Fusão Cultural #01 - MARÇO 2010

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editorial

A arte de divulgar a cultura “Portanto, se me perguntam para que serve a arte, respondo: para tornar o mundo mais belo, mais comovente e mais humano”. (Ferreira Gullar – Para que serve a arte?)

A

arte em si, pode não fazer sentido para muitos. Mas além de tornar o mundo mais belo, ela possibilita a renovação e a revisão de significados que alimentam a cultura e dão mais sentido à vida. Talvez essa seja a maior razão para investir-se em arte.  Esse foi justamente o motivo pelo qual a Matéria de Capa da primeira edição da Fusão Cultural trata da renovação da lei federal de incentivo à cultura (Lei Rouanet). Muitos produtos culturais são somente viabilizados a partir das leis de incentivo, sejam elas leis municipal, estadual ou federal. O foco, nesta matéria, é exclusivamente apontar as mudanças propostas pelo projeto de lei Procultura. Em futura edição, abordaremos às demais formas de captação de recursos, e como elaborar projetos culturais.  A intenção ao estampar as imagens de ambos os ministros que propuseram as leis de incentivo na área (Pronac - lei nº 8.313/1991 e Procultura - projeto de lei nº 6.722/2010) na capa desta publicação não foi para contrapô-los, mas sim contrapor os diferentes projetos.

Mesmo porque, um projeto de lei é idealizado não somente por duas, mas por várias cabeças!  Em relação à arte, no entanto, além de investir na sua produção, é essencial incentivos quanto ao acesso. E não apenas a facilitação ao espaço físico, mas primeiramente o acesso informacional. Um povo bem informado tem mais argumentos para cobrar ações e tomar decisões. Por conta disso, a Fusão Cultural tem como principal objetivo democratizar o acesso à informação sobre cultura.  Publicar uma revista impressa de cultura não é fácil, ainda mais quando o objetivo é fazê-la chegar gratuitamente ao leitor (só existem duas no mesmo segmento no Brasil, contudo, cobram a venda: a Bravo, da editora Abril e a Cult, da editora Bregantini). Assim agradeço muito aos que acreditam nessa publicação e na sua idoneidade. Agradeço também aos profissionais da Fusão Cultural. Segue ao lado nossa equipe. Culture-se!

Diretora executiva


www.fusaocultural.com.br

Diretor comercial e financeiro

Representante comercial

Diretora executiva e jornalista responsável: Rafaela Silva – MTb: 48.363/SP Diretor comercial e financeiro: Gilberto Pessato Jr. Projeto gráfico e diagramação: Bruno Mateus da Silva Ilustração: Valdir Felipe Garcia de Brito Redação: Larissa Helena da Rocha Martins Revisão: Priscila Salvaia Representante comercial: Roberto Luis da Silva Colaboraram nesta edição: Daniel Costa, Denilson Oliveira, Guilherme Varella, Jacob Pires de Toledo, Raul Rozados, Tiago Gutierrez e Manuel Federl. Impressão: Gráfica Mundo – www.graficamundo.com.br

A Fusão Cultural é uma publicação mensal, local e gratuita da Bennu Editora Ltda ME (CNPJ: 11.476.103/0001-49), sediada na Av. Prof. Alberto Vollet Sachs, 3815 – Vl. Independência – Piracicaba/SP. Telefone: (19) 3375-1512 - www.fusaocultural.com.br

Designer diagramador

Designer ilustrador

Redatora

Revisora

Os textos e imagens publicados na Fusão Cultural só poderão ser citados ou reproduzidos com a devida autorização da direção.


sumário

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março | edição 01 | ano 01 tiragem: 4.000 exemplares

capa PRONAC x PROCULTURA Alterações deixam dúvida quanto a eficácia do novo projeto de lei de incentivo à cultura.

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rapidinhas up ph0da arte é... fique ligado...

artes plásticas

Obras de arte invadem os muros

18 cultura piracicabana 21 anos de Paixão

30 estilo

A moda que vem de Tocantins


16_cultura piracicabana Delícias do diferenciado “falar caipira”

28_body art Surface piercing

29_só ria 32_nota musical Novo sertanejo

33_simplesmente dance O break na cultura hip hop

34_cena teatral A máscara que esconde revela

36_ensaio fotográfico Tiago Gutierrez

40_cine fusão A reinvenção do curta metragem

41_sarau literário Cordel

42_articulando Uma lei que é mais que um dedo na ferida

43_ângulo Um breve encontro com Mestre Ambrósio

Envie suas sugestões, críticas, elogios e opiniões para - Av. Prof. Alberto Vollet Sachs, 3815 – Vl. Independência – Piracicaba/SP. E-mail: contato@fusaocultural.com.br Participe: Para enviar o seu artigo, fotografias, poesias/poemas/versos, fotografias e caricaturas, os e-mail para contato são: articulando@fusaocultural.com.br ensaiofotografico@fusaocultural.com.br sarauliterario@fusaocultural.com.br soria@fusaocultural.com.br Fusão Cultural na Internet: Você tem várias opções para acompanhar as novidades desta publicação pela Internet ou falar conosco on-line: Site: www.fusaocultural.com.br. A partir do dia 10 de cada mês, acesse a nova edição. Orkut: Revista Fusão Cultural Twitter: @fusaocultural MSN: msn@fusaocultural.com.br Anúncio: Para anunciar na Fusão Cultural entre em contato conosco. Telefones: (19) 3375-1512/3042-0915 E-mail: anuncie@fusaocultural.com.br Exemplares: Quer receber a Fusão Cultural em casa, entre em contato conosco. Endereço: Av. Prof. Alberto Vollet Sachs, 3815 - Vl. Independência Piracicaba/SP. Telefone: (19) 3375-1512. E-mail: euquero@fusãocultural.com.br. Pontos de distribuição cadastrados: • Casa do Salgot - sabores e saberes. Rua Floriano Peixoto, 2088 - Bairro Alto - Piracicaba/SP. • Marcato Cursos Jurídicos. Av. Independência, 3305 - Bairro São Judas - Piracicaba/SP. • Arte Imaginação. Rua Santa Cruz, 727 - Bairro Alto - Piracicaba/SP. • Banca São Judas. Av. Independência. Próxima à Esalq/USP.


reforma Bonecos do Elias passam por

or O artista plástico e restaurad de fim no u cio Éverson Bonazzi, ini ho bal tra o a, cab fevereiro, em Piraci s eco bon de restauração de 17 cha, confeccionados por Elias Ro hecido con , ade figura histórica da cid jeção pro A s. eco como Elias dos bon ado aliz fin á ser é de que o trabalho o no íod per o sm no mês de maio, me as. ost exp qual às peças serão

Gibi é vendido por mais de US$ 1 milhão Um exemplar do número 27 da re vista em quadrinhos “D etective Comics” , de 1939, foi arrematado no dia 25 de feve reiro em um leilão nos Es tados Unidos po r US$ 1.075.500. O gibi traz a primeira aparição do personagem Batman, o hom em morcego, nas hi stórias em quad rin hos. No dia 22 de fevere iro, uma cópia da história em quadrinhos “Action Comics” , com a primeira apar ição do Superm an , foi arrematada por US$ 1 milhão.

Come ça do tea construçã o t Devem ro no En genho começ ar co

em ma nstruç Centra ão de um tea rço as obras tro no de ld En Constr e Piracicaba . A em genho utura, p que re finaliza aliza a resa Proeng r obra, d terá ca o projeto em eve pa 12 mes e pavim cidade para 442 pe s. O teatro entos. O es ssoa com re stauran paço também s e dois te e ga contar lerias. á

B.B. King no Brasil

anos, se O rei do blues, B.B. King, de 84 s do Rio ade cid nas apresentará em março 19 e 20) s (dia lo Pau de Janeiro (dia 16), São ista, tarr gui e tor e Brasília (dia 23). O can 60 em uns álb 35 que já lançou mais de ê turn sua sil Bra anos de carreira, traz ao e dev bém tam ão urs One More Time. A exc nos Bue e ile, Ch passar por Santiago, no visita ao Aires, na Argentina. Sua última Farewell The ê turn a País foi em 2006, com dos ida ped Tour, que seria a sua des telefones palcos. Mais informações pelos ) 3089(11 , eiro Jan (21) 2272-2940 – Rio de Brasília. – 600 9-7 342 ) 6999 – São Paulo e (61

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xo Do lixo ao lu Lixo rio brasileiro tá en m u O doc nhou (Wast Land) ga rio Extraordinário tá en elhor docum dance, o prêmio de m n Su e Festival d o n al n io ac intern a, no dia 31 os da Améric id n U os ad st nos E mentário ática do docu m te A . ro ei n sado no de ja do lixo dispen ão aç m or sf an é a tr ro sanitário ho (maior ater ac m ra G im a periferia Jard a localizado n in at L a ic ér m da A ras de arte ias-RJ) em ob ax C e d e qu u de D Vik Muniz. tista plástico ar o d s ão m pelas asileiros João nada pelos br si as é ão eç ir Ad en Harley e a da alma) e Kar a el an (J im Jard Walker. inglesa Lucy


Segue abaixo a lista dos três vídeos (com alguma relação à arte) mais acessados no You Tube em fevereiro (até o dia 26).

