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Jodinaldo Ubiracy de Azevedo Pinheiro – há 18 anos na Sabesp

O Governo do Estado de São Paulo e a Sabesp levam juntos o Onda Limpa até você. ra ob gue entre

obra

Obras entregues: • Caraguatatuba: Rio do Ouro, Pontal •

Santa Marina, Jaraguá e Travessão Ilhabela: Praia do Pinto e Ponta Azeda

E vêm mais por aí:

• Ilhabela: Centro, Itaquanduba, Itaguaçu, Perequê, • • •

Saco da Capela e Santa Tereza Caraguatatuba: Perequê-Mirim e Barranco Alto São Sebastião: Enseada, Canto do Mar, Barra do Sahy, Barra do Una, Paúba, Baleia e Engenho Ubatuba: Estufa, Itaguá, Jardim Carolina, Lagoinha, Maranduba, Pedreira, Perequê-Açu, Samambaia, Sapê, Sertões e Sumidouro



Foto Luciana Sotelo

20 Novos conceitos sobre a velhice

Foto Arucha Fernandes

26 Fantástica paixão por minerais

E mais... Saúde 46 Sustentabilidade 52 Internacional 60 Gastronomia 66 Moda 70

Foto Renata Inforzato

Alto astral

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Flashes 76 By Fernando Mendes

78

Destaques 80 Celebridades 82


Foto Belisa Barga

32 Marcos históricos na orla santista

Capa

O pescador Rubens de Oliveira, da Ilha Monte de Trigo, em São Sebastião, legítimo representante do povo caiçara Foto Celso Moraes

Foto Vagner Dantas

54 Elas também são radicais

Foto Luciana Sotelo

Porto pág. 40


Beach A

R e v i s t a

Co d o

ao leitor Foto Edvaldo Nascimento

L i t o r a l .

ANO XII - Nº 129 - Março/2013 A revista Beach&Co é editada pelo Jornal Costa Norte Redação e Publicidade Av. 19 de Maio, 695 - Bertioga/SP Fone/Fax: (13) 3317-1281 www.beachco.com.br beachco@costanorte.com.br Diretor - Presidente Reuben Nagib Zaidan Diretora Administrativa Dinalva Berlofi Zaidan Editora Chefe Eleni Nogueira (MTb 47.477/SP) beachco@costanorte.com.br

E mais... Diretor de Arte

Roberto Berlofi Zaidan roberto@costanorte.com.br Criação e Diagramação

Cultura caiçara,

um bem precioso

Audrye Rotta audrye.rotta@gmail.com Marketing e Publicidade Ronaldo Berlofi Zaidan marketing@costanorte.com.br Depto. Comercial Aline Pazin aline@costanorte.com.br Revisão Adlete Hamuch (MTb 10.805/SP)

O mar forjou no povo caiçara algumas das características mais marcantes de sua cultura, entre elas, a subsistência por meio da pesca. Quando não havia caminhos terrestres, nem a facilidade de acesso a bens materiais, a canoa e o remo, construídos de forma artesanal, é que garantiam o transporte e o sustento. Com base em tais ensinamentos, transmitidos de geração a geração, ainda vivem alguns moradores de São Sebastião, responsáveis por parte da memória cultural da cidade e pelo encanto despertado no turismo local. As canoas de voga, que pontuam praticamente toda a extensão da costa sebastianense, o pescado fresco, negociado à

Colaboração Aline Porfírio, Celso Moraes, Durval Capp Filho, Edison Prata, Fernanda Lopes, Fernanda Mello, Karlos Ferrera, Luci Cardia, Luciana Sotelo, Marcos Neves Fernandes, Renata Inforzato, Rosangela Falato e Vagner Dantas Circulação

beira mar, e a própria figura do pescador constituem-se em imagens intrínsecas à paisagem da cidade. Outros aspectos singulares e emblemáticos podem, também, ser notados nas festas, invariavelmente ligadas à devoção católica, nas singelas capelas, marcos da origem dos primeiros povoados caiçaras, no artesanato e na gastronomia. Sabedor da importância dessa rica cultura que, aos poucos se esvai, engolida pelo

Baixada Santista e Litoral Norte

desenvolvimento e pelas mudanças de hábitos de uma sociedade globalizada, o povo

Impressão

por meio de arquivos fotográficos, documentário e uma revista, prevista para ser lan-

Gráfica Silvamarts

çada em maio. Procura-se preservar, dessa forma, aquilo que nunca se pode perder, a

sebastianense iniciou alguns movimentos em prol da revitalização da memória caiçara,

origem. O valor maior de um povo. Eleni Nogueira


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Foto Rosangela Falato

história

Memórias do Chão Caiçara São Sebastião, a cidade mais antiga do litoral norte, com 377 anos, guarda uma história valiosa, feita por personagens que, ao longo dos séculos, traçaram, e ainda traçam, os contornos de uma cultura caiçara rica em aspectos materiais e imateriais

Por Rosangela Falato O poeta José Bento de Oliveira, mais conhecido como Nhô Bento, expressou como ninguém em seu único livro Rosário do Capiá, publicado em 1946 com dedicatória de Monteiro Lobato, a simplicidade da vida caiçara. Nascido em São Sebastião em 21 de março de 1902, o morador do Pontal da Cruz, conseguiu, na juventude, levar seus versos, contar seus “causos” em apresentações artísticas e nos programas que mantinha na rádio Gazeta, em São Paulo. A forma peculiar de falar do caiçara, as lendas que até hoje são contadas pelos moradores mais antigos, a cultura caiçara tão bem retratada no poema Alma Praiana, ainda são latentes em São Sebastião, a cidade mais antiga do litoral norte, que completou 377 anos de emancipação político-administra-

tiva em 16 de março. Os poemas de Nhô Bento, falecido em 1968, servem de inspiração aos novos talentos que prestam sua homenagem ao poeta, prestigiando o concurso de poesias, instituído pelo Conselho Municipal de Turismo e Cultura, em 1983, e que leva seu nome. Se a cultura caiçara está viva na obra literária, também é reverenciada nas imagens de um passado rico em história, retratado pelas lentes do primeiro fotógrafo da cidade, Agnelo Ribeiro dos Santos que, desde o ano passado, empresta seu nome a um concurso fotográfico promovido pela prefeitura, para revelar um olhar diferenciado da cidade. O “retratista”, como era chamado Agnelo, foi correspondente do jornal O Estado de São Paulo, e responsável pelo acervo

A calmaria do rio Una, um dos recantos preferidos dos pescadores

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“Nasci à beira-mar, unindo os meus vagidos Ao clamor das marés, nos dias de tormenta, E adormecendo a ouvir os soluços perdidos Das ondas mansas - voz que enternece e acalenta...

Pobre, porém feliz, à sombra de meu teto Muitos anos vivi, sempre ao meu lado tendo Nos conselhos de um pai o dedicado afeto, E um coração de mãe meu conforto tecendo!

Rústica habitação, tive por agasalho; Piso de chão batido e paredes barreadas, Casa de pescador, sem forro, nem soalho, Oculta entre o verdor de palmas e ramadas

O mar era-nos esplêndido celeiro Que a provisão do lar, generoso, ajudava Farta contribuição nos dando o ano inteiro, Pródigo como quem não media o que dava!” José Bento de Oliveira

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história Fotos Edvaldo Nascimento

Antigos utensílios de pesca utilizados ainda hoje

fotográfico histórico e cultural do cotidiano de São Sebastião de 1915 a 1960, explica Edivaldo Nascimento, caiçara nato, e titular da função desde a década de 1970, quando passou a registrar tudo o que acontece na cidade. O trabalho de cultuar a memória de São Sebastião compete, também, a outro caiçara, Álvaro Dória Orselli, importante contribuidor de documentos e fotos de seu acervo particular, o que permite que São Sebastião seja considerada o chão caiçara. Séculos de história transformaram a antiga vila, autônoma a partir de 1636. Mas, essa riqueza natural e cultural da ilha de São Sebastião, descoberta pelo navegador português Américo Vespúcio em 20 de janeiro de 1502, resiste ao tempo. Aquela vida simples já não existe mais. As casas de pau-a-pique com telhado de sapê, chão de terra batida, móveis escassos, fogões à lenha, foram substituídas por casas de alvenaria, embora ainda haja residências bem típicas. Elas perderam espaço, ao longo das praias, para mansões, condomínios, rede hoteleira e restaurantes, que hoje atraem turistas do mundo inteiro. Jogar conversa fora nos tradicionais encontros na praça da Matriz ou nos ranchos de pesca ficou na lembrança de quem viveu essa época. Nesse local, aliás, sentado nos bancos ao lado do coreto, Edivaldo Nascimento tem, muitas vezes, a sensação de voltar ao passado. Em 1975, aos 25 anos, Edivaldo, que é autodidata, começou a guardar fotos, reproduzir imagens e registrar aspectos da cidade, um prazer para alguém apaixonado por fotografia e cinema. Hoje, ele, ao lado de Agnelo e Álvaro Orselli, é referência quando se fala em memória fotográfica de São Sebastião. “Considero-me, hoje, importantes para a cidade porque sou um dos que tentam manter a história, e fotografo tudo o que interessa para que, no futuro, as

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crianças saibam como era São Sebastião”, diz Edivaldo, que também é responsável por boa parte do material do acervo da diretoria de Patrimônio Histórico do município, e que há mais de 17 anos mantém uma coluna semanal, no jornal local, com imagens e fatos históricos. Em seu trabalho, também procura reproduzir, em imagens, utensílios usados na pescaria, e que não existem mais, como o chumbo de pano - um pedacinho de pano cortado em triângulo, no qual eram colocadas pedras e amarradas na rede para afundar - prática comum na década de 1950, e as poitas que seguravam as embarcações. Ele lembra que a pesca era para consumo das famílias e a alimentação era natural. “Os mais simples comiam peixe, caça e o que plantavam no quintal de casa. O que se vendia muito era peixe seco porque não ti-

nha geladeira. A comida era feita no fogão à lenha, porque o gás chegou só em 1962. Era uma vida simples, todo mundo se conhecia e a gente podia dormir com a casa aberta. Era um sossego, havia respeito pelos pais e a gente tinha liberdade. A gente tinha o mar e a mata, e ninguém atrapalhava”. A religiosidade sempre foi marcante na cultura caiçara, representada pelas capelas distribuídas pelas praias onde se originaram vários povoados, e pelas celebrações que se perpetuam. A maior delas é a Festa do Padroeiro, São Sebastião, que até hoje atrai milhares de fieis; a Semana Santa, com procissões como a do Encontro da Ressurreição, e outras festas, como a de Santana, no Pontal da Cruz; de São Pedro, no bairro São Francisco, e a tradicional Festa da Tainha, que acontece há mais de 30 anos em Boraceia.

Foto Rosangela Falato

O fotógrafo Edvaldo Nascimento

Foto Rosangela Falato

Típico rancho de pesca na praia de Toque-Toque Grande


história

Foto Rosangela Falato

Antonio Sergio no preparo da rede para o cerco

Cerco, herança cultural japonesa Aos 46 anos, Antonio Sergio Fernandes, pescador profissional desde 1992, segue a rotina de trabalho ensinada por seu pai, com a ajuda do irmão. Diariamente, ele vai à praia onde nasceu, em Toque-Toque Grande, para armar rede, desarmar o cerco flutuante - uma rede que fica fixa por um período de 10 a 15 dias, de preferência em regiões de enseada, lagunar, sem muita correnteza, e que precisa ser retirada para manutenção. Eles cuidam das boias, da estrutura de fundeio, das canoas, algumas de remo, ainda sem motor, típicas da pesca artesanal. É com orgulho que ele fala do pai, vindo de Santos, para se instalar nesse paraíso que é Toque-Toque Grande e de onde não saiu mais. “Os caiçaras mais antigos, da idade do meu pai, vêm de uma geração em que a pesca era para subsistência. Eles não ti-

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nham visão de mercado, pescavam para se alimentar, havia muita fartura”. Ele conta que o método do cerco surgiu no final dos anos 1930 para 1940. É um saco de rede gigante, com profundidade de até 13 metros, que fica pendurado na estrutura de fundeio. A rede é escura para oferecer obstáculo ao peixe e não pode ser de nylon, porque o peixe pode enroscar e o cardume se assustar. Naturais de Toque- Toque Grande só tem ele e o irmão, a última geração a manter a pesca artesanal, que também é praticada por outras famílias caiçaras ao longo do município, e mais especificamente, na Costa Sul. Segundo Toninho, o cerco é uma herança cultural japonesa. Os caiçaras, na verdade, trabalhavam para os japoneses que imigraram para o Brasil. Devido à II Guerra Mundial, eles deixaram o litoral e, ao retornarem, já tinham perdido esse espaço

Algumas manifestações se perderam com o tempo como tradição do bairro Pontal da Cruz, a dança dos índios caiapós, cultuada dos anos 30 aos anos 90, da qual não se sabe ao certo sua origem, e a Folia do Divino que, até 1972, ainda era realizada, lembra Edivaldo. Outra manifestação tradicional que está sendo retomada é a Congada de São Benedito, da comunidade do bairro São Francisco. A cultura caiçara é representada, ainda, no artesanato típico, na produção de cerâmica, na confecção de canoas e nos ranchos espalhados pelo município com pesca artesanal, que resistem ao tempo. Segundo Edivaldo, as mudanças surgiram a partir da década de 1960, com a instalação da Petrobras e a chegada dos primeiros navios, entre 1962 e 1963, para embarcar café e peças de telefones pelo porto de São Sebastião, que começou a funcionar em 1955. Com a chegada da estrada, na década de 1970, a população começou a crescer e a maior ocupação teve início nos anos 1980.

para os caiçaras que passaram a dominar essa arte. Hoje, os pescadores enfrentam vários problemas como a falta de respeito de proprietários de embarcações que atracam nas áreas dos cercos, causando prejuízos e danos materiais. Além disso, a poluição pelo fato de “o mar ser o lixão do mundo”, como frisa Toninho, torna a pesca artesanal mais escassa em função também da concorrência com a pesca industrial. Mas não dá para viver só da pesca, diz o neto de índios, membro da diretoria da Colônia de Pescadores de São Sebastião, que afirma ser teimoso e insistente em manter a tradição passada por seu pai, de quem guarda as melhores lembranças do passado e dos ensinamentos. “Não tenho essa nostalgia, mas guardo com carinho os tempos passados. Saudade, a gente tem. Mas temos de nos adaptar porque não dá para viver isolado”, diz o pescador.

