafo de criar
seus conhecimentos esparsos adquiridos nas
e de falar sobre o que criou, sem ficar preso a
discussões circulares e dogmáticas, típicas do
questões como se a fotografia do fato é autêntica,
ambiente fotoclubista, e encarou o desafio. Era
portanto verdadeira, ou se está no terreno da
jovem, e, quando se é jovem os desafios são
ficção, da realidade ou entre os dois. [...] Em
monstros menores, particularmente, porque
noventa anos de vida, uma trajetória rica em
a meta a ser alcançada envolvia uma questão
imagens, personagens, cenas. Fotografias que
maior de sobrevivência. E isto o diferenciava de
deleitam gerações. Acontece ou faz acontecer?
grande parte de seus companheiros do Clube,
Um enigma a ser decifrado quando se contempla
para quem a fotografia mais representava um
cada obra de German Lorca.”
agradável lazer e, naturalmente, matéria-prima para discussões estéticas de salão. De qualquer modo, foi esse ambiente que provocou Lorca; foi esse ambiente que nele despertou o desafio profissional. […] [Lorca] nunca abandonou a ideia de experimentação, a busca das formas, os efeitos
Daniela Maura Ribeiro, 2012 [trecho da exposição German Lorca Fotografias: Acontece ou Faz Acontecer, que aconteceu no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) em 2012]
21
22
“É no Foto Cine Clube Bandeirante, nos anos
“Um dos diferenciais de Lorca em relação aos
1940, que surge um grupo de fotógrafos que vai
fotógrafos de sua geração que também possuem
revolucionar a fotografia paulistana no modo de
uma produção de caráter experimental é que
ver a cidade. A São Paulo imaginária se liberta
ele foi um dos únicos a se tornar fotógrafo
das paredes, move-se pelas ruas, escala prédios,
profissional. Se antes o fotógrafo instituído era
busca o ar e o horizonte. […] Mas é German
o que tinha o estúdio e passava os seus dias
Lorca que reúne e dá sentido a essa modernidade
realizando retratos comercialmente, por exemplo,
fotográfica emergente porque mantém o
a partir da nova demanda que surge com a
compromisso com a cidade como cenário e
publicidade nos anos 50, a profissão ganha novo
nesse sentido a valoriza, dá-lhe vida. Lorca é, sem
dinamismo. A versatilidade, afinal, é uma das
dúvida, o fotógrafo que melhor traduziu a cidade
características do fotógrafo moderno. Lorca é o
na imagem fotográfica, que melhor percebeu sua
exemplo máximo disso.”
polissemia, a poesia de seus tempos desiguais fluindo de distintos modos diante de seus olhos e
Eder Chiodetto, 2013
de sua câmera. Ele viu o que os outros não viram,
[trecho do livro German Lorca, organizado por Eder Chiodetto
na apaixonada intimidade que, desde o berço, o liga a São Paulo ao longo de seus belos e vividos 90 anos.” José de Souza Martins, 2013 [trecho do livro A São Paulo de German Lorca (Casa da Imagem e Imprensa Oficial do Estado, 2013)]
(Cosac Naify, 2013)]
“Lorca sintetiza, de certo modo, a modernidade
“Se de maneira intuitiva Lorca buscava revelar
dos dois outros amigos. Geraldo de Barros
desde sempre a beleza encerrada no ambiente
fez da fotografia um veículo para a abstração,
urbano, na vida da cidade em mutação, é certo
rompendo com o caráter documental ao dialogar
que no FCCB [Foto Cine Clube Bandeirante]
com outras artes visuais e riscar negativos com
aprende a dominar a estética e a técnica que
ponta-seca, fazer múltiplas exposições e intervir
permitem transformar esse sentimento em
radicalmente na imagem. Farkas fez da cidade um
imagem. Tal estética, comum à fotografia moderna
signo gráfico, desmontando o conceito de foto
internacional, define-se pela não limitação da
como cartão-postal. Lorca, fotógrafo oficial das
imagem final a seu referente. O artista-fotógrafo é
comemorações do 4o Centenário de São Paulo,
aquele que de maneira consciente reproduz o real
em 1954, registrou a metrópole e seus tipos de
como imagem plástica, dotada de singularidade
modo subjetivo e radical, mas sem perder
própria. Por isso, tão importante quanto o
o fio da história.”
exercício da visão é o momento posterior de experimentação no laboratório, em que diversas
Antonio Gonçalves Filho, 2015
intervenções – como solarizações, sobreposições,
[trecho de texto publicado no jornal O Estado de S. Paulo
cortes e intensificações de contrastes – são
em junho de 2015]
realizadas a partir do negativo.” Taisa Palhares, 2016 [trecho retirado do site do Instituto Moreira Salles]
23
24
German em 1925 | foto: Gonçalo Peinado
Linha do tempo
1922
1934
German Lorca nasce na
Aos 12 anos, começa a ajudar
capital paulista, no bairro do
seu pai na papelaria e tabacaria
Brás, onde vive até 1954. É
da família, na Rua Bresser.
o terceiro de oito filhos – o primeiro homem – do casal de imigrantes espanhóis Francisco Lorca Moreno e Júlia Lopes.
25
foto: autor desconhecido
26
1938
1940
1945
Adquire uma Kodak Bullet 127
Forma-se em ciências
Casa-se com Maria Elisa
e registra momentos com
contábeis pelo Liceu
Adelina Ferreira Lorca em Itapuí
a família e os amigos,
Acadêmico São Paulo (Lasp).
(SP) e passa a residir na Rua
com os quais costuma
Almirante Barroso, no Brás.
nadar no Rio Tietê. Consegue uma câmera emprestada para registrar sua lua de mel, em São Vicente (SP), e empolga-se com o resultado das fotografias.
1947
1948
Incentivado por Manuel
o fogo em um bonde que havia
Rodrigues Ferreira, tio de sua
sido incendiado por um grupo
esposa, adquire uma câmera
de manifestantes que estava
No FCCB, conhece Geraldo
Welta usada, modelo Welti,
revoltado contra o aumento da
de Barros e Luiz S. Hossaka,
35 milímetros.
tarifa. Não perdi tempo, peguei
de quem se torna muito
a câmera e fotografei, dei o
amigo, e também se aproxima
Aproveita seus fins de semana
título Fogo no Bonde – Revolta
de nomes como Francisco
para passear com a família
dos Passageiros para a foto.”
Albuquerque, Thomaz Farkas,
e fotografar. Numa dessas
Nasce sua filha, Maria Helena.
Gaspar Gasparian, Julio
excursões realiza a
Frequentador de várias lojas e
Agostinelli, Manuel Tavares
fotografia Horto.
laboratórios fotográficos, como
e Eduardo Salvatore.
São Paulo Photographico, “Um dia, em 1947, ao passar
Kosmos Foto e Fotóptica, fica
pela Rua da Figueira, no Parque
sabendo por colegas amadores
Dom Pedro II, me deparei com
sobre o Foto Cine Clube
bombeiros que tentavam apagar
Bandeirante (FCCB). Associase ao grupo no final do ano.
27
28
“O clube era frequentado por
“Eram promovidas excursões
No 7º Salão Internacional
alguns fotógrafos profissionais,
fotográficas e concursos
de Arte Fotográfica, exibe
mas a maioria dos associados
internos com temas diversos,
suas fotos pela primeira vez.
atuava nas mais diversas áreas,
e os melhores trabalhos eram
Realizada na Galeria Prestes
eram engenheiros, advogados,
por vezes enviados a salões de
Maia, em São Paulo, a mostra
médicos, farmacêuticos,
fotografia no Brasil e no exterior.”
reuniu as obras Rua Velha, À Procura de Emprego, Irmã
arquitetos, dentistas e óticos, mas, acima de tudo,
Em excursão com o FCCB
de Caridade, Casas Velhas
apaixonados pela fotografia.”
a São Vicente (SP), realiza a
e Noturno Fluvial.
fotografia Enseada São Vicente, “Era uma verdadeira escola de
entre outros trabalhos.
fotografia, nas reuniões havia grande troca de conhecimento
Na excursão ao Alto da Serra,
entre os associados, tanto
na Via Anchieta, registra a obra
técnico como estético.”