3º Lugar: We Are The World - 2010 Remake For Haiti [Sneak Peek]! Acessos totais: 755.213 Avaliações: 561 Link: http://www.youtube.com/watch?v=bnkdQpDhcs4

2º Lugar: iFlip

Acessos totais: 1.141.532 Avaliações: 23.254 Link: http://www.youtube.com/watch?v=LtuZvmKZ0w4

Lugar: Avril Lavigne - Alice [NEW Single HQ with Lyrics]

Em primeiro lugar, no topo de acessos, ficou o clipe de Avril Lavigne, da música Alice. Essa música faz parte da trilha sonora da refilmagem de “Alice no país das maravilhas”.

Acessos totais: 1.178.552 Avaliações: 6.575 Link: http://www.youtube.com/ watch?v=NZ_fBiJn9LA

por Rafaela Silva Entendendo a cabeça de um arremessador de lixo

U

m homem para no sinaleiro e recebe uma propaganda qualquer. Não estava interessado no produto anunciado, então amassa o papel e o arremessa janela a fora. Quase acerta a cabeça da moça que o entregava. No dia seguinte, no mesmo horário, o homem passa pelo sinaleiro e o papel não está lá. Incrível! Qual a conclusão do nobre senhor: o lixo evaporou.  Não caro senhor, lixo não evapora (desaparece rapidamente sem deixar vestígios), ele decompõe-se (transforma-se em fragmento menores, após um período). Mas muitas pessoas devem acreditar na evaporação do lixo, pois não é rara a cena do lixo arremessado, protagonizada por adultos, homens e mulheres; e até mesmo por crianças. Toda sorte de material é arremessada: latas amassadas, chicletes mastigados, papéis de todas as cores, texturas e tamanhos.

O Brasil produz cerca de 250 mil toneladas de lixo por dia, segundo o Instituto Aqualung.  Além de não evaporar, esses lixos acumulam-se nas ruas, entopem bueiros e, aliados a outros fatores, causam tragédias, como as enchentes registradas neste início de 2010. Lixo é para ser jogado na lixeira, e as ruas não são lixeiras. Simples assim. ■ O que é pH0da? Envie sua opinião para contato@fusaocultural. com.br sobre o que é pH0da (irritante). Sua sugestão pode ser abordada na próxima edição da Fusão Cultural.

Tempo de decomposição dos materiais na natureza Caixas de papel

03 anos

Cigarro

01 a 02 anos

Chicletes

05 anos

Copos de plástico

50 anos

Garrafa de vidro

Indeterminado

Jornal

06 meses

Lata de alumínio

200 a 500 anos

Latas de conserva

100 anos

Madeira pintada

13 anos

Nylon

650 anos

Papel

03 a 06 meses

Papel plastificado

01 a 05 anos

Plástico

450 anos

Pneu

Indetermindo

Corda

03 a 04 meses

Fontes: Composição a partir de informações dos sites www.lixo.com.br, www.ambientebrasil.com.br.

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“A maior arte que a gente já teve está se perdendo; é a arte de sobreviver na mata; conseguir sobreviver do que é produzido na tribo; ter tempo para preparar o alimento. O índio não precisa de nada. Ele produz até o seu próprio remédio. Quando ele morre, ele não leva nada, só leva o seu conhecimento; que ele passa de pai para filho. Eu tenho descendência indígena; minha avó era indígena. Ela passou o conhecimento para a minha mãe, mas minha mãe quis viver a vida civilizada. Eu é que tenho esse interesse em resgatar o passado. Admiro muito os povos indígenas. Arte mesmo é a vida na selva, por isso, estou tentando resgatar a história dos povos indígenas que viviam nas margens do rio Piracicaba.” Jacob Pires de Toledo Marceneiro e artesão

Jacob e a “Feiticeira”, sua moto.

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PIRACICABA

... na Mostra "Desenhos de J. Adamoli" (JOÃO EGYDIO ADAMOLI (1911 – 1980), que ocorre até o dia 13 de março no espaço Art Collection, em Piracicaba, na rua Dr. Alvim, 818 – São Dimas - de terça a sexta das 14 às 19h e aos sábados das 9 às 13h. Entrada franca. Mais informações pelo site www.aartcollection.com.br. ... na 36ª edição da Festa do Milho Verde de Tanquinho, que neste ano será realizada nos dias 6,7,13,14,20 e 21 de março, no Centro Rural do distrito de Piracicaba. ... na III Verdurada Piracicaba no dia 21 de março, a partir das 16h. Essa é a edição piracicabana do maior evento de hardcore/vegan/straight edge da América Latina! Local: Casa do Hip Hop, na Rua Jaçanã Altair Guerrini – Paulicéia. Valor: R$ 7,00 (com direito ao jantar vegano no final do evento). Mais informações: www.verduradapiracicaba.blogspot.com ...na exposição "Feito em Pira I – Mulheres – Olhares Múltiplos – Técnicas Diversas”, de Luisa Libardi e Alunas, na Casa do Povoador de Piracicaba. A exposição, com abertura no dia 6 de março, poderá ser vista até o dia 28 de março. O horário de visitação é de segunda a sexta, das 8h às 11h e das 13h às 17h, aos sábados, domingos e feriados, das 9 às 18h. Mais informações: www.luisalibardi.com.br

... na Exposição Geraldo de Barros, que ocorre entre os dias 17 de março e 02 de maio no Sesc Piracicaba. As obras podem ser vistas de terças a sextas, das 13h30 às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. A exposição contempla obras das séries “Fotoformas” e “Sobras”, que integram o acervo de arte do Sesc São Paulo. O Sesc Piracicaba fica na rua Ipiranga, 155. O telefone de contato é 3437-9292. ... na exposição “Pequenas Obras. Mostra de Rocco Caputo com trabalhos em óleo sobre tela. Local: Casa do Salgot Sabores & Saberes - Rua Floriano Peixoto, 2.088 - Bairro Alto - Tel. 34328647. Visitas: segunda a sexta das 10h às 19h30 - sábado das 10h às 13h30. Período: De 06 de março até 9 de abril. ... no período de inscrição de trabalhos para a Bienal Naifs do Brasil 2010. As inscrições, gratuitas, já estão abertas e serão encerradas no dia 23 de abril. Mais informações no site www.sescsp.org.br/ inscricaonaifs2010, ou diretamente no Sesc Piracicaba, na rua Ipiranga, 155. O telefone de contato é 3437-9292.

... na apresentação da Paixão de Cristo de Piracicaba, que será realizada entre 27 de março e 04 de abril no Engenho Central. Mais informações e reserva de ingressos pelo telefone (19) 3413-7888 ou pelo e-mail ingressos@guaranta.org.br. O site da Associação é www.guaranta.org.br ... pois entre os dias 17 e 31 de março, o Sesc Piracicaba recebe trabalhos inéditos de arte postal enviados pelo correio, com técnica livre abordando o tema “Sobras & Sombras: uma conversa silenciosa”. Baseados na obra de Geraldo de Barros, os trabalhos devem obedecer ao tamanho de 10 cm x 15 cm e ser remetidos para: Sesc Piracicaba, Rua Ipiranga, 155, centro, Piracicaba/SP, Cep.: 13.400-480 ou para o endereço eletrônico: sobrasesombras@piracicaba.sescsp.org.br.

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...NA PROGRAMAÇÃO DO TEATRO MUNICIPAL DR. LOSSO NETTO Informações fornecidas pelo Teatro Municipal. Mais informações pelo telefone: 3433-4952 ou pelo site: www.semac.piracicaba.sp.gov.br Sala 1 13 e 14 de março: 21h (sáb) 19h (dom) – Teatro – “Minhas Criadas” Com Cia São Genésio Ingressos: inteira 10; Antecipado (Até 12/03) /estudante/idoso/ prof. Estado R$ 5,00. Classificação: 14 anos 17 de março: 20h – Teatro e Música – “Lanciano” Comunidade Corpus Christi e Ministério de Música e Artes Diocese de Piracicaba. Ingressos: inteira 10; Antecipado (Até16/03) /estudante/idoso/prof. Estado R$ 5,00. Classificação: Livre 19 de março: 21h00 – Dança – “Quando se desprendem as partes – Ação espetáculo” Coletivo o12. Ingressos: trocar antecipadamente por 1 litro de leite Longa Vida na bilheteria do Teatro. Classificação: 14 anos 21 de março: 10h30 e 16h – Teatro – “Chapeuzinho Vermelho e o Lobo” – Com Luciana Felipe e Romualdo Sarcedo. Ingressos: inteira R$ 16,00; Antecipado (até 20/03) estudante/idoso/prof. Estado/ bônus/JP/Unimed R$ 8,00. Classificação Livre Sala 2 16 de março: 19h30 – Sarau Literário – Tema: “Carmem Miranda”. Entrada gratuita – limite 100 lugares. 20 de março: 20h – Música e Teatro – “Jesus Cristo – Rei da Eternidade”. Ingressos: inteira 10; estudante/idoso/prof. Estado/ bônus/JP/Unimed 5,00. Classificação: Livre

