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ao leitor Foto Dirceu Mathias

ANO XIV - Nº 154 - Abril/2015 A revista Beach&Co é editada pelo Jornal Costa Norte Redação e Publicidade Av. 19 de Maio, 695 - Bertioga/SP Fone/Fax: (13) 3317-1281 www.beachco.com.br beachco@costanorte.com.br Diretor-presidente Reuben Nagib Zaidan Diretora Administrativa Dinalva Berlofi Zaidan Editora-chefe Eleni Nogueira (MTb 47.477/SP) beachco@costanorte.com.br Diretor de Arte Roberto Berlofi Zaidan roberto@costanorte.com.br Criação e Diagramação Audrye Rotta (Mtb 76.077/SP) audrye.rotta@gmail.com Marketing e Publicidade Ronaldo Berlofi Zaidan marketing@costanorte.com.br Depto. Comercial Aline Pazin aline@costanorte.com.br Revisão Adlete Hamuch (MTb 10.805/SP) Colaboração Durval Capp Filho, Edison Prata, Fernanda Lopes, Karlos Ferrera, Luciana Sotelo, Luci Cardia, Marcus Neves Fernandes e Maria Helena Pugliesi Circulação Baixada Santista e Litoral Norte Impressão Gráfica Silvamarts

A festa da diversidade A beleza e a graça da arte indígena bem perto de nós durante três dias. Oportunidade imperdível para conhecermos e admirarmos aquilo que nos é incomum, como pinturas corporais, artesanato, danças, atividades esportivas e rituais. É o que propõe o Festival Nacional da Cultura e Esporte Indígena, realizado anualmente em abril, em Bertioga, desde 2001. Este é um período em que a cidade vive a atmosfera indígena. Moradores e turistas circulam com suas pinturas corporais recém-produzidas e com a tinta ainda fresca. No pescoço, nos braços e, até na cabeça, desfilam colares, pulseiras, brincos e cocares comprados nas tendas das diversas etnias participantes da festa. Nas mãos, as crianças exibem com orgulho seus arcos e flechas e outras réplicas de instrumentos típicos. Ninguém resiste à beleza e a graça da arte indígena. Por outro lado, este encontro de culturas reserva muito mais. No bate-papo amistoso com os índios, descobre-se que um colar pode durar semanas ou até meses, para ser feito, devido ao caprichoso trabalho manual de aproveitamento dos mais diversos recursos da natureza. Aos poucos, o visitante atencioso descobre que, nas pinturas, nos adereços, ou nos detalhes, que podem passar despercebidos, há muito a aprender. Não são meros adornos cultuados pela vaidade. No contato com os índios, descobre-se, também, a consciência coletiva da situação da comunidade indígena perante a sociedade brasileira. A grande maioria entende suas diferenças como parte de uma diversidade importante para o país e defendem sua igualdade como um direito de sobrevivência. A troca de experiências permite o aprendizado sobre a importância da tolerância diante das diferenças. Conhecer e valorizar a cultura indígena são formas de apoiar a continuidade desse povo. O que fica é um grande ensinamento contra o preconceito. Eleni Nogueira.



Foto Luciana Sotelo

24 Museu reúne arte e religiosidade

Foto Luis Lucena

32 Um guia para o peixe nosso de cada dia

E mais... Decoração 50

Moda 58

Flashes 62

Foto KFPress

Destaques 65

Celebridades em foco

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Foto Dirceu Mathias

36 Gremar: pronto-socorro marinho

Foto Fernanda Lopes

54 Óleo e açúcar de coco, em benefício da saúde

Capa

Legítimo representante da etnia pataxó Foto Thiago Prado

Foto Letícia Luiz

Forte São João pág. 44


Lançamento

Foto vista aérea

Bertioga, de frente para o mar. OU

DORMS. (1 SUÍTE)

77,87 m2 a 125,56 m2 privativos

Varanda gourmet com churrasqueira


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Realização

Gerenciamento da construção

Informações

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Intermediação

3317-4282 3316-3624

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Incorporadora Mare SPE Bertioga Ltda. Rua Turiassú nº 390, cj. 55, Perdizes, São Paulo/SP, CEP 05005-000. Memorial de incorporação registrado na matrícula 81.781 do 1º C.R.I Santos. CRECI 18981-J.


Foto Dirceu Mathias

turismo

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Povo indígena em festa O palco será Bertioga, que receberá aproximadamente 400 indígenas de seis etnias brasileiras Por Luciana Sotelo

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turismo Cabelos negros escorridos, olhos levemente puxados e pele morena avermelhada. Descrição perfeita para esse povo brasileiro de raiz. Nascidos aqui de jeito simples e sempre respeitando a terra, no passado foram escravizados, mutilados e mortos. Hoje, os índios ainda vivem de forma precária na tentativa de manter viva sua origem. Um evento, aqui no nosso litoral, berço dos guaranis, ajuda a preservar justamente essas tradições, costumes e cultura. O palco será a cidade de Bertioga, que receberá aproximadamente 400 deles, de seis etnias: caiapó, paresi halíti, pataxó, carajá, bororo, além, é claro, dos anfitriões guaranis. Prepare-se, o Festival Nacional da Cultura e Esporte Indígena está prestes a começar. Historiadores relatam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava há cerca de cinco milhões de nativos. Os índios brasileiros dividiam-

-se em tribos, de acordo com o tronco linguístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral); macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central); aruaques (Amazônia); e caraíbas (Amazônia). Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupem o território brasileiro, principalmente, em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. De acordo com Carlos Justino Terena, coordenador desportivo/cultural indígena, do Comitê Intertribal, em todo país temos praticamente 242 povos. No estado de São Paulo existem cinco povos: kaingang; terena; guarani ñandeva; guarani mbya; e pakararú, estimados em cerca de 15 mil indivíduos. Marcos Terena conta: “Entendemos que não existe um programa, projeto desse governo, direcionado às populações indígenas, principalmente, em relação à saúde. Pouco se avançou nas demarcações de nosso território com a pressão da bancada ruralista no Congresso Federal”.

Fotos Marcos Pertinhes

Cabelos lisos e negros, olhos puxados e muitos adereços coloridos são características dos índios brasileiros

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Fotos Marcos Pertinhes

Os anfitriões, os guaranis,na reserva indígena Ribeirão Silveira, em meio à Mata Atlântica

Anfitriões O termo guarani refere-se a uma das mais representativas etnias indígenas das Américas, tendo como territórios tradicionais uma ampla região da América do Sul, que abrange os territórios nacionais da Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e a porção centro-meridional do Brasil. Nas encostas da Serra do Mar, de sul a norte do litoral de São Paulo, entre os municípios de Cananeia e Ubatuba, até o município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, podem ser encontradas 59 terras indígenas com aldeias formadas por índios guaranis e tupi-guaranis. É na reserva indígena guarani do Ribeirão Silveira, localizada em meio à Mata Atlântica, divisa com os municípios de Bertioga e São Sebastião, que residem os anfitriões da festa. Com área territorial de 8.500 hectares (demar-

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cação física concluída em outubro/2010 e que aguarda o decreto de homologação da presidente da República), é habitada por 120 famílias num total de 550 pessoas, explica Marcio José Alvim do Nascimento, coordenador técnico local da Funai (Fundação Nacional do Índio) na cidade de São Paulo e Bertioga. Para conhecer um pouco dos guaranis, diz José Alvim, é importante saber que a religião é de extrema importância na vida social do grupo. Eles a manifestam por meio da reza, de forma coletiva e individual. A cura das doenças é outro ponto de destaque da crença, que acredita na existência da vida após a morte. Esse e outros rituais como o casamento, funerais e batismo são realizados na casa de reza, o local mais sagrado da aldeia. A relação que os guaranis estabelecem com a natureza, com os espíritos e os seres

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turismo

Fotos Dirceu Mathias

humanos é sempre orientada por um conjunto de regras e normas de conduta. Na reserva, existe uma escola municipal de Bertioga. Segundo a Funai, atende 95 alunos, distribuídos entre a pré-escola e 1º ao 5º ano, e uma escola estadual na qual estudam 70 alunos. No interior da reserva há dois viveiros para a produção de mudas de palmito juçara, açaí, açaí-anão e pupunha, bem como a produção de plantas ornamentais. De maneira geral, essas comunidades têm sobrevivido da própria estrutura organizacional. Ocupam-se basicamente da confecção de artesanato. Cultivam também pequenas plantações familiares de banana, mandioca, batata-doce e milho, em quantidades insuficientes, não atendendo, portanto, a demanda de consumo. Existe ainda a criação de pequenos animais e praticam a caça e a pesca.

