EDITORIAL Para sempre fotografia
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Expediente Coordenação: Renata Victor Edição: Carolina Monteiro Coordenação Editorial: Julianna Torezani Diagramação: Candeeiro Audiovisual Textos: Amanda Oliveira, Amanda Pietra, Betânia Corrêa de Araújo, Carolina Monteiro, Filipe Falcão, Germana Soares, Julianna Torezanni, Paulo Souza, Rafaela Bôaviagem, Rafael Lemos, Renata Victor, Suann Medeiros, Yuri Lemos. Ensaios: Alexandre Torres, Amanda Oliveira, Amanda Pietra, Américo Nunes, Anderson Freire, Luciana Dantas, Guilherme Freire, Renata Victor, Suann Medeiros. Fotos da capa e contra-capa: Ana Farache
Neste 19 de agosto, Dia Mundial da Fotografia, lançamos a 9ª edição da Unicaphoto para presentear os apaixonados pela fotografia e destacar, com o Prêmio Alcir Lacerda, os profissionais que atuam ou contribuíram com a fotografia pernambucana. Este ano, os homenageados são a fotógrafa e jornalista Ana Farache e o artista plástico Luiz (Lula) Cardoso Ayres (in memoriam). A Unicaphoto passa a contar com a preciosa participação da arquiteta e artista plástica Betânia Corrêa de Araújo, na coluna “Acervo Museu da Cidade do Recife”. Já o ex-aluno da graduação e pós-graduação de Fotografia da Unicap, Paulo Souza, participa da edição na coluna “O que estou fazendo?”. As professoras Carolina Monteiro e Julianna Torezani trazem matéria sobre o mercado de trabalho e as possibilidades para novos formatos profissionais. A revista apresenta ainda ensaios produzidos em julho por alunos da professora Flora Assumpção, no curso de extensão da Unicap “Ensaios Fotográficos Enquanto Narrativa Visual”. A Universidade Católica de Pernambuco teve, no último dia 11 de agosto, a aula inaugural da segunda turma da especialização “As Narrativas Contemporâneas da Fotografia e do Audiovisual”, com a professora e crítica fotográfica Simonetta Persichetti. Por acreditar na fotografia como instrumento de inclusão social, a Unicap criou o curso Ganhando Asas Através da Comunicação e da Arte, voltado para jovens com Síndrome de Down e portadores de alguma deficiência intelectual. E, pelo terceiro ano consecutivo, alunos do curso de fotografia da Unicap tiveram trabalhos selecionados para a edição regional Nordeste do Intercom. Rendendo prêmios nas categorias videoclipe e fotonovela. Entre lutas e conquistas, só temos a agradecer. Em especial às professoras Carolina Monteiro e Julianna Torezani, além dos diagramadores Augusto Cataldi e Aline Cunha.
A UnicaPhoto é uma publicação semestral do Curso Superior de Tecnologia em Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco. (ISSN 2357 8793) 02
Renata Victor
Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Fotografia da Unicap
Foto: Renata Victor
Até a próxima edição! Boa leitura!
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sumario
aconteceu Entrevista
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o que estou fazendo?
Ex-aluno Paulo Souza conta sobre seu trabalho após a conclusão do curso
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Uma casa de ideias
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coluna
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analisando
42 criatividade e mercado fotografia digital abre espaço para novas tecnologias 46 fotojornalismo e o avanço do tempo
Direito Autoral e Direito à Imagem
reportagem
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Unicap com time de peso no Intercom
fotossintese
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travessia 32 caleidoscópio urbano 50 Identidade de cores 60 Isso não é nada 66 Paivuca 76 Câmera de bolso
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coluna Acervo do Museu da Cidade 15
ensaio
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Entrevista
Unicaphoto entrevista Ana Farache
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Encarte
resultado das produções do curso de extensão de produção de ensaios fotográficos enquanto narrativa. 04
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2017.1
ACONTECEU
junho
MARCO •
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Aulas práticas da disciplina de Processos Foto gráficos e Anatomia com a professora Renata Victor; Bate papo com a jornalista Cristiana Dias Ex-aluna Karina Moraes, lança Exposição Fotográfica “Olhares entre Mundos” Palestra com o fotógrafo Carlos Viera
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abril
Alunos do 1º módulo, visitam Museu da Cidade do Recife Lançamentos da 8º edição da Revista Unicaphoto, do livro do prof.º Filipe Falcão e entrega do prêmio do Concurso de Carnaval 2017 Palestra com a fotógrafa Inês Campelo Palestra com o fotógrafo e ex-aluno Alfeu Tavares Palestra com Pedro Severien Renato Menezes ministra palestra sobre preservação de fotografia
julho • •
maio • • • • • • • • • • • 06
2º Gincana do Saber Fotográfico Alunos da Unicap participam do aulão de teatro Alunos de fotografia da Unicap visitam Fundaj Oficina de Pinhole e Light Painting no Católica In Palestra com Dr. Miguel Lopez Palestra sobre fotografia de moda com Higor Nunes Palestra sobre fotografia em gastronomia com Rafael Medeiros Palestra sobre inclusão com Leonardo Gontijo e Dudu do Cavaco Saída fotográfica Vestibular Unicap 2017.2 – Vagas para portadores de diploma e trasferência XX Semana de Estudos Linguísticos e Literários da UNICAP
Apresentação dos alunos no Intercom 2017 Curso de Extensão Curso de Fotografia no Expocom e Intercom Jr. 2017 Especialização ” As Narrativas Contemporâneas da Fotografia e do Audiovisual” Mostra de audiovisual com projeção de fotos e vídeos Palestra com a fotógrafa Maíra Erlich Projeção e confraternização do Curso de Fotografia em parceria com Aducap
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“Curso de Curadoria Fotográfica, Novos Critérios para um discurso atual.- Ano III” Alunos de Fotografia e Jornalismo trazem prêmio do Intercom Nordeste 2017 Colação de grau Curso de extensão “Ensaio Fotográfico En quanto a Narrativa Visual”, com Flora Romanelli Curso de Extensão para jovens com Síndro me de Down e Deficiência Intelectual Prêmio Cristina Tavares 2017 tem como finalistas aluno e ex-aluno do Curso de Fotografia Unicap Projeto “ADOTE UM FOTÓGRAFO” com os alunos Josh Gomes, Hadassa Mendonça, Bruno Queiroz e Júnior Silva Vestibular Portas Abertas Unicap 2017.1
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entrevista
Uma casa de ideias fotográficas
Texto e fotos por Filipe Falcão
A dupla de fotógrafos pernambucanos Miva Filho e Juliana Leitão tinha em comum a paixão pela fotografia e o desejo de ir além das imposições do mercado de trabalho. Desta inquietude surgiu o Coletivo Casa de Máquinas, um espaço para pensar a fotografia de forma autoral, debater a produção de imagens e os novos caminhos da fotografia. Filipe Falcão: Vamos começar falando um pouco sobre as trajetórias profissionais de vocês. Como e quando vocês se envolveram com fotografia? Miva Filho: Comecei a fotografar ainda criança. Aprendi com meu pai por volta dos 12 anos. No colégio fotografava algumas festas, viagens e pequenos eventos para vender aos amigos. Antes da faculdade cheguei fotografar para empresas como freelancer. Fiz faculdade de Jornalismo na UNICAP e no meio do curso fui estagiar na Folha de Pernambuco e fiquei por lá alguns anos. Hoje estou trabalhando como fotografo para o Governo do Estado e dou aula de fotografia. E claro, também faço parte do Coletivo Casa de Máquinas. Juliana Leitão: Trabalho com fotografia desde 2003. Eu fiz um curso de fotografia para iniciantes no Museu da Imagem e do Som de Pernambuco. No curso de Jornalismo da UNICAP consegui ser monitora de Fotografia e em 2003 comecei a estagiar no Diario de Pernambuco. Considero o estágio minha primeira experiência com o mercado de trabalho na área de fotografia. FF: Como vocês se imaginavam profissionalmente quando eram estudantes de Jornalismo? MV: Planejei entrar para algum jornal com o objetivo de ganhar experiência e depois disso trabalhar com meus projetos pessoais. Nunca me imaginei como professor, mas hoje é difícil me imaginar sem dar aula. JL: Eu descobri a fotografia no período da faculdade e imaginava que seria repórter fotográfico a vida toda. Passei oito anos atuando nesse mercado que realmente me fascinava. Depois que entrei no mestrado, comecei a querer experimentar outras possibilidades como a fotografia dentro da pesquisa e a docência. FF: O mercado para quem quer trabalhar em fotografia é melhor hoje ou quando vocês se formaram doze anos atrás? MV: O mercado não muda tanto. Eu vejo muito fotografo reclamando e dizendo que antigamente era melhor e tal. Houve um tempo onde o fazer fotográfico era mais bem remunerado sim, mas essa época 08