... NO ROTEIRO CULTURAL DE PIRACICABA Biblioteca Municipal Ricardo Ferraz de Arruda Pinto: Rua do Rosário, 833. Telefones: (19) 3433-3674 / (19) 3434-9032 / (19) 3432-9099 Campus Luiz de Queiroz: Entradas pela Av. Pádua Dias, 11 e pela Estrada do Monte Alegre, bairro Agronomia. Telefone: (19) 3429-4305 Casa do Artesão: Av. Alidor Pecorari, s/n, parque da Rua do Porto. A casa está aberta a visitação de terça a sexta-feira das 13h às 17h, e de sábado, domingo e feriados, das 10h às 17h Casa do Povoador: Av. Doutor Paulo de Moraes, s/n. Telefone: (19) 3124-1989. Casarão do Turismo: Av. Beira Rio, 1433, calçadão da Rua do Porto. Telefone: (19) 3432-1122 Centro Cultural Estação Paulista Antonio Pacheco Ferraz: Av. Doutor Paulo de Moraes, s/n. Telefone: (19) 3124-1989 Centro Cultural Martha Watts: Rua Boa Morte, 1.257. Telefone: (19) 3124-1889 Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico: Av. Maurice Allain, 454, Engenho Central. Telefones: (19) 3403-2621 / (19) 3403-2623 Engenho Central: Av. Maurice Allain, 454. Telefone: (19) 3403-2600 Museu da Água Francisco Salgot Castillon: Av. Beira Rio, 448. Telefone: (19) 3432-8063 Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes Luiz de Queiroz: Av. Pádua Dias, 11, Agronomia. Telefone: (19) 3429-4305 Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes: Rua Santo Antônio, 641. Telefone: (19) 3422-3069 Museu Professor Jair de Araújo Lopes: Rua Boa Morte, 1.257. Telefone: (19) 3124-1889 Parque do Mirante: Rua Maurice Allain, s/nº Parque da Rua do Porto: Av. Alidor Pecorari, s/nº. Telefone: (19) 3403-1254

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SAMPAS

... no 1o Fórum Cultural de Mulheres no Hip Hop do Estado de São Paulo – Aldeia de Carapicuiba, na cidade de Carapicuíba (SP) nos dias 13 e 14 de março. Mais informações pelo site www.mulheresnohiphop.com.br, ou pelos telefones (11) 8250-7820 ou (11) 3439-137 3. ... no 21o Curta Kinoforum - Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, que acontecerá de 19 a 27 de agosto de 2010. As inscrições para os curtas brasileiros serão abertas no final de março e vão até o dia 10 de junho. As inscrições serão online e através do site www.shortfilmdepot. com. Poderão participar produções finalizadas em 2009 e 2010, com duração até 35 minutos (finalizados em 35mm) e de 3 a 20 minutos (finalizados em vídeo). ... na Exposição “Pulseira Ver a Árvore”. Grandes anéis coloridos de látex foram colocados em sete árvores do parque Ibirapuera, atrás do Museu de Arte Moderna (MAM), pela artista ambiental Renata Mellão. Em cada pulseira, há uma lente de aumento para que o visitante possa ver detalhes do tronco. O parque fica na Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº (atrás do MAM) - Parque Ibirapuera - Sul. Telefone: (11) 5543-5144.

... no Espaço Catavento, no Museu de Ciência. Também conhecido como museu da criança, o lugar segue os moldes de instituições que se dedicam à introduzir as crianças ao mundo do conhecimento, como o museu Papalote, no México; e ocupa o Palácio das Indústrias, antiga sede da prefeitura paulistana (região central da cidade de São Paulo). Pq. Dom Pedro 2º, s/ nº - Centro. Telefone: (11) 33150051. Ingresso: R$ 3 (crianças de quatro a 12 anos e maiores de 60 anos) e R$ 6. Grátis p/ menores de três anos. ... no Museu da Língua Portuguesa. O museu exibe uma nova projeção multimídia de poesias no terceiro andar. Com curadoria de José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski, o programa inclui trechos de textos de Nelson Rodrigues, Euclides da Cunha e Graciliano Ramos, entre outros nomes da literatura brasileira. Pça. da Luz, s/ nº Bom Retiro - Centro. Telefone: 3326-0775. Ingresso: R$ 6 (grátis p/ menores de dez, maiores de 60 anos e sáb.).

POR AI A FORA

... pois a Pulsar Artes e Produção está dando início à produção da 17ª edição do Cinesul - Festival IberoAmericano de Cinema e Vídeo. As inscrições vão até o dia 20 de março. Para se inscrever acesse www.cinesul.com.br. ... pois as inscrições para o Anima Mundi 2010 - 18º Festival Internacional de Animação do Brasil, finalizam no dia 23 de março. Mais informações e inscrições no site www.animamundi.com.br. Já as inscrições para o Anima Mundi Web e Cel (animação para web e celular) serão abertas no dia 02 de Abril de, e vão até o dia 29 de maio. As informações sobre o Anima Mundi Web e Cel também são encontradas no site do Festival. ... no Festival do Minuto: faça um Minuto com tema livre e concorra a um prêmio de R$ 500,00. Inscrições até 31 de março. ... as inscrições para a 3ª edição do Festival Internacional de Filmes Curtíssimos estão abertas até o dia 04 de abril. Mais informações no site www.filmescurtissimos.com.br

As datas e horários foram obtidos juntos aos organizadores ou diretamente no site dos mesmos. Assim, confirme as informações antes de comparecer aos eventos. Envie também a sua programação Eventos gratuitos, ou com custo popular, são divulgados na publicação impressa sem nenhum custo ao anunciante. São publicados eventos a serem realizados ou iniciados entre o dia 10 do mês da publicação e o dia 10 do mês seguinte à publicação. A programação deve ser encaminhada para contato@fusaocultural.com.br, assunto Fique Ligado.

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... nos livros mais vendidos

até o dia 24 de fevereiro - Fonte: Nobel, Saraiva e Fnac.

FICÇÃO O símbolo perdido, de Dan Brown Em 'O Símbolo Perdido', o professor de Harvard, Robert Langdon, é convidado às pressas por seu amigo e mentor Peter Solomon - eminente maçom e filantropo - a ministrar uma palestra no Capitólio dos Estados Unidos. Ao chegar lá, descobre que caiu numa armadilha. A cabana, de William P. Young A filha mais nova de Mackenzie Allen Philip foi raptada durante as férias em família e há evidências de que ela foi brutalmente assassinada e abandonada numa cabana. Quatro anos mais tarde, Mack recebe uma nota suspeita, aparentemente vinda de Deus, convidando-o para voltar àquela cabana e passar o fim de semana. Ignorando alertas de que poderia ser uma cilada, ele segue numa tarde de inverno e volta ao cenário de seu pior pesadelo. O ladrão de raios, de Rick Riordan O autor conjuga lendas da mitologia grega com aventuras no século 21. Nelas, os deuses do Olimpo continuam vivos, ainda se apaixonam por mortais e geram filhos metade deuses, metade humanos, como os heróis da Grécia antiga. Marcados pelo destino, eles dificilmente passam da adolescência. Poucos conseguem descobrir sua identidade. O garoto-problema Percy Jackson é um deles.

NÃO FICÇÃO Se abrindo pra vida, de Zibia Gasparetto (Espírito Lucius) Aos trinta e oito anos, Jacira acredita estar prisioneira de uma situação irreversível e sem saída. Assim, ela prefere entrar na depressão, culpar os outros, e acreditar que não tem como mudar o destino. Mas, ao contrário do que ela pensa, a vida trabalha em favor do seu progresso, enviando desafios, apertando o cerco e fazendo com que, cansada de sofrer, ela acorde para a realidade, descobrindo potenciais, buscando caminhos e se abrindo para vida. Guia politicamente incorreto da história do Brasil, de Leandro Narloch Existe um esquema repetido para contar a história do Brasil, que basta misturar chavões, mudar datas ou nomes. Nesse livro, o jornalista Leandro Narloch prefere adotar uma postura diferente que vai além dos mocinhos e bandidos conhecidos.

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Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert Em torno dos 30 anos, Elizabeth Gilbert enfrentou uma crise de meiaidade precoce. Tinha tudo que uma americana instruída e ambiciosa teoricamente poderia querer. Mas em vez de sentir-se feliz e realizada, foi tomada pelo pânico, pela tristeza e pela confusão. Enfrentou um divórcio, uma depressão debilitante e outro amor fracassado, até que se viu tomada por um sentimento de liberdade que ainda não conhecia.


... nos próximos filmes em cartaz em Piracicaba Fonte: Site www.cinearaujo.com.br

O amor acontece Estréia 05/03

Como Treinar o Seu Dragão Estréia 26/03

Ilha Do Medo Estréia 12/03

Chico Xavier Estréia 02/04

Remember Me A Vida é Feita de Momentos Estréia 12/03

Um Sonho Possível Estréia 19/03

Alice no País das Maravilhas 3D Estréia 23/04

Homem de Ferro 2 Estréia 30/04

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Não há como falar em cultura piracicabana sem lembrar-se do jornalista e escritor Cecílio Elias Netto. Por conta disso, a Fusão Cultural reproduz um texto de sua autoria, cedido gentilmente pelo escritor. Este texto foi publicado, primeiramente, no jornal on-line A Província, do qual Cecílio é diretor.

