ao leitor Ilustração Will Pazin
ANO XIII - Nº 140 - Fevereiro/2014 A revista Beach&Co é editada pelo Jornal Costa Norte Redação e Publicidade Av. 19 de Maio, 695 - Bertioga/SP Fone/Fax: (13) 3317-1281 www.beachco.com.br beachco@costanorte.com.br Diretor-presidente Reuben Nagib Zaidan Diretora Administrativa Dinalva Berlofi Zaidan Editora-chefe Eleni Nogueira (MTb 47.477/SP) beachco@costanorte.com.br
E mais... Diretor de Arte
Roberto Berlofi Zaidan roberto@costanorte.com.br Criação e Diagramação Audrye Rotta
Alma
de artista
audrye.rotta@gmail.com Marketing e Publicidade Ronaldo Berlofi Zaidan marketing@costanorte.com.br
Não é de hoje que ilustradores de todo o Brasil têm deixado suas marcas pelo mundo em livros, quadrinhos, tirinhas de jornal, sites, e tantos outros veículos de comunicação. Nomes consagrados como Ziraldo, Maurício de Sousa, Angeli, Laerte, Orlando
Depto. Comercial Aline Pazin aline@costanorte.com.br Revisão Adlete Hamuch (MTb 10.805/SP) Colaboração Belisa Barga, Claudio Milito, Durval Capp Filho, Edison Prata, Fernanda Lopes, Fernanda Mello, Karlos Ferrera, Leandro Saadi, Luci Cardia, Maria Helena Pugliesi, Morgana Monteiro, Renata Inforzato e Rosângela Falato
Pedroso, e muitos outros, ultrapassaram fronteiras com suas criações e ideias. E a essa turma de gênios vem se juntar uma nova geração de ilustradores, entre os quais se destacam os artistas que inspiraram a reportagem de capa desta edição. São jovens oriundos de várias cidades da Baixada Santista, cujas obras já começam a deixar suas marcas país afora e, até, no exterior. Não, eles não desenham apenas: colocam alma em suas ilustrações e enriquecem o produto final a que se destinam. Um bom exemplo é a própria edição desta revista. As possibilidades são infinitas, e a criatividade deles não tem limites. Tanto, que existem inúmeras editoras nacionais e estrangeiras de olho em seus trabalhos. Para melhorar, a internet facilitou a vida desses artistas que, antes, concentravam-se apenas no eixo Rio-São Paulo.
Circulação Baixada Santista e Litoral Norte Impressão Gráfica Silvamarts
Os ilustradores apresentados na reportagem desta edição representam uma safra de talentos ainda encoberta, muitos dos quais podem estar bem perto de nós. Com traços diversos e técnicas diferenciadas entre si, como aquarela, desenho a lápis ou por meio de novas tecnologias, não importa. O fato é que, para eles, a ilustração, muito mais que um instrumento de trabalho, é a sua expressão interior do mundo em que vivem. Há muito mais em uma imagem do que um simples traçado. A arte de ilustrar é pura cor e coração.
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Foto Secom/PMPG
34 Os mistérios dos naufrágios de Ilhabela
Foto Stefan Lambauer
44 Fenômeno natural perigoso
E mais... Ilustradores 12 Árvore oca
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Sustentabilidade 54 Decoração 56 Gastronomia 68 Moda 72 Alto astral
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Foto KFpress
Flashes 78 Destaque 80 Celebridades em foco
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No clique
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Foto Divulgação/Surfuncional
48 Fim à monotonia dos exercícios
Capa
Foto Belisa Barga
62 A esplêndida Ibiza
Foto Vagner Dantas
Caminhos do Mar pág. 24
A personagem infantil Chantal Ilustração Nice Lopes
Neste verรฃo, faรงa a sua parte. ecoNomize รกgua.
Nos últimos meses, o calor e a falta de chuvas reduziram drasticamente o nível de água dos rios que abastecem nossas cidades. Consciente desse problema e sabendo sempre que a água não é infinita, a Sabesp pede a toda a população do Guarujá e da Baixada Santista
faça a sua parte: • tome bAnhos rápidos. • não lAve cArros e cAlçAdAs com mAngueirA. • ensAboe todA A louçA Antes de enxAguá-lA.
que faça o uso racional da água.
• lAve suA roupA umA vez por semAnA.
Por isso, fique atento aos desperdícios
• fique de olho nos vAzAmentos internos dA suA cAsA.
e denuncie os vazamentos.
A águA é um bem de todos. A suA consciênciA é fundAmentAl neste momento.
arte
O fantástico mundo da
ilustração Eis uma profissão democrática que reúne artistas capazes de utilizar, com maestria, as mais diferentes técnicas, temas e traços. A ilustração ultrapassou a fronteira dos livros infantis e se faz presente em revistas, jornais, internet e até na moda
Por Morgana Monteiro Boa parte desses artistas está aqui na Baixada Santista, e representa uma nova geração de ilustradores que começa a dar o que falar. Um bom exemplo é Nice Lopes, que diz: “Há uma definição linda segundo a qual ilustrar é dar luz a um texto”. Artista de profissão e de alma, nasceu em Cubatão e mora em Santos. Mas seus desenhos viajam por terras muito distantes; eles não conhecem limites. A artista possui um traço inconfundível, embora crie ilustrações sobre os mais diferentes temas, e para clientes que pertencem a mundos, digamos, contrastantes.
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Nice Lopes é publicitária de formação e chegou ao mundo da ilustração por meio da moda, unindo essas duas grandes paixões. Muita gente caminha pelas ruas do Brasil carregando no peito ou na estampa da roupa, suas criações. Empresas como Bicho Comeu (RJ), Banca das Camisetas (SP) e Huly Gully (SP), além do catálogo da Riachuelo, apresentam trabalhos de sua autoria. Mas, foi em 2007 que um convite vindo da Alemanha modificou completamente seu modo de encarar a profissão. Nice foi convidada por Julius Wiedemann, editor da Taschen, editora alemã, fundada em
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Ilustração Nice Lopes
Ilustração de Nice Lopes publicada na revista Claudia, da editora Abril
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Ilustrações Nice Lopes
arte
1980, considerada “a bíblia dos ilustradores”, a integrar um seleto grupo de 150 artistas de vários países, para participar do livro Illustration Now!2, da editora. A publicação lhe rendeu visibilidade e um reconhecimento mais do que merecido. A partir daí, Nice ampliou o horizonte de atuação. Suas criações já ilustraram a revista Claudia e Caras, da editora Abril, além do The Wall Street Journal, de Nova Iorque, e inúmeros sites de moda. Outra porta se abriu quando o mercado editoral de publicações infantis descobriu Nice Lopes. Em 2010, ilustrou o livro A nuvem vermelha, da escritora Mô Amorim. Em 2012, desenhou As aventuras de Firmina Dalva e seus amigos, de Érika Freire.
Nice Lopes cria ilustrações sobre os mais diferentes temas. Acima, o personagem inspirado no Pequeno Príncipe e um de seus trabalhos, publicado no The Wall Street Journal
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A Beach&Co perguntou aos artistas o que seria, para cada um, o mundo sem imagens. Suas respostas: Nice Lopes - “Adoro essa frase do poeta Manoel de Barros: ‘Imagens são palavras que nos faltaram´. Para mim, as palavras sempre faltam. Eu uso as imagens para me expressar, falar, e, em um mundo sem imagens, eu seria completamente muda.” www.nicelopes. blogspot.com.br
Ilustração de Nice Lopes no livro A nuvem vermelha, da escritora Mô Amorim
A profissão que nasceu como um sonho de menina continua divertindo a artista. Nice lembra do primeiro contato que teve com o mundo editorial. Aos 10 anos de idade, escreveu uma cartinha à Editora Abril dizendo que gostaria de desenhar para revistas e outras publicações da época. Eduardo Octaviano, então diretor de redação da Abril respondeu, informando que ela precisaria aperfeiçoar seus traços e, quem sabe, um dia… “Minha mãe mostrou a tal carta-resposta para a família inteira! Ela era minha grande incentivadora e, quando partiu, fiquei sem rumo, abandonei meu ideal de infância. Quando fui convidada, em 2011, para ilustrar a matéria Guia da Lua, da revista Claudia, fiquei superfeliz e comovida! Quem diria, eu, Nice, desenhando para a Editora Abril!”, conta, emocionada. Uma prova de que os sonhos não envelhecem. Geralmente, os ilustradores dão início à profissão ainda crianças. A exemplo de Nice Lopes, o ilustrador Fábio Tatsubô, de São Vicente, viu sua diversão de menino
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tornar-se ganha-pão. Aos 16, já desenhava profissionalmente para empresas de surfe, o que lhe deu oportunidade de publicar tirinhas cômicas, ilustrações e charges para fanzines da região; isso na década de 1990. Mas, na virada do século, Fábio passou a produzir história em quadrinho, a chamada HQ, de cunho histórico, para ensinar a garotada, de maneira bastante atrativa, a história das cidades e do Brasil. E, além de desenhar, atua como roteirista e produtor gráfico, adaptando essas histórias para as páginas de gibis ou livros. Encontrou nesse filão uma oportunidade de aliar a ilustração ao saber. Publicou muita coisa desde 1999 como Hipupiara, O sino de Bronze de São Vicente e A Ira das Águas, além de editar Mangá Kids (ed. BrainStorm), distribuído nacionalmente. Tatsubô conquistou o HQ Mix - principal prêmio da América Latina para produtores de HQ - com o projeto 500 anos de Brasil em Quadrinhos, em que recontou a trajetória de nosso país de maneira especial. Recentemente, publicou suas ilustra-
Fábio Tatsubô - “Difícil imaginar… Antes mesmo de o homem falar, já se comunicava por sequência de imagens para transmitir informações e, desta forma, diversas civilizações perpetuaram suas histórias. Até o homem contemporâneo aprende a ler associando desenhos com letras. A imagem faz parte da humanidade.” www.facebook.com/ fabio.tasubo Simone Matias - “Imagens fazem parte da nossa cultura desde a pintura nas cavernas. O ser humano tem necessidade de expressar sua alma e, criar imagens, faz parte disso.” www.simonematias.com.br André HQ - “Seria muito triste.” www.andrehq.com.br Will Pazin - Não consigo imaginar um mundo sem imagens… (risos) Facebook: Will Pazin
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arte Foto Arquivo pessoal
Ilustração Fabio Tatsubô
Fábio Tatsubô produz história em quadrinho. Ao lado, a ilustração retrata os 100 anos da imigração japonesa
ções em gibis e jogos educativos do projeto Turismo do Saber, do estado de São Paulo, e prepara uma nova fornada, um livro de atividades para crianças em alfabetização sobre a vida de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência. Para Fábio, há mercado para todo mundo, apesar das dificuldades. Mas é preciso que o artista seja empreendedor, adapte-se às novas realidades e, sobretudo, persevere. “O mercado da ilustração na Baixada Santista é limitado, porém, a internet abriu muitas possibilidades. Grande parte dos artistas vende suas criações pela rede
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para editoras dos Estados Unidos, Rússia e Índia. Outros ganham prêmios em salões de humor, por exemplo. Há muitos deles que vivem em nossa região, e a maioria das pessoas não conhece.” O ilustrador e artista gráfico Orlando Pedroso concorda com essa afirmação. Garante que na Baixada Santista há grandes profissionais, muitos deles reconhecidos internacionalmente. Orlando, além de estar na profissão há mais de 30 anos, é membro da SIB - Sociedade dos Ilustradores do Brasil, que possui 300 associados. Mais do que uma entidade representativa, a SIB tor-
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Foto Arquivo pessoal
Ilustrações Simone Matias
Simone Matias mantém o estilo artesanal em suas obras, sem o uso do computador
nou-se um ponto de encontro e de decisões sobre o mercado de ilustração. Para ele, a internet facilitou o contato com os profissionais e aumentou o número de produtores e colaboradores que, antes, concentravam-se apenas no eixo Rio-São Paulo. Apesar da gama de possibilidade de trabalho do ilustrador, Orlando ainda levanta uma outra questão. Diz que, no Brasil, há uma exigência crucial de que os desenhos sejam entregues digitalizados e, por isso, afirma que o país é burro nesse sentido. “Na Europa, especialmente, isso nunca foi uma regra. Lá, os artistas traba-
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lham com a técnica com a qual se sentem mais confortáveis. Aqui, se você aparecer com um desenho em um papel de um metro, o editor entra em colapso!”, brinca. A artista Simone Matias resiste e vai na contramão disso tudo. Seu trabalho é feito de maneira bem artesanal. Desenha com lápis, passa para o papel final e pinta com tinta. Simone não usa computador na criação; as imagens são escaneadas depois de prontas. “Meu estilo é bem plástico; amo muita tinta no papel. Gosto de pintar solto, sem muitos detalhes, explorar cores diferentes”.
