XIO

Page 1

Beatriz Nóbrega

Suzana Valladares Robreta Portas Zoy Anastassakis

XIO: um estimulo à ações políticas no dia-a-dia.

DSG1032

relatório 02

PUC-Rio 2014.2


Beatriz Nóbrega

SUMÁRIO/01

RESUMO PESQUISA/02

(a)

ESTÍMULO/04 ABORDAGEM/05 SISTEMA/07 AMBIENTE PÚBLICO/09

(b) METODOLOGIA/13

(c) EXPERIMENTAÇÃO/34

(d) SUPORTES/39 PERSONAGENS/40

PRODUÇÃO/50 APLICAÇÕES/56 CONTINUIDADE/59 CONCLUSÃO/61 BIBLIOGRAFIA/62

(e)


(a)


Beatriz Nóbrega “Podemos ver aqui como a política é entendida: puramente como forma da humanidade se organizar para enfrentar qualquer novo problema. Por isso a política é meramente uma forma coletiva de resolver os problemas comuns a todos. A retórica, então necessária, e o inevitável choque de opiniões são obstáculos apenas intrínsecos a melhor maneira de enfrentar as dificuldades. Assim, qualquer confronto é parte do problema.” (1) “O diálogo pressupõe a reciprocidade existencial e esta pressupõe a diferença e a semelhança, já que é devido à diferença que se pode enriquecer com a comunicação. O diálogo alarga os horizontes da exigência do pensamento, pois para se responder e argumentar as ideias tem de se fazer uso do raciocínio.” (2) “Na filosofia aristotélica a Política é a ciência que tem por objeto a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na pólis) e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva da pólis). O objetivo de Aristóteles com sua Política é justamente investigar as formas de governo e as instituições capazes de assegurar uma vida feliz ao cidadão. Por isso mesmo, a política situa-se no âmbito das ciências práticas, ou seja, as ciências que buscam o conhecimento como meio para ação.” (3) “A vida sem discurso e sem ação (...) está literalmente morta para o mundo, uma vez que deixa de ser uma vida humana” (4)

(A)

RESUMOXXXXXXXXX/01 PESQUISA/02 “A extensão da Política sobre a existência da humanidade chega a desafiar, praticamente, a nossa capacidade de enumeração. Porque tudo pode – e deve, a depender das circunstâncias – ser visto sob um ponto de vista político. É impossível que fujamos da Política.” (5) Partindo de uma pesquisa aqui resumida em alguns trechos retirados de diversas fontes, pude entender a ideia de política como sendo todas ações que refletem no coletivo e ainda nesse mesmo raciocínio concluí que o diálogo é a ação política mais básica. Exemplifico abaixo alguns projetos que me fizeram, durante essa pesquisa, refletir sobre a possível relação do design/arte com a política. 01) Productive Posters – Project Projects: (6) Trago essa referência pois é um exemplo de um sistema desenvolvido que promove um diálogo entre uma comunidade politicamente ativa. Productive Poster foi uma instalação que fez parte de uma exposição chamada “The Posters of Discontent”. O sistema de cartazes informacionais tem como objetivo estimular a participação do público de diferentes comunidades e contextos. Esses cartazes são produzidos de uma forma acessível e barata; todas as folhas são impressas com papeis de formato padrão usados em impressoras caseiras. Cada módulo desse sistema (os cartazes individuais) expõe estudo de caso, citações,


Beatriz Nóbrega informações básicas e pesquisas suplementares sobre planejamento participativo.

(A)(A)

RESUMO PESQUISA/03 Essa experiência propõe uma reflexão sobre as pequenas escolhas e o poder por por trás delas.

02) The Vera List Center for Art and Politics: (7) O Vera List Center for Art e Politics é uma incubadora de idéias e um fórum público para a arte, cultura e política. Foi criado pela New School em 1992. O centro tem a missão de alimentar uma comunidade vibrante e diversificada de artistas, acadêmicos e ativistas políticos que assumem riscos criativos, intelectuais e políticos como o objetivo de trazer mudanças e transformações positivas para a sociedade. Eles consideram a intersecção entre arte e política o espaço onde novas formas de engajamento cívico devem ser desenvolvidas. 03) OURS: Democracy in the Age of Branding – Project Projects (8) Esse foi um projeto de uma exposição organizado pelo Vera List Center for Art and Politics. No início da exposição o expectador escolhe um adesivo azul ou vermelho, o que o leva a conhecer somente um dos lados da exposição, o lado azul ou o vermelho.