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ão existe mais o caipira verdadeiro, tal qual o “Jeca Tatu”, descrito por Monteiro Lobato, ou mesmo o “Joaquim Bentinho”, de Cornélio Pires. No entanto, os paulistas insistem em afirmar haver, no interior de São Paulo, uma cultura caipira que se traduz por algumas características, entre as quais a maneira de falar, a viola e alguns aspectos da culinária.  O jeito de falar caipira foi de tal forma marcante na história paulista que, quando no século XVIII, discutiu-se a instalação dos cursos jurídicos no Brasil, houve reações contrárias a São Paulo ter uma das faculdades. E a objeção se fazia por causa do sotaque, do dialeto caipira dos paulistas, tidos como “linguajar inconveniente” que contaminaria os futuros bacharéis, oriundos de outras partes do país. Na realidade, dizia-se que os paulistas “corrompiam o vernáculo”.

Mudanças

A influência dos negros e dos índios na linguagem caipira foi marcante. Essa mudança começou a ocorrer quando se substituiu o braço escravo pelo imigrando, afastando, aos poucos, a convivência dos brancos com os negros. Os caipiras genuínos, geralmente sem educação formal, ficaram na zona rural ou na periferia das cidades, mesclandose a outros elementos, incluindo o imigrante. Mas muito dessa linguagem ainda permaneceu, especialmente em

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algumas áreas do interior de São Paulo, às margens dos rios Paraíba, Tietê e Piracicaba, entre outros.  As migrações de italianos, árabes, alemães, japoneses e outros contribuíram para muitas dessas mudanças. Mas parte desse sotaque ficou. E o escritor Amadeu Amaral, um caipira de Capivari, ainda na década de 1920, fez um estudo sobre o sotaque e o dialeto caipira, colhendo dados que permanecem atuais.  Muitas cidades, mas a região de Piracicaba em especial, mantêm resquícios dessa “cultura caipira” que é muito forte, do “português” arcaico. A própria palavra caipira significa essa “cultura antiga” que ficou à margem dos rios percorridos pelo colonizador e onde se alojava a nação tupi-guarani e os payaguás. “Cá i pira”, em tupi, tem esse significado: “a mata que acompanha o rio” e para os payaguás, designa que o rio segue a vegetação.  É a linguagem com que os indígenas corromperam o “português arcaico”.  Em estudo apresentado à USP, a professora Ada Natal Rodrigues concluiu que houve o encontro de duas etnias - o português arcaico e o silvícula (tupiguarani e payaguá) - formando essa linguagem e essa cultura caipiras, o “falar feio e bonito” . Quando o sertanista se tornou sedentário e os filhos passaram a freqüentar colégios, o “falar” passou a ser chique, mas o “sotaque” piracicabano, que Piracicaba assumiu como “caipiracicabano” permaneceu.  Onde os sertanistas chegaram, o

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por Cecílio Elias Netto dialeto ficou: o abrandamento dos “erres” e o arredondamento dos “eles”, o chamado “erre retroflexo” que é pronunciado com a língua retraída para o fundo. O “perarta” no lugar de peralta, o “sarto” no lugar de salto são parte dessa linguagem. Na região de Piracicaba, ao contrário do que muitos julgam, foram os italianos que se influenciaram com a nossa maneira de falar e não o contrário. A noção de que “caipira é feio” vem do “Jeca Tatu” de Monteiro Lobato, muito diferentemente do personagem arguto e brilhante de Cornélio Pires, também caipira, o “Joaquim Bentinho”.

As vogais

Uma das principais características desse dialeto caipira está quando a vogal é seguida de S ou Z, portanto ciciante. Ex: rapaz, mês, nós. Quando ocorre, usa-se a vogal I, criando o ditongo AI. Diz-se, então: rapaiz, meis, nóis.  Por outro lado, a troca do E pelo I, ao final das palavras, como ocorreu em outras regiões do país, não ocorre. Ex: aquele, aquêli, este, êsti. O caipira acentua ainda mais: aquelê, estê. O mesmo ocorrendo em relação ao O e U. Ex: povo, povu; novo, novu, que o caipira enfatiza, povô, novô.  No entanto, a vogal O, usada entre as palavras, é substituída pelo U. Ex: cozinha passa a ser cuzinha, de cozinha; taboleta torna-se tabuleta; tossirpassa a ser tussir.  Nos grupos vocálicos – ai, ei, ou,


oi – há diversas alterações na maneira de falar caipira. O grupo Ai pode ser reduzido, quando diante do X, como na palavra caixa, igual a caxa. Ou faixa, que se torna faxa. Paixão passa a ser paxão. Ou o Ai é transformado em Ei, como na palavra raiva, que passa a ser réiva.  O grupo ei reduz a Ê se for seguido de R, X ou J. Ex: isqueiro= isquêro; cheiro= chêro; peixe= pêxe; queijo= quêjo.  Nos vocábulos esdrúxulos – música, ridículo, cócega, por exemplo – o caipira sempre suprime a vogal da última sílaba. Dessa forma, música é pronunciada “musca” ou “musga”; cócega, pronuncia-se “cosca”; ridículo, “ridico”.

Eles e erres

Uma das tipicidades mais flagrantes dessa linguagem caipira está, no entanto, no uso dos ELES e ERRES. O ELE, no final das sílabas e no meio das sílabas, quase sempre muda para R. Assim, papel passa a ser papér; mel é mér; alma é arma; Brasil é Brasir. Há casos em que um dos ELES permanece, como na expressão tal e qual, que é pronunciada “talequar” ou “talequá”. E, também, mal e mal, que, quase sempre, se diz “malemá”.  Há que se observar , no entanto, que, nas palavras terminadas em Al, EL, a consoante “L” pode desaparecer: jornal é jorná; papel é papé.  O R praticamente desaparece no final das palavras. Ex: andar, andá; mulher, muié; esquecer, esquecê; amor, amô.

Nomes indígenas

Grande número de palavras, comumente usadas pelo caipira, tem origem indígena, tanto que quase todos os topônimos são de origem tupiguarani, Piracicaba incluindo. Basta observar nomes de distritos - como Tupi, Caiubi, Anhumas e outros - e de bairros (Jupiá, Bongue e outros), além de cidades próximas como Capivari, Mombuca, Tietê, Itu, para se atentar para a influência indígena.  Dos vegetais, um sem número deles tem essa origem: abacate, abacaxi, cipó, jabuticaba, jacarandá, pitanga, samambaia, capim, pipoca, imbuia, mandioca.  Nomes de fenômenos e acidentes da natureza, doenças, etc., são também muitos: catapora, piracema, pororoca, catinga, cupim, bereba. E de utensílios domésticos, aparelhos, objetos de uso, alimentos, costumes : arapuca, muqueca, pamonha, paçoca, patuá, peteca, sapicuá, jacá, cateretê, caruru, catira, saci, caiçara, caipira, caipora.  Quanto à influência dos vocábulos africanos na linguagem caipira, essa é praticamente a mesma que existe no Brasil inteiro, palavras como quilombo, samba, malungo, cachaça, mandinga, missanga, etc. Trata-se, pois, de um especialíssimo jeito de falar que tem explicações na própria dinâmica da língua, na morfologia e, também, na história. ■ Mais textos de Cecílio Elias Netto no site www.aprovincia.com


PAIXÃO CRISTO DE

DE PIRACICABA

Eu também faço parte desta história

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por Rafaela Silva

aixão, esta é a primeira palavra a vir à mente de grande parte do elenco da encenação Paixão de Cristo de Piracicaba quando pensa no espetáculo. Também foi a paixão que fez Jesus dar a sua vida pela humanidade. A paixão também impulsionou Silvio Kazza, 32 anos, a lutar para interpretar Jesus, papel que conseguiu nesta edição do espetáculo. Kazza começou a participar do espetáculo em 2007, e desde aquele ano tenta conseguir esse papel. Foi também nos ensaios para a Paixão de Cristo que Kazza apaixonou-se por Aline Soave, com quem namora há quase três anos.  Passada a euforia pela conquista do personagem (os papéis para personagens com fala foram distribuídos em dezembro), Kazza começou trabalhar para fazer bem o seu papel. O ator foi a fundo nos laboratórios para construção do personagem. Nos dois meses de preparação para a gravação das falas, Kazza fez vários jejuns (apenas ingeria água), estes jejuns se prolongavam por 4, 5 e até por 8 dias consecutivos. Também caminhou por horas em espaços de mata, a fim de buscar, segundo Kazza, um encontro maior com Jesus. Encontro que ele garante ter existido.  Jesus, promessa, oportunidade, felicidade, fé, amizade, alegria, animação... Essas são algumas das palavras a virem à mente do elenco da Paixão de Cristo. São realmente necessárias muita felicidade, alegria e animação, pois os ensaios ocorrem aos domingos, das 09 às 12h. Nas últimas semanas que antecedem as apresentações, os ensaios são realizados durante o domingo todo. Muitos reclamam, mas no final, todos concordam sobre a necessidade da expansão do horário de ensaio, e buscam nas amizades a força para seguir o dia todo no Engenho.

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Sempre tive vontade de participar desse espetáculo, mas só tomei coragem em 2007. Quatro anos fazendo parte dessa história pode parecer pouco, mas é o suficiente para entender o sucesso e a importância da Paixão de Cristo, não apenas para o elenco, mas para Piracicaba. Pessoas de todo o Brasil, e mesmo de fora do país, vêm assistir as apresentações.  Participar dessa história é importante, especificamente para mim, por diversos motivos: ganho de experiência teatral, socialização (fiz muitos amigos) e conhecimento. Apesar de a história da vida de Cristo ser conhecida, ela pode ser contada de diferentes maneiras, possibilitando um aprendizado constante. Para os interessados em fazer parte dessa história, as inscrições para integrar o elenco encerram-se no dia 14 de março.