Alto da Serra.
1949
29
Classifica-se em primeiro lugar
Documenta a exposição Le
Improvisa um pequeno
na 1ª Exposição Mundial de
Corbusier no Museu de Arte de
laboratório fotográfico em sua
Arte Fotográfica da Sociedade
São Paulo Assis Chateaubriand
casa. O espaço também é
Fluminense de Fotografia.
(Masp) a pedido de Pietro
utilizado por Geraldo de Barros.
Maria Bardi, então diretor da Circo de Cavalinhos é indicada
instituição e um dos principais
Começa a fazer experimentos
como a fotografia do mês no
incentivadores de Lorca.
durante os processos de
40º boletim do FCCB. A 43ª
tomada, revelação e
edição da publicação, por sua
“Sempre procurava acompanhar
ampliação fotográficos e realiza
vez, indica a obra Jarra e Copo.
as exposições que aconteciam,
suas primeiras solarizações.
não só de fotografia, mas de arte em geral, e a observação das obras era também um modo de evoluir artisticamente.”
30
1950
1951
Torna-se sócio do Centro
Recomendado por colegas,
Nasce seu filho
de Estudos Cinematográficos
começa a realizar trabalhos
Frederico German.
do Masp.
fotográficos profissionais para empresas e eventos sociais.
Assina a capa do 50º boletim
Recebe diploma de excelência fotográfica em concurso
do FCCB, com a fotografia
Faz um retrato do artista
realizado pela revista alemã
Le Diable au Corps – em
plástico Aldemir Martins.
Camera, dedicada à fotografia
artigo publicado no 56º boletim,
e ao cinema.
Aldo A. de Souza Lima cita a obra como um exemplo de
Assina a capa do 68º boletim
composições “propriamente
do FCCB, com a imagem
ditas”, ou seja, aquelas que
Apartamentos.
“se impõem por si mesmas sem se estribarem em qualquer conceito, esquema ou dogma preestabelecido”.
Registro da exposição 35 Fotografias e o fôlder da mostra, com design e texto de apresentação assinados por Geraldo de Barros, também membro do FCCB
1952
31
Abre o G. Lorca Foto Studio no
Apresenta sua primeira
Atua como fotógrafo da
mesmo local em que funciona
exposição individual, 35
Sociedade Geográfica
seu escritório de contabilidade
Fotografias, no Museu de
Brasileira – organização
– Avenida Ipiranga, 1248,
Arte Moderna de São Paulo
inspirada na norte-americana
no Centro de São Paulo –,
(MAM/SP).
National Geographic e criada
dedicando-se a “fotografias
em 1948 por Manoel Rodrigues
técnica, industrial e comercial,
Com a obra Apartamentos,
reportagens em geral e álbuns
vence o Concurso Fotográfico
para crianças e casamentos”.
Latino-Americano Alejandro C. del Conte, em Buenos Aires, na Argentina.
Ferreira, tio da esposa de Lorca.
Fachada (abaixo) e área interna (à direita) do estúdio na Avenida Lins de Vasconcelos
32
1953 Nasce seu filho José Henrique. Recebe medalhas do Camera
1954 próprio prazer, para participar
Realiza a cobertura fotográfica
de exposições e, às vezes, de
para a Revista do IV Centenário
alguns concursos.”
de São Paulo, primeira
Club, em Nova York, nos
publicação impressa com
Estados Unidos, do Salone
Produz o álbum de casamento
Internazionale della Tecnica
de Flávia Gasparian, filha de
e da Mostra Internazionale di
Gaspar Gasparian, seu colega
Fotografa o casamento da
Fotografia Artistica, ambos em
no FCCB.
cantora Maysa com Andrea
Turim, na Itália.
fotografias da Editora Abril.
Matarazzo e o do poeta Haroldo de Campos com
“Eu não fotografava com o intuito de que um dia pudesse vender minhas fotografias como obras de arte, nem sabia que essa possibilidade viria a existir. Fotografava para meu
Carmen de Arruda.
Nelson Rockefeller (ao centro) com o então governador de São Paulo, Jânio Quadros (à direita), e seu sucessor, Carvalho Pinto
1958 Fecha o G. Lorca Foto
Acompanha como fotógrafo
Studio e abre o estúdio Lorca
oficial o então governador de
Fotógrafos, na Avenida Lins
Nova York, Nelson Rockefeller,
de Vasconcelos, no Jardim
em sua visita ao Brasil – no
da Glória – bairro em que
Rio de Janeiro e em São Paulo
passa a viver –, objetivando
(capital e cidade de Matão,
principalmente trabalhos de
respectivamente).
fotografia publicitária.
33
34
1960
1961
Realiza fotografias para a
Começa a assinar fotografias
Recebe menção honrosa,
campanha publicitária dos
para campanhas publicitárias
por seus anúncios de revista
veículos da DKW-Vemag.
da marca de veículos Jeep.
em cores, na 9th Exhibition of Advertising & Editorial Art &
Fotografa as atrizes Tônia
Design, promovida pelo Art
Carrero, Maria Della Costa
Directors Club of Greater
e Bibi Ferreira e assina os
Miami. Seu trabalho volta a ser
anúncios de revista para as
reconhecido pela organização
campanhas publicitárias
em 1962 e 1964.
dos veículos Aero-Willys e Renault Dauphine.
1962 Realiza uma produção fotográfica desafiadora para a Jeep, colocando uma girafa na caçamba de uma picape.
35
Fachada e interior do estúdio
36
1965
1966
No II Salão de Arte Publicitária,
Transfere a sede de seu estúdio
Embora dedique a maior parte
recebe do jornal Folha de
para a Rua Gregório Serrão.
de seu tempo à fotografia
S.Paulo e da Associação
Localizado na Vila Mariana,
publicitária, Lorca não
Paulista de Propaganda o
o novo imóvel tem espaço
interrompe sua produção
prêmio Folha de Ouro na
suficiente para que Lorca
autoral. Muitas vezes, essa
categoria Fotografia –
fotografe automóveis.
produção se dá durante
Anúncio a Cores.
as sessões fotográficas profissionais ou nos intervalos.
Em decorrência do rompimento
Exemplo disso é a obra Pernas,
de um cano, o local onde
desdobramento de um anúncio
armazena seu acervo
das meias Pégaso.
de negativos é alagado, danificando registros de eventos sociais e reportagens.
1985
1986
Recebe o Prêmio Colunistas,
Por suas fotografias
da Associação Brasileira
publicitárias, é premiado pelo
dos Colunistas de Marketing
Sindicato das Empresas de
e Propaganda, pelas fotos
Artes Fotográficas no Estado
publicitárias de caminhões da
de São Paulo.
Saab-Scania. A organização volta a conceder o prêmio a Lorca em 1989, desta vez por fotos usadas em campanha do Banco do Brasil.
37
38
2003
2015
2016
Recebe o Prêmio Especial
Recebe o Prêmio Governador
Recebe o prêmio Trip
Porto Seguro de Fotografia.
do Estado de São Paulo para
Transformadores, concedido
a Cultura na modalidade
pela Editora Trip.
Integra o júri do concurso
Artes Visuais.