Artesanato e culinária típicos são pontos fortes do evento

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Fotos Dirceu Mathias

Aspecto dos festivais anteriores nos quais realizam-se fóruns de debates, apresentações das etnias e congraçamento

Festival Nacional da Cultura e Esporte Indígena Essas e outras curiosidades, tanto do povo guarani quanto das demais etnias que virão à Bertioga, poderão ser evidenciadas neste que é um dos maiores festivais do país sobre a cultura e o esporte indígena. Realizado conjuntamente pela Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura da prefeitura de Bertioga e o Comitê Intertribal - Memória e Ciência Indígena, a grande festa acontece entre os dias 17 e 19 de abril. O evento, que ocorre desde 2001, já atraiu mais de 300 mil pessoas do Brasil e do exterior. Segundo Carlos Justino Terena, o comitê foi criado em 1992 justamente para a promoção dos desportos tradicionais indígenas. Além disso, veio para fortalecer o movimento indígena que se iniciou no final da década de 70. Ele explica: “O Festival tem grande significância a todos nós como povos originários desse continente. Em nossas aldeias, há muitas festas e co-

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memorações. O Comitê idealizou a criação do festival, executa toda a programação cultural e paralela, desde a escolha das etnias que participarão do evento e suas atividades. Baseada no segmento das manifestações culturais realizadas nos Jogos dos Povos Indígenas”. Terena também é membro da Comissão Internacional dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. A programação conta com diversas atividades. Uma das atrações é o Fórum Social Ambiental Indígena, no qual são propostas discussões em torno de assuntos de interesse da comunidade indígena em todo país. O tema será Jogos Mundiais dos Povos Indígenas e os Compromissos com a Qualidade de Vida, e os palestrantes serão Kairo Bernado, representante da prefeitura de Palmas, capital do estado de Tocantins, que sediará os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em setembro deste ano; Carlos Terena, coordenador geral dos jogos e Luís Lobo, consultor do Ministério do Esporte para os jogos.

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Foto Renata de Brito

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Foto Dirceu Mathias

Foto Renata de Brito

Eventos interativos, como pintura corporal, atraem grande público

Carlos Terena conta que a realização dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas é uma ideia que nasceu quando foi realizado o I Jogos dos Povos Indígenas, em 1996, em Goiânia. Na ocasião, cogitou-se a ideia de criar um Jogos Sul-Americanos Indígenas. “Após 12 jogos genuinamente indígenas no Brasil, adquirimos experiência em todos os sentidos às práticas que tínhamos em teoria. Em paralelo, já trabalhávamos com parentes de outros países na proposta dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que seriam, inicialmente, em 2010, no Canadá. Nos XII Jogos dos Povos Indígenas, em Cuiabá, em 2011, reunimos chefes indígenas de 19 países, com apoio direto do então ministro do Esporte Aldo Rabelo e decidimos pela realização dos I Jogos dos Povos Indígenas. Hoje estamos trabalhando incansavelmente para concretizarmos esse evento internacional na cidade de Palmas, TO, previsto para 15 a 27 de setembro deste ano. Participarão 23 etnias brasileiras e 21 países, cujas etnias serão definidas em suas respectivas delega-

ções. Estimamos cerca de 2.100 atletas”. Serão oito modalidades de Jogos Nativos de Integração: arco e flecha; arremesso de lança; canoagem; corrida de tora; cabo de força; corrida de velocidade 100 metros; corrida de resistência 10.000 metros; e natação. Haverá apenas uma de modalidade de jogos ocidentais, o futebol, e várias de jogos tradicionais demonstrativos.

Foto Renata de Brito

Jogos Mundiais

Modalidades de jogos indígenas, apresentadas nos jogos mundiais, podem ser vistas em Bertioga

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O contato direto entre indígenas e um público diversificado permite a troca de experiências entre as culturas

Outras atrações Durante o evento de Bertioga, acontece o projeto Pegada Ecológica - Calcule aqui o seu impacto pessoal de carbono. Os participantes poderão calcular, na hora, a quantidade de carbono produzida anualmente e a quantidade de árvores necessárias para ser plantadas como forma de diminuir o impacto. Para neutralizar a emissão de CO2 produzida pelo Festival Nacional da Cultura e Esporte Indígena, a prefeitura de Bertioga plantará, ao longo do ano, cinco mil mudas de palmito juçara, com a participação das escolas municipais. A beleza da pintura corporal e os costumes de cada etnia estarão presentes

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na programação. Como parte das atrações, estão as apresentações esportivas. O empolgante futebol de cabeça revela a incrível destreza dos índios, que dão verdadeiros mergulhos no chão para cabecear as bolas rasteiras. Já a corrida de tora mostra a força e integração entre os membros da tribo, que correm carregando toras de até 100 quilos. Os guaranis apresentarão, ainda, sua culinária ao preparar os palmitos pupunha e juçara assados e crus. A iguaria é servida pura ou com mel. Durante os três dias do evento, o público poderá apreciar o artesanato indígena que utiliza muita madeira, palha e plumagem.

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Fotos Dirceu Mathias

Programação completa O festival será realizado na Praça de Eventos, na praia da Enseada, ao lado do Forte São João, onde será montada uma tenda com arquibancada. Grande parte da programação também acontecerá no Parque dos Tupiniquins. Confira:

Sexta-feira (17) 9 horas - Abertura da Feira de Artesanato - Parque dos Tupiniquins; 14 horas - Apresentações culturais e esportivas - Tenda Cultural Parque dos Tupiniquins;

9h às 20 horas - Oficina projeto Pegada Ecológica: Calcule aqui o seu impacto pessoal de carbono;

20 horas - Abertura oficial - Arena Praça de Eventos Apresentação das delegações/acendimento do fogo sagrado/ pajelança/ execução dos Hinos Nacional e Municipal/palavra das autoridades/tradições culturais dos povos/esportes tradicionais/dança de integração e show pirotécnico.

Sábado (18) 9 horas - Abertura do Fórum Social Indígena com o tema: Jogos Mun-

Expectativa De acordo com o secretário de Turismo, Esporte e Cultura Luiz Carlos Pacífico Júnior, a expectativa sobre a movimentação na cidade é positiva, levando-se em consideração que o festival é uma festa alegre e dinâmica, que sempre reúne um público variado, inclusive estrangeiro, notadamente europeu, que admira muito o contato com a riqueza indígena, como a plumagem, o artesanato e as danças culturais. Ele diz que, a cada ano, a prefeitura se aprimora, não só na parte cultural, como também com atrativos voltados ao esporte indígena, como o futebol de cabeça e as lutas corporais. “O público interage com os índios e

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diais dos Povos Indígenas e os compromissos com a qualidade de vida - Tenda Cultural - Parque dos Tupiniquins; 9h às 20 horas - Oficina projeto Pegada Ecológica Calcule aqui o seu impacto pessoal de carbono; 11 horas - Recreação Esportiva - Canal de Bertioga - stand up paddle e canoagem com os índios; 14 horas - Apresentações culturais e esportivas - Tenda Cultural - Parque dos Tupiniquins; 15 horas - Futebol entre povos indígenas - Praia da Enseada; 20 horas - Apresentação Cultural e Esportiva - Arena Praça de Eventos: corrida de tora/arco e flecha/futebol de cabeça/cerimônia sagrada e Cunhã Porã: desfile da beleza indígena.

Domingo (19) 9 horas - Feira de Artesanato - Parque dos Tupiniquins; 9h às 20 horas - Oficina projeto Pegada Ecológica -Calcule aqui o seu impacto pessoal de carbono; 11 horas - Recreação Esportiva - Canal de Bertioga - stand up paddle e canoagem com os índios; 14 horas - Apresentações culturais e esportivas - Tenda Cultural - Parque dos Tupiniquins; 15 horas - Futebol entre povos indígenas - Praia da Enseada; 20 horas - Apresentação cultural - Arena Praça de Eventos ritual sagrado/arco e flecha/corrida de tora e encerramento.

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Foto Dirceu Mathias

turismo Foto Marcos Pertinhes

Membros da etnia patachó

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saem pintados com a característica de cada etnia a qual teve contato e sai como um verdadeiro índio brasileiro, como todos nós, que, no fundo, temos um pouquinho dessa essência”. Quanto à hospedagem e alimentação, Pacífico acredita que haverá uma movimentação crescente e surpreendente. “Temos que reforçar também a importância do potencial histórico de Bertioga, um nicho do turismo que pode ser muito bem explorado, sem esquecer nunca o respeito às etnias que nos prestigiam com as suas culturas”. O prefeito Mauro Orlandini também está confiante; ele acredita que o propósito vai muito além de mostrar a beleza da cultura indígena. “É um congraçamento entre raças e a demonstração do orgulho que temos dos primeiros povos que habitaram essas terras”.