O início de tudo

Neste ano, a encenação da Paixão de Cristo em Piracicaba completa 21 anos. Dos idealizadores, apenas dois ainda participam do espetáculo; Carlos Alberto Aguiar e Silva (o Charlão), além de Raul Rozados. Segundo Charlão (como prefere ser chamado), tudo começou com um grupo de alunos de uma oficina de teatro do Serviço Social do Comércio (Sesc). O intuito do grupo, de acordo com Charlão, era fazer um espetáculo que dialogasse e tocasse um grande número de pessoas.  A apresentação, que ocorre durante a Semana Santa, é realizada no Engenho Central da cidade desde 1992. Aliás, não há cenário melhor para a apresentação. Em 1990, primeiro ano do espetáculo, a Paixão de Cristo foi apresentada no Campus da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP). No ano seguinte, a apresentação ocorreu no Parque da Rua do Porto. ■


Diretores do espetáculo 1990 – Elie Marios Deftereos 1991 – Isabel Ortega 1992 a 2004 – João Prata 2005 – Dagoberto Feliz 2006 a 2008 – Carlos ABC 2009 – Rosana Baptistella 2010 – João Scarpa Fonte: www.guaranta.org.br

Imagens de Gilberto Pessato Jr., tiradas durante o ensaio do dia 28 de fevereiro.

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por Rafaela Silva

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no eleitoral. Isso já seria motivo suficiente para colocar em dúvida o novo projeto de lei federal de incentivo à cultura, que está em trâmite na Câmara dos Deputados (pelo menos estava até o fechamento desta edição). A necessidade de alterar a lei atual é discutida há tempos, mas só agora o texto final será votado. As modificações, apesar de poucas, também causam dúvidas nos artistas, produtores culturais e empresas quanto à eficácia do projeto. Não basta criar ou mudar leis, é necessário cumpri-las. A grande quantidade de leis, federais, estaduais e municipais gera é muitas confusões. Se a Declaração Universal dos Diretos Humanos e a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) (leia abaixo trechos das declarações) fossem levadas a sério, já seria um grande avanço.  Críticas à parte, as leis de incentivo

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estão ai. Por isso, a Fusão Cultural não servirá como tribunal, para julgar a necessidade ou validade dos programas de incentivo à cultura, mas apontará para o leitor as alterações propostas.

Declaração Universal dos Direitos Humanos Artigo XXII - Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo XXVII

• Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. • Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (Unesco ) “...afirma que a ampla difusão da cultura e da educação da humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são indispensáveis para a dignidade do homem e constituem um dever sagrado que todas as nações devem cumprir com um espírito de responsabilidade e de ajuda mútua”.

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RENÚNCIA FISCAL

Utilizar a renúncia fiscal como chamariz para as empresas investirem em cultura não é algo novo no Brasil. Essa forma de incentivo cultural surgiu na década de 80, com a Lei Sarney (lei nº 7.505/1986). O Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) – mais conhecido como Lei Rouanet (Lei nº 8.313/1991), em referência ao ministro da cultura da época, Sérgio Paulo Rouanet – foi aprovado durante o primeiro governo eleito a partir das eleições diretas para presidente da República do Brasil em 1989. A Lei Rouanet representou um grande avanço para o setor, ao articular os interesses de empresas e artistas. Contudo, é justamente a renúncia fiscal um dos pontos mais criticados pelo Ministério da Cultura (MinC).

EIS QUE SURGE O PROCULTURA

Inicialmente chamado Programa de Fomento e Incentivo à Cultura (Profic), o novo projeto de lei federal chegou à Câmara dos Deputados em janeiro deste ano com o nome de Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (Procultura – projeto de lei nº 6.722/2010). A expectativa é que a lei comece a vigorar ainda no fim do segundo semestre deste ano, pois o texto chegou ao congresso com pedido de tramitação urgente/urgentíssima, que asseguraria a aprovação em 90 dias. Se aprovado, o texto seguirá para o senado, onde deverá ser votado em 30 dias.  Especificamente em relação ao Pronac, as principais críticas que balizaram a criação do novo projeto de lei foram: a grande burocracia enfrentada por artistas e produtores culturais para conseguir investimentos; a baixa atuação do Estado e, com isso, a dependência de patrocinadores que, em muitos casos, utilizam a isenção fiscal apenas como forma de publicidade barata; a concentração dos recursos em uma única região; e a concentração dos investimentos em setores específicos.

Apesar das críticas, as alterações nos mecanismos de implementação do Procultura em relação aos do Pronac foram poucas. O Fundo Nacional da Cultura (FNC), que já existia desde a Lei Sarney com o nome de Fundo de Promoção Cultural, passa a ter mais sete fundos setoriais, além do Fundo Setorial do Audiovisual. São eles: o Fundo Setorial das Artes Visuais; o Fundo Setorial das Artes Cênicas; o Fundo Setorial da Música; o Fundo Setorial do Acesso e Diversidade; o Fundo Setorial do Patrimônio e Memória; o Fundo Setorial do Livro, Leitura, Literatura e Humanidades; o Fundo Setorial de Ações Transversais e Equalização; e o Fundo Setorial de Incentivo a Inovação do Audiovisual. O objetivo do Ministério da Cultura (MinC), com a criação dos fundos setoriais, é arrecadar mais verba para o FNC e distribuí-la melhor entre os setores, visto que, pela nova lei, nenhum setor pode ganhar menos de 10% ou mais de 30% do FNC.   Ta m b é m   h á   a garantia de simplificação no uso da lei, por conta da redução de uma etapa do processo. Na Lei Rouanet, o projeto enviado, após passar por uma análise, seria ou não aprovado. Sendo aprovado, o projeto recebia um certificado de captação.  C o m esse certificado em mãos, o artista ou produtor cultural deveria buscar uma

Procutura chega ao congresso com poucas alterações em relação ao Pronac. segunda aprovação junto às possíveis empresas patrocinadoras. Com o novo fundo, foi eliminada esta última etapa. Ao ter o projeto aprovado pelo MinC, o recurso deve ir direto aos realizados. ►

Fonte: Nova Lei da Cultura - Material informativo sobre o projeto de lei de fomento e incentivo, disponibilizado pelo Ministério da Cultura (MinC), 15 a 28 de janeiro de 2010.

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Sudeste recebeu quase 80% do valor Porcentagem do valor recebido por região do dinheiro da renúncia fiscal em 2009.

Fonte: Nova Lei da Cultura - Material informativo sobre o projeto de lei de fomento e incentivo, disponibilizado pelo Ministério da Cultura (MinC), 15 a 28 de janeiro de 2010.

As empresas ainda podem beneficiar-se da isenção fiscal, o que mudou foram as faixas de renúncia. Com a nova lei, 20%, no mínimo, do valor de um projeto devem ser custeados com os recursos da empresa. Outra mudança foi a criação de renúncia fiscal para os endowments, inspirada no National Endowment for the Arts, dos Estados Unidos da América. O endowment é um fundo formado pela doação de empresas e pessoas físicas. Os investidores também podem utilizar o antigo Fundo Privado (Ficart), que passou por reformulação. No novo Ficart, a renúncia fiscal passa a ser de 100%, nesse primeiro momento. A intenção é reduzir o percentual conforme as ações de empreendedorismo aumentarem, possibilitando a sobrevivência desse fundo. Ao optar pelo Ficart, é como se a empresa ficasse “sócia” da renda do projeto cultural. Será um investimento com expectativa de retorno.  Todos os projetos enviados ao MinC serão avaliados pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), formada por parceristas es-

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pecializados em cada área cultural. Os projetos poderão ser apresentados por pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem fins lucrativos, pois a natureza cultural do projeto deve estar no próprio projeto e não no proponente. Outra promessa é agilizar a avaliação dos projetos, que não deve passar de 30 dias. Caso o projeto seja recusado, o proponente tem o direito de recorrer da primeira decisão.  De certa forma, o único mecanismo criado foi o Vale-Cultura. Tratase de um cartão, com saldo de até R$ 50,00 por mês, por trabalhador, a ser utilizado no consumo de bens culturais. As empresas que declaram Imposto de Renda com base no lucro real poderão aderir ao Vale-Cultura e posteriormente deduzir até 1% do imposto devido. O valor do vale leva em consideração o orçamento familiar do trabalhador e possibilitará o consumo de bens culturais sem one-

rar o beneficiado. No caso do trabalhador, o desconto será de 10% se ele ganhar até cinco salários mínimos. Os funcionários com salários maiores só receberão o benefício quando atendida a totalidade dos empregados que recebem até cinco salários. No caso de salários superiores, os descontos devem variar entre 20% e 90%. ►

O Vale-Cultura foi o único mecanismo novo criado pelo Procultura.

Mecanismos de implementação dos programas

Fundo Nacional da Cultura (FNC)

Fundo Nacional da Cultura (FNC)

Incentivo a Projetos Culturais

Incentivo Fiscal a Projetos Culturais

Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart)

Fonte: Textos disponíveis no site do Ministério da Cultura (MinC).