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Ilustrações André HQ
arte
O inconfundível traçado de André HQ em sua própria caricatura. Acima, um de seus muitos trabalhos
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Simone desenha e insere as cores, a pinceladas, com a alma. No livro Cordel de Santa Teresinha, da escritora Viviane Veiga Távora, nota-se a delicadeza do traço e do preenchimento da artista. De algum tempo para cá, Simone dedica-se ao mercado de ilustração de livros infantis e infanto-juvenis. Em dois anos, foram cinco lançamentos como O raminho de arruda, de Bel Azevedo, e Chora não…!, de Sylvia Orthof. Ele gosta tanto de desenhar HQs que o nome artístico (e como é conhecido por todos) não poderia ser outro: André HQ. Nascido em Santos, e morador de Cubatão, dedica-se à criação de histórias em quadrinhos em um estilo mais próximo dos cartuns e desenhos cômicos. “O carro-chefe de meu trabalho, hoje, são revistas em quadrinhos para empresas ou instituições, usadas em campanhas educativas para público-alvo definido”. Seu portfólio registra quase 80 publicações desse tipo. André também desenha para livros didáticos, faz caricaturas, cria identidade visual, ilustra gibis e jornais. Mesmo com um volume de trabalho muito grande, o artista tem consciência de que, quando cria as ilustrações, mais se diverte do que trabalha. Tudo começa com um rabisco no papel; o desenho é escaneado e, aí, o artista complementa a obra digitalmente. O traço de André é especial e inconfundível, e está presente em quadrinhos como do Preventão, Normas ISO, Acqua Mundo - 10 anos. A atual empreitada arrisca até um curta-metragem animado: é a Turma do Dejota, aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura (ProAC/ICMS), com patrocínio da Latasa e da Usiminas, apoio do Instituto Cultural Usiminas e produção do Instituto Artefato Cultural. Sempre preocupado em passar mensagens interessantes para os leitores, André continua o doce ofício de grandes mestres como Maurício de Sousa e Ziraldo. Mais um exemplo de profissional da ilustração, na Baixada, é Will Pazin. Com apenas 21 anos, este morador de Bertioga firma-se
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Fotos Aline Silveira
Will Pazin sente-se mais livre ao iniciar sua produção no papel
cada vez mais com seus desenhos inconfundíveis, traços que mais parecem pinturas - como de fato são! O artista trabalha à moda antiga; diz que se sente mais livre ao iniciar sua produção no papel. “Minha especialidade é a aquarela. Depois, trabalho com o material no computador, no qual tenho a oportunidade de aplicar complementos como texturas e efeitos. Mas também faço desenhos 100% digitais. Não dá para fugir”. O jovem percorre os passos iniciais da profissão, mas já sabe que o início da carreira de ilustrador - como qualquer outra - esbarra na busca pelo reconhecimento e espaço no mercado. E acredita que há lugar para todo bom profissional: “É gratificante que as pessoas conheçam o artista pelo seu tra-
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arte Foto Aline Silveira
O sonho de escrever e ilustrar um livro infantil de sua autoria é evidenciado no trabalho de Will
ço. Para mim, é um mundo onde não existe ‘concorrência’, porque cada ilustrador tem um olhar e a sua maneira de transmitir a mensagem por meio das imagens”. Will é designer gráfico de formação, mas também trabalha com ilustração. A inspiração do jovem artista vem de um mundo lúdico, cheio de aventuras e contos de fadas. Ele busca informações e referências nos mais diversos veículos como livros, filmes e desenhos. Tem planos de escrever e ilustrar um livro infantil de sua autoria, para relembrar, quem sabe, as tardes do tempo de criança em que criava seus próprios per-
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sonagens, histórias e desenhos. Para ele, a diversão é sinônimo de profissão. O certo é que esses artistas, em sua maioria, começam como autodidatas e veem, aos poucos, o hobby se transformar em profissão. Muitos nem sabem em que momento essa transformação ocorreu. É nítido que a renovação visual, garantida pelo avanço da tecnologia, facilita o trabalho desses ilustradores, porém, a essência permanece. Geralmente, todos iniciaram a brincadeira quando crianças; a diferença é que, quando adultos, não pararam de desenhar. A última folha do caderno, agora, ocupa as capas.
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fashion & beauty
Fotos Vagner Dantas
meio ambiente
Calçada do Lorena: caminho histórico percorrido pelo príncipe regente antes do famoso grito: ‘Independência ou Morte’. Ao lado, destaques para a vegetação de Mata Atlântica, do entorno e para a vista panorâmica da Baixada Santista
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Bem-vindo,
Caminho do Mar A bela e histórica estrada, com seus 9,2 km de traçado tortuoso em meio à mata exuberante, foi recuperada e, agora, pode ser percorrida a pé
Por Fernanda Mello Eternizada por fatos históricos e celebridades marcantes - do príncipe regente D. Pedro e o imperador D. Pedro II, a Roberto Carlos-, a rodovia Caminho do Mar, carinhosamente chamada por Estrada Velha de Santos (SP 148), constituiu-se na ligação histórica do planalto com o litoral, e foi peça-chave no desenvolvimento de São Paulo e do Brasil. Ela, agora, volta a atrair e encantar visitantes após sua reabertura, há cerca de dois meses, pelo governo do estado, depois de passar um longo período fechada para manutenção e recuperação da via e das edificações históricas. Claro que hoje a antiga via não tem mais espaço para as mulas, cavalos e os automóveis que a percorreram ao longo de sua atividade até a década de 1980. Agora, o traçado que, possivelmente, inspirou a música As Curvas da Estrada de Santos, de Roberto e Erasmo Carlos, pode ser conhecido a pé, pela trilha Ecoturismo Caminhos do Mar.
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Foto Vagner Dantas
meio ambiente
Casa de Visitas do Alto da Serra, de 1926, abrigava os que vinham conhecer as obras da Usina Henry Borden
Muitos caminhos, um só destino Bem antes da descoberta do Brasil, já existiam duas trilhas indígenas partindo do planalto em direção ao litoral. Com a colonização da região, Martim Afonso de Sousa e João Ramalho chegaram a subir aos Campos de Piratininga (São Paulo) por um desses caminhos, que foram descritos como os ‘piores do mundo’. O trajeto só podia ser percorrido a pé. Levava-se três dias para atingir o planalto que, naquela época, era chamado de serra acima, enquanto o litoral, a marinha. Em 1560, o governador Mem de Sá proibiu o uso de uma das trilhas devido aos ataques dos índios inimigos. A preferência ficou sendo o Caminho do Padre José, que ganhou este nome em homenagem a José de Anchieta. Em 1790, para dar vazão ao 2º ciclo de açúcar, o governador Lorena contratou engenheiros para a construção da Calçada do Lorena.
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Localizada no Parque Estadual da Serra do Mar, a atração merece a visita de quem é da região e de quem vem de fora, por vários motivos. É um passeio ideal para crianças e jovens aprenderem, de forma lúdica, um pouco de ecoturismo, cultura e história, num ambiente de ar puro e rica biodiversidade, garantido pela Mata Atlântica. Com 9,2 quilômetros, o trajeto entre São Bernardo do Campo e Cubatão obriga o visitante a se exercitar, já que só pode ser feito a pé. Calma, não desanime, porque o percurso é feito em pista asfaltada e larga, com vista panorâmica da Baixada Santista e do Sistema Anchieta -Imigrantes. O Caminho do Mar foi a primeira estrada pavimentada em concreto da América do Sul, e uma das primeiras do mundo, inaugurada em abril de 1908. A via foi construída no mesmo local da Estrada da Maioridade, de 1844, que recebeu este nome em alusão à emancipação de Pedro II, o qual viajou por ela dois anos depois. A Estrada
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Fotos Vagner Dantas
da Maioridade abriu o capítulo da circulação de carroças, e serviu à crescente exportação do café produzido no interior de São Paulo e exportado via porto de Santos. Em três pontos, a rodovia Caminho do Mar encontra-se com trechos da Calçada do Lorena, de 1792, a primeira passagem pavimentada com pedras em zigue-zague, e que objetivava ligar o planalto à região litorânea, hoje conhecida por Baixada Santista. A Calçada do Lorena é o mais antigo dos monumentos do conjunto. Por ela passavam as mercadorias transportadas no lombo das mulas. A historiadora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade confirma que o príncipe regente D. Pedro subiu por essa calçada vindo de Santos, onde havia chegado em 5 de setembro de 1822. Após voltar da Baixada Santista, em 7 de setembro, às margens do rio Ipiranga, ele proclamou a Independência do Brasil. “Era o caminho que se tinha à época. Ainda como príncipe regente, D. Pedro viajou pela Calçada do Lorena sobre um animal”. Segundo a historiadora, a Calçada representa a primeira solução de engenharia executada para ligar o planalto ao litoral. “Comportava tropas de muares para transportar o açúcar rumo à exportação”. Além desse pedaço de chão repleto de história, o visitante conhece outros seis monumentos de 1922 - ano do centenário da separação brasileira de Portugal -, tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat): Pouso Paranapiacaba, Ruínas, Belvedere Circular, Rancho da Maioridade, Padrão do Lorena e Pontilhão da Raiz da Serra. Eles foram construídos a mando do então presidente Washington Luís (1926/1930), para comemorar os 100 anos da Independência. O responsável pelos monumentos foi o arquiteto de origem francesa Victor Dubugras.