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Fotos Luciana Sotelo

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Um museu de obras religiosas e arte profana Mosteiro reúne mais de 800 peças de estilos e períodos diversos. Uma opção de lazer que une história, arte e religiosidade Por Luciana Sotelo

tas a exposições temporárias, como a atual, Arte Árabe: caligrafia e cultura material, que integra o VI Festival de Cultura Árabe e conta com obras de caligrafia, objetos, incensos e perfumes de diversos países dos Emirados Árabes Unidos. A mostra segue até o dia 26 de abril e, de acordo com o curador, o professor da USP Dr. Daniel Farah, é um exemplo da convivência harmoniosa entre a tradição e a modernidade da cultura árabe e é reali-

Fotos Luciana Sotelo

Peças sacras e objetos da cultura árabe. E o que essas peças tão distintas têm em comum? Apenas o fato de estarem reunidas num mesmo espaço, o antigo Mosteiro São Bento, que, em 1981, passou a funcionar como Museu de Arte Sacra de Santos, considerado o segundo mais importante do estado de São Paulo. Com rico acervo calculado em mais de 600 obras religiosas datadas a partir do século XVI, o museu também abre suas por-

Perfume árabe, exposto no museu. Ao lado, o rico altar da capela do antigo Mosteiro São Bento

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Fotos Luciana Sotelo

zada em parceria com a Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul - Países Árabes (BibliAspa). Ele diz: “Para nós, é uma honra realizar esta e outras ações em Santos. A importância desta exposição consiste em apresentar à sociedade brasileira aspectos artísticos da cultura material árabe e procurar desconstruir estereótipos acerca da imagem dos árabes”. A exposição é composta por 17 quadros. A seção Emirados Árabes Unidos: passado e futuro reúne expressivos artistas que demonstram o rico patrimônio e lançam luz sobre a sociedade e as tradições dos Emirados, especialmente a vida no litoral, a pesca e a manufatura de redes e cestas de palha, além das construções tradicionais e das casas de pescadores. Quanto às obras de caligrafia, arte árabe por excelência, devem ser lidas da direita para esquerda. A escrita árabe é utilizada em uma parte significativa da África e da

Quadro do acervo da Exposição Arte Árabe: caligrafia e cultura material

Lenda urbana Se as imagens e pinturas encantam, há pelos corredores um ar de mistério. Isso porque uma pesquisa revelou no local a existência de um túnel, no subsolo. Essa passagem ligaria o Mosteiro de São Bento ao Convento Franciscano, hoje, o Santuário Santo Antônio do Valongo. Para a administradora do museu, essa é a maior curiosidade do local, entretanto, não passa de lenda urbana, pois realmente existe o túnel, mas se trata apenas de uma rota de fuga como qualquer construção em estilo de fortificação. “É algo praticamente impossível de se admitir. São duas ordem religiosas distintas”, explica Ana Cristina Requejo.

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Ásia na atualidade. Além do árabe, dezenas de idiomas, entre os quais o urdo, o persa e o pashto, adotam esse suporte; o alfabeto árabe é o segundo mais utilizado no mundo após o latino. Por fim, na parte voltada aos perfumes, originários dos Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Tunísia, Marrocos, Arábia Saudita, Egito e Omã, são apresentados cerca de 50 frascos. Já os tipos de bakhur (espécie de incenso) vão da mistura de flores com almíscar ao sândalo. A exposição mostra cinco tipos de bakhur, que, normalmente, queimam-se na mabkhara (espécie de incensório).

Construído em 1725, o Mosteiro de São Bento foi tombado pelo Iphan -Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-, em 1948, e restaurado pelo Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo-, em 1981, quando então passou a abrigar o Museu de Arte Sacra. Isso aconteceu por determinação do bispo Dom David Picão, que criou um espaço para guardar a arte sacra da diocese, que, naquela época, correspondia desde o município de Ubatuba até Registro, como explica Ana Cristina Requejo, administradora do museu: “Muitas imagens estavam abandonadas nas paróquias. Então, o bispo juntou essas peças e criou o museu”. A arquitetura do local tem contexto histórico. Considerado um complexo arquitetônico beneditino, é um dos quatro exemplares de barroco colonial da época da Vila de Santos, somando-se a ele o Santuário do Monte Serrat, o Convento da Ordem Terceira do Carmo e o Santuário do Valongo. A estrutura possui quatro pavimentos, entre eles, a capela, o coro, o pavimento principal das exposições e o subsolo, no qual fica a administração. Ao todo, são dez salas e seis delas são reservadas a exposição fixa, ou seja, o acervo da casa.

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Fotos Luciana Sotelo

Um pouco de história

Acima, detalhe da caligrafia árabe e, abaixo, um mabkhara

Ana Cristina, administradora do museu

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turismo Fotos Luciana Sotelo

Museu possui rico acervo calculado em mais de 600 obras religiosas datadas a partir do século XVI

Entre a parte litúrgica, imaginária e as pinturas, dois são os grandes destaques, revela Ana Requejo. O museu possui a imagem mais antiga produzida no Brasil com data e autor conhecido (Antonio Gonçalves, 1560), a de Nossa Senhora da Conceição. “Trata-se de uma imagem esculpida em barro cozido, tombada nas três esferas: federal, estadual e municipal. É a nossa peça mais importante”. Outra preciosidade é a Santa Catarina de Alexandria, imagem mais antiga da antiga Vila de Santos, com quase 500 anos. Conta a história que ela foi trazida de Por-

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tugal por Brás Cubas para ser colocada no Outeiro de Santa Catarina, por ocasião da fundação da Vila de Santos. “A esposa dele era devota dessa santa e, assim, ele fez com que ela fosse a primeira padroeira da cidade”, comenta Ana, que ainda completa a trajetória da obra: “Entretanto, por volta de 1600, a Vila sofreu uma invasão de corsários e a imagem foi arrastada pelas ruas e, posteriormente, lançada ao mar. Ficou perdida por 72 anos, até ser resgatada por jesuítas, que pescaram a imagem. Ela foi trazida para o museu tamanha sua importância histórica e religiosa”.

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Salas Temáticas Sala principal: além de expor Nossa Senhora da Conceição e Santa Catarina de Alexandria, esse espaço possui outras imagens datadas entre os séculos XVI ao XIX. Podem ser admirados a Sant’ana Mestra, avó de Nossa Senhora e padroeira dos professores; Santa Escolástica, irmã de São Bento e fundadora da primeira irmandade religiosa feminina, e São Bento, com o Livro de Regra, que contém as normas da Ordem Beneditina, uma peça do século XVIII. Outra importante atração é a famosa tela de Benedito Calixto, a Santa Ceia, baseada na obra do italiano Leonardo da Vinci. Sala da Paixão: conta com duas telas de Benedito Calixo, entre elas uma bem polêmica em que o artista retrata a face de Cristo, em óleo sobre cetim, uma raridade.

Capela Nossa Senhora do Desterro

Medalha de São Bento, dentre as relíquias expostas

“Essa tela chocou a população, na época, pois o pintor se autoretrata como Cristo”, diz a administradora do Museu. Há ainda outras cenas de Jesus e dois exemplares de imagens com cabelos humanos. Uma delas é Nossa Senhora das Dores, do século XIX.

Fotos Luciana Sotelo

Cela do Monge: nesse espaço, pode ser evidenciada a simplicidade da vida monástica. Há uma cama, uma pequena mesa e um baú.

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Sala Mariana: retrata as várias iconografias de Maria, ou seja, a mesma Maria apresentada de várias formas, em diferentes países ou cidades. São novas roupagens e títulos. Possui ainda estandartes, forte símbolo Mariano. Chama atenção nesse local as peças barrocas dos séculos XVI, XVII e XVIII, além da imagem de Nossa Senhora do Monte Serrat, do século XIX, uma das réplicas da peça original da atual padroei-

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Fotos Luciana Sotelo

ra de Santos. “Também está nesse recinto uma imagem curiosa, pouco conhecida das pessoas, Nossa Senhora da Boa Morte, do século XVII. Como o próprio nome diz, ela é protetora na hora da morte, para que as pessoas tenham uma boa hora, sem dor ou sofrimento. Como naquele tempo se morria muito jovem, eles tinham medo da morte”, revela Ana.

Cortador de hostia

Capela: o mosteiro começou com a Capela de Nossa Senhora do Desterro, que existe até hoje, construída em terreno doado por Bartholomeu Fernandes Mourão, português que chegou a São Vicente junto com o fundador da vila, Martim Afonso de Souza. Em troca da cessão do terreno para a Ordem de São Bento, os beneditinos teriam que orar pela sua alma, todo mês, quando falecesse. A estrutura possui no altar a imagem central de Nossa Senhora do Desterro ao lado de José, Maria e o Menino Jesus. Do lado esquerdo, há a imagem de São Bento, patriarca do museu e, do lado direito, Santa Escolástica. Explica Ana: “As pessoas eram sepultadas aqui, essa era uma das funções das capelas. Todos os monges que viveram aqui, aqui também permanecem. Semanalmente, até hoje, aos domingos, às 11h30, é celebrada uma missa em memória de todas as almas”.