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Foto Rosangela Falato

Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontava uma população de 73.942, hoje certamente superior. Bem diferente do início da década de 1840, quando a pequena São Sebastião tinha “pouco mais de seis mil almas, o que não é muito, porque só a vila tem mais de dois mil”, relatava o Dicionário Geográfico, Histórico e Descritivo do Império do Brasil, editado em 1845. Apesar do crescimento, Edivaldo vê no centro histórico da cidade, com casarios do período colonial, e nos sete quarteirões tombados em 1969 pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), resquícios da cultura caiçara. É no Largo da Igreja Matriz, com o coreto, o prédio da Câmara Municipal, do Fórum e da Capela São Gonçalo, desde 1981 transformado no Museu de Arte Sacra de São Sebastião, que a cultura caiçara resiste. Com a proposta de revitalizar os bens materiais e imateriais que caracterizam a identidade cultural do município, a diretoria do Patrimônio Histórico, ligada à Se-

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Fotos Edvaldo Nascimento

A emblemática canoa de voga, sempre presente nas paisagens das praias de São Sebastião

Congada no bairro São Francisco e representação do Divino Espírito Santo, do século XVIII

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história Foto Rosangela Falato

cretaria de Cultura e Turismo, tem investido em projetos de restauração de prédios do centro histórico, com acompanhamento de técnicos do Condephaat. “É preciso salvaguardar a cultura material que ainda existe, porque essas paredes têm muita história para contar”, diz a historiadora e diretora do setor, Rosangela Dias da Ressurreição, nascida em São Sebastião, de família caiçara. Pesquisadora há mais de 20 anos de documentações e manuscritos antigos, ela cataloga, atualmente, o inventário de São Sebastião, cujo documento mais

Fotos Edvaldo Nascimento

Características do típico pescador caiçara, ontem e hoje. Uma atividade que resiste ao tempo

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Fotos Rosangela Falato

O Centro Batuira; acima, o Convento São Francisco e, ao lado, Capela Caiçara, em Toque-Toque Grande

antigo data de 1870, um farto material do período escravocrata na cidade. Entre os projetos desenvolvidos, o trabalho de revitalização da memória caiçara ganhou contornos importantes a partir de 2009 quando começou a ser desenvolvido. O resultado foi o lançamento, em 2011, de um documentário com a participação de 20 caiçaras que contam suas lembranças, modo de vida, festas, crendices, rezas; ensinam a fazer remédios com ervas, e até o tradicional azul marinho, prato típico da cultura caiçara. A demonstração de que a religiosidade está impregnada no cotidiano do povo caiçara é revelada, ainda, no trabalho de restauro

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de imagens sacras encontradas durante a reforma da Igreja Matriz, em 2001. As imagens “emparedadas” são testemunho da fé dos primeiros moradores e podem ser vistas em exposição permanente no Museu de Arte Sacra. São imagens como de Santa Luzia, Santo Antonio e, entre outras, da Virgem e o Menino Jesus, a mais erudita, bonita e mais danificada. Vale ressaltar o projeto de restauro do convento franciscano Nossa Senhora do Amparo, o prédio mais antigo da cidade, datado do século XVII (1640), construído em pedra e cal com mão de obra escrava. Orçado em R$ 16 milhões, o projeto de restauro já está pronto e deve entrar na segunda etapa com

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Fotos Edvaldo Nascimento

história

“Por aqui o ouro metal passou, o ouro verde parou para o ouro negro chegar” O próprio Hino Municipal de São Sebastião, composto por José Geraldo Lemos da Silva, retrata fases do desenvolvimento econômico de São Sebastião, que antes da colonização portuguesa, era ocupada por índios tupinambás (norte) e tupiniquins (sul), tendo a serra de Boiçucanga como divisa natural das terras das tribos. A ocupação portuguesa aconteceu no início do Brasil colônia, após a divisão do território em Capitanias Hereditárias. Diogo de Unhate, Diogo Dias, João de Abreu, Gonçalo Pedroso e Francisco de Escobar foram os sesmeiros que iniciaram a povoação, desenvolvendo a agricultura e a pesca. Os engenhos de cana-de-açúcar eram responsáveis pelo crescimento econômico, e a caracterização como núcleo habitacional e político, que possibilitou a emancipação político-administrativa em 16 de março de 1636 e a elevação para vila três anos depois. A economia entrou em declínio com a abolição da escravatura e abertura da ferrovia Santos-São Paulo, aumentando a saída das mercadorias do porto de Santos. Passaram, então, a predominar a pesca artesanal e a agricultura de subsistência com pequenas roças de mandioca, feijão e milho, próprias das comunidades caiçaras. Nos anos 1940, teve início a infraestrutura portuária e, nos anos 1960, o terminal marítimo de petróleo, da Petrobras, ambos decisivos para a retomada do crescimento. Já a descoberta desse paraíso para o turismo aconteceu a partir de 1970, com a abertura da rodovia Manoel Hipólito do Rego, a Rio-Santos, consolidando o município como vocação turística.

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Antiga tradição de confeccionar canoas, diretamente do tronco de árvore

apresentação dos estudos às autoridades e província franciscana. Outro projeto, previsto para ser lançado em maio, é a revista e o documentário Saber Fazer, Esperança Caiçara, resultado do trabalho de pesquisa ao longo do município. Fotos e textos vão mostrar as principais celebrações como a Congada e Folia de Reis; formas de expressão, tais como maculelê, puxada de rede, samba de roda, capoeira e as lendas; os ofícios e modos de fazer do artesanato caiçara com materiais como taboa, caxeta, canoas; edificações como as capelas caiçaras, construídas entre 1920 e 1960, a Fazenda Santana, um engenho de açúcar construído em 1743, e o próprio convento Nossa Senhora do Amparo, no bairro São Francisco. O documentário e a revista mostrarão, ainda, locais significativos como a rua da Praia que, no passado, era uma praia de larga faixa de areia muito procurada por banhistas; o campo de futebol 7 de Setembro, frequentado por gerações, e os ranchos de pesca, de grande significação para a identidade caiçara. “Na minha leitura, o rancho era um lugar de aprendizagem. Era lá que o caiçara aprendia a ser pescador, aprendia sobre as lendas e a vida. Era lá que o caiçara jogava conversa fora e as histórias eram contadas de geração em geração, onde eles ficavam refletindo sobre a natureza. Por isso, para mim, era o chão sagrado”, explica Rosangela, que vê hoje São Sebastião não só sob o aspecto das culturas tradicionais, mas com o conceito da cultura viva, presente em todos os momentos, esferas, movimentos e pessoas. “A gente tem de entender que São Sebastião é hoje, mais do que nunca, um caldeirão cultural, e que todas as manifestações devem ter seus espaços e ser respeitadas.”

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Foto Vagner Dantas

comportamento

Longevidade com saúde e prazer Os conceitos sobre a velhice não são mais os mesmos, nem os idosos de hoje. Mais longevos, mais saudáveis e, portanto, mais motivados, eles já não ficam em casa, deixando o tempo passar à frente da TV

Por Luciana Sotelo Palmira Rodrigues da Silva caminha todos os dias na orla da praia e, até o ano passado, participava das principais corridas da região. Na busca por uma vida melhor, ela se aprimorou e conquistou cerca de 300 troféus. De aparência jovial e sorriso fácil, essa viúva de 81 anos tem energia de dar inveja em qualquer adolescente. Mirlando Mauro Chiapeta faz musculação, caminhada e canoagem. Há dois anos, ele percebeu a importância dos exercícios

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físicos e ganhou ânimo renovado. Hoje, aos 74 anos, mantém a saúde em dia, sente-se leve, feliz e só se arrepende de não ter começado as atividades esportivas mais cedo. Josué Jerônimo de Campos, de 73 anos, anda de bicicleta, faz caminhadas e mantém-se ativo, atuando no programa Vovô Sabe Tudo, de inclusão social do idoso. Além disso, consulta-se na policlínica perto de sua casa. Eles anseiam por viver mais e melhor, por isso investem na saúde e no bem-estar;

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afinal, nas últimas décadas, a expectativa de vida do brasileiro aumentou de 48 anos, em 1960, para 73,4 anos em 2010, segundo dados do IBGE, cujas projeções para 2025 apontam para 80 anos, para ambos os sexos. Tais números modificaram o conceito de velhice. Os mais jovens já não esperam que seus avós se aposentem e fiquem em casa vendo o tempo passar na frente da TV. A data do registro de nascimento já não reflete o comportamento de cada um. Palmira, Mirlando e Josué têm em comum a cidade em que vivem, Santos, capital nacional do idoso e, por conta disso, aproveitam as políticas públicas existentes para eles. Palmira começou a fazer ginástica aos 67 anos, motivada pelas amigas. “Eu fui participar de um grupo da prefeitura que se reunia na praia para a prática dos exercícios. Gostei, me senti muito bem e não parei mais”. Depois disso, ela pegou gosto e passou a correr no calçadão. Em pouco tempo, tornou-se atleta sênior. “Eu participava dos 10 km da São Silvestre e qualquer outra competição

que aparecesse. Ganhei muitos prêmios. Iam me buscar em casa para eu participar”. Além dos títulos, Palmira ganhou saúde. O hábito ajudou a equilibrar sua hipertensão, a manter o peso e deixar as articulações em ordem. Sem falar dos benefícios para a mente. “Sinto-me muito mais jovem. Todo mundo tem que fazer alguma atividade, não tem que ficar o tempo todo em casa. Isso faz adoecer”, afirma, enquanto faz a caminhada diária em ritmo moderado, de sua casa, no canal 6, até o emissário submarino, no canal 1, cerca de 4,5 km. Mirlando, por sua vez, incorporou a atividade física ao seu dia a dia há dois anos, quando se interessou pela musculação, oferecida gratuitamente pela prefeitura da cidade. Ele lembra que antes de se aposentar, em 1982, tinha um corpo magro, pois atuava como ensacador de café, uma atividade, como diz, que já queimava muitas calorias. “Quando me aposentei, comecei a pegar uma barriguinha, aí já viu, começam os problemas de saúde, as dores”.

Foto Luciana Sotelo

Mirlando com ânimo renovado após descobrir a importância dos exercícios físicos em sua vida


Foto Luciana Sotelo

comportamento

Josué atua na linha turística do bonde, no centro de Santos, e atribui sua vitalidade ao trabalho

Para se livrar do ‘peso’ da idade, ele encheu a agenda de compromissos prazerosos. Segundas, quartas e sextas, faz musculação; terças, quintas e sábado, faz canoagem e, para completar, nos domingos pratica caminhadas livres. “Minha pressão (alta) melhorou, minha dor no joelho também. Sinto-me feliz e, cada vez mais, tenho vontade de cuidar de mim. Até parei de fumar. Antes tivesse feito tudo isso mais cedo”, admite. Tanta disposição e ainda sobra tempo para levar as netinhas na escola e fazer exames médicos regularmente. “Tenho uma vida muito feliz e ainda me sinto muito útil”. Já Josué atribui sua vitalidade ao trabalho. Ele atua na linha turística do bonde, no centro de Santos. Para ele, a missão (pois não a considera profissão) é gratificante. No passado, foi motorneiro de bonde. “Cada vez que eu conto uma história para alguém, eu renasço. Ser Vovô Sabe Tudo é uma grande honra, pois me trouxe à ativa novamente e me dá muito prazer”.

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Com uniforme impecável e uma simpatia que lhe é peculiar, seu Josué atende as dúvidas da população e dos muitos turistas. Ele atribuiu ao projeto à melhora no seu humor. “A alegria é um antídoto contra a idade”, diz. Outro segredinho para a longevidade é o hábito de fazer exercícios. “Eu tenho contato com muita gente e, para todos, indico atividade física pelo menos duas vezes por semana. É importante para a gente viver mais e respirar melhor”, afirma. Santos possui cerca de 80 mil idosos, ou seja, aproximadamente 20% da população. Além de já possuir boas condições naturais, como ser plana, contar com belas e extensas praias, e boa infraestrutura de comércio e saúde, a cidade conta com um programa público para a chamada ‹melhor idade›, nas mais variadas áreas, como esporte, saúde, cidadania e lazer. “A política de inclusão dos idosos no esporte é muito importante, pois é o que os estimula a buscar outras melhorias”, afirma

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Foto Luciana Sotelo

Jorge Machado, chefe da seção de esporte para a terceira idade, da Secretaria de Esportes (Semes). “Com esses projetos, nós atingimos uma faixa da população que não tinha acesso a esse tipo de prática, principalmente, as mulheres. Muitas delas são viúvas, já criaram seus filhos e moram sozinhas. O exercício, além de ajudar no condicionamento físico, ajuda em outras questões ocupacionais e psicológicas”, afirma Machado. Segundo ele, por ano, cerca de sete mil idosos participam dos projetos da Semes. A canoagem praticada por Mirlando é uma dessas atividades. O curso é oferecido para todos os munícipes, porém, a grande participação é de pessoas com mais de 60 anos, aponta Luiz Augusto Roso de Mattos, um dos instrutores. “A canoagem é uma atividade aeróbica de resistência física. Depende única e exclusivamente de um condutor, no caso, o aluno. E os idosos são persistentes. Eles caem, levantam, não se deixam abater e, no final, se sentem muito felizes. Para mim, é uma alegria vê-los tendo o controle da embarcação”. A secretaria oferece ainda cursos gratuitos nas modalidades de vôlei, natação, hidroginástica, musculação, alongamento, tai-chi-chuan, yoga, dança de salão, surfe, entre outros. Para participar, o idoso deve ir a um dos centros esportivos e fazer a inscrição, de acordo com a disponibilidade de vagas para o curso escolhido.

Palmira começou a fazer ginástica aos 67 anos e hoje, aos 81, mantém a rotina diária de caminhar na orla da praia

10 Dicas para viver mais e melhor

1 - Não se automedicar. 2 - Ficar sempre atento à higiene ambiental (observar pisos escorregadios e escadas, com o objetivo de evitar fraturas). 3 - Praticar alguma atividade física regular e frequente, respeitando a capacidade do organismo.

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4 - Dieta saudável e prazerosa; comer o que gosta é importante. 5 - Fazer visitas frequentes aos médicos e tratar corretamente as doenças; investir na prevenção. 6 - Fazer um planejamento para ter dignidade na aposentadoria. 7 - Exigir acessibilidade dos equipamen-

tos públicos (locomoção, rampas, calçamento adequado). 8 - Ter um bom convívio social (participar de atividades voltadas à terceira idade). 9 - Ter um bom convívio familiar para se suprir do suporte emocional. 10 - Exercer atividade intelectual ou cultural prazerosa (ler livros, dançar etc).