História da Usina de Cubatão é lembrada em exposição permanente
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meio ambiente Fotos Vagner Dantas
Detalhes do Pouso Paranapiacaba, batizado pelos índios como o lugar de onde se vê o mar
Mirante Do Pouso Paranapiacaba, batizado pelos índios como lugar de onde se vê o mar, avista-se as cidades de São Vicente e Praia Grande, quando o dia está límpido. Diz a lenda que era neste local que Pedro I se encontrava com a amante Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos, mas, segundo os historiadores, situação impossível, já que a construção é de 1922. O imperador morreu em 1834 e a marquesa, em 1867. O certo mesmo é que o pouso era usado como parada para os carros descansarem após a subida, ou se preparem para a descida. As Ruínas, o segundo monumento histórico encontrado no trajeto, podem ter sido a casa dos engenheiros que construíram a estrada. A seguir, o Belvedere Circular marca o primeiro dos três cruzamentos da Calçada do Lorena com o Caminho do Mar. O Rancho da Maioridade servia como ponto de descanso da viagem, e faz alusão à Estrada da Maioridade. O Padrão do Lorena constitui-se no terceiro e último encontro entre a calçada e a estrada. Presta homenagem a Bernardo José Maria de
Viagem no tempo Pista única com duas mãos e curvas sinuosas, a Estrada Velha de Santos foi importante para o desenvolvimento do estado e do país, já que serviu ao deslocamento de cargas e de turistas. Porém, com o passar do tempo, tornou-se pequena para o tráfego gerado pelo crescimento industrial de São Paulo, que precisava de agilidade para o transporte de insumos e produ-
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tos entre a capital e o porto de Santos. Surgia a necessidade de nova e moderna ligação do litoral com o planalto. Em 1947, foi inaugurada a primeira pista da Via Anchieta; em 1953, a segunda. Após 21 anos, abriu-se a pista norte da rodovia dos Imigrantes. A Caminho do Mar ficou mais de duas décadas sem uso. Em 2004, a estrada foi fechada e reformada, tornando-se o Polo Ecoturístico Caminhos do Mar,
administrado pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia e pela Fundação Energia e Saneamento. Em 2011, a trilha foi fechada devido a deslizamentos de terra por conta das fortes chuvas do verão. Desde a reabertura ao público, em 17 de dezembro de 2013, até 18 de janeiro, mais de duas mil pessoas aventuraram-se pelas curvas da Estrada de Santos.
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Agendamento Os interessados em conhecer o roteiro Caminhos do Mar podem agendar sua visita pelos telefones (11) 3333 5600 ramal 225; (13) 99704 0565, e o e-mail caminhosdomar@energiaesaneamento.org.br . É permitido agendar passeios individuais ou para grupos; o atendimento também pode ser feito pelos telefones (11) 99115 0022 e (13) 3372 3307, de segunda a sexta-feira, das 9 às 12, e das 14 às 17 horas. O parque funciona das 9 às 16 horas.
Foto Vagner Dantas
Lorena, governador da capitania de São Paulo, que mandou construir a calçada. O último dos monumentos tombados, o Pontilhão da Raiz da Serra, já se localiza depois do fim da serra. Foi construído com asfalto da estrada para homenageá-la. Há ainda o Cruzeiro Quinhentista, localizado na área urbana de Cubatão, e que lembra os colonizadores jesuítas; e o Monumento do Pico da Serra, que está fora do roteiro, sendo o ponto mais alto da Calçada do Lorena. Antes de iniciar a trilha, veem-se a Casa de Visitas do Alto da Serra, de 1926, usada para hospedar os visitantes que vinham conhecer as obras do Alto da Serra e da Usina de Cubatão, atual Henry Borden, cuja construção faz parte de exposição permanente no local; e a represa do Rio das Pedras, que abastece a Henry Borden em ocasiões de pico.
Visitante deve ir preparado para a caminhada
De São Paulo, a professora de educação física Lúcia Avelino foi uma delas. “Não tem como não ficar em paz num lugar como este. Aqui estamos longe do burburinho da cidade grande. E não tem como não se lembrar do Roberto Carlos”, diz, cantarolando um trecho da música, dos anos 1960, que tornou a estrada ainda mais conhecida. No mesmo grupo, a também
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educadora Nina Brisotti acha que o passeio é válido para famílias e, especialmente, os jovens. “Muito mais do que a bela vista, mistura ecologia, educação e cultura. Sem contar que é uma trilha segura por uma estrada pavimentada e não no meio da mata”. A estudante mexicana Suemy Medina, 18 anos, ficou encantada em fazer um trecho do trajeto. “É muito interessante essa paisagem de serra e
de mar, e conhecer um pouco das pessoas que passaram por essa estrada”. De acordo com Lúcia Regina Silveira, diretora do projeto Caminhos do Mar: “O visitante que percorre a Estrada Velha de Santos é convidado a viajar no tempo, podendo, à medida que caminha, sentir a importância do lugar na construção da história do desenvolvimento de São Paulo e, consequentemente, do Brasil.”
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meio ambiente Passeio exige preparo O passeio vale muito a pena, porém, é preciso estar preparado para a caminhada. Lembre-se que só é possível fazê-lo a pé. São 9,2 km de subida e 9,2 km de descida, totalizando 18,4 km. Alguns trechos são bem íngremes. O grau de dificuldade é médio na descida, que leva cerca de 2h30, e difícil na subida, com 4h30 de tempo estimado. “Recomendamos que o visitante ou suba ou desça. E que, ao final do passeio, um ônibus ou carro esteja a sua espera. Para fazer subida e descida, é preciso muito preparo físico. Orientamos para que ele caminhe até o limite da disposição ou do seu condicionamento físico”, explica o monitor Cássio Marques. O parque não fornece transporte para o retorno. Ainda que se faça só a descida - já que para ela todo santo ajuda - não se recomenda a trilha para idosos, crianças pequenas e pessoas com problemas nos joelhos e tornozelos. Uma alternativa é fazer o trajeto pela metade - na altura do Padrão do Lorena.
Agora são dois portais de acesso - por São Bernardo do Campo (rodovia SP-148, estrada Caminho do Mar, km 52, ou por Cubatão (rodovia SP-148, estrada Caminho do Mar, km 51, junto à Refinaria Presidente Bernardes). Como se trata de unidade de conservação ambiental, a trilha Caminhos do Mar limita o número de visitantes em 100 por dia, de terça a sexta-feira, e 200 por dia, aos finais de semana. Oferece estacionamento para ônibus e veículos. O passeio gratuito precisa de agendamento obrigatório devido ao limite de convidados e ao serviço de monitoria, que segue até o Pouso de Paranapiacaba. Os demais pontos são visitados sem o acompanhamento do monitor. Há vigilantes durante todo o trajeto e dois pontos com água e sanitários. Principais recomendações: usar roupas e calçados confortáveis e adequados para caminhada; levar lanche; protetor solar; repelente; e sacos de lixo. Pede-se que o visitante descarte o lixo produzido no passeio em casa; não beba água das bicas; e não entre na mata.
Foto Vagner Dantas
Uma canção de Roberto Carlos em especial pode vir à memória enquanto se faz o passeio. É inevitável lembrar das frases compostas pelo Rei e pelo amigo Erasmo Carlos: “Se você pretende saber quem eu sou/Eu posso lhe dizer/ Entre no meu carro na Estrada de Santos/E você vai me conhecer.”
Rancho da Maioridade: patrimônio histórico do Centenário da Independência preservado Fontes: historiadora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade; livro História de Santos, de Francisco Martins dos Santos; sites Novo Milênio, Rodovias & Vias e Wikipedia.
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meio ambiente Foto Divulgação/Museu Náutico de Ilhabela
Naufrágios de Ilhabela à mostra A cidade possui muito mais do que a superfície cheia de encantos naturais que nossos olhos e câmeras fotográficas podem captar. O arquipélago guarda também um enorme acervo de mistérios, alguns submersos, outros nas versões lendárias de seu povo e de sua história
Por Fernanda Mello Dotado de peças raras do acervo do Museu Náutico de Ilhabela, a exposição Histórias, Lendas e Naufrágios de Ilhabela, em cartaz até 5 de março, no Palácio das Artes, em Praia Grande, aproxima o visitante de um mundo restrito e particular ao qual poucos têm acesso, o dos naufrágios, acidentes que, no passado, eram bastante recorrentes no canal de São Sebastião e entorno. Por isso, o público se encanta ao ver talheres, escarradeiras, carvão, torneira de bronze, marcador de profundidade em chumbo, a cópia da tampa de um cofre, além da maquete do Príncipe de Astúrias, o navio que protagonizou o maior desastre marítimo da América do Sul, acontecido em Ilhabela, há quase 100 anos. “A curiosidade é a melhor palavra para definir a exposição. Para atrair os visitantes no verão, para outro local que não a praia, só mesmo um tema relacionado ao oceano e cheio de mistérios e lendas”, explica Maria de Lourdes Marszolk, coordenadora de Cultura de Praia Grande, cuja expectativa é de que cerca de três mil pessoas visitem a mostra até o final da temporada. Do Alina P, petroleiro naufragado em 30 de dezembro de 1991, em Barequeçaba (São Sebastião), há holofote e lanterna náutica. Do cargueiro Dart, que submergiu em 11 de setembro
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Foto Arquivo pessoal
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Jeannis Michail Platon, diretor do museu e especialista no naufrágio do Príncipe de Astúnias
Foto Secom/PMPG
de 1884, em frente ao Morro do Simão, há pratos e porcelanas. As peças dos 18 naufrágios, que fazem parte do Museu Náutico de Ilhabela, são apenas aquelas resgatadas e catalogadas pelo navegador e mergulhador grego radicado em Ilhabela, Jeannis Michail Platon, diretor do museu. Estima-se que o número vá além de 100. “Desde a colonização, há histórias de galeões e de muitas embarcações que afundaram no arquipélago, muitas sem vítimas”, conta Jeannis. Em 2011, após intenso período de chuvas, foi desenterrada da areia a carcaça de uma embarcação, que pode vir a ser o mais antigo naufrágio de Ilhabela. Ela foi localizada na praia de Castelhanos, pela arqueóloga Cintia Bendazzoli, que estima ser de 1840, e originária do norte da Europa.