Detalhe da Sala dos Oratórios

Sala da Paixão

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Sala dos Oratórios: são exemplares domésticos e familiares, em diversos tamanhos e formatos. Nessa sala também se pode ver uma imagem do Arcanjo Rafael, do século XVIII; ele é o anjo que indica o caminho, foi ele quem conduziu a juga da Sagrada Família.

Sacristia: mantém objetos litúrgicos, vestimentas e mobiliários próprios das atividades religiosas. É possível ver de perto prensadores e um cortador de hóstia, utilizados pelos monges que viviam na clausura.

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ser sustentável

Peixe do dia Foto Gokhan Okur

Guia de Consumo Responsável de Pescado leva à reflexão sobre a incapacidade de reprodução das espécies de peixes, diante da rapidez das capturas

Por Marcus Neves Fernandes Que tal um peixinho hoje? Pode ser frito, assado, com ou sem molho. Prefere frutos do mar? Camarão sete-barbas, ostras? Nada disso lhe apetece? Pois é, curioso. Boa parte das pessoas que conheço jamais trocaria um bife por qualquer uma dessas iguarias. Eu, por outro lado.... Na minha infância, a exceção era justamente a carne bovina. Podia até ter frango, mas nunca uma semana sem peixes, fossem em postas, filés ou inteiros, com cabeça e rabo. O pescado (e não me refiro ao bacalhau) era parte da cultura, estava inserido até mesmo nas comemorações. Meu pai, por exemplo, fazia uma panelada de caranguejos todo final de ano. A vizinhança comparecia religiosamente. Por essas e outras, na hora de escolher algum prato em restaurantes, sempre tenho inclinação pelos pescados. “Do mar, como até a bota”, costumo brincar com os amigos.

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Qualquer pescador sabe disso. Nós estamos fazendo isso. Primeiro, quase esgotamos o número de peixes de determinada espécie em determinado local. Depois, percebemos que as gerações subsequentes não mais alcançam o porte de seus predecessores. É o fenômeno do nanismo, resultado dessa seleção não-natural imposta pelo ser humano. Graças ao consumo desenfreado, escolhemos os maiores, que, pela seleção natural, tendem a ser os mais aptos - não os mais fortes, entenda, mas, sim, os mais aptos a sobreviver e repassar seus genes. No mar, nosso paladar ‘deixa’ os mais fracos. E estes, por sua vez, construirão novas linhagens. É como escolher a semente ruim para garantir a boa colheita. Posso, aqui, desfiar uma quantidade absurda de números, oriundos de séries históricas de pesquisa e estudos, a grande maioria produzida no exterior. Mas toda essa montanha de dados aponta para o esgotamento, para a incapacidade de reprodução das espécies diante da rapidez das

Nosso litoral, apesar de extenso, é pobre em pescados. Por isso, é fundamental respeitar os defesos e a sazonalidade Foto kimlili/Sxc

Por isso, quando o primeiro Guia de Consumo Responsável de Pescado foi lançado, em 2008, fiquei duplamente feliz. Primeiro, por essa ligação familiar. Aromas e sabores estão entre as mais fortes lembranças. Você até pode esquecer muita coisa ao longo dos anos, mas o cérebro é capaz de guardar intacta a memória de algo que fazia parte de sua dieta - só é preciso reavivá-la. Em segundo lugar, pelo fato de o Guia, inédito no país, ter sido uma iniciativa de pesquisadores aqui da região, uma iniciativa de imenso sucesso. Milhões de cópias foram impressas, dezenas de reportagens foram feitas e muitas pessoas tomaram conhecimento de uma realidade ainda hoje pouco difundida: 1 - nosso litoral, apesar de imenso, é pobre em pescados; e, 2 - não sabemos realmente o que estamos comendo. Graças ao Guia, muitos não só tomaram ciência sobre o esgotamento dos estoques pesqueiros, como passaram também a conhecer melhor o que comiam. Afinal, encontro mais pessoas que sabem identificar de bate-pronto um pedaço de carne (patinho, colchão-mole, acém...) do que um peixe, mesmo que este esteja inteiro. Dentro de suas limitações, o Guia de 2008 proporcionou esses e outros avanços. A nós, jornalistas, por exemplo, permitiu discutir alguns mitos, como a enorme extensão de nosso litoral, para muitos, um sinônimo de abundância de pescado. Formado geralmente por águas tropicais e subtropicais, o litoral brasileiro apresenta elevada salinidade e baixas taxas de nutrientes, ou seja, aquilo do qual se alimentam os peixes. Estes são fenômenos naturais incontroláveis. Não há como ‘adubar’ o oceano, pelo menos não por enquanto. Sendo assim, dificilmente teremos uma grande produção pesqueira. Na verdade, é fundamental cuidar do que existe, respeitar os defesos e a sazonalidade. Do contrário, dependendo da espécie de sua preferência ou do seu desejo momentâneo, será mais fácil pescar uma bota. E, em um futuro quase presente, teremos que nos contentar, cada vez mais, com peixes, moluscos e crustáceos menores.

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Foto Luis Lucena/Sxc

O Guia de Consumo Responsável de Pescados já está em sua segunda edição e busca mudar uma cultura alimentar preguiçosa

capturas. Todo empresário sabe disso. Há anos, pesca-se cada vez mais longe, cada vez mais fundo. E demora-se cada vez mais para completar a cota, encher os porões com pescado de ‘qualidade’ ainda mais inferior e voltar para casa. Por isso, bastaria essa realidade para comemorar o recente lançamento, em Santos, da segunda edição do Guia de Consumo Responsável de Pescado. Mas, agora, esse pioneiro trabalho, fruto da perseverança de pesquisadoras como Cintia Miajyi e Carolina Bertozzi, busca agregar novos atores. Além dos consumidores e dos pescadores, o Guia 2015, com apoio da Petrobras, volta suas atenções para uma figura que nos últimos anos ganhou muito prestígio no país: os chefs de cozinha. Agora, eles estão sendo chamados a assumir a responsabilidade que lhes cabe nesse imenso latifúndio azul. A ideia, nesse caso, é que seja possível mudar uma cultura alimentar preguiçosa,

baseada só em nomes, como robalo, tainha, corvina, cherne, badejo ou meca - nomes que podem, ou não, ter relação com o que realmente está sendo colocado no seu prato. A ideia, já adotada por diversos chefs na Europa e América do Norte, é que nos cardápios os clientes encontrem não mais o ‘nome’ do peixe, mas tão somente o termo ‘Peixe do Dia’. Pode até parecer pouca coisa, mas, se envolver o produtor, então teremos dado um grande passo. Quando os chefs e os donos das embarcações começarem a criar uma nova cadeia produtiva, baseada não mais em antigos costumes sobre meia dúzia de espécies, mas na sustentabilidade dos estoques, teremos um alimento mais sadio, mais verdadeiro, do qual todos, sem exceção, ganham. Parabéns ao Projeto Biopesca, à Unimonte e à patrocinadora Petrobras. Para acessar o Guia de Consumo Responsável de Pescado: www.unimonte.br

*O autor é jornalista especializado em desenvolvimento sustentável

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meio ambiente

Anjos do mar

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Gremar resgata animais vitimados pela ação do homem Por Luciana Sotelo

Sacolas plásticas, redes de pesca e até cordas com anzóis na ponta. Certamente, parecem itens de uma lata de lixo. Mas, infelizmente, são objetos encontrados presos aos corpos ou dentro dos estômagos de aves e animais marinhos que, mesmo socorridos, muitas vezes, morrem. Evitar essa mortalidade, ou pelo menos tentar, é a tarefa árdua dos profissionais do Instituto Gremar - Pesquisa, Educação e Gestão de Fauna, uma organização pioneira na Baixada Santista, que leva a sério o trabalho de amenizar a ação do homem contra os seres que habitam o oceano. A ideia inicial surgiu como um pequeno embrião, em 1994, quando um grupo de técnicos de biologia e veterinária começou a fazer o monitoramento dos mamíferos marinhos que encalhavam na praia, conta Mariana Zillio, médica veterinária do Gremar. “Na ocasião, eles não reabilitavam, apenas encaminhavam para o Aquário Municipal de Santos”. Em 2007, o grupo expandiu as atividades e começaram a fazer a reabilitação, não só em mamíferos como também em tartarugas e aves. Foi criado o Cram - Centro de Reabilitação de Animais Marinhos-, na Ilha dos Arvoredos, em Guarujá. A ação ganhou novo fôlego em 2013, quando passou a ter sede própria, e deu origem ao Cetas Marinho - Centro de Recepção e Triagem de Animais Marinhos, estrutura da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) da prefeitura de Guarujá, instalado na região da Serra do Guararu e mantido em parceria com o Instituto Gremar.

