Foto Luciana Sotelo
24 Canoagem ecológica no manguezal. Imperdível!
Foto Bruna Vieira
38 Ecoturismo em São Sebastião
E mais... Ferrovias 10 Porto 44 Sustentabilidade 56 Internacional 62 Gastronomia 66
Foto Renata Inforzato
Educação 70 Moda
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Flashes 76 Alto astral
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Destaques 80 Celebridades em foco
8 1
No clique
82
Foto Denise Braga
50 Dança e encanto sobre rodas
Capa
Trem de carga no trecho de Paratinga, zona rural de São Vicente Foto Aline Pazin
Foto Luciana Sotelo
58 A boa vida de cão
Foto Márcio Bortolusso/viagensecologicas.com.br
Arquipélago pág. 30
Beach A
R e v i s t a
Co d o
ao leitor Foto Aline Pazin
L i t o r a l .
ANO XII - Nº 135 - Setembro/2013 A revista Beach&Co é editada pelo Jornal Costa Norte Redação e Publicidade Av. 19 de Maio, 695 - Bertioga/SP Fone/Fax: (13) 3317-1281 www.beachco.com.br beachco@costanorte.com.br Diretor-presidente Reuben Nagib Zaidan Diretora Administrativa Dinalva Berlofi Zaidan Editora-chefe Eleni Nogueira (MTb 47.477/SP) beachco@costanorte.com.br
E mais... Diretor de Arte
Roberto Berlofi Zaidan roberto@costanorte.com.br Criação e Diagramação Audrye Rotta audrye.rotta@gmail.com Marketing e Publicidade Ronaldo Berlofi Zaidan marketing@costanorte.com.br Depto. Comercial Aline Pazin aline@costanorte.com.br Revisão Adlete Hamuch (MTb 10.805/SP) Colaboração Belisa Barga, Bruna Vieira, Claudio Milito, Durval Capp Filho, Edison Prata, Fernanda Lopes, Karlos Ferrera, Luci Cardia, Luciana Sotelo, Marcos Neves Fernandes, Renata Inforzato e Vagner Dantas Circulação Baixada Santista e Litoral Norte Impressão Gráfica Silvamarts
Nossos trilhos O ano é 1867, quando a riqueza do país, à época, o café, começou a deslizar pelos trilhos de ferro. Para isso, foram precisos sete anos de trabalho árduo na construção da primeira ferrovia paulista, a São Paulo Railway. A caminho de completar 150 anos, o traçado que liga São Paulo ao litoral paulista mantém sua importância para o desenvolvimento do Brasil, por meio do transporte de parte da produção industrial do país. Atualmente, a base ferroviária do transporte de cargas nasce no Alto Araguaia, a 1.600 km de Santos. Entre Santos e Jundiaí, são 159 km. Neste trecho, a velha ferrovia vence o desnível de 800m de altitude da Serra do Mar, corta rios, mangues, várzeas, áreas rurais e rincões de pobreza, até chegar ao porto de Santos, num vai e vem pouco visto e valorizado por nós. Esquecidas, a partir da década de 1950, período que marcou o declínio da pujança ferroviária no país, e o início da era rodoviária, as ferrovias voltaram à pauta do dia, após o início dos congestionamentos nas rodovias da região. O sistema ferroviário é um meio de transporte conhecido por ser mais limpo, mais econômico, porém pouco utilizado no Brasil. E o lado bom do caos do sistema rodoviário, que já não comporta tantos carros e caminhões, é que serviu como estopim para alertar sobre a urgência de o poder público investir na infraestrutura férrea, não só da nossa região, como Brasil afora. Pelo menos no estado de São Paulo, começa-se a ampliar o ramal ferroviário para o transporte de cargas e há, inclusive, um estudo do governo paulista com o objetivo de recriar linhas de passageiros em antigos ramais ferroviários para interligar a capital a regiões metropolitanas. A Baixada Santista é uma delas. Felizmente, a nossa velha ferrovia está lá à espera de investimentos e melhorias, para que os trens possam ecoar seus apitos e convidar os passageiros para descortinarem as belas paisagens do Serra do Mar. Apostar nos trilhos como propulsor turístico é outra faceta de um problema que, há muito, já é solução nos países desenvolvidos, notadamente, os europeus. Eleni Nogueira
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história
Memórias ferroviárias O trem já foi o principal responsável pelo escoamento de parte da riqueza do país, no período áureo do café. Também transportou passageiros, notadamente entre Santos e o litoral sul, e Vicente de Carvalho e Guarujá. Mas o cenário mudou, os trilhos praticamente se extinguiram e o paradoxo da supersafra e seus reflexos negativos são evidenciados pela falta de aproveitamento das ferrovias
Por Belisa Barga Aos oitenta anos, o aposentado José Pascon Rocha, um dos fundadores da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), da qual é membro há mais de cinquenta anos, nutre pelo tema estrada de ferro um amor de longa data. O primeiro passeio de trem foi aos sete anos e o ‘piuí’ das máquinas foi a música que embalou a vida de José, que morava próximo a uma linha férrea. “Decorei quase todos os assovios de locomotivas a vapor. Sabia qual era o número do trem que se aproximava só pelo som”. Depois da audição, o trem conquistou o coração do menino José, aos nove anos, cujos olhos brilharam ao segurar um pequeno ticket com a ilustração de uma locomotiva, durante um passeio
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com a família. Naquele momento, iniciava-se uma paixão que culminou com um profundo conhecimento sobre o assunto. “Um dia fomos a Campinas e, ao chegarmos, havia uma balança onde se colocava uma moeda de 200 réis para liberar um bilhete com o peso da pessoa. Enamorei-me daquele papel e dali em diante comecei a desenhar trens e decidi conhecer e estudar sozinho o tema.” Aquele ticket, o vagão impulsor deste hobby, foi extraviado. Mas nem tudo estava perdido: ele conseguiu outro bilhete muito similar, guardado como tesouro. O primeiro de muitos. Nos fundos de sua casa, num quarto, ele montou um acervo de relíquias ferroviárias. “Alguns objetos comprei, outros ganhei e também tenho
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Foto Aline Pazin
Linha férrea em Cubatão Beach&Co nº 135 - Setembro/2013
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história
Fotos Belisa Barga
O colecionador e estudioso do tema ferrovia José Pascon. Ao lado, o relógio da estação da SPR, uma de suas muitas relíquias
Juntos, ferrovia e cais fizeram de Santos o maior porto do Brasil e uma cidade mais importante do que muitas capitais litorâneas
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uns que foram emprestados definitivamente”, diverte-se. No pequeno museu são mantidos objetos das estações como placas, equipamentos, peças de vagões, e até uniformes e documentos, hoje sem valor legal, das companhias. Das principais linhas férreas que atenderam a região, a São Paulo Railway e a Santos-Juquiá, ele guarda, respectivamente, um relógio e uma lanterna, esta usada para iluminar a estação quando não havia luz elétrica. “Se alguém me der um botão, que um dia pertenceu ao macacão de um ferroviário, vou guardá-lo com carinho”. Sua maior aventura para essa coleção foi a compra de um pesado staff, aparelho utilizado para controlar o tráfego na ferrovia. “Esse era um sistema antigo e seguro, mas já obsoleto. Essa peça foi leiloada no interior
e fui até lá para dar o lance. Gastei mais para transportá-la de Ribeirão Preto até aqui do que nela mesma.” José Pascon é uma importante fonte viva de conhecimento sobre trens, sendo referência para outros estudiosos em âmbito nacional, e também em países como Coreia, França e Itália. Foi, inclusive, procurado por espanhóis interessados em informações sobre as locomotivas brasileiras. E não é só com os estrangeiros que o aposentado compartilha todo o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. Ele divide conosco, a partir de agora, algumas histórias e curiosidades sobre o passado das ferrovias na região da Baixada Santista. A primeira ferrovia paulista, a São Paulo Railway (SPR), inaugurada em 1867, era o único acesso para o trans-
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Fotos Belisa Barga
porte de cargas para o porto de Santos. Por ela, vinha toda a produção cafeeira paulista, principal riqueza econômica da época. O início de suas operações, tanto no transporte de passageiros quanto de mercadorias, já mostrava o sucesso imediato da ferrovia, decisiva para o desenvolvimento da região. O início das operações ferroviárias, no entanto, aconteceu com dois anos de atraso por causa de um acidente histórico, que impediu o funcionamento dos trilhos paulistas, em 1865. Toda inauguração ferroviária tem como marco o fato de sua primeira viagem ser feita por vagões de passageiros. Duas locomotivas a vapor, repletas de autoridades, saíram do
Foto Belisa Barga
Coleção de antigos bilhetes de passageiros e xícaras de uso em primeira classe
Turismo nos trilhos Considerada como uma das cem grandes obras de engenharia no Brasil, a estrada de ferro que liga Curitiba à região litorânea do Paraná (foto) encanta o olhar de turistas há mais de um século. Em 126 anos de história, a ferrovia localiza-se em uma das porções mais preservadas de Mata Atlântica do país. Entre túneis, pontes, picos e montanhas, a viagem de trem pela Serra do Mar é o segundo passeio mais procurado no Paraná, per-
dendo apenas para as Cataratas do Iguaçu. Seguindo pela centenária estrada de ferro, os passageiros conhecem paisagens belíssimas, como o conjunto montanhoso do Marumbi, Cascata Véu da Noiva e o Morro do Cachorrinho. Outro ponto de destaque é a passagem pela ponte São João, inaugurada em 1884, a maior do trajeto com vão livre de 110 metros de altura. Na Espanha, os trilhos também são utilizados como ferramenta turística, por meio de
uma viagem no luxuoso trem El Transcantábrico. O percurso inclui passagens no trajeto Santiago de Compostela a León, ou vice-versa. Para o expert em ferrovias José Rocha Pascon, “se o trem de Paranapiacaba tivesse sido conservado e viesse pela serra até o litoral, passando pela antiga linha do funicular, que infelizmente está deteriorada, teríamos o trajeto mais espetacular do mundo pela bela paisagem e também por causa do funcionamento do trem.”
história Santos faz parte de projeto do governo paulista que prevê recriar linhas de passageiros entre a capital e regiões metropolitanas
Hoje, as linhas férreas que atendem o porto de Santos transportam apenas 13% do total de cargas movimentadas. O baixo aproveitamento desse sistema causa inúmeros transtornos, que vão além dos congestionamentos que nos habituamos a ver reportados nos jornais locais. A Baixada Santista fica praticamente isolada durante esses bloqueios que impedem, inclusive, a mobilidade urbana entre o principal polo econômico e demais municípios da região.
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marco zero, no Valongo, rumo a Jundiaí. Próximo à Estação da Luz, em São Paulo, onde haveria uma parada para as festividades oficiais e bênção das máquinas, o trem descarrilou, vitimando alguns passageiros. “O trem inaugural nunca chegou a seu destino. A comemoração foi cancelada e a linha precisou ser reparada, sendo liberada apenas dois anos depois, em 1867”, diz José Pascon Rocha. A chegada da SPR provocou mudanças no porto, que não passava de ancoradouros e trapiches. O transporte dos gêneros agrícolas do interior para cá deixou de ser feito por animais, vindo agora de modo muito mais eficiente. Isso motivou o governo imperial a conceder a administração do porto de Santos aos empresários Gaffrée e Guinle, originando a Companhia Docas, primeira grande empresa local.
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Foto Vagner Dantas
Juntos, ferrovia e cais fizeram de Santos o maior porto do Brasil e uma cidade mais importante do que muitas capitais litorâneas. Apesar de ser uma estrada curta, com 139 km entre Santos e Jundiaí, a ferrovia São Paulo Railway foi considerada a mais lucrativa da história nacional. “Os ingleses administraram muito bem esse trecho e faziam questão de ser os únicos a controlar esse acesso do porto, tanto, que nunca quiseram explorar outras regiões do estado”, explica Pascon. Ao término dos 90 anos de concessão, o governo brasileiro não quis renovar o contrato, pois a SPR era vista como um bom negócio. Dois dias antes do fim do prazo,
Foto Aline Pazin
Em alguns trechos, a linha férrea corre ao lado das rodovias. Abaixo, máquinas no aguardo da partida, em Paratinga, na zona rural de São Vicente
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história
Ferromodelismo
Foto Marcelo Martins
Aos apaixonados pelo mundo ferroviário, em Cubatão acontece o 5º Encontro de Ferromodelismo, de 19 a 20 de outubro, no Parque Anilinas.
um incêndio atingiu a Estação da Luz, onde funcionava a administração. Segundo Pascon, “há quem diga que o fogo foi provocado pelos próprios ingleses para destruir documentos que comprovariam possíveis irregularidades, mas nunca foi provado nada”. A partir da nova gestão, a estrada foi renomeada como estrada de Ferro Santos-Jundiaí. O litoral era servido por outro importante sistema de trilhos, a Santos - Juquiá, num caminho de 179 km. Construída pela Southern São Paulo Railway em 1915, era utilizada, principalmente, para levar a produção de bananas do Vale do Ribeira até o porto, bem como fazer o transporte de pessoas, até meados da década de 1980. O trem partia da estação da avenida Ana Costa, em Santos, e atendia as cidades do litoral sul até chegar ao destino final, em Juquiá. Após a desativação do transporte de passageiros, a ferrovia passou a operar apenas com o transporte de cargas, até ser desativada definitivamente em 2002.
