Batistacampos

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PRAร A BATISTA CAMPOS

Praรงa Batista Campos SIMPLESMENTE BELA

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PRAÇA BATISTA CAMPOS

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Helly Pamplona

PRAÇA BATISTA CAMPOS

PRAÇA BATISTA CAMPOS - 1902 3


Foto de Flรกvio Contente


Praça Batista Campos SIMPLESMENTE BELA

1904 - 2017

REALIZAÇÃO

Belém - Pará 2017


ÍNDICE 09 HOMENAGEM A EGYDIO SALLES POR AMIGOS DA PRAÇA 11 PREFÁCIO POR MARÍLIA RIBEIRO 15 DEPOIMENTOS JOSÉ OLIMPIO BASTOS FRANCISCA OLIVEIRA PERI NEVES GUILHERME MUNSSEN CLAUBER BRANDÃO DE SÁ FERNANDO SETTE CÂMARA 24 RELATÓRIOS POR ANTONIO JOSÉ LEMOS 87 BIBLIOGRAFIA




PRAÇA DE BELÉM Praça Batista Campos Recanto de muitos Encantos Para alegria dos frequentadores De todas idades e que são tantos; Peixinhos em suave nadar, Garças nas árvores pousadas E outras nos lagos a observar A espreita, para se alimentar. As pontes para os lagos atravessar, Bem ao estilo daquelas de Veneza, Mas uma praça com tanta beleza, Não se deve comparar, mas se orgulhar. Frondoso e lindo Ipê Amarelo, Altivo, entre outras, o amor chama E as flores, soltas, caindo na grama, Formam as cores do Brasil em aquarela. As crianças alegres, com um balão, Mães atentas, as levam pela mão E um palhaço que faz graça, Atirando bolinhas de sabão. Naquele banco, um casal apaixonado, Sob a sombra das arvores, com frescor E a noite, a praça toda iluminada, Cenário de mais uma história de amor. Homenagem de Joacyr Rocha – Belém, (400 anos) 31 de outubro de 2015.


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HOMENAGEM A EGYDIO SALLES A CASA, A FAMÍLIA, A PRAÇA E A SAUDADE Meus pais Egydio e Ivete casaram em 1952, mas, dede 1950, começaram a construção de uma casa num terreno comprado na Pe. Eutíquio, entre Mundurucus e Pariquis, bem próximo da Praça Batista Campos. Quando eu nasci, em 1953, sai da maternidade direto para essa casa da Pe. Eutíquio 1780, para onde meus pais haviam mudado pouco antes. Eles moravam com meus avós maternos no Reduto. Posso dizer, assim, que nasci em Batista Campos por escolha de meus pais. Posso dizer também que a Praça Batista Campos era praticamente o quintal da casa onde moramos quase toda a vida, meus pais e minhas três irmãs. Quando éramos crianças, nossa mãe nos levava muito para brincar na Praça, com a qual convivíamos como em nossa própria casa, junto com toda a molecada que morava por ali. Era um tempo em que as condições paisagísticas e urbanísticas do entorno eram bem diferentes das atuais. Não existiam os edifícios em volta da Praça, as passagens internas eram de areia, as ilhas dos lagos tinham nomes de bichos, que talvez um dia tenham sido criados ali, em viveiros: Ilha das araras, ilha das cobras, ilha dos macacos. O castelo de pedras, que esconde um poço, era tido como mal assombrado. As ruas que formavam o quadrilátero da Praça eram de paralelepípedos. Essas características ficaram por muito tempo, até que a urbanização trouxe os edifícios, o asfalto, o cimento alterando muito as características originais do logradouro. Era um tempo em que ainda se jogava bola, principalmente na chuva, tomava-se banho nos lagos e pescava-se, tudo contra a vontade dos bombeiros que, na maioria das vezes não vinham atrapalhar a brincadeira da molecada por causa da chuva. Desde aquela época havia uma espécie de alojamento onde ficavam os bombeiros, próximo à Serzedelo com a Mundurucus. A pescaria era feita com um anzol, na verdade um alfinete dobrado, usando como isca miolo de pão.

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Nesse tempo meu pai não era muito de freqüentar a Praça, mas ia muito à casa de amigos que moravam no entorno. Acho que no fim dos anos 80 foi que meu pai começou a frequentar a Praça e, junto com os amigos, a fazer suas caminhadas matinais, quase diárias. Não me lembro de tê-lo visto caminhar sozinho. Estava sempre em grupo, apito na boca, acionado quando ... melhor não dizer. Tudo na Praça era passado em revista. O que não era bem avaliado ia para conhecimento público através da coluna dominical que ele mantinha em “O Liberal”. Para melhor cuidar da Praça ele e os amigos freqüentadores, criaram a Associação dos Amigos da Praça Batista Campos. Foi através dessa associação que muitas melhorias foram conquistadas para a Praça. Lembro dos lagos “repovoados” de peixes, o que atraiu as garças que ficam nas samaumeiras da Serzedelo com a Tamoios e são um espetáculo à parte visto de cima. Visto por baixo, nem tanto: as garças não têm o hábito de usar banheiro. Os jardins eram outro ponto dos cuidados da associação, assim como as pontes de madeira que certa vez, foram refeitas com material doado por amigos da Praça. Na época da floração, os ipês eram, como ele dizia, um “desbunde”. Como esse momento das flores amarelas dos ipês era anual e de curta duração, ele procurava perpetuá-lo contratando fotógrafos para registrar a beleza das árvores e do chão, coalhado de flores, feito um tapete. Nas datas mais importantes, principalmente Natal, a associação promovia cafés da manhã e campanhas de solidariedade. Ele vibrava. Contudo, não há nada mais emblemático do que o amor que ele tinha pela Praça, do que a árvore de Pau Brasil que ele plantou, no centenário de inauguração da Batista Campos. Foram meses cuidando da muda que ele trouxe da Bahia, já agora num apartamento próximo à Praça para onde ele mudou, à espera do momento em que a árvore estivesse crescida para viver em seu novo lar, onde está até hoje, impávido colosso, adubado pelas cinzas de seu jardineiro. Da casa veio a família, da Praça uma nova casa e uma nova família. No fim a lembrança e a saudade.


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DEPOIMENTOS

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Praça Batista Campos é uma das praças mais bonitas do Brasil e é o nosso parque de Belém onde desenvolvemos saudáveis hábitos sociais, culturais, físicos e sentimentais. A ornamentação de cada território da praça foi projetada para causar um esplendor de efeito arquitetônico e paisagístico. Eu particularmente caminho há uns 30 anos em volta e por dentro dela, cada dia observando encontro um detalhe novo, uma impressão poética ou até mesmo uma constatação negativa que precisa ser cuidada. Tantos foram os momentos agradáveis e importantes que convivi nesse período onde as transformações em seu entorno fazem dessa pequena praça um dos maiores parques verdes da cidade e um pequeno jardim botânico pela diversidade de espécies vegetais contabilizados. Em virtude das comemorações do aniversário de 401 anos da cidade de Belém do Pará e do aniversário da Praça que este ano completa 113 anos, a Associação Amigos da Praça Batista Campos preparou um presente especial para Belém. Fizemos um levantamento de pesquisa através do projeto Belém de Todas as Épocas realizado pelo SESI/PA para conhecer o que o seu idealizador, o Intendente Antonio José Lemos (1897-1908), pensou e projetou para este logradouro público que se tornou um dos símbolos urbanos mais frequentados e inspiradores da cidade. Em seus relatórios de gestão municipal, escreveu entre os anos de 1897 e 1908, a concepção, a construção, as primeiras manutenções e o desenvolvimento da Praça Batista Campos de acordo com uma política pública de embelezamento da cidade e melhoria dos logradouros públicos. Por isso, apresentamos ao público esse material de fundamental importância para a conscientização e a preservação do nosso patrimônio material e para a memória histórica da cidade. A ideia é recuperar a relação da praça com um projeto de qualidade de vida para a cidade evidenciando não apenas essa parte histórica e documental mas estimular novas iniciativas da sociedade civil e do poder público em prol das melhorias estruturais. Em Belém são raros os casos de locais públicos que realmente servem à população e são adotados pela mesma para transformá-los e serem usados como espaço de convivência e interação social. A Praça é nossa como as Samaumeiras são das garças.

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José Olimpio Bastos Presidente da Associação dos Amigos da Praça Batista Campos.


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O AMANHECER NA PRAÇA BATISTA CAMPOS

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oje, no amanhecer de um novo dia, apreciando a beleza natural de nossa querida praça que fará 113 anos no dia 14 de fevereiro, muitos são os motivos para comemorarmos e preservarmos este belo logradouro que tanta emoção já nos proporcionou ao longo deste século de vida. Certamente gostaríamos que nossos filhos e netos possam também desfrutar de sua beleza ambiental e paisagística. Conversando com as pessoas que compartilham daquele momento maravilhoso do dia em que pode-se observar suas lindas plantas verdejantes com o orvalho da madrugada recebendo os primeiros raios de sol do amanhecer. Em cada um busquei uma palavra à pergunta: O que a praça Batista Campos lhe proporciona? Eis algumas respostas cunhadas de seus transeuntes: “Saúde, Plenitude, Calma, Serenidade, Paz, Tranquilidade, Bem Estar e Qualidade de vida”. E assim seguimos em nossa caminhada sentindo o cheiro da terra molhada de encontro a belas e frondosas mangueiras carregadas de frutos saborosos que tanto enriquecem o cardápio do paraense com sua dose diária de fibras, vitaminas e sais minerais. Caros amigos, vamos nos dar as mãos em uma corrente solidária na preservação de nossa Praça Batista Campos pois ela é dos pássaros que gorjeiam na madrugada, das garças que se alimentam dos peixes nos lagos e à noite embranquecem a copa das Samaumeiras da avenida Serzedelo, das crianças que brincam nas manhãs ensolaradas dos domingos e feriados, dos casais que namoram ao entardecer em romântico por do sol, dos jovens que passeiam pela praça à noite em gostosas paqueras, da mulher que luta para perder os quilinhos adquiridos em excessos alimentares, do homem que joga conversa fora com os amigos em seu bate papo diário, na promessa de um dia fazer dieta e eliminar a “barriguinha de chopp”, da turma que vê o sol nascer e se por diariamente durante o“cooper” em busca de melhor qualidade de vida. A praça é de todos nós que fazemos deste espaço nossa segunda casa. Seja mais um membro de nossa Associação, pois a Praça Batista Campos precisa de você para sua conservação. Se cada um se dedicar a der um pouco de seu tempo e amor seremos muito mais fortes e coesos para cuidar de nossa praça, rica em história e estórias com seu charme europeu em plena Amazônia, considerada uma das mais bonita do Brasil. Podemos com a nossa união torná-la a mais bonita do mundo. 13

Francisca Oliveira Vice-Presidente da Associação dos Amigos da Praça Batista Campos.