Outra questão que levantei durante essa pesquisa foi a necessidade de se discutir qual é o poder que o pensamento projetual do designer pode ter e o que é, ou pode ser, “o fazer” do designer.


Beatriz Nóbrega

(A)

O design pode ser usado como um instrumento político na forma de ativismo, ou como um mediador para discutir e sonhar com a possibilidade de um futuro melhor (9)

(09) Trecho retirado da discrição do evento Design as Politics/ Politics as Design

ESTÍMULO/04


Beatriz Nóbrega

(A)

A democracia não é uma questão de instituições, mas de atividade, uma questão de imaginação. (10) Quando se pensa em política, logo associamos a um tema pesado, baseado em sistemas complexos, estagnados e distantes. Partindo de um estudo sobre a abrangente ideia de política, perpassando por algumas definições e reflexões sobre esse conceito, compreendi que política está presente em tudo, em qualquer escolha.

Entendi que ações políticas também estão no dia-a-dia de todos indivíduos mesmo inconscientemente, por isso pode ser visto como um tema leve e comum a todos. A própria postura de distanciamento de questões políticas é uma postura política, pois se assume uma posição em relação a uma questão que lhe é apresentada.

ABORDAGEM/05

política

política

política

Foco em tratar a política como um tema leve e comum a todos e estimular ações individuais que acabam sendo políticas quando refletem no coletivo

(10) Entrevista com o filósofo Jacques Rancière sobre seu livro O ódio à democracia


Beatriz Nóbrega

(A)

ABORDAGEM/06

É impossível que fujamos da política. (11) Com objetivo de estimular ações individuais que se tornam políticas quando refletem no coletivo, irei desenvolver um sistema que proponho a reflexão e a expressão pessoal, por meio de um olhar transformador, otimista, sensível e até um pouco ingênuo.

Reflexão

Expressão

(11) Retirado do primeiro capítulo Que Coisa É a Poltica, do livro Política de João Ubaldo Ribeiro


Beatriz Nóbrega

Uma maneira que encontrei de estimular reflexões políticas de uma forma leve e atemporal, sem me referir a nenhuma questão política específica, foi partir de algumas palavras e frases de ordem. Essa foi a primeira lista de palavras/frases que fiz:

As palavras/frases separadamente podem ter diferentes interpretações, dependendo da pessoa que lê, mas quando vistas como um conjunto pode-se perceber que elas têm uma essência política, no sentido mais amplo do termo. Fiz uma seleção de palavras e frases dessa lista pensando em uma sequência que refletisse a ideia de movimento de um indivíduo do comodismo ao incômodo e em seguida a tomada de atitude.

(A)

SISTEMA/07

Levanta Ninguém me cala Eu posso ser pior Eu posso ser melhor Chega mais perto Vamos que vamos O som da mudança Eu tô indo Hoje é dia Acorda Eu quero mais Vem Sai de mim Eu não faço Você não viu nada Você me acha louco Amigo da onça

Amigo do monstro Achados e perdidos Luz no fim do túnel Faço sim Te desafio Não Sim Faça o futuro A rua é minha Tudo pode Meu coração bate mais alto Quem fez essa confusão? Juntos Amnésia Nada presta Para e faz Faço se eu quiser

NADA PRESTA TE DESAFIO LEVANTA CHEGA MAIS PERTO VOCÊ ME ACHA LOUCO VOCÊ NÃO VIU NADA TUDO PODE NINGUÉM ME CALA EU QUERO MAIS COMODISMO > INCÔMODO > ATITUDE


Beatriz Nóbrega

Decidi que o sistema seria composto por palavras/ frases e também por ilustrações. As ilustrações tem o objetivo comunicar de forma visual e cativar as pessoas por meio de um apelo estético, além de ser um recurso que utilizei para abordar o assunto política de uma maneira mais sutil e um pouco ingênua.

(A)

O sistema busca, através de mensagens, provocar, incomodar e perturbar as pessoas; gerar atitudes e uma reflexão do que é estar ativo no mundo. As mensagens são compostas por palavras/frases e ilustrações de personagens. Os personagens são baseados nas palavras/frases.