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Além das linhas principais, havia outras menores para interligarem as cidades da região. A atual via Santos Dumont, no Guarujá, substituiu a antiga linha de trem que ligava Itapema, hoje Vicente de Carvalho, ao centro da cidade. Havia também o trecho Cubatão - Pilões, usado para transportar a produção de papel da Cia. Fabril. Já a ferrovia da usina Itatinga, em Bertioga, foi feita para auxiliar na construção da hidrelétrica para geração de energia para o porto. Havia, também, uma pequena estrada de ferro que conectava Santos a São Vicente. Algumas dessas linhas menores atendiam, além dos moradores locais, os ricos paulistanos que, por causa do fácil acesso de trem para o litoral, elegeram a região como destino de férias. Diz Pascon: “Na linha da SPR, ricos e pobres viajavam em vagões distintos, evidenciando as divisões de castas. Na terceira classe, proibida com o tempo, os viajantes vinham expostos a poeira e fagulhas do motor a vapor. Na segunda classe, vinham pesso-
Estação Ana Costa A primeira estação que funcionou ali data de 1913, construída pela Southern São Paulo Railway, que explorava a linha Santos-Juquiá. A estação, como conhecemos hoje, foi inaugurada em 1938 pela E.F. Sorocabana, em substituição à anterior, e contou com a presença do então presidente Getúlio Vargas. Desativada em 1999, o prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural da cidade. A estação foi restaurada pelo Grupo Pão de Açúcar, que mantém um hipermercado na área do pátio de manobras e, desde sua entrega, em 2006, o local abriga o Fórum da Cidadania de Santos, um centro de informações e um posto de informações aos munícipes. Endereço: Av. Ana Costa, 340. Fone: (13) 3221 2034.
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Foto Aline Pazin
A volta dos trilhos
Cada vagão carrega o equivalente a três carretas. Numa composição de oitenta vagões, são 240 veículos a menos nas estradas
as de renda mediana e os ricos viajavam na primeira classe em confortáveis poltronas estofadas.” As ferrovias funcionaram a pleno vapor até a chegada das primeiras estradas asfaltadas, que acompanhavam o mesmo traçado dos troncos ferroviários, inclusive, pelas mesmas cidades. Segundo Paulo Roberto Filomeno, engenheiro eletricista especializado em sistemas metro-ferroviários, “o primeiro sinal da concorrência veio com a construção da rodovia Anchieta, que acompanhava o traçado da estrada de ferro entre Santos e o planalto”. Durante os governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, os investimentos voltaram-se para a indústria automotiva e construção de rodovias. “Como já circulavam muitos carros no
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país, Getúlio investiu na abertura de estradas. Já no governo JK, a indústria automotiva veio para o Brasil e, certamente, os lobbies destas forçaram uma política favorável a este tipo de via.” O transporte de passageiros foi o primeiro a ser afetado com a construção das rodovias. Viajar de São Paulo a Santos passou a ser mais vantajoso nos ônibus novos do que nos trens antigos, além do tempo reduzido e menor custo. Para Filomeno, “a alegação que o transporte de pessoas é deficitário e não cobre os custos surgiu no Brasil inteiro. Porém, ninguém viu os prejuízos sociais ocasionados pela retirada das linhas de passageiros, uma vez que o trem mantinha populações ao longo de diversas cidades e vilarejos do trecho. Fecharam-se estações, oficinas, o
Enquanto as ferrovias de cargas ainda têm questões a resolver, as linhas metropolitanas para transporte de passageiros já apontam soluções. Em maio, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) iniciou as obras do primeiro trecho do veículo leve sobre trilhos (VLT), com previsão de término para início do segundo semestre do próximo ano. “Felizmente, o VLT se tornará realidade entre Santos e São Vicente, indo da zona portuária e Valongo até o canal dos Barreiros. O projeto todo prevê que ele chegue até a Praia Grande”, explica o especialista Paulo Roberto Filomeno. A primeira fase das obras, orçada em R$ 313 milhões, ligará a avenida Conselheiro Nébias, em Santos, ao canal dos Barreiros, em São Vicente. A estimativa é de que setenta mil usuários por dia circulem pela linha. Quando o segundo trecho, ainda em fase de licenciamento ambiental, estiver pronto, a estimativa é que mais de duzentos mil passageiros trafeguem no trecho porto/avenida Conselheiro Nébias/Valongo. O governo paulista tem, ainda, um projeto para recriar linhas de passageiros em antigos ramais ferroviários, previsto para o próximo ano, para interligar São Paulo a regiões metropolitanas como Santos, Campinas, Sorocaba e Jundiaí. A previsão é deslocar de 30 a 50 mil pessoas por dia entre essas regiões que buscam, diariamente, a capital. As viagens seriam de curta duração, entre 35 e 50 minutos, justamente para se tornarem um transporte mais competitivo que os ônibus, que realizam os percursos em 1h30, em média.
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Foto Aline Pazin
história
Hoje, no Brasil, existem aproximadamente 28 mil km de caminhos de ferro, embora efetivamente utilizados, a metade disso
“Um país que tem dimensões continentais como o nosso, precisa explorar mais outros modais, como o ferroviário e o aquaviário.” José Manoel Ferreira Gonçalves
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comércio definhou, as pessoas ficaram sem trabalho e foram embora e, nesse caso, uma coisa puxa a outra. Isso colaborou e muito para o êxodo rural e inchaço das periferias das cidades.” Nesse período, o custo de manutenção dos trilhos e das locomotivas era muito alto. Para efeito de comparação, o valor de um vagão era suficiente para a compra de quatro caminhões. A malha ferroviária não atendia todos os municípios e, além disso, os diferentes padrões de bitola interrompiam o transporte até que a carga passasse para outro vagão, ocasionando problemas como perda de produto, furtos ou atrasos. Enquanto isso, os caminhões chegavam a todas as cidades e proporcionavam um transporte considerado, para a época, mais eficiente e com prazo de entrega até três
vezes mais rápido que por trem. Com o declínio, algumas medidas foram tomadas na tentativa de manter as ferrovias, como a criação da estatal Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), na década de 1970, que extinguiu cinco outras empresas paulistas do setor. “As sucessivas administrações estaduais sempre mudavam os rumos da empresa e o padrão caía”. Quase trinta anos depois de sua constituição, a Fepasa passou a integrar a Rede Ferroviária Federal (RFFSA), como pagamento de uma dívida do governo estadual ao federal. Segundo o especialista, “ambas sofreram com a falta de investimentos. A RFFSA não podia investir nada, mesmo daquilo que arrecadava, por causa das exigências de superávit primário na época de hiperinflação. Depois, com a economia melhor, concluiu-
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Foto Henrique Ramos
Os trilhos seguem pela Serra do Mar. As linhas férreas ligam o porto de Santos a estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste
Foto Tadeu Nascimento
-se que o investimento necessário para voltar a um bom padrão seria enorme. A saída, privatizar, foi feita sem estudos que permitissem a manutenção ou chegada de trens de passageiros a importantes localidades.” Para ele, se hoje fossem tomadas medidas para tentar reverter a condição das ferrovias “já estaríamos atrasados e os primeiros resultados viriam em cinco anos, para ser finalizados em dez anos para mais. Não basta apenas investir em locomotivas novas, é preciso retificar e fazer com que a malha atenda mais localidades”. Hoje, no Brasil, existem aproximadamente 28 mil km de caminhos de ferro, embora efetivamente utilizados, a metade disso. “O restante são ferrovias semiabandonadas ou sem interesse de uso pelas concessionárias, que, muitas vezes, não integram suas linhas com outras operadoras ferroviárias para transporte fora de suas áreas de concessão”, explica Filomeno. Hoje, duas empresas operam nos trilhos da malha ferroviária paulista, a MSR Logística e a ALL Logística. As linhas ligam o porto de Santos a estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste, para atender o transporte de mercadorias como grãos, açúcar, farelos, combustíveis, fertilizantes, produtos siderúrgicos, além de deslocar contêineres com produtos industrializados, que chegam do exterior.
Estação do Valongo Inaugurada em 1867 pela São Paulo Railway - SPR foi desativada em 1996, com a extinção do transporte de passageiros. O prédio foi recuperado em 2003, pela prefeitura de Santos e reinaugurado no ano seguinte, quando passou a abrigar a Secretaria de Turismo da cidade. Hoje abriga um restaurante-escola. Endereço: Largo do Marques de Monte Alegre, s/n., centro histórico. Fone (13) 3201 8000.
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história Foto Vagner Dantas
Um apito de socorro
Passagem de linha férrea no bairro Valongo, região portuária de Santos
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Os sucessivos erros do passado em relação a investimentos e manutenção do setor ferroviário impactam diretamente no cotidiano da população, especialmente, os residentes na Baixada Santista. Desde março, no início da supersafra, importantes rodovias de acesso ao planalto e demais municípios da região como Anchieta e Cônego Domênico Rangoni ficam completamente travadas pelo excesso de caminhões que seguem rumo à região portuária paulista. E as notícias de engarrafamentos parecem não ter data certa para acabar, pelo menos, por enquanto. Dados do governo federal indicam que o volume de carga transportada sobre caminhões para Santos praticamente dobrará nos próximos dez anos. Estima-se que até o final deste ano, as ferrovias serão responsáveis por apenas um quarto da movimentação dos 110 milhões de toneladas que devem passar pelo porto. As informações acima estão no livro Despoluindo sobre Trilhos, do engenheiro e jornalista José Manoel Ferreira Gonçalves, a ser lançado em breve. Na obra, o autor chama atenção para os danos causados pela priorização das rodovias como principal forma de escoar produções. Para se ter uma ideia, cada vagão carrega o equivalente a três carretas. Numa composição de oitenta vagões, são 240 veículos a menos nas estradas. “Um país que tem dimensões continentais como o nosso, precisa explorar mais outros modais, como o ferroviário e o aquaviário. O livro é um grito, um apelo a essa situação”, acredita o autor. O custo é uma das questões abordadas no livro. Gonçalves destaca que, uma logística desastrosa como a nossa resulta em custos logísticos e encarecem o produto transportado; os ônus recaem sobre o consumidor do produto, pois as empresas repassam esse custo ao cidadão. Isso significa que os itens que chegam até nós, via estradas de asfalto, são mais caros do que se viessem por estradas de ferro.