Palácio das Artes, em Praia Grande, abriga parte do acervo do Museu Náutico de Ilhabela
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Museu Náutico A exposição de Praia Grande traz 200 peças da coleção de 1.500 do Museu Náutico de Ilhabela. O setor de naufrágios do museu conta com um valioso acervo de objetos - cristais, porcelanas, faianças, talheres de prata, artefatos de bronze, entre outros -, datados do séc. XVIII até meados deste século. As peças contam a história do escafandrismo e do mergulho profissional e recreativo. Há, também, maquetes dos principais naufrágios que aconteceram na região. Em Ilhabela, agências de turismo e escolas de mergulho levam
o visitante até os naufrágios. O mais visitado é o Velásquez, localizado na Ponta da Sela, entre oito e 17 metros de profundidade. O Príncipe de Astúrias, considerado um dos mergulhos mais difíceis, só deve ser explorado por mergulhadores profissionais preparados para tal expedição. “Um naufrágio não termina no fundo do mar. Fica na memória, encalha em documentos e permanece para sempre na história. Desperta o interesse e a curiosidade das pessoas. É uma cápsula do tempo”, diz Jeannis, autor do livro Ilhabela e seus Enigmas, resultado de 40 anos de
A explicação para tantos desastres de navegação estaria na própria formação do arquipélago. Segundo Jeannis Michail, Ilhabela é uma ilha vulcânica e em sua composição existe um minério chamado magnetita, que forma um campo magnético capaz de provocar grandes variações na bússola das embarcações - fenômeno confirmado pela Marinha do Brasil. Hoje, com a navegação orientada por radar e GPS, não se corre mais o risco. O fato levou Ilhabela a ser conhecida pelos navegadores do passado como o “Triângulo das Bermudas do Brasil”. O original situa-se no Oceano Atlântico, entre as ilhas Bermudas, Bahamas, Porto Rico e Fort Lauderdale (Flórida), famoso em função do desaparecimento de centenas de navios, barcos e aviões. A maior atração da mostra é o Príncipe de Astúrias, considerado o Titanic brasileiro, alcunha que lhe foi dada devido ao grande número de vítimas, inferior apenas ao próprio Titanic. Oficialmente, sabe-se que foram 447 náufragos, entre passageiros e tripulantes. No entanto, estudiosos afirmam que o número de vítimas pode ter sido mais que o dobro, uma vez que o transatlântico espanhol poderia estar trazendo, de forma clandestina, centenas de refugiados da 1ª Guerra Mundial. Na madrugada de 6 de março de 1916, uma forte chuva e cerração levaram o navio a se chocar contra a Ponta da Pira-
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pesquisa, entre expedições a naufrágios, investigação e entrevistas. O Museu Náutico de Ilhabela fica na rua Luís Ameixeiro 33, no Perequê. Funciona de terça a domingo, das 11 às 19 horas. Os ingressos custam R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia para estudantes e idosos). Crianças até 9 anos não pagam. Em Praia Grande, a exposição Histórias, Lendas e Naufrágios da Ilhabela está em cartaz no Palácio das Artes até 5 de março. O endereço é Av. Presidente Costa e Silva, 1.600, Boqueirão. A visitação é de terça a sábado, sempre das 14 às 18 horas. A entrada é franca e há monitoria.
Foto reprodução/Jeannis Michail Platon
O naufrágio, conhecido como “Titanic brasileiro”, pode ter vitimado mais de 1.500 pessoas
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Fotos Secom/PMPG
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Algumas das peças raras resgatadas dos 18 naufrágios ocorridos no canal de São Sebastião
Naufrágios de Ilhabela: Alina P (Greco-Cipriota, 1991; 14 a 17 m de profundidade); Aymoré (Brasil, 1920; 4 a 18 m de profundidade); Vitória (Brasil, 1905); NT Hamilton Lacke (Libéria, 1960); Crest (Inglaterra, 1882; 9 a 17 m de profundidade); Urucânia (Brasil, 1961; 6 a 9 m); Elihu B. Washburne (Estados Unidos, 1943); Velásquez (Inglaterra, 1908; 12 a 25 m de profundidade); Therezina (Brasil, 1919; 8 a 17 de profundidade); Campos Sales (Brasil, 1943; 44 a 54 m de profundidade); Dart (Inglaterra, 1884; 6 a 8 m de profundidade); France (França, 1906); Hathor (Inglaterra, 1909; 8 a 17 m de profundidade); Príncipe de Astúrias (Espanha, 1916; 20 a 50 m de profundidade); Concar (Espanha, 1959; 6 a 20 m de profundidade); Western World (Estados Unidos, 1931); Guarany (Brasil, 1913; 46 m de profundidade); T-6D-1472 (avião, Brasil; 1961, 26m). Fonte: Museu Náutico de Ilhabela
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bura. Após o acidente, a embarcação, construída no mesmo estaleiro que o Titanic, foi a pique em menos de cinco minutos, sem completar a viagem que começou na Espanha, e terminaria em Buenos Aires. Os pouco mais de 150 sobreviventes da tragédia foram levados para Santos e atendidos na Santa Casa da Misericórdia, e hospedados em hotéis da cidade. Especialista no tema, Jeannis desvenda alguns mistérios e lendas do Príncipe. “O navio trazia 11 toneladas de ouro e 40 milhões de libras esterlinas, e foi alvo de pirataria. A carga foi passada para um navio menor. Por conta disso, a rota foi desviada, só que algo saiu errado e resultou no acidente, que teve, na verdade, mais de 1.500 mortos, já que só havia o registro dos passageiros das 1ª e 2ª classes”. Hoje aposentado, o mergulhador liderou a terceira expedição oficial ao Príncipe de Astúrias, em 1974. Foi ele o responsável pelo resgate de uma das nove estátuas que o navio carregava para Buenos Aires, onde integraria o monumento La Carta Magna y Las Cuatro Regiones Argentinas. A obra de arte encontra-se em poder da Marinha do Brasil, enquanto as demais nunca foram encontradas.
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Foto Leandro Saadi
curiosidade
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Árvore oca Isolada em uma região pouco frequentada, ela levou anos para assumir uma característica surpreendente
Foto Leandro Saadi
Por Rosangela Falato Quem na infância não subiu em árvores, refugiou-se em seus galhos ou, simplesmente, colheu seus frutos para se divertir? Mas alguém já imaginou escalar o interior de uma árvore? Bem, em São Sebastião isso é possível. A primeira experiência foi feita pelo guarda-parque Leandro Saadi que, por intermédio de um amigo, descobriu uma figueira com características próprias, esculpida e transformada pela natureza. “Em poucos locais, uma figueira tem essa formação; a possibilidade de ser explorada por dentro e por fora é um privilégio que temos em São Sebastião”, diz Leandro, que mantém o local incógnito para evi-
Escalada no interior da figueira. Na página ao lado, a curiosa característica da árvore oca
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Fotos Leandro Saadi
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Leandro Saadi em sua aventura no interior da árvore. O homem é apenas um detalhe diante da majestosa espécie
São 15 impressionantes metros de pura arte da natureza
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tar uso inadequado, e até depredação da espécie que fica em área de mata fechada localizada no bairro de Boiçucanga, costa sul de São Sebastião. A árvore oca, como ficou conhecida, é uma figueira mata-pau (Fícus insípida), que leva esse nome por, ocasionalmente, germinar sobre outras árvores, e crescer como epífitas até suas raízes alcançarem o solo. As raízes engrossam, crescem em volta da árvore hospedeira até que a figueira a sufoca por cintamento, ou compete com ela na absorção da água do solo. A figueira dessa aventura estrangulou sua hospedeira há muito tempo, e adquiriu características que possibilitam uma
escalada de 15 metros por seu interior, com várias janelas para curtir todo o visual até chegar ao topo. A descida pode ser feita pelo mesmo caminho ou por rapel. “A gente já fez como atividade de ecoturismo, inclusive com crianças, sempre com todos os equipamentos necessários e segurança. Mas, hoje, a árvore oca é uma curiosidade”, diz o guarda-parque, que prefere manter segredo da localização desse atrativo para garantir a sua preservação. “Isso não é uma coisa que se faz. É uma coisa que se tem. Não é possível criar uma situação dessas. É a natureza que cria. Então é um privilégio ter uma árvore desse porte, com essa configuração”.
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Foto Bruno Marques/Sxc.hu
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Natureza raivosa É nesta época luminosa e quente do verão brasileiro que a incidência de raios - fenômeno da natureza cercado de mitos e riscos -, aumenta exponencialmente e provoca uma média de 130 mortes por ano. Somos o país campeão de raios no mundo com cinco milhões de ocorrências anuais
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Por Fernanda Mello
O grande número de descargas elétricas por aqui ocorre devido à nossa localização geográfica. O Brasil é o maior país tropical do planeta, e localiza-se em uma zona em que tempestades são corriqueiras. A par disso, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as chamadas ‘ilhas de calor’, formadas pelo aumento de temperatura e combinadas à poluição das grandes cidades, atraem cada vez mais raios. Sendo assim, o conhecimento torna-se fundamental para evitar problemas. Para trazer luz a esse tema, em outubro de 2013, portanto, antes do início da temporada de verão e de tempestades, foi lançado o filme Fragmentos de Paixão, tema inédito sobre raios feito no Brasil pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Inpe. Em breve, a produção deve ser comercializada em DVD. Diferentemente de um documentário científico, a produção escrita e dirigida pela jornalista Iara Cardoso conta, com narrativa romanceada, a história verídica de seis pessoas que tiveram suas vidas
É bom saber De acordo com os especialistas, quando se escuta o som de um trovão, é sinal de que existe um raio próximo - a cerca de 15 km de distância. Deve-se procurar imediatamente um abrigo seguro. O ideal, no entanto, é deixar o local de perigo assim que perceber que a tempestade está se formando, e não esperar pelo trovão. O raio nada mais é do que uma descarga elétrica que ocorre geralmente durante uma tempestade entre partículas com cargas negativas nas nuvens e positivas no solo. O aquecimento do ar provocado pelo fenômeno gera um clarão conhecido como relâmpago. E o deslocamento do ar causado pelo aquecimento gera uma onda sonora que conhecemos como trovão. Há diferença entre relâmpago e raio.