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Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart) Vale-Cultura


Principais diferenças entre a forma de implementação dos dois programas

2 faixas (30% e 100%)

3 faixas (40%, 60% e 80%)

Baixo investimeno privado

Os maiores investidores sinalizam investimento próprio de no mínimo 20%

Ausência de critério

Adoção de critérios públicos de uso dos recursos

Arbítrio: música popular e outras áreas com apenas 30% da renúncia.

Todas as áres da cultura podem obter a faixa máxima da renúncia

Vale-Cultura

Não existia

A expectativa é de até R$ 7 bilhões arrecadados em investimentos ao ano

Ficart

Não saiu do papel porque não tinha incentivo fiscal

100% de renúncia para projetos culturais com potencial de retorno comercial. O índice vai baixar com o tempo

Direitos do Autor

O governo financia projetos com 100% de renúncia e depois recompra o mesmo produto para uso educacional, não comercial

O direito autoral será preservado e o projeto ganha fim educacional após terminar a vida comercial do produto

Repassse do fundo para estados e municípios

Não era feito

Repasse automático de 30% dos recursos do Fundo Nacional de Cultura (FNC)

Fundo Nacional de Cultura (FNC)

Sem divisão setorial e com baixa variedade de mecanismos

• Criação de sete novos fundos setoriais • Repasse para estados e municípios • Associação a resultados – coprodução de projetos com potencial retorno comercial • Crédito e microcrédito. Empréstimo a empreendimentos culturais, por meio de instituições de crédito.

Renúncia

Fonte: Nova Lei da Cultura - Material informativo sobre o projeto de lei de fomento e incentivo, disponibilizado pelo Ministério da Cultura (MinC), 15 a 28 de janeiro de 2010.


A pesquisa da Fundação João Pinheiro, “A Economia da Cultura”, que trás informações sobre o setor, data de 1998, mas o grande objetivo da maioria das empresas que investem em cultura não mudou. A necessidade de uma política cultural forte é justamente para que o controle cultural não fique nas mãos de grandes marcas. Pois nesse setor a estrela é a produção cultural e não a marca da empresa.  De acordo com o defensor do projeto de lei 6722/10 do executivo, que revisa a Lei Rouanet (8.313/91), o deputado Odair Cunha (PT-MG), em entrevista realizada pela Agência Câmara, e publicada no dia 11 de fevereiro no site da Câmara, “atualmente, o volume total de recursos é de R$ 2 bilhões, e o governo quer chegar a R$ 4 bilhões com os mecanismos da nova Lei Rouanet. É um avanço, um acréscimo de 100% para o setor cultural. As empresas não poderão patrocinar apenas grandes projetos culturais, e projetos menores também serão viabilizados”.  Com o Procultura, no entanto, crescem os investimentos em produções culturais com fins comerciais e reduzem os benefícios para as empresas via renúncia fiscal. Esses dois pontos estão preocupando artistas, quanto à possibilidade de os projetos culturais brigarem com o show business pelos recursos do Procultura.  Nos Estados Unidos da América, o setor cultural é dividido em dois segmentos, o do entretenimento (fazem parte produtos culturais realizados com fins comerciais) e o da arte com objetivos sociais. O entretenimento, no país norte-americano, é tido como um dos mais importantes mercados econômicos, e as artes tidas como atividade social incentivada por benefícios fiscais, existentes desde 1917. As instituições beneficiadas são de interesse público, sem fins lucrativos. Já filmes de Hollywood, por exemplo, não podem receber dinheiro do contribuinte.  Apesar de o MinC afirmar não haver risco de as empresas deixarem de

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Porque as empresas investem em cultura?

consideram que o investimento representa ganho de imagem institucional acham que o investimento agrega valor à marca da empresa outras opções Fonte: Pesquisa “A Economia da Cultura”. Fundação João Pinheiro, 1998.

investir em cultura por conta do fim da faixa de 100% de renúncia fiscal, visto que os 20 maiores anunciadores do País, de acordo com o MinC, assinaram um documento apoiando a modificação da lei; há empresas em dúvida quanto utilizar o Procultura, por não poderem mais escolher o projeto a ser financiado. Além disso, quem decide em qual faixa de isenção a empresa ficará será a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic). Além das formas de investimento utilizando os meios públicos, as empresas podem optar por formas de incentivo privado em cultura. São elas: patrocínio de projetos propostos por terceiros; criação e gestão de sua própria marca cultural, elaborando e executando seus próprios projetos; ou a união das duas formas.

CULTURA PARA TODOS

De acordo com a Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural, da Unesco, “cultura deve ser entendida

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Maior investimento em produções culturais com fins comerciais também gera preocupação. como o conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”.  Levando em consideração esse conceito de cultura é possível ter noção da dificuldade em optar por um projeto ou por outro. Mais do que mudanças na lei, ou criação de fundos setoriais, o essencial é transparência nos processos e maior isenção da comissão avaliadora dos projetos. Sem isso, as concentrações de investimentos por região ou setor cultural não devem ser reduzidas. Também é importante um maior acompanhamento e envolvimento dos artistas e produtores culturais, a fim de que os mesmos nutram-se de informação para utilizarem em seus projetos. Além da Lei Rouanet, que é uma lei federal, o artista pode beneficiar-se de leis estaduais e municipais (A Fusão Cultural abordará o tema em outra edição). Também não basta criar o Vale-Cultura. É imprescindível melhorar a educação cultural da população brasileira.  Lavar as mãos e colocar a culpa no governo pela má execução dos programas de incentivo à cultura também não é o ponto. Para uma política cultural forte, que beneficie a população geral, artistas, produtores e empresas, é importante um esforço conjunto. Durante o primeiro semestre de 2010, muita água ainda deve rolar sob a ponte do Procultura. Cabe aos interessados no debate cultural acompanharem efetivamente.


Opiniões sobre a alteração na Lei Rouanet

“Tenho acompanhado alguns pontos da discussão da reforma da Lei Rouanet. Acredito que a reforma tende a contribuir muito para que a divisão dos investimentos ocorra por segmentos artísticos e populares e também por diversas regiões brasileiras. Acho um importante passo que é dado para a interiorização da produção cultural. As cidades do interior necessitam de um aparato legal que beneficie aos produtores culturais representantes dos segmentos diversos da arte. Pontuo também a necessidade de haver parceristas, examinadores e bancas de projetos aptos a questionarem e validarem propostas de relevância artístico-cultural. A cultura de massa está imposta e disseminada gratuitamente. É hora de inverter a ordem. Vamos popularizar e propagar as artes sem limites de estética e território geográfico-cultural.” (Daniel Costa) Daniel Costa é artista da dança, professor e pesquisador da cultura popular brasileira. É membro do LABORARTE (Laboratório de Estudos sobre o Corpo da Faculdade de Educação da UNICAMP) e da VISARTE Produtora Junior do Instituto de Artes da Unicamp.

Raul Rozados é licenciado em Filosofia pela Universidade Metodista de Piracicaba em 1996; ator formado pelo Conservatório Carlos Gomes de Campinas (SP) (D.R.T.: 23447/SP); fotógrafo pela Escola Paulista de Fotografia – 1996; e músico amador. É um dos fundadores e por muitos anos foi um dos principais coordenadores da “Paixão de Cristo de Piracicaba”, tendo atuado em todas as suas edições.

“Eu penso que as mudanças não vão aumentar os investimentos em cultura. Porque afinal, já temos mecanismos para isso. Não sei dizer, mas acho que uma olhada na realidade de outros países pode ser interessante. No Brasil, acho que o quê pode aumentar o investimento em cultura é a melhor formação do profissional que já é destaque no mercado: o Produtor Cultural. O produtor é o responsável pela sensibilização das empresas para os benefícios da utilização das leis. Ninguém capta recursos sem a figura do produtor. Se nós tivéssemos produtores com disposição para trabalhar com as companhias do interior poderíamos utilizar os mecanismos que já existem, da maneira que estão. É claro que os produtores vão se interessar muito mais pelos grandes projetos das grandes companhias das capitais. Para corrigir essa distorção, penso que o ideal seria que as cidades tivessem as suas próprias leis de incentivo, através do abatimento de impostos municipais. Assim surgiriam produtores locais dispostos a trabalharem nas suas próprias cidades, atendendo aos grupos locais. Agora, quando se fala em distribuição de recursos, sempre me preocupa a questão dos critérios. Quem estabelece os critérios? Quem julga esses critérios? Como pesar ou valorar projetos diante da diversidade que temos? Como não cair nas tendências ou modismos de uma ou outra corrente de pensamento?” (Raul Rozados) ■

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por Rafaela Silva

Qual parte do corpo perfurar? “Inequivocamente, os estranhos são fornecedores de prazeres. Sua presença é uma interrupção do tédio. Deve-se agradecer a Deus que eles estejam aqui.” (Zygmunt Bauman – O mal-estar da pós-modernidade)

A jóia

A jóia utilizada no surface difere das demais para facilitar a adaptação à superfície do corpo. Outro fator para a escolha da jóia é a anatomia da parte do corpo escolhida. Os principais materiais de confecção da jóia são os

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Creative Commons

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ara muitos, a pergunta não é mais qual roupa vestir, mas qual parte do corpo furar. Orelha? Umbigo? Nariz? Sobrancelha? Que nada. Atualmente, há outras opções. Os piercings passaram a adornar outras partes do corpo, como a nuca e o peito. Essa perfuração é chamada surface piercing (piercing de superfície). Amor à dor, amor à arte ou à moda, não importa o motivo; o surface veio para ficar. Mais do que coragem, no entanto, é necessário um bom profissional para realizar essa perfuração, que difere da tradicional, além da jóia certa. Antes, furar partes diferentes do corpo era desaconselhável por body piercers devido às jóias existentes não serem adequadas à anatomia dessas partes do corpo, geralmente mais planas. Com o desenvolvimento de novas peças, essa perfuração começou a popularizar-se entre os amantes da body art, visto que as novas jóias diminuem a rejeição e facilitam a cicatrização.

aços cirúrgicos, como o titânio G23 e o PoliTetraFluorEtileno (PTFE) – um teflon um pouco flexível, o que facilita a acomodação da jóia.