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Foto Luciana Sotelo
turismo
As mil e uma
belezas do manguezal A canoagem ecológica revela a exuberância do bioma, numa expedição contemplativa de sua fauna e flora
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Por Luciana Sotelo
Que tal conhecer de perto as principais características de um manguezal, ecossistema tão rico, que é chamado de berçário natural da vida marinha. E para tornar o passeio ainda mais agradável, o trajeto é realizado a bordo de canoas canadenses. Gostou? Então, dirija-se à Praia Grande e embarque nessa aventura que mistura esporte, educação ambiental e muita diversão. O ponto de partida é a área de lazer Ézio Dall’Acqua, às margens do Mar Pequeno, local mais conhecido como Portinho. É no píer de atracação que os visitantes se encontram para adquirir conhecimento prévio sobre navegação a remo e técnicas de segurança no mar, segundo o guia Renato Marchesini, da Caiçara Expedições, responsável pela atividade. Como o passeio requer esforço físico, Renato capricha no aquecimento e no alon-
gamento do grupo. “É preciso preparar o corpo com alguns exercícios que trabalham os principais músculos utilizados na atividade”. Antes de entrar no mar, os visitantes recebem coletes salva-vidas e aprendem como devem remar. “Remada para a direita, a canoa vai para esquerda e vice-versa. Utilizamos uma canoa que é própria para remar em águas abrigadas; cada uma comporta até três pessoas. Claro que ela pode virar, porém, isso é muito raro. Se acontecer, todo mundo deve se desligar dos pertences materiais, ficar calmo, soltar o remo, segurar nas alças do colete e esperar as instruções.” Com os procedimentos iniciais em ordem, é hora de começar a parte prática, afinal, o objetivo da expedição é avistar de perto espécies nativas do manguezal, tanto da fauna quanto da flora. Para isso, as cano-
Foto Luciana Sotelo
O objetivo da expedição é avistar de perto espécies nativas do manguezal, tanto da fauna quanto da flora. Na página ao lado, o mangue preto
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Fotos Divulgação Caiçara Expedições
turismo
as partem em direção ao estuário. Ao longo do percurso, que se estende entre as cidades de Praia Grande e São Vicente, Renato dá explicações básicas sobre os vários cenários que se apresentam aos visitantes. Como a vegetação possui características bem específicas, o guia aproveita cada detalhe. “Eu costumo falar que, se não preservarmos o manguezal, acabaremos com a vida no mundo. E como a gente não preserva aquilo que não conhece, faço questão de passar todo conhecimento possível para sensibilizar as pessoas e torná-las mais conscientes”. As primeiras árvores que aparecem são as Rhizophora mangle - popularmente conhecidas como mangue vermelho. Nessa hora, a canoa se transforma em sala de aula e os remadores têm uma verdadeira aula de biologia. Renato conta que as plantas de mangue são afetadas pela alta salinidade e acabam desenvolvendo mecanismos adaptativos. No caso do mangue vermelho, ele mostra que as raízes ‘escora’ servem para
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Fotos Divulgação Caiçara Expedições
Entre os donos da casa, atenção para os vibrantes guarás-vermelhos. As árvores são áreas de pouso de diversas espécies de aves
sustentação da árvore no solo lodoso. “Percebam como a parte de baixo é escura, isso comprova que a maré sobe e desce.” Já quando surgem as Avicenias schauerianas, ou o mangue preto, o guia comenta que as raízes aéreas, chamadas de pneumatóforos, que são pretas, pontudas e surgem do solo verticalmente, servem para a planta respirar. No ambiente de mangue há ainda a espécie Laguncularia racemosa - nome vulgar mangue branco. Esse gênero ocupa as partes mais externas do manguezal e, muitas vezes, não é avistada na rota. Ao todo, são percorridos três quilômetros de distância, entre ida e volta, num total aproximado de duas horas de duração. Com verde por toda parte, basta ficar em silêncio, de olhos bem abertos e contar com o fator sorte para perceber a presença de alguns dos ‘donos da casa’. Entre as aves, são frequentes as garças, biguás, socós, colhereiros, martins-pescadores, ma-
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guaris, saracuras, batuíras e os famosos guarás-vermelhos. Nesse ambiente vivem também répteis (cágados, jacarés), anfíbios (sapos, rãs), mamíferos (morcegos, macacos, guaxinins, capivaras), insetos (mosquito-pólvora, mutucas, abelhas), sem contar os moluscos, crustáceos, animais planctônicos (zooplâncton) e peixes como o cação, tainha, robalo, baiacu e peixe-espada, que podem ser vistos a todo instante movimentando a água ou saltando próximo à canoa. Já no rio Piaçabuçu, em determinado momento, a cultura caiçara se apresenta diante das embarcações com os cercos flutuantes, que são armadilhas fixas de pesca, utilizadas pelos povos caiçaras do litoral sudeste do Brasil na pesca artesanal. “O cerco é uma espécie de labirinto de bambu. O peixe entra e não consegue sair mais.” Nessa integração entre seres humanos e meio ambiente, a história também se faz presente. O guia lembra que o trajeto percorrido não é nenhuma novidade; foi desco-
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turismo
Panorama da realidade
Foto Luciana Sotelo
Foto Divulgação Caiçara Expedições
A Baixada Santista é rica em áreas de estuário, onde ocorre a junção do mar com o rio. Renata Antunes da Cruz, bióloga, guia de turismo especializada em atrativos naturais, e diretora operacional da Caiçara Expedições, explica que, por isso, é um dos ecossistemas mais produtivos da Terra; fica em áreas baixas das planícies costeiras inundadas nas marés altas e emersas nas marés baixas e “sua elevada produtividade biológica é comparável à das áreas férteis. Além disso, tem importância geológica-geomorfológica na manutenção da linha de costa, sendo grande exportador de matéria orgânica para o ambiente marinho e rica fonte de recursos para as sociedades.” Segundo Renata, “atualmente, os manguezais ocupam uma área correspondente a mais de 10.000 km² do território nacional, porém, antes do desenvolvimento urbano e industrial, esse número era de cerca de 25.000 km²; os principais motivos para essa perda são: especulação imobiliária, moradias irregulares e desenvolvimento de áreas portuárias.”
berto e é utilizado há mais de 500 anos. “Os colonizadores e índios saíam daqui, região da capitania de São Vicente, e seguiam remando sentido Nossa Senhora de Itanhaém. Na verdade, somos exploradores do século XXI fazendo o que se fazia no século XVI.” Assim, valendo-se de uma técnica usada há mais de seis mil anos, ou seja, a canoa, esse roteiro de ecoturismo é inesquecível. O repórter cinematográfico Ilton Fernandes que o diga. Acostumado a admirar belas paisagens, confessa que nunca havia parado para perceber as belezas escondidas no manguezal. “Na correria diária, esquecemos de dar valor para as coisas simples. Na canoagem, entramos em contato direto com a natureza, percebemos o quanto é bela e o poder que ela tem de nos tranquilizar. Isso é mágico, não tem preço.” Se você ficou com vontade de se permitir as mesmas sensações, Renato dá algumas dicas preparatórias para o dia: não utilizar roupas pretas (atraem mosquitos); é recomendável o uso de bermuda ou calça confortável para permitir maior liberdade de movimentos; usar ainda chapéu ou boné, óculos de sol, roupa de banho por baixo do traje principal, chinelos, repelente e protetor solar. Em cada canoa existe um saco impermeável para a guarda de celulares, câmeras fotográficas, entre outros objetos. “Não se esqueça da garrafa de água para renovar as energias durante a remada”, lembra o guia. Serviço: para fazer o passeio é preciso agendar com antecedência. Mais informações sobre os próximos eventos, no site da empresa: www.caicaraexpedicoes.com. O custo, por pessoa, é de R$ 60. É preciso ter idade mínima de 7 anos.
No rio Piaçabuçu, a cultura caiçara se apresenta diante dos cercos flutuantes - armadilhas fixas de pesca. Acima, o caranguejo em busca de alimento
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biodiversidade
Arquipélago
da aventura
O arquipélago de Ilhabela é o único município-arquipélago marinho brasileiro e maior área insular remanescente de Mata Atlântica do país, com mais de 85% de sua área coberta por este bioma tropical, um dos mais ameaçados e de maior biodiversidade do planeta Por Bruna Vieira Você pode ficar surpreso, mas não existe no Brasil uma ilha chamada Ilhabela. Há, sim, o arquipélago de Ilhabela, no litoral norte paulista, formado pelas ilhas de São Sebastião (a maior, popularmente conhecida como Ilhabela), dos Búzios, da Vitória, dos Pescadores, mais 11 ilhotes e dezenas de lajes e parcéis. Se considerarmos que Búzios é integrada pela ilha dos Búzios e pelo ilhote Sumítica; e que Vitória é composta pelas ilhas da Vitória, dos Pescadores e ilhote das Cabras, conclui-se que a Estância Balneária de Ilhabela é composta por três arquipélagos. Integram o arquipélago, os ilhotes da Prainha (ou Julião), das Cabras, da Serraria, do Ribeirão (ou dos Castelhanos), da Lagoa, das Galhetas (Grande e Pequeno), da Figueira, Codó, Sumítica e das Cabras (esta, perto da ilha da Vitória). No total, o arqui-
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pélago de lhabela possui 349,98 km² de área. A ilha de São Sebastião, terceira maior ilha marítima do Brasil, abriga 29.638 (ou 96%) moradores fixos, que vivem no arquipélago. Outras 899 pessoas moram numa das 14 comunidades caiçaras: ilha da Vitória, ilha dos Búzios (Guanxumas e Porto do Meio) e na ilha de São Sebastião estão as comunidades da Fome, Serraria, Guanxumas, Mansa, Vermelha, Figueira, Sombrio, Toca, Bonete e, em Castelhanos, o Canto do Ribeirão e o Canto da Lagoa. Até poucos anos atrás, eram 17 comunidades tradicionais. Dados do ano passado confirmam que três comunidades deixaram de existir, seja porque os moradores migraram (Eustáquio e Enchovas), seja no caso da comunidade de Jabaquara, que, em grande parte, passou a ser moradia de caseiros - muitos não caiçaras. Portanto, das
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atuais 14 comunidades, Bonete e Castelhanos têm estrutura para receber os turistas. Já Búzios, Vitória e as praias Vermelha e Figueira, vivem isoladas. Estas informações são fruto dos 25 meses de pesquisa feita pelo casal de documentaristas Fernanda Lupo e Márcio Bortolusso, que lançaram em julho de 2012, o volume Ilhabela, da série de guias Viagens ecológicas e culturais. Eles fizeram um primeiro volume sobre Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Ela é bacharel em fotografia e, ele, em publicidade, além de fotógrafo, cinegrafista de montanha e jornalista. A pesquisa confrontou 160 mapas oficiais do arquipélago, alguns dos séculos XVI, XVII e XVIII, livros, documentos e a história oral dos moradores. Márcio Bortolusso explica que não encontrou uma característica única que diferencia ilha, de ilhote ou parcel. Para alguns pesquisadores, para ser considerada “ilha” deve
ser habitável, ter um tamanho relevante e ter vegetação. “Estas características são contestáveis. Por exemplo, para a ilha ter moradores, deve ter água doce. No caso da ilha dos Pescadores, que fica bem próxima à ilha da Vitória, a família do pescador que vive ali puxou um cano de cerca de 500 metros pelo mar, que faz com que a água doce chegue à ilha menor, ação que não interferiria na classificação de ilha ou ilhote. Também não encontrei definições de tamanho (se um hectare ou 300 metros) para ser considerada ilha. Optei por analisar o conjunto para classificar ilha e ilhote. Já as lajes são mais fáceis de identificar, pois apenas uma parte fica exposta no mar, o restante é submerso”.
Ilha de São Sebastião A ilha de São Sebastião (chamada de Ilhabela) compõe o mais importante maciço de rochas alcalinas do país, e abriga a maior
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A ilha de São Sebastião é a maior do arquipélago de Ilhabela, também formado pelas ilhas dos Búzios, da Vitória e dos Pescadores
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biodiversidade
A ilha de Búzios é habitada por famílias caiçaras
Ilhabela, na verdade, não é apenas uma “ilha”, mas um conjunto de ilhas, ilhotes, lajes e parcéis, portanto, um arquipélago
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quantidade de montanhas com mais de mil metros. O Pico do Baepi, com 1.017m, é o mais famoso e visitado, mas o pico mais alto (de todas ilhas brasileiras) é o Pico de São Sebastião, com cerca de 1.375m. O relevo da ilha de São Sebastião apresenta ainda morros, colinas, afloramentos rochosos e planícies. Em seu entorno estão costões rochosos de granito-gnáissicas que datam do surgimento da Terra- e, nas porções mais elevadas, rochas eruptivas alcalinas (de 60 a 90 milhões de anos atrás). Este cenário de belas paisagens tem alto potencial científico, turístico e educacional; abriga 73 praias, 38 cachoeiras e uma das maiores grutas de granito do Brasil, com 193m. É também valiosa reserva biológica - coberta pela Mata Atlântica -, com predomínio da floresta ombrófila densa, associada a campos e savanas de topos de morros, restingas e mangues. Dezenas de córregos e centenas de nascentes formam várias microbacias hidrográficas.
Arquipélago da biodiversidade O arquipélago de Ilhabela abriga espécies raras e endêmicas da região. Considerada Área de Preservação das Aves pela BirdLife International, com mais de 300 espécies registradas, incluindo tucanos, beija-flores e os ameaçados gaviões-pega-macaco, papagaio-moleiro, araponga, macuco, falcão-de-barriga-laranja, jacutinga, curiango-ocelado e saíra-de-costa-preta. Dentre as aves marinhas migratórias estão: pinguim-de-magalhães, albatroz-de-nariz-amarelo, pardelas, maçaricos, procelário-de-bico-branco e várias espécies de trinta-réis. Esta fauna riquíssima conta com 51 espécies de mamíferos como capivara, paca, cutia, macaco-prego, saruê, caxinguelê, cuíca-de-três-listas, o endêmico cururuá e as ameaçadas de extinção jaguatirica, lontra, gato-do-mato e morcego-vampiro. De anfíbios são 41 espécies, de répteis 39, de cobras são 26, das quais se destacam a caninana, jararaca e coral.
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A famosa vila, na ilha de São Sebastião e, abaixo, pescadores tradicionais
Sob as águas do mar, raias (prego, manteiga, chita e até manta), tubarões, cavalos-marinhos, lagostas, polvos, moreias, gorgônias, corais e as ameaçadas tartarugas de pente, cabeçuda, oliva, de couro e a verde (com até 1,40 m e 390 kg). A região abriga uma das maiores concentrações de peixes endêmicos do Brasil, incluindo 14 espécies de água doce. Mais adiante, detalhes das espécies que habitam as ilhotas, lajes e parcéis do arquipélago. Além de focas, lobos e leões marinhos viajantes, o local detém um dos maiores registros de cetáceos do Brasil. Entre baleias, botos e golfinhos, já foram vistas 17 espécies das 46 encontradas no país. A flora também é rica, sendo composta por inúmeras plantas raras e árvores centenárias gigantes, como sapopema, jequitibá, aroeira, figueira, cedro, peroba e jatobá, algumas com mais de 40 metros. Apenas as plantas fanerogâmicas (que possuem órgãos sexuais visíveis, caso das flores), são mais de 640 espécies.
Santuário ecológico Chamado de ilha desde o século XIX, o Santuário Ecológico Municipal da Ilha das Cabras é, na verdade, um ilhote, local de cursos de mergulho e ponto de partida para outras áreas do arquipélago. A 170m da praia das Pedras Miúdas, possui um recife artificial com chassi de caminhão, âncora, cabos e uma estátua de Netuno (deus do mar). Seu entorno é protegido pelo santuário ecológico (Decreto Municipal 953/92), responsável pela preservação da fauna variada que há no local: gorgônias, anêmonas, corais, tartarugas, aranhas-do-mar, cavalos-marinhos, marias-nagô e peixes escorpião e morcego, convivendo com grandes garoupas, badejos, robalos, bodiões, trombetas, linguados e até raros sargos-de-den-
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tes. Com 50 metros de largura e 1.500m de extensão, permite apenas a pesca artesanal, com anzol, covos e redes de malha. Há correntes fortes vindas do canal.