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transformadas para sempre por causa de um raio. “Trazemos questões essenciais a todos, visando ampliar e democratizar a informação sobre o assunto”. A morte da turista Rosangela Biovati, de Ribeirão Pires, em 13 de janeiro, na praia da Enseada, no Guarujá, foi a primeira registrada na Baixada Santista nesta temporada. Ela foi atingida pela descarga elétrica ao entrar na água para chamar o filho e o sobrinho. O acidente foi registrado pelo fotógrafo Rogério Soares, de A Tribuna, cujas imagens tiveram repercussão nacional e internacional. Outra morte foi a do cobrador Claudinei de Jesus Marques, em 17 de janeiro, na garagem da empresa em que trabalhava, na zona leste de São Paulo. Ele estaria segurando uma placa metálica quando foi atingido. Um levantamento realizado pelo Elat mostra que, como consequência das tempestades, há mais mortes por raios do que por enchentes e deslizamentos. De 1991 a 2010, 2.640 pessoas morreram atingidas por raios,
O primeiro é resultado de toda descarga elétrica gerada por nuvens de tempestades. Já o raio é só a descarga que se conecta ao solo. A intensidade típica de um raio é de 30 mil amperes, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. Apesar das notícias de fatalidades já veiculadas neste verão, a chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, sendo, em média, menor do que um para um milhão. Contudo, se a pessoa estiver numa área descampada, embaixo de uma tempestade forte, esta chance pode aumentar em até um para mil. A água salgada conduz eletricidade e o efeito do raio se propaga para longe do mar, podendo ser sentido na areia. Um raio forte pode matar uma pessoa a 1 km de distância, mesmo que ela esteja só
Se você estiver em um local sem um abrigo próximo, e sentir que seus pelos estão arrepiados, ou que sua pele começou a coçar, fique atento, já que isto pode indicar a proximidade de um raio que está prestes a cair. Neste caso, ajoelhese e curve-se para frente, colocando suas mãos nos joelhos e sua cabeça entre eles. Não fique deitado
com os pés na água ou na areia molhada. Não é diretamente o raio o maior causador de mortes e ferimentos. Geralmente, isso acontece por efeitos indiretos associados a incidências próximas ou efeitos secundários dos raios. As descargas também provocam incêndios ou queda de linhas de energia, o que pode atingir uma pessoa. Agora, se uma pessoa for realmente atingida por um raio, a corrente dele pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo. A maioria das mortes de pessoas atingidas por raios é causada por parada cardíaca e respiratória. Cerca de 80% das circunstâncias em que acontecem mortes por raios podem ser evitadas se as pessoas souberem como se proteger.
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Locais extremamente perigosos: • Topos de morros, cordilheiras e prédios; • Áreas abertas, campos de futebol ou golfe; • Estacionamentos abertos e quadras de tênis; • Proximidade de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos; • Proximidade de árvores isoladas; • Estruturas altas, tais como torres, linhas telefônicas e linhas de energia elétrica.
Foto Rê Sarmento
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contra 2.475 pessoas que perderam a vida por causa de enchentes e deslizamentos. As zonas rurais exercem forte atração de descargas elétricas. No Brasil, 80% das pessoas que morreram atingidas por raio encontravam-se nessa região. Se pensarmos então que a cidade e a casa é um lugar seguro também estamos enganados. Depois das zonas rurais, é nas residências que ocorrem o maior número de fatalidades envolvendo descargas de raios. Entre as recomendações do Elat, estão: evitar, durante a tempestade, o uso de telefone com fio ou celular ligado à rede elétrica; dê preferência aos telefones sem fio, fique longe de tomadas, canos, janelas, portas metálicas, e, de forma alguma, toque em qualquer equipamento elétrico ligado na tomada. Se estiver na rua e a tempestade começar, procure abrigo em carros não conversíveis, ônibus ou outros veículos não conversíveis; em moradias ou prédios, de preferência que possuam proteção contra
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raios; em abrigos subterrâneos, tais como metrôs ou túneis; em grandes construções com estruturas metálicas, ou em barcos ou navios metálicos fechados. Ainda na rua, evite segurar objetos metálicos longos, tais como varas de pesca e tripés; empinar pipas e aeromodelos com fio ou andar a cavalo. Locais como, celeiros, tendas, barracos, tratores, motos e bicicletas, oferecem pouca ou nenhuma proteção contra raios. E mais: não estacione próximo a árvores ou linhas de energia elétrica. Coordenador do Elat, do Inpe, Osmar Pinto Júnior destaca que, cerca de 80% das mortes provocadas por raios, são ocasionadas por falta de informação. “Nos demais casos, seria devido à falha de alerta ou acidente”. Para o especialista, há formas de melhorar a comunicação com a população visando chamar atenção para o perigo de permanecer em áreas descampadas - como a praia - durante uma tempestade. “Por exemplo, o Corpo de Bombeiros poderia distribuir uma cartilha aos banhistas sobre
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Foto Bruno Marques/Sxc.hu
A ciência já pesquisa novos sistemas de alerta para avisar as pessoas com grande antecedência - 24 horas -, com alta margem de acerto, acima de 90%, e precisão de localização do lugar (1 km) onde os raios ocorrerão
os perigos dos raios ou, então, colocar placas na praia alertando para os riscos”. O Grupamento de Bombeiros Marítimo explica que, no momento em que se anuncia uma tempestade de raios, os guarda-vidas orientam os banhistas que estão na praia e no mar para que saiam e explicam os perigos. Porém, como o guarda-vidas também pode ser um alvo, ele procura abrigo. Os banhistas que permanecem, assumem o risco. Por força da lei, o guarda-vidas não pode obrigar ninguém a sair de onde está. A ciência pesquisa novos sistemas de alerta para avisar as pessoas com grande antecedência - 24 horas -, com alta margem de acerto, acima de 90%, e precisão de localização do lugar (1 km) onde os raios ocorrerão. “Tais sistemas ainda não existem no Brasil, mas, atualmente, estamos trabalhando nisto no Elat e, em breve, poderemos oferecer esse serviço à sociedade”. Enquanto isso não acontece, a melhor forma de evitar novas mortes e acidentes com raios é a informação e a prevenção.
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Desmistificação Símbolo do Rio de Janeiro, a estátua do Cristo Redentor sofreu avarias na cabeça e em dois dedos durante forte tempestade no primeiro mês do ano. Mesmo contando com sistema de para-raios, o monumento recebeu três em 10 segundos, de acordo com o Inpe. Só essa ocorrência com o cartão-postal carioca já desvenda um dos principais mitos envolvendo raios - o de que a descarga atmosférica não cai em um mesmo lugar duas vezes. Para se ter uma ideia, pela sua localização, no topo do Morro do Corcovado, o Cristo recebe, em média, seis raios por ano. A maior parte é absorvida pelo sistema de para-raios, que atrai a descarga elétrica e a conduz para o solo, onde não provoca estragos.
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Foto Surfuncional/Divulgação
saúde
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A nova onda das
academias
O treinamento funcional é a modalidade do momento. Trabalhando o corpo de forma global e equilibrada, a prática atrai o público cansado da repetição da musculação
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saúde Por Fernanda Mello Apesar de os movimentos do programa não serem novidade - agachar, avançar, abaixar, puxar, empurrar, levantar e girar -, a proposta de exercitar todas as habilidades físicas do ser humano é mais recente. Atribui-se sua criação ao americano Paul Chek, do Instituto Chek, há cerca de 20 anos, quando desenvolveu um sistema de treinamento focado nos movimentos do homem primitivo e que são executados também no cotidiano do homem contemporâneo. Com isso, o funcional visa a promoção da saúde, a aptidão física em alguma outra modalidade esportiva e evita lesões musculares por má postura ou por falha no movimento. No entanto, ele tem se destacado por preparar as pessoas para os movimentos da vida diária: andar, correr atrás do filho ou do ônibus, carregar as compras do mercado e por aí vai. A modalidade proporciona energia,
força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, equilíbrio, e melhora a resistência cardíaca e respiratória. Para os educadores físicos e técnicos adeptos, a grande vantagem do funcional é que dele podem se beneficiar da criança ao idoso, incluindo os atletas de alto rendimento. “Para uma senhora, o fortalecimento muscular vai evitar quedas e lesões. Já um surfista vai melhorar a remada na água com os exercícios funcionais”, diz a educadora física pós-graduada em atividade física e saúde Claudia Fonseca, da Academia OP 28. O técnico Tuca Martins, da O-Zone Treinamento Funcional, explica que, durante a aula, todos os alunos fazem o mesmo movimento. O peso do próprio corpo pode fazer a sobrecarga, conforme a inclinação. “O que pode mudar é se haverá ou não sobrecarga, de acordo com a capacidade de cada aluno.”
Com a proposta de exercitar várias habilidades físicas, o treino contém movimentos de diversas modalidades
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dade e combatem a monotonia, uma queixa comum dos praticantes da musculação. Essa variedade, Wellington Loura, 31 anos, buscou e encontrou no treinamento funcional que pratica há nove meses. “Acabei deixando a musculação, que, para mim, estava cansando. Achei o funcional mais completo e menos monótono. Cada treino se tornou um desafio a ser superado.” Há diferenças entre a musculação e o treinamento funcional, porém ambas as modalidades são positivas e benéficas segundo o objetivo do atleta e quando bem orientadas. A musculação oferece a hipertrofia (volume) muscular e ganho de força, enquanto o funcional leva ao ganho de força e também a equilíbrio, agilidade e condicionamento físico. A primeira trabalha os músculos de forma isolada e mais específica, o segundo propicia variedade de séries e exercita o corpo todo.
Como em qualquer exercício físico, o ideal é procurar orientação médica antes de iniciar a atividade
Fotos Vagner Dantas
A especialista em treinamento desportivo e funcional, Aline Cristina Alegro, da Surfuncional, define: “É funcional porque reabilita as funções do corpo. Desafia todas as capacidades físicas, como equilíbrio, agilidade, coordenação, força, entre outras, num mesmo treino. Trabalha o corpo como um todo, exige concentração e foco, resultando em prevenção de lesões no dia a dia e melhora no desempenho esportivo de qualquer indivíduo rapidamente.” Diferente da musculação, uma aula de treinamento funcional pode ser bem variada. Com a proposta de exercitar várias habilidades físicas, o treino contém movimentos de diversas modalidades, como o levantamento de peso, a ginástica olímpica e uma corrida ou caminhada. Os equipamentos - bola, prancha de equilíbrio, barra suspensa, argola, elástico e pesos, entre outros - garantem a diversi-
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Fotos Vagner Dantas
saúde Movimentos proporcionam energia, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, equilíbrio, e melhora a resistência cardíaca e respiratória
Especialistas atribuem ainda ao treinamento funcional a perda de peso e prevenção de lesões. Praticante há quatro meses, a fisioterapeuta Ana Julia Graf Bologren, 28 anos, diz que conseguiu emagrecer, melhorar a postura e livrar-se das dores nos punhos e nos ombros decorrentes do trabalho. “Antes não tinha fôlego para correr atrás do meu filho. Agora, estou muito mais disposta. Até carregar as compras do mercado ficou mais fácil.” A educadora física Claudia Fonseca confirma que os benefícios da modalidade são sentidos pelo atleta na vida cotidiana. “Melhora os movimentos que ele faz no seu dia a dia, o sentar, andar, correr ou suspender algum objeto”. O técnico Tuca Martins diz: “De fato, promove a consciência corporal. O corpo se lembra de que já executou aquele movimento e como deve fazê-lo corretamente. Isso tudo evita lesões e reforça a confiança do aluno.” As aulas de treinamento funcional vão de duas a cinco vezes por semana, entre 50 minutos e uma hora de duração. Começam com aquecimento e terminam com alongamento. Como em qualquer exercício físico, o ideal é procurar o seu médico antes de iniciar a atividade e, depois, consultar um profissional capacitado em educação física para estabelecer o melhor programa de exercícios para você. Não se esqueça que uma alimentação saudável e balanceada potencializa os efeitos de sua prática constante.