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Foto Vanessa Rodrigues

comportamento

Praticar atividades ao ar livre é uma boa forma de socialização, um dos itens básicos para viver mais e melhor

Olho na saúde De acordo com o IBGE, as dez doenças que mais prejudicam a saúde dos idosos brasileiros são: infarto do miocárdio, angina (11,8%); acidente vascular encefálico (9,9%); diabetes mellitus (5,9%); enfisema pulmonar e bronquite crônica (5,6%); Mal de Alzheimer e outras demências (4,2%); perda de audição (3,3%); doença cardíaca hipertensiva (3,3%); pneumonia (2,7%); osteoartrose (2,6%) e catarara (2,2%). A maioria destas doenças pode ser prevenida ou retardada com um estilo de vida saudável e tratamentos adequados. Portanto, é fundamental privilegiar ações preventivas, terapêuticas e de recuperação que preservem a autonomia do idoso. Para atender a este e outros fins, em 2001, foi criado o Programa Saúde do Idoso (PSI) da Secretaria Municipal de Saúde de Santos. O PSI é desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Saúde da

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Família e Ambulatório de Especialidades, conta o cardiologista Luiz Fernando Gomes da Silva, coordenador de saúde do adulto e idoso. “O programa prevê atendimento preferencial ao idoso, sendo realizado atendimento em grupo, focando o suporte nutricional e atividades físicas”. Por meio de protocolos de patologias, os pacientes são encaminhados pelas unidades para os ambulatórios de geriatria. Dentro das ações de promoção à saúde, por exemplo, os pacientes com limitações físicas ou psicológicas são encaminhados para o projeto Movimente-se com a música e com a dança, objetivando a sociabilização e a recuperação dessas limitações para uma melhor mobilidade. Existe também, dentre as ações educativas, o curso de cuidadores do idoso, que oferece ensinamentos sobre os processos do envelhecimento, bem como estimula a realização das limitações do paciente. A qualificação já formou mais de 3 mil pessoas.

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O segredo da longevidade Por que os idosos vivem mais hoje? De acordo com o geriatra Fábio Roberto Vinholy, existe uma série de fatores envolvidos na questão. A partir da década de 80, os idosos começaram a ser atendidos de maneira multidisciplinar. “Foi adotada uma política de medicina preventiva, mutirões de saúde e campanhas de vacinação. Além disso, existe um melhor controle das doenças infecciosas na infância, as doenças cardiovasculares são mais bem tratadas e tem fator relevante o saneamento básico”, completa. Para o médico, o intuito da prevenção é o envelhecimento bem sucedido, preservando a autonomia e independência do cidadão. O idoso possui direito à liberdade, à dignidade, à integridade, à educação, à saúde, a um meio ambiente de qualidade, entre outros direitos fundamentais (individuais, so-

ciais, difusos e coletivos), cabendo ao estado, à sociedade e à família a responsabilidade pela proteção e garantia desses direitos. Esses direitos estão relacionados no Estatuto do Idoso, um instrumento criado no ano 2000 com o intuito de regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos de dispor de direitos fundamentais, de cidadania e assistência judiciária. Segundo a psicóloga Cintia Marques Carvalho, o Estatuto do Idoso colabora para a alto estima do idoso brasileiro, que amparado pelo documento, faz valer os seus direitos e já não sofre tantos preconceitos. “O idoso tem preferência numa série de equipamentos, serviços e atendimentos e ele faz valer os seus direitos. Costumo dizer que o idoso deve carregar o Estatuto do Idoso no bolso. Isso os fortalece. Ao passar por um constrangimento, ele se defende melhor”, diz a psicóloga.

Segundo levantamento da Fundação Seade, a tendência é de que, no ano de 2050, a terceira idade represente 30% da população de todo o estado de São Paulo


cultura Foto Edu Fernandes

Joias

ao alcance de todos Um tesouro natural composto por dinossauros, meteoritos, minerais e também espécimes vivos num espaço que une diversão, conhecimento e interatividade

Ovo de dinossauro da espécie Hadrosaurus, originário da China, de 100 milhões de anos 28

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Por Belisa Barga

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lende é um meteorito raríssimo, que contém a chamada centelha da vida, ou seja, a matéria-prima que compõe há bilhões de anos nosso DNA e RNA”, explica o curador. Aliás, o Patriarca da Independência e o curador do museu têm mais em comum que a naturalidade e a paixão pelos minerais. Ambos representam nossa região no universo científico da mineralogia. Ambos são os primeiros santistas a nomear minerais. José Bonifácio batizou de andradita o mineral das granadas e Matioli emprestou seu nome à bela e incomum matioliita, uma nova espécie descoberta por ele durante uma pesquisa em Mendes Pimentel (MG). O acervo exposto no museu não representa nem 10% das peças disponíveis. “Temos um dos maiores acervos da América do Sul e somos o único de ciências naturais da nossa região metropolitana”, pondera Fernanda Gouveia, presidente da Adesaf (Associação de Desenvolvimento Econômico e Social às Famílias) mantenedora do local. Há itens que, pela raridade, não estão expostos no museu, como é o caso da brumadoita. O único exemplar mundial do mineral foi encontrado por Ma-

São mais de mil itens expostos no museu Joias da Natureza, que contém o maior acervo mineralógico da América do Sul

Os minerais, como a ametista, ainda são a principal matéria-prima na confecção de adornos Foto Belisa Barga

No último dia 15 de fevereiro, um fato incomum despertou a atenção de pessoas no mundo inteiro: a queda de um meteorito na Rússia. Para alguns, um fato curioso, para outros, presságios sobre o fim do mundo. A queda de meteoritos é um fenômeno comum na natureza em todo o planeta, Brasil incluído. Por aqui, o maior meteoro já encontrado está bem pertinho de nós, ou, pelo menos, uma parte dele. Considerado o segundo maior meteoro do mundo à época de seu descobrimento, em 1784, no sertão baiano, o Bedengó, como é denominado, está acessível graças ao envolvimento de importantes personagens da história do Brasil e da nossa região. Certamente você já ouviu falar do santista José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido por ter sido uma figura decisiva para nossa independência de Portugal. Ele também foi importante mineralogista e nosso primeiro ecologista. A rocha espacial de quase seis toneladas foi removida a pedido de D. Pedro II, quase cem anos depois de sua queda, para expô-la no Museu Nacional do Rio de Janeiro. De lá, uma fração desse meteorito viajou mais alguns quilômetros até São Vicente, onde é uma das atrações de um museu muito especial. O fragmento do Bedengó é apenas um dos mais de mil itens expostos no museu Joias da Natureza, que contém o maior acervo mineralógico da América do Sul. No local são guardadas amostras dos setores de mineralogia, petrologia, meteorítica, paleontologia, zoologia, malacologia (ramo da zoologia que estuda os moluscos), entre outras, oriundas de mais de 190 países e do universo. O museu nasceu da paixão de um menino que, aos cinco anos, colecionava minerais. Anos depois, o conjunto aumentou e todo o conhecimento ali contido ficou grande demais para ser exclusivo apenas daquele garoto. “Desde meus quinze anos queria compartilhar a maravilhas da natureza com outras pessoas”, diz Paulo Matioli, geocientista e curador do espaço. Além da fração do meteorito brasileiro, outras rochas espaciais de milhões de anos podem ser vistas entre elas, o Allende, considerado o meteorito mais estudado na história da humanidade por conter em sua matéria, elementos que originaram a vida em nosso planeta e sistema solar. “O Al-

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cultura

Fotos Belisa Barga

tioli há vinte anos, na Bahia. Em compensação, a famosa pedra do Super Homem, conhecida como kriptonita é parte do acervo fixo. “Temos a amostra real desse mineral cujo nome é jadarita. Trata-se de uma espécie descoberta recentemente e a nossa é um dos poucos exemplares existentes no mundo”, diz o curador. Já a comum pedra lazurita ou lápis-lazuli, embora não tenha fama cinematográfica, ficou conhecida há mais de cinco mil anos no antigo Egito, por determinar a hierarquia social. “Os egípcios acreditavam que essa pedra era um pedaço do céu materializado e, por isso, somente os nobres faraós como Tutancâmon, tidos como deuses, usavam esse mineral em suas maquiagens e fabricação de joias”. Os minerais ainda são a principal matéria-prima na confecção de adornos como por

exemplo, as ametistas. Os quartzos, tipos mais abundantes na natureza, são empregados na produção de eletroeletrônicos e também em outras finalidades, que vão do esoterismo a possíveis alternativas para tratamentos de saúde. “Minerais são elementos naturais, compostos pelos mesmos elementos que compõem nosso organismo. Por que não interagir, já que é tudo a mesma energia?”, brinca Matioli que, por se considerar um cientista de mente aberta, recomenda a turmalina preta para espantar o olho gordo e inveja. Dentre as atrações mineralógicas estão os fulguritos, que são tubos de areia fundidos por um raio a uma temperatura maior que cinco mil graus, as estalactites de colorações diferentes, como as incomuns azuis, rosas e verdes, e também as rosas do deserto, minerais no formato da flor de mesmo nome. “Todos são incríveis, verdadeiras joias da natureza como sugere o nome do museu”, pontua. Outros tesouros encontrados são as amostras da vida animal no espaço Ecossistemas, uma área dedicada a curiosidades sobre a vida marinha, especialmente moluscos, segundo maior filo do planeta. São exemplares de poliquetas, que habitam os oceanos há mais de 2500 metros de profundidade, conchas venenosas, corais, esponjas, tubarões, raias, entre outros. “Temos um exemplar de riftia, animal pouco conhecido, encontrado apenas em fontes hidrotermais de Galápagos. Através dele adquirimos uma importante consciência ecológica pois, se a região vulcânica em que ele se encontra findar, toda essa colônia desaparece, já que eles são totalmente dependentes desse ambiente”, alerta.

Jurassic Park vicentino O museu oferece a seus visitantes outras atrações inéditas em nossa região, como a exposição de um ovo de hadrossauro, proveniente da China. Com idade estimada em 100 milhões de anos, é um dos únicos exibidos no país. “Para saber se esse ovo está fecundado ou não, seria necessária uma ressonância

Exemplar de estalactites. Acima, raro exemplar do mineral brumadoita, de procedência chinesa

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Estrela do mar da região da Baixada Santista e o peixe Oscar Tigre, da Amazônia magnética. Pode ser que haja um filhote petrificado dentro dele”, explica Matioli que, além deste, possui ainda em seu arquivo técnico um ninho inédito no Brasil de ovos de oviraptor, proveniente da Mongólia. Também à mostra está o fóssil de Mesosaurus brasilienzis, que habitou o interior de São Paulo, sul do Brasil e África há 250 milhões de anos, comprovando a teoria da Pangéia, de que todos os continentes eram unidos. Há ainda pegadas fósseis de dinossauros que viveram no interior do nosso estado, em cidades como São Carlos e Araraquara, datadas de 150 milhões de anos, além de fósseis de plantas, peixes e insetos, com mais de 110 milhões de anos. Um dos objetivos do museu Joias da Natureza é atentar para questões naturais como evolução, adaptação e preservação de espécies. Por isso, o espaço possui, além das amostras inertes, um acervo de espécies vivas em aquários que reproduzem ambientes marinhos como da nossa região, representada com costão rochoso, peixes, moluscos e invertebrados. No espaço existem também peixes nativos da Amazônia , bem como espécies da África e Ásia. Há ainda a sala de fluorescência, onde os visitantes podem ver os minerais e animais como ratos, cobras, escorpiões e baratas mudarem de cor quando expostos à luz negra; alguns materiais podem ser manipulados pelo

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público, como uma arcada de tubarão. “O museu visa propagar o conhecimento das ciências naturais por meio da grande quantidade de exemplares científicos e didáticos expostos. Proporcionamos aprendizado e conhecimento sobre curiosidades do nosso planeta e universo para todas as idades”, comenta Fernanda Gouveia, presidente da Adesaf. Esses espaços são fundamentais para a interatividade do público. Para se ter uma ideia, as crianças da comunidade nos arredores do museu frequentam o local diariamente. Numa rápida enquete, as crianças relataram estar em sua décima oitava visita, desde a reinauguração do espaço no novo endereço, ocorrida no final de janeiro. “Crianças não frequentam lugares que não gostam. A cada visita, elas trazem um novo amigo e passam horas aqui, multiplicando o aprendizado. Ou seja, tiramos crianças das ruas com um projeto social educativo, social, cultural e turístico”, emociona-se Matioli. O curador acredita que parte do sucesso é fruto da forma diferenciada com que as informações são passadas aos visitantes. Segundo ele, os anfitriões agem espontaneamente, sem roteiro prévio ou preocupação com a duração da visita, além de ensinar como os objetos expostos fazem parte do nosso cotidiano na forma de talcos, sabonetes de enxofre e o flúor do creme dental,

O mineral barita, chamado Rosa do Deserto

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Fotos Belisa Barga

cultura

Sala de fluorescência, onde visitantes podem ver os minerais e animais mudarem de cor quando expostos à luz negra

O mineral matiollita

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por exemplo. “Isso é fundamental para criar um clima de amizade e possibilitar que o monitor se envolva emocionalmente com o público, tirando a frieza da maioria dos museus”. Essa filosofia rende bons resultados. No período de pouco mais de um mês, desde a reabertura do espaço, foram mais de duas mil visitas de moradores da Baixada Santista e turistas. Em breve, esse número deve aumentar consideravelmente, com o início dos grupos de estudantes de escolas primárias, secundárias e universidades. E para atrair cada vez mais visitantes, o museu não se limita a uma única área ou assunto. Para este ano, estão previstas diversas exposições e atividades recreativas, como o “acampadentro” Uma noite no Museu, no qual crianças de 7 a 14 anos desvendarão mistérios da natureza e do museu no período noturno. Para maio, está programada uma exposição de curta duração de cédulas, moedas e selos, acompanhada da inédita amostra de areias de diversas praias, rios e lagos da nossa região da nossa região, Brasil e mundo. E se você não acredita que esses temas estejam relacionados à proposta do museu, Matioli dá a dica: “Quando falamos em dinheiro e selos, nos referimos a países. A conexão dos assuntos vem quando acrescentamos as areias de várias localidades do mapa-múndi. Ou seja, esse é o elo para relacionarmos esses temas à ideia central do nosso museu, que é a natureza global”. Quem quiser colaborar para essa exposição pode entregar uma garrafinha cheia

de areia de qualquer praia e identificar o frasco. Até agora, já estão catalogadas amostras de Samoa, Chile, Ilhabela, Peruíbe, São Vicente, Praia Grande e Santos. Apesar dos incontáveis itens raros disponíveis no Joias da Natureza, a maior dificuldade não é conseguir esses objetos, mas encontrar apoiadores para ajudar na manutenção do espaço. No final de 2012, o museu perdeu um importante apoio do poder público e os custos passaram a correr, integralmente, por conta da Adesaf. “Não temos nenhum tipo de financiamento público ou privado. Batalhamos para que o projeto continue atendendo a comunidade, visitantes e turistas de todas as partes ”, explica Fernanda Gouveia. Desde a reabertura do museu, na sede própria da Adesaf, milhares de visitas foram registradas. No ano passado, foram 50 mil atendimentos ao público. “Acreditamos que só o conhecimento transforma o ser humano. Acreditamos que, como nos anos anteriores, encontraremos interessados em investir e apoiar o museu, sejam empresas particulares ou públicas”, finaliza. Serviço: o Museu Joias da Natureza fica na Rua Guarany, 70, no Parque São Vicente. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 17 horas, e aos sábados das 10h00 às 18 horas. A entrada é gratuita e o local possui acessibilidade para portadores de necessidades especiais. Para grupos escolares é necessário agendamento pelo telefone 3568 4191 ou pelo e-mail adesaf@adesaf.org.br.