Grutas e fendas Um dos melhores points da região é formado pela ilha dos Búzios - que é habitada por famílias caiçaras -, e pelo ilhote Sumítica, que integram o município e o Parque Estadual de Ilhabela. Tem água clara e rica fauna: golfinhos, baleias, peixes enormes. Não há praias, só costões e parcéis com grandes grutas, fendas e passagens. Os lo-
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biodiversidade cais frequentados por mergulhadores são Parcel da Ponta Leste, Parcel da Mãe Joana, Costão das Estátuas, Parcel da Coroa, Coroa, Costão do Aquário, Parcel da Ponta Oeste, Saco da Coruja, Saco do Urubu, parcel da Sumítica e ilhote Sumítica (leste da Ilha de São Sebastiõa, 30 km do Perequê). Mar calmo e abrigado dos ventos. As grutas da ilha dos Búzios é um presente para os mergulhadores. Em 2012, foi descoberta no arquipélago de Ilhabela uma das maiores concentrações de passagens submarinas da costa do Brasil, em uma zona com inúmeras pedras enormes, que formam um incrível sistema de grutas, salões, fendas e passagens que chegam a criar labirintos. A formação principal das grutas da illha dos Búzios é uma laje gigante com cerca de 600 m², sustentada sobre várias pedras menores que formam uma espetacular fenda horizontal com pouco mais de um metro de altura. Capaz de abrigar até quatro mergulhadores juntos, o ambiente é fechado como uma gruta, mas com saídas laterais
que diminuem o confinamento. O início da passagem está a uns 10m de profundidade e, após uns 100m de penetração em declive, chega-se a um parcel de 18m. Durante o percurso, feixes de luz entram pelas fendas criando uma visão inesquecível, com muitos peixes e outros animais marinhos entre dezenas de belas paisagens - grandes raias, tartarugas, sargos, frades, cocorocas etc. Outro local fantástico destas grutas é um cânion, passagem secundária com um poço profundo de onde partem novos túneis extensos. Azulado e geralmente calmo, o mar no local possui ótima transparência, com o leito de algumas grutas forrado com restos de conchas, calcário que ajuda a clarear a água. Indicada para aventureiros, este mar guarda muitas surpresas a ser desvendadas.
Arquipélago da ilha da Vitória Lar de baleias, golfinhos e grandes peixes, o ilhote das Cabras e as ilhas dos Pescadores e da Vitória, abrigam famílias caiçaras. As águas profundas e claras atraem mergulhadores ao Morro Alto, Saco da
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O ilhote das Galhetas possui muitas tocas e grutas a ser exploradas
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Professora, Saco do Funil, Ponta do Farol, Escuninha, Saco do Paiá , Canto da Sereia, Saco do Hilário, Canal dos Pescadores, Pescadores, Cabras. Fica a 41 km a partir do píer do Perequê.
Ilhote da Serraria Costeira forrada de pedras ladeadas por leito de areia, com algumas tocas a uns 15m de profundidade. Tartarugas, golfinhos e muitos outros peixes são possíveis de ser avistados na água, entre garoupas, badejos, enxadas, xereletes, piranjicas, anchovas, ciabas, beijupirás e pescados-dentão. Assim é o ilhote da Serraria, popularmente chamado de ilha, um ponto de mergulho clássico do arquipélago.
Ilhotes das Galhetas São dois dos menores ilhotes do arquipélago, cujos mapas antigos denominavam como “Calhetas”. Ótimo para mergulho por ser raso, abrigado, geralmente com ótima visibilidade e numa região pouco visitada, com muitas tocas e grutas a ser exploradas em costeiras com grandes pedras e fundo de areia ao redor. Existem muitos cardumes, lagostas, polvos, tartarugas e grandes garoupas e moreias que convivem com outros animais multicoloridos. Após o mergulho, a dica é relaxar na paradisíaca praia do Codó, escondida entre as pedras a
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Ilhote das Cabras e, acima, o ilhote da Serraria, clássicos pontos de mergulho
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A laje do Carvão é um gigantesco braço rochoso que adentra 670m pelo mar
cerca de 310 metros do ilhote Grande (entre a praia da Figueira e o Saco do Sombrio).
Ilhote do Codó e ilhote da Figueira O Codó está a nordeste e possui 130m de extensão, e o iIhote da Figueira, sem vegetação, está a sudoeste e se estende por cerca de 180m. Caracterizam-se como pequenas formações rochosas alongadas e divididas por um estreito canal, com 40m de largura, mas com passagem desaconselhável mesmo com o mar calmo, pois apresenta muitas pedras junto à superfície. Formam lajes e parcéis com muita vida marinha; o encontro com raias é comum. Como a área é pouco visitada, os peixes não são assustadiços. Estes dois ilhotes são ótimos para mergulho em dias de vento leste.
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dras e areia. Já a Laje do Carvão é um gigantesco braço rochoso que adentra 670m pelo mar, desde a bela praia das Enchovas, fomando um playground para mergulhadores.
Parcéis do Buracão e da Itapederica
Laje da Garoupa e Laje do Carvão
Com grandes garoupas, bicudas, anchovas e sargos, são points para quem curte emoção. O incrível Buracão inicia com uns 33m de profundidade e desce até uns 52m. Com enormes peixes bentônicos (linguados etc), é ideal para testar equipamentos ou treinar fundo perto da costa. O primeiro parcel está mais ao norte (620m da ilha), sobe de 26m a 12m. Tradicional pesqueiro com restos de linha e âncoras velhas, exige atenção para evitar enrosco. O segundo (870m da ilha), com uma cabeça a uns 11m de profundidade, é pouco visitado e tem maior visibilidade.
Ótimos points com raros visitantes, água clara e muitos peixes, raias e tartarugas. A 280m do ilhote da Figueira, a Laje da Garoupa é um rochedo emerso (20m de largura por 60m de comprimento) cercado por pe-
Esta reportagem teve como base informações do volume Ilhabela, da série Viagens ecológicas e culturais, também disponível em www.viagensecologicas.com.br.
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ecoturismo
A natureza como guia O azul das águas do mar e do céu, em contraste com o verde das árvores, das folhas, e das montanhas, contagia nossos olhos, especialmente em São Sebastião, onde estas duas cores parecem ganhar novos tons e um brilho intenso, que criam um clima de aventura inigualável
Por Bruna Vieira De uns anos para cá, a prática do ecoturismo em São Sebastião ganhou uma grande diversidade de roteiros, além de mais qualidade de receptivo e segurança ao turista, que gosta de praticar esportes em meio à natureza. As duas principais agências de receptivos que atuam na cidade, a Green Way e a Entreter, operam pacotes para todos os gostos e bolsos. É preciso contratar guias para tornar o passeio mais seguro, divertido e rico em informações. Os aventureiros devem usar roupas confortáveis como bermuda ou calça de moletom e camiseta, tênis com sola antiderrapante;
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mochila com repelente, roupa de banho, agasalho, boné, filtro solar, lanche, garrafinha de água, máquina fotográfica e sacola para colocar o lixo. Depois de preparar este kit, vamos à aventura! O ponto de partida são as trilhas. Dentre as muitas a escolher, a reportagem optou pela trilha da antiga estrada da Limeira. O principal atrativo é a visão deslumbrante do canal de São Sebastião, uma vez que, ao percorrer metade dos 22,2 km de trilha-estrada, atinge-se 565 metros acima do nível do mar. A aventura começa no bairro da Enseada, primeiro da região norte da cida-
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Para o dia inteiro Bike/trilha do Sítio Jatobá/caiaque é a opção de passeio de um dia completo (das 9h às 16h) proposto pela Green Way. São 40 minutos de pedaladas entre Juquehy e o início da Trilha do Sítio Jatobá. Mais 40
de, na estrada da Limeira, a cerca de 3 km da rodovia SP-55, que liga Caraguatatuba a São Sebastião, e passa por antigas fazendas com criação de gado e campos verdes imensos. Há placa indicativa no início da estrada da Limeira. Esta, uma vez feita na sua totalidade, chega à divisa com o município de Salesópolis. Para esta reportagem, atingimos o cume da montanha a bordo de um buggy, com o qual avançamos 11 km até o topo, em 50 minutos. O atrativo principal é a riqueza do Parque Estadual da Serra do Mar (núcleo São Sebastião - na cota 200), onde se descobrem novas formas, cores e sons da natureza. Quem quer muita emoção deve percorrer a trilha de bike, a cavalo ou de veículo 4x4 (jipe ou buggy com tração traseira). A estrada apresenta trechos com bastante buraco, outros com cascalhos e
obstáculos. Adrenalina garantida. Outro roteiro imperdível é a Trilha do Ribeirão de Itu. Pedra Lisa, Samambaiaçu e Serpente são as três principais cachoeiras que compõem o passeio. O pacote é operado pela agência Entreter (R$ 40,00 por pessoa). A trilha começa no final da estrada do Cascalho, em Boiçucanga, onde é possível deixar o carro em estacionamento. O acesso à Pedra Lisa, a primeira cachoeira, é uma trilha fácil; chega-se a ela em pouco mais de meia hora de caminhada regular. Cerca de 20 metros de queda d’água num cenário com água abundante que cai por entre as pedras e embeleza ainda mais a flora típica do litoral norte. Quem não se contenta com a trilha fácil da primeira cachoeira, o indicado é continuar a caminhada em terreno mais íngreme, com diversas travessias de rios e caminhos que pas-
minutos de trilha até o primeiro banho de cachoeira. É hora de retornar pela trilha, pegar as bikes e seguir para o almoço no Tuim Parque. Depois do descanso, começa o passeio de caiaque pelo rio Una ou Cubatão. Este passeio com atividades combinadas é destinado a grupos de, pelo menos, quatro pessoas (R$ 140,00 por pessoa). A outra opção é bike/Trilha Engenho-Jureia/caiaque. Recepção às 9h, no escritório da Green Way, em Juquehy, e despedida às 15h para grupos de quatro pessoas (R$ 120,00 por pessoa). A terceira opção é a trilogia bike/trilha longa (do Caçador)/caiaque. Também com início às 9h e despedida às 18h (R$ 180,00 por pessoa). A última opção inclui o casal por R$ 340,00 na bike/ Trilha do Sítio Jatobá/caiaque. Estes pacotes são feitos de março a novembro.
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Na página ao lado, vista do Mirante da Enseada. Abaixo, acesso ao bairro da Enseada e trilha do Ribeirão de Itu
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ecoturismo Fotos Bruna Vieira
Cachoeira Ribeirão de Itu, canoagem no rio Cubatão e a prática de rapel
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sam por sítios e plantações de banana e leva a Samambaiaçu, uma cachoeira com um poço e queda d’água de 15 metros. Em seguida, vem o Poço dos Macacos, com bela piscina natural. Daqui se avista a Cachoeira da Serpente, um jato único com 5 metros, revitalizante e capaz de saciar a sede de aventura. Os mais radicais podem praticar esportes como rapel, tirolesa e cascading nas principais cachoeiras da Trilha do Ribeirão de Itu, circundadas por piscinas naturais e quedas d’água. Há, ainda, a Trilha no Sítio Jatobá e a do Ribeirão das Pedras, onde a palmeira jussara, em risco de extinção, ainda surge por toda parte como indicador biológico de preservação do local. O sítio fica no Sertão do Uma, e o início da trilha de percurso fácil é após travessia do rio Cristina. A trilha passa por área de RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) e chega a pequenas cachoeiras. A Green Way opera o passeio com no mínimo quatro pessoas (R$ 70, por pessoa - inclui monitor, água mine-
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ral, barra de cereais e toalha para uso no passeio). Já a Trilha do Ribeirão das Pedras, de nível leve, está localizada no Sertão do Cacau, em Camburi. No meio do caminho, árvores centenárias como a figueira e duas piscinas naturais. Pacote operado pela Entreter (R$ 50,00 por pessoa). Depois das trilhas, vamos para os rios. Agradáveis e propícios à contemplação de pássaros coloridos, bichos preguiças, tucanos e outros animais são os passeios de caiaque, stand up ou canoa canadense (para três pessoas) pelos rios Una e Cubatão, entre as praias de Juquehy e Barra do Una. Nas margens dos rios não se vê construções, apenas a mata ciliar preservada, trechos emaranhados de árvores, folhas, bromélias, cipós, num cenário de verde infinito. O passeio tem duração de duas a três horas. Quem optar pelo rio Una, de curso sinuoso, deve saber que a cor escura não é sujeira. A água é limpa, mas tem cor escura devido à vegetação e o solo do rio.
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Por outro lado, o passeio pelo rio Cubatão propicia refrescantes banhos em águas transparentes. Lembrando que este último rio abastece os rios Cristina, Mariana, Pilões e Pouso Alto. Há também o passeio longo de caiaque, stand up ou canoa canadense, com mais de três horas, oferecido pela Green Way. Opção para os que gostam de suar a camisa. As remadas trabalham os membros superiores do corpo, como braços, ombros, peito e o abdômen.