ser sustentável
Dinheiro para
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pedalar
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Por Marcus Neves Fernandes
Que tal se você recebesse descontos em impostos ou até mesmo bônus em seu holerite se trocasse o carro pela bicicleta? Pois isso já é uma realidade em países como Bélgica, França, Grã-Bretanha e Holanda. Na Bélgica, por exemplo, empresas e órgãos públicos já oferecem até 0,21 centavos de euro por quilômetro rodado de bicicleta. É só deixar o carro em casa. E de onde vem esse dinheiro? De uma série de cálculos que leva em conta diversos fatores. Alguns são facilmente aquilatáveis, como a economia de combustível que tal troca proporciona. Já outros, nem tanto. É o caso da redução no estresse, da melhora na qualidade de vida que o hábito de pedalar proporciona, da diminuição do ruído ou de um melhor aproveitamento do espaço urbano, na medida em que as pessoas, antes enclausuradas em seus veículos, se expõem mais às cidades que as cercam. Tudo isso foi medido, contabilizado, incluindo dados como o custo da reposição de peças automotivas, dos reparos nas vias públicas, do número cada vez maior de agentes de trânsito e, obviamente, de toda a poluição gerada, inclusive pelos carros elétricos (afinal, em certos países, a eletricidade vem de usinas movidas a carvão). Feita todas as contas, percebeu-se que era possível pagar para incentivar as pessoas a deixar seus carros em casa. E mais: no final, existem tantos ‘lucros’ indiretos que o valor pago hoje, ainda suporta uma boa margem de reajuste. Além do mais, na maioria dos países (e isso vale para a Baixada Santista), os deslocamentos casa-trabalho dificilmente superam 15 quilômetros. Em Santos, diversos estudos demons-
tram que 70% dos trajetos urbanos são inferiores a 10 km. Na verdade, a distância média gira em torno de 5 km. E tudo isso em uma região plana, sem grandes sobes e desces ou outras dificuldades do gênero. O próprio sucesso de projetos como o BikeSantos demonstra o apelo que as bicicletas ainda conservam. Em certos horários, já é difícil achar uma magrela para alugar, e muitos já as utilizam no trajeto entre a casa e o trabalho. Basta uma conversa informal com alguns desses usuários para se descobrir as vantagens e, obviamente, as dificuldades, que ainda existem para aqueles que querem aderir às duas rodas. Hoje, raras são as empresas e prefeituras na região que disponibilizam bicicletários. E convenhamos: enfiar a bicicleta no elevador até o escritório não é uma alternativa inteligente, nem tampouco estimulante. Mais raro ainda são as empresas ou administrações públicas que oferecem vestiários para que os ciclistas possam tomar um banho, trocar de roupa. Por sinal, se você conhece alguma, por favor, nos avise – é digno de divulgação. Pode parecer um detalhe menor, mas, em todos os estudos já feitos sobre a troca do carro pela bicicleta, a falta de vestiários é um dos principais obstáculos para aqueles que se dizem favoráveis a deixar o veículo na garagem de casa. Por isso mesmo, muitas prefeituras (europeias), para aprovação de projetos arquitetônicos, como condomínios residenciais ou comerciais, já exigem o binômio bicicletário-vestiário. Sem exagero, é como reinventar as cidades; permitir que elas evoluam para um cotidiano mais prazeroso, menos violento e saudável.
*O autor é jornalista especializado em desenvolvimento sustentável
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decoração Foto Denílson Machado
Encantos de
uma praia secreta Na base da Serra do Guararu, um pedaço rico de Mata Atlântica, encontra-se a praia de Iporanga, em Guarujá, refúgio predileto de um casal de empresários, em cuja casa paradisíaca desfruta das boas coisas da vida
Por Maria Helena Pugliesi As poucas casas do condomínio, a limitação, por lei, de acesso de veículos à praia, e as belezas naturais, tais como a areia branca e a água límpida e tranquila do mar, foram questões decisivas para um empresário paulista, de 50 anos, escolher a praia de Iporanga como o seu refúgio de veraneio. “O lugar sossegado, muito bem preservado, correspondia ao nosso sonho de ter uma morada em que pudéssemos reunir nossos filhos nas férias com segurança e qualidade de vida”, lembra ele, que prefere não se identificar. O lote encravado numa encosta também o fascinou. A construção não seria fácil, devido a inclinação acentuada do terreno, mas ser dono de uma vista tão privilegiada valeria o risco. Com projeto da arquiteta Débora Aguiar, a obra ficou pronta em apenas seis meses, e cumpriu o prometido: tem todos os ambientes voltados para o oceano. “Op-
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Fotos Denílson Machado
decoração
Rodeada pela varanda de 55 m2, todos os ambientes da sala se conectam com a paisagem externa
Generosas esquadrias de peroba compõem as fachadas voltadas para a rua e para a praia
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tamos por uma construção de baixo impacto ambiental. Acompanhando o declive topográfico, a casa, de 650 m², desdobra-se em quatro pavimentos. “Sem grandes movimentações de terra e com estruturas e materiais de acabamento padronizados, agilizamos o processo construtivo”, explicou a profissional de São Paulo. Generosas esquadrias de peroba compõem as fachadas, voltadas para a rua e para a praia. Portas envidraçadas e brises, com fechamento interno de vidro, deixam os interiores iluminados e ventilados. O living, que fica no piso mais alto, conta ainda com uma cobertura de dois níveis, formando um grande lanternim, o que torna o espaço ainda mais luminoso. “É uma delícia
ficar na sala. Nós abrimos todas as portas, e a brisa e o perfume da praia invadem os aposentos. A vista é estonteante de dia e, à noite, a calmaria do mar e a sinfonia de grilos e sapos, vinda da mata, criam o cenário perfeito para relaxar”, conta o proprietário. Com filhos adulto, adolescente e um pequenino de três anos, o casal idealizou a casa para a família. Tudo foi pensado para que pudessem curtir juntos as delícias do lugar. Assim, a área social concentra, num único ambiente, o estar, o jantar e o home theater com lareira. Circundando tudo isso, praticamente sem fronteiras físicas, a varanda se debruça na encosta, e oferece, numa de suas laterais, o canto da piscina e, na outra, a área gourmet. “A integração dos espaços
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torna a convivência muito agradável. Isso permite que todos os ambientes sejam bem aproveitados”, argumenta Débora. Placas cimentícias vestem todos os pisos internos e externos (exceto nos banheiros, em que se usou mármore travertino romano bruto) e criam a base aconchegante para as fibras e os tecidos naturais que compõem móveis, cortinas e tapetes. A arquiteta explica que essa composição é a mais adequada para ambientes descontraídos, voltados para o lazer em família. “Dessa forma, a arquitetura de interiores fica leve, clara e iluminada. Para evitar a monotonia dos tons neutros, o segredo está em misturar texturas e usar e abusar da iluminação natural e artificial”. Nos três níveis inferiores, distribuem-se
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Com borda infinita, a piscina se projeta sobre o paisagismo que brota do nível inferior
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decoração Fotos Denílson Machado
Amplas e aconchegantes, as suítes foram decoradas com charmosos móveis de fibra natural. Na sala de banho do casal, o nobre mármore travertino romano veste piso e paredes
as cinco suítes. A master do casal ocupa um andar inteiro e, entre outros luxos, conta com uma sala de banho de 24 m². Território exclusivíssimo, aqui marido e mulher costumam jogar conversa fora mergulhados na panorâmica hidromassagem ou aninhados na confortável saleta com lareira. “Adoramos nosso quarto; ele tem tudo para nos deixar à vontade. Exatamente como deve ser um lugar onde a pressa não tem vez”, lembra ele. As demais suítes, duas em cada
pavimento, também são espaçosas, decoradas na mesma proposta rústico-chique dos demais ambientes. E assim, para a família, os dias passam modorrentos na quase secreta praia de Iporanga. Férias inteiras ou apenas finais de semana, não importa o tamanho da temporada que eles passam por aqui. O importante é que todos sabem que, nesta bela casa de praia, não há outra opção senão a de viver os bons momentos da vida.
Piso: Solarium – Móveis: Casual – Iluminação: La Lampe – Piscina: pastilhas de vidro Vidrotil
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Fotos Renata Inforzato
internacional
Muito além das festas Ibiza é famosa por suas praias, festas e vida noturna, quando, na verdade, possui uma riqueza inestimável em seus aspectos históricos, arquitetônicos e culturais
Sant Antoni de Portmany é um dos lugares mais conhecidos graças à beleza de sua baía. Na página ao lado, aspectos da praia de Sant Antoni, uma vista da capital Eivissa e sua fortaleza
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internacional Fotos Renata Inforzato
Por Renata Inforzato A ilha de Ibiza, integrante das Ilhas Baleares, um arquipélago pertencente à Espanha, comporta cinco cidades: Eivissa, a capital; Sant Antoni de Portmany; Sant Joan de Labritja; Sant Josep de sa Talaia; e Santa Eulària des Riu. Cada qual com sua particularidade, numa mistura de culturas com paisagens de cartão-postal. A população fixa do conjunto é de 117 mil pessoas. Há vilarejos menores, que fazem parte da administração de cada uma dessas cidades. Uma curiosidade é que Eivissa significa Ibiza em catalão, mas, por convenção, mantém-se o nome original para a cidade, Eivissa, e o nome internacional para a ilha, Ibiza. A ilha começou a se destacar no cenário nacional e internacional a partir de 1950, com o turismo, primeiro de famílias, depois de hippies. As cidades mais visitadas são Eivissa e Sant Antoni de Portmany. Eivissa, a capital, possui uma impressionante muralha do século XIV, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1999. É a fortaleza costeira mais bem conservada do Mediterrâneo, e possui um grande valor histórico, cultural e arquitetônico. No interior da muralha, encontramos ruelas e monumentos, como, por exemplo, o castelo (hoje um hotel) ou a catedral. Ao andar pela Dalt Vila, a cidade velha, temos a melhor visão não só da fortaleza como também da cidade e do mar. História e modernidade coabitam no centro histórico de Dalt Vila. A vida transcorre tranquilamente na Plaza de Vila e na Plaza de sa Carrosa ou na Calle de la Virgen, nas quais se reúnem cidadãos de vários países, principalmente durante o verão. Nessa “velha cidade”, há várias lojas de artesanato, galerias de arte, hotéis e restaurantes. É uma boa pedida para um passeio ao final da tarde e também à noite.