DEPOIMENTOS

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PRESERVAR AS PRAÇAS É PRESERVAR A VIDA

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raça Batista Campos, um dos cartões postais de nossa Capital, para nós, amantes desse espaço que nos traz tanta felicidade e qualidade de vida no seu dia-a-dia, e a todos aqueles que vivem por perto, é um grande símbolo da arquitetura da Belle Époque. Sua localização privilegiada e espaço físico, possuindo uma área aproximada de 3.000 metros quadrados, constitui um dos ambientes mais bonitos de nossa Capital, onde todos os paraenses e visitantes podem exercer suas atividades físicas, principalmente na época em que as mangueiras estão todas carregadas de frutos; ou, simplesmente, buscam a paz e sossego escutando as várias sinfonias dos pássaros que habitam as frondosas e centenárias samaumeiras. Fundada em 1904, o nome da PRAÇA BATISTA CAMPOS foi uma homenagem a um dos principais personagens da Cabanagem, Cônego Batista Campos, durante o governo do intendente Antônio Lemos, considerado o maior gestor e visionário que nossa querida Cidade já teve. Com a visão de futuro dos que desfrutam desse maravilhoso local, e visando sua preservação na tomada de decisão sobre os problemas que lhe afetam, foi criada a “Associação dos Amigos da Praça Batista Campos”, com a finalidade primordial de colaborar e lutar pela sua saúde em todos os sentidos: riqueza da sua biodiversidade e arborização do meio ambiente, em função do nosso clima tropical úmido. Peri Neves

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Peri Neves Diretor de Relações Institucionais da Associação dos Amigos da Praça Batista Campos e Empresário.


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A PRAÇA MAIS BONITA DO MUNDO

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secular e apreciada arquitetura da Praça Batista Campos tem na natureza a sua moldura. Como imaginar sua beleza sem o ambiente, que sobrevive ao lazer urbano de uma metrópole de quatro séculos? Os belenenses tem orgulho deste monumento público, que é envolvido por um lago, recortado por sinuosos caminhos, desenhado por jardins e embalado na melodia que brota nos coretos. Nós os “Amigos da Praça” somos apaixonados por ela e confessamos até ciúmes, quando a vemos tentando oferecer melhor qualidade de vida e recebendo em troca uma extraordinária pressão urbana neste espetacular porém frágil logradouro. Neste livro as imagens de um passado que precisa ser respeitado e a nossa intenção em resgatar a sua sustentabilidade original, pois na comunidade a necessária melhoria da qualidade de vida se faz mentalmente recomendável. Não temos a utopia de usufruir dela como em tempos passados, porém as praças têm contribuído para o respeito ao meio ambiente, ao patrimônio histórico, além de auxiliar no controle da radiação solar, umidade do ar, ação dos ventos e educação. Poderíamos parodiar o pessoal do ‘Mosaico de Ravena’, dizendo “Quem quiser venha ver / Mas só um de cada vez / Não queremos nossas garças branqueando vocês”, mas precisamos agora de todos, para defender a natureza amazônica e corrigir erros agronômicos e zootécnicos que incluíram nesta paisagem exóticos pombos, tilápias e mussaendras além de permitir buracos, lixo, erva-de-passarinho. Conte conosco querida praça, És testemunha que tudo sabemos de futebol, política, religião, medicina e previsões. Se não acertamos tudo, é porque a sua beleza trai nossa visão.

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Guilherme Missen Diretor de Meio Ambiente da Associação dos Amigos da Praça Batista Campos.


DEPOIMENTOS

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NOSSO RECANTO Ela é nossa, toda nossa, inteiramente nossa. Nós a vemos e ela nos vê. Nós a sentimos e ela se compraz em nos ter. O amor é recíproco. Nós a amamos. Por sua vez, ela também nos ama, na sua maneira de ser, com suas árvores, suas sombras, seus bancos acolhedores. Discreta, ela guarda muitos segredos e confidências, pois ouve as confissões de amor dos namorados, sob a sombra de suas árvores ou no aconchego dos seus bancos, banhados de luz. Ela é a delícia das crianças, propicia o nascer de amizades, que se perenizam, colhe os risos dos que passeiam ou caminham por suas alas sombreadas. Nada diz, ante os que, por vezes, a procuram, com lágrimas nos olhos. No seu seio foram derramar dorido pranto. Ela, no entanto, os acalenta, com sua brisa amena e o farfalhar de suas árvores frondosas. Os pássaros também são seus visitantes, nos galhos das árvores e, até mesmo, na grama, na companhia de diversificados e belos cães que a têm como uma terna mãe. Eis que assim é o nosso encanto: a Praça Batista Campos, centenária, mas sempre jovem. É para ela este nosso canto de amor, que se entoa desde muito e será entoado para sempre, porque nosso amor por ela e dela por nós jamais morrerá.

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Clauber Brandão de Sá Escritor e Cientista


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A NOSSA PRAÇA

As cidades, todas elas, têm suas praças. Algumas se destacam por seus monumentos, outras por seus aconchegantes jardins. Há aquelas que sediam imponentes instalações ou, até mesmo, dispõem de peculiares características ou privilegiada localização. Enfim, há praças e praças, mas nenhuma como a ‘Batista Campos’ da nossa quadricentenária Santa Maria de Belém do Grão Pará. Fui a ela apresentado 1979, quando aqui aportei e logo por ela conquistado. A beleza dessa praça está na simplicidade e na harmonia de suas formas. Suas passarelas, pontes e coretos são elegantes, sem suntuosidade e sem conflitos com seu entorno. A rica diversidade de seu arvoredo, onde se destacam gigantescas samaumeiras, não destoa das tradicionais mangueiras que a circunda. O lago que a permeia fornece peixes que alimentam garças que, por sua vez, encantam transeuntes. Suas aleias ensejam caminhadas tranquilas para os mais vividos e espaço para brincadeiras infantis. E, claro, não poderia deixar de ter acolhedores bancos de madeira oportunizando papos amigos ou de românticos casais. É por essas e outras que, nos fins de tarde em que tenho oportunidade de perambular pela praça, me detenho em um de seus quiosques para desfrutar um coco gelado e curtir a tranquilidade do local. É quando me sinto renovado ao reviver o sossego e a calmaria da pequena vila de Minas em que nasci e fui criado. Mas a ‘Batista Campos’ vai além e abre espaço para os ‘atletas’ de todas as idades que como eu, nos primeiros clarões do dia, praticam caminhada, correm ou se exercitam em busca de melhor qualidade de vida. A praça também brinda seus frequentadores com múltiplos serviços de utilidade pública: apresentações artísticas; feiras de artesanatos; eventos esportivos; expedição de documentos e inúmeras outras ativi-dades . E por ocasião dos tradicionais festejos do Círio de Nazaré, se estendendo ao período natalino, a praça se engalana com luzes, cores, bandas e corais, para alegria de seus frequentadores. Boa parte dessas atividades é incentivada pela Associação dos Amigos da Praça Batista Campos que conta com o apoio e o prestígio do Sistema FIEPA. Porém vale lembrar que a praça precisa de cuidados. O município, aos poucos, vem fazendo o básico, mas urge a recuperação completa dos coretos, pontes, passeios e sanitários. Assim, é tempo de nós – usuários e beneficiários de tantas benesses – somarmos esforços com a Associação, na proteção desse belo e inestimável patrimônio de Belém. 17

Fernando Sette Câmara Advogado


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TEXTO PRESIDENTE FAEPA Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto Texto

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Carlos Xavier Presidente da FAEPA


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O PROJETO BELÉM CIDADE LUZ DA AMAZÔNIA

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esde 2011, o projeto BELÉM CIDADE LUZ DA AMAZÔNIA busca resgatar o convívio familiar em áreas públicas, através de apresentações de mais de 100 artistas de música, dança e folclore, todos de forma voluntária. Além de estimular a cultura, o projeto provoca um incremento do turismo e na economia dos estabelecimentos comerciais de toda a cidade, sem contar com a autoestima das pessoas. Só em 2016, mais de 7 mil artistas integraram a programação que compreende 72 dias. Desde o início, o Belém Cidade Luz da Amazônia amadureceu e ganhou a adesão de grande parte da cidade – seja as residências até ambientes empresariais. Iluminar Belém e transformá-la em um novo ícone é apenas uma das metas do projeto ‘Belém, cidade luz da Amazônia’. A iniciativa dá uma nova cara para a cidade, e tomou como ponto de partida a Praça Batista Campos, em Belém. A iniciativa, do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), é uma ampliação do projeto ‘Um presente para Belém’, idealizado pela Gerência de Cultura, Esporte e Lazer do Serviço Social da Indústria (SESI) do Pará. Em 2011, ‘Um presente para Belém’ ficou limitado na praça. Em 2012, além do logradouro, os prédios da Fiepa na região metropolitana de Belém também foram iluminados. Desde o início, a ideia era propor uma iluminação para a cidade inteira, o que foi possível especialmente a partir de 2012, com a ampliação do projeto. Mas para que, de fato, futuramente Belém esteja toda iluminada, era necessário partir de um ponto de referência. Assim, para isso, escolhemos a Praça Batista Campos que, além de ser um importante ponto turístico da capital, é um lugar no qual desenvolvemos diversas atividades culturais, sociais e esportivas em parceria com a TV Liberal, a Prefeitura Municipal de belém e outros parceiros públicos e privados. Viva a Praça Batista Campos. Simplesmente bela! 23