passou já fazem muitas décadas. Eu nem havia nascido e esse tempo já havia passado. Da minha época de formando para hoje testemunhei o inicio do processo de digitalização e isto modificou a forma de fazer/produzir a imagem e naturalmente também o consumo de imagens mudou. Isto trouxe mais gente fotografando e interessada em fotografia. Mercado é mercado e sempre tem espaço. Muita gente fotografa, mas o numero de fotógrafos com técnica e capacidade de construir algo interessante isso não muda tanto. O que mudou não foi necessariamente o mercado, mas a forma de ser percebido nele. JL: Acredito que hoje é mais fácil mostrar o trabalho. Não é necessário mais levar o portfólio impresso para os editores. No entanto tem mais gente querendo ser fotógrafo/a quase como uma moda. Na época que eu comecei a atividade de fotógrafo era um pouco o “primo pobre” da Comunicação e não tinha tanta gente assim que queria se dedicar a isso. A diferença é que quem queria, queria mesmo, investia, estudava, trabalhava muito para mostrar o que tinha de potencial. FF: Como foi que a Casa de Máquinas surgiu na vida de vocês? MV: O projeto surgiu cerca de dez anos, bem antes de inauguração em 2015. Eu queria um lugar para fomentar, expor, produzir, discutir e ensinar fotografia. Muito fotógrafos acabam abrindo um estúdio e/ou um escritório. Eu queria mais do que isso. Queria um lugar para debater a produção de imagens, os novos caminhos da fotografia. E claro seria um lugar no qual eu pudesse trabalhar meus projetos pessoais e expressar minha própria linguagem. Esse projeto da Casa de Máquinas ficou em stand by por muito tempo, até que fui convidado por Juliana Leitão e André Ferreira para montarmos um curso de fotografia. Apresentei a proposta da Casa de Máquinas e eles toparam. Hoje, Juliana e eu tocamos a Casa e André seguiu com outros projetos dele. E tem sido algo ótimo. Em pouco tempo consegui ampliar minhas redes dentro da fotografia, ampliar meu conhecimento e realizar projetos dentro da Casa. JL: Eu tinha o sonho de trabalhar com fotografia a partir de cursos, oficinas e projetos. Eu tinha saído do jornal em 2011 e sentia falta de produzir e ter com quem conversar sobre foto. E encontrei pessoas que tinham o mesmo sonho. Miva tinha o sonho do lugar, de uma casa e aí juntamos nossos interesses profissionais. Eu estava fazendo Doutorado Sanduíche em Barcelona quando ele procurava a casa, localizada na rua José de Holanda, 295, Torre, e começou a obra de restauro do que hoje é a sede da Casa de Máquinas. Hoje ela é o centro dos nossos projetos. É um lugar de trabalho, mas é um lugar de afeto também, trabalhamos com amigos/as, com pessoas que admiramos. É a chance que temos de escolher os projetos. FF: Inicialmente seria um espaço majoritariamente para realização de cursos, certo? Mas hoje em dia vocês atuam em outras vertentes com projetos aprovados pelo Funcultura. Como se deu este processo? MV: Pensamos inicialmente em cursos por uma questão de facilidade, mas nunca foi nossa ideia abrir uma escola ou algo assim. O planejamento da casa era iniciar com cursos, para tentarmos nos firmar no mercado, aparecer como instituição. Imaginamos que demoraríamos muito para conseguir ser aprovados nos editais. Mas para surpresa conseguimos aprovar projetos desde a primeira tentativa. O que acabou deixando a Casa bastante ocupada e nos fez deixar os cursos um pouco de lado, mesmo com tanta procura. JL: O Funcultura era uma vontade desde o início. Não sabíamos que iríamos aprovar tão bem como fizemos. Então se transformou em uma das atividades principais que realizamos como Casa de Máquinas. Mudou um pouco nosso foco, mas era algo que pensávamos lá no começo. A Casa de Máquinas paga as suas contas? Caso não, qual a importância dela na sua realização como fotógrafa? MV: A Casa de Máquinas ainda não paga minhas contas, infelizmente, mas esta caminhando para isto. Seria muito bom poder me dedicar apenas à Casa. Poderíamos fazer muito mais coisas dessa forma. Mas por este motivo, por ter que me dedicar a outro empregos acabamos sem conseguir fazer 09
coluna ainda mais projetos com a Casa. Mas estamos caminhando bem e isto acaba sendo nossa principal motivação de que estamos no caminho certo. JL: A Casa de Máquinas se paga, não nos sustenta. Mas muito mais importante é que ela nos abre portas para desenvolver projetos e realizar sonhos. Eu sou professora pública federal, e mesmo antes disso, eu sempre trabalhei em diferentes empresas, assim como Miva. A Casa gera dinheiro, mas é dinheiro que escolhemos usar para investir em novos projetos da própria Casa. A minha realização como fotógrafa acontece por meio da Casa de Máquinas, porque nela consigo fotografar e desenvolver projetos que não conseguiria nos trabalhos formais, por assim dizer. FF: Como o estudante de fotografia deve se preparar para este mercado? MV: O estudante deve primeiro entender que se ele quer apenas apertar um botão ele terá toda a população que tem um celular no bolso como concorrente. O fotografo tem que entender que a construção narrativa é o que vai separar o fotógrafo do apertador de botão. Pensar fora da caixinha parece clichê, mas funciona na fotografia. O clássico é sempre bem vindo, mas precisa de autenticidade. E lembrar que quem não acompanha as evoluções técnicas estará muito provavelmente fadado às margens do mercado. JL: Os estudantes de fotografia não conhecem muito de fotografia. Eles precisam ver muita foto, conhecer os autores, entender de linguagem, nunca se limitar ao que podem ver no mercado de trabalho cotidiano local. FF: Qual conselho você pode deixar para quem tem interesse de trabalhando de fotografia? MV: Além de toda a resposta anterior eu diria que se expresse. A fotografia é uma linguagem extremamente pessoal, mas lembre-se que as pessoas precisam acessar as informações que você quer expressar. A fotografia precisa se justificar nela mesma, sem ninguém ao lado explicando o contexto ou a ideia. JL: Acredito que persistência. Primeiro tem que produzir trabalhos bons, ensaios completos, histórias que falem de algo com profundidade porque portfólio é importante. Depois vem a formação com cursos livres, leituras de portfólio, espaços de debate e por fim, ir atrás, fazer seleção, mostrar o trabalho às pessoas que acreditam que pode se interessar e para isso é necessário conhecer o mercado.
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DIREITO AUTORAL E DIREITO À IMAGEM
REGISTRO DE OBRAS FOTOGRÁFICAS
rubricadas, sem encadernação e preferencialmente impressa em papel A4). Se a solicitação de Registro for feita via procurador, deve estar acompanhada da Procuração original (com firma reconhecida). No caso pessoa física, além destes documentos deve ter a cópia do RG e CPF. Para pessoa jurídica é necessário cópia do Contrato/Estatuto Social, do CNPJ e da Ata de Constituição e/ou Assembleia; Cópia do RG e CPF do autor; Cópia de contrato de Cessão de Direitos Patrimoniais.
Onde fazer o registro? Podem ser feitos na sede do EDA no Rio de Janeiro, podem ser enviados pelos Correios (Av. Presidente Vargas, 3131, sala 702, Por Julianna Nascimento Torezani¹ Cidade Nova, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20210-911) e podem ser feitos na Biblioteca Pública do Estado Lei de Direito Autoral (Lei n. 9610/1998) indica de Pernambuco (Rua João Lira, s/nº, Bairro Santo no Artigo 18 que “a proteção aos direitos de que Amaro, Recife, Telefone 81-3181-2649). trata está Lei independe de registro”, pois quando as obras são criadas elas já são protegidas. No entanto, Quanto custa o registro? Para o pagamento, preencha no Artigo 19 aponta que se o autor quiser ou tiver e imprima a GRU no site: www.bn.br/eda ou www.stn. a necessidade de registar a sua obra deve fazer em fazenda.gov.br . Os campos a serem preenchidos na um órgão público definido no Artigo 17 da Lei nº GRU são: Código de Recolhimento, 28830-6; Nome 5.988/1973: “Para segurança de seus direitos, o autor do Pagante; CPF ou CNPJ; UG: Fundação Biblioteca da obra intelectual poderá registrá-la, conforme sua Nacional - Código: 344042/34209; Valor conforme natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola de Música, a Tabela. Na impossibilidade de gerar o boleto de na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do pagamento dirija-se a qualquer agência do Banco do Rio de Janeiro, no Instituto Nacional do Cinema, ou Brasil e efetue o depósito bancário informando os no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e dados de acordo com o site. Agronomia”. Isso pode ocorrer em casos de festivais, mostras e premiações ou por vontade própria do COM REGISTRO PROCURAÇÃO PESSOA PESSOA E/OU CATEGORIA autor da imagem. E/OU CESSÃO JURÍDICA FÍSICA
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AVERBAÇÃO
DE DIREITOS
Desta forma, a Fundação Biblioteca Nacional, através Preto e Registro de R$ 30,00 R$ 50,00 R$ 50,00 do Escritório de Direitos Autorais (EDA), organizou Branco desenho, todo o processo de solicitação de registro de obras personagem e/ou intelectuais, lembrando que não é obrigatório, mas imagem(ns) R$ 50,00 R$ 80,00 R$ 80,00 Colorido meramente declaratório no sentido da autoria. O registro serve para reconhecimento do autor, endossar os direitos morais e patrimoniais e estabelecer prazos O tempo para conclusão do pedido é de 180 dias de proteção. Assim, o EDA recebe o “depósito legal” quando o autor recebe pelos Correios uma certidão das obras registradas, contribuindo para guardar e de registro. Mais informações: https://www.bn.gov.br/ difundir a produção intelectual brasileira. servicos/direitos-autorais. Dúvidas: eda@bn.gov.br. O que é necessário para o registro? Formulário de Requerimento de Registro presente no site da Fundação Biblioteca Nacional; Cópia do comprovante de residência; Comprovante original de pagamento do Guia de Recolhimento da União (GRU) ou comprovante de depósito; Uma via da obra intelectual (deve ter todas as páginas numeradas e
¹Professora dos cursos de Fotografia e Jogos Digitais da UNICAP. Doutoranda em Comunicação pela UFPE. Mestre em Cultura e Turismo e Bacharel em Comunicação Social pela UESC. E-mail: juliannatorezani@yahoo.com.br.
