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Arte urbana ou vandalismo?
Leonor Babo . Aluna do 10º F
Ografite é um tema que despoleta múltiplas opiniões, algumas muito contraditórias. Enquanto uns defendem que é uma forma de liberdade artística, outros consideram que é um ato de vandalismo e de destruição de património urbano. As suas origens remontam à arte rupestre da préhistória, adquirindo em certos períodos artísticos e históricos uma grande importância como no antigo Egito e na Roma Imperial. Recentemente, o tema regressou às primeiras páginas dos meios de comunicação na sequência do trágico acidente ocorrido nos caminhos-de-ferro da área metropolitana do Porto, que ocasionou a morte de três jovens. A arte urbana, “Street Art”, que nas suas origens foi prioritariamente um meio de contestação social e política da juventude dos subúrbios das grandes cidades, acabou, nas duas últimas décadas, por ser considerada um manifesto artístico expresso em espaços públicos. Os artistas de maior renome obtiveram notoriedade e as suas obras acabaram por ser protegidas como património urbano. Artistas como o inglês Banksyi , cuja identidade ainda é desconhecida, e o português Vhils, “tag” de Alexandre Farto, são hoje respeitados em todo o mundo e as suas obras, quando o seu suporte o permitia, acabaram nas mais
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i Sobre Banksy e as origens da “Street Art”, sugiro o visionamento do documentário “Exit Through The Gift Shop”. importantes galerias do mundo, sendo objeto de desejo nas casas de leilão de arte mais conceituadas. Apesar da arte urbana ser habitualmente associada ao grafite, é muito mais vasta, incluindo expressões como as estátuas vivas, as performance de rua, “flash mobs”, entre outras, o que torna esta arte numa das formas mais eficazes de atrair visitantes. A partir dos anos 60, pela ação criativa de nomes como Keith Haring e Jean Michel Basquiat, a comunidade artística começou a olhar para estas novas formas de expressão
artística com mais atenção. Quando aplicada em suportes autorizados e reservados para o efeito, acaba por, quer pela sua beleza, quer por conceder qualidade estética a edifícios danificados, beneficiar o património urbano e contribuir para o usufruto artístico de um público mais alargado. O preconceito demonstrado com este tipo de arte criou a impossibilidade de distinguir grafite do puro ato de vandalismo. Contudo, existe uma diferença bastante notória entre os dois, pois o primeiro é arte, enquanto o segundo é contaminação visual e, essencialmente um ato destrutivo. Quando o grafite é utilizado como meio de comunicação entre criminosos, como um mero ato de escrever em paredes, muros e monumentos, insultar e/ou protestar, arruína os edifícios, é ilegal e nefasto, por isso, acredito que esteja a “profanar” a verdadeira arte urbana. Esta, a arte criada para entretenimento, diminui a monotonia das cidades e, em muitos casos, dinamiza o turismo. A cidade do Porto já dispõe de um “Roteiro da Arte Urbana” e de visitas guiadas organizadas pela própria Câmara Municipal. Concluindo, apoio a punição de todos aqueles que praticam o vandalismo, pela sua inutilidade e destruição do que é belo ou monumental, pela sua poluição visual e pela sua perigosidade. No entanto, considero que a arte urbana deveria ser mais apreciada, porque pode contribuir para embelezar o espaço urbano, entreter e motivar a população para a fruição artística.