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Editorial

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Amigos”?

Amigos”?

Bulent Kilic (Fofógrafo Turco) World Press Photo 2016 - 3º Prémio - Stories, Spot News

Para uma tolerância aberta e dialogante

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1. As tragédias humanas que tão assiduamente nos tocam têm levantado diversos problemas. Chegam a todo o momento às fronteiras da Europa milhares de pessoas que fogem à guerra, à fome, à insegurança. Como dizia a rainha Rania da Jordânia, estas pessoas não são migrantes mas verdadeiros refugiados. Vêm para a Europa não para procurar trabalho ou para alcançar melhores condições de vida, mas para encontrar a segurança que nos seus países não têm e com a intenção de regressar, quando possível. O fundamental problema que a nós, ocidentais, se nos coloca é o da tolerância. Passa a coexistir no mesmo espaço e no mesmo tempo uma grande variedade de culturas, algumas delas com perspetivas do mundo bem diferentes. Educados no respeito pela liberdade não temos, em geral, especiais dificuldades em aceitar e respeitar tal multiculturalidade. A situação complica-se quando, numa generalização infundada, somos levados a atribuir os atentados terroristas que têm assolado a Europa e outros países da Ásia e da África aos seguidores do Islão. Embora saibamos que os atentados são da responsabilidade de uns quantos fundamentalistas e radicais, permanece sempre a dúvida de se esta pessoa que aqui chegou, com aparência de árabe ou de religião muçulmana, não será um potencial terrorista. E esta incerteza, esta dúvida, põem em causa a tolerância. 2. Surge cada vez mais premente a questão de se a tolerância não terá limites. Umberto Eco, medievalista, semiólogo e filósofo, recém-falecido, afirmava que a tolerância da intolerância implicava a definição dos limites da tolerância. Uma tolerância indiferente pode promover a separação e conduzir à segregação, ao isolamento, à estagnação. Uma tolerância aberta e dialogante não é indiferente à procura de valores que, embora diversos nas suas manifestações, traduzam um sentido universal de defesa da dignidade humana e dos valores fundamentais, plasmados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A. Marcos Tavares

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