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reportagem
Unicap participa com time de peso no maior evento íbero-americano de comunicação científica
Por Suann Medeiros Fotos: Divulgação/Csrso de Faotografia
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terra de Iracema, mais conhecida como Fortaleza, foi palco este ano de mais uma edição do Congresso Regional da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom Nordeste). O evento que aconteceu entre os dias 29 de junho a 1º de julho, no Centro Universitário Estácio do Ceará, teve como tema central “Intercom 40 anos: Memórias e histórias” e contou com a participação em peso de estudantes e professores dos cursos de Fotografia, Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). A empregabilidade, desafios e oportunidades no mercado regional e transmídia digital foram alguns dos temas abordados durante as palestras e workshops. Os participantes ainda puderam conferir a apresentação de trabalhos nas categorias Intercom Júnior e Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) que premia pesquisas experimentais produzidas por estudantes dos campos de atuação. O curso de Fotografia teve cinco trabalhos aceitos nas categorias de Videoclipe, Fotografia em movimento, Fotografia artística avulsa, Fotonovela e Produção multimídia da Expocom. Além desses, dois artigos também fizeram parte da mostra do Intercom Jr. “Travessia: Ponte Duarte Coelho”, de autoria dos alunos Amanda Oliveira e Yuri Andrade Lemos, e “Fiteiro: tudo que é bom presta”, da aluna Tsuey Lan Bizzocch, ambos orientados pela professora Carol Monteiro.
“É uma experiência incrível não só pelo evento em si mas por conhecer um novo lugar, novas pessoas e novos trabalhos. Porque você vai apresentar o seu trabalho com sua perspectiva e ideologias e, quando chega lá, se depara com outros assuntos e novas ideias que vão abrindo sua mente para uma possível abordagem e estudo no futuro. Sem contar na interação do evento em todos os momentos, inclusive na cerimônia de encerramento”, disse a aluna Amanda Oliveira. Entre as produções do curso de Fotografia, dois receberam os prêmios no Expocom como os melhores trabalhos nas categorias Videoclipe e Fotonovela, dos alunos Lucas Fernandes e Suann Medeiros, respectivamente, e que agora irão concorrer no Intercom Nacional 2017, no mês de setembro, em Curitiba. “Foi uma sensação maravilhosa participar do Expocom e acredito que foram reafirmações dos esforços que fiz e dos sonhos que já tive e tenho. Fiquei muito contente por ter vivenciado os três dias de congresso com vários amigos, que já são vitoriosos só por ter participado deste evento tão grandioso, e por trazer pra casa um prêmio com uma companheira de curso, Suann Medeiros. Pretendo me esforçar ao máximo, na etapa nacional, para elevar essa alegria que tive no regional”, relatou o aluno Lucas Fernandes vencedor na categoria videoclipe com o trabalho “Esperança”. No curso de Publicidade e Propaganda da Unicap participaram dois trabalhos no Expocom: “Não dê sinal aberto à ignorância”, na categoria Anúncio impresso, elaborado pelos os alunos Amanda Lucena, Andressa Rivas, Guilherme Souto, Igor Santos e Rodrigo Paiva, sob orientação da professora Gabriela Rocha, e “O Consumidor de Food Truck no Recife”, da aluna Iyasanã Moura Lepê, na categoria Pesquisa mercadológica, que tem como orientadora a professora Janaína Calazans. Já no curso de Jornalismo, a Unicap teve dez trabalhos selecionados para a Mostra Competitiva Expocom - dois desses premiados nas categorias de Programa laboratorial de áudio “Na trilha da voz”, realizado pelo o aluno Matheus Camarotti, e o Website “Em nome do pai, do filho e do espírito santo”, por Augusto Cataldi e Aline Cunha. O curso ainda teve artigos produzidos pelos estudantes no Programa de Iniciação Científica da Católica (Pibic) e nas disciplinas Cultura Digital, Pesquisa em Comunicação e Planejamento Gráfico e Editorial. “É um verdadeiro aprendizado. Mesmo não indo apresentar alguma produção, recomendo os alunos participarem,” compartilhou a aluna Amanda Oliveira do curso de Fotografia.
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coluna
fotossintese
ACERVO MUSEU DA CIDADE DO RECIFE
Texto e foto: Rafael Lemos
E
sta fotografia foi feita em Maragogi, no litoral de Alagoas, em janeiro de 2016. Neste dia, à tarde estava caminhando na praia com minha câmera quando me deparei com esta vista que nunca tinha visto antes e que meu olhar fotográfico tinha se aprimorado em um ano, desde que comecei a estudar Fotografia na Unicap. A fotografia está me ensinando como devo todas as coisas ao meu redor não só para eu fotografar, mas para apreciar as belezas do planeta.
O que nos leva a selecionar uma fotografia no meio de tantas ? Por Betânia Corrêa de Araújo
O
afeto, a estranheza, a acuidade técnica, a complexidade ou simplesmente a beleza? Como escolher uma imagem nos pesados álbuns com as milhares de fotografias que formam o acervo do Museu da Cidade? É tarefa para um caçador. Ë preciso entrar na floresta e se perder, sem pedrinhas, nem pistas. Página após páginas, e de repente, algo nos toca, capta o nosso olhar e imediatamente somos fisgados pela imagem.
Fotos: Severino Cardozo, 1957.
OLHAR O CÉU
As fotografias do menino desenhando nas calçadas da cidade capturaram meu olhar. Estão preservadas num mar de ruas, pontes, demolições e carnavais. Um assunto incomum, aparentemente menor. O fotógrafo, Severino Cardozo, registrou a cena em 1957, por que razão? Não há registros do local, também não sabemos se o cowboy e o cavalo fazem parte da mesma cena. É possível que sim, embora estejam coladas em álbuns bem diferentes. A cena nos remete aos grafiteiros que ocuparam os muros dos centros urbanos ou os muros de São Raimundo Nonato ou Lascaux. São registros de pinturas que não existem mais, imortalizadas pelo olhar de Severino e transformada em objetos de incontáveis narrativas. Céu na praia de Maragogi. Rafael Lemos, 2016. Betânia Corrêa de Araújo é diretora do Museu da Cidade do Recife e colunista da UNICAPHOTO.
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ensaio
Travessia Por Amanda de Oliveira e Yuri Lemos
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stas imagens são integrantes do projeto multimídia foi desenvolvido na Ponte Duarte Coelho, localizada na cidade do Recife, em Pernambuco, como experimento de exploração
das novas possibilidades da linguagem fotográfica no contexto de convergência midiática. A proposta era explorar através de diversas mídias o cotidiano da ponte, os seus usos e seus personagens. O “Projeto Travessia: Ponte Duarte Coelho” é fruto de um trabalho que envolveu levantamento bibliográfico sobre os conceitos de Convergência e de visual storytelling, seguido de uma pesquisa visual exploratória e aplicação prática na construção de uma narrativa fotográfica desenvolvida na disciplina de mídias digitais do curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco. O trabalho completo, uma viagem multimídia pela ponte que é um dos cartões postais do Recife, pode ser acessado no endereço: https://projetoduartecoelho. wixsite.com/travessia. A temática do projeto surgiu através da observação que fazíamos da movimentação da ponte quando estávamos na varanda do Edifício Duarte Coelho, localizado na esquina entre a Avenida Conde da Boa vista e a Rua da Aurora. Após a ideia ter sido definida, teríamos que decidir como faríamos para transmitir o significado de cada componente da ponte e de como transmitiríamos os seus usos através de imagem. Não queríamos que se tratasse apenas de registros documentais, queríamos mostrar a poética intrínseca existente através de uma linguagem muito mais interativa, uma linguagem que fosse compor de forma agradável e dinâmica de um website. A construção narrativa se baseou no cotidiano da ponte, nas expressões dos pedestres e usos do objeto arquitetônico. Para isso, captamos detalhadamente a expressão dos seus frequentadores. Uma das narrativas foi baseada nos passos dos pedestres durante sua passagem, o que nos leva ao nome do projeto: “Travessia”. No movimento frenético do cotidiano de uma cidade grande, passamos por milhares de pessoas por dia, cada uma com seus enfrentamos, situações, sentimentos e angústias. Mas há poesia nos passos, há uma tradução do sentimento humano. O passo mais rápido pode indicar pressa, raiva e sentimentos mais frenéticos, o mais devagar pode sugerir calma, vagarosidade ou tristeza, e se estiver acompanhado de outro passo no mesmo ritmo, pode significar conversas sérias, nostálgicas e interessantes, ou até mesmo um silêncio profundo.