SISTEMA/08

Nas composições, que reúnem texto e imagem, a palavra/frase afirma o personagem e vice-versa, trazendo força para composição e consequentemente para mensagem que está sendo passada.


Beatriz Nóbrega INSERÇÕES EM CIRCUITOS IDEOLÓGICOS (1970)* Cildo Meireles [12) Eu me lembro que em 1968-69-70, porque se sabia que estávamos começando a tangenciar o que interessava, já não trabalhávamos com metáforas (representações) de situações. Estava-se trabalhando com a situação mesmo, real. Por outro lado, o tipo de trabalho que se estava fazendo, tendia a se volatilizar e esta já era outra característica. Era um trabalho que, na verdade, não tinha mais aquele culto do objeto, puramente; as coisas existiam em função do que poderiam provocar no corpo social. Era exatamente o que se tinha na cabeça: trabalhar com a idéia de público. Naquele período, jogava-se tudo no trabalho e este visava atingir um número grande e indefinido de pessoas: essa coisa chamada público. Hoje em dia, corre-se inclusive o risco de fazer um trabalho sabendo exatamente quem é que vai se interessar por ele. A noção de público, que é uma noção ampla e generosa, foi substituída (por deformação) pela noção de consumidor, que é aquela pequena fatia de público que teria o poder aquisitivo. Na verdade, as “Inserções em circuitos ideológicos” nasceram da necessidade de se criar um sistema de circulação, de troca de informações, que não dependesse de nenhum tipo de controle centralizado. Uma língua. Um sistema que, na essência, se opusesse ao da imprensa, do rádio, da tele-

(A)

AMBIENTE XXXXXXXXX/01 PÚBLICO/09 visão, exemplos típicos de media que atingem de fato um público imenso, mas em cujo sistema de circulação está sempre presente um determinado controle e um determinado afunilamento da inserção. Quer dizer, neles a ‘inserção’ é exercida por uma elite que tem acesso aos níveis em que o sistema se desenvolve: sofisticação tecnológica envolvendo alta soma de dinheiro e/ou poder. (...) Do meu ponto de vista, o importante no projeto foi a introdução do conceito de ‘circuito’, isolando-o e fixando-o. E esse conceito que determina a carga dialética do trabalho, uma vez que parasitaria todo e qualquer esforço contido na essência mesma do processo (media). Quer dizer, a embalagem veicula sempre uma ideologia. Então, a idéia inicial era a constatação de ‘circuito’ (natural), que existe e sobre o qual é possível fazer um trabalho real. Na verdade, o caráter da ‘inserção’ nesse circuito seria sempre o de contra-informação. Capitalizaria a sofisticação do meio em proveito de uma ampliação da igualdade de acesso à comunicação de massa, vale dizer, em proveito de uma neutralização da propaganda ideológica original (da indústria ou do Estado), que é sempre anestesiante. É uma oposição entre consciência (inserção) e anestesia (circuito), considerando-se consciência como função de arte e anestesia como função de indústria. Porque todo circuito industrial normalmente é amplo, mas é alienante (ado).


Beatriz Nóbrega Por pressuposto, a arte teria uma função social e teria mais meios de ser densamente consciente. Maior densidade de consciência em relação à sociedade da qual emerge. E o papel da indústria é exatamente o contrário disso. Tal qual existe hoje, a força da indústria se baseia no maior coeficiente possível de alienação. Então as anotações sobre o projeto “Inserções em circuitos ideológicos” opunham justamente a arte à indústria. (...) Porque tem uma transação em artes plásticas que se baseia ou na mística da obra em si (embalagem: tela, etc.) ou na mística do autor (Salvador Dali ou Andy Warhol, por oposição, são exemplos vivos e atuais): ou parte para a mística do mercado (o jogo da propriedade: valor de troca). A rigor, nenhum desses aspectos deveria ser prioritário. No momento em que há distinções nessa ou naquela direção, surge a distinção de quem pode fazer arte e quem não pode fazer. Tal como eu tinha pensado, as “Inserções” só existiriam na medida em que não fossem mais a obra de uma pessoa. Quer dizer, o trabalho só existe na medida em que outras pessoas o pratiquem. Uma outra coisa que se coloca, então, é a idéia da necessidade do anonimato. A questão do anonimato envolve por extensão a questão da propriedade. Não se trabalharia mais com o objeto, pois o objeto seria uma prática, uma coisa sobre a qual você não poderia ter nenhum tipo de controle ou propriedade. E tentaria colocar outras coisas: primeiro,

(A)

AMBIENTE XXXXXXXXX/01 PÚBLICO/10 atingiria mais gente, na medida em que você não precisaria ir até a informação, pois a informação iria até você; e, em decorrência, haveria condições de ‘explodir’ a noção de espaço sagrado.