José Conrado Santos Presidente do Sistema FIEPA


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PREFÁCIO

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SOBRE A PRAÇA BATISTA CAMPOS POR MARÍLIA RIBEIRO

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ocalizada nas adjacências do centro tradicional de Belém, a Praça Batista Campos está situada próxima ao Cemitério de Nossa Senhora da Soledade (já desativado) e a Praça Milton Trindade (antigo Horto Municipal). E limitada pelas Ruas dos Mundurucus e dos Tamoios, Travessa Padre Euti’quio e a Avenida Serzedelo Correa, no bairro de Batista Campos. Uma das principais metas da administração do Intendente Antonio Lemos, conforme visto anteriormente foi a construção dessa Praça. Antes da intendência de Lemos, o terreno onde a Praça se localiza era de propriedade particular e pertencia a Dona Maria Manoela de Felgueiras e Salvaterra. Com o decorrer dos anos e com o crescimento da cidade, finalizando com a morte de Dona Manuela, as terras passaram para a Câmara de Belém e passaram a ser conhecidas na época como O Largo de Salvaterra (figura 03). Durante a administração de Lemos, o terreno, que logo depois ficou conhecido como Largo do Sergipe, em homenagem a recém criada província, desmembrada da jurisdição baiana passou a ser denominado, oficialmente de Praca Batista Campos, uma homenagem de Lemos ao então Cônego Joao Batista Goncalves Campos 33, o qual foi uma figura em destaque no cenário histórico e político do Estado do Para’. ROCQUE (1996) comenta que em 1874 a área da Praça Batista Campos era apenas um grande ma-

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tagal pantanoso e, em 1884, uma savana de capim. Revela ainda que a área que ali se estabelecia, chamada então de Largo do Sergipe, não passava de um inexpressivo largo, com muitas mangueiras e um canteiro central. Neste período, somente a área da Travessa Padre Eutiquio era ajardinada. A partir de 1900, pela administração de Lemos, a área começa a passar por intervenções de ajardinamento e é desenvolvido um plano de urbanização para transformá-la em um local de atração para a população. Em 1904, a praça foi inaugurada (figura 04) e seu projeto teve e ate’ hoje mantém características do paisagismo inspirado no romantismo inglês, que foi seguido no Brasil a partir da segunda metade do século XIX, quando o naturalismo caracterizava o pensamento da época e influenciava as construções voltadas a natureza e a sua imitação (ROCQUE, 1996; SOARES, 2009). Joao Batista Goncalves Campos foi um importante ativista politico do Estado do Para’. Era cônego, jornalista e advogado e teve destaque durante as lutas partidárias que culminaram com a explosão do movimento da Cabanagem (1835-1840). Foi autor intelectual do movimento da Cabanagem, alimentando a resistência do povo contra o governador da província Bernardo Lobo de Sousa (ROCQUE, 1996). O cenário naturalista da Praça remete a tradição contemplativa dos jardins públicos dos séculos XVIII e XIX (figura 05) e sua composição arquitetônica tem características do estilo eclético, contendo “plantas ornamentais, córregos, pontes, bancos, caraman-


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chões, pavilhão acústico e coretos de ferro”, tudo em acordo com a típica flora amazônica (SOARES, 2009, pg. 150). Seu tratamento paisagístico conta com um projeto que reúne duas vertentes do estilo eclético, misturando o traçado em cruz das escolas clássicas francesas, com a sinuosidade do desenho romântico do paisagismo inglês. O lago sinuoso, cortado por eixos ortogonais que conduzem ao estar central, representa de forma emblemática o ecletismo. Nesta praça, encontram-se diversos elementos que caracterizam a arquitetura romântica, como pontes em madeira ou alvenaria, de formas planas e curvas, com corrimãos feitos de travessas de madeira, enroladas por arcos de ferro e rebocadas de cimento, imitando a madeira natural; como o lago que se divide em quatro partes separado por paredes de pedras de concrete formando pequenos rochedos e como a torre do castelo em ruinas para disfarçar os reservatórios de agua, os caramanchões e os coretos de ferro. Os coretos são um dos símbolos românticos do período favorecido pela riqueza gerada durante a economia da borracha. Era época da chamada arquitetura metalúrgica, segundo Soares (2009), onde os governos municipais escolhiam os modelos em ferro nos catálogos vindos da Europa, a maioria da Grã-Bretanha, Alemanha, França e Bélgica. Esses modelos eram encomendados para compor os espaços públicos dos municípios que implantavam uma politica de embelezamento, como por exemplo, o município de Belém, que trouxe para a cidade “parte da cultura urbanística e paisagística dos maiores centros europeus” (SOARES, 2009, p. 83). 30

Esses coretos eram também chamados de pavilhões harmônicos, destinavam-se a apresentações de bandas musicais, a encontros de namorados e ao lazer infantil. Os coretos vindos para Belém também integravam os projetos de ajardinamento das Praças principais da cidade, eram de estilo art nouveau, todos em ferro assentados sobre alicerces de alvenaria, em geral com planta octogonal e piso de ladrilho hidráulico (SOARES, 2009). Na Praça Batista Campos foram implantados cinco coretos em ferro importados da Alemanha, segundo Soares (2009), um montado no centro da Praça (figura 06) - o Pavilhão 1° de Dezembro, o maior deles 34- e os outros, menores, instalados em posições assimétricas, o que atribui a área uma paisagem romântica. A composição estética do Pavilhão 1° de Dezembro e’ de uma estrutura em ferro com pilares duplos trabalhados, assentados em embasamento de alvenaria elevado a um metro do solo. Sua planta possui doze lados e os gradis circundantes, superiores e inferiores, são compostos por desenhos em arabescos (SOARES, 2009, p. 98-99). O coreto principal desta praça tem em seu nome uma referenda ao dia da coroação de Dom Pedro I como imperador do Brasil - 1° de dezembro de 1822 (SOARES, 2009, pg. 100). Os outros quatro coretos tem características mais simples, se assemelham por serem da mesma época, 1903, e pelo adorno existente em forma de flor nos pilares, uma característica do art nouveau, segundo Soares (2009). Dois deles tem planta com forma de polígono de doze lados, outro tem planta octogonal e o outro com planta de dezesseis lados (figura 07).


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PRAÇA BATISTA CAMPOS ALBUM DEL PARÁ - 1899

Com mais de vinte e oito mil metros quadrados (28.000 m2) de área, a Praça Batista Campos obedece, em parte, ao modelo de ajardinamento das demais praças de Belém realizado durante a administração do Intendente Lemos, correspondendo ao piano de jardins sem grades, que segundo Soares (2009), foi colocado em pratica no Brasil, pela primeira vez, através da intendência de Belém. A administração de Antônio Lemos, anos seguintes a inauguração da Praça Batista Campos, prestava manutenção e fazia pequenos reparos, mas, após essa administração a Praça passou por um período de abandono, segundo Rocque (1996). Contudo, 31

a partir da década de 1960 teve incorporado alguns equipamentos e usos devido a expansão e ao aumento da população residente do seu entorno, como por exemplo, foram incorporadas novas atividades sociais e espaciais, além do uso contemplativo que remete a sua origem, somou-se a pratica de esportes e o lazer infantil, através da implantação de equipamentos de ginastica e de playground. O que se nota com o relato sobre a formação e a história da Praça Batista Campos e’ que ela própria pode ser considerada como um atributo físico-espacial, bem como o seu lago, o coreto central, os coretos menores, o traçado, as pontes, o castelinho e os


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O que se nota com o relato sobre a formação e a história da Praça Batista Campos e’ que ela própria pode ser considerada como um atributo físico-espacial, bem como o seu lago, o coreto central, os coretos menores, o traçado, as pontes, o castelinho e os caramanchões. Já’ sua vegetação pode ser considerada como um atributo da flora. Como exemplos de atributos histórico-culturais da Praça, se identificam: o seu estilo eclético; a sua influencia do paisagismo inglês; a sua importância histórica para a cidade, que remete ao período da Belle Epoque paraense, sendo um exemplo construído devido a promissora economia da borracha; um exemplo da incidência da politica de embelezamento e urbanização implantada por Antonio Lemos; uma representante da influencia artística europeia no Estado do Para’; ser um local de encontro da comunidade; um local com ambiente contemplativo; e um local cenográfico, com cenário romântico.

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caramanchões. Já’ sua vegetação pode ser considerada como um atributo da flora. Como exemplos de atributos histórico-culturais da Praça, se identificam: o seu estilo eclético; a sua influencia do paisagismo inglês; a sua importância histórica para a cidade, que remete ao período da Belle Epoque paraense, sendo um exemplo construído devido a promissora economia da borracha; um exemplo da incidência da politica de embelezamento e urbanização implantada por Antonio Lemos; uma representante da influencia artística europeia no Estado do Para’; ser um local de encontro da comunidade; um local com ambiente contemplativo; e um local cenográfico, com cenário romântico. Contudo, a esses atributos identificados podem ser conferidos, a luz do referencial teórico sobre os valores dos bens patrimoniais adotado, alguns valores, como por exemplo, o valor histórico e cultural, o valor de antiguidade e o valor artístico relativo, 0 valor histórico devido a representatividade histórica e cultural da Praça por ter sido construída durante o período da Belle Epoque e durante a administração de Antonio Lemos. O valor de antiguidade porque através dos seus atributos a Praça pode ser reconhecida como algo antigo, como um testemunho de um passado. Já’ o artístico relativo, por ser uma Praça capaz de expressar suas influencias artísticas europeias, do estilo eclético e do paisagismo inglês através dos seus atributos.

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Como exemplos de atributos histórico-culturais da Praça, se identificam: o seu estilo eclético; a sua influencia do paisagismo inglês; a sua importância histórica para a cidade, que remete ao período da Belle Epoque paraense, sendo um exemplo construído devido a promissora economia da borracha; um exemplo da incidência da politica de embelezamento e urbanização implantada por Antonio Lemos; uma representante da influência artística europeia no Estado do Para’; ser um local de encontro da comunidade; um local com ambiente contemplativo; e um local cenográfico, com cenário romântico. Contudo, a esses atributos identificados podem ser conferidos, a luz do referencial teórico sobre os valores dos bens patrimoniais adotado, alguns valores, como por exemplo, o valor histórico e cultural, o valor de antiguidade e o valor artístico relativo. 0 valor histórico devido a representatividade histórica e cultural da Praça por ter sido construída durante o período da Belle Epoque e durante a administração de Antonio Lemos.