Leica – posição que volta a ser ocupada em anos seguintes, até 2013. Deixa o campo da fotografia comercial e passa a se dedicar
Fontes:
exclusivamente a trabalhos
Boletins do Foto Cine Clube Bandeirante
autorais e a seu acervo
Livro German Lorca (2013), publicado
fotográfico.
pela editora Cosac Naify, organizado por Eder Chiodetto e com cronologia assinada por Daniela Maura Ribeiro Arquivo de Rubens Fernandes Junior Arquivo de German Lorca
39
FICHA TÉCNICA GERMAN LORCA
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO
Mosaico do Tempo | 70 Anos de Fotografia
E RELACIONAMENTO Gerência Valéria Toloi
EXPOSIÇÃO
Coordenação de atendimento e formação
Concepção e realização Itaú Cultural
Samara Ferreira
Curadoria Rubens Fernandes Junior
Equipe Amanda Freitas, Caroline Faro,
Assistente curatorial
Edinho dos Santos, Edson Bismark, Elissa Sanitá
José Henrique Lorca
(estagiária), Livia Moraes (estagiária),
Projeto expográfico Isa Gebara
Lucas Cardoso (estagiário), Luísa Saavedra,
e Denise del Giglio (assistente)
Maria Luisa Ramirez, Monique Rocha dos Santos
Projeto de acessibilidade Arteinclusão
(estagiária), Raphael Giannini, Roberta Suzi (estagiária), Sidnei Junior,
40
EQUIPE ITAÚ CULTURAL
Tayná Santiago (estagiária), Thiago Borazanian,
Presidente Milú Villela
Victor Soriano, Vinícius Magnun e Vitor Luz
Diretor-superintendente Eduardo Saron Superintendente administrativo
NÚCLEO DE PRODUÇÃO DE EVENTOS
Sérgio M. Miyazaki
Gerência Gilberto Labor Coordenação Vinícius Ramos
NÚCLEO DE ARTES VISUAIS
Produção Agenor Neto, Carmen Fajardo,
Gerência Sofia Fan
Érica Pedrosa, Gislene Mendes (terceirizada),
Coordenação Juliano Ferreira
Natiely Souza dos Santos (estagiária),
Produção-executiva Lucas Baliões,
Thayna Casasola (terceirizada) e Wanderley Bispo
Luciana Rocha e Marina Mesquita NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO NÚCLEO DE AUDIOVISUAL E LITERATURA
E RELACIONAMENTO
Gerência Claudiney Ferreira
Gerência Ana de Fátima Sousa
Coordenação de conteúdo audiovisual
Coordenação de conteúdo Carlos Costa
Kety Fernandes Nassar
Produção e edição de conteúdo
Produção audiovisual Ana Paula Fiorotto
Amanda Rigamonti e Thiago Rosenberg
e Julia Sottili
Redes sociais Jullyanna Salles e Renato Corch
Edição Karina Fogaça
Supervisão de revisão Polyana Lima
Revisão de texto Karina Hambra e Rachel Reis (terceirizadas) Projeto gráfico e comunicação visual Guilherme Ferreira Produção editorial Luciana Araripe e Victória Pimentel AGRADECIMENTOS Angelo Pastorello, Antonio Gonçalves Filho, Bibi Ferreira, Boris Kossoy, Carla e Carlos Amaury, Christian Cravo, Copyrights Consultoria Ltda., Daniela Maura Ribeiro, Diógenes Moura, Eder Chiodetto, Edilamar Galvão, Eugenia Esmeralda, Fabiana e Lenora de Barros, Fábio Magalhães, Fausto Chermont, Fernando Lemos, Fundação Pierre Verger, Galeria Pierre Verger, Helouise Costa, Instituto Bardi, Instituto Mário Cravo Neto, Instituto Moreira Salles, Ivan Campos, Jô Soares, João Farkas, José de Souza Martins, Juan Esteves, Kiko Farkas, Lais Wollner, Leonardo Thiré, Lucilia e Lineu Peinado, Luis Eduardo Salvatore, Manuk Poladian, Mariana Pabst Martins, Monica Costa, Museu da Fotografia Cidade de Curitiba (MFCC), Museu de Arte de São Paulo (Masp), Omar Khoury, Orlando Azevedo, Ricardo Brito, Ricardo Ohtake, Sérgio Augusto de Andrade, Sergio Burgi, Sergio Jorge, Sivar Hoeppner, Solange Bernabó, Taisa Palhares e Vilma Slomp
41
42
GERMAN LORCA Mosaico do Tempo | 70 Anos de Fotografia ABERTURA sábado 25 de agosto de 2018 | às 11h VISITAÇÃO sábado 25 de agosto a domingo 4 de novembro de 2018 terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30] sábado, domingo e feriado 11h às 20h pisos -1 e -2 Entrada gratuita [livre para todos os públicos] /itaucultural
GERMAN LORCA Mosaico do Tempo | 70 Anos de Fotografia 43
São Paulo, 2018
44
45
Autorretrato, 1952
46
German fotografado por Geraldo de Barros, 1952
Fotógrafos, 1975
47
48
Horto, 1947
Fogo no Bonde – Revolta dos Passageiros, 1947
49
Parque Dom Pedro, 1949
50
51
Oca – Ibirapuera, 1954
52
Irmã de Caridade, 1970
Padre na Barca, 1949
53
54
Homem com Guarda-Chuva (Trópicos), 1952
Menina na Chuva, 1952 >
55
56
Mondrian, 1960 > < Apartamentos, 1951
57
Geometria das Sombras 1057, 2014
58
Chuva na Janela, 1950
59
60
Telhados, 1950
Barco no Rio Tietê – Ponte Grande, 1949
61
62
À Procura de Emprego, 1948
Malandragem, 1949
63
64
Diable au Corps, 1949
65
Fumante, 1954
66
< Nu Solarizado, 1970
Pernas, 1966
67
68
Nu Negro, 1954
69
Moda, 1960
Galinha, 1960
70
Morandi, 1970
71
72
< Menino Correndo, 1960
Anthurium, 1960
73
74
Curvas Cruzadas, 1955
75
Bailarina, 1953
76
Rio Pinheiros, 1970
Quadrado e Círculo, 2009
77
Andaime, 1970
78
Círculo de Cavalinhos, 1952
79
Aeroporto 65, 1965
80
Aeroporto 61, 1961
81
82
São Paulo Crescendo, 1965
Verdi – Anhangabaú, 1954
83
84
Largo São Francisco, 1954
Chaveiro, 1954 >
85
86
Fusca Pé de Boi – Volkswagen, 1965
Autorretrato, 1969 >
87
88
Lonas, 1984
Levitação na Piscina, 2000
89
90
Dragão do Mar, 1999
Calçada Volpi Cor, 1999 >
91
92
< Fair Warner, 1978
Vitrine, 2000
93
94
Aeroporto Fortaleza, 1999
Nu no Salão Xadrez, 1987
95
Ford Jeep Girafa, 1962
96
97
Dkw Teatro, 1960
Ford Aerowillys Praia, 1960
98
99
Fernando Lemos, 2017
100
Sérgio Andrade, 1970
Geraldo de Barros, 1960
101
102
Vilma Slomp, 2006
103
Mário Cravo Neto, 1995
104
105
< German fotografado por José Henrique Lorca, 2012
107
107
ENGLISH VERSION German Lorca: A Mosaic of Time, 70 Years of Photography
PUBLISHING STAFF editorial coordination Carlos Costa editing Amanda Rigamonti and Thiago Rosenberg editorial board Ana de Fátima Sousa, Carlos Costa, German Lorca, José Henrique Lorca, Juliano Ferreira, Lucas Baliões, Luciana Rocha, Marina Mesquita (outsourced), Rubens Fernandes Junior and Sofia Fan graphic design Guilherme Ferreira print production Lilia Góes editorial production Luciana Araripe and Victória Pimentel revision supervision Polyana Lima revision Karina Hambra and Rachel Reis (both outsourced) translation Suzana Vidigal and Marisa Shirasuna (both outsourced) ____________________________________________________ INSTITUTIONAL
108
German Lorca has successfully worked in different areas of photography and is known as a great Brazilian photographer. He witnessed the modernization of the country and captured that in images. Born in 1922, Lorca is still working and experimenting with technological advancements: although he still has his first camera, a Kodak Bullet 127 bought in the 1930s, he also takes pictures with a smartphone. The exhibition German Lorca: Mosaico do Tempo, 70 Anos de Fotografia [German Lorca: A Mosaic of Time, 70 Years of Photography] revisits different facets of his output as a photographer comprising not only artistic creations, but also advertising images - and covers important aspects of his life, such as the training of his very unique eye. It was curated by Rubens Fernandes Junior with the assistance of Jose Henrique Lorca. This catalog is a complement to the exhibition. First, it features an article authored by the curator setting out the process of curating this show and diving deeper into Lorca’s relationship with the actual image. Next, sociologist Jose de Souza Martins explores the work of the honored artist and his connection with the city of São Paulo. In addition to that, the testimonial of several personalities gathered in this catalog stresses Lorca’s importance in the history of modern photography in São Paulo. A timeline of the photographer’s career highlights remarkable events in his life and those that were key to his upbringing. Finally, on the back of the catalog, the reader will find a selection of the artist’s images. Photography has always been included in Itau Cultural’s programming and Lorca’s works have already been displayed