(...) Enquanto o museu, a galeria, a tela, forem um espaço sagrado da representação, tornam-se um triângulo das Bermudas: qualquer coisa, qualquer idéia que você colo­ car lá vai ser automaticamente neutralizada. Acho que a gente tentou prioritariamente o compromisso com o público. Não com o comprador (mercado) de arte. Mas com a platéia mesmo. Esse rosto indeterminado, o elemento mais importante dessa estrutura. De trabalhar com essa maravilhosa possibilidade que as artes plásticas oferecem, de criar para cada nova idéia uma nova linguagem para expressá-la. Trabalhar sempre com essa possibilidade de transgressão ao nível do real. Quer dizer, fazer trabalhos que não existam simplesmente no espaço consentido, consagrado, sagrado. Que não aconteçam simplesmente ao nível de uma tela, de uma superfície, de uma representação. Não mais trabalhar com a metáfora da pólvora - trabalhar com a pólvora mesmo.

*Extraído do depoimento de CM registrado na pesquisa Ondas do corpo, de Antônio Manuel Copy-desk e montagem do texto: Eudoro Augusto Macieira. Publicado no Livro “Cildo Meireles” da FUNARTE. Rio de Janeiro, 1981.


Beatriz Nóbrega

(A)

Retirei algumas ideias importantes desse texto que me ajudaram a definir alguns conceitos do projeto: • A ideia de trabalhar com o público: sendo esse uma platéia generalizada e desconhecida e o espaço público. • Usar o espaço público focando em um sistema que envolva a circulação e troca de informações. • Esses elementos (o Público - as pessoas -, o espaço público e a circulação) tem o potencial de estimular em maior densidade o diálogo e a troca de informações.

AMBIENTE PÚBLICO/11

Ainda que a rua viva de constantes mudanças, trabalhos como os cartazes do Mais Amor Por Favor conseguiram marcar as pessoas de tal forma que ele ainda é lembrado por muitos. Outro exemplo que também é lembrado foi a frase “Celacanto Provoca Maremoto” que foi pixada nas ruas do Rio no final da década 70. A artista Adriana Varejão, por exemplo, se apropriou dessa mensagem e desenvolveu uma obra em Inhotim que recebeu o nome Celacanto Provoca Maremoto. A obra Inserções em Circuitos Ideológicos, de Cildo Meireles, também trouxe para o projeto a importância da ideia de circulação como uma forma de chamar atenção, atingir muitas pessoas e impactar.

• O projeto teria, primordialmente, uma função social. Ele não deveria pertencer a mim, mas sim a rua. O anonimato e a falta de controle ao colocar o projeto nas ruas pode gerar mais interesse e apropriação do público. Outra decisão que tomei foi que o projeto aconteceria na rua, pois é um ambiente ideal para o debate e a expressão. Por ser um local de comunicações efêmeras o ciclo de vida da minha atuação no espaço e das discussões de boca-a-boca que eu pretendia gerar seria o tempo que a rua determinasse, não interessando portanto nenhum tipo de canal ou fórum de discussão fora desse ambiente da rua.

2 Obra de Cildo Meireles, Inserções em circuitos ideológicos: Projeto Coca-Cola

1 Obra de Cildo Meireles, Inserções em circuitos ideológicos: Projeto cédula


Beatriz Nóbrega

(A)

AMBIENTE PÚBLICO/12

Determinei que dentro do espaço da rua a mensagem deveria circular entre as pessoas ou as pessoas deveriam circular em torno da mensagem. Por esse motivo todos os suportes os quais as composições seriam aplicadas deveriam levar em consideração a circulação da mensagem. A unidade do conjunto também foi um fator importante para o desenvolvimento do sistema. Todas as composições deveriam ter alguma semelhança que as fizessem parecer uma coleção, assim quando uma pessoa visse mais de um cartaz isolado na rua ela entenderia que eles fazem parte de um mesmo sistema, possibilitando um melhor entendimento da mensagem e da essência política do projeto.