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Jardins, Parques e Praças

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ossúe a nossa Capital, nas suas differentes praças, formosos jardins publicos.— recreio, encanto e admiração do forasteiro apprehensivo que, mal informado, desembarca cheio de desconfiança no solo paraense. Nem sempre foram as praças de Belém o que são hoje. A 15 de novembro de 1897, achavam se ajardinadas apenas as praças da Republica, Sant’Anna e Visconde do Rio Branco e parcialmente as de Baptista Campos e Independencia. Todas, entretanto, necessitavam de grandes serviços de conservação e ampliação, no sentido de seu melhoramento esthetico. Outras praças e logradoiros publicos, não ajardinados nem arborisados, apresentavam aspecto que nada tinha de agradavel. Mandei proceder á limpesa, aterro e nivelamento d’estes ultimos sitios, providenciando para que o serviço referente às praças ajardinadas tivesse deveras a necessaria importancia, de accordo com os direitos da população flagellada pela agrura do clima. Nossos jardins urbanos tornaram-se desde logo objecto dos mais attentos cuidados. Em Virtude do plano administrativo por mim adoptado, estes jardins serão, d’aqui a poucos annos, magnificos parques, prestando aos habitantes da cidade um grato refrigerio, mesmo nas horas mais duras do

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dia. De facto, o systema de ajardinamento exclusivo das praças foi julgado insufficiente, á vista das nossas condições de clima e, uma vez convencido pelo simples bom senso, proscrevi tal exclusivismo, para iniciar um processo misto, que participa do ajardinamento e da arborisação, com vantagens para a conveniencia publica e a economia municipal. Os effeitos não tardaram a apparecer. Já hoje, decorridos poucos annos, temos praças que promettem ser em breve magestosos parques centraes, cheios de encantadora sombra, mesmo ás horas de maior calma, o que é-, a meu ver, um beneficio de relevancia. Basta lembrar-vos que a praça Caetano Brandão data de hontem, pode-se dizer, c é já uma das mais formosas d’esta capital. Não attendo, assim procedendo, somente a uma questão de commodidade, porque o processo que preconiso é de consideraveis vantagens para a hygiene. Muito têm a lucrar a saúde publica, por meio do estabelecimento, em larga escala, de grandes núcleos de vegetação, no próprio coração da cidade. Os serviços do ramo acham-se entregues á competencia do habilissimo profissional sr. Eduardo Hass, chefe da jardinagem municipal, sob a direcção do Intendente. Para melhor orientação vossa, passarei a dar notícia especial para cada uma de nossas principais praças.


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Praça Baptista Campos - Iniciando em epocha anterior ao meu governo, o ajardinamento d’esta praça, uma das mais bonitas da capital, occupava limitada área, apenas do lado da travessa São Matheus. Fiz dar a maxima actividade aos trabalhos, de modo a receber todo o quadrilatero egual trato, sem descabidas preferencias. Quando o Conselho votou a Lei n.º 282, de 1900. mandei preparar planos para converter em bosque o ajardinamento da praça, comtanto que com a alteração não ficasse prejudicada a grande obra de arte alli projectada, em commemoração do veredictum que restituiu ao Brazil a posse do territorio contestado no Amapá. Em meiados de 1901 teve começo o reajardinamento da praça Baptista Campos, de modo a ficar ella preparada a receber o monumento acima referido. O plano escolhido é o de um grande parque com as arvores plantadas em linhas convergentes, qualquer que seja o ponto d’onde se olhe. Consideraveis têm sido as obras acolá effectuadas, com dispendio relativamente pouco consideravel. Os serviços agora acham-se adeantadissimos. Do que vae ser a praça Baptista Campos, em curto lapso de tempo, serve de sobra para mostral-o o presente estado geral das obras, visto uma das partes

d’aquelle aprazivel ponto achar-se já de accordo com o plano. Com effeito, nada mais delicadamente pittoresco do que essa parte da praça dotada de um riacho com cascatas, pontes rusticas, pequenos caramancheis, pavilhões, opulentas plantas aquaticas espalmando-se na frescura dos regatos e, por todos os lados, a triumphal vegetação equatorial, que é a nota predominante dos bellos logradoiros paraenses. Dentro de poucos mezes espero ver inteiramente ultimados esses trabalhos, que tornarão aquella praça uma das mais encantadoras diversões dos habitantes de Belém. Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Belém na sessão de 15 de novembro de 1902 - Pelo Intendente Senador Antonio José Lemos referente aos anos de gestão 1897 - 1902

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á no primeiro trimestre do anno ultimo, que vou passando em revista, era deveras uma delicia examinar e admirar o que alli se tinha feito de gracioso, de elegante, em ajardinamento e ornamentação. Consagrou os esforços da Intendência a própria população de Belém, affluindo em massa, durante o carnaval d’esse ano, para aquella praça, onde centenas de famílias se apraziam em folgar por muitas horas successivas. Não me seria dado gosar de maior e mais completa prova de apoio ao meu plano, por parte da culta sociedade paraense, do que a preferência concedida á praça Baptista Campos, cujos trabalhos, aliás, ainda não estavam terminados. Para esta praça encomendei do estrangeiro quatro pavilhões harmonicos muito elegantes, todos de ferro, destinados a bandas marciais, que dêm concertos em épocas festivas. Também providenciei sobre a retirada de um horrível chafariz existente no centro da praça. Os materiaes aproveitáveis foram convenientemente utilizados. O aeromotor alli estabelecido correspondia perfeitamente a seu fim. No 2º trimestre era esta a praça que mais se destacava, não só pela sua vastidão considerável, como também pela multiplicidade de apreciáveis obras d’arte que nela se encontram. Effetuavam-se então importantes trabalhos no angulo formado pela avenida Serzedello Corrêa e rua Mundurucús. Prosseguiam no 3º trimestre os serviços 51

n’esta praça, que se ia tornando, a pouco e pouco, o logradoiro predileto da população da cidade. Chegaram da Allemanha dois bellissimos pavilhões e dois caramancheis, todos de ferro, destinados a esse parque. Foram estes assentados sobre fortes alicerces de pedras, tijolos rectangulares e cimento. Outro caramanchão, situado numa ilha, e construido de tijolos, ferro e cimento, em forma rustica. Construíram-se ainda outros pequenos caramanchões, ornados de colunatas, com bancos e mesas de alvenaria cobertos de latadas para trepadeiras. Aproveitou-se o chalet primitivamente instalado à praça Visconde do Rio Branco; reconstruído, serve agora para depósito de ferramentas. A 25 de novembro ultimo, prohibi a entrada alli de pessoas extranhas, afim de evitar que o serviço soffra os embaraços e inconvenientes motivados pelo transito publico. Chegaram da Europa mais quatro pavilhões de ferro, os quaes occuparão sítios convenientes n’aquele vasto recinto. Tenho certeza que a população de Belém saberá reconhecer os esforços do seu Intendente, cuja preocupação predominante é obter o bem -estar dos munícipes, sob todos os aspectos. O poço d’esta praça tem a profundidade de 9 metros e um diâmetro de 2.50 m, construido, como os demais, de tijolos apropriados e de argamassa de cimento. Sobre o poço existe o aeromotor, cuja torre tem 14 metros de altura. A bomba, movida por este motor, fornece 6.000 litros de agua toda a vez que a força do


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vento for de 4 metros por segundo. Em volta da torre construiu-se uma casinha de tijolos, a qual serve para resguardo do poço e depósito de ferramentas. Sobre esta formosa praça occorre-me offerecer-vos ainda os seguintes esclarecimentos. Sendo meu plano converter em parque a praça referida, o seu ajardinamento foi propriamente feito nesse sentido. Os canteiros são, portanto, largos para conterem grande número de arbustos, ervas e árvores. As ruas tem em geral uma largura de 4 metros com exceção dos quatro entradas principaes, que medem 20 metros de largura. As margens dos riachos e ilhas, os rochedos, as latadas para trepadeiras em circunferência da torre e da cascata - tudo está propriamente ornado de plantas especiaes. Ao centro da praça, lugar provisoriamente destinado a um grande pavilhão para música, far-se-á um canteiro circular, atapetado de relva. Existem 3 depositos de agua, sendo um de alvenaria de pedra e dois de ferro. Foram estes collocados um no alto do aeromotor e outro no alto da torre. O depósito d’agua, de alvenaria, acha-se no subterrâneo da torre. Todos os depositos tem communicação entre si. A torre foi construida solidamente de pedras, de cimento e areia, e tem uma altura de 8,50 m, inclusive o alicerce que conta 1,00m de profundidade. O depósito de água de alvenaria é coberto por um soalho de réguas de acapú e pau amarelo, d’onde se sóbe por meio d’uma escada para o primeiro andar, estando ahi colocado o segundo deposito de ferro para água. Construíram-se diversos parapeitos, em variados feitios, sendo alguns de comumnas de alvenaria e correntes de ferro, outros de ba52

laústres, outros de madeira de lei, fortificada por ferro e rebocada de cimento, imitando tóras de madeira natural. Encontram-se alli varias pontes, servindo não só de adorno, mas de commodidade para o transito publico. No quadrilátero formado pelas ruas Tamoyos e Serzedello Corrêa existem tres pontes: — A primeira, de 7m,50 de comprimento e 2 metros de largura, tem fórma de arco; os corrimãos são feitos de pernas-mancas de acapu, enroladas de arcos de ferro e rebocadas de cimento, imitando madeira natural. A segunda é plana, com 3m 40 de comprido e 2 metros de largo; os parapeitos são eguais aos da ponte anterior. A terceira ponte, assente sobre grossas vigas de acapu e trilhos de ferro, possue a cada lado duas pilastras que se comunicam por umas correntes de ferro, servindo estas de parapeito. No quadrilátero entre as ruas Serzedello Correa e Mundurucus vêm-se duas pontes: — uma delas e ponte-carramanchão com esteios do madeira petrificada, sobre os quais se colocou um gradil de fasquias de acapu, destinado a trepadeiras. O seu comprimento é de 6m, 25, a largura de 2 metros e a altura de 2m, 50. A outra ponte, de 6m, 15 de comprimento e 2 metros de largura é calçada no centro por um rochedo artificial. O feitio da ponte é rústico, imitando os parapeitos madeira natural. No quadrilátero da travessa São Matheus e rua Tamoyos, temos tres pontes rusticas, semelhando serem feitas de madeira natural, e uma ponte de madeira de acapú, suspensa por quatro correntes de ferro, presas em outras tantas columnas rematadas por castelos. O comprimento da ponte é de 8m,60 e a largura de 2m, 60. Duas das três pontes tem 6m ,80 de comprimento e a ultima 5m,50. A largura