As tartarugas marinhas estão entre os pacientes resgatados e reabilitados

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meio ambiente

Hoje, a unidade é uma referência no estado de São Paulo quando o assunto é monitoramento, resgate, acolhimento, reabilitação e soltura de animais e aves recuperados, dentro de sua área de atuação, que engloba toda a Baixada Santista, de Bertioga a Peruíbe. “Infelizmente, na maioria das vezes, não temos muito o que fazer. Encontramos o animal muito debilitado, quase sem chance de sobreviver ou morto”. De acordo com a médica veterinária, as principais causas de mortes são o enrosco em redes de pesca (captura acidental), ingestão de lixo e colisão com embarcações. Uma realidade dura, sentida na pele, diariamente, pelos próprios animais. “Recentemente, resgatei uma tartaruga que tinha uma sacola enrolada na nadadeira. Provavelmente, terei que amputar esse membro por causa da gravidade do ferimento”. O caso não é isolado. Uma das biólogas

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do Gremar, Taís Cristina Perez, nos leva ao recinto das tartarugas e encontramos duas das ‘pacientes’ em estado grave. Ela explica: “Essa aqui se chocou com um barco e teve o casco cortado pela hélice. A outra engoliu uma corda e ainda não sabemos se há ou não um anzol perfurando seu intestino”. A profissional deixou a família no interior de São Paulo para se dedicar aos animais. “Sempre gostei muito de cuidar dos bichos, sempre me vi fazendo isso na minha vida. Fiz faculdade e me especializei em cursos de biologia marinha. Quando terminei, vim para o Gremar como voluntária e me apaixonei. Hoje, já faço parte da equipe de profissionais e é isso que quero para mim”. Nos últimos dez anos, as estatísticas não são as melhores, explica Mariana. Foram resgatados, entre animais vivos e mortos, três mil aves, 1.500 tartarugas e mais de 700 mamíferos. “Quando o animal ainda está

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Atobás no viveiro do instituto. O resgate de aves foi incluído nas atividades em 2007

Rodrigo Vanucci é veterinário voluntário

vivo, a taxa de reabilitação é muito baixa, em média, em torno de 30%. No caso das tartarugas, o índice é menor ainda”. O Gremar já registrou experiência em todos os tipos de aves, tartarugas e mamíferos, de atobás a baleias. Várias espécies, inclusive, ameaçadas de extinção. “O maior animal que já recebemos aqui foi um golfinho nariz- de- garrafa, mais conhecido como Flipper, solto em 2007”. Para dar conta de tantas emergências, a sede conta com hospital, recintos fechados, galpão de tartarugas, recintos abertos e tanques aquáticos, sem falar no time de profissionais que não medem esforços para tentar aumentar os números de sobrevida. A equipe é formada por Mariana Zillio, veterinária responsável, e mais três biólogos: Rosane Farah, Daniel Donádio e Taís Perez. “Além dos voluntários e estagiários que somam esforços com a gente”.

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meio ambiente Entre as muitas missões do órgão, destaque para o monitoramento ambiental, realizado por meio da coleta dos animais, vivos e mortos. “No caso dos vivos, fazemos a reabilitação, e posterior soltura”. O outro monitoramento é o de carcaças, num projeto chamado Moca - Monitoramento de Encalhe de Carcaças de Animais Marinhos. Segundo Mariana, os mamíferos e tartarugas são considerados bioindicadores, ou seja, seus problemas de saúde sinalizam possíveis alterações dos ecossistemas. Por causa disso, o monitoramento das carcaças é a principal fonte de informação sobre essas espécies. “No caso das tartarugas, por exemplo, sabemos que a principal espécie na nossa região é a verde e, na maioria das vezes, elas são vítimas das redes de pesca”, argumenta a profissional. A reabilitação é feita a partir do resgate dos animais marinhos e costeiros que en-

calham doentes ou machucados nas praias da Baixada Santista; eles são encaminhados para o Centro no qual recebem tratamentos adequados, para posterior soltura. Em caso de resgate, para chegar até os animais, eles contam com o apoio de autoridades locais como o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Guarda Civil Metropolitana, Guarda Náutica, além da ajuda valiosa da população para realizar o resgate. A capacitação, por sua vez, pode ser realizada de diversas maneiras. São realizados convênios com universidades para receber estagiários de todas as partes do Brasil e do mundo. Os interessados cumprem, no mínimo, 180 horas. No programa, aprendem todos os procedimentos de manejo e, ao mesmo tempo, eles colaboram com o Gremar no trabalho voluntário. “Já tivemos estagiários de diversas partes do país,

Centro de Reabilitação de Animais Marinhos, no Guarujá

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também do Chile, Inglaterra, entre outros países”, diz Mariana. Há também os cursos de capacitação profissional, ministrados pelo menos duas vezes ao ano. Um dos principais é o de socorrista de fauna. É voltado para pessoas de qualquer área profissional, não precisa ser biólogo ou veterinário. “A intenção é capacitar cidadãos para que, no caso de desastre ambiental, a gente consiga requisitar esses voluntários para trabalhar e ajudar os animais”.

Experiência inédita No dia 18 de janeiro deste ano, teve início uma história marcada pela paciência, perseverança e vitória. Um chamado mudaria o rumo do Gremar e suas estatísticas. Um golfinho fêmea, da espécie toninha, havia encalhado em Peruíbe, depois de ficar presa numa rede de pesca. Resultado, estava afogada, tinha aspirado muita água. Um momento de total apreensão já que os relatos passados não eram nem um pouco animadores. “Geralmente, as toninhas que recebemos já estão mortas”, lembra Mariana. Apelidada de Pepê, ela foi resgatada pelos plantonistas Daniel e Tais, ambos biólogos. “Chegamos lá e fizemos o primeiro atendimento, vimos que ela estava alerta, mas respirava muito mal. Tivemos muito trânsito no caminho e só chegamos aqui na madrugada do dia seguinte”, relata Taís. Na sede, Mariana realizou o teste de flutuabilidade; Pepê virou por completo, ou seja, estava realmente afogada, foi medicada e seu estado era bem grave, com previsão de recuperação lenta. Precisava de monitoramento 24 horas. “Não era possível prever se ela sobreviveria. Não havia caso de recuperação de toninha, nunca ninguém havia conseguido reabilitar e soltar uma toninha”, enfatiza Mariana. Até que o tempo foi passando, dez dias, um mês, dois e, finalmente, 80 dias. Agora sim, a Pepê estava em condições de ser devolvida ao mar. “Nós trabalhamos o tempo todo para isso, para dar uma outra chance de sobrevivência a esses animais.

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Taís Perez e Daniel Donádio alimentam o golfinho fêmea Pepê

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meio ambiente

Doações Quem quiser colaborar com esses anjos do mar, o Gremar aceita doação. No site www.gremar.org.br há o link. Doações únicas podem ser feitas no Banco do Brasil. Agência 0925-3 / Conta Corrente: 31.4145. Instituto Gremar - Pesquisa, Educação e Gestão de Fauna. CNPJ: 06.877.819/0001-18. O dinheiro arrecadado é inteiramente empenhado nos projetos desenvolvidos pelo Instituto, também para alimentação dos animais, compra de medicamento, manutenção de equipamentos, gasolina para resgate, eventos, ajuda de custo para os voluntários entre outros custos.

Principais causas de morte de tartaruga são enrosco em redes de pesca (captura acidental), ingestão de lixo e colisão com embarcação

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É um momento único, de muita emoção e incertezas também, porque ficamos na torcida para que ela encontre seu grupo e consiga se readaptar ao seu habitat. É como se entregássemos um filho para o mundo”, brinca a veterinária. E eis que na manhã do dia 9 de abril, o momento mais esperado chegou. Pepê foi embora do tanque, ganhou novamente a liberdade. “Ter participado desde o começo dessa história tão bonita é muito gratificante. Pepê não desistiu, foi guerreira e merece encontrar o seu caminho”, emociona-se Taís. Mariana explica que a toninha não será monitorada. Ela é muito pequena, precisava ter pelo menos um metro. “Dessa forma, desejamos toda sorte para ela. Esses animais têm o instinto muito aguçado, isso vai ajudar”. E na lida diária, Mariana aprende muitas lições, sobretudo, tem a certeza de que fez a escolha certa. “Sei que é uma missão que tenho com os animais e com o Gremar. É uma luta constante manter tudo funcionando. Trabalhamos de dia e de noite e também de madrugada. Sou suspeita para falar, mas amo demais o que faço. Não consigo me imaginar fazendo outra atividade ou longe do Gremar”. E o amor é, realmente, o pilar do Instituto. Rodrigo Vanucci é veterinário voluntário, ele também deixou Ubatuba para viver essa experiência. “Aqui eu tenho a chance de ter contato com esses animais e pude vivenciar o caso da Pepê, isso não tem preço”. Ele conta que está nesse trabalho há três semanas e não pensa em parar. A rotina diária é das 8h às 18 horas, seja no manejo geral dos animais, limpeza dos recintos, oferecendo medicação, fazendo curativos, cirurgias e monitoramento das espécies. “Não gosto quando os animais chegam, mas é uma alegria poder ajudá-los. Faço com muito orgulho”. Por fim, a moral da história é que todos nós devemos fazer a nossa parte. Um simples papel de bala pode ir parar na garganta de um desses bichinhos. “Devemos refletir nossas ações. O meio ambiente agradece”, pontua toda equipe.