Fragmentos de cerâmica do sítio arqueológico, no bairro São Francisco
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Foto Bruna Vieira
ecoturismo Rio Barra do Una, propício para canoagem
Os horários de saída dos passeios são escolhidos pelo cliente, mas dependem da altura da maré adequada. O valor do passeio pelos rios Una e/ou Cubatão é R$ 70,00 por pessoa em grupo de quatro, sendo necessária reserva antecipada. São Sebastião também tem patrimônio cultural escondido nas encostas da Serra do Mar. O bairro São Francisco, reduto de pescadores caiçaras, guarda ruínas de uma enorme e rica fazenda de escravos, no sítio arqueológico que data de cerca de 200 anos. Restaram da antiga fazenda algumas colunas, paredes, escadarias em pedra, terraços com floreiras, muros de contenção ornados com figuras, aquedutos, arcos sobre pequenos vales, canaletas em pedra, um oratório e fornos que, juntamente com fragmentos de faiança, porcelana, cerâmica, cachimbos e demais testemunhos materiais, compõem um impressionante sítio arqueológico com cerca de 3000 m². A Entreter faz esta trilha cuja subida ao sítio leva de 40 minutos a uma hora. Esta agência de receptivo tem como foco destinos no litoral norte e faz passeios de escuna exclusivos, Day Use, em restaurantes a beira-mar com serviço de praia completo, lanchas de luxo; pescaria de 12h, 18h e 24horas; roteiros de ecoturismo, aventura, histórico-cultural e mergulho. Serviço: Green Way Brasil - www.greenway.com.br. Telefones (12) 3863 2422 e 99767 1965 (Lisa Pantaleone). E-mail: greenway@ greenway.com.br. Entreter Turismo - www. entreterturismo.com.br - Telefones (12) 7814 1715 (ID 99*4928) e 98121 6887 (Rogério Barroso) - E-mail: rogerio@entreterturismo.com.br
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Um espião em tempo real Foto Luciana Sotelo
O escâner, de alta tecnologia, opera até 120 contêineres por hora e não deixa passar nada
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Fotos Luciana Sotelo
Por Luciana Sotelo Quem acompanha os fatos que ocorrem no porto de Santos vai lembrar de quando a alfândega interceptou e abriu dezenas de contêineres contendo lixo doméstico importado da Inglaterra. O crime ambiental aconteceu em 2009, quando foram descobertas aproximadamente 670 toneladas de lixo inglês. A carga entrou ilegalmente no país, declarada como ‘polímeros de etileno’, o popular plástico reciclável. Assim como nesse caso, muitas empresas declaram uma coisa e, na realidade, transportam outra. Sem fiscais suficientes para atender a demanda, você consegue imaginar o quanto de lixo ou mercadorias ilegais já pode ter passado pelo porto? Para por um fim a essa prática, desde o último dia 1º de setembro, todo contêiner que chega ao complexo santista é, obrigatoriamente, escaneado, e as imagens são analisadas pela alfândega do porto de Santos. Em atendimento à Portaria nº 3.518, de 2011, o complexo portuário de Santos opera com 13 equipamentos. No total, serão
Desde o início deste mês, todo contêiner que chega ao complexo santista é, obrigatoriamente, escaneado, e as imagens analisadas pela alfândega
O sistema Todas as imagens captadas pelos escâneres são enviadas, em tempo real, para a sala de fiscalização da Receita Federal instalada no terminal e também para a sala da central de operações e vigilância da aduana. O processo dura 30 segundos e cada equipamento pode fazer 120 escaneamentos por hora. Já a análise das imagens é um pouco mais complexa; leva em torno de quatro a cinco minutos. Caso perceba ou suspeite de alguma irregularidade, a alfândega deve ser comunicada para atuar. “Neste ano, já apreendemos mais de 600 quilos de drogas, além de dezenas de armas. Nossa expectativa com a entrada em funcionamento dos escâneres é de que, no começo, o número de apreensões aumente. Entretanto, a médio prazo, a entrada desses produtos deve diminuir porque, afinal de contas, elas não vão passar daqui”, enfatizou. Cleiton lembra que, no passado, as caixas metalizadas eram vistoriadas manualmente, uma atividade demorada. “Era preciso posicionar o contêiner, retirar tudo de dentro e, mesmo assim, não tinha como ter certeza se lá no fundo de alguma caixa, havia algo escondido. Agora, facilmente se detecta tudo. A alta penetração do escâner é de 250 mm em aço. Só para se ter um exemplo, num carro, dentro de um contêiner, é possível detectar uma arma dentro do tanque de combustível.”
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porto Fotos Luciana Sotelo
Luiz Felipe Gouvea, da Tecon, e Cleiton Alves, inspetor da alfândega
O complexo portuário de Santos opera com 13 escâneres. No total, serão 15
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15. “Já estão em funcionamento os escâneres da Santos Brasil, Libra, Ecoporto Santos, Embraport e Brasil Terminal Portuário (BTP). Em instalação estão os das empresas Transbrasa e Cia. Bandeirantes”, informou o inspetor da alfândega Cleiton Alves dos Santos João Simões. Quem não atender as determinações, segundo o inspetor, será penalizado com multa diária de 10 mil reais, advertência ou até mesmo a cassação do alfandegamento. “A Organização Mundial das Aduanas tem diretrizes para todas as aduanas do mundo e, uma delas, é a de que, quanto menos se invadir a carga, melhor. Isso evita chances
de quebra, de sujar a mercadoria ou até mesmo do seu sumiço.” O diretor superintendente do Tecon Santos Luiz Felipe Gouvea explicou que foram investidos cerca de R$ 20 milhões na aquisição dos novos escâneres de raio X que serão utilizados em todas as unidades da companhia: Tecon Santos (SP), Tecon Imbituba (SC), Tecon Vila do Conde (PA) e nos Clias - Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros. “Em Guarujá, temos dois aparelhos para exame de contêineres cheios, um para contêineres vazios e outro para conferência de mercadorias em pallets”. Houve um estudo técnico com profissionais especializados em trânsito e fluxo de carga para definir o local exato de instalação dos escâneres. “Não queremos qualquer alteração no andamento interno das operações. A ideia é otimizar esse posicionamento”. A partir da vigência da determinação, Luiz Felipe diz que o novo procedimento vai passar a integrar o portfólio de serviços e tarifas da operadora. “O exportador também pode utilizar, se quiser, e vamos oferecer isso ao mercado.”
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comportamento
Nas rodas da
felicidade
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Foto Denise Braga
Ao som de músicas vibrantes e envolventes, bailarinos cadeirantes trabalham equilíbrio, expressão, musicalidade, respiração e, principalmente, autonomia. Em troca, ganham autoestima Por Luciana Sotelo
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comportamento Há dez anos, Lidia Silvia Fagundes encontrou na dança a razão da sua existência. Ao longo do tempo, melhorou a concentração, postura e coordenação motora. Sua vida também ganhou brilho, ela aprendeu a ter vaidade, disciplina, a se relacionar com os outros e, sobretudo, aceitar a si mesma com todas as suas limitações. Lidia nasceu com espinha bífida (lesões da medula espinhal) e hidrocefalia (acumulação de líquido no interior da cavidade craniana que faz aumentar a pressão sobre o cérebro). Por isso, a jovem de 25 anos nunca andou, mas, em 2011, formou-se bailarina pela Escola Municipal de Dança em Cadeira de Rodas, que funciona em Santos desde 2005, sendo a primeira e única do país mantida por uma prefeitura. “Não sei viver sem a dança, ela me transformou de corpo e alma.”
A iniciativa é coordenada pela Secretaria de Cultura e foi idealizada por Luciana Ramos, formada na Escola de Bailado Municipal e no Conservatório Santista de Dança, e pelo dançarino Alexandre Siqueira. A bailarina lembra que tudo começou há 12 anos, sem pretensões de se tornar o que é hoje. “Eu precisava de novos bailarinos para integrar a companhia profissional de que fazia parte. Consegui uma sala e comecei a ensinar dança para cerca de 10 pessoas. Em paralelo, formatei um projeto para conseguir o interesse da prefeitura de Santos. Em 2005, eles aceitaram a minha ideia e montei então esse curso. Hoje, estamos com 20 cadeirantes que participam de eventos nacionais e internacionais.” O objetivo do aprendizado é a formação de bailarinos cadeirantes nas vertentes artística e competitiva. Em ambas, o esforço e a dedicação
Foto Denise Braga
Os bailarinos Alexandre Siqueira e Ana Patricia de Oliveira em uma das muitas apresentações do grupo
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Foto Denise Braga
Escola conta com 20 bailarinos cadeirantes nas vertentes artística e competitiva são essenciais para uma boa performance. Luciana e Alexandre sabem disso, mas, para o casal, o respeito às diferenças está acima de tudo. “A gente entende que cada um tem seu tempo, seus limites e seu espaço. Eu costumo dizer que o trabalho é individualizado, em busca do que cada um tem de melhor e, dessa forma, consigo um bom resultado coletivo”, conta a professora. Alexandre vai além deste pensamento. “Nós não trabalhamos com deficiências e, sim, com as potencialidades humanas. Ensinamos todas as técnicas e a força de vontade deles é que faz todo o resto. Os que mais têm garra, destacam-se e acabam participando das competições.” É ao som de músicas latinas (samba, chá-chá-chá, rumba, passo doble e jive) e standard (valsa, tango, slow foxtrot e quickstep), que os bailarinos trabalham o equilíbrio, a expressão, musicalidade, respiração e, principalmente, a autonomia. Seja por lazer (caráter artístico) ou por esporte (para competir), não há quem não tenha uma melhora na qualidade de vida, aponta a bailarina Luciana Ramos. “O meu equipamento de trabalho é a cadeira de rodas, mas o meu material é humano, é o bailarino. Por conta disso, ele sente as transformações do antes e depois. A dança pede postura, penteado e figurino. E todas
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essas coisas refletem na melhora da autoestima.” Para saber cobrar, a professora teve que tomar uma atitude essencial, ela aprendeu a ‘pilotar’ uma cadeira de rodas. Nos ensaios, ela passa as orientações sentada, tal como os alunos. “Como é que eu vou ensinar, se não souber como funciona. É uma questão de se colocar de igual para igual com eles. A cadeira funciona como a minha sapatilha.” Se os exemplos de determinação vêm de quem ensina, não é por acaso que, em sala de aula, a maioria dos cadeirantes tem uma bonita história de superação a contar. Quem vê Valmir Magnum Coelho, de 55 anos, dançando com tamanha leveza e felicidade, nem imagina que ele passou por um trauma que o deixou sem nenhum movimento da cintura para baixo e que, por essa razão, ficou desorientado e sem vontade de reagir. “Eu fui vítima de um assalto há 10 anos. Estava na estrada e tomei um tiro nas costas. Depois disso, só ficava da cama para o computador e vice-versa. Sem ânimo para nada”. Até que um dia, tudo mudou. Ele foi apresentado à modalidade e não parou mais. “Eu me identifiquei, a dança me ajudou muito a lidar com a deficiência. É algo que não posso mais ficar sem, já faz parte de mim.”
Por falta de recursos, a companhia mantém uma equipe reduzida em competições e já deixou de participar de alguns festivais de dança internacionais
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comportamento Foto Denise Braga
Vítima de um assalto, Valmir Magnun superou o trauma e, após dois anos de treinos, passou a viajar e ganhar prêmios em competições
Fotos Luciana Sotelo
Valmir Magnun em ensaio com a professora Luciana Ramos e, abaixo, Lidia Fagundes, exemplos de amor à dança
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Em dois anos de treinos, o ex-restaurador de carros antigos deixou para trás a tristeza. A nova paixão deu ritmo à vida do aposentado. Ele passou a viajar e ganhar prêmios em competições. “No começo, minha esposa pensou que era brincadeira, ela nunca imaginou que eu chegaria nesse nível. Agora, ela dá apoio e prestigia.” Por falar em prêmios, Lidia também já tem uma lista de títulos conquistados. Mesmo ganhando a vida como recepcionista, ela participa de competições desde 2007 e, de lá para cá, já obteve vitórias importantes, com destaque para a segunda colocação nos anos de 2010 e 2011, no Campeonato Brasileiro de Dança em Cadeira de Rodas. “Competir é maravilhoso. Você coloca para fora todo seu potencial”. O segredo é deixar a música invadir todo o corpo, conta a jovem bailarina, que já sonha em retribuir ao próximo tudo que recebeu. Com diploma de bailarina profissional, adquirido em 2011, ela faz planos para se tornar professora. “Se estou na dança há dez anos é porque tenho vocação. E por que não ajudar outras pessoas como fui ajudada?” Esse ano, o curso completa uma década de existência. Seus criadores contabilizam um saldo para lá de positivo. “São dez anos não só ensinando, mas também aprendendo muito. Esse é um ano muito feliz. A única coisa que falta para a plena realização do nosso sonho é patrocínio”, diz Alexandre. Por falta de recursos, a companhia mantém uma equipe reduzida em competições e já deixou de participar de alguns festivais de dança internacionais. As aulas acontecem três vezes por semana, no Cais Milton Teixeira; a unidade é um centro de atividades integradas, que fica na avenida Rangel Pestana, 150, na Vila Mathias. Para participar, o pré-requisito é ter autonomia na cadeira de rodas. Como diz Alexandre, “nós temos aqui alunos de todas as idades. O mais novo tem 6 anos e o mais velho 63. Não há limites.”