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reportagem
Unicap é pioneira em curso para jovens com Síndrome de Down e Deficiência Intelectual
Por Suann Medeiros Foto:s Adelson Alves e Renata Victos
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om proposta interdisciplinar de reunir conteúdos de Fotografia, Vídeo, Jogos Digitais, Produção Publicitária, Jornalismo e Música, a Universidade Católica de Pernambuco promove entre os meses de agosto e dezembro o primeiro curso de extensão “Ganhando Asas através da Comunicação e da Arte” voltado para jovens com Síndrome de Down e Deficiência Intelectual. Ministradas pelos professores da Unicap Andrea Trigueiro, Cristiano Ferraz, Germana Soares, Filipe Falcão, Janaína Calazans, Juliana Miranda, Renata Victor e Thelma Guerra, as aulas acontecem às terças, quartas e quintas, das 08h às 12h, no Bloco A, da Unicap e têm o intuito não só de aprendizado e troca (aluno - professor) como de abrir portas do ambiente universitário para esses jovens. “O projeto é uma oportunidade única para um crescimento pessoal tanto dos alunos, quanto para nós professores. A inclusão e a possibilidade de ver o mundo por outra perspectiva é algo enriquecedor e que fará se abrir um novo mundo, com experiências em diversas áreas, ajudando no despertar de novas habilidades. Pretendemos estimular ainda mais no campo cognitivo e nos relacionamentos interpessoais a interatividade dos alunos para que vivência no mundo universitário seja ainda mais encantador. A minha disciplina abordará os aspectos cromáticos e todas as sensações resultantes das experiências visuais. A aplicação das cores nas imagens e na arte”, disse a professora Germana Soares que atuará com a disciplina de “Som, Movimento e Cor”. Além dos professores, o curso terá participação de alunos voluntários da Unicap Bertoldo Kruse Grande de Arruda Neto, Bianca Pinto Castor, Camila de Sousa Machado, El Hana Filipides, Gabriela Passos de Oliveira Melo, Júlio Cesar de Araujo, Lara Jardim Ferraz G de Araujo, Marcus Vinicius de Souza Soares, Mariana Pedrosa de Lira, Olívia Cardoso Cozendey, Shilton Alan Santos Araújo e Vinícius Botelho Gaudêncio de Melo, de duas auxiliares, Karina Medeiros e Suann Medeiros, e da psicopedagoga Flávia Ferraz “Como mediadora deste processo, estarei junto com os professores fazendo essa adaptação para que eles possam aproveitar cada vez mais as propostas oferecidas. O que mais espero é que eles desfrutem e aprendam com esse novo espaço de convivência. Pois, como qualquer aluno, eles vão
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precisar de um tempo para uma formação de grupo. E a partir disso, eles vão começar a explorar esse universo que será proposto dentro e fora da sala de aula”, explicou Flávia Ferraz. São doze jovens desenvolvendo atividades em tablets e em câmeras fotográficas, fornecidas pela empresa de geração de energia elétrica E-Brasil, parceira da Unicap juntamente com a empresa de projetos sociais Regra 3.
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o que estou fazendo?
Paulo Souza¹
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Foto: Paulo Souza/Acervo Pessoal
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erminei a graduação em Fotografia da Unicap em 2015, ingressando em seguida na Especialização As narrativas contemporâneas da fotografia e do audiovisual, da mesma instituição, cujas aulas terminaram há pouco. Ainda no início da especialização me submeti ao processo seletivo de Mestrado em Comunicação do PPGCOM-UFPE, ao qual atualmente estou vinculado. Apesar de um lastro de formação e atuação profissional na área financeira, a graduação em Fotografia da Unicap me deu condições e incentivo em pesquisar e produzir no campo audiovisual. No campo da produção, já ao longo da graduação realizei alguns projetos documentais, alguns ainda em andamento, participei de diversas exposições coletivas e finalizei meu primeiro curta metragem “Pombal 350”, como projeto de conclusão da disciplina de Captura de Vídeo em HDSLR. O filme circulou em diversos festivais no Brasil e no exterior, tendo recebido prêmio de melhor ficção audiovisual no 29º SET Universitário e o Júri Popular no 8º CineCongo. Na especialização realizei um segundo filme, “Viveiro Sombrio”, também produto de uma disciplina, baseado na narrativa “Pássaro Transparente” do escritor pernambucano Osman Lins. “Viveiro Sombrio”, finalizado em 2017, teve até agora uma breve carreira, sendo exibido em Pernambuco e no Ceará. Atualmente estou em processo de realização de outros dois curtas metragens, “Cidade Linda”, uma discussão sobre as políticas de higienização da cidade de São Paulo promovidas pela gestão do prefeito João Dória, e “Kuleshov”, uma ficção policial que discute os efeitos da montagem e os limites entre o real e o ficcional. No campo da pesquisa, a Unicap proporcionou acesso ao grupo de estudos em Fotografia, proposto pela Professora Julianna Torezani, e eventos como palestras e o FotoVídeo. No mestrado tenho me dedicado a estudar os efeitos do real no cinema, com uma abordagem específica sobre os falsos documentários de horror, também conhecidos como found footage. Ao longo dos últimos meses tenho ministrado oficinas e palestras sobre fotografia e apresentado artigos acadêmicos relacionados principalmente ao estudo do cinema.
¹Paulo Souza é fotógrafo formado pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e mestrando em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
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reportagem
Dicas
A fotografia: entre documento e arte contemporânea por André Rouilé Por Julianna Nascimento Torezani
A Exposição questiona problemas sociais através da imagem Por Germana Soares Foto: Éder Chiodeto
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or vezes é necessário surpreender e utilizar de instrumentos muitas vezes inusitados para trazer à tona debates de cunho sociológico. É quando a arte rompe o aspecto do belo e traz mensagens questionadoras e críticas, quando se tornar instrumento de reflexão, algo que vai além de ser “apenas” observado. Com esse propósito maior surge “Voragem”, exposição coletiva idealizada pelo curador Eder Chiodetto, aberta ao público na galeria Amparo 60 Califórnia. O título remete à ideia de redemoinhos de água que levam para o fundo tudo que estiver ao seu redor, aos ciclos que vivemos na história da humanidade. A mostra traz para o debate a temática dos marginalizados, dos esquecidos pela sociedade, daqueles que se tentam ocultar. “O nome vem justamente desses ciclos de movimentos à direita, à esquerda, instantes de maior liberdade civil e tolerância racial, religiosa, comportamental e outros momentos que levam parte dessas conquistas para trás sob a sombra do obscurantismo”, explica Chiodetto. Participam da exposição 10 grandes artistas, sendo eles os pernambucanos: Barbara Wagner, Benjamin de Burca, Gilvan Barreto, José Paulo, Lourival Cuquinha, Paulo Bruscky e Isabela Stampanoni que compõem casting da galeria,
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além de três convidados: André Hauck, Ivan Grilo e Jonathas de Andrade. Em suas obras foram utilizados diversos suportes como: fotografia, audiovisual, esculturas e instalações. O start para a concepção da exposição se deu através do trabalho “Post Cards from Brasil” de Gilvan Barreto, vencedor do prêmio Pierre Verger. Gilvan se apropria de imagens da Embratur, órgão criado para desenvolver o turismo brasileiro, fazendo recortes nas imagens para representar o vazio deixado pelos corpos desaparecidos das vítimas do regime militar durante o período de ditadura. Observando esse aspecto, o curador buscou diversos artistas cujos trabalhos colaborassem para esse debate social político. A ideia é fazer o visitante se questionar sobre vários aspectos que “É um projeto que fala muito do Brasil atual. O cruzamento dessas obras mostra como o apagamento das parcelas menos assistidas da sociedade continua acontecendo até hoje”, pontua Eder. A exposição ocorre até o dia 03 de setembro de 2017, na Galeria Amparo 60 Califórnia - Rua Artur Muniz, 82, Edf. Califórnia, Salas 13 e 14, Boa Viagem - de terça a sexta-feira, das 10h às 19h, e, aos sábados, das 11h às 17h, com entrada gratuita.