Farol de Sant Antoni. Ao lado, cotidiano do Passeig de ses Fonts, no centro de Sant Antoni
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Uma das grandes festas desta parte da cidade é celebrada por instituições, residentes e turistas, que comemoram a inscrição de Dalt Vila como patrimônio mundial pela Unesco. A data é sempre o segundo fim de semana de maio, quando a muralha abriga uma grande feira medieval, povoada por trovadores, artistas, artesãos, músicos e doceiros. O evento, gratuito, dura três dias, e todo ano reúne cerca de 100 mil pessoas. Próximo ao mar, fica o bairro da Marina, que se desenvolveu ao redor do porto. Para quem procede do Mediterrâneo, vindo em barcos de Valência ou Barcelona, é o lugar onde a cidade dá as boas-vindas. É uma das zonas comerciais e de lazer mais frequentadas pelos moradores. Na parte à beira-mar, encontramos várias lojas e restaurantes. No prolongamento do dique de
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Fotos Renata Inforzato
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Típica movimentação na região central de Sant Antoni e as belas praias Cala Calada e Talamanca
A inscrição de Dalt Vila como patrimônio mundial pela Unesco é comemorada em uma grande festa no segundo fim de semana de maio, quando a muralha abriga uma feira medieval, povoada por trovadores, artistas, artesãos, músicos e doceiros
Marina Botafoc, onde os navios de cruzeiro aportam, a vista da Dalt Vila é linda. Ao falar de qualquer cidade de Ibiza, não podemos esquecer as praias. Nessa parte, as mais importantes são Talamanca e Platja d’en Bossa. Nelas, várias empresas oferecem passeios de barcos e esportes náuticos, como mergulho. Há ainda uma terceira praia em Eivissa, chamada Ses Figueretes, acessível do centro da cidade.
Sant Antoni de Portmany Sant Antoni de Portmany é um dos lugares mais conhecidos dos turistas europeus, graças à beleza de sua baía. Todos os verões, a chegada deles transforma a vida nesse vilarejo, que, até 50 anos atrás, dedicava-se à agricultura, ao mar e às tradições ancestrais. Hoje, é um lugar que abriga hotéis para todos os tipos e bolsos. O Passeig de ses Fonts, centro de Sant Antoni, está ao lado do mar: ali ficam a pre-
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feitura da cidade, o escritório de turismo e vários points para concertos ao ar livre. Logo após o Passeig, encontram-se as ruas interiores da cidade, com seus vários cafés, restaurantes e lojas que vendem roupas típicas e artesanato de Ibiza, a exemplo de tecidos bordados, artigos de couro, cerâmicas, joias etc. Nos restaurantes, a estrela são as sobrasadas, ou embutidos típicos das Ilhas Baleares, na qual Ibiza está situada. Também encontramos lojas com licores, vinhos, doces e queijos. Em relação às praias, elas são numerosas. As mais importantes são: Pouet, a mais próxima; Cala Calada, a 5 km do centro da cidade, conhecida por suas areias finas, e local familiar; Cala Gració et Cala Gracioneta, unidas entre si por um caminho de pedras, que se situam a 2,5 km de Sant Antoni; e Caló des Moro, a um quilômetro do centro. É a partir dela que se deve partir para conhecer as praias mais distantes.
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Produção e fotos Fernanda Lopes
gastronomia
Azeite, o tempero milenar
Saudável e saboroso, ele é indispensável em uma variedade de pratos
Por Fernanda Lopes O uso do azeite é milenar, entretanto, pouco se sabe sobre sua origem. Ao lado da videira, a oliveira foi uma das primeiras árvores a ser cultivadas há mais de cinco mil anos no Mediterrâneo Oriental e Ásia Menor. Durante este período, ele já foi utilizado para aliviar a dor e curar feridas; como tônico e amaciante para pele e cabelo; como lubrificante; impermeabilizante; e até mesmo em rituais religiosos. Ele chegou às Américas somente no século XVI, trazido pelos europeus. A palavra azeite provém do vocábulo árabe az-zait, que sig-
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nifica sumo de azeitona. Os fenícios, sírios e armênios foram os primeiros povos a consumi-lo, cabendo aos gregos e romanos levá-lo para a Europa e o Ocidente, onde permaneceu, por séculos, restrito aos povos do mediterrâneo. Segundo a nutricionista Tatiana Branco, ele é extraído durante a prensa a frio das azeitonas (e somente deste fruto). “Só pode ser chamado azeite de oliva quando é composto apenas pelo sumo desta extração. Quando combinado com outros óleos vegetais, é chamado óleo composto, e não apresenta as mes-
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Receita Talharim com frutos do mar no azeite extravirgem Ingredientes 500g de macarrão talharim; 8 colheres (sopa) de azeite; 4 dentes de alho picado; 12 camarões grandes limpos; 100g de camarões pequenos limpos; ½ polvo grande cozido e cortado em pedaços; 4 tomates sem pele e sementes, cortados em cubos; 1 cálice de vinho branco seco; salsinha picada a gosto; 1 xícara (chá) de caldo de legumes; sal e pimenta a gosto. Azeite para finalizar. Preparo Em uma panela aquecida, coloque o
azeite, doure o alho, coloque o camarão grande temperado com sal e pimenta. Deixe dourar dois minutos de cada lado. Retire e reserve. Na mesma panela coloque os camarões pequenos e o polvo já cozido. Coloque o vinho branco e deixe evaporar o álcool. Junte os tomates e o caldo de legumes já quente, deixe apurar uns cinco minutos. Se necessário, corrija o sal. Junte os camarões grandes e o talharim cozido al dente. Mexa dois minutos e sirva com azeite extravirgem por cima. Rendimento: 4 porções.
Bom para a saúde
mas propriedades e benefícios do azeite”. Existem aproximadamente 270 tipos de azeitonas e somente 24 são regularmente utilizadas na produção de azeites, de acordo com a Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira. Cada país tem seu tipo de azeitona característico para produção: na Espanha e no Chile usam-se muito a picual. Em Portugal, a galega; e, na Argentina, a arauco, por exemplo. Em linhas gerais, quanto menor a acidez, mais puro o azeite, e mais abundante em nutrientes e propriedades de saúde. Tatiana explica que pesquisas mostram que a gordura monoinsaturada, quando usada para substituir a gordura saturada, ajuda a reduzir o nível de LDL, ou colesterol ‘ruim’, enquanto mantém, ou até aumenta, o colesterol bom, ou HDL. Mas ela lembra que o número de calorias é o mesmo dos outros óleos vegetais – nove calorias a cada um grama.
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Fonte de gorduras monoinsaturadas e vitamina E, o consumo de azeite é benéfico em todas as faixas etárias, em doses adequadas. Este alimento auxilia no controle do colesterol, pois suas gorduras aumentam os índices do bom colesterol (HDL), e diminuem o ruim (LDL). Também conhecido por sua ação anti-inflamatória, é sempre associado à boa saúde cardiovascular, inibindo a formação das placas ateroscleróticas, além de proteção contra os radicais livres, por sua ação antioxidante. Na hora de consumir, prefira a adição em preparações frias e de aquecimento brando, uma vez que, esquentar o azeite faz com que o mesmo perca alguns de seus benefícios, como por exemplo, diminui a ação antioxidante. A recomendação do FDA – Food and Drug Administration - para a população adulta é de duas colheres de sopa ao dia, o mesmo que nos países mediterrâneos, campeões em consumo em todo o mundo. Um dos fatores que colaboram para o consumo é a produção local. Boa parte do azeite consumido em todo o mundo vem de países como Espanha, Portugal e Itália. No Brasil, não produzimos azeite em grande escala. O azeite é rico em vitaminas A, D, K e E. Estas vitaminas desempenham papel importante numa variedade de funções em todo o corpo: contribuem para os olhos, para a pele, para os ossos, para a saúde da membrana celular e para a função imunitária. Uma pesquisa feita no Monnel Chemical Senses Center, nos Estados Unidos, descobriu uma nova substância que o azeite de oliva contém, o oelocantal, que apresenta ação anti-inflamatória. O azeite e as azeitonas são bases da chamada dieta mediterrânea, considerada uma das mais saudáveis. Juntamente com peixes, legumes, hortaliças frutas e grãos, evitam doenças cardiovasculares.
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gastronomia Saiba comprar Substitua a manteiga pelo azeite Hoje, o azeite é um verdadeiro coringa na cozinha, usado no preparo de vários pratos. O azeite de oliva contém mais gorduras monoinsaturadas ou ‘boas’, por colher, do que a manteiga, a margarina e outros óleos de cozinha. E ele pode ser usado de maneira mais eficiente para cozinhar, refogar e fritar.
Manteiga ou margarina para receita 1 colher de chá 1 colher de sopa 2 colheres de sopa 1/4 xícara 1/3 xícara 1/2 xícara 2/3 xícara 3/4 xícara 1 xícara
Substitua por azeite de oliva 3/4 colher de chá 2 1/4 colheres de chá 1 1/2 colher de sopa 3 colheres de sopa 1/4 xícara 1/4 xícara + 2 colheres de sopa 1/2 xícara 1/2 xícara + 1 colher de sopa 3/4 xícara
Esse quadro ensina como substituir a manteiga por uma pequena quantidade de azeite de oliva, tornando as suas receitas mais saudáveis, saborosas e boas para o coração.
Pesquisa realizada na Unicamp mostrou que o azeite de oliva extravirgem acondicionado em lata é a melhor alternativa para a manutenção da estabilidade e preservação dos compostos nutricionais. As garrafas de vidro transparentes, por exemplo, que são as embalagens mais usuais disponíveis no mercado, demonstraram degradação acelerada do produto, quando expostos à luz. A pesquisa também avaliou o acondicionamento do azeite em embalagens de PET transparente e na cor âmbar. “Isto significa que o consumidor deve atentar para esta questão que, na maioria das vezes, passa despercebida. Se for comprar o azeite extravirgem, o melhor é buscar os embalados em latas. Mas, se a escolha for pelas embalagens de vidro ou de PET, opte por aquelas de coloração escura. Desta forma, terá mais chances de evitar a degradação dos compostos nutricionais que, justamente, diferem o azeite de oliva extravirgem de outros óleos vegetais”, afirma a cientista de alimentos Simone Faria Silva, autora do estudo.
Receita Salada de palmito com alcachofra e azeite de ervas Ingredientes 1 vidro de palmito pupunha; 1 vidro de alcachofras em conserva; ½ xícara de azeite extravirgem; 1 colher de sopa de salsinha picada; 1 colher de sopa de manjericão picado; 1 colher de sopa de tomilho (só as folhinhas); sal e pimenta branca moída a gosto. Preparo Misture as ervas com o azeite e um pouco de sal e pimenta moída. Corte os palmitos em toletes e as alcachofras ao meio. Disponha no prato e regue com o azeite de ervas. Dica: este azeite pode ser usado em massas, carnes, frangos, peixes e saladas. Rendimento: 4 porções.