Perfuração

No surface, a perfuração é feita sem pinças. Mais comumente são feitas com cateter intravenoso ou com agulha americana. Com essa técnica, o furo não fica com a mesma angulação da jóia. Outra técnica é a punch-and-taper ou scalp-and-taper, que consiste em abrir um orifício em ambas as extremidades da perfuração, e deslocar a região por onde passará a jóia com o auxílio de um pino, para só então introduzir a jóia. Desta maneira, a perfuração fica com a mesma angulação da jóia.

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Cicatrização

A cicatrização do furo varia de pessoa para pessoa. No caso do surface, que difere do piercing tradicional, a cicatrização é um pouco mais complicada, e depende de diversos fatores, como o material da jóia, o local da aplicação e a aplicação em si. Contudo, se não houver problemas, a cicatrização completa-se entre 6 meses e 1 ano. A higienização do furo é um fator importantíssimo para a boa cicatrização e a redução do risco de infecções. Há produtos anticépticos indicados. Mas grande parte dos body piercers indica apenas a limpeza do local com sabonete antibacteriano e compressa de salmoura (solução feita com água morna e sal marinho). ■


por Valdir Brito

por Rafaela e Gilberto

caricatura caricatura Sérgio Paulo Rouanet Nasceu no Rio de Janeiro em 23 de fevereiro de 1934. É um diplomata, filósofo, antropólogo,tradutor, ensaísta brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras desde 1992.

PIADA DE BEBADO

Um bêbado entrou em um ônibus, sentou ao lado de uma moça e disse: - Mas como tu é feia, tu é a coisa mais horrível que eu já vi! A moça olha para ele e responde: - E tu seu bêbado nojento! E o bêbado imediatamente responde: - É, mas amanhã eu estou curado!

PIADA DE CAIPIRA

Um caipira foi visitar o compadre e tendo intimidade, entrou na casa sem bater. O compadre estava sentado num sofá assistindo televisão. O caipira então cumprimenta: Oi cumpadre, firme? O compadre responde: Nada sô, futebor...


por Larissa Martins

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Brasil é reconhecido mundialmente por seu vasto mosaico colorido formado por diversificações culturais. Cada estado, região e cidade, possuem suas especificidades de acordo com a localização, variantes desde alimentações e costumes, até aos modos de vestir.  A moda enquanto elemento cultural refere-se à adaptação do vestuário de acordo com as tendências propostas pelo mercado “fashion” contextualizado de acordo com a dinamicidade social e política. No entanto, o universo da moda não se limita às roupas, afinal qualquer pessoa mais informada no mundo fashion, sabe que nenhuma roupa é a mesma se utilizada sem acessórios. Brincos, anéis, colares, bolsas, sapatos e até cores de esmalte e batom (entre outros acessórios), são elementos determinantes para transformar um visual de acordo com a situação, assim como também representar bom senso quanto às tendências e revelar traços da personalidade e composição de estilo.  No caso de Tocantins, estado brasileiro marcado por chuvas no verão e secas no inverno, e por diversas áreas de preservação ambiental; quando o assunto é moda, há a predominância da produção artesanal local, sendo as matérias-primas mais comuns o buriti e o babaçu, o capim dourado, a cerâmica, o cristal, o ouro, o jatobá, a madeira e o artesanato indígena.  Segundo a designer de moda, Lariça Tirçá da Silva, a moda em Tocantins representa muito bem a união entre sustentabilidade e moda, pois

esta acaba incluindo matéria-prima natural e responsabilidade sócioambiental às tendências, além de alicerçar parcerias entre artesãs locais e estilistas renomados.  Lariça ainda destaca a realização do evento Palmas Fashion Week (que neste ano ocorrerá entre 14 e 17 de abril), o qual contará com duas coleções fortes: a Coleção Babaçu Brasil e a Coleção Jalapa.  Comentando um pouco sobre as duas coleções, a designer de moda explica que a Coleção Babaçu Brasil traz às peças desenvolvidas pelo famoso estilista Renato Loureiro. As peças vão de bolsas, pulseiras, colares e brincos, até batas e saídas de banho produzidas com aplicações de babaçu ou estampas do mesmo. Já a Coleção Jalapa remete à região do Jalapão, conhecida pelo capim dourado nativo em seu cerrado. Com a planta são produzidas diversas peças, como colares, braceletes, pulseiras, mandalas e objetos de decoração, sob uma óptica inovadora e futurista desenvolvida pelos designers nacionais Heloísa Crocco e Marcelo Rosenbaum.  Essas coleções são um exemplo do potencial brasileiro. Lariça salienta que “os brasileiros deveriam entender que os padrões europeus não têm nada a ver com o nossos, pois somos um país tropical, com coisas maravilhosas para serem utilizadas e sem agredir o meio ambiente”. A estilista também deixa o seu recado: “a moda é algo muito pessoal, não suscetível a padronizações, cada tribo o que sentir bem”. ■ (Foto: Beto Monteiro).


“Muros agudos Iguais à fome de certos pássaros Descendo das alturas Muros loucos, desabados: Poetas da utopia e da quimera. Muro máscara disfarçado de heras. Muros acetinados iguais a frutos. Muros devassos vomitando palavras. Muros taciturnos. Severos. Como os lúcidos pensadores De um sonhado mundo.” (...) (Trecho de Hilda Hilst na obra Rútilo Nada. A obscena senhora D.Qádos, 1993.)

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princípio, os muros sempre estiveram relacionados às demarcações territoriais, proteção e até mesmo isolamento. O muro já adquiriu uma grande iconicidade na história da humanidade, como na separação entre leste e oeste da população de Berlim devido a questões políticas e ideológicas; o histórico Muro de Berlim.  Por entre muros das cidades, desde as metrópoles às interioranas, o que se inova é o fato dos muros passarem a ter outra apropriação na contemporaneidade: uma tela em branco para artistas plásticos. Finalmente, os muros não se limitaram mais a propagandas partidárias e comerciais, visto que aderiram à valorização de artistas locais para esteticamente contribuírem para a revitalização das cidades.  Há locais no mundo inteiro nos quais a pintura extrapola as ruas, por apresentar traços em 3D. Esses trabalhos geram curiosidade e incredulidade de

por Larissa Martins

alguns, quanto à veracidade da imagem, por seu extremo realismo visual.  Os muros, como um novo espaço de arte, também favorecem a valorização de uma cultura local. Apesar de os artistas terem livre arbítrio das técnicas que irão utilizar, as temáticas abordadas em suas pinceladas são orientadas por uma comissão municipal, para comporem suas “telas urbanas” relacionadas à historicidade da cidade.  Em Piracicaba (SP), essa manifestação está presente nos painéis pintados nos muros exteriores do Cemitério da Saudade, os quais estão relacionados às temáticas do Rio de Piracicaba e figuras religiosas.  A exposição a céu aberto possibilita a contemplação de uma diversidade de interpretações e significações, atribuídas pelos 13 artistas plásticos que realizaram o trabalho.  Anteriormente, as pinturas nos muros estavam relacionadas às pichações e vandalismo que na verdade

em muito contribuíam à poluição visual das cidades. Com a popularização do grafite nos anos 80 (arte que custou muito a ser aceita socialmente e se desfazer de associações à marginalidade), os muros da cidade de São Paulo tornaram-se cenários que remetem à ilustrações quase animadas. Atualmente, os muros são espaços nos quais o artista tem a oportunidade de expor suas idéias e sentimentos, interpretações de mundo, até mesmo críticas. Como nos quadros, os artistas podem compor suas obras da mesma forma detalhada, porém ampliada e atribuindo melhor visibilidade.  Assim como na citação de Hilda Hilst, no início desta seção, a significação dos muros pode ser adjetivada às mais diversas formas de exteriorizar uma visão de mundo, além de proporcionar democratização cultural, tanto de criação quanto de acesso, concretizada nesses espaços através de suas formas, cores e ilustrações. ■