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história

Foto Belisa Barga

História eternizada em bronze

Esculturas, bustos, hermas e monumentos homenageiam fatos e personagens históricos mundiais, nacionais e santistas nos jardins da praia

Por Belisa Barga Um museu ao ar livre, ao longo de 5.335 metros de jardins, repletos de flores, árvores e histórias. Assim podemos definir a orla santista. Dos bairros do José Menino à Ponta da Praia, podemos encontrar Martins Fontes, Vicente de Carvalho, Saturnino de Brito, Almirante Tamandaré, Santos Dumont, Cristovão Colombo. Eles são apenas algumas das personalidades representadas nas alamedas dos jardins praianos. Das 86 esculturas existentes pelas ruas e praças de Santos, 35 encontram-se na extensão da orla, sendo mais de vinte concentradas nos jar-

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dins das praias. Além das estátuas, algumas com data da década de 1940, há ainda praças e fontes, outros elementos urbanísticos que eternizam momentos históricos e recordações familiares. Esses monumentos são “observadores silenciosos dos tempos e funcionam como elos entre passado e futuro, preservando identidade afetiva, referência espacial, personalidade e a estética da cidade, contrapondo-se ao processo constante de renovação urbanística. São a memória presente e vida na consciência das gerações, pela lembrança de um ato, fato ou destino”, diz Rosangela Mene-

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Foto Belisa Barga

zes, jornalista e autora do livro Esculturas Urbanas. Em permanente estado de alerta e com suas mandíbulas abertas, o leão é a escultura queridinha de santistas e visitantes. Muitas crianças, desde sua inauguração, em 1954, já sentaram no lombo do felino quase sexagenário para ser fotografadas. A poucos metros de distância, um jaguar que, por muito tempo, foi tido como uma leoa, até ser devidamente identificado por um médico veterinário. O fator decisivo para essa definição veio após análise do tamanho do rabo, já que o jaguar da escultura tem 1.20 metros de cauda, enquanto as leoas têm em média de 30 a 50 cm. Outra estátua de destaque é a de Vicente de Carvalho. “A escultura originalmente foi inaugurada na pérgula do Boqueirão. Com a reforma da praça, foi transferida para o local atual, porém assentada de forma invertida de costas para a praia”, explica Inês Rangel Garcia, responsável pela manutenção e preservação dos monumentos, setor da Secretaria de Cultura (Secult). O santista Vicente de Carvalho foi um importante articulador para que os jardins se tornassem realidade. Se hoje existem, foi graças a sua intervenção, por meio de uma carta aberta ao governo federal para impedir o aforamento da parte vegetativa da praia, em meados da década de 1920. Tanto que além da estátua, ele nomeia uma praça e uma das avenidas na orla. Cabe destaque ao médico abolicionista e poeta Martins Fontes. “Em seu busto há sempre um cravo vermelho, símbolo do movimento, colocado por um admirador anônimo toda semana. Sua herma está em frente a sua casa, hoje ocupada pelo edifício Piratininga, nome de uma de suas poesias” explica Inês. Há também o monumento a Saturnino de Brito, idealizador do plano de saneamento santista e dos canais, que livrou a população de doenças que assolavam a cidade como febre amarela, malária, peste bubônica e varíola. Entre as figuras lembradas nas alamedas dos jardins, encontramos o navegador espanhol Cristovão Colombo; o patrono da Marinha de Guerra Almirante Tamandaré, única estátua em toda a orla voltada para o mar; o aviador Santos Dumont, e Osmar Gonçalves, considerado o primeiro surfista brasileiro, após pegar ondas na praia do Gonzaga em uma tábua havaiana. Além deles, estão eternizados santistas de

Vicente de Carvalho foi um importante articulador para que os jardins da orla se tornassem realidade. Na página ao lado, uma homenagem ao navegador espanhol Cristovão Colombo

nascimento ou de coração como o prefeito Aristides Bastos Machado, que iniciou o processo de urbanização da orla, a jornalista Lydia Federicci, importante esportista santista na década de 1940; Maria José Aranha Resende, fundadora da Academia Santista de Letras, e o jornalista e poeta Paulo Gonçalves, premiado pela Academia Brasileira de Letras. Expostas ao público e ao tempo, as esculturas sofrem um problema antigo e recorrente: o vandalismo. A estátua do fundador do Colégio Escolástica Rosa, o filantropo João Octávio dos Santos é o exemplo mais conhecido dessas ações. Posicionado bem em frente à escola, sua representação ficou muito famosa na década de 1990, por sofrer três ataques: no primeiro, em 1993, foi degolada; na segunda agressão, em 1995, pichada e, dez anos depois, foi novamente decaptada. Segundo Inês Rangel, a administração muni-

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história Foto Luciana Sotelo

Monumento O Surfista homenageia o esporte que foi praticado pela primeira vez em 1934, em Santos

cipal gasta anualmente R$ 80 mil em restauro e reposição de placas. Uma equipe especializada da Secretaria de Cultura trabalha na manutenção e limpeza desses monumentos, que precisam de tratamento especial para exaltar suas belezas e importância histórica. “Eles sofrem diversos tipos de depredação, que vão de pichações a furtos, como a cabeça de João Otávio e a mão do padre Champagnat, que foram arrancadas”. O processo para escolha dos homenageados é sempre feito por indicação do prefeito ou vereadores. “A prefeitura analisa os projetos. São feitas várias sugestões, porém nem todas são realizadas”, explica Inês. Já a etapa de escolha do local onde a escultura ficará também é feita por indicação da Câmara, decisão do prefeito ou do artista plástico responsável pela obra. Além disso, de acordo com Rosangela Menezes, autora do livro Esculturas Urbanas, ainda se avaliam possibilidades como proximidade com o local de referência do fato ou do homenageado, disponibilidade de espaço e até mesmo a decor-

Um passeio pela orla Do canal 1 ao canal 7, nos jardins da orla ou no canteiro central, é possível apreciar monumentos de todos os tipos e que retratam diversas épocas. Abaixo, dados das obras encontradas durante todo o percurso das quatro avenidas da praia, colhidos no livro Esculturas Urbanas, de autoria de Rosangela Menezes e Maria Inah Monteiro.

José Menino Espaço Cidades-irmãs: homenageia as treze cidades-irmãs de Santos existentes em países como Japão, Itália, Portugal, Argentina, Cuba, China, Romênia e Coreia do Sul, e também presta homenagem a

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Sérgio Vieira de Mello, diplomata brasileiro que serviu em diversas operações humanitárias e de guarda-paz. De autoria de Luis Garcia Jorge, foi inaugurada em 26 de janeiro de 2004. Monumento Imigração Japonesa: produzido por Claudia Fernandes a pedido da Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil, homenageia a saga nipônica, iniciada no porto de Santos, em 1908. Foi inaugurado 1998. Estátua de Saturnino de Brito: erguida em cumprimento a uma lei municipal de 1961, a estátua foi feita por Caetano Frac-

caroli a pedido da Câmara Municipal. Homenageia o principal sanitarista do país. Herma de Martins Fontes: esculpida por Caetano Fraccaroli, foi uma iniciativa do Rotary Club e amigos do médico e poeta santista. Foi entregue em 23 de junho de 1941. Monumento ao surfista Osmar Gonçalves: Osmar Gonçalves contribuiu com a divulgação do esporte por todo o litoral brasileiro. Seu monumento foi projetado por Daniel Leandro Gonzalez e inaugurado em 22 de dezembro de 2001, dois anos após a morte do surfista.

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Monumento ao surfista: a poucos metros do monumento Osmar Gonçalves, outra escultura de mesma temática homenageia o esporte que foi praticado pela primeira vez em 1934, em Santos. Não por acaso está posicionada em frente ao Posto 2, onde funciona a primeira escola pública de surfe do Brasil. Também feita por Daniel Gonzalez, foi inaugurada no mesmo dia da escultura de Osmar. Monumento Cristovão Colombo: entregue em 11 de outubro de 1992, o monumento em homenagem ao navegador espanhol Cristovão Colombo foi esculpido por Luiz Garcia Jorge.

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perto do canal 3, após sair 400 metros de seu local original. “Ele admirou o oceano por dez anos, antes de ficar de costas para o mar, que ele tanto amava”, observa. Em compensação, o Almirante Tamandaré, na sua mudança de endereço, deu-se bem. Instalada em 1957 no bairro da Encruzilhada, na praça homônima, a estátua, ao ser transferida para orla da praia do Embaré, doze anos depois, ficou posicionada de frente para o mar, sendo até hoje, o único monumento instalado de costas para a avenida. Já o monumento Imigração Japonesa, que homenageia a saga dos imigrantes nipônicos iniciada no porto de Santos há mais de um século, apesar de seus quase 9.700 quilos, também saiu do lugar. “Mesmo sem ter vindo da Ásia, eles migraram três quilômetros entre a localização próxima da avenida Conselheiro Nébias, onde estavam desde 1998, para o parque Mario Roberto Santini, no emissário submarino, em 2009”, ocasião em que ocorreu

Fotos Belisa Barga

rência de mobilização ou reação de pessoas, como foi o caso da Ninfa Náiade, que estava na praça José Bonifácio e foi transferida para o Orquidário, a pedido dos religiosos da Catedral santista. Outra estudiosa do assunto é a jornalista Franciny Oliveira. Há cerca de dois anos, ela realizou uma minuciosa pesquisa em jornais da época e livros sobre a história completa dos jardins que, em breve, será contada em um blog criado especialmente para divulgar essas memórias. “Muitos podem não saber, mas existem estátuas que já passearam pela orla desde que foram colocadas no jardim”, comenta. Em suas pesquisas sobre os jardins, Franciny mapeou curiosidades sobre as estátuas, como as andanças feitas para acomodá-las. “As mudanças que aconteceram nos últimos 70 anos, desde quando o jardim começou a ser decorado com monumentos e fontes, fez de algumas estátuas verdadeiras andarilhas”. Essas mudanças também estão descritas no livro Esculturas Urbanas. Entre algumas das estátuas ‘nômades’, ela pesquisou e, em alguns casos, calculou o deslocamento de monumentos como os de Vicente de Carvalho e Imigração Japonesa, e a estátua O Pescador. O poeta do mar Vicente de Carvalho, originalmente instalado em frente à avenida Conselheiro Nébias, hoje está um pouco mais

As esculturas do leão e do jaguar, instaladas a poucos metros uma da outra, foram inauguradas na década de 1950

Gonzaga Monumento Pedestrianismo: de autoria de Ricardo Campos Mota (Rica), foi inaugurado em 20 de maio de 2006. Esculturas do leão e do jaguar: o jaguar foi um presente dos alunos do curso de artes plásticas do Instituto Dona Escolástica Rosa, orientados por Gildo Zampol, em 1951. Já o famoso leão foi esculpido a pedido da prefeitura de Santos, em 1954, por Segismundo Fernández.

Boqueirão Estátua Vicente de Carvalho: localizada na avenida de mesmo nome, a estátua do po-

eta do mar foi projetada por Caetano Fraccaroli e inaugurada em 21 de julho de 1946. Busto Paulo Viriato Corrêa da Costa: uma homenagem ao arquiteto santista, um dos três brasileiros a se tornar presidente mundial do Rotary Club Internacional (1990/1991). Esculpido por Luis Garcia, foi entregue em 29 de novembro de 2002. Relógio de Sol: o monumento, projetado por Dalberto de Moura Ribeiro em meados da década de 1940, possui 8 metros de diâmetro. Herma de Lydia Federici: jornalista e economista foi uma importante figura no espor-

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história Foto Belisa Barga

uma cerimônia cultural japonesa e marcou a reinauguração do local. A família asiática é representada por três estátuas caracterizadas com vestuários da época. Com o braço estendido, o homem parece indicar ao filho e à mulher as terras brasileiras, que acabara de avistar, considera a jornalista Rosangela Menezes. A estátua do pescador mudou de endereço quatro vezes antes de se estabelecer na praça do Aquário. Inaugurada nos jardins em frente ao Colégio Escolástica Rosa, em 1941, passou 20 anos pescando no bairro antes de ser transferida para o canteiro central da avenida Presidente Wilson, na divisa com São Vicente. Ali permaneceu até ser, acidentalmente, atropelada por um caminhão do Corpo de Bombeiros. Após ser recuperada, foi instalada, em 1976, em frente ao terminal das balsas, na Ponta da Praia. Por conta do prolongamento da ciclovia, em 2008, a estátua mudou-se para seu endereço atual. “Talvez como recompensa por tantas mudanças, (quase catorze quilômetros!) da última vez a deixaram num espelho d’água construído especialmente para ela, já com peixes para lhe prover”, brinca Franciny. A escultura O Pneu Furou, representada pela famosa bicicleta amarela, mesmo com o pneu

te santista por volta de 1940. Entregue em 1995, com autoria de Luis Garcia Jorge. Herma Maria José Aranha de Rezende: fundadora da Academia Santista de Letras, a poetisa das rosas foi a primeira mulher admitida em uma entidade literária, aos 17 anos. De autoria de Luiz Garcia Jorge, a herma foi inaugurada em novembro de 1999. Monumento Maçons: uma homenagem da prefeitura de Santos aos maçons, foi inaugurado em 2 de março de 1992. O monumento, em formato de compasso, simboliza a espiritualidade e sua abertura, limitada a 90º, o conhecimento humano.

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Monumento Rotary Club de Santos-Praia: o monumento foi construído pelo engenheiro Delchi Migotto Filho e entregue em 9 de fevereiro de 1995, sob o lema Seja Amigo. Sua inauguração aconteceu no ano em que o Rotary Internacional completou 90 anos, e o Rotary Santos-Praia, 36 anos.

Embaré Herma de Almirante Tamandaré: a representação do patrono da Marinha de Guerra do Brasil foi uma iniciativa e concepção da Marinha do Brasil, inaugurada em 13 de dezembro de 1957, Dia do Marinheiro. O herói nacional é a única estátua voltada para o mar.

Estátua de Santo Antônio do Embaré: criada por Luiz Morrone, encontra-se na praça de mesmo nome, no canteiro central da avenida praiana, desde 17 de março de 1957, de frente para a Basílica que também leva seu nome. Herma de Paulo Gonçalves: produzida por Gildo Zampol, a herma do jornalista santista Francisco de Paula Gonçalves foi entregue em 27 de setembro de 1975. Monumento Associação da Ordem DeMolay: erguido por iniciativa da loja maçônica Estrela de Santos e inaugurado em 17 de dezembro de 1999.

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murcho, ainda percorreu dois quilômetros. Obra de Ricardo Campos Mota (Rica), encontra-se hoje na avenida Bartolomeu de Gusmão, próximo ao canal 6, vinda da Pinacoteca Benedicto Calixto.