on the walls of the institute and its partner institutions in group exhibitions, such as the show Moderna para Sempre – Fotografia, which travelled across the country. At the age of 96 and with seven decades of a professional career, Lorca returns to the institute with this retrospective exhibition dedicated to him. Itaú Cultural _____________________________________________________ GERMAN LORCA: MOSAICO DO TEMPO, 70 ANOS DE FOTOGRAFIA [German Lorca: A Mosaic of Time, 70 Years of Photography] Rubens Fernandes Junior Conceiving an exhibition out of an enormous photographic inventory produced in the last 70 years is not an easy task. On the other hand, the challenge is to select a set of images that can translate the power of the oeuvre of renowned German Lorca, one of the few incontestable great photographers of Brazilian photography. His pictures masterly express all the experience of the modernist period and land in our days with the same freshness that bring them closer to some manifestations and procedures of contemporary art. The idea of organizing this retrospective was to abridge Lorca’s vast and fertile life experience to come up with a set of photos that would construct a coherent storyline and convey his world view. It is a huge challenge to orchestrate so many subject variables and also handle the different formats he used; however, as much as possible, some sections were designed to heighten the appreciation of his most representative photographs while also highlighting those of a more restricted circulation. In fact, our best efforts were made to organize and create smooth transitions between the sections, so as to awaken visitors to some small developments, such as coincidences, surprises, temporality shocks, and memories. In order to fulfill German Lorca’s wish, we had to overcome some dilemmas and turn this exhibition into a true declaration of love to photography. The exhibition was designed to show some elements that were part of his life and leveraged his professional career: family picture frames, award certificates, trophies, medals and tokens of appreciation are just ordinary objects deprived of uniqueness, but they are major landmarks in his career. Next to these achievements, the main cameras used in his life as a photographer are displayed in a showcase. These are the distinct pieces of information that clearly and transparently unveil our actual intention: devising a way to make the past surface be it by showing Lorca’s technical and emotional world or by filling the space with the magic of images. By avoiding a linear interpretation of his output, we chose to show
it divided into large sections that encompass his amazing array of subject matters, thus allowing a wider and more proficient comprehension of the extent of his oeuvre. This evidences German Lorca, the artist, as an intelligent and sensitive, insightful and talented man who fully developed his creativity. The sections of the exhibition add moments and subjects that were essential throughout his dynamic and busy career. We decided to highlight as his most outstanding works the ones he created during his time at the Foto Cine Clube Bandeirante club; the portraits, which demonstrate his connection to the art world; the advertising images that made history and became emblematic; the city of São Paulo, the backdrop of his most important photographs; and his authorial photography, as Lorca himself defines his non-commissioned works. Therefore, German Lorca: A Mosaic of Time, 70 Years of Photography puts thousands of pictures taken over the most long-lasting career ever achieved by a Brazilian photographer in a nutshell. In fact, no one else is known to have worked more than 70 years in this trade in our country. Mosaics are designs made from pieces – in this case, photographs – put together to build a composite picture; it is a possibility of harmonizing the combination of different photographs and photographic series to build a unit. The word mosaic comes from the Greek mouseios, which is also the root of the word music, derived from muse. Photography is German Lorca’s great muse. His adventure with photography started in the beginning of 1947, when he bought his first camera from his childhood friend Alberto Arroyo, with whom he used to play in the Bras neighborhood. At that time, Alberto was a clerk at São Paulo Photographico, a traditional store located in historic downtown for decades. The camera was a 35-mm Welta Welti, Tessar 2.8/50 lens, Carl Zeiss. The original idea was to take some portraits, shoot family trips and outings. However, it was his wife’s uncle who encouraged him to pursue more technical knowledge to improve his skills. Before that, he had taken his first memorable pictures back in 1947, such as Horto1 and Fogo nos Bondes – Revolta dos Passageiros2. At that time, the young accountant dreamed of photography and would carry the camera inside his briefcase so he could capture any unusual events. In January 1948, newsletter number 21 of Foto Cine Clube Bandeirante published a list of the new members, including, inter alia, member number 499, German Lorca, in the “novice” category. That was the beginning of his technical learning and his first forays into the photographic-image world, distant from the dilettante attitude of the early days. Shortly thereafter, he clicked with the other club members. Attentive and observant, he got along very well, either by taking part in the tours promoted by the coordination or by presenting and submitting his photographs to different panels of evaluation according to
the club schedule. Hence, rapidly and silently he was promoted to the “junior photographer” category. His goal was to engage as much as possible in order to improve his skills and fly higher. His meteoric and consistent rise required persistence and discipline. It is undeniable that in the club he had great photography training. With this intensive learning process, Lorca took a shot and soon gave up his accounting career to dedicate himself exclusively to photography. First came the weddings, then the portraits, and later the news stories in general, technical and industrial photography, and business photography. Impetuous and motivated, he set up his first studio in a building on Avenida Ipiranga. His versatility with the technique and formats gradually became recognized in the market and he increasingly received more commissioned jobs. Whether in the club or in his business routine, Lorca behaved the same way: a playful, bold, cheerful man full of the joy of living. He became closer to artists by attending the newly-founded Museu de Arte Moderna de São Paulo and made good contacts, which were key to grow his business. He also made very good use of the knowledge acquired in the club, mainly from Chico Albuquerque and Geraldo de Barros. Albuquerque taught him the importance of technical knowledge and control of the whole photographic process. The later showed him the possibilities of treating photography as a language and a form of expression. With Geraldo de Barros, he learned the solarization technique and the principles of a good composition based on the golden ratio. All those lessons were incorporated and improved to be used in the future assignments he received in his studio. The passion for photography became a part of Lorca’s daily life. He was always looking to gain more knowledge and willing to do the unexpected. Maybe that explains why his intuition and creativity turned him into one of the most requested professionals in São Paulo after the experience at Foto Cine Clube Bandeirante. So much so that he gradually left the club and in 1953 he went on to dedicate nearly one hundred percent of his time to his studio with his unusual work capacity. The photographer once admitted he always considered himself very brave and sometimes “reckless.” This statement makes it clear why he has never refused a job, however difficult it may be. He accepted complex projects as if he already had a solution for the obstacles he would have to face and overcome. This freedom to accept the most incredible challenges cleared the path for Lorca to gain great experience and become very versatile, which ultimately made him a uniquely-skilled photographer. When he developed a campaign or editorial, he was naturally able to find a startling visual situation and imprint his own mark onto it. Thanks to this permanent restlessness, even after he had left the club, he was able to continue with
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an expressive authorial output seen throughout his history with photography. Lorca establishes a distinction between these authorial works from the commissioned ones. According to him, an authorial photo is a sheer image capturing things as they allow themselves to be seen, a personal and particular manner of producing an image, without major interventions. In two sections, the exhibition covers the photo-club experience and the authorial-photography experience. They make us see the sensitive, intuitive, and rational artist Lorca became over time. He works in different universes, though the image is treated with the same expressive nature. An example is the classic image of his grandmother and his son heading towards the Oca (Oca - Ibirapuera3), in Ibirapuera park, produced in 1954 for a book about the park for the celebration of the 400th anniversary of São Paulo, for he was the event official photographer. This image transcended its specific purpose and mysteriously became powerful. It remains as a disturbing piece that excites our imagination.