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Foto Lenir Neuhaus

cultura

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Para o mundo

apreciar

A lista de Patrimônio Mundial da Unesco pode ser enriquecida com dois importantes monumentos da região, o Forte São João, em Bertioga, e o Museu da Fortaleza da Barra Grande, localizado em Guarujá Da redação

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cultura

Foto Letícia Luiz

Os dois equipamentos pleiteiam a qualificação na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e foram visitados, no início deste mês, por representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão vinculado ao Ministério da Cultura. O objetivo foi conhecer as fortalezas, suas características e graus de preservação. O diretor geral do Instituto, Andrey Rosenthal Schlee, disse que, para este ano, já concorrem ao título da Unesco a cidade de Paraty e o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro; e a Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte. O Forte São João e o Museu da Fortaleza da Barra

Técnicos do Iphan em visita aos fortes, de Guarujá e Bertioga, candidatos ao título da Unesco

Forte São João Fundado em 1547, às margens do canal de Bertioga, é a fortaleza mais antiga e também a mais bem conservada do Brasil. O primeiro Fortim de São Tiago, na Barra da Bertioga, foi reconstruído no final do século XVII, em alvenaria de pedra e cal, tendo as suas obras definitivas sido concluídas em 1710. O desenho da sua planta apresentava o formato de um polígono retangular com guaritas e vértices. O Forte foi reformado a partir de 1765, tendo reedificada a sua capela, sob a invocação de São João e passou a ser denominado Forte São João da Bertioga.

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equipe mostrou-se otimista. Em Bertioga, ele disse: “Serão incluídos outros bens em outros estados do Brasil, mas acredito que o Forte São João tem grande possibilidade de integrar essa lista. Por seu grau de preservação, para o qual a comunidade contribuiu, acredito que tenha boas chances”. Na visita a Guarujá, Schlee ressaltou o bom estado de conservação e o esforço em utilizar a Fortaleza da Barra como espaço para atividades culturais. O presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), Bechara Abdalla Pestana Neves, também compôs a comitiva, em Guarujá e reforçou: “Embora a Fortaleza

Foto Roberto Sander

Grande estão sendo avaliados para entrar no processo a partir de 2016. Andrey Schlee informou que a intenção é incluir os equipamentos na lista indicativa de bens culturais brasileiros, que poderão ser, futuramente, apresentados ao Comitê da Unesco, para ser avaliados e receberem o título de Patrimônio Mundial. Ele explicou que a lista de bens culturais é separada por categorias, e as fortalezas podem ser enquadradas como sistema defensivo do Brasil. Schlee disse, ainda, que se trata de um processo longo e demorado, que requer a elaboração de um relatório detalhado, desta forma, não há um prazo para a conclusão, mas a

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Foto Marcos Pertinhes

Foto Roberto Sander

Andrey Rosenthal Schlee, diretor-geral do Iphan

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cultura

Fotos Luciana Sotelo

A fortaleza foi construída em local estratégico para proteção da baía de Santos

Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande Inaugurada em 1584, ela foi erguida logo após um ataque do corsário inglês Edward Fenton, e teve papel fundamental na defesa da baía de Santos, na época das invasões piratas. Nos cerca de 320 anos em que ficou em operação, abrigou 32 canhões e cerca 50 homens. Sofreu três grandes invasões. O ataque do corsário inglês Thomas Cavendish, em 1591; o do almirante holandês Joris van Spilbergen, em 1615; e o do corsário francês Jean François Duclerc, em 1710. O forte foi desativado em 1905, sediou por um tempo o Clube do Círculo Militar, e foi tombado em 1967. Ficou um período abandonado, até 1993, quando passou por restauração.

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não esteja na nossa área de jurisdição, toda a Baixada Santista tem uma relação afetiva com este lugar, concebido com a função estratégica de proteger o porto. A possibilidade de a Fortaleza ser qualificada como patrimônio da humanidade seria um presente para a região. Estou feliz com a forma como este espaço está sendo gerenciado. A condição do imóvel está melhor, bem conservado, e percebemos o carinho e cuidado na utilização das atividades, com exposições e reuniões aqui realizadas”. Para a secretária-adjunta de Cultura do município, Patrícia Lima, a ação demonstra a projeção que o primeiro museu de Guarujá está tomando. “Este foi um passo muito importante para o reconhecimento da Fortaleza como patrimônio histórico do Brasil. É um processo moroso, mas necessário”. O reconhecimento de um monumento como patrimônio mundial é ímpar do ponto de vista cultural, já que pode integrar o circuito de fortificações em diversos roteiros turísticos do mundo.

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decoração

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Fotos João Ribeiro

Investimento na felicidade Acima do burburinho das praias e das ruas, casal de meia-idade aproveita, em seu apartamento de cobertura, as belezas do Guarujá Por Maria Helena Pugliesi

Paulista de ascendência japonesa, o casal, hoje na faixa dos 60 anos, sempre preferiu a quietude do campo para relaxar nas férias e nos feriados. Por isso, há cerca de dois anos, estranhou quando os filhos, com 21 e 22 anos, disseram que gostariam de passar os finais de semana no Guarujá, curtindo a vida animada da cidade litorânea. Para preservar a tradição de família unida, o pai, empresário da área de construção, saiu em busca de um lugar que agradasse a todos. Esquadrinhou a orla de ponta a ponta, mas foi na badalada praia da Enseada que ele encontrou o imóvel ideal: uma cobertura dúplex, com vista eterna para o mar. A quatro quadras da praia, numa região na qual não se pode mais construir prédios, o edifício, erguido no início dos anos 1990, teve total aprovação - dos filhos, porque está bem no centro do agito diurno e noturno do Guarujá e, dos pais, porque, do décimo primeiro andar, podem apreciar todo o movimento, sem os incômodos do barulho e da aglomeração. No entanto, havia um inconveniente: o apartamento de 350 metros quadrados estava uma calamidade. De arquitetura clássica, tinha molduras douradas nas salas, armários de mogno e papel de parede que deixavam tudo muito escuro, vitrais dividindo ambientes, enfim, nem de longe lembrava um apê à beira-mar. Iria dar um trabalhão deixar aquele espaço agradável. Quase desistiram da compra, não fosse por uma inesperada coincidência. Em visita a um apartamento de um amigo no Guarujá, o casal gostou do designer de interiores e este lhe disse que era obra da arquiteta Adriana Bijarra Cuoco. Surpresa! Adriana era a mesma profissional que muitos anos atrás tinha decorado a casa deles em São Paulo. Certos de terem encontrado a pessoa para realizar

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Fotos João Ribeiro

decoração

Nos sofás macios a família assiste unida os programas de TV preferidos

a transformação que queriam, eles fecharam negócio com o antigo proprietário e deram carta branca à Adriana para realizar a reforma. Ela contou: “Foquei apenas nos revestimentos, que realmente eram pavorosos. Ao substituí-los por materiais mais leves e por cores suaves, o apartamento resurgiu e revelou toda sua beleza”. No quebra-quebra, foram preservados o nobre mármore Crema Marfil, que cobre o piso da ala social, e a bela escada, com seu corrimão de ferro trabalhado. Já nas paredes, as molduras douradas e o papel cederam espaço para a pintura branca. “Todos os ambientes têm varandas, que levam claridade para dentro deles. Com pisos e paredes claros, os espaços se tornaram alegres e convidativos”, diz Adriana, que trocou as tábuas escuras do chão dos quartos por porcelanato brilhante, e a ardósia da área de lazer, por mosaicos de pedra jateada. Outra qualidade do apartamento é a boa distribuição dos espaços. No pavimento

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inferior, ficam living, três suítes e cozinha integrada à lavanderia. O andar de cima abriga uma suíte master, além de piscina, cozinha gourmet e lounge descoberto. Adriana explica: “A configuração dos cômodos é perfeita para a família. Eles gostam de estar sempre juntos e a sala ampla, por exemplo, possibilitou criar dois ambientes, um que acomoda todo mundo na hora das refeições, e, outro, com sofás suficientes para pais, filhos e avós assistirem seus filmes e programas de TV preferidos”. Os quartos também se encaixaram nas necessidades dos proprietários: os do andar de baixo ficaram para os rapazes e para os idosos. Já o casal, ganhou uma confortável suíte no piso superior, com direito a canto de leitura e acesso direto à hidromassagem na área externa. “Aqui foi preciso uma boa reforma, pois, originalmente, havia uma banheira bem no meio do quarto”, lembra Adriana. A cozinha foi outro ambiente que passou por retrofit. Para deixá-la mais ilu-

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Quando não estão na beira da piscina, vem da bem equipada cozinha os pratos servidos na sala de jantar

Cores claras e bastante espaço livre deixaram a suíte master do jeito que o casal queria minada, pois não tinha janelas, a parede da área de serviço veio abaixo, unificando os espaços. “Dessa forma, o grande vitrô agora está dentro da cozinha, trazendo bastante luz o dia inteiro. Como a lavanderia é comprida, conseguimos deixar o lado dos varais fora de visão”. Apesar de ainda manterem sua casa de veraneio no campo, é no apartamento do Guarujá que a família prefere passar datas especiais, como Natal, Réveillon e Páscoa. “Eles dizem que aqui as festas ficam mais animadas”, conclui Adriana, responsável também pela decoração.