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Fotos KFPress
moda
Exuberante, futurista e ousada Encantamento seria a palavra chave, numa síntese do que foi apresentado como proposta para a moda verão 2014, que continua quente por mais um bom tempo
Por Karlos Ferrera
Valentino
As semanas de moda internacionais surpreenderam novamente, com propostas repletas de feminilidade, sensualidade, cor, elegância, fluidez e muito movimento. Nada é morno; nada é monótono ou repetitivo. A cada ano, a cada estação, os detalhes são ricamente pontuados, apresentados de maneira espetacular. As coleções de renomados estilistas, nos principais polos mundiais da moda, reluzem como o mais puro ouro, e com muito requinte.
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Paris A cidade, durante nove dias e cerca de cem desfiles, mostrou uma diversidade de cores, formas exuberantes e referências ora étnicas, ora futuristas, mas sem perder a ousadia.
Louis Vuitton Despedindo-se da Louis Vuitton, Marc Jacobs causou suspiros com suas plumas e paetês. Ricos bordados e transparências pontuaram a coleção.
Givenchy O ponto de partida foi o choque cultural entre Japão e África. Riccardo Tisci desfilou peças com aparência artesanal; na alfaiataria, os blazers remetem a quimonos, cheios de transparências. Destaques para paetês e vestidos com forte pegada tribal.
Valentino Valorização total dos trabalhos manuais e comprimentos acima dos joelhos. O romantismo e influências folclóricas na forma de decotes discretos.
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moda
Milão O universo esportivo foi o ponto de partida da maioria dos designers italianos. Trabalhos manuais, elementos futurísticos, sobreposições de estampas, pernas de fora e romantismo completaram o sex appel nas coleções.
Versace Sexy e mais romântica, Donatella Versace buscou no universo rock n´roll suas inspirações. O couro aparece com ar esportivo e, para completar, o toque de luxo em metais.
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Nova Iorque Com um ar meio safári e bastante artesanal, os estilistas americanos mostraram coleções mais esportivas e casuais.
Calvin Klein O brasileiro Francisco Costa buscou no universo africano os elementos artesanais para sua coleção soltinha e cheia de franjas.
Londres Estampados, irreverência, tecidos tecnológicos e proporções diversas para agradar mulheres românticas na terra da rainha.
Mary Katrantzou Os sapatos inspiraram a estilista que debutou muitas estampas digitais em modelagens amplas e multicoloridas. Peter Pilotto veio com cores, texturas e formas para valorizar as estruturas evasês. Rendas e grafismos complementam o trabalho da grife.
“Alto Astral” // Durval Capp Filho Santos celebra 468 anos com festa beneficente
Vanessa Barbosa e o prefeito de Santos Paulo Alexandre Barbosa, com sua mãe Maria Ignês Barbosa, foram os anfitriões do Baile Oficial da Cidade em comemoração ao 468º aniversário do município
Marinilza Monteiro e o vice-prefeito Eustázio Pereira Alves receberam as comitivas do México e Costa Rica, que se hospedarão em Santos durante a Copa
O secretário de Turismo do estado de São Paulo Márcio França e sua Lúcia: encantados com os 1.680 convidados presentes no Mendes Convention Center
O deputado federal Beto Mansur ao lado de sua Ylídia foram os precursores do 1º Baile Oficial da Cidade (na época era o prefeito de Santos)
O casal Luzia e Paulo Rodas sempre engajado nas causas sociais, curtiu o show do cantor Diogo Nogueira
Carla e Eduardo Paulino, apreciadores da impecável Banda SP 3, que abrilhantou a festa
Arnobio e Silvera Santos, e João Bernardo
André Di Fazio e Reynaldo Pincette Filho, diretor da Embraport
Flavio e Bel Braga
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Em festa criativa, Audi apresenta seu mais novo modelo, o A3 Sedan
Leopoldo Arias, diretor-presidente da Audi Center de Santos, ao lado do presidente e CEO da Audi do Brasil, Jörg Hoffmann, e o diretorpresidente do jornal A Tribuna, Marcos Clemente Santini, na inusitada apresentação do Audi A3 Sedan
Hélio Brienza Cunha e Maristela Garcia Rodrigues curtiram o passeio no bonde turístico, que levou os convidados para o local surpresa, o Outeiro de Santa Catarina
Luiz Antonio Rosas Neto (administrador regional da prefeitura de Santos) e sua mulher Gilka, admirados com o desempenho do novo sedan da Audi
Os médicos Maria Cecília Folha e Arnaldo Duarte Lourenço encantados com a noite sui generis
Márcia Lima Azevedo, Solange Maia e o idealizador do magistral evento Márcio Barbuy
Marcelo e Paula Galvão, da Yatta, (responsáveis pela gastronomia oriental servida na festa), realizaram o sonho de andar de bonde
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Débora e Maurício Uehara, encantados com a badalada festa
Gabriela Marasca e Diego André Martins: presença assídua nos eventos de sucesso
Equipe da Audi Center Santos, eleita a melhor concessionária do Brasil, ladeando o presidente Jörg Hofmann
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Flashes A Fundação do ABC e a Faculdade de Medicina do ABC organizaram, em 23 de janeiro, sessão solene para posse dos presidentes das duas entidades, respectivamente, Marco Antonio Santos Silva e Adilson Casemiro Pires, no Anfiteatro David Uip, na Capital
Dr. Adilson Casemiro Pires, Marco Antonio Santos Silva, Mauricio Mindrisz e Dr. Fernando Fonseca
Mauricio Mindrisz parabeniza Dr. Adilson Casemiro Pires pela reeleição à diretoria da FMABC
Dr. Adilson e o novo vice-diretor da FMABC, Dr. Fernando Luiz Affonso Fonseca
Os professores de saúde coletiva da FMABC, Dr. Marco Akerman e Silmara Conchão, que assumiu recentemente a Secretaria de Política para Mulheres de Santo André
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Marco Antonio Santos Silva assina termo de posse para a presidência da FuABC
Marco Antonio Santos Silva em seu primeiro discurso como presidente
O diretor clínico do Hospital Mário Covas, Dr. Vanderley da Silva Paula, e o ministro da Saúde Arthur Chioro
Iris Oliveira Dias Pires, Ana Copat Mindrisz e Neide Ohta, mulheres dos anfitriões Adilson Casemiro Pires, Mauricio Mindrisz e Marco Antonio Santos Silva, respectivamente
Mauricio Mindrisz saúda o novo presidente da FuABC, Marco Antonio Santos Silva
Marco Antonio e o prefeito de São Caetano Paulo Pinheiro
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Lançamento da embarcação BS Geribá, da Brasil Supply, dia 11 passado, no Iate Clube de Santos
Felipe Figlione, Luciana Veloso Santos, madrinha de embarcação, e o comandante Francisco Jean de Araujo
Andreia Maia, Egon Luz, Ester Silva e Marco Santarelli, presidente da Arpoador Engenharia
Ezer Sigueira, Willian Cipriano, Egon Luz e José Ricardo Roriz , presidente da Brasil Supply
Luciana Veloso Santos e Pastor Ricardo
Arthur Ferreira e Félix Sampaio, gerente geral da Arpoador Engenharia
Embarcação operará entre os portos e as plataformas da Petrobras na região, em regime de 24 horas, todos os dias do ano
Deputado Sandro Mabel e o prefeito Mauro Orlandini
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Governador Geraldo Alckmin e o prefeito Mauro Orlandini
Foto Dirceu Mathias
Foto Dirceu Mathias
Foto Dirceu Mathias
Autoridades
Maria Antonieta de Brito, prefeita do Guarujá e o prefeito Mauro Orlandini, de Bertioga
Ana Preto, prefeita de Peruíbe, cidade aniversariante do mês
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“Destaques” // Luci Cardia Roberto Haddad e Flavia Patriota surpreenderam a todos com sua sensacional paella valenciana, na Riviera de São Lourenço
Roberto Haddad, no seu momento gourmet, excepcional na qualidade e no sabor. Parabéns
Rosely e Milton Casari, maravilhosos
Leo e Martinho Marques, sempre amados
Rosely Casari, Ligia Gueler, Roberto e Milton Casari, família exemplo
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Os anfitriões, de volta a Riviera, depois de um tour pelos Estados Unidos
O notável cardiologista Dr. Almir Ferraz, Leo Marques e Dr. José Cardia, recém-promovido à primeira classe. Parabéns
Helio e Carla Violani, lindos e apaixonados como sempre
Dr. Camilo e Heloisa Di Francesco, Renata Marinho e Maria Aparecida
Rose e Sérgio Aragon, unidos no amor
Roberto Haddad fez uma homenagem especial ao Dr. Camilo Di Francesco, aniversariante do mês
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“Celebridades em Foco” // Edison Prata Guarujá Golf Club com nova diretoria
O empresário Anselmo Aragon (à direita) foi eleito presidente do Guarujá Golf Club, em votação quase unânime. O clube também contará com a dedicação do capitão de campo João Santos (à esquerda); segundo comentários, Aragon é o presidente de campo de golfe mais jovem do Brasil
Os esportistas Hugo Rinaldi e Rodolfo Cesar, parceria e um bom jogo de golfe
Como vice-presidente, o Guarujá Golf Club contará com o empresário Wellington Alvarez que prometeu manter as portas para patrocínios sempre abertas. Nesta foto, Wellington e família
Como secretário da diretoria do GGC, assumiu o Dr. José Rubens Thomé Günther; nesta foto, com a mulher Daniella
Grandes amigos, grandes amizades: Cris Azarias, Merson Nor e Edvaldo Rodrigues
O advogado Merson Nor Junior fez questão de apagar as velinhas no restaurante Varanda, ao lado da mulher Renata
Em close, os empresários Eduardo Sarak e Joaquim, e o vereador Pacífico Junior, de Bertioga
Anselmo Aragon, a mulher Tatiana e as filhas Manuella e Maria Eduarda
Aniversariando também, Demerval Santos de Oliveira. Além dos amigos, a alegria de estar com o filho Arthur
A empresária Vilma Sarak, o jovem Matheus e seu pai Cordeiro
“No clique” // Cláudio Milito Aniversário de seis anos de Lucas Milito, em São Sebastião
Josi, Lucas e Claudio Milito
Francisco Puga, Nicolas Manica, Lucas Milito e Arthur Emmerich
Cris e Elcio Cosentino
Rafaela Milito, Solange Milito, Sonia Gimenez, Elenita Corrêa Santos, Josi Milito, Lucas Milito, Carlos Eduardo Milito, Cris Cosentino, Luiz Carlos dos Santos e Doracy Honório Milito
Thiago, Samuel e Palmira Gobersztajn
Luana Mendes, Henrique Lima, e Juliano Teixeira
A linda Maria Eduarda, Dr. Gabriel Holey, Bruno e Andrezza Holey
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Petula Emmerich, Maria Antonia Zonta, Beatriz Recoder, Josi Milito e Luana Mendes
Luciana e Maurício Santana
Aninha Vargas e Nelsinho Vargas
Rejane, Ricardo e Vitório Manica
Felipe Gimenez, Gilmar e Elcio Cosentino
Keila Ines e Lorraine Ines Caetano
Miriam Alves e Soraia Costa
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