Esculturas urbanas

A estátua O Pescador mudou de endereço quatro vezes antes de se estabelecer na praça do Aquário. Na página ao lado, outro monumento andarilho presta homenagem à Imigração Japonesa

Aparecida

esculpida por Luis Garcia Jorge e inaugurada em 7 de outubro de 1996.

Estátua João Octávio dos Santos: inaugurada em 3 de dezembro de 1960, de autoria de Caetano Fraccaroli. João Octavio apoia a mão direita nas costas de uma criança, numa atitude protetora. O abolicionista santista foi fundador da primeira escola profissionalizante do Brasil.

Monumento Os Imigrantes: inaugurado em 21 de junho de 2012, concebido e doado à cidade por Lecy Beltran, o monumento é uma homenagem a todos os imigrantes que vieram tentar sua vida no Brasil.

Herma de Santos Dumont: esculpida por Pedro Germi, foi inaugurada em 27 de outubro de 1990.

Escultura O Pneu Furou: obra de Ricardo Campos Mota (Rica), foi inaugurada em 20 de janeiro de 2006.

Herma de Brigadeiro Tobias de Aguiar: homenageia Rafael Tobias de Aguiar, fundador da Polícia Militar Paulista. Foi

Ponta da praia

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Herma de Fábio Montenegro: esculpida por Hildegardo Leão Velloso, a herma do poeta

Foto Luciana Sotelo

Tantos personagens e histórias despertaram a atenção da jornalista Rosangela Menezes, que, motivada pelo interesse em conhecer e oferecer conhecimento sobre tais monumentos, escreveu, há quatro anos, o livro Esculturas Urbanas, em parceria com Maria Inah Rangel Monteiro. “Habituei-me a ver monumentos como coadjuvantes e cenários para as mais diferentes manifestações cívicas e populares. Em alguns, lembrava-me dos feitos que garantiram ao homenageado a perpetuação da imagem e, em outros, perguntava-me o simbolismo de determinadas alegorias e relevos, que me atraiam pela simples beleza do trabalho escultural”.

santista foi inaugurada em 26 de novembro de 1922, na praça dos Andradas. Após uma reforma no local, foi transferida para as proximidades do Aquário Municipal, onde permaneceu até 2006, quando foi remanejada para a praça Vereador Luiz La Scala. Herma de Duque de Caxias: inaugurada em 12 de setembro de 1980, em comemoração ao primeiro centenário de morte do duque, foi feita por Pedro Germi. Monumento Caravela: o monumento é de autoria de Regina Maria Lourenço Adegas e Ricardo Campos Mota e foi inaugurado em 11 de junho de 1988, em come-

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história Fotos Belisa Barga

A obra é fruto de um ano e meio de pesquisas; elenca todas as esculturas urbanas de Santos, como sugere o título, inclusive as que estão localizadas na região da praia. “O livro é pioneiro no assunto e começamos do zero”, relembra Rosangela. Foram buscadas diversas fontes, dezenas de ligações para levantar dados como os autores das esculturas. “Em alguns casos, poucos felizmente, essa busca mostrou-se infrutífera. A autoria de certos bronzes parece fadada ao esquecimento”, lamenta. Para a autora, todas as peças apresentam peculiaridades e curiosidades. “Foi como abrir livros de história, simbologia, arte, arquitetura e engenharia. Como a Maria Inah e eu fizemos uma análise minuciosa das obras, descobrimos que cada peça da composição artística (por exemplo, uma simples folha) tem significado. Nenhuma delas está na obra por acaso ou apenas para dar um ‹acabamento›, por assim dizer. E isso foi como decifrar hieróglifos, se assim posso dizer, exagerando na comparação”, explica.

Estátua do filantropo João Octávio dos Santos, vítima de vandalismos na década de 1990 e, o lado, os bustos do médico abolicionista e poeta Martins Fontes, com seu permanente cravo vermelho colocado por um admirador anônimo, e do aviador Santos Dumont

moração aos 500 anos do descobrimento.

dia do aniversário de Santos.

Escultura Padre José de Anchieta: também de Caetano Fraccaroli, foi inaugurada em 25 de janeiro de 1961, em comemoração ao quarto centenário de falecimento de José de Anchieta, localiza-se na praça do Aquário.

Busto Vereador Luiz La Scala: homenagem ao vereador e ex-provedor da Santa Casa santista, fica na praça de mesmo nome. Idealizado por Luiz Garcia Jorge, foi inaugurado em 17 de dezembro de 2006.

Monumento-padrão D. Henrique: projetado pelo arquiteto Aníbal Martins Clemente. Homenageia a figura de D. Henrique, importante figura da era dos descobrimentos. Inaugurada em 26 de janeiro de 1962,

Estátua Atlético Náutico Santista: de autoria de Caetano Fraccaroli, é uma homenagem à cidade, considerada o município mais desportivo do Brasil, e foi entregue em 1º de setembro de 1946.

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Busto de Giusfredo Santini: esculpida por Enivaldo Rebellato Lupi e inaugurada em 7 de junho de 1997. Estátua O Pescador: idealizada por Ricardo Cipicchia em 1941, homenageia os pescadores santistas. Monumento Cívico à Bandeira do Brasil: encontra-se em um local estratégico da Ponta da Praia, e pode ser vista por quem vem ou vai ao Guarujá. O marco foi inaugurado em 18 de outubro de 2000.

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porto

A bordo de uma escuna,

diversão e cultura Passeio pelo entorno da região portuária mostra as belezas naturais do estuário santista e a complexidade do maior porto da América Latina

Por Luciana Sotelo “Navegar é preciso; viver não é preciso”. A frase tirada do poema do escritor português Fernando Pessoa serve de motivação para aqueles que pretendem conhecer o porto de Santos, já que por terra todos os portões de acesso ao complexo são bloqueados para visitantes, desde a implantação do ISPS Code - código internacional de segurança para portos e navios. Devido à norma, as instalações portuárias são restritas a autoridades, trabalhadores, prestadores de serviços e eventuais casos especiais. Para conhecer in loco o maior porto do Brasil, realmente, “navegar é preciso”. A opção sem nenhuma burocracia é embarcar numa aventura marítima a bordo de uma escuna para acompanhar bem de pertinho as operações. A embarcação tem como ponto de partida a ponte Edgard Perdigão, na Ponta da Praia, em Santos. A proposta é um passeio pelo complexo por mar. No roteiro é possível avistar boa parte da estrutura existente e desvendar curiosidades. A programação básica é composta, primeiramente, de um passeio dedicado ao lazer e belezas naturais. O convite é de contemplação à Fortaleza da Barra, praia do Góes, prainha do Cheira Limão e praia do Sangava. Nesse ponto, a aventura torna-se refrescante. “Fazemos uma pausa para quem quiser

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Foto Luciana Sotelo

Início do passeio é dedicado ao lazer e belezas naturais. Ao fundo, a Fortaleza da Barra

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Fotos Luciana Sotelo

porto

Luiz Feliciano impressionado com a dimensão do porto

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tomar um banho de mar. É permitido ficar na água por 15 a 20 minutos, de preferência, de colete e próximo ao nosso barco”, explica o comandante da embarcação, Alcides Lopes de Oliveira, 41 anos de experiência no ramo, e que acompanha esse momento com muita atenção, monitorando os banhistas. Depois, o destino é a ilha das Palmas, baía de Santos até a altura do canal 4. Só então, o passeio torna-se técnico. “Rumamos em direção ao maior complexo portuário da América Latina, o porto de Santos”. A partir desse momento, o comandante da escuna assume também a função de guia portuário. Ele mostra e explica toda a rotina do cais, desde a entrada do canal do estuário, as instalações, terminais, tipos de navios que aparecem no cenário, operações que estão sendo realizadas no momento da visita, especificações dos equipamentos, entre outras peculiaridades. O passeio simples leva os navegantes até as proximidades do Terminal 37 e retorna. Mas, para quem busca algo mais, existe o

roteiro específico de porto. “A escuna sai da ponte Edgard Perdigão e segue direto para o cais. Essa rota vai até a ilha Barnabé”. Nessa opção, é possível conhecer com riqueza de detalhes as principais características do percurso. Em determinado momento, o visitante tem contato com a história. Isso acontece quando a embarcação passa em frente ao local onde tudo começou, ou seja, nos primeiros 260 metros de cais, inaugurado em 2 de fevereiro de 1892. “Em outro ângulo, observa-se alguns dos antigos guindastes, hoje desativados. Pode-se ainda apreciar os equipamentos modernos adquiridos pela iniciativa privada após a Lei de Modernização, caso dos portêineres e transtêineres, utilizados para a movimentação de contêineres”, aponta Alcides. Tal diversidade encantou Rogério de Andrade, supervisor de logística, um dos passageiros. “O porto de Santos é versátil, opera com todo tipo de carga. Isso torna o passeio rico e inesquecível. Ver como tudo funciona é uma experiência única”, apon-

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Vista do terminal pesqueiro existente ao longo do cais

ta. O colega Luiz Feliciano também ficou contente com o que viu, pois até então só conhecia os navios que passavam pelo estuário, na Ponta da Praia. “Só agora pude entender por que ele é o maior do país. A dimensão é maior do que eu imaginava. Vale a pena ver tudo isso.” Gilda Santos mora em São Vicente e tinha muita vontade de conhecer o porto de Santos. Realizou esse sonho na companhia de familiares vindos de Aracaju. “Estou maravilhada, nunca vou esquecer esse passeio; é muito mais do que eu imaginava”. Luxo e glamour também estão inclusos na viagem, pelo menos durante o período da temporada brasileira de cruzeiros marítimos. A escuna passa ao lado dos famosos e cobiçados transatlânticos ancorados no terminal de passageiros. Não há quem não se encante, a exemplo dos familiares de Gilda. Áurea Laurêncio dos Santos, aposentada, e Jocilene Faustino dos Santos, comerciante, não economizaram flashes para os transatlânticos ancorados. “É muito bonito. Fiquei

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com vontade de conhecê-los por dentro. Por fora, eles já são de encher os olhos, imagina lá no bem bom”, fala Jocilene. Além de encantar turistas, o porto de Santos atrai também a curiosidade de moradores da Baixada Santista. O contador Arnaldo Duarte Tenório e a mulher Luzinete Tenório moram em São Vicente há dezoito anos e nunca tiveram a chance de conhecer as instalações. Só depois que a filha entrou para uma das empresas que operam no porto, eles decidiram fazer o passeio. “Sempre quis conhecer esse universo, mas tomei uma atitude concreta agora que minha filha está nessa área. Achei tudo fantástico e grandioso”. Por falar em grandiosidade, os navios oriundos de todas as partes do mundo lideram os comentários. A artesã Regina Célia Ferreira da Silva e o filho Luis Henrique não pouparam elogios para os cargueiros. “Os navios são realmente muito grandes, imponentes. É impressionante ficar frente à frente com eles. Só os víamos pela televisão ou em fotos de jornal. Aqui é outra realidade, mui-

Gilda Santos, maravilhada com o passeio

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porto Terminal da margem direita do porto e, abaixo, a parada para mergulho na praia do Sangava

Regina Célia não poupou elogios para os cargueiros

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to mais impactante”, diz Regina. O pequeno Luis, de apenas 10 anos, ficou espantado com a quantidade de contêineres que é colocada em cada navio. “Deu uma curiosidade em saber o que tem em cada uma dessas caixas gigantes”, aponta e sorri o menino. Para o comandante Alcides é uma honra proporcionar todas essas sensações. “Aqui as máquinas se movimentam, os navios são carregados de produtos, tudo está diante do olhar atento de cada visitante. A visão é privilegiada. É gratificante realizar esse trabalho”. O público para esse percurso técnico, geralmente, é formado por empresários, estudantes, universitários das áreas relacionadas ao comércio exterior, administração e logística, além de investidores estrangeiros. Entretanto, o passeio pelo porto pode ser feito

por qualquer pessoa, de qualquer idade. “Já recebemos aqui gente da Itália, Índia, Japão, Portugal, Canadá, Holanda, Estados Unidos, incluindo também muitos brasileiros e moradores locais”, orgulha-se o comandante. Na margem direita do estuário, três empresas prestam esse tipo de serviço; elas se revezam para atender a demanda. A reportagem da Beach&Co fez o passeio na escuna Tamburutaca - nome que designa uma espécie de crustáceo que vive no fundo do mar, semelhante a uma lagosta branca sem antenas-, pertencente à empresa Turismo no Mar. Construída em 1998, em Camamu, sul da Bahia, a Tamburutaca tem capacidade para levar até 100 pessoas. Além disso, conta ainda com uma tripulação composta por dois marinheiros e um auxiliar. Outro ponto que merece destaque é a segurança. O comandante faz questão de mencionar que a primeira providência após dar as boas-vindas aos navegantes é explicar como se utiliza o colete salva-vidas. Além disso, menciona que a embarcação recebe frequentes inspeções da Capitania dos Portos do Estado de São Paulo quanto à manutenção dos equipamentos de salvatagem e condições do barco, requisitos seguidos pelas demais empresas do ramo. Serviço: durante as temporadas, as escunas operam todos os dias. Após esse período, funcionam aos sábados, domingos e feriados. O primeiro horário de partida é às 9h20. Partidas: ponte Edgard Perdigão, na av. Saldanha da Gama, na Ponta da Praia, a partir das 9h20 até 15h20 (última saída). No horário de verão, até às 17h20. Preço: R$ 10,00 (crianças de 4 a 10 anos e maiores de 65 anos); demais pagam R$ 20,00. Agendamento para roteiros diferenciados deve ser feito com antecedência pelos telefones (13) 9721 1200 e 9710 1689, ou e-mail: turismonomar@hotmail.com.