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His constant desire to surprise materializes, in each one of his photographs, into the possibility of being settled in the realm of the arts. We understand that there is a sort of image convergence in his work, in which it is possible to notice a kind of ordering matrix that concurrently has the same tradition combined with the new propositions summarizing the project of photographic modernity in Brazil. Altogether, his photographs are like a capillary diffusion as if they were communicating vessels. This is why the work can be understood as a series of diverse images that interconnect, cross different times, and show themselves to be harmonious with regard to composition, the mysterious shadows, and the insinuating shapes. This is Lorca’s own aesthetics that he has always had. His applied photography – his commissioned works – is also distinctive. As Susan Sontag says, “time eventually situates most photographs, even the most amateurish ones, at the level of art.” Therefore, taking a close look at his photographic output, including the advertising photos and record covers, we see Lorca has never lost his deeply aesthetic eye. Incidentally, his composition is elaborate, detailed, and carries the image erudition developed during his time in the club. It is almost impossible to disconnect his production from his novice learning, when he had the chance to sharpen his gaze and stimulate his visual perception. Lorca is thrilled to talk about his photographs. Each one has its own story, whether as commissioned work or not. His gaze is almost always transforming: more than ever, he masters the combination of elements in the scene to translate a sensitive experience. His endless curiosity and expertise in solving problems in difficult situations means that he not only truly
assimilated the lessons and knowledge, but is also open to question them and think differently. All this vitality is explicitly shown in his photography, which is an invitation to speculation. In his São Paulo series, Lorca evidences his love for the city. Overwhelming changes brought about the appearance of a new urban landscape, but the sight of his photographs is an experience that makes us recover our living memory. The modern and vibrant city is gone. Stories are forgotten at every moment, though they remain in his photographs. German Lorca still shoots. And when we ask him why, he simply answers: “I am touched by seeing a beautiful color, a child doing this or that, the face of a woman, a cut-out beam of light, a strong shadow. All of them give me a feeling of a new existence.” He has never refused to try new technologies. After his apprenticeship in the club, he took pictures with small, medium-sized, and big cameras. More recently, he used a digital Leica to produce Geometria das Sombras4 photo-essay (2014), a playful experience that recovers the power of amazement that his photos have always caused. In 2017, he shot a new series of portraits, this time with a smartphone in his hands. Now and forever, a virtuous journey with emblematic and inspiring images, in which ideas pulse, shapes are materialized, planes are divided, and spaces become real. An artist who pursued his dreams and definitely stamped his mark on Brazilian photography history. It is precisely the modern and contemporary, timeless and universal aspects of his work that make German Lorca one of the most important figures of our photography. Fortunately we are lucky enough to coexist with an artist whose greatness and importance has already been recognized by history. ___________ The pictures are in the portfolio, on the backside of the publication, on the following pages: 1. Horto: page 48 2. Fogo nos Bondes – Revolta dos Passageiros: page 49 3. Oca - Ibirapuera: page 51 4. Geometria das Sombras: page 58
______________________________________________________ LORCA’S POST-MODERNITY Jose de Souza Martins When German Lorca’s photography is analyzed from the perspective of the theme-based groupings proposed by him, we notice it is
characterized by imaginary polysemy and peculiar modernity. All in all, it is the oeuvre of Brazilian post-modern photography.
the surface beaten by the oars of a never-ending pursuit. The pursuit now is that of profit-making out of the deep sand.
In different temporalities of the image, Lorca plunges in the soul of time, in the spirit of the period and of the scenery, unveiling feelings trapped in the faces, gestures, and the landscape. Even though his work is one of the best manifestations of our modern photography, it is deemed as such precisely because it represents a counterpoint of modernity of different periods of time intersecting. His São Paulo-inspired photography captures the modernity of spaces sheltered in niches of social times.
Replaced in literature with a more formal aesthetic style, romanticism persisted in other artistic forms as something wonderfully inherited from the ever lasting imagination of São Paulo, the city torn between the intense modernization brought about by the Semana de Arte Moderna in 1922 [Modern Art Week of 1922] and the attachment to the persistence of the beauty of other eras, of the progress without destruction. This spirit present in the photographs of German Lorca as well as in the paintings of Raphael Galvez, Rebolo, Zanini, Pennacchi, Graciano, and Rizzotti. Like Lorca, they, too, were raised in bluecollar neighborhoods and the outskirts; they were people who saw the city gradually disappear on one side while the vertical city was popping up on the other; people from the mixture of shapes typical of transitioning periods. There is a sense of ambiguity toward the city both in Lorca’s photographs and the modernists’ output. Also, there is reluctance toward the image voracity of the new and monumental urban shapes, fear of the concreteness in a modernity age without poetry. It reaches the limits of the juxtaposed verticality in São Paulo Crescendo2, from 1965, the pretty photograph of a unique and linear time that insists, though, on deconstructing itself in the confrontation of time diversity, the unequal vertical and straight line, the sameness of the mismatching shadows.
The set of photographs presented here, themed after the city of São Paulo, document the artist’s effort to imprint on his work the visual feature of the most beautiful time of Pauliceia, a period spanning from the immediate post-war and the great festivities of the 400th anniversary of the city. Recently freed from the situation of suffering, fear, and misery after World War II, the city was still a monument-city with a coffee-based economy and the city of industry as well. São Paulo was still the city of the drizzle, as it was called, the uptight city of white-collar men and elegantly dressed women, of people walking on the street dressed like hosts receiving guests in their living room. The city of an indefinite transition between the era of pedestrians and the era of crowds. Lorca appropriated the city immersed in the sad and grey beauty of the drizzle for black and white photography and took advantage of it. In some of his photographs, he portrays the romanticism typical of the end of an era, nostalgia of a city of outskirts, of the imagery that was trying to escape from the suffocating delimitations of the high rises that were already constraining the view of the paulistanos (i.e. the local people) of the urban surroundings, the landscape of the Romanticism period in literature, when the city played a “character” in several works, such as Macário, by Alvares de Azevedo. It was not by chance that fine artists from Grupo Santa Helena and others, like Raphael Galvez, sought the images in the lower lands of the Tiete river, so as to see the city from the outside in and from a distance, as a work of art and not as a cluster of buildings. One of his first and most beautiful photographs is precisely the one taken by a pond in Horto Florestal park in 1947, when he was not calling himself a photographer yet. That sprung up from the artist inside of him, who would create images before capturing them in a picture or painting. Barco no Rio Tietê – Ponte Grande1, 1949, depicts the dissolution of the bucolic Pauliceia through a boat moored alongside a sandy harbor in waters that were no longer clear. It is the lifeless nature, under a vestigial reflection of moonlight, trying to pull out from the riverbed the poetry of the Bandeiras river that was lost under
Lorca’s photographs of São Paulo is one of the last retreats of this city spirit. Not even the ceremonious, uptight manners of the paulistanos dressed in suit, tie, and hat suffocate the persistence of the old days in almost undetectable details. The passerby on his way to work in Parque Dom Pedro3, 1949, crosses the garden of persistence just like the pedestrians appear ceremonious in the rustic scene in Praça da Republica 2, 1950. No rupture breaks this patient pace of the paulistanos walking inside such persistence and memories. In the 1950s, São Paulo was still a city seen from far away. That “far away” view quickly becomes a “from high above” view, like in Santa Helena e Catedral, 1952. Distance acquires a new dimension in depth, São Paulo is set free from the premodern, horizontal, and transitive spatiality by hiding itself in the abstraction of polysemic horizons revealed by Lorca’s concerned gaze. Three pictures of the downtown area, 1954, delimited by factory buildings and blue-collar houses in the Bras neighborhood, Lorca’s nest in São Paulo, shape the affectionate frame of a farewell moment for him in that year of the city’s 400th anniversary. It was another São Paulo, the one of the Pinheiros river in 1970, a river that had its flow reversed and tamed to generate electricity. It was the city housing Masp Museu de Arte de São Paulo, the new straight-line beauty of the city, shelter of art and civilization. The time of Lorca’s photography is the one
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announcing the newness and possibilities as far as nostalgia was concerned. ___________ The pictures are in the portfolio, on the backside of the publication, on the following pages: 1. Barco no Rio Tietê – Ponte Grande: page 61 2. São Paulo Crescendo: page 82 3. Parque Dom Pedro: page 50