fotografia encontra-se em um momento de profunda discussão entre seu caráter documental do real e a possibilidade de expressão criativa que a linguagem permite. Neste sentido, encontra-se em crise teórica que opera entre a produção que existiu durante a sociedade industrial, no momento em que era distribuída em suporte tangível, e a forma de circulação de imagens no período atual da sociedade pós-industrial, caracterizada pela informação. O livro do professor da Universidade de Paris VII e diretor do site de arte contemporânea Paris-art, André Rouillé, trata destas questões de maneira profunda. O livro originalmente lançado na França em 2005, tem a tradução brasileira em 2009 pela Editora Senac São Paulo, inicia discutindo sobre a mudança que a fotografia passou de elemento útil e prático para objeto cultural e artístico. Para Rouillé (2009, p. 15), “substitui-se o uso prático do dispositivo pela tensão sensível e consciente prestada às imagens. Mudaram as práticas e as produções, os lugares e os circuitos de difusão, bem como as formas, os valores, os usos e os autores”. A obra é dividida em três grandes partes. A primeira é intitulada “Entre documento e expressão” que coloca em perspectiva o papel da fotografia em sua história, inicialmente como elemento documental e, depois, já no final do século XX, como expressão. O regime documental entra em crise quando não atende mais à necessidade da sociedade da informação, observando dois aspectos que propiciaram tal mudança, por um lado a demanda social que coloca a imagem fotográfica como vetor identitário dos indivíduos e, por outro lado,
a questão tecnológica que permite ampliar a potencialidade de registro e a circulação das imagens. “Através da ‘fotografia-expressão’, outras posturas, outros usos, outras formas, outros procedimentos, outros territórios, até então marginalizados ou proibidos, emergem ou desenvolvem-se” (ROUILLÉ, 2009, p. 28). Na segunda parte, chamada “Entre documento e arte”, o historiador da fotografia reflete sobre a discussão se a fotografia é arte. De acordo com Rouillé (2009, p. 234), “em vez de decretar uma antinomia essencial, ou uma improvável harmonia, entre a fotografia e a arte em geral, estabeleceremos que as práticas fotográficas – que, de uma maneira ou de outra, têm uma parte atrelada à noção de arte – oscilam entre duas posições distintas: de um lado, a arte dos fotógrafos; do outro, a fotografia dos artistas”. A arte dos fotógrafos apresenta as experiências criadas a partir do século XIX ao tentar produzir imagens com diferentes substâncias químicas e distintos tempos de exposição à luz. Com isso, surgem movimentos e processos como a Calotipia (imagem feita em papel impregnado de prata), o Pictorialismo (que une a fotografia com elementos da pintura) e a Nova Objetividade (movimento da fotografia direta sem a intervenção artística). A fotografia dos artistas tem por objetivo não reproduzir o visível, mas tornar visível os objetos e as situações. A terceira e última parte, “A arte-fotografia”, indica que nos anos 1980 houve uma aliança entre a concepção artística e o uso da linguagem fotográfica. Segundo Rouillé (2009, p. 335) “a arte-fotografia rompe radicalmente com todas as práticas artísticas anteriores, para apoiar-se no emprego – assumido, plenamente dominado, e muitas vezes exclusivo – da fotografia, enquanto confere à fotografia um status original de material artístico”. Como exemplos, existe o diário fotográfico de Nan Goldin, os autorretratos de Cindy Sherman e as grandes obras de Andreas Gursky A ampla reflexão que Rouillé faz sobre a fotografia encanta e desafia a olhar a produção de imagens de modo atento, numa leitura que tenta descobrir as intencionalidades e as pluralidades que cada pessoa imprime ao capturar luz e fazer um discurso visual através do seu modo de ver a realidade. 31
ensaio
Caleidoscópio urbano Por Renata Victor
O
crescimento desordenado do espaço urbano, com a sua verticalização, o trânsito caótico, a poluição, a supressão das áreas verdes, é um desafio para um desenvolvimento sustentável. Tais quais as imagens formadas pelos caleidoscópios, esses problemas se repetem por todo o mundo e é preciso estarmos atentos para uma necessária mudança de paradigma.
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Mercado da fotografia: Criatividade, Carreira e Planejamento
Por Julianna Nascimento Torezani
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uitas pessoas que atuam no campo da fotografia devem estar atentas a uma série de questões quando optam por se dedicar para direcionamento de suas carreiras. Neste sentido, é necessário sonhar e se organizar para realizar o sonho de transformar a sua linguagem fotográfica em um negócio. Para isso é necessário pesquisa, planejamento, criatividade e conhecimentos de gestão e de empreendedorismo. O professor Fernando Dolabella (2008, p. 18) no livro O Segredo de Luísa afirma que “ao agir em busca de concretizar o sonho, o indivíduo é dominado por forte emoção e liberta o empreendedor que existe dentro dele, tornando dinâmicas algumas características presentes em todos nós: protagonismo, perseverança, criatividade, liderança etc. O que faz um empreendedor é um conjunto de atitudes e comportamentos que o predispõem a ser criativo, a identificar a oportunidade, a saber agarrá-la. E a encontrar e gerenciar os recursos necessários para transformar a oportunidade em um negócio lucrativo”. Assim, o profissional da fotografia deve dominar suas tendências com sua marca pessoal. No livro do SENAC (2004, p. 132), Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho, é indicado que “o ideal é que o fotógrafo reconheça as próprias habilidades e limitações. Isso, sem dúvida, vai ajudá-lo a se aprimorar e a encontrar um lugar no mercado de trabalho”. Lembrando que o mercado está em constantes mudanças, como exemplos o fato de jornais impressos terem quadros limitados de fotojornalistas e a necessidade de criar novas oportunidades no mercado, visto que a empregabilidade se encontra reduzida,
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é preciso empreender na área de criação de imagens. Assim, o empreendedor deve analisar as tendências, estudar o setor de atuação, fixar e atingir as metas criadas para atingir o sucesso desejado. Entre as várias etapas de criação do empreendimento três perguntas iniciais podem ajudar a reflexão acerca do ambiente empresarial: Qual é a ideia do negócio? Quem iria comprar elementos desse negócio? Quais são os concorrentes que existem neste tipo de negócio? Vale a pena observar a trajetória empresarial do Instagram. A empresa foi criada pelo norte americana Kevin Systrom e o brasileiro Mike Krieger em 6 de outubro de 2010 (quando ocorreu a publicação da primeira imagem). Em três meses de mercado, o aplicativo já era usado por 1 milhão de pessoas; em abril de 2012 foi comprado pela empresa Facebook por 1 bilhão de dólares; em junho de 2013 foi lançado o suporte para vídeos de 15 segundos; em abril de 2017 chegou a 700 milhões de usuários ativos. A cada momento a rede integra novas possibilidades de publicação de imagens, bem como de expor inúmeros anúncios das empresas que utilizam como espaço comercial. O jornalista Filipe Vilicic (2015, p. 17) conta no livro O clique de 1 bilhão de dólares: a incrível história do brasileiro Mike Krieger, fundador do Instagram que “ao ser adquirido pelo Facebook por 1 bilhão de dólares, o Instagram bateu um recorde até mesmo diante dos valores exagerados da indústria da tecnologia. Mike e Kevin conseguiram tal fortuna por um negócio que nunca deu lucro. Cada dia de existência do Instagram custou em torno de 2 milhões de dólares ao Facebook. [...] Michel, que levou seus 100 milhões de dólares [...], recebeu o equivalente a 185 mil dólares por cada dia dedicado à sua criação”.
Deste modo, seja criativo e pense diferente. Analise a viabilidade técnica, mercadológica e financeira do seu negócio e crie uma empresa com um diferencial. Visto que o mercado quer novidade e ao analisar e perceber as tendências, o fotógrafo pode tentar antecipar os desejos dos consumidores, entender o que o mercado quer, criar o produto certo para o público certo e obter uma vantagem competitiva. Ao definir o público que se pretende atingir deve saber detalhadamente sobre seu comportamento, seus desejos e suas necessidades. O investimento em estratégias de marketing é importante para fazer a conexão entre a sua empresa e os clientes. Observando o contexto atual é importante estar atento aos períodos de crise que, ao mesmo tempo que trazem problemas, trazem também uma necessidade de adaptação, flexibilidade, mudanças e atualizações. No livro Administração de Marketing de Philip Kotler e Kevin Keller (2006, p. 4), “marketing é um processo social pelo qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que necessitam e desejam por meio da criação, da oferta e da livre troca de produtos e serviços de valor com outros”. Mas para uma empresa obter sucesso em sua atividade requer criatividade e planejamento de seus criadores. O mercado de trabalho visa sempre profissionais qualificados e especialistas. Em alguns casos, com isso, o fotógrafo deve utilizar a formação educacional como um fator estratégico buscando habilidades e competências de acordo com o que pretende atuar. No direcionamento da sua carreira deve traçar metas, elaborar cuidadosamente seus objetivos, buscar atualização constante naquele que deseja trabalhar, obter experiências diversas, explorar nichos de mercado e elaborar um Plano de Negócios (site do SEBRAE) que servirá como base para organização da sua atividade, atento às questões de captação de clientes e apresentação de imagens pela Internet. Lembre-se que o Plano de Negócios é um instrumento dinâmico e deve ser revisado e atualizado sempre que necessário. Dicas de Marketing Pessoal: • Mantenha um ótimo relacionamento com o cliente, que envolve compromisso e responsabilidade. • Saiba ouvir o que o cliente quer. • Proponha novas ideias de acordo com a proposta do cliente. • Indique referências e apresente um portfólio bonito e organizado. • Prepare seu cartão de visita. • Responda as perguntas abaixo analisando sua vida pessoal e profissional tendo em vista que os itens tem analogia com o Plano de Negócios: • Missão: Para que você existe? • Visão: Onde você quer chegar? • Valores: Quais são as suas bases? • Pontos fortes: Em que você é muito bom? • Pontos fracos: O que você precisa melhorar? • Oportunidades: O que você deve aproveitar? • Ameaças: O que pode te impedir de aproveitar as oportunidades? • Produto: O que você pode oferecer ao mercado? • Preço: Quanto você vale no mercado? • Ponto: Qual é o seu posicionamento? • Promoção: Quem sabe sobre você e seus pontos fortes? Para iniciar uma carreira em fotografia é necessário... • Elaborar um Modelo de Negócios (veja no site do SEBRAE). • Fazer corretos investimentos no início da carreira, comprando equipamentos que são neces sários para os trabalho s que vai realizar a curto e médio prazo. • Ficar atento as novas tecnologias e criar perfis nas redes sociais, sobretudo Instagram e Facebook. • Elaborar um excelente site para mostrar os trabalhos realizados. • Criar exposições individuais e participar de exposições coletivas. • Pesquisar o mercado e público alvo para saber o máximo de informações possíveis. • Criar um banco de dados dos clientes, dos fornecedores e dos concorrentes. • Buscar atualização constante através de cursos tecnológicos e especializados em fotografia. • Ter cuidado com as questões jurídicas referentes ao direito autoral e ao direito à imagem. • Ser ético em todas as etapas de elaboração e desenvolvimento do seu negócio. 43