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Foto Chepko Danil Vitalevich/Shutterstock

saúde

De olho na

balança dos pequenos

A obesidade já é um dos principais problemas de saúde no mundo, e atinge também, de forma preocupante, as crianças, vítimas do sedentarismo urbano, de tabus e fatores psicológicos

Por Aline Porfírio “Mãe, só mais um biscoito, por favor!”. Qual mãe nunca hesitou em ceder a tal pedido? O receio dos pais de advertirem seus filhos para o exagero de alimentos calóricos é um dos principais elementos de contribuição para a obesidade infantil. O problema começa quando a criança é bebê, com a velha ideia de que criança saudável é criança gorda. Porém, com o passar dos anos, isso acarreta sérios problemas psicológicos e, principalmente, de saúde. Além disso, as crianças que sofrem de obesida-

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de, têm que enfrentar um de seus maiores monstros: o preconceito. Em uma realidade cercada por doces, salgadinhos, chocolates, refrigerantes e fast-foods, Patrícia Rezende, 37 anos, sabe bem como funciona essa situação. Mãe das meninas Lohanna, 12 anos, e Rayane, de 9, luta contra as calorias e o espelho - dos filhos. Como toda mãe moderna, Patrícia trabalha fora, como professora universitária e coordenadora de projetos. E como todas as crianças, Lohanna e Rayanne, acreditavam

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de bicicleta, correr, pular corda. Hoje, a maioria delas se reúne para jogar videogame; as bicicletas perderam espaço para os carrinhos motorizados, os esportes foram deixados de lado e a TV ocupa grande parte do tempo livre das crianças. Tudo isso, segundo a coordenadora do curso de nutrição da Universidade Católica de Santos Valdete Lemes Stivanin, é um grave fator de risco para desencadear a obesidade. Para Valdete, os pais são os grandes responsáveis pela situação. A falta de tempo implica em outra forma de supervisão para as crianças, e, mais que isso, gera um tipo de carência que, muitas vezes, tenta ser suprida pelos pais com a não restrição de doces, guloseimas e calorias. “É difícil você encontrar pais preocupados com a alimentação dos filhos quando eles estão formando o hábito alimentar. Muitas mães não percebem que o refrigerante na mamadeira e o biscoito doce nos primeiros seis ou sete meses de vida da criança já influenciam uma má formação alimentar. Então, se os pais não têm o hábito de comer verduras e

Índices preocupantes Segundo o IBGE, hoje, no Brasil, uma em cada cinco crianças (5 a 9 anos), está acima do peso. Isso representa um índice de mais de 36%. Quanto aos adolescentes, a última pesquisa apontou quase 6% de obesidade já constatada, o que revela um problema iniciado na infância, e formador de jovens e adultos obesos com problemas graves de saúde, como as doenças cardíacas, por exemplo.

A velha ideia de que criança gorda é criança saudável precisa ser revista Foto Michael Sageras/ Stockvault

que a ausência da mãe seria perfeita para burlar as restrições alimentares. As tardes da pequena Rayane passaram a ser uma combinação de doces, biscoitos e desenhos animados na TV. Para lhe fazer companhia, a irmã mais velha, Lohanna, entrou no clima das guloseimas. “Com o meu aumento na carga horária de trabalho, as meninas passaram a ficar um período sem minha presença. Com isso, elas aproveitaram para abusar das calorias, pois não havia quem controlasse a alimentação. Ainda mais tendo uma mãe como eu, que adora usar o chocolate como fonte de energia”, conta Patrícia. Ela diz que começou a se preocupar ao verificar o peso das meninas e a ouvir comentários desabonadores sobre a aparência das filhas. Com isso, preferiu não esperar que o problema se desenvolvesse. “As pessoas são muito duras quando o assunto é beleza. Em pleno século XXI ainda há quem não saiba falar com jeito sobre a aparência ou personalidade infantil. E foi esse tipo de comentário de pessoas e amigas próximas que nos deixou mais atentas ao peso, mesmo que tenha sido de uma forma dura de aprender. Tive que aproveitar a situação para iniciar uma longa conversa com elas”, explica. Mas, esse não é um dilema exclusivo de Patrícia. Muitos pais ainda não sabem como abordar o tema com os filhos que sofrem deste problema, seja pelo âmbito da ditadura da beleza ou por questões de saúde. Recentemente, a ONG americana Aliança para a Obesidade, lançou um guia de como melhorar a relação entre pais e filhos ‘gordinhos’. O livro destaca os temas de imagem, saúde, convivência, advertências e ganhos que as crianças podem ter se melhorarem sua qualidade de vida. O guia é voltado para crianças de 7 a 11 anos, e foi revisado por especialistas em obesidade, nutricionistas, pediatras e psicólogos. A obra tem como objetivo oferecer praticidade no assunto; não buscar o porquê do problema, mas, sim, como resolvê-lo. O estilo de vida do homem mudou muito com o passar dos anos, e essas transições começaram na infância. As crianças não possuem mais o antigo hábito das brincadeiras de roda, de pega-pega, de andar

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saúde legumes, por exemplo, eles não vão oferecer isso aos filhos”, diz. Atenta a estes problemas, Patrícia estudou a melhor forma de conversar com as filhas. Ela acredita que não existe uma regra única para falar com os filhos, e que a abordagem deve ser personalizada, mesmo quando feita com a ajuda de guias e materiais sobre a doença. “Conversamos abertamente. Depois, percebi que há mais interesse por parte delas em modificar esta característica”. A partir daí começou a negociação. Durante as férias de verão, a filha mais velha, Lohanna, passou um tempo com a tia, profissional de educação física, para uma reeducação alimentar. A menina destaca que adorou descobrir como podem existir coisas legais para se fazer e ajudar na movimentação do corpo. E que é possível comer coisas muito gostosas e saudáveis. Mas, o que deixou Lohanna com um largo sorriso foram os três quilos que ela perdeu

Foto Aline Porfírio

Rayane, Patrícia e Lohana em luta contra as calorias

nesse período. “Já me sinto uma nova pessoa, muito feliz e determinada”, diz. A nutricionista Valdete Lemos reforça que é necessário que exista mais do que guias para solucionar o problema. “Precisamos de políticas públicas fortes e eficientes que chamem a atenção para o caso e ofereçam acompanhamento edificado”. Um ponto positivo, segundo ela, foi a lei de fiscalização das cantinas escolares, que supervisiona a venda de alimentos calóricos e prejudiciais à saúde. Além disso, a alimentação escolar da rede pública também é preparada com base em um cardápio nutricional saudável, proporcionando às crianças alimentos essenciais para um bom crescimento e saúde. O segredo para a melhora na qualidade de vida infantil é o diálogo e a negociação. Os pais devem abordar o assunto com os filhos, reforçando sempre a questão da saúde. Valdete explica que o método não é proibir, e, sim, negociar. “Se eu tenho uma criança obesa que toma cinco copos de refrigerante por dia, por exemplo, eu vou conversar com ela para tentar tomar só três copos, até diminuir bem. Vou negociando uma atividade, pular corda em casa, andar de bicicleta, praticar um esporte. E aí, se os pais ajudarem, vamos conseguindo grandes progressos”. O problema da obesidade infantil vai muito além da imagem e da vaidade. Com índices tão alarmantes, estas crianças podem atingir a idade de 20 ou 30 anos já com sérios problemas cardiovasculares, hipertensão, grave fadiga, e principalmente, muitos problemas psicológicos. Por mais difícil que seja o diálogo, ele se faz necessário em tempos em que o sedentarismo e a má alimentação estão ao alcance de todos. Os pais devem analisar que, o ‘não’ de hoje, pode se tornar o ‘muito obrigado’ de um futuro saudável e livre de doenças crônicas.





ser sustentável

O lado desconhecido

da alimentação Sempre que falamos em sustentabilidade estamos, de uma forma ou de outra, mexendo com hábitos, costumes. E, talvez, não haja rotina mais difícil de ser mudada do que a da alimentação

Por Marcus Neves Fernandes Você sabia que ovo de codorna tem o dobro de colesterol do que o ovo de galinha? Soube disso na fila de um restaurante por quilo, graças a uma senhorinha ao meu lado, com seu reluzente penteado lilás. Assim que me viu pegar o petisco, ela logo me avisou do inconveniente. Agradeci a informação, e comecei a pensar se as pessoas tinham ideia do que está por detrás daquilo que comemos. Não me refiro às questões nutricionais. Falo do modo de produção, do que é necessário para que um ovo, um bife, uma

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alface ou tomate cheguem às nossas mesas. O ovo, só para ficar no exemplo acima, é um desses casos. Lembro-me que, há cerca de dois anos, um consagrado chef de cozinha britânico fez um programa de tevê no qual mostrava como era a vida das galinhas nesse tipo de granja - um horror. Amontoadas em gaiolas apertadas, quase que umas sobre as outras, com os bicos cortados para não cometerem canibalismo ou destruírem os ovos, recebendo antibióticos e hormônios de crescimento. A rea-

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O feitiço Há uns dez anos, quando ocorria um dos picos da dengue na Baixada Santista, ouvi de uma cientista da Fiocruz que a aplicação do popular fumacê para o combate do mosquito era não só perigoso para o ser humano, como acabaria, com o tempo, sendo ineficaz contra o inseto. “Ele vai se adaptar”, sentenciou a pesquisadora à época. Agora, dois estudos recém-divulgados demonstram como o feitiço das soluções fáceis pode se virar contra o feiticeiro. O

ção da audiência beirou o escândalo. Situação semelhante pode ser encontrada na criação de outros animais, sejam eles bois ou salmões. É preciso acelerar o crescimento, produzir mais em um espaço cada vez menor, o que implica em confinar os animais, muitos deles desde que nascem. Na China, por exemplo, pesquisadores acabam de descobrir que antibióticos utilizados em larga escala em porcos, para fazê-los crescer mais rápido, estão gerando bactérias resistentes aos próprios antibióticos. No mesmo programa do chef de cozinha britânico, o apresentador fez o contraponto: mostrou como é a criação das chamadas galinhas rústicas ou caipiras. Elas vivem soltas, ciscando livremente, não são mutiladas e tampouco recebem anabolizantes. Os cuidados se limitam à vacinação e vermifugação. Obviamente, nenhum de nós percebe isso, seja no restaurante ou no supermercado. A realidade está longe de nossos olhos e, como diz aquele velho ditado, o que os olhos não veem... Por isso mesmo, é plenamente compreensível que as pessoas deem importância ao colesterol do ovo de codorna, na medida em que pouca ou nenhuma atenção é dada à forma como esses animais são criados. Todavia, um estudo recente sugere que dentro de 20 anos, o mundo terá que produzir 40% mais comida para dar conta da demanda. E isso, decerto, colocará ainda

primeiro deles foi feito nos Estados Unidos e indica que um dos repelentes mais utilizados no mundo contra o Aedes aegypti já não faz mais efeito. O bicho está evoluindo, se transformando e nada indica que esse processo não vá continuar. Essa constatação me leva a pensar nos agrotóxicos. O princípio é o mesmo. Somos hoje o país que despeja a maior quantidade de pesticidas nas lavouras. Pior do isso: alguns dos produtos já foram proibidos em vários países e mesmo aqueles já banidos no Brasil conti-

mais pressão sobre o modo de produção. É um dilema de difícil solução, o que não quer dizer que não haja alternativa. Aqui mesmo, no Brasil, já existem produtores de frangos orgânicos. No Chile, já se buscam formas de reduzir a concentração de salmões nas fazendas marinhas. Nos Estados Unidos e Canadá, a pecuária orgânica vem ganhando cada vez mais espaço. Para muitas pessoas, pode soar ingênuo falar em bem-estar animal. Afinal, o bicho vai acabar mesmo sendo abatido, retalhado e distribuído. Que importa, então, a forma como ele viveu? Bom, uma parte dessa pergunta cada um responde de acordo com sua consciência. Fora isso, há o lado pragmático: esse modo de produção tem reflexos diretos na piora da saúde humana, na destruição de habitats, no aumento da poluição, no recrudescimento de doenças, no esgotamento do solo, dos mananciais e por aí vai. Decerto que nem todos podem se dar ao luxo de questionar esse perverso modelo, na medida em que lutam simplesmente para ter o que comer. Mas a maioria de nós pode. Só que é preciso mudar os hábitos. Não se trata de demonizar o produtor, transformá-lo em vilão e sentenciá-lo ao descrédito em praça pública. Um produto só existe se há quem o consuma - é a lei do mercado. Por outro lado, não se pode fechar os olhos e engolir, literalmente, o que vem pela frente.

nuam entrando ilegalmente. Aqui, em muitos casos, a dose recomendada já não dá conta das pragas. Ato contínuo, lá vai mais veneno em frutas e hortaliças. Já o segundo estudo foi feito na China, uma das maiores produtoras mundiais de porcos. Lá, os cientistas descobriram que o uso em larga escala de antibióticos, para acelerar o crescimento, está gerando bactérias cada vez mais resistentes aos próprios antibióticos. Os resultados são preliminares, mas vamos acompanhar os desdobramentos.

Para atender a demanda é preciso acelerar o crescimento, produzir mais em um espaço cada vez menor, o que implica em confinar os animais

*O autor é jornalista especializado em desenvolvimento sustentável

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Fotos Divulgação/Karen Jonz

esporte

Garotas do skate Seja para competir ou se exercitar, elas comprovam que não existe mais coisa de menino ou coisa de menina. O importante é fazer o que se gosta e ser feliz

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Um olhar mais atento distingue que, em cima dos skates que circulam por ruas e pistas, atualmente, é cada vez mais comum a presença de meninas. Determinadas e corajosas, elas optaram por uma modalidade até então dominada pelo sexo masculino, e já se destacam no Brasil e no mundo por suas conquistas. Tendo como espelho profissionais brasileiras, como a paulistana Letícia Bufoni, vice-campeã do X Games, a Olimpíada dos Esportes Radicais, a carioca Christie Aleixo (campeã brasileira de skate longboard downhill) e a paulista Karen Jonz (bicampeã mundial de skate vertical), entre outras, encaram o desafio de aprender as manobras e não têm medo de cair. Com espaços exclusivos e gratuitos para a prática, as cidades do litoral paulista também já produzem ‘rainhas da pista’. A santista Milena Oliveira dos Santos Vieira, 14 anos, exibe com orgulho as marcas das quedas. “Meus pais até falam que vou crescer e ficar cheia de cicatrizes, mas eu não ligo. Gosto de skate e tenho várias amigas que também andam”. Todo cuidado é pouco, especialmente para quem está começando neste esporte radical. Edson Scander, vice-presidente da Confederação Brasileira de Skate, diz que os iniciantes devem primeiro aprender os fundamentos: como cair sem se machucar e dominar as manobras básicas, antes de tentar as mais difíceis. Outras dicas valiosas são praticar em lugares seguros e apropriados, como parques sem trânsito de automóveis, ou skate parks; e, se possível, participar de escolas de skate, além, é claro, de utilizar equipamentos de proteção (capacete, joelheiras e cotoveleiras). Apesar de o objetivo do esporte não ser a busca pelo corpo perfeito, é preciso dizer que as garotas do skate conseguem suar e

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Foto Vagner Dantas

Por Fernanda Mello

A bertioguense Mariana Ferreira, especialista na modalidade street e, na página ao lado, a bicampeã mundial de skate vertical, Karen Jonz

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esporte manter a forma graças aos treinos para lá de puxados. Em uma hora da atividade, perde-se em média 250 calorias. E mais: a modalidade exige muito das pernas e do abdômen, além de ser um excelente exercício aeróbico, no qual ainda se trabalham equilíbrio e flexibilidade. “Gasto muita energia e mexo o corpo inteiro treinando. Até surfei antes, mas me dei melhor com o skate”, diz Regiane Silvano Ferreira, 22 anos, de Bertioga, que se divide entre o emprego e os treinos na pista da praia da Enseada. O gosto pelo esporte radical e por aprender novas manobras transforma belas meninas em feras na pista. Com 14 anos, a bertioguense Mariana Ferreira dos Santos já disputa os primeiros campeonatos e lidera na modalidade street (a mais comum no Brasil, que simula na pista obstáculos, situações encontradas na rua, como corrimões, paredes e escadarias). “Juntei dinheiro para comprar meu primeiro skate. Minha mãe me apoia, só não quer que eu me machuque. Para mim, os tombos motivam”.