3 Obra de Adriana Varejão, Celacanto Provoca Maremoto, Inhitim 4 Cartazes Mais Amor Por Favor


(b)


Beatriz Nóbrega

(B)

O processo que usei para criar os personagens foi partir do que as palavras/frases significavam para mim para desenvolver a personalidades de cada um e logo adotar parâmetros gráficos que me levaram a definir as suas formas, cores e texturas. Também determinei o comportamento dos personagens diante dos suportes e das composições que eles seriam aplicados, pensei como a sua forma poderia mudar de acordo com o formato, o tamanho e o local onde o suporte seria inserido.

METODOLOGIA/13

Partir do que as palavras significam para mim Desenvolver a personalidade de cada personagem

Partir da personalidade de cada personagem

Determinar parâmetros gráficos (forma, cor, textura)

Comportamento deles nas composições diante do formato dos suportes


Beatriz Nóbrega

(B)

Nada Presta Resmungão e chato, por isso não consegue se aproximar das pessoas. Só vê o lado ruim das coisas e não procura mudar.

METODOLOGIA/14


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA Pessimista, clima pesado (peso em cima dele), sofredor

TÉCNICA

combinação objetos vejornal, papel “marrom” lhos e brutos amarelado, (burro quando (ferro velho) manual foge), manchas

Resmungão, mudanças não interage, no formato vive no mun- da boca do dele, fala sozinho

Acomodado

REFERÊNCIA

corcunda

Espírito velho, usado, decadente

Não se dispõe a nada

COR-TEXTURA

METODOLOGIA/15

Lembra um estômago com má digestão

braços e pernas caídos ou pequenos atraído por vértices


Beatriz Nóbrega

(B)

Te Desafio Faz propostas diferentes de tudo o que você imaginou. Exótico. Chama a atenção de todos. Instiga as pessoas a o seguirem por causa da sua misticidade, sedução e segurança, mas depois as abandona. Ele só está ali para levá-las em direção a outro caminho.

METODOLOGIA/16


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA Desafiador

olhar e sorriso seguros

Enigmático, Instiga as pessoas

seu formato é vertical

Galanteador

nunca está olhando diretamente para o espectador

COR-TEXTURA

dourado, anil

METODOLOGIA/17

REFERÊNCIA

TÉCNICA


Beatriz Nóbrega

(B)

Levanta Quer acordar todo mundo para a vida. É um pouco frustrado com pessoas como o Nada Presta.

METODOLOGIA/18


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA Chama as pessoas

gestos, grita

Estimulado

expressivo

COR-TEXTURA

Quer chama atenção de qualquer forma Não desiste

METODOLOGIA/19

REFERÊNCIA

TÉCNICA

a barreira do espaço 2D é evidenciada amarelo


Beatriz Nóbrega

(B)

Chega Mais Perto Se aproxima das pessoas e as instiga a ver as situações mais de perto fazendo com que elas entendam os problemas. Inteligente e amigável. Aberto a opiniões diversas, mas com um ponto de vista muito embasado em dados e informações.

METODOLOGIA/20


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA Faz amigos facilmente, se aproxima das pessoas, instigador

COR-TEXTURA

REFERÊNCIA

amplia partes do corpo, aspecto de zoom (“olho de peixe”)

Espirituoso, divertido

azul

Procura a verdade, informado do que está acontecendo no mundo

textura lisa

Chama atenção, tem presença

METODOLOGIA/21

ocupa o espaço do pequeno para o grande, de trás (fundo) para frente

lembra: borracha, massinha, lycra, bexiga, mola

TÉCNICA


Beatriz Nóbrega

(B)

Você Me Acha Louco Faz tudo diferente do que as pessoas estão acostumadas a fazer e está sempre surpreendendo. Faz as coisas porque acredita nelas. Seu objetivo não é aparecer, mas essa é uma consequência dele ser como é. Fica na dele e é bem confiante de quem é. Amigável e receptivo.

METODOLOGIA/22


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA Esquisito, diferente

COR-TEXTURA

forma do corpo muda, assimétrico

Seguro de si, consciente da impressão que passa

cor(es) viva(s)

Busca soluções criativas

corpo com formatos esquisitos

Observador, atento

olhar

METODOLOGIA/23

REFERÊNCIA

TÉCNICA


Beatriz Nóbrega

(B)

Você Não Viu Nada Gosta de aparecer. Sempre desafia os seus próprios limites e consegue ultrapassálos. Maroto, mas honesto. Se tivesse uma profissão seria um acrobata e dançaria dança contemporânea. Muito ativo.