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Por Carolina Monteiro Arte: Design free/Freepik
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primeira vista, o mercado para quem trabalha com fotografia parece bem definido. O profissional de fotografia é aquele que vai se ocupar do registro de imagens para diversos fins, que podem a cobertura de eventos jornalísticos, sociais (casamentos, aniversários etc) ou para usos em campanhas publicitárias, lançamentos de produtos, catálogos de moda etc. Foi assim por mais de cem anos, desde a invenção da fotografia, em meados do século 19, até o final do século 20. A partir do século 21, no entanto, a revolução digital operou transformações profundas em todos os aspectos da nossa vida – pessoal e profissional - e não seria diferente com o campo da fotografia. Com o surgimento das câmeras DSLR, os equipamentos passaram a capacitar o profissional a oferecer em seu portfólio de serviços também a captura de imagens em movimento e este assumiu a função que antes era desempenhada por cinegrafistas ou vídeomakers. Com a evolução dos equipamentos para HDSRL, então, esta convergência entre fotografia e vídeo tornou-se ainda mais viável e, hoje, muitos dos profissionais que começaram a carreira registrando fotografias estáticas estão trabalhando também com produtos em vídeo e outras linguagens. É o caso do fotógrafo Tato Rocha. “Entrei no curso de fotografia da Unicap em 2011 e, nessa época, já curtia fazer vídeos. Nunca separei muito fotografia de vídeo e quando fiz o vestibular para fotografia na Católica também fiz pra cinema na UFPE. Então trabalhar com vídeo foi um caminho bem natural pra mim”, conta. Tato começou a carreira como editor de vídeo no Diario de Pernambuco e hoje é analista de marketing audiovisual e visual storyteller na In Loco, uma startup pernambucana de tecnologia, "onde sou responsável por estruturar toda a área de audiovisual, seja planejando, executando ou pesquisando os melhores formatos de vídeo pra cada público e plataforma”, explica. Para Tato, o desafio para os fotógrafos é parecido com o de outras áreas de chamada Economia Criativa: manter-se relevante em um mercado onde a barreira de entrada é cada vez menor e qualquer pessoa pode ter uma câmera e se dizer fotógrafo. O fotógrafo ainda comenta que para conseguir esta relevância, é preciso se reciclar constantemente. “Gasto ao menos 30% de todo meu tempo buscando referências, estudando e vendo muitos vídeos e fotos. Precisamos estar prontos pra atender à necessidade do cliente. Seja fazendo um vídeo institucional épico, uma live pra Facebook com várias câmeras simultâneas, um ensaio pessoal pro Instagram ou uma pauta jornalística. O trabalho do fotógrafo não é apenas fotografar, mas se comunicar através das imagens”, ensina.
A ampliação do mercado para fotógrafos é uma das consequências da transição da fotografia analógica para a digital, um dos exemplos de “tecnologia disruptiva”, termo criado pelo professor da Universidade de Harvard Clayton Christensen, que se inspirou no conceito de “destruição criativa” cunhado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter, em 1939, para ilustrar o surgimento de um produto ou serviço que cria um novo mercado e desestabiliza os concorrentes que antes o dominavam. O termo “disruptura” vem do latim e significa “romper”, “despedaçar”. No artigo Disruptive Technologies: Catching the Wave, de 1995, Christensen chama de tecnologias disruptivas essas inovações que geralmente apresentam algo mais simples, mais barato do que o que já existe ou algo capaz de atender um público que antes não tinha acesso ao mercado. Em seguida, ao perceber que não são as tecnologias em si que provocam mudanças mas o uso que se faz delas, no livro The Innovator’s Dilemma, ele trocou o termo para “inovação disruptiva” mas manteve as características do conceito que se aplicam perfeitamente ao campo da fotografia. Gigantes do mercado analógico, como a Kodak, por exemplo, hoje respondem por fatias magras do mercado, e fazer fotografia hoje é certamente mais simples, barato e acessível do que anteriormente. Entre os novos formatos, ou pelo menos entre as novas nomenclaturas para o ato de contar histórias através das imagens, está a storytelling visual, modalidade definida por David Campbell no artigo Visual Storytelling in the Age of Post-Industrialist Journalism (2013). Para ele, a revolução digital tem sido definida como a emergência da “multimídia” mas basta sobrepor as histórias da fotografia e do cinema que é possível perceber que as fronteiras entre a imagem estática e a imagem em movimento são fluídas desde o início. Hoje, estamos vendo um novo espaço da mídia e nas comunidades de prática em torno do conceito de “visual storytelling.” Fotojornalismo, videojornalismo, documentário, cinema e narrativas interativas interagem não para criar um novo gênero visual mas para combinar suas respectivas forças em uma reportagem orientada à imagem, em vários formatos e disponível em múltiplas plataformas. Neste sentido, é preciso pensar na atuação profissional do fotógrafo no sentido de explorar linguagens cada vez mais dinâmicas, novos formatos e uma possibilidade de passar informações cada vez mais completas através das imagens. Foto: André Nery
Fotografia Digital abre possibilidades para novos formatos e práticas profissionais
que se ocupam da produção, curadoria, gerenciamento ou distribuição de imagens em para construção de narrativas a serviço do jornalismo, da publicidade, do marketing ou da expressão artística, por exemplo.
Atividades como as de Tato são agora comuns para fotógrafos de todo o mundo. Muito mais do que dominar apenas a técnica, a estética ou a linguagem fotógrafica, os profissionais vem ganhando espaço em funções 44
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O Fotojornalismo hoje e a busca por um lugar ao sol Por Filipe Falcão
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impossível pensar no século XX sem os registros feitos por fotojornalistas. As duas Grandes Guerras Mundiais, com destaque para a segunda, conflitos em vários países, fome, miséria, vida selvagem, natureza, novidades da ciência e da tecnologia, além de inúmeros ensaios fotográficos. O fotojornalista pode ser reconhecido como um profissional moldado pelo desafio diário de capturar a realidade e gerar uma transcrição direta dos acontecimentos. Trata-se de uma atividade singular que usa a fotografia como um veículo de observação, de informação e de análise da vida humana e dos seus acontecimentos.
Foto: Henri Cartier Bresson
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Foto: Paolo Pellegrin
Com quatro décadas de experiência profissional, Donald R. Winslow é fotojornalista e editor da revista e do portal da National Press Photographers As sociation’s News Photographer. No começo do ano, Winslow deu uma polêmica entrevista para o jornal norte-americano The New York Times. A publicação apresentava um cenário pessimista para o fotojornalismo. De acordo com Winslow, a atividade vem sendo prejudicada pela chamada crise do jornalismo com veículos fechando suas portas e equipes cada vez mais reduzidas. Um cenário real que não pode ser ignorado. No entanto, a entrevista de Winslow pode ser compreendida através de duas possíveis leituras. Por um lado, é inegável pensar como o advento da internet realmente tem fechado a porta de muitas redações e, com isso, deixado um grande número de profissionais desempregados. E, claro, esta realidade inclui fotógrafos. De acordo com o Portal Comunique-se, um total de 11 veículos de comunicação fecharam as portas no Brasil apenas em 2016. Sem contar a quantidade de jornais que diminuíram o número de páginas. No meio deste vendaval, sobra menos emprego de carteira assinada para fotógrafos em jornais.
Ao seguir este pensamento, é possível que o fotojornalista tenha muito mais chance de mostrar o seu trabalho hoje do que na era dos negativos. Para uma rápida reflexão, antes era necessário ampliar o portfólio e ir de porta em porta expondo o trabalho na tentativa de conseguir algum emprego. Hoje é possível ter uma grande vitrine através das próprias facilidades tecnológicas. O portfólio ainda é necessário? Claro que sim, mas o ele pode ser enviado em formato de link por email para veículos locais, nacionais e internacionais.
Foto: Herbert List Foto: Robert Capa
Uma segunda leitura nos permite lançar um desafio para trocar a palavra crise no jornalismo, e naturalmente também no fotojornalismo, por transformação. Este processo não é nada fácil e não vem com manual de instrução. É óbvio perceber que o futuro do jornalismo é o eletrônico. Dentro deste vislumbre, como é possível para o fotojornalista tentar ganhar espaço e conquistar reconhecimento? Talvez, de forma simples, pensar como a ideia de “emplacar” a foto na capa do jornal possa na verdade dar lugar a conquistar este espaço, mas na capa do portal de notícias ou até mesmo nas redes sociais.