A evolução das skatistas é tão expressiva, que muitas profissionais já se posicionam à frente de homens em competições. Letícia Bufoni terminou a etapa brasileira do Circuito Mundial de Street Profissional 2012, em Fortaleza, na 16ª posição e na frente de mais de 30 rapazes. Já Christie Aleixo, durante o torneio Ladeira da Morte 2011, equivalente ao campeonato nacional de Downhill Slide, ficou na 8ª posição, deixando 11 homens para trás. Engana-se e muito, no entanto, quem pensa que os skatistas jogam contra as garotas. As meninas são unânimes em afirmar que pais, amigos, maridos e namorados dão a maior força para que elas continuem firmes e fortes sobre as rodas. Alguns até ensinam as manobras e investem no crescimento das meninas. “É muito bom ver a evolução e o empenho delas”, diz o administrador e skatista Rafael Luz, amigo de Isabela Valencio, 13 anos, que reforça o time de praticantes. Outro apoiador é Renilton Rodrigues de Souza, padastro

Foto Vagner Dantas

As meninas invadem os espaços dedicados ao esporte nas cidades do litoral

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de Gabrielly Tavares, 10 anos, que espera o mês de abril chegar para ganhar um novo skate de presente de aniversário. “O tabu e o preconceito caíram por terra há muito tempo”, afirma Renilton. A igualdade, porém, para por aí. O toque feminino mantém-se e, na medida do possível, há sempre uma dose de charme durante as sessões. Conforto é outra preocupação das meninas ao se vestirem para o treino. Shorts ou calça jeans, camisetas, tops coloridos e tênis no estilo street compõem o uniforme básico das atletas. Algumas usam bonés mais femininos e prendem o cabelo em coques ou rabos de cavalo porque sabem que vão suar muito. Em busca do tricampeonato mundial em 2013, a skatista profissional Karen Jonz, nascida em Santos, começou no esporte em 2000, em Santo André e, hoje, é um dos principais nomes da modalidade no Brasil. Pode-se dizer que ela abriu várias portas no skate feminino: foi a primeira campeã mundial brasileira e o primeiro ouro da história para o país, no X Games 2008. Competindo também em campeonatos masculinos nacionais e internacionais, Karen diz que agora ouve mais elogios do que críticas. “Acho que as pessoas entenderam que precisa ter coragem para praticar e levar por tanto tempo. Por isso, respeitam. A beleza da skatista mora muito na atitude. Somos felizes com o que fazemos e isso transparece o tempo todo”. Para ela, foram determinantes no esporte a persistência, dedicação, vontade, bom relacionamento, apoio de patrocinadores e muito amor pela atividade. Às garotas que estão começando, Karen recomenda coragem e não ligar para as opiniões de quem está de fora, além de se divertir muito. “A relação que o esporte traz

A skatista Milena Oliveira não se incomoda com as marcas das quedas adquiridas com a prática da modalidade. Acima, Regiane Silvano trocou o surfe pelo skate

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esporte A pequena Gabrielly Tavares já pediu o presente de aniversário: um novo skate

com a cidade e a liberdade de ir para qualquer canto fizeram muito sentido para mim quando iniciei”.

A origem O skate teria surgido nos Estados Unidos, no final da década de 1950, com surfistas da Califórnia que queriam ter o que fazer enquanto as ondas não vinham. Nos anos 1960, a modalidade chegou ao Brasil, via Rio de Janeiro, trazida por filhos de diplomatas americanos. Na década de 1970, começou a evoluir com a criação de várias manobras e a invenção das rodinhas de uretano. Hoje, além do alto nível, da profissionalização dos atletas e de uma cultura própria, o esporte tem mais espaço na mídia com a transmissão ao vivo de campeonatos, revistas e sites especializados. Estima-se que haja cerca de mil pistas em todo o país. Skatistas, como o carioca Bob Burnquist, o primeiro brasileiro a vencer uma etapa do Campeonato Mundial de Skate Vertical, em 1995, e o paulista Sandro Dias, hexacampeão mundial, são reconhecidos dentro e fora do Brasil. Na década de 2000, em São Paulo, foi criada a Associação Brasileira de Skate Feminino, ligada à Confederação Brasileira de Skate. Também é preciso dizer que muita gente usa o skate no dia a dia como meio de transporte (para lá de sustentável!).



internacional

Vista do terraรงo do Castelo de Chambord


Fotos Renata Inforzato

Vale do Loire,

berço de ouro para reis e nobres O Vale do Loire é uma das regiões mais lindas da França, fertilizada pelo rio que lhe empresta o nome. Situado bem no centro do país, o vale faz a transição entre as magníficas paisagens mais quentes do sul com a bela arquitetura e o clima mais frio do norte. Área fértil desde a época do Império Romano, foi durante o Renascimento que viveu o seu apogeu, quando vários castelos foram erguidos para abrigar os reis e suas cortes. A região possui 42 castelos. Conheça algumas dessas eternas obras de arte


internacional Por Renata Inforzato

Château de Chambord Com cerca de 90 cômodos abertos aos visitantes, Chambord é a obra-prima da Renascença. Construído a partir de 1519 pelo rei Francisco I que, então com 25 anos, queria mostrar ao mundo suas duas grandes paixões: a caça e a arquitetura. Foi projetado por ninguém menos que Leonardo da Vinci, que morreria alguns meses antes de a obra começar. Apesar do luxo e do esplendor da época, em Chambord quase não há móveis, pois o rei passava ali apenas alguns dias para caçar na floresta que ele mesmo mandou preservar. A maior atração do castelo é a escadaria dupla, também projetada por da Vinci, em que duas pessoas podem subir e descer sem jamais se encontrarem. No primeiro andar, estão os aposentos de Francisco I e Luís XIV. No segundo, os cômodos que fazem menção às caçadas que o rei renascentista fazia na região. No último andar, um terraço com uma bela vista do canal e do parque. Classificado como Patrimônio Mundial

pela Unesco, em 1981, Chambord possui um parque de 5.440 hectares, o maior da Europa, cercado por um muro de 32 km. Desde 1947, é considerado reserva de caça e de fauna selvagem, embora as caçadas sejam raras. O parque pode ser visitado e há pistas para passeios de bicicleta e caminhadas, e observatórios para apreciar a paisagem e os animais, principalmente os cervos e os javalis. No castelo há, ainda, um café, lojas de souvenires, lanchonetes e dois restaurantes.

Château de Cheverny Apesar de não ter servido como moradia para os reis franceses, Cheverny ilustra bem como era uma residência da nobreza, pois pertence à mesma família há mais de seis séculos. Todos os móveis estão muito bem conservados e dispostos como se ainda fosse habitado. É possível visitar o quarto dos nascimentos (local de parto e berçários), o das crianças, a sala de jantar, sala de música etc. Uma curiosidade de Cheverny é que o castelo foi retratado nas histórias de Tintin, do

Castelo de Cheverny pertence à mesma família há mais de seis séculos

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Castelo de Chenonceau. Ao centro, a cozinha do Chenonceau e, abaixo, detalhe do castelo de Clos Lucé

desenhista Hergé. Sempre há exposições no local, relacionadas ao personagem. A visita inclui, também, um passeio pelo jardim em estilo inglês e uma horta. Na entrada do castelo, há uma cave, com degustação de vinhos.

Château de Amboise O castelo fica dentro da cidade de mesmo nome. É um dos mais antigos da França, embora 80% dele tenham sido modificados no decorrer dos séculos. De início, serviu como fortaleza medieval. Durante o reinado de Carlos VIII, no final do século XV, começou a ser transformado em residência renascentista para a mudança da corte. Alguns anos depois, o futuro rei Francisco I seria levado, ainda criança, ao château, a fim de ser educado para receber a coroa. O castelo de Amboise ficou conhecido por hospedar grandes artistas e intelectuais da época, como Leonardo da Vinci, enterrado na capela do castelo. Além do túmulo do artista, a visita inclui vários aposentos, mobiliados no estilo gótico da época (os móveis são originais). Há várias armaduras de cavaleiros pelos cômodos. Também é interessante visitar as torres do castelo e os jardins panorâmicos, de inspiração oriental, de onde se tem uma visão muito bonita do rio Loire. Não há restaurantes, pois o castelo está bem no centro da cidade.

Châteaux de Clos Lucé Também situado em Amboise, a apenas 400 metros do outro castelo, o Clos Lucé foi construído em cima de fundações da época gallo-romana (Império Romano). Assim, como aconteceu com o Château de Amboise, foi Carlos VIII quem transformou o lugar em um pequeno castelo para que ele e sua esposa, Ana da Bretanha, usufruíssem o verão. No início do século XVI, Francisco I, já rei, organizava no verão vários torneios, enquanto sua irmã, Margarida de Navarra, escreveu ali os contos de “l’Heptaméron”.

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internacional

Túmulo de Leonardo da Vinci no castelo de Amboise

Foi lá que Leonardo da Vinci passou seus últimos anos, a convite de Francisco. A visita ao castelo inclui a capela de Ana da Bretanha (construída em memória de seus filhos, mortos quando eram ainda crianças), o quarto de Leonardo da Vinci, as cozinhas e várias salas com projetos das invenções do gênio. No entorno do Clos Lucé ainda há um grande parque, onde estão dispostas réplicas da invenções de da Vinci em tamanho natural. Uma diversão e tanto para as crianças. Também vale a pena uma vista à pequena taverna no parque, onde é possível provar um menu com pratos da época. O castelo possui também um café.

Château de Chenonceau Também conhecido como o “Castelo das Damas”, Chenonceau é outra joia do início do Renascimento francês. Construído em 1513 a mando de Katherine Briçonnet, mulher de Thomas Bohier, general de finanças do rei Carlos VIII, o château ficou conhecido por ter sido um presente do rei Henrique II a sua amante favorita Diane de Poitiers. Após a morte do soberano, em 1559, a rainha viúva Catherine de Médicis

tomou o castelo de Diane e o embelezou a sua maneira. Assim como outros castelos do Vale do Loire, Chenonceau foi poupado da destruição durante a Revolução Francesa graças a outra mulher, Madame Dupin. A visita a esse castelo é uma das mais completas do Vale. Ricamente mobiliado, é possível visitar os aposentos dos reis e rainhas - além do quarto de Catherine, há também o de Louise de Loraine, viúva de Henrique III - , o de Diane de Poitiers, as cozinhas, galeria de arte etc. Chenonceau possui obras de alguns dos artistas mais consagrados na história, como Tintoretto, Nicolas Poussin, Rubens, entre outros. Além do castelo, a área verde de Chenonceau é enorme e pode ser visitada. Há o labirinto, os jardins de Diane de Poitiers, de Catherine de Médicis, além de uma pequena fazenda, com um jardim próprio. Também há áreas para piqueniques. Ao lado do castelo, há um museu de cera que conta a história do lugar, além de um restaurante e um salão de chá. Como parte de Chenonceau foi construída sobre o rio Indre, o que torna a paisagem muito bonita, é possível fazer passeios de barco sob as arcadas do castelo.

Castelo de Chambord, obra-prima da Renascença

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Foto Zsuzsanna Kilian/Sxc.hu

gastronomia

Especiarias,

um mundo de sabores Elas redesenharam o mapa-múndi e podem transformar uma receita

Por Fernanda Lopes Por causa das especiarias, terras e povos foram descobertos, os mares foram singrados em todas as latitudes e longitudes e muito sangue foi derramado. Elas foram responsáveis pela mudança do desenho do mundo até então conhecido a partir do século XV, e tornaram a vida bem mais temperada e saudável. Atraídos por elas, os europeus enfrentaram todo tipo de adversidade na época das navegações. Suas embarcações percorreram grandes distâncias, e a tripulações luta-

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ram contra vários povos e conquistaram muitos outros. Naquela época, meio quilo de noz-moscada era o suficiente para comprar sete bois. Os cravos-da-índia valiam seu peso em ouro. As especiarias eram valiosas porque davam sabor aos alimentos - muitas vezes mascarando o gosto de estragado -, tingiam as peças de vestuário, conservavam a comida, e ainda eram terapêuticas. As viagens para o Oriente deram o pontapé para a descoberta do Novo Mundo,

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Misturas clássicas Zattar - É um mix de especiarias muito utilizado na culinária árabe. Mistura-se gergelim, coentro, óregano, manjerona, sal refinado e colorífico. Pode ser misturado com azeite de oliva e distribuído no pão ou massa de esfiha antes de assar. Também se usa para temperar queijos. Quatre épice - Segredo dos cozinheiros franceses, a quatre epice ou literalmente quatro especiarias é geralmente uma mistura de pimenta branca, noz-moscada, cravo e gengibre. Muitas vezes pode conter uma quinta especiaria, escolhida pelo chef. Os franceses usam esse sabor apimentado em pratos doces e salgados. Funciona bem para tempero de carnes de caça, terrinas e embutidos. Mas fica ótimo em bolos e pudins. Tempero baiano - Chefs brasileiros usam muitas variações para fazer o seu mix. No entanto, uma mistura comum é composta por uma parte de sementes de cominho; meia de salsa seca, meia

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usadas inteiras ou moídas para destacar o sabor e o perfume dos pratos, na conservação de alimentos e na preparação de óleos aromatizados. “Algumas estimulam a produção de enzimas envolvidas na digestão e, assim, facilitam a absorção dos nutrientes”. Mas Eliana alerta que é preciso cuidado. “Devem ser usadas com equilíbrio, para destacarem o sabor, nunca para sobrepujá-lo”. Cada cultura tem suas misturas de especiarias, que conferem sabor único aos pratos. No Brasil, por exemplo, temos o chamado tempero baiano. Na Argentina, o chimichurri, e nos países árabes, o zattar. Porém, a masala deve ser o mix que mais identifica uma culinária, sendo praticamente sinônimo de comida indiana. Então, vamos continuar na rota das especiarias e dar vida às receitas.

de açafrão e meia de pimenta branca; 1/4 de pimenta vermelha esmagada e uma de orégano. As especiarias são misturadas e depois trituradas juntas. Chimichurri - Tradicional tempero da parrila argentina. É uma mistura à base de salsa, alho, cebola, tomilho, orégano, pimenta vermelha moída, pimentão, louro, pimenta-do-reino negra e mostarda em pó. Vende-se também na versão seca, que deve ser hidratada com azeite e vinagre. Tempero grego -Tem os sabores da perfumada cozinha da Grécia. Mix de páprica, pimentão verde seco, cebola, pimentas, ervas finas e tomate seco. Tempero sírio ou pimenta síria - Muito aromático e usado para temperar carnes e recheios de pratos árabes. Mistura de canela em pó, gengibre em pó, pimenta-da-jamaica, erva-doce, noz-moscada e cravo. Masala - A masala é o segredo da gastronomia hindu. O co-

No celular Há um aplicativo gratuito para iPhone e Android somente com receitas, vídeos e dicas sobre especiarias. Para baixá-lo, basta abrir o browser do seu telefone, entrar no link http://universo.mobi/asespeciarias_app e seguir as instruções na sua tela. O aplicativo é do site Armazém das Especiarias.

zinheiro que souber combiná-la com legumes, verduras e até o trivial arroz, pode elaborar pratos de sabores particulares. Cada pessoa vai dosar a quantidade de condimentos de acordo com o seu gosto. Mesmo que utilize os mesmos produtos, o resultado será sempre diferente. A garam masala é feita com louro, cominho, semente de coentro, cardamomo, pimenta-do-reino, erva-doce, canela em pau e cravo-da-índia.