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Fotos João Ribeiro

Sofás internos e mesa externa: Depósito Santa Fé - Cortinas e almofadas: Tec & Paper - Sala de jantar: Breton - Vasos e adornos: L’Oeil Poltrona do quarto: Artefacto Cozinha: Kitchens

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Produção e fotos Fernanda Lopes

gastronomia

Coco

De vilão a mocinho das dietas Há quem ame a fruta e quem a odeie; não tem meio termo. In natura, em doces e, agora, os dois queridinhos da vez: óleo e açúcar, sempre resultam em inúmeros quitutes clássicos Por Fernanda Lopes

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O coco é polêmico. Antes considerado um vilão das dietas restritivas em calorias e tido como gorduroso, era evitado. Agora, está na moda. Alguns estudos mostram que sua gordura pode ser boa para a saúde, rejuvenescedora e, com moderação, pode até auxiliar em dietas de emagrecimento. E agora, depois do óleo de coco, que se transformou na vedete das dietas naturais, quem promete invadir as cozinhas de quem procura alimentação saudável é o açúcar de coco. A nutricionista Tatiana Branco explica: “O açúcar de coco é obtido por meio da cristalização do néctar das flores da palma de coco, de maneira artesanal e sem adição de conservantes ou corantes, e sem passar pelo processo de refinamento, como o açúcar de cana”. A doutora em nutrição pela Unifesp,

Nathália Guedes, diz que, em relação ao valor calórico, a quantidade é a mesma do açúcar comum, o que muda é seu poder nutricional. “O de coco confere benefícios especiais como as quantidades elevadas de potássio, magnésio, zinco e ferro. É também uma fonte natural de vitaminas B1, B2, B3 e B6”. Outro fator que está em estudos é em relação ao seu baixo índice glicêmico, em média 35, o que poderia beneficiar as pessoas que possuem o diabetes tipo 2. “Ainda há poucos estudos sobre sua composição e ação no organismo, mas já podemos afirmar que é um bom substituto ao açúcar branco, porque tem menor índice glicêmico, ou seja, ao ser ingerido, demora mais para aumentar o açúcar do sangue (glicemia), em relação ao açúcar branco”, diz Tatiana.

Produção e fotos Fernanda Lopes

O açúcar de coco não tem conservantes ou corantes e é obtido por meio da cristalização do néctar das flores da palma do coco

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gastronomia Em receitas, o açúcar de coco pode substituir o comum na mesma quantidade, já que tem o mesmo poder adoçante. Tatiana diz que “é importante lembrar, que nenhum ingrediente sozinho faz milagre”. Já Nathália considera que “alimentação saudável e atividade física são a combinação perfeita para uma melhor qualidade de vida”. Para quem quiser experimentar, o açúcar de coco é encontrado, em geral, em lojas de produtos naturais.

Segundo explica: “Fora do Brasil, o benefício do óleo de coco é estudado desde a década de 1990. Essas pesquisas afirmam que pessoas que consomem alimentos ricos em ácidos graxos de cadeia média (TCM), presente nesse tipo de gordura, aumentam sua taxa metabólica em 12%”. Outros estudos mais recentes, explica, mostraram que o corpo queima o óleo de coco três vezes mais rápido que as outras gorduras; eles confirmaram, também, que pode melhorar a perda de peso em comparação com azeite de oliva, e pode ser incluído com sucesso em uma dieta de emagrecimento. A seguir, algumas receitas com o óleo, que pode ser encontrado em farmácias, empórios e alguns supermercados, além de lojas de produtos naturais. Ele custa, em média, R$ 20,00 o potinho com 200g. É caro, mas rende. Uma colherinha de chá é capaz de grelhar muitos filés. Indica-se colocar pelo menos a metade do que colocaria de azeite ou ainda menos.

Óleo, o protagonista O óleo de coco extravirgem tem sido protagonista de vários programas de receitas na tevê, e cada vez mais indicado por nutricionistas. E por quê? Primeiramente, porque ele tem uma digestão melhor. Além disso, segundo Nathália Guedes, alguns estudos apontam, entre seus benefícios, a melhora dos níveis do bom colesterol (HDL), prevenindo as doenças cardiovasculares.

O coco é a terceira fruta mais consumida no Brasil, atrás somente da laranja e da banana

Como escolher Ao escolher o coco maduro, procure os que contêm mais água e que são mais pesados para o tamanho. Além disso, dê batidinhas na casca: se estiver fresco, o som é mais estridente.

Saiba mais São muitas as variedades de coco encontradas no mercado brasileiro, entre as quais se sobressaem a gigante e a anã, respectivamente, 70% e 20% dos cultivares do país. O tipo anão é encontrado em três variedades distintas: vermelho, amarelo e verde, este último explorado apenas para a produção de água. De modo geral, o coco, ainda verde, é abundante em água muito saboreada no Brasil e famosa por suas propriedades hidratantes. Já o coco maduro tem pouca água, mas muita polpa, que pode ser consumida in natura ou ralada, em diversas receitas.

Nada se perde... De onde vieram? Estudiosos não são unânimes sobre a origem da planta e sua chegada no Brasil. Embora a maioria argumente que o coqueiro tem origem na região da Índia, alguns defendem que o coqueiro nasceu nas Américas. A versão que mais prevalece é a de que os portugueses implantaram o cultivo do coqueiro no Brasil nos anos 1550, principalmente, na região Nordeste, área que, até hoje, tem importante papel na produção nacional, a quarta maior do mundo.

Em sânscrito, o coqueiro é chamado de kalpa vriksha, que significa “árvore que oferece o necessário para viver”, porque tudo pode ser aproveitado da planta. Do tronco, é possível usar a madeira e, do fruto, aproveitam-se fibras da casca, a casca em si (cuia), a polpa, a água e o leite.


Receitas

Produção e fotos Fernanda Lopes

Cookies de banana e chocolate Ingredientes • 4 bananas brancas (quanto mais maduras, melhor); • 100g de aveia em flocos finos; • 50g de coco ralado; • 2 colheres de sopa de óleo de coco; • 1 colher de sopa de açúcar demerara (opcional, pode trocar por açúcar de coco); e • 1/2 xícara de gotas de chocolate (ou de passas, se preferir). Preparo Misture tudo em uma tigela, molde no formato e tamanho que desejar com auxílio de duas colheres e asse em forno pré-aquecido a 200°C por cerca de 20 minutos. Eles ficam mais dourados por baixo e bem molinhos. Sirva quente.

Quiche de alho poró Ingredientes • 3 xícaras (chá) de farinha de trigo (350g); • 2/3 xícara (chá) de óleo de coco (150g); • 1 ovo; • 1 colher (chá) de sal; • 2 talos de alho poró finamente fatiados; • 1/2 xícara (chá) de muçarela ralada; • 3 ovos batidos; • 1 xícara (chá) de leite (200ml); • 2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado. Modo de preparo Em uma tigela, coloque a farinha, o óleo, o ovo e meia colher (chá) de sal, e amasse bem. Deixe na geladeira por 30 minutos. Forre uma assadeira redonda grande (26cm de diâmetro) com a massa, fure-a com um garfo e leve ao forno médio (180 graus), pré-aquecido, por 15 minutos. Espere amornar. Em outra tigela, coloque o alho poró, a muçarela, os ovos batidos, o leite e o sal restante, e misture bem. Disponha sobre a massa, polvilhe com o queijo ralado e leve ao forno médio (180 graus), pré-aquecido, por mais 30 minutos, ou até dourar. Retire do forno e sirva em seguida.