_______________________________________________________ OTHER VOICES ABOUT GERMAN LORCA
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“By starting from carefully-done work, his realization comes slowly but firmly. Social issues are set aside so that expression could be increasingly achieved through pure aesthetic values. Concerns over the subject and the taste for literature fade away. They are replaced with the black-and-white compositions and rhythms once the aesthetic awareness of the issues of arrangements on a surface is built. Today, the objective is not an obstacle to his work anymore, for Lorca does not depend exclusively on it to take his pictures – he finally discovered freedom within himself and deeply feels the need for creation.” Geraldo de Barros, 1952 [excerpt from the brochure of German Lorca’s first show at Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1952] “His career has been meteoric, laborious, [it is the career] of a respected and well-liked professional, who is fit to solve any problem, in or out of his studio, to the consignor’s pleasure and satisfaction. He is a realistic photographer. He is concerned with capturing what his eye discovers and examines calmly and attentively, without resorting to artificial procedures used by many colleagues to give the photo the so-called “artistic” meaning, that is, using the technique to compete with drawing and painting. Lorca belongs to the group of artists that photograph nature, things, and people as we see them as if documenting time and customs, though observed and considered with the sensibility that the realist needs to produce in the art of photography. Pietro Maria Bardi, 1978 [excerpt from an unpublished letter sent to German Lorca, 1978] “German Lorca institutes the rigor and mastery of an outstanding self-taught artist. Together with his personal photos, many of which were displayed in salons, contests etc., he embarks on a well-established professional career as a studio and advertising photographer. [...] His images confirm his flawless technical mastery combined with the aesthetics of discovery and construction of an image. Time is on his side. Wise and a
connoisseur, the history of Brazilian contemporary photography has long ago set a place for his portrait at the gallery of the great masters.” Orlando Azevedo, 1998 [excerpt from the catalog of the exhibition German Lorca Fotografia, II Bienal Internacional de Curitiba, 1998] “German Lorca was not educated to become an artist or even a photographer. For a boy raised in the working-class neighborhood of Brás, in São Paulo, he preferred to be on the safe side: he found a job in an accounting firm. He set out on photography later. He soon stood out in the most advanced field and then followed uncertain lights: modernism. [...] What led this young man to go through such a journey? His restlessness is a way of living until today; this energetic and amazing boy behaves like someone who still has everything to be accomplished. He shows an almost-childish curiosity, the enthusiasm of a sportsman, the amazement of someone in full creative process, and an entrepreneurial spirit that few photographers have shown in this trade. If, on the one hand, Lorca was able to develop advertising and industrial photography; on the other hand, he has never left authorial photograph behind. Over time, he realized that photo essays or subject matters were important. He shot hundreds and thousands of individual situations, but also developed subjects in which concept and rhetoric are valuable. Hence, he became a photographer that was attuned to the time of his laborious and long life.” Ricardo Ohtake, 1998 [excerpt from the catalog of the exhibition German Lorca Fotografia, II Bienal Internacional de Curitiba, 1998] “For many years, we have kept the image of people that, in a certain period of our lives, were what we would call a friend. Years of separation make this image fade out, or “flou” as we say in photography. Suddenly, Lorca shows up: the same guy, playful, bold, as he used to be: the same face, the same way. He is still superb in photography, hardworking, and creative, full of energy and enthusiasm. Long live Lorca!” Thomaz Farkas, 1998 [excerpt from the catalog of the exhibition German Lorca Fotografia, II Bienal Internacional de Curitiba, 1998] “With an eye like the eye of a movie-making master, some of his images make the organization of space, the light entering, the presence of shadows, and the interplay of shapes seem like a semiotic operation between sense and complexity but, above all, emotion. What makes each one of these photographs even more definitive, as we nearly approach the eventual conclusion of the huge collapse we are facing in view of this sense, or feeling, is the emotion. Everything is very cherished in photography and in this artist’s life. The mere detail on the background of an open window in that house in the Brás neighborhood, reflecting
the neighboring house across the street, gains a geometric proportion able to hold the attuning between time and space and stop us in time. This gesture, this inner and parallel thing simultaneously creates one single side that becomes sublime as if Lorca always captured the last moment of what he was seeing, the first moment bringing one century closer to another, as if everything were really a matter of an instant. This is rare as memory. Nowadays it slips away like packed water.” Diógenes Moura, 2006 [excerpt from the catalog of the exhibition Fotografia como Memória, Pinacoteca do Estado, 2006-2007] “German Lorca is a photographer in the purest modern sense of the term. The images produced by him throughout the 1950s remind us not only of another time, but mainly of another way of viewing the world, which is typical of the modernist vision. [...] The modern photography developed in Brazil in the 1950s came to fulfil the needs to update the local culture considering the impact of the post-war urban growth, the challenges of our belated industrialization and the contradictions of our modernization process. Modernists photographers took on the leading role in the construction of a developing country and found in photography a means not only to make room for the symbolic construction of such an ideal country, but also to assert a cultural identity of its own as an emergent social class. The target place for photography was the museum. The dream was to turn photography into a recognized art form for its intrinsic features. Lorca’s journey in the 1940s and 1950s was marked by this utopia.” Helouise Costa, 2006 [excerpt from the catalog of the exhibition Fotografia como Memória, Pinacoteca do Estado, 2006- 2007] “Standing in front of the photographs taken by São Pauloborn German Lorca is like experiencing a sensation of perfect happiness. When we take a more careful look at his images, we are somehow touched. That is either because of a recollection of the past ensued from the photographs that make us live it again, or the rigor and the technical quality intrinsic to his photographic style, or the pure and simple enchantment emanating from his visual poetics. [...] His photography is essentially direct and without artifice. It is presented as a vision of apparent simplicity, but in reality this is where the essential and destabilizing order rests. It is almost impossible to remain indifferent to Lorca’s images, since they assume the character of capturing an extended-time situation and acquire a kind of nobility that rise them to a diffuse subjectivity. Always enthusiastic and inventive, Lorca boldly and bravely created an oeuvre embedded with unquestionable artistic qualities, which somehow highlights a visual message of sophisticated elegance. Through his photography, we can have a better and deeper understanding of the contemporary world, for he creates images that restore
the geometry and formal rigor of the visible world that shows itself in permanent upheaval.” Rubens Fernandes Junior, 2006 [excerpt from the catalog of the exhibition Fotografia como Memória, Pinacoteca do Estado, 2006-2007] “Similar to other photographers in Brazil from earlier and later decades, Lorca is a self-taught man. This meant paying a high price for that. However, what could he do at that time in view of the non-existence of systematic learning of both theory and practice, which is the basis for methodical knowledge, the pillar for technical and aesthetic development? All the self-taught person could do was to put together disconnected pieces of knowledge accumulated over the daily working routine; seek solutions through the ‘trial and error’ method. As a natural observer and with determined spirit, Lorca believed he could face that transition based on his sparse knowledge acquired in circular and dogmatic discussions typical of the photo club setting and he faced the challenge. He was young and, for the young, challenges are minor monsters mainly because the final goal involved a major survival issue. This is what distinguished him from most part of his fellows in the Club. To them, photography was much more regarded as a pleasant leisure time and, naturally, an input for aesthetic discussions in the room. Anyway, this is the setting that provoked Lorca; the setting that awoke him to his professional challenge. [...] [Lorca] has never abandoned the idea of experimentation, the pursuit of shapes, light effects, geometric forays, uncommon shadows. His gaze was modern in and out of the room.” Boris Kossoy, 2006 [excerpt from the catalog of the exhibition Fotografia como Memória, Pinacoteca do Estado, 2006-2007] “German Lorca gives the same importance to capturing the moment, the ‘happening’, and the ‘make it happen,’ so as these moments are placed at the same level. The photographer is then free to create and to talk about his creation without being attached to issues like ‘if the photograph of an event is authentic and therefore true,’ or ‘if it is in the realm of fiction, reality, or in-between.’ [...] In 90 years of life, his journey has been filled with images, characters, and scenes. Photographs that have delighted generations. Does it happen or does it make things happen? An enigma to be solved when we view each picture taken by German Lorca.” Daniela Maura Ribeiro, 2012 [excerpt from the exhibition German Lorca Fotografias: Acontece ou Faz Acontecer, Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2012] “In the 1940s, Foto Cine Clube Bandeirante was the cradle of a group of photographers who would revolutionize photography in São Paulo in the way we see the city. The imaginary São Paulo sets itself free from the walls, moves on the streets, climbs