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das três e de 2 metros. No quadrilátero da travessa São Matheus e rua Mundurucus encontram-se três pontes, sendo uma de 6m, 30 de comprimento e de largura 2 metros, e é de feitio rústico. Outra ponte mede 5 metros de comprimento e 2 de largura; é feita de madeira de acapú aplainado. A última ponte é arqueada e mede 10 metros de comprimento e 2m,30 de largura. Empregaram-se na sua construção cantoneiras de ferro e betume. Cada uma das quatro ruas principais tem uma grande ponte. Três delas são arqueadas e construídas de tijolos, betume e cimento. A quarta parte é feita de vigas de ferro, tijolos e cimento. Acha-se em construção e medirá 5m,80 de comprimento e 7 metros de largura. O parapeito é de balaústres redondos. Também está em construção perto da travessa São Matheus uma ponte cujo comprimento será de 14m,80 e a largura de 7 metros. O arco tem a extensão de 5 metros. Foram fundidos na praça os balaústres para esta, assim como para duas outras pontes. A que fica em frente a rua Padre Prudêncio mede 6m,75x7mA extensão do arco é de 3 metros. A quarta ponte é de 9m,75X7m, medindo o arco 5 metros de comprimento. Divide-se o riacho em quatro partes em virtude da grande diferença de nível na praça. Cada parte é separada da outra por meio de fortes paredes de pedras, formando estas montes de rochedos. A circunferência do riacho é de 744m,10. Aqui e acolá, são as margens enfeitadas por montes de rochedos. O leito destes riachos foi construído de forte camada (10 cent.) de betume rebocado por cimento (1 parte por 2 1/2 partes). O encanamento de água é feito por 145 metros de tubos de 2 1/2, polegadas; 36 me53

tros de 2”; 565 metros de 1 ½ e 1”; 78 de ¾: = 842 metros de canalização. Afora os bancos já existentes na praça, encomendaram-se mais 50, que estão sendo assentados no momento em que escrevo estas linhas. Temos ainda 42m, 70cm de bancos de alvenaria em volta do canteiro central e diversos outros nos vários caramanchões. Além do aeromotor, possuímos uma bomba a vapor, de tríplice expansão, a qual fornece 10.000 litros de água por hora. Move-a uma máquina cuja caldeira assentam em fortes alicerces de pedra e cimento, numa casinha de tijolos expressamente construída. Nada menos de 105 espécies de arbustos, ervas e árvores existem na praça. Espero poder de novo franquear ao público a praça Baptista Campos no mês de fevereiro próximo. Não receio ser taxado de exagerado assegurando-vos que esse formoso logradouro público, desde que se achem ultimados os seus trabalhos de embelezamento, poderá ser emparelhado sem desdoiro com os melhores congêneres das cidades europeias mais adiantadas. Regatos serpeiam por entre tufos de verdura, onde flores coloridas e perfumosas desabrocham ao vivificante sol equatorial; cascatas, onde a água límpida saltita sonoramente, surgem debaixo de aspectos deliciosos; aqui um canteiro originalmente talhado, ali uma pequena ponte, adiante uma cabana. E tudo forma um conjunto agradável, que prende durante horas o visitante, encantado nesse ambiente, que a arte vai transformando num recanto verdadeiramente sedutor.


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s páginas dos precedentes volumes d’esta serie encerram o histórico das praças de Belém, desde a data de minha primeira investidura na administração municipal. Começando logo denodadamente a curar dos altos interesses da saúde da população, impossível ser-me-ia deixar de lado o importante assunto da arborização urbana em larga escala, não só ao longo das ruas e avenidas, como também nas praças e demais logradouros públicos. De ano para ano patenteiam-se progressos sensíveis, levando-se d’est’arte a bom termo o meu antigo plano de transformar em umbrosos parques a maioria dos jardins de hoje, substituídos os arbustos floridos por vicejantes e copadas árvores, cuja sombra acolha, num refrigério, o transeunte, às horas mais cálidas do dia. Conservarei ajardinados apenas certos pontes das principais praças, ou os logradouros cujas estreitas dimensões os tornem incompatíveis com o plantio de grandes arvoredos. Deixarei, pois, de repetir esclarecimentos exarados em tomos anteriores, limitando-me a relatar várias ocorrências e os serviços realizados durante o ano de 1904, com o concurso inteligente e operoso do chefe da jardinagem municipal, sr. Eduardo Hass. Tais serviços foram numerosos e consideráveis, como o atesta o atual desenvolvimento de todas as praças urbanas e suburbanas. Alvo predileto dos forasteiros e viajantes de 55

nota que percorrem a Amazônia, as praças de nossa capital a todos transmitem as melhores impressões, a julgar pelos espontâneos encômios que de muitos recebo e frequentemente registra a imprensa. Muitas são as dificuldades antolhadas a administração para conservar tão belos logradouros, porque as chuvas copiosíssimas e a prolongada seca estival são iguais inimigos do desenvolvimento de arbustos e plantas. Mas de todos os obstáculos sabem triunfar os agentes da municipalidade, cuja preocupação suprema são o bem-estar, o recreio, a higiene, a saúde dos habitantes de Belém. PRAÇA BATISTA CAMPOS Graças aos trabalhos ali efetuados, a praça Baptista Campos tornou-se uma das mais formosas do país. Completados esses trabalhos, vastos e magníficos, foi a praça reaberta e reentregue ao trânsito na manhã de domingo, 14 de fevereiro. Não houve, para isto, cerimônia oficial propriamente dita. Apenas ali recebi a visita do eminente sr. dr. Augusto Montenegro, Governador do Estado, em cuja companhia percorri, em diversos sentidos,o formosíssimo logradouro público. Mas a verdadeira consagração do valor dos serviços prestados a população com aqueles trabalhos consiste no entusiasmo com que ela, representada por milhares de pessoas, acudiu, da manhã até a noite, a Batista Campos, levando ao Intendente efusivas congratulações. Não me seria dado fruir mais alentadoras homena-


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gens do que as palavras que centenas de senhoras paraenses me deram a honra de fazer ouvir, felicitando-me pelo esforço) ali despendido e pelo êxito de todo aquele conjunto a um tempo mimoso e harmônico de obras d’arte. Pouco depois, realizaram-se na praça animadíssimos folguedos carnavalescos, parcialmente subvencionados pela Intendência, a título de diversões populares. Não só poderia esperar maior êxito para aquele festival. No próprio dia da inauguração da praça apareceu na imprensa a seguinte descrição, muito fiel, devida à pena do deputado estadual tenente-coronel Antonio de Carvalho, que por alguns anos faz parte do Conselho, na qualidade de suplente de Vogal. O Parque do Baptista Campos é o famoso e vasto square da praça daquele nome. Desenvolve-se num dos novos e saudáveis bairros de Belém, onde se cortam largas e longas avenidas formando tábua pitagórica, e mede 142 metros pela avenida Serzedello Corrêa; 131 pela travessa São Matheus (Atual Padre Eutíqueo); 204 pela rua dos Tamoyos e 164, pela dos Mundurucus. Seu perímetro e, pois, do 641 metros lineares. Tem a entrada principal por São Matheus, sendo servido por mais três entradas de vinte metros de largura cada uma, em suas faces norte, sul e leste, ou dos (Tamoyos, dos Mundurucus e Serzedello Corrêa, respectivamente. O belo Parque belemense conta ainda dez entradas para peões, distribuídas pelos seus quatro referidos lados, sendo estes fechados por simples e baixas guardas-de-canteiros, de ferro fundido. 56

São, pois, ao todo, quatorze entradas e não portas, porque este, como os demais ajardinamentos de Belém, obedece ao moderno plano civilizador dos jardins sem grade, concebido e posto em prática, no Brasil, pela Intendência de Belém. A entrada, principal é realçada por um arco tríplice de iluminação a gás, sendo as três outras grandes entradas sobrepujadas por arcos abatidos, também dotados de combustores para gás carbônico. Dando-se ingresso pela entrada São Matheus, contempla-se breve, porém folgada esplanada, coberta de areia branca e seixos rolados do Tocantins, sob a sombra de copadas mangueiras que arborizam e da qual partem, a esquerda, uma, e, á direita, duas ruas por onde canteiros irregulares, ao gosto da jardinagem inglesa. São estes formados por macissos de arbustos e plantas de jardim, onde as alterosas guararêmas vertem manchas quentes de sangue sobre a candura láctea das angélicas, sobre o níveo candor das açucenas nas resteiras. Transpoe-se uma larga, elegante e sólida ponte de alvenaria, medindo 12m x 7m. Quatro “hemicyclos,” com bancos e caramanchãos, oferecem-nos descanso às entradas dessa ponte, cuja balaustrada, de cimento, forma aberturas elípticas sobre o riacho. A ornamentação exterior da mesma ponte é de bonito efeito arquitetônico. O regato descreve, no Parque, um anel transparente e líquido, medindo 543 metros pela margem externa, 309m pela interna, 5m de largura média e 1m de profundidade. Deriva o po-