METODOLOGIA/24


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA Ativo, tem muita disposição, seguro

COR-TEXTURA

METODOLOGIA/25

REFERÊNCIA

comprido, magricelo, braços e pernas longas

Faz as coisas bem estrutuacontecerem rado, consegue atingir novas formas com seu corpo (círculo, quadrado...) Surpreende

Maroto

desafia as leis da gravidade, posições excêntricas

Bola perereca, tatu bola, cambalhota, dançarino de arte contemporânea, acrobata, bola com ventosas laranja

TÉCNICA


Beatriz Nóbrega

(B)

Tudo Pode Aberto a tudo e a todos. Tranquilo. Ativo e flexível em relação as suas opiniões. Respeitoso e carismático.

METODOLOGIA/26


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA Amigável, meigo, carismático

olhos pequenos, gordinho (flácido)

Aberto as mudanças, aceita e entende diferenças

é um ser mutável, fluido

COR-TEXTURA

METODOLOGIA/27

REFERÊNCIA

sua cor pode mudar, lilás é a cor principal

algodão colorido Respeitoso, compreensível

harmônica

TÉCNICA


Beatriz Nóbrega

(B)

Ninguém Me Cala Sua voz é tudo, e como ele chama a atenção da pessoas. Busca a verdade dos fatos e não fica calado, fala o que pensa. É bem informado e inteligente. Bom de síntese, objetivo e direto. Ativista.

METODOLOGIA/28


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA Fala alto

bocão

Objetivo, direto

boca fechada é grande e tem o formato horizontal; a boca é o foco

Expressa seus pensamentos Seguro, ativista, irreverente

COR-TEXTURA

METODOLOGIA/29

REFERÊNCIA

verde limão

reverbera

Funil, megafone

TÉCNICA


Beatriz Nóbrega

(B)

Eu Quero Mais Cheio de sonhos e ideias mirabolantes para realizá-los. Seus sonhos as vezes são muito grandes, como acabar com a fome do mundo, mas mesmo assim ele vai atrás deles e não fica parado. Sua cabeça está sempre a mil. É carismático e gosta de reunir pessoas a sua volta para contar seus sonhos/ ideias e tentar realizá-los. Não é narcisista.

METODOLOGIA/30


Beatriz Nóbrega

(B)

FORMA

COR-TEXTURA

METODOLOGIA/31

REFERÊNCIA

Sonhador, mas um pouco ambicioso demais

olhos grandes e sonhadores

Cheio de estímulos

rosa e vermelho, gradiente

explosão

explorar texturas (grão, bolinhas)

Borbulhando, fervendo

Positivo, busca por mais

braços abertos e esticados (representando felicidade, conquista e chamado pessoas, como para um abraço)

TÉCNICA


Beatriz Nóbrega

Chega Mais Perto

Foco

Ninguém Me Cala

Expansão, reverberar

(B)

Eu Quero Mais

Expansão

Tudo Pode

Recebe tudo e expande

Você Me Acha Louco

Levanta

Sem foco, mostra/entrega

Expansão, mostra

METODOLOGIA/32

Te Desafio

Objetivo, vertical, ameaçador

Nada Presta

Rebate, peso para baixo

Você Não Viu Nada

Dúbio, esconde e entrega. Desafiador, sarcástico


Beatriz Nóbrega

(B)

METODOLOGIA/33

Eu Quero Mais

Te Desafio

Levanta

Você Não Viu Nada

Nada Presta Tudo Pode

Chega Mais Perto

Você Me Acha Louco

Ninguém Me Cala

Os personagens que estão dentro do mesmo quadrado tem alguma relação íntima. Seus vetores (apresentados anteriormente) se relacionam.

O Nada Presta é o único personagem que não se relaciona intimamente com nenhum dos outros.


(c)


Beatriz Nóbrega

(B)

EXPERIMENTAÇÃO/34 Primeiros estudos, em lápis, dos personagens com base na tradução de vários elementos de suas personalidades em seus aspectos formais.


Beatriz Nóbrega

(B)

EXPERIMENTAÇÃO/35

Antes de definir a forma parti para alguns estudos de texturas e técnicas.