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buildings, goes for air and the horizon. [...] However, German Lorca is the one who gathers and gives sense to this emerging photographic modernity, because he keeps himself committed to the city as scenery and, in this sense, prizing it and giving life to it. Beyond any doubt, Lorca is the photographer who better translated the city into the photographic image, who better realized its polysemy, the poetry of its uneven times flowing in different ways before his eyes and camera. He saw what others did not see in his passionate intimacy that attaches him to São Paulo since his early days throughout his beautiful and long 90 years of life.” José de Souza Martins, 2013 [excerpt from the book A São Paulo de German Lorca (Casa da Imagem and Imprensa Oficial do Estado, 2013)]
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“One of Lorca’s distinguishing points in relation to other photographers of his generation, who also produced experimentally, is that he was one of the few who became professional. In the past, being a photographer meant having a studio and spending the days making portraits as a business, for instance. However, the trade is invigorated with the new demand stimulated by advertising in the 1950s. Versatility is, after all, one of the characteristics of the modern photographer. Lorca is the utmost example of it. Eder Chiodetto, 2013 [excerpt of the book German Lorca, organized by Eder Chiodetto (Cosac Naify, 2013)] “Somehow Lorca summarizes the modernity of his two other friends. Geraldo de Barros turned photography into a means of abstraction by breaking up with the documentation nature when he established a dialog with other visual arts and drew lines on negatives with drypoint, organized multiple exhibitions, and interfered radically in the image. Farkas transformed the city into a graphic sign by dismantling the concept of photo as a postcard. Lorca, the official photographer of the 400th anniversary of São Paulo festivities, in 1954, captured images of the metropolis and its characters in a subjective and radical way, however without losing track of its history.” Antonio Gonçalves Filho, 2015 [excerpt of the article published on O Estado de S. Paulo, June 2015] “If intuitively Lorca has always sought to unfold the beauty enclosed in the urban environment, in the life of a changing city, certainly at the FCCB he learned how to master the use of aesthetics and techniques that would allow him to translate this feeling into an image. Such aesthetic, common to the international modern photography, is defined by the final image that is not limited by its reference point. The photographer-artist is the one who intentionally reproduces the reality in an aesthetic image with its own uniqueness. Therefore, exercising sight is as important as the subsequent moment of lab experimentation, when the negatives undergo
several processes, such as solarizations, juxtapositions, crops, and contrast enhancements.” Taisa Palhares, 2016 [excerpt from Instituto Moreira Salles website]
____________________________________________________ TIMELINE (see images in Portuguese catalogue version) 1922 German Lorca is born in the capital of São Paulo, in the Brás neighborhood, where he lives until 1954. He is the third of eight children – the first boy – of a couple of Spanish immigrants, Francisco Lorca Moreno and Julia Lopes. German in 1925 | photo: Gonçalo Peinado 1934 At the age of 12, he starts to help his father in the family stationery and tobacco store, on Bresser street. 1938 He buys a Kodak Bullet 127 and captures moments with family and friends, with whom he used to swim in the Tiete river. 1940 Lorca graduates in Accounting from Liceu Acadêmico São Paulo (Lasp). 1945 Marries Maria Elisa Adelina Ferreira Lorca, in Itapuí (SP), and settles down on Almirante Barroso street, in the Brás neighborhood. Borrows a camera to take pictures of his honeymoon in São Vicente (SP) and is thrilled with the results. 1947 Encouraged by Manuel Rodrigues Ferreira, his wife’s uncle, Lorca buys a used 35-mm Welti camera, made by Welta. Uses the weekends to go out with his family and shoot pictures. In one of these outings, he shoots Horto. “One day, in 1947, passing by Figueira street, in Dom Pedro II park, I bumped into some firefighters who were trying to put out a fire in a trolley, set by a group of people protesting against the fare increase. I did not waste time: I grabbed my camera, shot, and named it Fogo no Bonde – Revolta dos Passageiros.” A frequent customer of several photo stores and labs, such as São Paulo Photographico, Kosmos Foto, and Fotóptica, he learns from some amateur photographers about the
Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) club. He becomes a member in the end of this year. 1948 Maria Helena, his daughter, is born. He meets Geraldo Barros and Luiz S. Hossaka at the FCCB, of whom he became a very close friend. He also becomes closer to Francisco Albuquerque, Thomaz Farkas, Gaspar Gasparian, Julio Agostinelli, Manuel Tavares, and Eduardo Salvatore, inter alia. “The club was attended by some professional photographers, but most of the members worked in a variety of different industries – they were engineers, lawyers, physicians, pharmacists, architects, dentists, and opticians, but above all photography lovers.” “It was a real school of photography with an active exchange of either technical or aesthetic knowledge among the members.” “Photo tours and in-house contests were promoted with diverse subjects. Sometimes the best work was sent to photography salons in Brazil and abroad.” In a tour with FCCB in São Vicente (SP), Lorca shoots Enseada São Vicente and others. In the tour to Alto da Serra, on Anchieta road, he shoots Alto da Serra. Lorca shows his photos for the first time at the 7th International Salon of Photographic Art. Organized by Galeria Prestes Maia, in São Paulo, the show gathered for display Rua Velha, À Procura de Emprego, Irmã de Caridade, Casas Velhas, and Noturno Fluvial. 1949 Ranks first at the 1st World Exhibition of Photographic Art, promoted by Sociedade Fluminense de Fotografia. Circo de Cavalinhos is nominated as the photograph of the month in the 40th FCCB newsletter. The 43rd edition, in turn, nominated Jarra e Copo. Charged with documenting the exhibition Le Corbusier, at Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), at the request of Pietro Maria Bardi, director of the institution at that time and one of Lorca’s main supporters. “I have always tried to stay updated on the exhibitions and not only the photo ones, but also of art in general. Observing the artworks was also a way of promoting artistic evolution.” Improvises a small photo lab at his home. The space is also used by Geraldo de Barros. Begins some experiments during the processes of photographic shooting, development, and enlargement, and carries out the first solarizations of his career. 1950 Becomes a member of Centro de Estudos Cinematográficos, Masp.
Creates the cover of the 50th FCCB newsletter with Le Diable au Corps – in an article published on the 56th edition of the newsletter, Aldo A. de Souza Lima mentions this photo as an example of pure composition, i.e., the one that ‘imposes by itself’ without being anchored in any preestablished concept, scheme or dogma.” With the referral of colleagues, he starts to take on professional photo assignments for companies and social events. Makes a portrait of artist Aldemir Martins. 1951 Frederico German, his son, is born. Receives the award for photographic excellence in a contest held by Camera, a German magazine dedicated to photography and cinema. Creator of the cover of the 68th FCCB newsletter with Apartamentos. 1952 Opens G. Lorca Foto Studio at the same place where his accounting office was located –downtown São Paulo –, a studio focusing on “technical, industrial, and business photography, news stories in general, children and wedding photo books.” First solo exhibition, 35 Fotografias, Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Photo of the exhibition 35 Fotografias and its brochure, with design and introduction by Geraldo de Barros, also an FCCB member. With Apartamentos, he wins the Alejandro C. del Conte Latin American Photography Contest, in Buenos Aires, Argentina. Works as a photographer for Sociedade Geográfica Brasileira – an organization inspired by the American National Geographic founded in 1948 by Manoel Rodrigues Ferreira, uncle of Lorca’s wife. 1953 His son José Henrique is born. Lorca is awarded the medals from Camera Club, Salone Internazionale della Tecnica, and Mostra Internazionale di Fotografia Artistica, both in Turin, Italy. “I did not take photos with the purpose of one day selling them as artwork. I did not even know that would be possible. I took pictures out of pleasure, to take part in exhibitions and, sometimes, contests.” Produces Flavia Gasparian’s wedding photo book. She is the daughter of Gaspar Gasparian, his colleague at FCCB. 1954 Photographic coverage for Revista do IV Centenário de São Paulo, the first printed magazine with Editora Abril photos. Takes photos of the wedding of singer Maysa and Andrea
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Matarazzo, and poet Haroldo de Campos and Carmen de Arruda. Closes down G. Lorca Foto Studio and opens up Lorca Fotógrafos studio, on Lins de Vasconcelos avenue, Jardim da Glória, the neighborhood where he begins to live. He aimed mainly at taking on more advertising photo assignments. Façade and the inside of his studio on Lins de Vasconcelos avenue 1958 Official photographer to Nelson Rockefeller, the then governor of New York, during his visit to Brazil – Rio de Janeiro and São Paulo (the capital city and the town of Matão, respectively). Nelson Rockefeller (center) with the governor of São Paulo, Jânio Quadros (right), and his successor Carvalho Pinto. 1960 Takes photos for an advertising campaign of DKW-Vemag vehicles. Takes photos of actresses Tônia Carrero, Maria Della Costa, and Bibi Ferreira, and creates the magazine advertisements for the Aero-Willys and Renault Dauphine car campaigns. 116
1961 Starts to take photos for advertising campaigns of the Jeep car brand. Receives a commendation for his colored magazine advertisement at the 9th Exhibition of Advertising & Editorial Art & Design, promoted by Art Directors Club of Greater Miami. Lorca’s work is given other awards by this organization in 1962 and 1964.