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ético riacho formando pitorescas sinuosidades em torno ao centro do jardim, alimentando os variados e seivosos vegetais que o marginam, refrescando e abeberando fartamente as plantas do centro do square e das ilhotas que o mosqueam. Ao mesmo tempo, vai ele abastecendo de água as moitas, “maciços”, gramados, grupos de arbustos e canteiros mais afastados, para as bandas dos quatro ângulos da praça. Da ponte a que acima nos referimos,”vê-se, à direita, outra ponte de ferro e betume de 10m x 2m, 50, de um só arco, com parapeito do ferro; um pontilhão de cimento, imitando madeira, e outro de acapú; um carramanchão de ferro e duas ilhotas frescas de sombra, perfumadas pelas madresilvas e cobertas de opulenta vegetação. A esquerda, descortinamos : três pontilhões rústicos do cimento; um bonito caramanchão no estilo das latadas italianas, sobre pilares de alvenaria, com bancos de cimento e berceaux de madeira de lei; um carramanchão de ferro e uma ponte levadiça, com quatro terreões ameiados a defenderem-lhe as entradas e retesando as correntes de ferro que lhe suspendem o taboleiro. Transposta a rampa da ponte que remata a esplanada da entrada São Matheus e de cujo centro fizemos ponto de observação, vemos, à direita, eIegante corêto de ferro, asseante numa base octagonal, de cimento, rampada e recortada com pedras retangulares. Formosos e floridos canteiros desenvolvem-se sobre esta parte do jardim. A’ esquerda, contemplamos pinturesca e graciosa colina tendo, a coroarem-na, as vetustas 57

ruínas de uma torre de castelo medievo, rodeadas de arbustos de extraordinária pujança e cobertas de vivas e floridas trepadeiras com poéticas e esguias ogivas, melancolicamente abertas para as intempéries do norte. Essa romântica e bem executada concepção artística disfarça dois grandes tanques ou depósitos de ferro continentes da água precisa aos jatos das fontes, chafarizes e rêgas do Parque. Acham-se os referidos tanques sob o soalho da torre, todo de réguas de acapú e pau setim e em cima de dormentes de massaranduba, formando estrado interno, dispondo da serventia de um varadium rústico de madeira, para o exterior. De um dos panos da muralha da torre, pende, de um braço de ferro, uma formosa e típica lanterna de ferro forjado, munida de um foco elétrico que, à noite, ilumina saudosamente o cenário, recordando-nos o formoso soneto em que o poeta nos fala: — Num castello Rheno, em noites de luar! O interior da torre é, por sua vez, iluminado e ventilado por frestas góticas, abertas na muralha de pedra e cimento. Quer da plataforma exterior do reservatório quer do seu varandim superior, desfruta-se belíssima vista sobre o riacho e por sobre os grandes tapetes do ajardinamento do Parque. Duas rampas ao norte e outra ao sul, dão acesso à torre do reservatório descrito. Descendo-se pelo norte, teremos, a nossa esquerda, uma praia fechada por pilastrões de cimento e correntes de ferro. A’ margem oposta do regato, ergue-se, sobre um montículo, o chalezinho do guarda. De ma-


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deira, coberto de telhas francesas, com vidros de cor nas portas e janelas, podemos chegar a ele transpondo uma ponte de alvenaria em arco, com peitoril greco-romano, travado por seis pilastras maiores e doze menores, mais ou menos em frente ao terminus da rua Padre Prudêncio. Contornemos, porém, a colina em que assenta o reservatório, pela esquerda; atravessemos as poldras que formam passagem natural sobre o regato; admiremos a riqueza vegetal com que estão revestidas as pedras e encostas da eminencia que vamos rodeando, a descer; — flores amarelas, trevos, tradescancias, caladios, madressilvas, plantas-da-fortuna, yuccas, phylodendros, capins-marinhos, saxifragas, botões d’oiro,... emfim... um verdadeiro pequeno tesouro de jardim botânico em miniatura. Não abandonaremos este formoso recanto do Parque sem notar a poética e minúscula gruta em cujo fundo sombrio cantilenam arroios invisíveis de cascatelas misteriosas e frescamente cristalinas, illuminadas, à noite, à luz elétrica, através de vidros coloridos, formando feéricas fontes luminosas. O riacho é também iluminado, à noite, por inúmeras lanternas de vidros coloridos, habilmente disfarçadas, à flor da terra, pelas folhagens do artístico ajardinamento executado pelo sr. Eduardo Hass. Se voltarmos à ponte central, ao alto da esplanada da entrada São Matheus, que deixamos antes da ascensão às ruínas da torre do reservatório, chegaremos ao rond-point central do Parque, circundado por quatro grupos de bancos de alvenaria, com treze pedestais, sobrepujados por jarrões- taças de ornamentação. 60

Ao centro existe provisoriamente riquíssima corbeille que exibe em requinte da arte da jardinagem, maravilhoso tapete ornamental formando desenhos variegados, com seixos rolados, flores e folhagens de diversos matizes. O espaço atualmente ocupado pela corbeille é destinado ao grande pavilhão acústico, de ferro, onde se devem realizar concertos públicos por bandas marciais, e o qual medirá 9m, 50 de altura e 8m de diâmetro. A’ direita do rond-point central do elegantíssimo logradouro urbano de Batista Campos, há uma ponte rústica dando sabida para a grande entrada da rua Mundurucus, lado sul do Parque, e correspondendo a ponte que atrás descrevemos como oferecendo egresso para as ruas Tamoyos e Padre Prudêncio, lado norte. Após o rond-point, em frente à ponte da esplanada, entrada São Matheus, há outra ponte de alvenaria permitindo sair-se pela avenida Serzedello Corrêa, lado oriental, tendo ao centro duas peanhas altas, com duas grandes coupes de ferro fundido, para iluminação a gás. A’ direita desta ponte, veremos um coreto de ferro, um cata-vento em que se lê a data 1903; grande caramanchão formando terraço poeticamente sobre o riacho, em frente a risonha ilha das praças, onde vicejam caprifolios floridos e perfumosos, ladeados por vistosos grupos de bambus e flechas, com latadas napolitanas sobre colunas de cimento imitando granito. Segue-se um ponitilhão dando acesso a cisterna, de 1m de profundidade com – 2m,5o de diâmetro, construída de alvenaria de tijolos e munida de aeromotor para a elevação d’água. A cisterna dispõe ainda de uma bomba acio-


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A 15 e 16 de novembro último, por ocasião das festas republicanas, exibiu a Intendência novos melhoramentos em Batista Campos, celebrando-se ali, a esse propósito, magníficos festejos populares. lnaugurou-se na primeira das referidas datas o grandioso e formosíssimo pavilhão harmônico Primeiro de Dezembro, importado da Allemanha e todo de ferro, sobre alicerces de alvenaria, com pavimento de mosaico. E’ uma verdadeira obra d’arte esse pavilhão, em nada inferior aos melhores que se encontram nas mais luxuosas cidades europeias. Rodeia-o mimoso jardim formado de gramas e trevos, artisticamente dispostos em figuras geométricas. Julguei render um preito de justiça dando-lhe a denominação de Primeiro de Dezembro em memória do laudo de Berna sobre a questão do Amapá. 61


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nada por motor a vapor, de 7 atmospheres, fornecendo 10.000 litros de água por hora, e que substitui o aéro-motor, durante a estação chuvosa, período de tempo em que os ventos, entre nós, são menos abundantes. Da cisterna e da casa da máquina gosa-se a excelente vista de uma latada a beira do regato, erigida mui artisticamente em três planos e cinco corpos, sobre colunas do mais puro jônico. A esquerda da ponte de alvenaria que transpõe o riacho, depois do rond-point central do Parque, notam-se ; a ponte já descrita dando saída para as ruas Tamoyos e Padre Prudêncio e um pontilhão arqueado permitindo entrar-se na graciosa ilha dos Amores. E’ essa uma poética e singela criação de artista, retirada, fresca e sombreada fartamente por bambus e mangueiras, dispondo de bancos rústicos e de madeira, além de um carramanchão do cimento, em forma de pavilhão rústico, formando, sobre o regato, — em frente a uma praia fechada por columnellos de alvenaria e correntes de ferro, — cômodo e alegre balcão engrinaldado por maracujás e afestonado de rubicundas bonitas silvestres. Seguem-se, em frente ao bom edifício do grupo escolar José Veríssimo, dois pontilhões, pelos quais podemos sair da ilha e do jardim. São essas as nossas desalinhavadas impressões sobre o formoso Parque de Batista Campos. O crítico mal-humorado notará, talvez, excessiva aglomeração de obras-d’arte no espaço compreendido pelo vasto quadrilátero central d’aquella grande, clara e alegre praça de Belém. O artista e o poeta, porém, percorrendo o belo passeio belemense, opinarão que nada é 62

demais no poético jardim desse gracioso e libérrimo viveiro, onde, a par da meninada a folgar, papêa e trina a passarada, que nos jardins e hortas adjacentes é perseguida, nos próprios ninhos, pelo rapazio inclementemente destruidor, e que se sente respeitada lá dentro. O esteta e o observador imparciais confessarão também ser belíssimo esse confortável melhoramento em que o lntendente de Belém, senador Antonio Lemos, transformou a antiga praça Baptista Campos. Ainda temos perfeitamente na memória que essa mesma praça, hádez anos, não passava de inexpressivo quinconcio de mangueiras; há vinte, de simples savana coberta da capim ; há tinta, de medonho matagal bravio e pantanoso. Com a clareza e firmeza da verdade, todos os visitantes independentes de ideias afirmarão conosco, não como “hábeis thuriferarios” de s. exc., qual aprouve qualificar-nos a uma gazeta fluminense, mas como observadores imparciais, que o Parque Baptista Campos, concebido e realizado pelo bom gosto do senador Antonio Lemos, é mais um atestado de ser s. exc, — sustente embora a inveja o contrário, — o primeiro intendente do Brasil, como havemos, então, compreendido o sentido, escrito e provado. Acastelemos, finalmente, sobre os alicerces da justiça mais vendada — ser com melhoramentos reais e tangíveis como o Parque Batista Campos, o Bosque Municipal, os belos ajardinamentos das nossas praças, as grandes avenidas recentemente abertas em Belém, que o senador Lemos tem vindo a conquistar, dia a dia, o acrisolado amor que lhe vota a cidade. Acentuemos positivamente ser dessa arte que s. exc. tem sa-