Foto B Tovey/Sxc.hu

onde havia pimentas frescas, folhas, cascas e favas. O leva-e-traz de portugueses e espanhóis acabou por globalizar a alimentação. E não há quem resista à combinação do frescor dos produtos da América combinados ao perfume das especiarias orientais. “As rotas das especiarias permitiram as trocas culturais entre os povos e, consequentemente, traçaram a história da gastronomia no mundo”, diz a professora de gastronomia Eliana Marchete, da Unimonte. No Brasil, elas passaram a fazer parte da doçaria nacional, aromatizando pudins, cremes e bolos. Quando pensamos em arroz doce ou curau, por exemplo, sempre há a canela polvilhada por cima. A professora ensina: “Quando polvilhada, ela realça o aroma do prato”. Ela lembra que as especiarias podem ser

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gastronomia RECEITAS Esfiha Ingredientes massa • 4 xícaras de chá de farinha de trigo; • 1 tablete de fermento biológico dissolvido em duas xícaras de água morna; • 3 colheres de chá de açúcar; • 2 colheres de chá de sal; • 1 colher de sopa de azeite. Ingredientes recheio • 0,750 kg de carne moída (capa de filé); • 2 cebolas médias picadas; • 2 tomates picados sem sementes; • 5 colheres de sopa de coalhada fresca; • 2 colheres de tahine (pasta de gergelim); • Suco de ½ limão; • 1 colher rasa de café de canela em pó; • Sal e pimenta síria a gosto. Modo de preparo do recheio Refogue levemente a cebola na manteiga,

junte a carne, o tomate e os temperos. Tire do fogo e junte a coalhada e o tahine. Acrescente o suco de limão e misture bem com as mãos, para que o tahine se espalhe por todo o recheio. Modo de preparo da massa Misture a farinha com o fermento biológico dissolvido e misture. Junte os demais ingredientes e amasse. Quando a massa não grudar mais nas mãos e começar a formar bolhas, deixe-a descansado, coberta com um pano por uma

hora. Depois de descansada, pegue a massa e corte em pequenos pedaços do tamanho de nozes grandes. Abra a massa com um rolo até ficar com um diâmetro de cerca de 15 centímetros e com meio centímetro de altura.Coloque o recheio no centro da massa e feche-a no formato de um triângulo. Unte uma assadeira com óleo vegetal ou manteiga. Pincele um pouco de óleo vegetal ou manteiga sobre a massa da esfiha. Leve ao forno pré-aquecido a 250° C e retire quando estiver no ponto desejado.

Produção e fotos Fernanda Lopes

pêssego etc) cortadas; • 1 xícara de água; • 2 colheres de sopa de açúcar; • 1 canela em pau; • 1 anis-estrelado e • 1 semente de cardamomo.

Bolo de iogurte com açafrão da terra e calda perfumada Ingredientes • 250 ml de iogurte natural; • 2 xícaras de farinha de trigo; • 2 xícaras de açúcar; • 4 ovos inteiros; • 1 colher (sopa) de fermento em pó, • 1 colher de chá de açafrão da terra;

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• 1 colher de chá de essência de baunilha e • 1/2 copo de óleo de milho. Calda de frutas • Frutas frescas da sua preferência (morango, kiwi, abacaxi,

Preparo da massa Bata no liquidificador os ingredientes líquidos e depois coloque os secos peneirados. Bata até ficar homogêneo. Coloque em uma forma média de furo no meio untada com manteiga e polvilhada com farinha. Leve ao forno pré- aquecido a 180º C por cerca de 35 minutos ou até que, ao enfiar um palito, este saia limpo. Preparo da calda Misture o açúcar com a água e leve ao fogo baixo com a canela, o cardamomo e o anis. Deixe ferver. Retire as especiarias e coloque as frutas. Apague o fogo. Regue o bolo e enfeite com as frutas.

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moda

O charme da saída de praia Leve e delicada, é uma peça fundamental no guarda-roupa da mulher brasileira

Fotos KF Press

Por Karlos Ferrera

Cia Maritima

Os modelos de saídas de praia primam pela variedade de tecidos, cores e estampas para agradar todos os gostos. As peças brancas permearam os desfiles e coleções de muitas marcas, visto que o branco é uma cor neutra, muito sofisticada e que nunca sai de moda. Para as mulheres que não gostam muito de ousar nas suas escolhas, as saídas de praia brancas podem ser uma excelente opção. Uma tendência sensual e feminina, presente em coleções de várias grifes, é a transparência. As saídas de praia transparentes além de proporcionarem mais feminilidade, também emprestam mais liberdade e frescor nos dias ensolarados. Elas aparecem tanto em tecidos lisos quanto estampados.

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Cores intensas e vibrantes para ressaltar o bronzeado

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Lem Lem

Adriana Degreas

Adriana Degreas

As estampas também tomaram conta das coleções. Entre elas, as florais, geométricas, tie-dye, animal print e tropical. A diversidade de cores foi muito bem trabalhada, juntamente com os tamanhos e modelos. Já os tons vibrantes são os que mais chamam atenção. Nuances intensas como o alaranjado, amarelo, azul, vermelho e pink se destacam. Entre as cores neutras, os clássicos e discretos preto e branco defendem sua posição, deixando qualquer mulher elegante, independentemente da temporada. Os modelos variam em batas, kaftans, macacões, vestidos e saias longas. Trabalhos artesanais como a renda e o crochê emprestam um charme a mais a esta peça delicada e atraente para a mulher brilhar na praia ou na piscina.

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Adriana Degreas

Estampadas, transparentes, coloridas, longas ou curtas, há sempre um modelo que combine com o seu estilo

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“Alto Astral” // Durval Capp Filho

MSC Fantasia ... um dos maiores navios da frota despediu-se da temporada de verão, proporcionando muita satisfação àqueles que sempre usufruíram de viagens transatlânticas. Batizado em 2012 pela atriz Sophia Loren, percorreu pela primeira vez os destinos brasileiros e argentinos. Neste último roteiro, vários santistas curtiram Búzios, Salvador e Ilha Grande (Angra dos Reis)

Este colunista junto a sua esposa Walkiria Sanches Capp, na Noite de Gala do Comandante

Laudy Gonsalves feliz a bordo

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Marcel Kogos ao lado de sua tia Alfa Grossi e de seus pais Mariazinha e Francisco Kogos

Maura Almeida e seu marido Rubens Almeida curtiram as alamedas bucólicas de Ilha Grande

Da cidade de Araras, nossos companheiros de viagem Nadisson Carlos Souza Matos e Maria Flávia Alves apreciaram Búzios

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Adelmo e Silvana Guassaloca curtiram a área vip do navio

Giuseppe Galano comandou com muita maestria a embarcação

O advogado Walter Luiz Alves, acompanhado de seus filhos Walter e Taís, durante passagem por Ilha Grande

O diretor de Cruzeiro Rodrigo Ferreira Freire

O empresário Sérgio Bonito (Porto Belo) com sua mulher Mariane

Regina e Bruno Prandatto vibraram com o show na casa de espetáculos Coliseu

Ivonete e o empresário Roberto Biancalana, grandes companheiros de nossas viagens

Em terra...

A coiffeur Silvera Santos foi homenageada no Dia Internacional da Mulher pela sua performance

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Carlinhos Virtuoso comemorou seus 50 anos de vida, na Capital Disco ao lado de seu filho Eduardo

O advogado Vitor Daniel Falseta ao lado de uma de suas fotos em exposição no Palácio da Polícia

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Flashes Prêmio Excelência Mulher 2013 CIESP

O diretor titular do Ciesp Distrital Sul, Leonardo Ugolini, a prefeita Maria Antonieta e a representante da Aça Laurência, Rosely Ugolini

A homenageada e a deputada estadual Telma de Souza

Maria Antonieta, Marinalva de Almeida, atleta paraolímpica, e a deputada estadual Leci Brandão

Encontro com prefeitos

Priscila Bonini, Maria Antonieta e o governador Geraldo Alckmin

Maria Antonieta e Maria Lúcia Guimarães Ribeiro Alckmin

Mais...

Eunice Grotzinger, o ministro do Esporte Aldo Rebelo e Maria Antonieta

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Duino Verri Fernandes, na inauguração da agência da Caixa Eeconômica Federal, da Enseada Guarujá

Maria Antonieta e o cônsul geral de Cuba, em visita ao Brasil

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São Sebastião é assim...

Aniversário em alto estilo. As amigas Michele Duboc, Fernanda Duboc, Jeanne G. Declercq e a aniversariante Camila Herr de Moraes, na Marina Igararecê

O casal de namorados Caio Camargo e Elisa Tarora, em inauguração badalada

O secretário de Meio Ambiente Eduardo Hipólito do Rêgo e o presidente da Associação Comercial de São Sebastião Eduardo Cimino, em almoço na rua da Praia

Os senhores da comunicação da prefeitura de São Sebastião, José Américo, Igor Veltman e Vera Mariano em confraternização com o saboroso peixe bijupirá

Urandir da Rocha, Roberto Alves, o “Massa”, e Wagner Teixeira, respectivamente secretários da Saúde, Habitação e Governo, em excelente almoço

O governador Geraldo Alckmin, em visita a São Sebastião, recepcionado pelas crianças com bandeiras do estado

O prefeito Ernane Primazzi, acompanhado do campeão de surfe Gabriel Medina, e Wagner Teixeira em show inédito na rua da Praia

Gabriel, o Pensador, Gabriel Medina e Donovan Frankenreiter em foto histórica do surfe brasileiro. Aloha!

Os músicos Gabriel, o Pensador e Donovan Frankenreiter em momento pensativo: “Que música vamos tocar ?”

As amigas Fabiana Teixeira, Mayra Coutinho Calábria, Bruna Teixeira, Yara Calábria e o músico Donovan Frankenreiter, em supershow 78

O músico Claudio Milito e seu filho Lucas tocam num bar na praia do Arrastão Beach&Co nº 129 - Março/2013



“Destaques” // Luci Cardia Destaque para as bodas de João Paulo Mancusi de Carvalho e Carolina Escorel, realizadas em meados de fevereiro, na capela Nossa Senhora da Assunção, com recepção na Sala São Paulo

Leonel Escorel e a filha Carolina, a caminho do altar

Os pais do noivo Dr. Antonio Carvalho e Drª Maria Helena Mancusi Carvalho

O casal João Paulo e Carolina, no momento do sim

Os amigos de Buenos Aires, José Martinez, Flávia Aguilar Martinez, Maria Helena Tavernesi e as gêmeas Camila e Guilhermina

O tio do noivo, o vice-presidente da República Michel Temer e o Dr. José Aparecido Cardia

Dr. Danilo Mendes Miranda, sua mulher Maria José, Maria Lucia Pompeo de Toledo Machado, Danilo Miranda e Bruno Miranda

Cinthya Temer, a colunista, Andrea Temer, Maria José Miranda, Adriana Temer

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Dr. Silvio Mancusi e família

Andrea Temer, Cinthya Temer, Maria Helena Mancusi Carvalho, Adib Temer, Waly Temer, Antonio Carvalho e Maria José Temer

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“Celebridades em Foco” // Edison Prata

Em boa companhia

O empresário Hugo Rinaldi e sua mulher Patricia Franc, ladeados pelos amigos Luiz Carlos da Silva e Frank Aguiar

Uma parada na Cucina Di Poletto com os amigos Chimbica, Domingos, Ronaldinho e Renato Lancelotti

Enquanto isso no restaurante Cucina di Poleto, o empresário Marquinhos, ladeado por Milian Sant’Ana e Marcella Prata

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Grandes jogadores: Wellington Alvarez, Caio Nascimento e Hugo Rinaldi

A boa música de Frank Aguiar

Luiz Carlos Bevilacqua e os secretários Adilson de Jesus e José Carlos Rodrigues

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Governo do estado de são Paulo e CdHu. resPeito às Pessoas e à natureza. Já são mais de 25 mil moradias entreGues em todo o estado desde 2011. O Governo do Estado de São Paulo e a CDHU acham que construir casas é mais do que levantar paredes. É levar dignidade para a vida das pessoas. Milhares de famílias já vivem em casas ou apartamentos de 2 ou 3 dormitórios construídos com acabamento de primeira. São moradias com piso cerâmico, azulejos no banheiro e na cozinha, teto mais alto, aquecimento solar e itens de acessibilidade. E os bairros também recebem toda a infraestrutura: saneamento básico, luz elétrica, água encanada, áreas de lazer e transporte. É mais que casa nova, é vida nova. Além da preocupação com a qualidade dos bairros e das casas, o Governo do Estado de São Paulo e a CDHU têm trabalhado na reurbanização de favelas e na retirada de pessoas das áreas de risco. Dessa forma, estão melhorando a vida da população e preservando o meio ambiente.

Para saber mais, acesse: www.cdhu.sp.gov.br


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Planejamento e visão de futuro que fazem a diferença

Foto: ilustrativa

Fotos: Riviera de São Lourenço

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presentado em 1979 pela Sobloco, o Plano Urbanístico da Riviera de São Lourenço, era, naquela época, uma proposta inovadora e ambiciosa. Hoje, 33 anos se passaram e a Riviera tornou-se uma referência no segmento do desenvolvimento urbano sustentável. O empreendimento, nestas 3 décadas, investiu em tecnologias urbano-ambientais, que lhe garantiram reconhecimentos nacionais e internacionais no campo do uso e ocupação do solo. A Riviera é fonte de emprego e renda para milhares de pessoas em Bertioga, além de responder por grande parte da arrecadação de IPTU do Município. Sua praia, sempre limpa, é fruto de um sistema de saneamento básico, que atende todos os imóveis do empreendimento. Seu sistema de gestão ambiental é certificado pela norma internacional ISO 14001. São mais de 2,6 milhões de m² de áreas verdes, cerca de 1,5 vezes o Parque do Ibirapuera. Por tudo isto e muito mais, a Riviera é o destino de milhares de pessoas, que a elegeram como o melhor local para suas famílias. Venha você também conhecer e se encantar com este modelo de bairro sustentável, único em nosso País.


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