photography, Lorca does not stop taking his authorial photographs. He often shoots them during the professional photo sessions or during the breaks. An example of this is Pernas, a photo unfolding from the Pégaso stockings advertisement. Facade and the inside of the studio 1985 Receives the Colunistas award from Associação Brasileira dos Colunistas de Marketing e Propaganda for his advertising photographs of the Saab-Scania trucks. This association would grant Lorca another award in 1989, this time for the photos of the Banco do Brasil campaign. 1986 For his advertising photographs, he receives an award from Empresas de Artes Fotográficas no Estado de São Paulo trade union. 2003 Receives the Porto Seguro de Fotografia special award. Jury member of the Leica contest this year and all the following ones until 2013. Quits business photography and dedicates himself exclusively to authorial works and his photo collection. 2015 Receives the Governador do Estado de São Paulo para a Cultura award, Visual Arts category. 2016 Receives the Trip Transformadores award, granted by Editora Trip.
1962 Works on a challenging photographic production for Jeep: a giraffe should be placed in the back of a pickup truck. 1965 At the 2nd Salão de Arte Publicitária [Advertising Art Salon], he is awarded the Folha de Ouro prize, as Best Colored Advertisement, Photography category, from Folha de S.Paulo newspaper and Associação Paulista de Propaganda. Due to a burst pipe, the place where his collection of negatives was stored flooded, thus damaging his records of social events and news reports. 1966 Moves the headquarters of his studio to Gregório Serrão street. Located in the neighborhood of Vila Mariana, the new place has enough room for him to photograph cars. Although he dedicates most of his time to advertising
Sources: - Foto Cine Clube Bandeirante newsletters - German Lorca (2013), a book published by Cosac Naify, organized by Eder Chiodetto, and with timeline by Daniela Maura Ribeiro - Archives of Rubens Fernandes Junior - Archives of German Lorca All catalog photos were taken by German Lorca, except for the images on page 6, German photographed by Geraldo de Barros, and page 64, German Lorca’s portrait by José Henrique Lorca.
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PUBLISHING STAFF GERMAN LORCA: A Mosaic of Time, 70 Years of Photography EXHIBITION Conception and production Itaú Cultural Curatorship Rubens Fernandes Junior Curatorship assistant José Henrique Lorca Exhibition design Isa Gebara e Denise del Giglio (assistant) Accessibility design Arteinclusão ITAÚ CULTURAL STAFF President Milú Villela Chief executive officer Eduardo Saron Chief administrative officer Sérgio M. Miyazaki DEPT. OF VISUAL ARTS Management Sofia Fan Coordination Juliano Ferreira Executive production Lucas Baliões, Luciana Rocha, and Marina Mesquita (outsourced) DEPT. OF AUDIOVISUAL SERVICES AND LITERATURE Management Claudiney Ferreira Audiovisual content coordination Kety Fernandes Nassar Audiovisual production Ana Paula Fiorotto and Julia Sottili Editing Karina Fogaça DEPT. OF EDUCATION AND RELATIONSHIP Management Valéria Toloi Educational service and training coordination Samara Ferreira Team Amanda Freitas, Caroline Faro, Edinho dos Santos, Edson Bismark, Elissa Sanitá (intern), Lívia Moraes (intern), Lucas Cardoso (intern), Luisa Saavedra, Maria Luisa Ramirez, Monique Rocha dos Santos (intern), Raphael Giannini, Roberta Suzi (intern), Sidnei Junior, Tayná Santiago (intern), Thiago Borazanian, Victor Soriano, Vinícius Magnun, and Vitor Luz DEPT. OF EVENT PRODUCTIONS Management Gilberto Labor Coordination Vinícius Ramos Production Agenor Neto, Carmen Fajardo, Érica Pedrosa, Gislene Mendes (outsourced), Natiely Souza dos Santos (intern), Thayna Casasola (outsourced), and Wanderley Bispo
DEPT. OF COMMUNICATION AND RELATIONSHIP Management Ana de Fátima Sousa Content coordination Carlos Costa Content production and editing Amanda Rigamonti and Thiago Rosenberg Social networks Jullyanna Salles and Renato Corch Revision supervision Polyana Lima Text revision Karina Hambra and Rachel Reis (both outsourced) Graphic design and visual communication Guilherme Ferreira Editorial production Luciana Araripe and Victória Pimentel ACKNOWLEDGEMENTS Angelo Pastorello, Antonio Gonçalves Filho, Bibi Ferreira, Boris Kossoy, Carla and Carlos Amaury, Christian Cravo, Copyrights Consultoria Ltda., Daniela Maura Ribeiro, Diógenes Moura, Eder Chiodetto, Edilamar Galvão, Eugenia Esmeralda, Fabiana and Lenora de Barros, Fábio Magalhães, Fausto Chermont, Fernando Lemos, Fundação Pierre Verger, Galeria Pierre Verger, Helouise Costa, Instituto Bardi, Instituto Mário Cravo Neto, Instituto Moreira Salles, Ivan Campos, Jô Soares, João Farkas, José de Souza Martins, Juan Esteves, Kiko Farkas, Lais Wollner, Leonardo Thiré, Lucilia and Lineu Peinado, Luis Eduardo Salvatore, Manuk Poladian, Mariana Pabst Martins, Monica Costa, Museu da Fotografia Cidade de Curitiba (MFCC), Museu de Arte de São Paulo (Masp), Omar Khoury, Orlando Azevedo, Ricardo Brito, Ricardo Ohtake, Sérgio Augusto de Andrade, Sergio Burgi, Sergio Jorge, Sivar Hoeppner, Solange Bernabó, Taisa Palhares and Vilma Slomp
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GERMAN LORCA A Mosaic of Time, 70 Years of Photography OPENING Saturday, August 25, 2018 | 11:00 a.m. VISITING HOURS Saturday, August 25, 2018, through Sunday, November 4, 2018 Tuesday through Friday, from 9:00 a.m. – 8:00 p.m. [visitors may stay until 8:30 p.m.] Saturday, Sunday, and holidays, from 11 a.m. – 8:00 p.m. 1st and 2nd basement levels Free admission [No age restrictions]
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Centro de Memória, Documentação e Referência Itaú Cultural | Itaú Cultural German Lorca: mosaico do tempo: 70 anos de fotografia / organização Itaú Cultural. - São Paulo : Itaú Cultural, 2018. 104 p. : il. ; 20x24 cm ISBN 978-85-7979-109-3 1. German Lorca, 1922-. 2. Fotografia. 3. Publicidade. 4. Foto Cine Clube Bandeirante. 5. Retratos. 6. Exposição de arte – catálogo I. Instituto Itaú Cultural. II. Título. CDD 778.92
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