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Por Marcus Neves Fernandes O inferno está cheio de boas intenções. É assim que diz o velho ditado. Quer um exemplo? Ofereço dois. Um envolve reduzir o seu gasto com energia. E o outro, bom, o outro significa reduzir o custo da maioria das mercadorias que entra na sua casa. A primeira boa intenção é o novo selo que atesta a eficiência energética dos edifícios, sejam eles particulares ou públicos. A ideia por trás dessa certificação é que o consumidor passe a escolher as edificações mais econômicas e, em cascata, todas as construtoras busquem conseguir o selo. Iniciativas semelhantes já adotadas no exterior foram, em geral, bem-sucedidas. Na prática, é possível atingir entre 30% e 50% de redução no consumo elétrico e mais de 60% no hídrico. O limite, obviamente, é o bolso. E quanto maior o desembolso, maior o tempo de retorno e menor é a capacidade de convencimento - tanto para produtores como para os consumidores. Algumas ações são simples, como a instalação de caixas de descarga de seis litros, aeradores nas torneiras, hidrômetros individualizados, lâmpadas compactas, timers, reuso de água de chuva entre outros. Mas há quem lance mão de sanitários a vácuo, leds, placas solares, turbinas eólicas, reuso total de água e por aí vai. Hoje, já é possível encontrar até aparelhos de ar-condicionado com placas solares. E os testes com filmes fotovoltaicos aplicados em fachadas e janelas se mostram promissores. A tecnologia busca responder à demanda, mas a burocracia não.
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Obter o selo de eficiência energética para edifícios ainda é um longo e custoso caminho. Primeiro é preciso contratar uma consultoria. É ela, por meio de especialistas, que irá fazer o projeto de eficiência ou, no caso de obras prontas, o chamado retrofit, as reformas necessárias para atingir tal objetivo. Apesar do custo, os pedidos crescem, mas ainda há poucas certificadoras. Assim, o serviço se mantém restrito a um grupo seleto, que, por enquanto, pode (e quer) pagar. É preciso estender essa oferta. Uma alternativa é oferecer esse serviço por meio do poder público. Muitas cidades criaram os chamados ‘escritórios técnicos de sustentabilidade’. O objetivo não é substituir
Nas edificações com eficiência energética é possível atingir entre 30% e 50% de redução no consumo elétrico
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O não investimento em ferrovias, dutovias e aquavias retira uma enorme parcela do poder aquisitivo das famílias
as consultorias especializadas, mas capacitar o cidadão, oferecer desde soluções simples até estudos que possam, pelo menos, indicar o quanto os condôminos irão gastar em uma reforma ou quanto um construtor terá que investir para erguer um edifício eficiente do ponto de vista energético. Pode parecer irônico falar em burocracia privada e propor, como solução, um órgão público, que carrega a peja de burocracia. Em muitos países, todavia, esses mecanismos funcionam e muito bem. Ajudaram, inclusive, no fomento do mercado das consultorias, que, por sua vez, necessitaram de mais mão de obra: leia-se, engenheiros, arquitetos, técnicos, professores etc. Nada em si é necessariamente ruim, assim como nada que está ruim não pode ficar ainda pior. Se o selo dos edifícios é uma excelente medida com entraves ainda a ser equacionados, a questão dos transportes é ainda mais complicada. Nos protestos de junho, falou-se muito da passagem gratuita, o tal passe livre. Em parte, esta é outra de nossas boas intenções infernais. Caso fosse instituído no país, o maior dos problemas de mobilidade ainda assim não teria sido atingido. É que mais do que transportar gente, o nosso grande calcanhar de Aquiles são as mercadorias. Eu até poderia encher você de números que demonstram a absurda situação de um país que
depende quase que exclusivamente de caminhões. Mas acho que basta dizer que, ainda hoje, o Brasil tem menos ferrovias do que o Japão. Em um livro a ser lançado em breve, o engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves detalha a trágica opção brasileira pelas rodovias como artérias principais para o escoamento de cargas, demonstrando que, se as pessoas soubessem o quanto isso impacta no custo de um produto, sairiam às ruas clamando por uma mudança urgente. O estudo comprova que, mais do que o transporte público, o não investimento em ferrovias, dutovias e aquavias retira uma enorme parcela do poder aquisitivo das famílias. Essa conta começa com os produtos que nem chegam aos pontos de venda, passa por aqueles que apodrecem nos armazéns, até os que chegam a um custo muito alto. Tudo isso, junto, nós pagamos. Segundo André Pessoa, diretor da Agroconsult, da Plataforma Agro, levar o milho de Mato Grosso para o Sul ou Sudeste pode custar 50% ou mais do que o valor do próprio milho. O X da questão, tanto no caso do selo como no do transporte, não é termos alternativas, mas sim colocá-las em prática. Somos muito lentos, as mudanças tardam, vê-se pouca iniciativa, menos ainda ousadia. É o tal do custo Brasil, que prefiro chamar de encruzilhadas. É bom olhar bem para os dois lados antes de cruzá-las. O que não se pode, é ficar parado sobre os trilhos.
*O autor é jornalista especializado em desenvolvimento sustentável
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comportamento
Tratamento vip para os cães Já pensou em fazer um book fotográfico do seu amigão? Que tal um programa personalizado de condicionamento físico? Seu mascote está gordinho, precisa de exercícios? Vida de cão, agora, é elogio
Foto Luciana Sotelo
Por Luciana Sotelo Já faz algum tempo que a velha expressão ‘vida de cão’ não tem mais o mesmo sentido. Se, no passado, ela representava algo penoso e sem esperança de melhoria, agora, com a quantidade de serviços à disposição desses bichinhos, a conotação do termo pode estar com os dias contados, pelo menos, se depender dos donos dispostos a gastar o que for necessário para o bem-estar do seu companheiro. E o mercado tem ofertas para todos os gostos e necessidades. Basta uma pesquisa rápida e um leque de opções se abre. A Associação Brasileira de Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) aponta que, no ano passado, o setor pet movimentou R$ 14,2 bilhões em todo país. E a estatística dos clientes em potencial também não para de crescer. De acordo com a entidade, existem 37,1 milhões de cachorros em território nacional. Os números animam os profissionais da área que investem no bom atendimento e deixam qualquer cãozinho de rabinho abanando, afinal, eles são o foco dos serviços diferenciados. Conheça aqui algumas dessas mordomias caninas. Miniagility: saltar objetos, subir rampas, desviar de cones e passar por túneis. Esses
Para perder peso, Napoleão encara a hidroterapia
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são alguns dos atrativos do agility, um esporte competitivo inspirado no hipismo. Existe um circuito com diversos obstáculos e o cão deve percorrer esse local obedecendo a sequência estabelecida pelo condutor que se comunica por comandos de voz e gestos. Ganha quem fizer a tarefa no menor tempo. Em Santos, a Academia Boa pra Cachorro adaptou a modalidade e oferece o miniagility ou agility recreativo, que não visa competição, apenas benefícios ao praticante. Andrea Alonso Amaral, proprietária do espaço, conta que abriu a academia para ajudar a melhorar a saúde dos cães. “Eu fui tosadora durante nove anos. Numa ocasião, vi um cachorro de apenas cinco anos morrer por falta de exercícios, por ser obeso e sedentário. Isso mexeu comigo e resolvi investir em atividades personalizadas, em condicionamento físico canino.” De acordo com o educador canino do local, Guilherme Victor, a técnica é ótima para gastar energia. É ideal para quem não tem muito tempo para passear com o cão, princi-
palmente, os hiperativos. Por essa razão, a representante de laboratório Fernanda Cascione procurou o esporte. Ela tem uma bichon frisé chamada Sophie, de um ano e sete meses, que vive correndo pela casa. “Com essa atividade dirigida, acho que vai ficar bem mais tranquila.” O vira-lata Pepe, da doceira Vera Amália Connen Silva, também é literalmente ‘elétrico’. “Todos os dias, ele corre para valer pelo jardim da praia. Mesmo assim, ainda sobra muito pique. É a primeira vez que ele vai fazer o agility, espero que o ajude a controlar a ansiedade.” Os obstáculos da pista proporcionam diversos ganhos, entre eles, o equilíbrio (ao subir e descer a rampa estreita), exercita as juntas e aprimora a agilidade (nos saltos e corrida), estimula a concentração (ao desviar dos cones), além das vantagens semelhantes a de outras atividades aeróbicas, como melhora cardiovascular, alívio do estresse e queima calórica. “O diferencial é a maior interação do animal com o dono, outros cães e a sociedade.”
A Associação Brasileira de Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) aponta que, no ano passado, o setor pet movimentou R$ 14,2 bilhões em todo país
Foto Luciana Sotelo
Veterinária Carolina Haddad na sessão de acupuntura e eletroacupuntura de Cindy
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comportamento Foto Luciana Sotelo
Foto Estudio Pet
Os cães também podem usar e abusar das superproduções fotográficas feitas em estúdio
Já está provado que, para emagrecer, a regra é clara: caprichar nos exercícios físicos e seguir uma dieta balanceada. No mundo pet não é diferente
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A aula dura, em média, uma hora. Com certificado de formação de educação e reabilitação canina por Gelson Leite, primeiro juiz oficial de Agility do Brasil, e por Marcelo de Jesus do Space Happy Dog, que tem mais de 20 anos de experiência no segmento, Guilherme Victor faz os treinos focados na diversão e além da academia, também aposta nas aulas praticadas ao ar livre. Agulhas para alívio da dor: a técnica já é utilizada por humanos há muito tempo e, na área de tratamento, também ganhou adeptos no universo das quatro patas. A acupuntura tem origem chinesa e é muito utilizada como terapia complementar para livrar o melhor amigo do homem do sofrimento. Segundo a veterinária Carolina Haddad, especializada em acupuntura e medicina tradicional chinesa, o método de aplicação é o mesmo. As agulhas são espalhadas pelo corpo do cão para equilibrar as energias do organismo, tornando-o novamente saudável. “Tratamos a raiz da doença e não apenas os sintomas como fazem os remédios”, conta. Entre as principais queixas estão as dores relacionadas à artrose, paralisias de membros posteriores e de nervo facial, contusões, insuficiência renal e cardíaca, alergias, problemas
gastrointestinais e de pele, lesão na coluna cervical e dificuldade de locomoção decorrente de fatores como a idade avançada. Cães de qualquer raça e idade são atendidos no consultório, que fica na Ponta da Praia. Os horários da agenda médica são disputados. Carolina trata, em média, dez pacientes por dia. O atendimento começa com uma avaliação do caso. As sessões duram cerca de 20 minutos. No início do tratamento, é recomendada pelo menos uma aplicação por semana. Para aumentar a eficácia, a acupuntura é associada à eletroacupuntura, aplicação de infravermelho e uso de medicamentos injetáveis em pontos estratégicos. “Em muitos casos, o alívio é imediato”. Essa foi a sensação de Cindy após a consulta. A poodle, de 13 anos, chegou à clínica contorcendo-se de dor no pescoço e, segundo a dona, a enfermeira aposentada Ivanil Aparecida Renzi, passou a noite sem conseguir dormir. Depois da avaliação, a médica constatou que a crise teve origem na coluna cervical. A profissional receitou sessões semanais, entretanto, já na primeira, Ivanil percebeu a melhora. “A acupuntura é uma alternativa importante porque os remédios não estavam resolvendo. Aqui a gente vê no ato que o cachorro responde bem
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Foto Luciana Sotelo
ao tratamento. Cindy é a minha companheira e eu preciso que ela fique bem.” Dieta e exercícios para os gordinhos: não adianta apostar em fórmulas mágicas. Já está provado que para emagrecer a regra é clara: é preciso caprichar nos exercícios físicos e seguir uma dieta balanceada. No mundo pet não é diferente. Visando a malhação, o Hospital Veterinário Fisiopet oferece a hidroterapia para os cães que estão acima do peso. O programa é composto pela parte nutricional e condicionamento físico, afirma o veterinário Alex Antônio do Carmo Fonseca. “Primeiro, indico a restrição alimentar com ração terapêutica para cães obesos. Além disso, monto um treino na esteira elétrica, que fica dentro da piscina, de duas a três vezes por semana, com duração de 40 minutos cada”. Segundo o especialista, a procura é cada vez maior, pois não adianta apenas mudar a alimentação do animal, é preciso incorporar a atividade física regular. Para quem cumpre à risca o combinado, a estimativa é de perda de 1% a 2% do peso total do animal nos primeiros meses. Além da obesidade, a hidroterapia atua no tratamento de cães com problemas articulares e neurológicos. “E os bons resultados se dão
também na condição cardiorrespiratória, amplitude dos movimentos e alívio do estresse”. Napoleão é um dos frequentadores da aula. Apelidado de “Gordo”, o pug faz caminhadas moderadas há três meses. Ele já perdeu 1 quilo. Mas de acordo com sua dona, a arquiteta Erika Diaz, o resultado poderia ter sido melhor não fosse a fome constante que ele sente. “Ele é muito guloso, está sempre querendo comer, por isso, chegou aos 13 quilos.” Estúdio pet, uma lembrança para sempre: como resistir ao olhar doce de um cãozinho? Se as mamães-coruja podem guardar para sempre a imagem de seu rebento, quem tem um cãozinho de estimação também pode usar e abusar das superproduções fotográficas feitas em estúdio. Há 5 anos, a Casa das Fotos, em Santos, inovou e criou o primeiro estúdio pet da região. Motivado pela paixão pelos cachorros, os fotógrafos Wilson Melo e a filha Mariana Caramez resolveram proporcionar ensaios caninos. “Eu tenho 10 cães. Sempre tive uma intimidade muito grande com esses animais. Vendo esse crescimento da área pet, resolvi unir o útil ao agradável”. Para dar visibilidade ao feito, fez parceria com mais de trinta pet shops que, em troca da fidelidade do cliente, oferecem como brinde um vale-foto. Ao chegar no estúdio, a pessoa pode optar pela foto promocional ou escolher um dos pacotes da loja. “Temos muitas opções. Podemos clicar o cão sozinho, com fantasias e ao redor da família. É muito divertido. É um momento inesquecível que vai render imagens para a vida toda.” O ensaio leva de 30 minutos a 1 hora, depende do número de fotos que o cliente quer. “Como o estúdio é monocromático, o interessado escolhe a cor do fundo ou, se preferir, combinamos conforme a tonalidade da pelagem do animal.” Com tantas opções disponíveis nesse mercado em ascensão, dá para se concluir que aquela “vida de cão” sofrida, só leva mesmo o cãozinho abandonado, aquele que vive solitário, vagando pelas ruas.