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Fotos KFPress

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Chris Pitanguy usa um shape reto: o vestido com comprimento curto aparece combinado com bota num look moderno e sexy 58

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Do fundo do baú O shape retinho é mais uma tendência do passado que chegou para alegrar as mulheres atuais Por Karlos Ferrera

Na década de 1960, surgiram os vestidos retos e larguinhos. Depois deste período, em que reinaram os modelos com cintura bem marcada e saia godê, o estilista André Courrèges apresentou ao mundo a sua coleção “moon girls”, que trazia vestidos e minissaias revolucionárias, com linhas retas e combinados com botas metálicas e brancas, dando cara de astronauta às mulheres. A partir daí, o público feminino tinha a sua disposição um modelo mais confortável e com comprimento ousado. Atualmente, este shape voltou à moda, compondo o time e tendências inspiradas no passado.

Como usar vestido reto Ele pode ter comprimento nos joelhos ou acima deles. É claro que são encontrados modelos um pouco mais longos. Entretanto, como as suas linhas são retas e mais afastadas do corpo, a tendência desta peça é achatar a silhueta. Quanto mais comprido, mais achatado o corpo parecerá. Entre as dicas de moda para as mulheres baixinhas, a mais importante é evitar este tipo de comprimento. Se este for o seu caso, use o vestido reto com sandálias ou peep toes em cores suaves, como a nude, que ajuda a alongar as pernas, combinando-as com uma peça acima dos joelhos.

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Sempre com coleções irreverentes e irônicas, até a italiana Mochino buscou inspiração nos anos 1960, com looks mais contemporâneos

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moda

Com tendências inspiradas nos anos 1960, os shapes podem ser usados com sapatos, botas e sandálias

Este modelo com inspirações indianas é ideal para quem gosta de esconder as pernas, quando usados com calças

Mulheres altas podem ficar ainda mais elegantes com o vestido reto, combinado com sapatos que tenham cores escuras. Este tipo de calçado encurta as pernas. O ideal é sempre saber escolher o sapato certo para cada tipo de perna, pois favorecerá o visual, junto ao corte reto do vestido. Para dar à silhueta uma aparência elegante e afinada, você deve apostar em casaquinhos acinturados, sobrepostos a ele. Com peças feitas em tecidos mais simples, vale a pena usar até mesmo jaquetinhas jeans, dando um ar despojado ao visual. Muitos vestidos retos podem não ter nenhum outro detalhe marcante. Eles costumam ser mais enxutos. Por isso, vale a pena investir em acessórios sofisticados, em ocasiões especiais. Um belo colar, combinado com bolsas pequenas e sapatos elegantes completam o visual. Os acessórios podem, inclusive, conter brilhos diversos. Se, por outro lado, o vestido for mais trabalhado, com mangas diferentes, babados ou estampas coloridas, então a dica é apostar em acessórios neutros. A tendência dos vestidos retos favorece todos os tipos de corpos. Como o seu formato é soltinho, pessoas magras ou acima do peso podem disfarçar bem os detalhes indesejáveis.

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Fotos KFPress

STREET STYLE I jeans coloridos

Eis aqui uma onda para deixar o look do verão muito mais descolado. Não é de hoje que essa influência marca presença na moda masculina. No inverno, os mais antenados logo trataram de incluir uma peça no armário, e a boa notícia é que, mais uma vez, uma explosão de cores dominará o cenário da moda, trazendo às ruas uma estação ainda mais vibrante. Combinar uma calça colorida é muito mais fácil do que você imagina! A dica é optar por peças neutras, para não pesar a composição. Se optar por uma camiseta, escolha modelos clean, para deixar a composição descolada. Já as camisas garantem um visual elaborado, ideal para aquela balada especial com os amigos.

Nem pretinho básico, nem com estampas tropicais: o beachwear do momento é o fluorescente. Isso mesmo, os tons superintensos são os queridinhos da vez entre fashionistas que querem chamar atenção nas areias (e, de quebra, realçar o bronzeado da pele). Uma das “culpadas” pela tendência é uma marca australiana que conquistou fãs around the world com seus modelos de neoprene contornados por linhas pretas de acento geométrico. Depois, foi só a nossa modelo Alessandra Ambrósio postar uma foto de biquíni neon e pronto: a trend virou febre interplanetária entre as brasileiras.

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Fotos KFPress

STREET STYLE II: queridinhos da vez

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Flashes

1º Festival da Música Popular do programa Amigos da Praia Muita alegria, música, comida boa e solidariedade no evento que aconteceu no Senzala, dia 5 deste mês, em prol da Apae de Bertioga.

Fotos Dirceu Mathias

Parabéns à rádio Praia FM e a todos que compareceram

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Flashes

Fotos Dirceu Mathias

Dia 11 deste mês foi bem movimentado em Bertioga. Pela manhã, inauguração do Receptivo Turístico, na entrada da cidade, e, à noite, abertura da temporada 2015 do Arena Cross, uma das principais competições da modalidade no Brasil

Autoridades municipais na inauguração do Receptivo Turístico

Na abertura do Arena Cross, Pacífico Júnior, Romagnolli, o cantor Mauricio Manieri, Orlandini e Jean Madeira

Fátima Tanaka, José Paulo Amorim, superintendente da Caixa Econômica Federal, e Orlandini

Fotos Marcos Pertinhes

O casal Vanessa e Jean Madeira aproveita o dia em Bertioga

Prefeito Orlandini e o secretário estadual de Esporte Jean Madeira

Carlos Romagnolli, organizador do Arena Cross, prefeito Mauro Orlandini e Pacífico Júnior, secretário de Turismo, Esporte e Cultura, no novo Receptivo Turístico da cidade, no qual também funciona a Loja do Artesão

Na arquibancada: Marcos Laurent, gerente do Sesc Bertioga

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Amyr Klink e o prefeito Mauro Orlandini. O navegador esteve em Bertioga para conhecer detalhes náuticos da cidade

Ribas Zaidan, Merson Nor Júnior, Merson Nor com o neto Henrico, André Sementilli, e Miranda, diretorexecutivo de governo de Bertioga

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“Destaques” // Luci Cardia Festa do Havaí, do calendário tradicional da Tuma dos Apaixonados da Riviera - T.A.R.- em sua edição 2015, sob a presidência de Roberto Haddad, na Maison Haddad, na Riviera de São Lourenço

Todos os integrantes da T.A.R., amigos e apaixonados pela vida

A felicidade de reunir a família, Carina Haddad, Sidney Haddad, Roberto Haddad (o pai) Roberta Haddad e Ricardo Fogliano

Roseli e Milton Casari, Dr. José Cardia e Luci, Carla e Helio Violani deram brilho especial

Sandra Fernandes, Angélica Sposito, o anfitrião Roberto Haddad, Regina Fernandes, Raphael Fernandes e Maria Marcia Fernandes

Esse casal é sempre felicidade: o empresário paulistano José Avelino e seu amor Nawal Avelino

Eles são demais, Martinho e Leo Marques e o grande comunicador Osmar Santos

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Antonio Fernandes, João Fernandes, Roberto Haddad, Dr. José Cardia, Ribas Zaidan e Paulo Vieira de Mello

O clã da família Lopes Simão, com os gêmeos Pedro e Gabriel Simão e as belas Manoella e Beatriz Simão

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“Celebridades em Foco” // Edison Prata Em mais um torneio realizado no Guarujá Golf Club, a coluna social Celebridades registrou os melhores momentos

Com um estilo todo próprio, o empresário e presidente do Guarujá Golf Club Anselmo Aragon, a cada dia que passa, vem melhorando, e muito, suas jogadas

Falar de pessoas como o casal de empresários Antonio Ferretira e Matiko é muito simples, pois pessoas assim é que realmente fazem a diferença em um ser humano, isto sem falar dos golfistas Malú Kaiser e Henrique Trevisan, que entre uma tacada e outra, acabaram faturando mais um troféu

A classe e categoria do golfista Hugo Rinaldi

O empresário, escritor e golfista Mario Grieco, Solange Colognese e Gabriel Jacintho disputam um bom jogo, quem levará o troféu?

O golfista profissional Thiago Cardoso e todo seu empenho no golfe

Masakasu Shoji e Virgílio Carolino mostram que ganhar é bem melhor do que se imagina. Nesta foto, com o capitão João Santos

Solange Colognese mostra seu troféu, conquistado após várias tacadas, nesta foto com o marido Armando Colognese e o filho Ricardo Colognese

O primeiro lugar de Wesley Castro, em sua categoria, e a grande trajetória no golfe

A grande amizade e o bom relacionamento de Roberto Nemer, Hugo Rinaldi e o médico Enio Pereira

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Urbanismo

Felicidade

Comunidade

TRABALHAMOS PARA CRIAR COMUNIDADES ONDE AS PESSOAS TÊM ORGULHO DE VIVER

Equilíbrio

Trabalho

Sustentabilidade

Desenvolvimento

Segurança Família

Responsabilidade Social

Educação

Experiência

Pessoas

bem-estar

Legado

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Investimento Transparência

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