Aliás, a existência de portais também se mostra um importante meio de exibir o trabalho do fotógrafo. Se os jornais estão fechando as portas, isto não significa que a produção de notícias esteja indo pelo mesmo caminho. Um estudo publicado no ano passado pelo Digital News Report, e que foi divulgado pela Reuters, comparando o consumo internacional de conteúdo de notícias afirmou que o Brasil, por exemplo, está na frente de países como Estados Unidos e Espanha no consumo de notícias via redes sociais como o WhatsApp. Sem importar o meio, notícias devem vir acompanhadas de fotos. E, no caso do ambiente virtual, ainda existe o benefício do espaço uma vez que é possível se publicar quantas fotos forem possíveis e caberem em uma galeria. No entanto, é claro que no meio deste novo cenário torna-se importante verificar a qualidade do portal ou blog antes de enviar o trabalho. Ao mesmo tempo, com o advento da tecnologia, surge também uma quantidade cada vez maior de pessoas não preparadas e que apenas acham que fotografar é somente apertar o botão da câmera diante de um acontecimento. Para se destacar no meio de uma concorrência muitas vezes desleal, o futuro fotojornalista deve ter em mente alguns pontos importantes e que ajudaram muitos profissionais que começaram com câmeras analógicas. Podemos destacar aqui alguns, como planejar bem o seu trabalho antes de ir para a pauta, ter domínio do seu equipamento e conhecimento da linguagem fotográfica. Mas talvez a principal dica seja ter um olhar atento e saber observar o mundo ao seu redor. Nunca se sabe de onde vai vir a próxima pauta mas estar atento pode ajudar bastante na hora de dar o clique certo. Seja com uma câmera analógica ou com uma HDSLR.
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reportagem
Unicap inicia segunda turma da especialização “As Narrativas Contemporâneas da Fotografia e do Audiovisual” Texto: Suann Medeiros Fotos: Adelson Alves e Renata Victor
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ada vez mais os profissionais da comunicação precisam se aprimorar no campo da cultura visual. Pensando nisso e percebendo a grande procura nesta área, a Universidade Católica de Pernambuco lançou no último dia 11 de agosto deste ano mais uma turma da especialização “As Narrativas Contemporâneas da Fotografia e do Audiovisual”, com a aula inaugural da Profª Dra. Simonetta Persichetti do primeiro módulo Fotografia: Crítica e Curadoria. Por meio da linguagem, da técnica, de novas tecnologias e da pesquisa acadêmica, durante 15 meses, os alunos cursarão disciplinas de Direção de Fotografia, Edição de Vídeo e Finalização, Gêneros do Audiovisual, História e Estética da Fotografia e do Audiovisual, Literatura, Fotografia e Audiovisual, Metodologia da Pesquisa, Narrativas Poéticas e Contemporâneas da Fotografia, Processos Criativos e Gestão de Projetos em Fotografia e Audiovisual e Produção do Audiovisual. “Estamos muito felizes com a segunda turma da Especialização porque, antes de tudo, acreditamos no quanto esse curso beneficia esses alunos. Vendo a produção dos que acabaram de concluir a primeira turma, percebemos que temos muito a contribuir não só para a questão acadêmica, mas também para o mercado de trabalho. E a grande novidade é que aprimoramos algumas disciplinas, a grade conta com novos professores e fizemos alguns ajustes baseados nas observações da primeira turma”, pontuou a coordenadora Renata Victor. Assim como na primeira turma, a pós-graduação trouxe profissionais ligados à comunicação que já trabalham na área e desejam aprofundar mais os conhecimentos, além de ex-alunos da Unicap. “Minhas expectativas são as melhores possíveis. A graduação que fiz aqui na casa em fotografia foi excelente e vejo essa especialização como uma oportunidade de voltar à universidade obtendo mais conhecimentos práticos e teóricos. Conhecendo a maneira de coordenação da professora Renata Victor, só posso acreditar que a pós-graduação será tão boa quanto a graduação. Será uma continuação dos meus estudos”, comentou o fotógrafo Rautemberg Nóbrega que acabou de concluir o Curso Tecnológico em Fotografia na Unicap. Além de Persichetti, o corpo docente é formado pelos mestres e doutores Amanda Mansur, Catarina Andrade, Cristiana Dias, Filipe Falcão, Flora Assumpção, Julianna Torezani, Marcelo Pedroso e Carolina Monteiro.
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ensaio
Identidade de Cores Texto e fotos por Amanda Pietra
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projeto Identidade de Cores surgiu de uma inquietação acerca do existir como mulher. Em cada cor uma sequência de imagens vai moldando o projeto, dando evidência a assuntos pouco masturbados pela sociedade. Rosa-Bulimia Vomitar. O que mais retrata uma mulher se não os padrões de feminilidade impostos? Além de tudo o que nos fazem engolir, diariamente socar em nossa boca, exigem que nós nos prostremos em dor. O primeiro ensaio veio com o tema Bulimia, retratando não só a patologia em si. A cor rosa tem da ironia do delicado em meio ao eufemismo do vomitar, traz na sequência o sentido de lidar com os padrões estabelecidos, danificar o próprio corpo em função dele, regurgitar o engasgado. É um ciclo, começa com comida e termina em comida, a banana traz o sentido de sociedade fálica. Azul-Racismo O azul, cor primária, é trazido para o ensaio como metáfora sobre a sociedade. Ele escorre por um corpo negro, cobrindo todo e qualquer espaço que evidenciasse o marrom da pele, na intenção de fazer homogêneo aquele corpo agora sem identidade. É a morena, mulata... sexualizada e embranquecida, para se adequar. O azul foi escolhido por pertencer a classe primária e ser o único, dentre amarelo e vermelho, que ao misturar com preto não gera o marrom. Dessa forma, não há espaço para o preto em sua cultura elitista e racista. Vermelho-Menstruação Nós não menstruamos apenas pela buceta, transbordamos por todo o corpo. O ensaio traz no nome - claro, explicito e tantas vezes dito com vergonha - “Menstruação”. Em crítica ao enaltecimento do gozo, líquido branco, faz-se nulo a menstruação como parte da sexualidade feminina, trata-se do líquido vermelho como sujo. É a mulher em ciclo com a lua. Como uma cobra, se desfaz da pele para se renovar. Como um cálice, trasborda quando cheio. Como uma hemorragia, torna-se imortal. A extração através da dor comporta em nossas vivências um corpo que se expande.
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entrevista
Unicaphoto entrevista a jornalista e fotógrafa Ana Farache
Fotos: Renata Victor e Ana Farache
Unicaphoto: Quem é Ana Farache? Ana Farache: Me chamo Ana Farache, mas muitos me chamam de Aninha Farache. Sou carioca e recifense de coração desde sete anos de idade. Tenho formação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco, e durante muito tempo desenvolvi trabalhos em diversos jornais, como Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio, Diário da Noite, IstoÉ, Jornal da Cidade, além de emissoras de televisão como a Globo. Na verdade, me considero uma pessoa que ama a natureza, o jardim, meus animais e sou bastante ligada à minha família e aos amigos. Atualmente, trabalho na coordenação de Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). E, antes de tudo, digo que sou filha de Teresinha Farache - minha mãe que já faleceu. Meu amor pelas artes e pela fotografia, acredito, começou por ela. Desde pequena sempre vi muitos livros belos nessas áreas nas estantes lá de casa - porque minha mãe foi a primeira, se não uma das primeiras, livreira a importar livros relacionados à Fotografia para o Recife. Então, sou fruto dela e por abraçar o comportamento e o amor pelas imagens. Como se deu a sua ligação com a fotografia? Começou bem cedo, na época de criança. Ver fotografias era um ritual. Minha avó guardava em cima do guarda-roupa uma caixa cheia de imagens da família e sempre contava histórias de cada fotografia que retirava. Isso mexia muito comigo. Foi nesta caixa também que vi as fotografias coloridas à mão e comecei a gostar e tentar fazer igual. Ou seja, é uma coisa que vem de longe. Comecei a manusear e trabalhar, de fato, com a fotografia quando acabei os estudos em Jornalismo e fui morar em Olinda. Nos anos 70 quem trabalhava com fotografia em Olinda era imediatamente laboratorista. Comprei minha primeira câmera nesta época e montei meu laboratório. Desde esse tempo a fotografia só era completa se eu também fizesse a manipulação dos filmes. Trabalhei com Xirumba Amorim, Chiquinho e tantas outras pessoas que passavam por Olinda. Nós trocávamos ideias e passávamos a noite nos laboratórios... era uma festa. O Recife era bem munido de lojas que vendiam equipamentos, laboratórios e ampliadores. Não era nada difícil. Não precisava buscar fora. Tinha tudo por lá. E a gente sempre estava criando eventos e exposições de forma bem amadora mesmo. Como eu circulava muito entre teatros e fazia também aulas, acabou que fotografei bastante esse lado do palco: peças e músicos. Hoje estou resgatando meu acervo e percebo que há muito imagens da época da essência Olinda. Só depois de fotografar para amigos é que iniciei trabalhos mais fotojornalísticos. Apesar disso, minha ligação com a fotografia foi muito lúdica e sem depender muito dela para viver. Quais as suas referências no âmbito? Quando comecei a fotografar nos anos 70, minhas referências eram muito locais, meus amigos. Lembro bem de Tadeu no Bambu que eu achava perfeito e quase fui trabalhar com ele na Manchete. Mas quando a gente começa a fotografar, vem logo a ânsia de estudar sobre os grande fotógrafos. Então me apaixonei pelas primeiras fotógrafas, como Julia Margaret Cameron. Mas eu sempre tive uma “queda” 56