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bido, de longa data, grangear a benemerência que os munícipes inteligentes e desapaixonados reconhecem nele, que é o infatigável Haussmann e o apurado Alphand desta formosa metrópole da Amazônia. ANTONIO DE CARVALHO. Mui propositalmente trasladei a descrição supra : quis oferecer-vos alheio parecer sobre este logradouro público. A 15 e 16 de novembro último, por ocasião das festas republicanas, exibiu a Intendência novos melhoramentos em Batista Campos, celebrando-se ali, a esse propósito, magníficos festejos populares. lnaugurou-se na primeira das referidas datas o grandioso e formosíssimo pavilhão harmônico Primeiro de Dezembro, importado da Alemanha e todo de ferro, sobre alicerces de alvenaria, com pavimento de mosaico. E’ uma verdadeira obra de arte esse pavilhão, em nada inferior aos melhores que se encontram nas mais luxuosas cidades europeias. Rodeia-o mimoso jardim formado de gramas e trevos, artisticamente dispostos em figuras geométricas. Julguei render um preito de justiça dando-lhe a denominação de Primeiro de Dezembro em memória do laudo de Berna sobre a questão do Amapá. O primeiro concerto efetuado nesse belo pavilhão foi a l5 de novembro, pela banda do Corpo Municipal de Bombeiros. Ao dia seguinte, realizou-se ali novo concerto, pelas bandas reunidas do Regimento Militar do Estado. Nestas duas noites, espalhou-se por ali, desde cedo, o ruído e o burburinho característicos das multidões em festa. 63

Pelas alamedas, em torno dos lagos tranquilos e claros ou debruçados aos gradis das lindas pontes, grupos palestravam, trocado impressões, em comunicativa alegria, ora recebidas das belezas que os cercavam, ora da vistosa ornamentação, executada pelo hábil decorador Campofiorito. De repente, um deslumbramento: a iluminação feérica do jardim, planeada e distribuída com inexcedível gosto e originalidade. Logo a entrada da praça, pela travessa São Matheus, entre duas pirâmides de lâmpadas policrômicas, avultavam as armas do Município nas irradiações de belíssima e fulgurante estrela, seguidas de renques e arcos multicores, formando esplêndida fachada. Lateralmente, o efeito da iluminação não era menos impressionador. Os fogos luminosos rebrilhavam vividos no alto de elegantes postos, pondo em destaque belos escudos com as armas republicanas circundadas de bandeiras tremulantes. No interior do jardim, então, deu desempenho cabal a sua incumbência a Pará Gás Company, bastando apenas por em relevo as piras de gás e a iluminação da avenida central, de um efeito imprevisto e encantador. Prendeu a atenção geral o lindíssimo efeito das lâmpadas multicores, refletindo nos lagos e cascatas que embelezam Batista Campos. Durante a minha visita ao parque, tive a indizível satisfação de receber os cumprimentos dos srs. drs. João Coelho, então no exercício do governo do Estado, e Augusto Montenegro, assim como de numerosas famílias e cavalheiros. Com solicito respeito vol-os transmitindo, srs. Vogais, pois ao Conselho, tanto quanto à Intendência, competem os aplausos de nossos concidadãos.


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TRABALHOS EXECUTADOS NA PRAÇA BATISTA CAMPOS EM 1904 Passo a relacionar os trabalhos executados em Batista Campos durante o ano de 1904 (“). — Ponte de ferro coberto de beton, corrimãos de balaustrada de cimento. É plana, medindo 5m, 80 de comprimento e dá passagem para a praça pela rua Mundurucus. Ponte de ferro, arqueada, de corrimãos também de ferro. Mede 10 metros de comprimento e 2 de largura. — Ponte de alvenaria de tijolos e corrimãos de balaústres de cimento, medindo 14 metros por 7. Fica situada entre a ponte de ferro acima referida e a parte esquerda da ruína que dissimula o deposito d’água. — Ponte toda de madeira, de 5 metros sobre 2, situada ao sahir para a rua Mundurucus. — Peitoril de alvenaria de tijolos, sobre balaústres de cimento, ao longo do riacho dos Mundurucus. — Cinco bancos de alvenaria de tijolos, em forma semicircular, medindo o primeiro 10m de comprimento, 1m,30 de altura, 0m,35 de largura; os quatro restantes com a mesma altura e largura do primeiro, são do comprimento seguinte : o segundo 13m,10; o terceiro 7m,60; o quarto e o quinto 3m,40. Estes bancos, situados ao centro da praça, rodeiam o pavilhão Primeiro de Dezembro. — Este pavilhão, cujos alicerces, começados em fins de setembro, medem 1m de profundidade e 0m,60 de largura e do nível da terra a armação 1m,65 x 0m,50, e composto de 24 colunas de ferro, das quais seguem 12 fortes vigas arqueadas, formando o amparo da coberta. Esta é feita de madeira recoberta de um preparo especial de tela de alcatrão e zinco. É todo assoalhado de formosos ladrilhos. Para o escoamento das águas pluviais do pavilhão colocaram-se 9 metros de tubos de grés, apro64

veitados da praça da República. Substituição, por mosaico policromico, do assualho de vários pavilhões pequenos e diversos caramanchões. — Pintura de três pavilhões de ferro, duas grades, sendo uma de madeira e outra de ferro; — 5 figuras alegóricas de metal, 3 aeromotores, 121 bancos de madeira, uma escada, um chafariz com duas grades de ferro, 3 colunas e correntes de ferro, uma caldeira e bomba, 18 vasos e a porta e as janelas do castelo em ruínas. — O serviço de canalização foi assim distribuído : — do aeromotor a ruína, 15 metros de tubos de 2 polegadas, com duas curvas da mesma grossura; de um para outro regato, com 8 metros de chumbo de 1 1/2 p. de grossura; uma para o chafariz com 10 metros de tubos de 1 p. e uma redução para 3/4; uma alavanca com válvula no depósito; modificação do encanamento da travessa São Matheus para o centro da praça com 10 metros de tubos de 1 1/4 de grossura, 4 curvas, uma união; ligação do encanamento da máquina para o alto do aeromotor, com 12 metros de tubos de 2 p., uma redução para a 1/2 p., 2 válvulas de 2 1/2 e uma de 2 p. — Serviço de jardinagem, conforme a reorganização de 16 de abril, esteve a cargo de 2 jardineiros de 1” classe, 4 de 2”, 10 serventes, um maquinista e um encanador. — Procedeu-se com o máximo cuidado a irrigação quotidiana, bem; como a construção de um canteiro irregular e a conservação e reforma periódica dos demais tabuleiros floridos e distribuição dos seixos rolados por todas as aleas. - Também a iluminação foi consideravelmente melhorada, assim como o pavimento da rua Tamoyos e avenida Serzedello Corrêa, na parte em que percorrem a área da praça.


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os três precedentes volumes desta publicação anual faz extensas descrições dos jardins, parques e praças da Capital, com a enumeração de todas as obras neles por mim empreendidas e exposição de outros melhoramentos em projeto. O tomo anterior, com especialidade, relativo ao ano de 1904, foi um magnífico êxito para a Intendência, pois tive a satisfação de ver quase todas as suas gravuras trasladadas, entre encomiásticas expressões, para o texto dos grandes periódicos ilustrados do Rio de Janeiro, Montevideo, Buenos-Aires e Santiago do Chile. Creio que jamais publicação oficial encontrará tão graciosa acolhida, mesmo bem rara para obras inteiramente recreativas. Passo, portanto, a mencionar o movimento deste ramo durante o ano de 1905, expondo, com tudo, apenas os serviços extraordinários. É obvio que todos os jardins e praças tiveram reformados os seus canteiros todas as vezes que tal se fez necessário, sendo os mesmos limpos cada dia dos gravetos e folhas mortas caídos durante a noite. Igual limpeza quotidiana foi feita no solo dos carreiros e alamedas. Os sinuosos e pitorescos riachos que sulcam algumas de nossas praças foram esgotados e lavados de 15 em 15 dias. Também mandei substituir, ao redor das tenras árvores, recentemente plantadas, as toscas cercas, toleradas pela praxe, por outras de estacas acepilhadas, mais agradáveis à vista, menos em desarmonia com o belo aspecto dos logradouros urbanos. O custo de tais cercas, algo elevado, em 69

cujo lapso de tempo fica resgatado pela maior solidez das mesmas, acrescendo que as achas de acapú das antigas cercas eram frequentemente roubadas por indivíduos pouco escrupulosos. Cumpre-me aqui mencionar a infortunada argumentação de certa imprensa, imputando aos cursos dágua de nossas praças a existência de moléstias de fundo palustre em Belém. Errônea convicção ou perverso meio de atacar o governo municipal e assustar a população. Como é sabido, o leito dos riachos dos parques e praças, assim como as respectivas margens, são formados de expesso concreto de cimento, não havendo a mais leve possibilidade de infiltração na terra, para determinar extraordinária humidade do solo. Ademais disto, é sempre corrente a água empregada para a formação de tais riachos, extraída por motores poderosos de poços profundos e hermeticamente fechados. Em determinados pontos, dir-se-ia a água estagnada: é simples aparência, reclamada pelas exigências do melhor efeito estético. Essas águas, na realidade, fluem constantemente para o respectivo escoadouro, como todas as demais. Dada esta explicação aos ilustres Senhores Vogaes e aos dignos munícipes, que eles mui legitimamente representam, passo a discriminar, como disse, os trabalhos compreendidos, certo de ter até hoje pugnado, como nenhum outro de meus antecessores na Intendência, pela higiene pública e pelo embelezamento da Cidade e seus subúrbios.