Pepe gasta energia no miniagility
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Foto Renata Inforzato
internacional
O mundo encantado de Mônaco Muito mais que uma arquitetura secular belamente construída nas encostas rochosas, o principado emana uma aura de magia, graças às saborosas histórias de príncipes e princesas que perduram até os dias atuais
Por Renata Inforzato Situado no alto de um rochedo, o principado de Mônaco ficou mais conhecido por causa da princesa Grace, uma das mulheres mais belas do cinema, que se apaixonou e casou com o príncipe Rainier III. Mas a história do principado é bem mais antiga: há vestígios que remontam a mais de 300 mil anos antes de Cristo. Gregos e romanos viveram ali. O reinado dos Grimaldi (a dinastia atual) começou de maneira inusitada em 1297, quando François Grimaldi tomou posse da fortaleza após tê-la invadido fantasiado de
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monge. Desde então, a família governa o principado, com exceção de alguns anos, entre 1793-1814, nos quais ele foi anexado à França e governado por Napoleão. O atual príncipe é Albert II, filho da princesa Grace e do príncipe Rainier, e reina desde 2005. Mônaco possui distritos impecavelmente limpos e arrumados, mas o charme concentra-se na cidade velha, onde milhares de turistas se reúnem para assistir à troca da guarda e perambular por cenários dignos dos tempos áureos do cinema. O distrito principal de Mônaco é cha-
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A Catedral de Mônaco, do século XIX. Ao centro, o Cassino de Monte Carlo e, abaixo, o primor das ruas representado na Fairmont Hairpin
Fotos Renata Inforzato
mado de Mônaco-Ville, mas também é conhecido como Vieille Ville (Cidade Antiga). Ele está situado em cima de um rochedo de 300 metros de largura, que avança 800 metros em direção ao mar. A vista é de tirar o fôlego. É nele que estão as atrações principais. Para começar, a sugestão é ir direto ao centro do poder: o Palais Princier, a moradia da realeza. Foi construído no lugar de uma antiga fortaleza do século XIII, da qual ainda restam alguns vestígios, como a torre de Serravale, por exemplo. O hall de entrada é magnífico; uma bandeira é hasteada quando o príncipe está presente. É possível visitar os grandes quartos , o acervo de lembranças da época de Napoleão e até uma coleção de carros antigos. Ali perto do Palais Princier fica a Catedral de Mônaco, que também vale a visita. Construída no final do século XIX, ela é inteirinha em pedra branca. Apesar de recheada de obras de arte, suas principais atrações são os túmulos da princesa Grace e do príncipe Rainier III. Ainda na Vieille Ville, um lugar muito bonito é o Museu Oceanográfico, um dos mais impressionantes da Europa. Ele foi criado no começo do século XX e reúne milhares de espécies da fauna e da flora marinha abrigadas em 90 tanques que reconstituem cada ecossistema. Trata-se de coleções reunidas ao longo de séculos, pelos sucessivos príncipes reinantes, após expedições realizadas em várias partes do mundo. Além disso, entre 1957 e 1989, ele foi dirigido por ninguém menos do que Jacques Costeau. Então, já dá para imaginar a qualidade desse museu. Se a Vieille Ville é a mais importante de Mônaco, o distrito de Monte Carlo é seu lado mais luxuoso. A beleza do local é in-
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Detalhes
internacional
Mônaco é uma cidade-estado, localizada ao sul da França. O idioma é o francês. Possui clima mediterrâneo: no verão é bem quente, mas, no inverno, pode ser um pouco frio para os brasileiros. A moeda é o euro e o principado faz parte da UE (União Europeia). Assim, até três meses de permanência na Europa não há necessidade de visto. Mônaco recebe trens vindos de Nice, Paris e Milão. Por via aérea, faz conexão com o aeroporto Nice-Côte d’Azur, a 22 km do principado.
descritível. Ali se concentram os cassinos, hotéis com arquiteturas criativas e o porto, com seus ricos iates. O local mais famoso do bairro é, sem dúvida, o Cassino de Monte Carlo. Na verdade, ele se compõe de vários edifícios, o mais antigo deles, construído em 1878 por Charles Garnier, o arquiteto da Ópera de Paris. Mesmo quem não joga, pode visitar o cassino, inclusive em visitas guiadas. Logo na saída de Monte Carlo, e já quase no distrito de Fontvieille, está o porto de
Mônaco. Ele data de 1901 e, em 2002, foi ampliado, o que lhe permite receber navios de cruzeiros. Um passeio imperdível é caminhar pelo cais ao pôr do sol, e admirar a Vieille Ville sobre o rochedo. Vale também um passeio pelo distrito de Fontvieille. É um lugar com menos turistas, mas com lindas praças calmas e quase escondidas, como a Place de la Sainte Dévote. É interessante para ver uma outra Mônaco, mais moderna, mais comum, mas não menos bela.
Foto Renata Inforzato
Vista da baía de Mônaco e da Vieille Ville
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gastronomia
Foto Klaus Post/sxc.hu
Convide os
amigos
Temperaturas mais amenas inspiram encontros ao ar livre, e nada melhor do que uma reunião de amigos em torno da churrasqueira Por Fernanda Lopes
Quem resiste a um churrasco? A grelha quente e a brasa deixam um sabor defumado nos alimentos. Com acompanhamentos e uma boa conversa, é um convite irresistível para o final de semana. Melhor ainda quando ninguém fica de fora da festa, inclusive os vegetarianos, que podem se deliciar com legumes e frutas, deliciosos quando grelhados. A dica é escolher os mais firmes para que resistam ao calor e manuseio.
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Uma boa dica é cortar os legumes e frutas em fatias grossas ou colocar cubos grandes no espeto. Deixe a 40 cm da brasa até ficarem macios. Tempere com sal, ervas e azeite. Os melhores legumes para grelhar são abobrinha, berinjela, milho verde (espiga), pimentão, aspargos e abóbora. Os legumes mais firmes precisam ser embrulhados em papel-alumínio, que deve ser retirado nos últimos cinco minutos.
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Para os carnívoros, é preciso cuidado na hora de comprar e transportar a carne. Bernardo Tomaz Farias, proprietário da Cruzeiro Carnes, ensina que o primeiro passo para evitar problemas é observar a limpeza. “Veja, principalmente, se o local apresenta condições adequadas para a conservação dos alimentos oferecidos”. O ideal, explica o empresário, é que a carne esteja refrigerada entre 6ºC e 10ºC. “A carne precisa estar com a coloração avermelhada viva, brilhante e com boa consistência.” Após a compra, é preciso ir direto para casa. Não deixe a carne fora da geladeira por mais de 30 minutos. Quem mora longe do açougue ou vai levar a carne para a casa
de algum amigo que mora distante, deve ter o cuidado de transportar a carne numa bolsa térmica ou isopor com um pouco de gelo. Temperada, a carne só pode ficar 20 minutos fora da geladeira. Depois desse tempo, ela precisa voltar para a refrigeração. Outra dica é não exagerar no consumo. Comer churrasco em excesso pode comprometer o bom funcionamento do organismo. “A carne é uma proteína, e ela demora um pouco para ser digerida. Por isso, é importante ter um cardápio equilibrado, com bastante líquido, frutas e legumes. Não é aconselhável comer apenas carne”, diz a doutora em nutrição Nathália Guedes.
Receitas
Ingredientes • Postas de picanha com 5 cm de espessura; • Sal grosso triturado.
15 cm de distância da brasa. Deixe 8 minutos de cada lado para obter sua posta de picanha ao ponto para mal passado. Se quiser mais bem passada, deixe mais tempo. Fatie e sirva.
Preparo Salgue a carne em um prato, polvilhando de maneira uniforme com sal grosso triturado por 5 minutos (não salgue a carne muito tempo antes). É necessário que a brasa esteja em 400 graus. Posicione as postas na grelha com
Dica: a verdadeira picanha tem no máximo 1 kg a 1,1 kg. O peso maior que este significa que a picanha está com um pedaço do coxão duro. Esta informação vale para o rebanho nacional, já que a maioria do gado pesa em torno de 16 arrobas.
Posta de picanha
Produção e fotos Fernanda Lopes
Abacaxi grelhado com calda
Ingredientes • 1 abacaxi tipo pérola sem casca, cortado em rodelas de 2 cm de espessura. Calda • 1 e 1/2 xícara (chá) de água; • 1 xícara de açúcar, • 1 pau de canela; • folhas de hortelã.
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Preparo Para a calda, leve ao fogo a água, o açúcar e a canela. Deixe até ferver. Esquente a grelha e coloque as fatias de abacaxi. Vá pincelando a calda. Quando grelhar, enfeite com hortelã e sirva. Dica: você pode servir esta receita com as suas frutas preferidas e com calda de chocolate.
Segredos do churrasco - Guarde a cinza de carvão do churrasco anterior e coloque sobre a brasa. Isso evita que subam labaredas quando pingar gordura da grelha. - Acenda a churrasqueira com um pão velho embebido em álcool ou álcool gel e nunca deixe a garrafa de álcool perto da churrasqueira. - Para saber a temperatura certa do braseiro, coloque a mão a uma distância de uns 15 cm da brasa e conte até cinco. Esse deve ser o ponto suportável do calor. Se você aguentar menos, é porque está muito quente e se conseguir contar até mais, está fria. - Vá adicionando o carvão aos poucos e deixe-o ao lado da churrasqueira para que não fique úmido. - Escolha sempre carnes com selo do SIF - Serviço de Inspeção Federal, para garantir sua qualidade. Também vá a açougues de confiança. - Tempere as carnes somente com sal. Para postas ou filés, coloque um pouco de sal grosso triturado em um prato. Coloque os bifes e salpique mais um pouco de sal. Deixe pegando gosto por 5 minutos em temperatura ambiente, próximo da churrasqueira. Retire o excesso de sal e depois leve à grelha quente. Fonte: livro Carnes e Churrascos (Marcos Bassi, Editora Senac).
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gastronomia Palmito pupunha
Ingredientes • 1 palmito pupunha inteiro na casca; • Azeite; • Salsinha picada. Preparo Embrulhe o palmito inteiro (ainda na
casca) com papel alumínio. Coloque o palmito entre 40 cm e 60 cm de altura da brasa, que não pode estar com labareda. Aguarde mais ou menos duas horas; quando perceber que a parte maior do palmito está macia, retire o papel alumínio e abaixe o palmito para 15 cm de altura da brasa por mais 15
minutos. Corte o palmito ao meio; retire o recheio cuidadosamente com a ponta da faca e tempere com sal grosso triturado, azeite, pimenta e salsinha picada a gosto. Dica: não coloque muito sal. O palmito tem um delicioso sabor adocicado.
Milho com manteiga e azeite Ingredientes • 1/2 xícara de azeite; • 1 colher (sopa) de orégano; • 100g de manteiga; • 1 colher de chá de sal e
pimenta-do-reino moída a gosto; • 6 espigas de milho pequenas.
Preparo Aqueça a grelha. Para o molho, misture tudo e besunte as espigas. Embrulhe em papel alumínio e leve à grelha por 10 minutos. Depois, retire o papel e deixe na grelha por mais 5 a 10 minutos para dourar. Dica: se quiser, espete as espigas em palitos grandes.
Farofa especial Ingredientes • 300g de farinha de mandioca; • 3 ovos cozidos e picados em cubinhos; • 200g de bacon em cubinhos já fritos; • 1 linguiça de 50g defumada, sem pele, cortada em cubinhos e assada; • Salsinha a gosto; • 1 cebola picadinha; • 2 dentes de alho picados.
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Preparo Frite o bacon e reserve a gordura. Em outra frigideira dê uma tostada na farinha de mandioca. Frite a cebola e o alho na gordura do bacon. Misture a farinha, os ovos picados, a linguiça assada em cubinhos e a salsinha na frigideira da gordura do bacon com a cebola e o alho frito. Misture tudo e coloque sal a gosto. Rendimento: 4 porções.