Beatriz Nóbrega

(B)

EXPERIMENTAÇÃO/36 Senti que a experimentação estava muito limitada, seguindo muitos pré-requisitos que eu mesma havia determinado.

Para torná-la mais intuitiva e livre parti para a técnica do recorte.


Beatriz Nóbrega Percebi que estava experimentando técnicas, cores e texturas diferentes sem antes determinar a forma dos personagens. Além disso, os resultados estavam, por causa das texturas e da grande variação de cores, ficando muito complexos para serem reproduzidos na rua.

(B) Entendi que eu deveria simplificar os personagens e que eles não necessariamente precisavam ter características humanas (boca, nariz, braços) para serem carismáticos. Comecei um estudo sobre a essência da forma de cada personagem.

EXPERIMENTAÇÃO/37


Beatriz Nóbrega

(B)

EXPERIMENTAÇÃO/38 Depois que chegar em uma linguagem que contemplava pontos como simplicidade, ser de fácil reprodução e apropriação, parti para um estudo de cores. A cor estava sendo usada como um mero preenchimento, os personagens não estavam ganhando força com as cores.

Assim resolvi utilizar em algumas peças gráficas gradiente de cores. Os gradientes evidenciavam os personagens e as suas personalidades. Decidi que os personagens seriam desenhados digitalmente com uma caneta (tablet e photoshop).


(d)


Beatriz Nóbrega

Existem várias maneiras interferir na rua com um objeto de comunicação. Pode-se usar a própria rua como suporte e interferir no que já está nela (pontos de ônibus, carros, metrô, calçadas, muros…) ou então levar um objeto ou uma peça gráfica e deixar a rua. Listei uma série de suportes e peças gráficas que eu poderia produzir: • lambe-lambe • cartazes formatos variados • cavalete propaganda eleitoral • bandeiras • adesivo ponto de ónibus • máscaras/performance • adesivos • bottons • personagens recortados em madeira • projeções • distribuição jornal • fita durex com personagens impressos • balões • stencil escadas de rua • stencil/caneta/fita preta na calçada e/ou nos muros • distribuição de cartazes

(D)

SUPORTES/39

Pensando em dar início ao projeto escolhi alguns ítens dessa lista para produzir. Decidi desenvolver lambe-lambes A1 e bandeiras impressos em serigrafia, bottons coloridos e preto e branco, cartazes A3 coloridos impressos em risografia, adesivos impressos na impressora laser e vinil recortado para colar em ponto de ônibus e outras superfícies da rua.


Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/40


Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/01


Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/01


Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/01


Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/01


Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/01


Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/01



Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/01


Beatriz N贸brega

(D)

PERSONAGENS/01


(e)


Beatriz Nóbrega

(E)

PRODUÇÃO/50


Beatriz Nóbrega

(E)

PRODUÇÃO/51


Beatriz Nóbrega

(E)

PRODUÇÃO/52


Beatriz Nóbrega

(E)

PRODUÇÃO/53


Beatriz Nóbrega

(E)

PRODUÇÃO/54


Beatriz Nóbrega

(E)

PRODUÇÃO/55


Beatriz Nóbrega

(E)

APLICAÇÕES/56


Beatriz Nóbrega

(E)

APLICAÇÕES/57


Beatriz Nóbrega

(E)

APLICAÇÕES/58


Beatriz Nóbrega Penso que para dar dar continuidade ao projeto não posso deixar os personagens morrerem expandindo a área onde eles estão. Uma forma de concretizar essa expansão é encontrar parceiros, tanto no Rio como em outros estados, que queiram participar e espalhar os personagens pelas ruas, mas que não comprometam a essência e o objetivo do projeto. Criar um site, seja estático com um email, pode ser uma forma de facilitar essas parcerias. Outra maneira de dar continuidade a esse projeto, até mesmo com novos personagens, suportes e em diferentes situações é inscreve-lo em editais culturais. Para isso e por outros motivos de identificação dei o nome a esse sistema de personagens de XIO. O nome parte do verbo Chiar conjugado na primeira pessoa: (Eu) chio. Chio é um resmungo, um barulho insistente, uma perturbação. Chio também é emitir um som agudo. É uma palavra informal, despretensiosa e fácil. XIO: Sinal de soma (quando o X é rotacionado) e multiplicação. Elementos gráficos interessantes para falar do projeto, já que foca em ações individuais voltadas para o coletivo. Remete a um código, um mistério que existe por trás do anonimato de quem espalha os personagens pelas ruas.

