INTRODUÇÃO A fotografia nos últimos anos vem ocupando espaço mais significativo no rol das pesquisas históricas.1 Ela, que outrora era utilizada como um elemento meramente ilustrativo, tem ganhando um status de fonte de primeira grandeza por diversos historiadores, que a consideram como suporte iconográfico e iconológico, passível de comunicação extrínseca e intrínseca.2 Com a abertura do leque de temas e objetos trabalhados pela Nova História, muito dos seus êxitos não teriam sido possíveis caso as pesquisas limitassem-se às fontes tradicionais, a exemplo dos documentos oficiais produzidos pelas administrações públicas de cidades. Por isso o uso das imagens fotográficas tem sido de grande utilidade para os estudos históricos correspondentes aos períodos posteriores a sua descoberta. Para fazer uso da fotografia nos estudos históricos, o pesquisador deve levar em consideração as enormes possibilidades de utilização deste rico material iconográfico. Os estudos de História Social e Cultural têm demonstrado que a fotografia pode ser tanto uma fonte importante quanto objeto de pesquisa. No caso específico dos estudos urbanos da Era pós-industrial, a fotografia ocupa um papel significativo, haja vista a quantidade de fotógrafos que atuou e produziu imagens sobre as urbes. O fotógrafo é um espectador privilegiado da cidade, e como tal, produtor de impressões visuais dos seus acontecimentos. Com o advento da fotografia, muitos desses profissionais encarregaram-se em registrar e documentar as constantes transformações ocorridas nos lugares para onde direcionaram seus olhares. Assim como em outros lugares, aqui no Brasil o mesmo fenômeno não ocorreu apenas nas metrópoles, os maiores alvos dos fotógrafos, mas também cidades de médio e pequeno porte dos sertões tiveram suas histórias documentadas por esses observadores urbanos. 1 Este livro é resultado de uma Dissertação de Mestrado defendida em 2007 no Programa de História Social da Universidade Federal da Bahia. Embora sua estrutura original e ideias centrais tenham sido preservadas, alguns ajustes foram feitos para a versão que o leitor tem em mãos. 2 BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Tradução Vera Maria Xavier dos Santos; revisão técnica: Daniel Aarão Reis Filho. Bauru, SP: Edusc, 2004. p. 43-56.