pelos fotógrafos que “pegam” o clima - até mesmo da natureza - e transformam isso em uma poética, emoção, como Josef Sudek e Jan Saudek que fazem um trabalho muito forte e coloridos à mão. Sempre que viajo tento ver as exposições fotográficas que estão acontecendo no momento. Mas sinto que não tenho um fotógrafo referência. Acho que minha inspiração vem na poética que descubro em cada fotógrafo que estudo. Gosto muito também do trabalho de Sebastião Salgado. Teve uma época que fiz fotografias no sertão e só depois que vim estudar Salgado e na hora senti uma empatia. E até hoje acho o trabalho dele irretocável. Mas falando de fotógrafo pernambucano, me lembro muito de Alcir Lacerda. As imagens deles me tocam muito. Conte um pouco sobre sua experiência na academia. Depois de trabalhar bastante em quase todas as áreas do Jornalismo, menos no rádio, e também na parte empresarial, decidi fazer meu mestrado em Fotojornalismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para entender melhor o porquê que certas imagens tão factuais nos tocavam tão profundamente. Então fiz minha pesquisa a partir de uma fotografia muito famosa publicada na revista Veja sobre o atentado na Rússia. E essa imagem me tocou de um jeito que eu tive que ligar para minha filha e compartilhar aquele sentimento. Acabei fazendo vários artigos porque ela ressalta muito a estética no fotojornalismo - algo que até então não era estudado muito. Fiquei muito feliz com o resultado e resolvi emendar com o doutorado, onde perguntei “mas como eu tenho essa experiência? o que preciso? olhar demais para a foto? contemplá-la? o que é contemplação nesse contemporâneo onde a gente vê mil imagens em um segundo?”. Com isso, resolvi fazer meu doutorado sobre a Contemplação da Fotografia no Contemporâneo. E quando fui chegando ao final do meu doutorado, inclusive fiz meus estudos com os meus alunos, comecei a lecionar no Curso de Tecnologia em Fotografia pela Unicap. Ensinar foi um grande aprendizado, não só para os alunos, como para mim mesmo. Estudei demais, pois não tenho boa memória. Foi um tempo muito prazeroso. Mas outros trabalhos foram surgindo e ideias também, como o Festival Brasil Stop Motion - originado na minha época de professora na Unicap - que hoje chega a sua sexta edição. Como você enxerga a transição da fotografia estática para a fotografia em movimento, o audiovisual? Não consigo muito separar uma da outra. Não sei se é meu olhar ou minha maneira de encarar. Mas quando estou vendo filmes, estou vendo fotos paradas. A gente trabalha muito com o still da fotografia quando vai divulgar os filmes. Então o cinema, aquela imagem em movimento, inicia sempre (para mim) da parada. Está totalmente ligada. Não vejo diferença. Comenta um pouco dos seus livros… Durante muito tempo, cedi minhas fotografias feitas no teatro, de personalidades, de momentos importantes para pessoas que faziam pesquisas e pediam para fazer acervo ou até mesmo homenagens. Só que, de um tempo para cá, a demanda foi aumentando e fui vendo que meu acervo estava sendo mostrado separadamente. Precisava ter um conjunto. Então, resolvi colocá-las em livros. O primeiro foi o livro 57
“Fotografias Coloridas à Mão”. Como o título já diz, são imagens em preto e branco e coloridas à mão com aquarela líquida que sempre tive muito carinho por remeter minha infância, minha família. No segundo momento, resolvi fazer uma obra sobre o tempo do Vivencial - grupo de teatro nascido em meio à opressão da Ditadura Militar e sob a influência do Tropicalismo – que foi um verdadeiro marco para Pernambuco. Via as imagens todas espalhadas e a vontade de mostrar alguns momentos peculiares juntos foi falando mais alto. O livro “Vivencial: imagens do afeto em tempos de ousadia” foi bem trabalhoso por ter muitos negativos para escolher e digitalizar e que tive a honra de ter Renata Victor como curadora. Porém, sinto que o Vivencial, aquele grupo tão lindo, está guardado, está no livro, virou obra. E, agora, estou elaborando outro sobre portas e janelas dos arruados do Recife. Como foi a transição da fotografia analógica para a digital para você? Foi muito difícil. Eu nem sei se já consegui, na verdade. Sempre fotografei, revelei e ampliei minhas imagens. Nunca gostei que ninguém fizesse isso por mim. Só que foi surgindo o lance da fotografia digital. Até hoje eu acho que não consigo dominar uma câmera digital como eu dominava minhas câmeras analógicas Pentax, Nikon e Leica. Hoje em dia tenho uma digital 5D, mas confesso que durante minhas últimas viagens só realizo fotografias de celular mesmo. Por ser bem portátil e não chamar tanta atenção nos lugares que costumo viajar. Ou seja, está sendo difícil entender que mudou. Mas, ao mesmo tempo, fico feliz por ter muitos negativos digitalizados. Hoje em dia, acabei investimento em um celular com boa qualidade de imagem que considero bem mais minha nova câmera do que um aparelho telefônico. Se fosse para definir minha transição, diria que foi do analógico para o celular. Como se sente recebendo o prêmio Alcir Lacerda? As imagens de Alcir me emocionam muito e receber esse prêmio é de uma alegria que não tem tamanho. Conheci Alcir, de conviver mesmo, dos anos 2000 para cá. Trabalhávamos juntos e fazíamos exposições para o governo na época. Na época que eu tinha uma empresa de comunicação, lá no Recife Antigo, ele me visitava e passávamos a tarde conversando sobre de tudo um pouco. Teve um dia que fiquei muito emocionada. Ele me chamou para ir à Torre Malakof para visitar a exposição dele que tinha acabado de ser montada. E, durante o passeio, ele disse “escolha uma imagem para você”, isso para mim foi de uma beleza, carinho, generosidade que não se encontra facilmente nas pessoas. Ele é uma grande referência como fotógrafo e pessoa que era e ainda é para muita gente.
Fotos: Ana Farache
Fotos: Ana Farache
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Isso não é nada Por Amanda Oliveira
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projeto “Isso não é nada” foi desenvolvido pela aluna Amanda de Oliveira na cadeira de Linguagem fotográfica II, ministrada pelo professor João Guilherme Peixoto no módulo de fotografia autoral. “Isso não é nada” é um projeto fotográfico que consiste em mostrar os pequenos prazeres de moradores de rua do centro do Recife, prazeres que diante de tanto sofrimento e falta de amparo, transformam o dia dessas pessoas. Algo como a dança, um cigarro ou um doce, pra nós pode não significar nada, mas para essas pessoas, cada coisa dessas tem um gostinho da vida.
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PAIVUCA Por Suann Medeiros para: meu super herói meu papai noel meu companheiro de peripécias meu carnaval para: meu pai meu rei do baião meu sertanejo com sina de lutador esperteza de um menino dureza de homem sensibilidade de uma flor e na veia um sonhador para: meu Paivuca da sua filha: Suann Medeiros ---
O ensaio “Paivuca” foi produzido durante a disciplina de Curadoria e Montagem de Portfólio, ministrada pela professora Germana Soares, do Curso Superior Tecnológico de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco. A proposta era produzir um ensaio de tema livre e elaborar ao final um fotolivro aplicando os ensinamentos exibidos em sala de aula, como a edição de imagens e a produção textual de curadoria
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Câmera de bolso Texto: Rafaela Bôaviagem Fotos: Anderson Freire
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iepce, em 1826, fez o primeiro registro em imagem da história através de uma câmera escura. A partir daí muitos pesquisadores da época, como Daguerre e Talbot, decidiram estudar esse processo que passaram a chamar Processo Fotográfico. Em 1879, George Eastman patenteou a primeira câmera fotográfica com filme flexível, o que permitiu a comercialização e divulgação da fotografia. Com a evolução do processo fotográfico, houve também a melhora da qualidade das câmeras fotográficas e com tudo o pensamento de torná-lo mais prático. Mas a praticidade e a redução do custo na fotografia foram alcançadas na década de 1990, com o surgimento da fotografia digital e, logo em seguida, da união de câmeras fotográficas aos aparelhos celulares. Atualmente parece que, pelo menos para os profissionais, a praticidade na locomoção com seus equipamentos não está tão próxima. Para a maioria deles, para uma boa fotografia é necessário levar consigo sua câmera (cada vez mais pesada), suas lentes, seus flashs e seus outros acessórios ditos necessários para realizar uma boa foto. O que não parece verdade para Anderson Freire, fotógrafo há oito anos e estudante do curso de fotografia da UNICAP. Por nem sempre está disposto a carregar tantos equipamentos e sendo inspirado por Ivan Alecrin, colega de profissão, que uma vez o disse: “Não é a caneta que escreve o livro”, decidiu se desafiar e criou o projeto “Câmera de Bolso”. Criado há três anos, o projeto tem como objetivo mostrar que é possível produzir lindas fotos com uma simples “Câmera de Bolso”. Amante da fotografia e com seu olhar apaixonado pela simplicidade da vida, através da lente de seu celular Anderson faz registros de seu cotidiano e dos lugares por onde passa.
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encarte Este encarte é uma seleção e reedição -adequada à revista UnicaPhoto, 9a Edição, 2017- de ensaios produzidos por alguns alunos do curso de extensão ‘Ensaio Fotográfico enquanto Narrativa Visual’, ministrado pela professora e artista visual Flora Assumpção, durante o mês de julho de 2017 na UNICAP (Universidade Católica de Pernambuco). Mais informações do curso: http://www.unicap.br/universidade/pages/?p=1412 http://www.unicap.br/assecom1/curso-de-extensao-em-fotografia-e-realizado-na-unicap/
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