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OBRA: “Praça Batista Campos I” AUTOR: Antonio PARREIRAS ÉPOCA: 1905 TÉCNICA: óleo/tela DIMENSÕES: 54,5 x65,5cm ACERVO: Museu de Arte de Belém/MABE

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eentregue ao trânsito público a 14 de fevereiro de 1904, depois de sofrer uma radical transformação, a praça Baptista Campos continuou a receber os melhores cuidados administrativos. Principalmente o serviço de arborização foi ali feito com todo o Incremento, pelo pessoal operário da praça. Ao redor d’esta plantam-se mangueiras, para substituírem, dentro de poucos anos, a imprópria arborização ora existente. Cada uma das mangueiras é resguardada por boas cercas de acapu, executadas na oficina dos srs. J.S. de Freitas & Cia O aero-motor funcionou sem a bomba a vapor, substituindo-se nesta a chaminé, imprestável, por outra executada na oficina de ferreiro d’este departamento. Muito contribuiu para o embelezamento da praça, — onde novamente se realizaram, na quadra própria, estrondosas festas carnavalescas. — o calçamento do trecho a rua Tamoios, entre a travessa São Matheus e a avenida Serzedello Corrêa. A 6 de agosto recomeçaram nesta praça os concertos que a banda de música do Corpo Municipal de Bombeiros costuma alternar com as bandas do Regimento Militar do Estado. Como se pra estes concertos são assistidos por uma compacta multidão, entusiasta da correta interpretação dada pelos músicos as produções dos mais reputados autores. 75


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ão muitas obras se fizeram neste formoso parque, onde há poucos anos foram empreendidos consideráveis melhoramentos. Construiu-se um esgoto de 25 anos, a tubos de grés, para escoamento das águas dos riachos na ocasião da lavagem geral dos mesmos; em dois pontos do regato prepararam-se dois poços para receber dois belíssimos exemplares da bizarra Vitória Régia, as quais tem florescido em épocas regulares, atraindo elevada concorrência de admiradores. Foram reparados o assoalho e o forro do chalet que serve de escritório. Recebeu a praça 43 plantas diversas, procedentes dos alfôbres do Horto Municipal. O encanador da praça da República reparou diversas torneiras deste parque. Por encerrarem matéria de esclarecimento para o público, transcreveu d’O Jornal as seguintes linhas: Na sua malfada de agredir a atual administração do município de Belém, usando-se, de termos que já estão banidos da tasca mais imunda, o órgão que prometeu aos seus deuses advogar as causas mais injustificáveis e tornar-se a infatigável busina de louvaminhas aos homens que estão condenados pela opinião pública e arrenegados pelas próprias instituições contra os quais não perdem ocasião para se sublevarem – editou na sua edição de 13 do corrente mais uma infâmia, quando se referiu ao parque Batista Campos, cujas águas, diaz a Folha, vivem ali estagnadas sem merecer o menor cuidado por parte da benemérita administração municipal que tanto se empenha em zelar pela salubridade e higiene desta cidade.

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ão muitas obras se fizeram neste formoso parque, onde há poucos anos foram empreendidos consideráveis melhoramentos. Construiu-se um esgoto de 25 anos, a tubos de grés, para escoamento das águas dos riachos na ocasião da lavagem geral dos mesmos; em dois pontos do regato prepararam-se dois poços para receber dois belíssimos exemplares da bizarra Vitória Régia, as quais tem florescido em épocas regulares, atraindo elevada concorrência de admiradores. Foram reparados o assoalho e o forro do chalet que serve de escritório. Recebeu a praça 43 plantas diversas, procedentes dos alfôbres do Horto Municipal. O encanador da praça da República reparou diversas torneiras deste parque. Por encerrarem matéria de esclarecimento para o público, transcreveu d’O Jornal as seguintes linhas: Na sua malfada de agredir a atual administração do município de Belém, usando-se, de termos que já estão banidos da tasca mais imunda, o órgão que prometeu aos seus deuses advogar as causas mais injustificáveis e tornar-se a infatigável busina de louvaminhas aos homens que estão condenados pela opinião pública e arrenegados pelas próprias instituições contra os quais não perdem ocasião para se sublevarem – editou na sua edição de 13 do corrente mais uma infâmia, quando se referiu ao parque Batista Campos, cujas águas, diaz a Folha, vivem ali estagnadas sem merecer o menor cuidado por parte da benemérita administração municipal

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oram caiadas pelos pedreiros da praça Republica: a base do pavilhão Primeiro de Dezembro, assim como a de todos os demais pavilhões menores; a casa de maquinas, bancos e mesas rústicas; as pequenas pontes sobre os riachos e lagos, bem assim rebocaram-se diversas pedras rústicas e uma ponte do mesmo sistema e concertaram-se as paredes dos lagos. Mandei proceder no 3° trimestre a pintura geral de todos os pavilhões, bancos e cercados da arborização. Colocaram-se 5 torneiras em substituição das inutilizadas. Afim de não conservar por muito tempo em seco as plantas aquáticas existentes nos riachos, houve necessidade de canalizar 40 metros de tubos de 2”, diretamente da bomba a vapor para o riacho da Ilha dos Amores, mudando-se 2 jonços da bomba, a fim de lhe emprestar maior impulso. O pavilhão Primeiro de Dezembro, ao centro da praça, reclama a substituição do forro, estragado pelo rigor das estacoes chuvosas. Diariamente é diluído nas aguas dos riachos sulfato de cobre, para evitar os mosquitos e larvas. Os riachos e lagos recebem diariamente limpeza, quando preciso, escoamento geral das águas. Foi feita a replantação de trevo no canteiro que fica ao redor do pavilhão central. Estrumaram-se diversos canteiros, podaram-se as arvores, reformaram-se alguns outros que foram estragados durante as diversões carnavalescas. Plantou-se em um dos poços preparados para este fim um exemplar de Victoria Régia, a qual floriu diversas vezes. O aero-motor e a bomba a vapor receberam concertos e uma nova chaminé.. Este logradouro recebeu do Horto municipal 45 plantas diversas. Trabalharam ali dois jardineiros, e oito serventes.

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fim de evitar danos causados aos gramados dos canteiros pela espessura da sombra, ocasionada pelas árvores que circundam este parque e de afastar a muita escuridão nele já, por este motivo, existente, houve necessidade de eliminar alguns dos seus galhos. Os redondos que bordam a base do pavilhão Primeiro de Dezembro foram replantados com trevos de diferentes qualidades, em forma de palmas. Procederam-se a vários cortes do gramado, em geral, aplicando-se por essa ocasião o adubo químico guano e disseminando-se em muitos canteiros cinquenta pés de variadas plantas das existentes no abundante viveiro do horto municipal. Por ocasião da lavagem mensal dos regatos fizeram-se pequenos reparos com cimento e alcatrão que importaram na cessação da fuga da agua pelas fendas originadas pela introdução, nas ribas, das raízes das arvores que Ihes ficam próximas No motor que aciona a bomba captadora da agua para o enchimento dos regatos substituíram-se 3 junços e untouse a caldeira a fim de preservá-la do contato da ferrugern, confeccionou-se uma chaminé para a mesma — serviços estes que, como o da substituição de 3 torneiras no quarteirão que corre paralelo com a travessa São Matheus, foram executados pela oficina de ferreiro. Substituíram-se algumas tabuas no soalho da casa do poço e que lhe serve de tampa e no interior deste colocou-se uma escada pela qual só desce por ocasião de, quando necessário, fazer-se 87

o reparo e encravamento da bomba —serviço levado a efeito pela oficina de carpina, assim como um caramanchão na Ilha dos Amores. O pessoal, além do trabalho de ajardinamento descrito, tratou sempre da sua conservação, lavagem dos pavilhões, pontes e caramanchões. Substituiram-se ainda 8 torneira, 4 grelhas de boca de lobo e o encanamento de 7” do esgoto das águas dos regatos por outro de 12”, na extensão de 32 metros, correndo paralelamente à rua Mundurucus e desembocando na vala que margina esta rua pelo lado esquerdo. Canalizaram-se 40 metros de tubo de 2”, diretamente da bomba a vapor para o lago da ilha dos Amores, colocando-se 5 torneiras e juncos, a fim de o conservar sempre cheio de modo a permitir a floração da Vitória Régia, o que constitui um verdadeiro acontecimento previsto pelas observações do Museu e avisado com antecedência pela imprensa ao povo que vai assistir ao desabrochar dessa maravilha da flora amazônica. Este parque está aos cuidados de 2 primeiros e 3 segundos jardineiros e 11 serventes. Nos lagos , regatos, repuxos, cascatas, etc, situados no parque Batista Campos, como em todos os outros pontos da cidade, é quotidianamente diluída, para evitar a conservação de óvos e larvas e a propagação de mosquitos, uma forte solução de sulfato de cobre.


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BIBLIOGRAFIA Teixeira, Marília Ribeiro. Sobre a significância do conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça Batista Campos em Belém do Pará / Marília Ribeiro Teixeira; Orientador: Profa. Dra. Virgínia Pontual - 2011. BELÉM, Intendência Municipal. Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Belém na Sessão de 15/11/1902 pelo Intendente Senador Antônio José Lemos. Belém: A. A. Silva, 1902. BELÉM, Intendência Municipal. Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Belém na Sessão de 15/11/1904 pelo Intendente Senador Antônio José Lemos. Belém: A. A. Silva, 1904. BELÉM, Intendência Municipal. Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Belém na Sessão de 15/11/1905 pelo Intendente Senador Antônio José Lemos. Belém: A. A. Silva, 1905. BELÉM, Intendência Municipal. Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Belém na Sessão de 15/11/1906 pelo Intendente Senador Antônio José Lemos. Belém: A. A. Silva, 1906. BELÉM, Intendência Municipal. Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Belém na Sessão de 15/11/1907 pelo Intendente Senador Antônio José Lemos. Belém: A. A. Silva, 1907. BELÉM, Intendência Municipal. Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Belém na Sessão de 15/11/1908 pelo Intendente Senador Antônio José Lemos. Belém: A. A. Silva, 1908.

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Fotografia de Capa: Helly Pamplona

Copyright @2017, Associação dos Amigos da Praça da Batista Campos Presidente José Olimpio Bastos Vice-Presidente Francisca Oliveira Diretor de Relaçoes Institucionais Peri Neves Diretor de Meio Ambiente Guilherme Missen Praça Batista Campos - Simplesmente Bela Organização José Olimpio Bastos

Agradecimentos: Carlos Xavier José Conrado Santos

Textos Marília Teixeira Antonio José Lemos Pesquisa, Projeto Gráfico, Diagramação Carlos Pará

P72 Bastos, José Olimpio, 2017, Praça Batista Campos- Simplesmente Bela. Belém (PA) Marques Editora, 2017. 72 p

Impressão e Acabamento Gráfica Sagrada Família

ISBN: 1. Patrimônio Histórico 2. Praças

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