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educação
CNE em edição especial
Foto Dirceu Mathias/PMD
Independência do Brasil
Os jovens premiados, durante o programa Café da Manhã, da TV Costa Norte
Daniel Kenzo Shimeno Alves (1° ano), Camila de Lucena Ortiz (2°ano), Jeniffer Sousa dos Santos (3°ano), Luiza de Oliveira Nobre da Silva (4°) e Nicole Saturnino da Silva (5°). Estes foram os vencedores da edição especial da Independência, do concurso cultural Costa Norte Escola - Comunicando para Educar - CNE. Com o tema voltado à Semana da Pátria, os alunos da rede municipal da cidade capricharam na produção de desenhos, placas informativas, história em quadrinhos, poesia e redação. Avaliada pela Secretaria de Educação do município, a edição especial premiou os estudantes primeiros colocados no certame, bem como seus professores, durante o programa Café da Manhã, da TV Costa Norte - Canal 48 UHF, exibido no sábado (7), com a presença do prefeito Mauro Orlandini. Os trabalhos foram expostos à população no Parque dos Tupiniquins, em Bertioga, como parte da programação da Semana da Pátria, promovida em uma parceria entre o Sistema Costa Norte de Comuni-
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Fotos Dirceu Mathias/PMD
Daniel Kenzo, da Emef Dino Bueno, vencedor do 1° ano
Camila Lucena, da Emeif Vista Linda, vencedora do 2° ano
Luiza de Oliveira, da Emef Vista Linda, do 4° ano
Jeniffer Sousa, da Emef Giusfredo Santini, do 3° ano
Nicole Saturnino, da Emef José Ermírio, do 5° ano
cação e prefeitura do município. O corretor de imóveis Márcio Tanaka Alves, pai do estudante Daniel Kenzo Shimeno Alves, vencedor do 1° ano, parabenizou a iniciativa. “Mais importante do que o prêmio é a valorização que os alunos recebem, com os trabalhos divulgados na mídia, e com os temas propostos, sempre atuais.” O prefeito Mauro Orlandini ressaltou o desenvolvimento do CNE, agora também realizado em Santos, onde foi nomeado BTP Educa, como fruto da parceria com a empresa Brasil Terminal Portuário BTP. “Eu estive na premiação dos concursos tanto em Santos quanto em Bertioga, e posso garantir que é um trabalho exemplar, que pode ser feito em muitas cidades”, assegurou Orlandini.
Reportagem de Antônio Pereira/JCN
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moda
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De mãos livres As bolsas da vez chegam para dar mais liberdade e sensualidade às mulheres sofisticadas
Por Karlos Ferrera Não há mulher que resista a uma nova bolsa. Além de conferir um up ao visual, são muito úteis para transportar mil e um objetos, para as mais variadas ocasiões. As bolsas femininas retratam a elegância e a identidade de cada mulher, e as cores são variadas: podem ser escuras, como o marrom, preto e bege, ou mais chamativas, como o vermelho, laranja e roxo. Para as mais sofisticadas, a melhor pedida são as pretas e brancas. Elas chegam em tamanhos variados, com destaque para as pequenas e médias, confeccionadas em couro e tecidos variados. A grande tendência são as com estampas de animais, flores e xadrezes, todas muito modernas. As com alças longas nunca saem de moda, só que as da vez e mais chiques são as pequeninas e com alças curtas que deixam as mulheres com um estilo sensual e, ao mesmo tempo, sofisticado. Provavelmente vai ser muito difícil carregar todos os pertences, mas a bolsinha a tiracolo está aí para salvar a vida nos momentos em que é preciso ter as mãos livres e ao mesmo tempo carregar um arsenal de coisas. A escolha do formato também é ampla, já que elas podem vir em formas retangulares, triangulares, redondas, quadradas e o que mais a criatividade permitir.
As alças podem ser longas ou curtas e os tamanhos das bolsas variam de pequenas a médias; o que vale, mesmo, é a facilidade que elas proporcionam, sem falar no charme, claro!
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Foto KFPress
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Olho tudo e o resto nada!
O brinco do momento Desde que apareceram na passarela do desfile da Chanel, os ear cuffs, brincos que cobrem boa parte da orelha, viraram febre entre artistas e fashionistas no mundo todo. Aqui no Brasil, ganharam mais força na moda este ano, especialmente quando começaram a fazer parte dos acessórios usados pelas personagens das novelas, como a it-girl Amora, de Sangue Bom, interpretada pela atriz Sophie Charlotte, e a periguete Valdirene, de Amor à Vida, vivida por Tatá Werneck. Os modelos podem ser encontrados em variados tamanhos, formas e modelos. Com pontas ou franjas, exageradamente grandes, mas discretos, feitos de diamantes, cristais e pérolas ou ainda as populares bijuterias. Diante de tantas opções, algumas dicas podem ajudar a decidir qual é a melhor. É importante lembrar que, mesmo que discreto, nunca devem ser usados ear cuffs nas duas orelhas ao mesmo tempo. Eles foram pensados para uma orelha só; na outra, um brinco pequeno, mais colado, ou até brinco nenhum, funciona bem. Este outro brinco não precisa fazer conjunto com o ear cuff, mas sim, estar harmônico com o visual todo. Para realçar ainda mais o acessório, o ideal é usar com os cabelos presos, mas alguns penteados também caem bem como penteados laterais, pois costumam ficar muito interessantes com os ear cuffs, já que acrescentam um ar rock and roll ao visual.
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Foto Divulgação TV Globo
A Chanel sempre foi uma marca formadora de opinião (o que ela coloca na passarela influencia toda uma estação) e, por isso, sempre mostra tendências que irão muito além de seis meses - geralmente ficam por mais tempo e se tornam desejo absoluto. Não só as roupas marcam presença, mas a maquiagem e o cabelo também, já que fazem parte de um look total para criar um visual completo. A aposta são os olhos, que se mostraram vibrantes e muito importantes para caracterizar a beleza do desfile. Além do delineador preto, a equipe aposta no azul na linha abaixo do olho, que cria uma estética bem atual.
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Flashes Florense Bertioga promove um agradável coquetel para os corretores da cidade, em sua unidade na Riviera de São Lourenço
Angelo Lazzurri Junior, Ricardo de Aguiar, Robson Melinsky e Mariano Iglesias
Dicléia Fernandes, Silene Melinsky e Lucia Godoy
Monica Costa, Silene Melinsky e Silvana Luisi Vaccari
Renata Sega, Silene Melinsky e Gigi Elizeu
Claudio Guizzard, Rui Vivian, Robson Melinsky, Fernando Ferri e Osvaldo Godoy
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Robson Melinsky e Luis Paschoal
A animada equipe Florense
Sede da Florense, em Bertioga
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Flashes
Foto Dirceu Mathias
Personalidades políticas do estado e região na entrega da nova lancha de travessia entre Guarujá e Santos
À frente, prefeito de Bertioga Mauro Orlandini, governador Geraldo Alckmin, prefeita de Guarujá Maria Antonieta de Brito e Ribamar Brandão
Adilson de Jesus, Cândido Garcia Alonso, Maria Antonieta, Bruno Covas e Adilson Cabral
Alberto Sheik e Lizete Ricci
Em Bertioga
Fotos Dirceu Mathias
Na Santos Export
Raul Christiano, secretário municipal de Cultura de Santos, o secretário estadual de Meio Ambiente Bruno Covas e o prefeito de Santos Paulo Alexandre Barbosa
Mauro Orlandini ladeado pelos irmãos Roberto e Marcos Clemente Santini
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O deputado federal Beto Mansur e Mauro Orlandini
Adriano Stringhini, da Sabesp, e Ribas Zaidan, na Festa do Camarão na Moranga
General Amin Naves, Ribas Zaidan e o prefeito Mauro Orlandini
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Agradável reunião de amigos na festa do Preto e Branco, organizada por Haddad
O anfitrião Roberto Haddad e sua Flávia Patriota
Os casais Leonira e Martinho Marques e Camilo Di Francesco e Paola Smanio
O casal Sérgio e Marta Cardozo
Nawal e José Avelino e Arnaldo e Selma Barreto
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A Turma dos Apaixonados por Santos não podia faltar
À frente, Nawal Avelino e Dinalva Berlof; em pé, Leo Marques, Flávia Patriota e Selma Barreto
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“Alto Astral” // Durval Capp Filho Festa de aniversário de 15 anos da jovem Iris Boschini da Fonseca, realizado no Clube Círculo Militar de São Paulo
Os pais de Iris, Francisco Antônio da Fonseca e Ivone Boschini, superfelizes com a vibrante data
Os avós paternos Francisco Raia da Fonseca e Edey Geraldo da Fonseca, encantados com a neta
O irmão Arthur Boschini da Fonseca dançou a valsa à caráter
De São Roque, o casal padrinho de Iris, Giovana e Júlio José Negro Filho
Iris, à frente de um gigantesco painel fotográfico, recepcionou nos salões do Clube Círculo Militar de São Paulo 78
A debutante e o príncipe eleito Raphael Gonzalez Portugal
A avó materna Tereza Nogueira Boschini e Lourdes de Martins Améas adoraram a ornamentação do salão
Os tios paternos Mário Fioratti Filho, Vívian Regina da Fonseca Fioratti, Lilian Cristina da Fonseca Loschiavo e Francisco Loschiavo Neto
Entre os convidados, Priscila Augusto e Durval Capp Neto
Walkyria Sanches Capp e este colunista
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“Alto Astral” // Durval Capp Filho New York... Pelas lentes do colunista Durval Capp Filho
A metrópole é um dos lugares mais modernos do EUA e do mundo. A cidade tem uma arquitetura arrojada, e tudo se encontra na Big Apple. Por este motivo, ela deve ser desbravada em extensas caminhadas para se ter a noção exata de toda a diversidade que há por lá
A Big Apple tem uma infinidade de atrativos culturais. Os musicais à noite são opções para todos os gostos
O Central Park merece uma manhã inteira para ser explorado. Lá se pode relaxar, praticar esportes ou aproveitar atividades para todas as idades Beach&Co nº 135 - Setembro/2013
Entre os muitos lugares imperdíveis, o Battery Park onde se encontra os ferry boats para visita à Estátua da Liberdade
Na Broadway, vale a pena conferir o Times Square, a bolsa de Nova York, a Wall Street, a prefeitura, o touro e a ponte do Brooklin
Vista a partir do Empire States, que já foi o maior arranha-céu do mundo
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“Destaques” // Luci Cardia
Na Maison Haddad´s, a concorrida Festa Italiana, edição 2013, em linda noite de pré-primavera
Flávia Patriota e Roberto Haddad
O Clube do Bolinha da T.A.R. sob a batuta do nosso presidente Roberto Haddad
Luciana Barreto e Lucas Henrique Batista, Selma e Arnaldo Barreto, Dinalva Berlofi e Ribas Zaidan
O grande amigo Domingos Dragone e José Gamivev
Angélica Sposito e Paulo Vieira de Mello
Luciane Biondo, Selma Barreto e Jurema Dragone
João e Regina Fernandes, Angélica e Paulo V. Mello, Marta Graton e Sérgio Cardoso 80
Casal lindo: Rose e Sérgio Aragon
Dr. José Aparecido Cardia, Hélio Violani e Milton Casari
Roberto Haddad, o filho Sidney e a nora Karina
Leonira Marques, a colunista, Carla Violani, Rose Casari e Valda Gamivev Beach&Co nº 135 - Setembro/2013
“Celebridades em Foco” // Edison Prata
Rei Pelé em jantar familiar na casa do empresário Hugo Rinaldi
O rei Pelé ladeado por quatro de seus seis filhos: Joshuá Nascimento, Flávia Christina Kurtz Vieira de Carvalho, Kely Christina do Nascimento de Luca e Edson Cholbi do Nascimento
O empresário Pepe Altstut e Arlete Canan
O comentarista Rui Sergio e o ex-goleiro Edinho Nascimento
Flavia Christina e Eduardo Spies
Patricia Franco, Hugo Rinaldi e Teresa Vicente. Sentados: Pelé, Marcia Aoki e Miguel de Oliveira Beach&Co nº 135 - Setembro/2013
O rei e sua Marcia Aoki
Joshuá Nascimento, que segue os passos do pai no Santos FC, e a namorada Liandra Maia
Tudo de bom com os novos fãs, o pequeno Vicentinho ladeado pela mãe Luciana Rinaldi e Pelé
Em close, Arthur de Luca e Kelly Cristina
Jessica Nascimento e o marido Edson Cholbi do Nascimento
Hugo Rinaldi e Hortência ladeados pelos comentaristas Silvia Vinhas e Beto Saad 81
“No clique” // Cláudio Milito
Fotos Lua Mendes
Felicidades aos aniversariantes do mês, em São Sebastião: Fernanda Kosel, Fernando Puga e Gabi Melo
Fernanda Kosel e o marido Luiz Ishimura, em Maresias
Lua Mendes, Duda Lisboa, Di Morais
Deputado estadual Marco Aurélio de Souza e Fernando Puga
Tiago Santos, Ligia Flauliny, Juliano Teixeira e Lua Mendes
Banda CheckMate agita Maresias
Igor Emmerich, Thais Valerio, Petula Emmerich, José Lima
Os lindos Maria Eduarda, Luiza, Francisco e Pilar
Jussara Morais, Ana Paula Goberstejn, Petula Emmerch, Adriana Medina, Fernando Puga, Beatriz Recoder, Rejane Manica e Lua Mendes
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Jaime Martins, Tota Aniceto e Kokody Morais
Elaine Gerbati e Juliana Luna
Fernando Puga, Francisco Puga e Beatriz Recorder
Gabi Melo, o irmão Nicolas Aniceto e seus pais Tota Aniceto e Liliane Tota Aniceto
Cristina Morais e Rene Garavaty
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