(E)

CONTINUIDADE/59


Beatriz Nóbrega A experiência de trabalhar coma rua me trouxe a a dimensão das disputas territoriais que acontecem em torno da ocupação de muros e paredes. Do meu ponto de vista essa disputa vai contra o princípio de ocupação livre e espontânea do espaço urbano. O objetivo do projeto é ser uma intervenção harmônica, por isso pretendo me afastar desses espaços de rivalidade. Diante da proposta de desenvolver um projeto que concluísse o curso de design aprofundei questões que refletem sobre quem eu sou, o que eu faço e como eu faço. Nesse projeto iniciei uma pesquisa sobre mudança, educação e transformação através do design. Vejo no design uma possibilidade para me expressar como indivíduo além de ser uma ferramenta que me coloca ativa no mundo com o potencial de trazer mudanças para a sociedade. Vejo um designer também como um projetista de sistemas complexos que envolvem sociedade, cultura e cidades. Esse projeto fala sobre mim, minha forma de ver o mundo, meus objetivos e minhas expectativas. Fala sobre reflexão e expressão.

(E)

CONCLUSÃO/60 Agradeço à: Lilian / Marcelo / Miguel / Eduardo / Rafael / Ana / Celina / Elisa / Adriana / Tatiana / Luisa / Isadora / Pedro / Vidi / Maíra / Barja / Miguel Carvalho / Roberta / Suzana / Evelyn / Bebel / Julia / Julieta / Paulo / Leo / Vinicius / Zoy / João / Olívia / Pedro / Carminha / Leandro / Marina /


Beatriz Nóbrega (1) Tradução de: KAIZER, Felipe. Beyond the Ability to Respond. Disponível em: <http://www.icograda.org/feature/ current/articles1581.htm>. Acesso em 19 março 2014 (2) Diálogo (filosofia). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$dialogo-(filosofia)>. Acesso em 17 março 2014 (3) Política (Aristóteles). Wikipédia. Disponível em: <http:// pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_(Aristóteles)>. Acesso em 23 março 2014. (4) ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 4.ed. Rio de Janeiro : Forense Universitária, 1989, 189p. (5/11) João Ubaldo Ribeiro explica por que política se tornou uma profissão. Livraria Folha. Ago. 2010. Disponível em: <http:// www1.folha.uol. com.br/folha/ livrariadafolha/791011-joao-ubaldo-ribeiro-explica-por-que-politica-se-tornou- -uma-profissao-leia-trecho.shtml>. Acesso em junho 2014. (6) PROJECT PROJECTS. Productive Posters. Abr. 2008. Disponível em: <http://projectprojects.com/productive-posters/>. Acesso em 14 abril 2014.

(E)

BIBLIOGRAFIA/61 (7) THE NEW SCHOOL. Vera List Center for Art and Politics. Disponível em: <http://www.newschool.edu/ vlc/> Acesso em 14 abril 2014. (8) PROJECT PROJECTS. OURS: Democracy in the Age of Branding. Out. 2008. Disponível em: <http://projectprojects.com/ours-democracy-in-the-age-of-branding/>. Acesso em 14 abril 2014. (9) Tradução de: Design as Politics/Politics as Design. Disponível em: <http:// www.designaspolitics.com>. Acesso em março 2014. (10) RODRIGUES, Carla. Em novo livro, filósofo Jacques Rancière analisa contradições do sistema representativo. O Globo. Disponível em: <http://oglobo. globo.com/ cultura/livros/em-novo-livro-filoso- fo-jacques-ranciere-analisa-contradicoes-do- -sistema-representativo-13845708>. Acesso em 7 setembro 2014. (12) MEIRELES, Cildo. Inserções em Circuitos ideológicos (1970). Passantes Redezero. Disponível em: <http://passantes.redezero. org/reportagens/cildo/inserc. htm>. Acesso em 10 setembro 2014. (13) PINTEREST BEATRIZ NÓBREGA. Painel: Ante e P8. Disponível em: <http://www.pinterest.com/bianobrega/ante-e-p8/>. Acesso em 27 de maio de 2014.


Beatriz Nóbrega

XIO: um estimulo à ações políticas no dia-a-dia.

relatório 02


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.