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por Rafaela Silva

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eus ouvidos, por algum motivo inexplicável, aguçaram-se ao ouvir as músicas da programação sertaneja de uma rádio. Como não sou ligada ao estilo, só agora me dei conta. Nada de Pense em mim, chore por mim, liga pra mim, não, não liga pra ele (Pense em mim – Leandro e Leonardo). As lágrimas continuam escorrendo, mas o protagonista do “chororô” mudou. Chora, me liga implora o meu beijo de novo. Me pede socorro. Quem sabe eu vou te salvar. Chora, me liga implora pelo meu amor. Pede por favor. Quem sabe um dia eu volto a te procurar (Chora, me liga - João Bosco e Vinícius).    A música sertaneja, conhecida pelas vertentes caipira ou de raiz, o sertanejo tradicional e o sertanejo moderno, conta também com o estilo universitário. Música sertaneja é música sertaneja, e ponto, mas não há como não notar as diferenças entre os estilos anteriores e o cantado atualmente. As mudanças não estão apenas nas letras e melodias, mas também nas roupas e cabelos dos cantores. Mais contemporâneos, muitos nem lembram aqueles da antiga, com seus inseparáveis chapéu, bota e cinturão. Ok, esses itens ainda fazem parte do figurino, mas que o sertanejo aderiu à moda metrossexual, não se pode negar. Para de chorar que eu tô voltando pra você Para de chorar não consegui te esquecer Para de chorar você é tudo que eu preciso Para de chorar o nosso amor é o Paraíso. (Para de Chorar – César Menotti e Fabiano)

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Sigo ouvindo a programação. As letras estão bem despojadas e a melodia com uma levada acelerada. Além disso, percebe-se nitidamente a incorporação de outros ritmos. Esse novo estilo teria começado com a dupla João Bosco e Vinícius, no período em que ambos eram universitários no Mato Grosso do Sul. Mas há quem diga que foram César Menotti e Fabiano os precursores.  Essa mistura de ritmos deu à música sertaneja um novo fôlego, além de possibilitar a sua incursão em outros guetos. Os shows desses novos sertanejos estão sempre lotados, e as casas que oferecem esse estilo de música também. Muitos aderiram à moda? Pode até ser, mas há os que frequentam esses ambientes mais para paquerar as universitárias e universitários do que pela música. ■ Não vou mais chorar Como chorei Nem me lembrar Que um dia te amei Bye-bye tristeza Adeus solidão Vou fazer pirraça pro seu coração (Vou fazer pirraça - Edu E Maraial).


Fonte: ALLAN ABANI - Creative Commons

o break na cultura hip hop

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rap nas caixas de som, a frente avista-se uma roda de pessoas. Os b.boys e as b.girls já anunciam, o hip hop está na área. A cultura hip hop, composta pelo rap (ritmo e poesia), break (dança), grafite, DJ (Disc Jockey) e MC (Mestre de Cerimônia), originouse historicamente na década de 70 nos guetos de Nova York. Em meados dos anos 80, chegou ao Brasil. Essa cultura destaca-se pelos questionamentos e reflexões, expressos pelas diversidades sonora e temática. O termo hip hop, traduzido como “mexer o quadril”, teria sido criado em 1968 por Afrika Bambaataa, pseudônimo de Kevin Donovan, fundador da maior organização mundial de hip hop, a Zulu Nation.

A dança no hip hop

O break (a tradução literal da palavra é quebra), exclusivamente, teve sutis manifestações no final dos anos 60, com o cantor James Brown, e é mais recordado no famoso passo de Michael Jackson de deslizar os pés para trás. Sua origem teria se dado logo após o fim da Guerra do Vietnã, assim, seus passos remeteriam a uma forma de resistência através da arte e até mesmo

por Larissa Martins um posicionamento político às realidades das periferias. Os passos robóticos podem ser interpretados como uma crítica à postura dos soldados da época, assim como os giros remeterem às hélices dos helicópteros em guerra e os truncamentos, ao indivíduo, que na época fora equiparado às máquinas.  Além disso, o break é rico por agregar influências de danças africanas e movimentos de artes marciais. Esse estilo de dança é dividido em três partes essenciais: o top rock (movimentos realizados em pé), o footwork (passos feitos com os pés) e os freezes, (momentos nos quais os dançarinos “congelam” em um determinado passo para dar ênfase ao mesmo).  Muitos, erroneamente, associam o break à violência. No entanto, este tem justamente a intenção contrária; fora utilizado como um elemento pacificador em tempos de grande violência nos Estados Unidos da América, propondo a composição dos crews (grupos integrantes à cultura hip hop) e uma competição através da dança (o racha). O break e a cultura hip hop, em si, se destacam por utilizar a arte para demonstrar a importância da conscientização do individuo quanto às preocupações sociais e comunitárias. ■


Foto: Manuel Federl (Alemanha)

A mรกscara no rosto do ator por Denilson de Oliveira


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máscara é um elemento simbólico que pode adquirir as mais diversas significações, e representar as mais diversas figuras; sem sombra de dúvidas um signo enigmático. Podendo ao cobrir o rosto e às vezes, também o corpo, disfarçar, ocultar ou revelar a identidade de quem a usa. Extremamente difícil, arriscaria dizer impossível, precisar período e local de seu surgimento.  Inúmeras culturas de diferentes períodos históricos e localização geográfica portaram máscaras com diferentes objetivos; de manifestações religiosas ou pagãs a bailes e desfiles de carnaval. Porém a máscara que nos interessa enfatizar aqui é aquela ostentada pelo ator, o signo que transforma o sujeito em personagem e possibilita a representação.

A máscara no teatro

No antigo teatro grego, a máscara servia para figurar aos espectadores os tipos tradicionais da tragédia e da comédia, para aumentar a estatura dos atores e ampliar-lhes a voz. Eram confeccionadas de acordo com os personagens aos quais serviriam. No gênero trágico deuses e deusas, heróis, sacerdotes... E no gênero cômico velhos, rapazes, cortesãos, escravos... E se por um lado a rigidez expressiva proposta pela máscara era limitante, por outro, permitia que um mesmo ator pudesse interpretar inúmeros papéis em uma mesma peça, inclusive personagens femininos, a saber, na cultura grega antiga não era permitido mulheres atuarem.  Outra tradição teatral marcada pelo uso da máscara foi a comedia Dell’arte, constituída por companhias de teatro independentes que começaram a surgir no século XVI na Itália. Essas trupes teatrais circulavam por vilas, mercados e cortes de inúmeras regiões da Europa, as quais falavam os mais distintos dialetos. Desse modo, os comediantes precisavam investir em encenações que valorizassem a comunicação corporal. Expressavam diferentes sentimentos, e estados de espírito através

Podemos entender como máscara não apenas aquilo que cobre e estiliza o rosto, mas tudo aquilo que transforma o intérprete em personagem do ritmo e da linguagem gestual. A máscara era, sobretudo, fundamental na medida em que proporcionava identificação imediata ao público do personagem que entrava em cena, os espetáculos de comédia dell’arte eram constituídos por personagens fixos, já bastante conhecidos dos espectadores. Os “tipos” apresentados nesses trabalhos eram caracterizados não apenas pelo uso da máscara, mas também pela movimentação característica de cada personagem e as situações cômicas criadas, práticas essas que estendiam a persona a todo o corpo.  Nas manifestações teatrais contemporâneas, o uso da máscara persiste, não mais preservando o caráter sagrado das origens do teatro, nem com o mesmo fim dos cômicos dell’arte, porém, ao revestir-se de elementos não habituais (a máscara, a maquiagem, etc.), o homem esconde o seu aspecto externo conhecido e nos mostra outros aspectos ocultos de seu interior (uma presença sobre-humana, universal).  Podemos entender como máscara não apenas aquilo que cobre e estiliza o rosto, mas tudo aquilo que transforma o intérprete em personagem, desde um olhar característico, um movimento de braços contínuo que o ator confere a sua criação, até elementos mais subjetivos como temperamento, humor, e tudo que possa libertar a identidade do sujeito que interpreta e identificar o personagem construído. ■

Denilson Oliveira é membro do Grupo de Estudos Teatrais Forfé desde 2005; possui graduação em Filosofia; e atualmente cursa Dramaturgia na SP Escola de Teatro.

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ensaio aqui mostrado faz parte da cobertura fotográfica realizada por Tiago Gutierrez (graduado em Publicidade e Propaganda, fotógrafo profissional e praticante de Artes Marciais) da Peça “Imperador Amarelo”, realizada anualmente no Teatro Unimep, produzida e ensaiada no Espaço Áquila – Dojo (academia) também de propriedade de Tiago Gutierrez.  Gutierrez não utiliza nenhum tipo de manipulação digital, photoshop ou afins em suas fotos, tendo como princípio de que a fotografia tal como é (escrita da luz) é aquilo que é captado no momento do click e qualquer manipulação altera o caráter de realidade da imagem, transformando o real em ilusório, transformando a fotografia em ilustração, e o papel do fotógrafo acaba não sendo mais o do profissional com capacidade e sensibilidade de captar e registrar de forma poética e bela, a realidade através da luz, mas de um ilustrador que cria “realidades” ilusórias e fictícias.


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“a verdade é que o curta não é mais espaço de experimentação, ou restrito a gêneros específicos, ou apenas um ensaio para a produção de longas. Curta-metragem é hoje nem mais nem menos que um formato de cinema” (Giba Assis Brasil)

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âmera, ação... Essas palavras tornam-se comuns no vocabulário de muitos amantes do cinema com o desenvolvimento dos meios de comunicação. Além de o preço das filmadoras terem barateado, as câmeras fotográficas e celulares podem fazer pequenas gravações de vídeo. Com isso, a produção de curtas-metragem só aumentou, e ganhou espaço.  A animação foi o gênero que mais adotou o curta-metragem, mas atualmente os curtas-metragens são utilizados por diversos gêneros e para diferentes fins, que vão além da experimentação e da manifestação.  Logo após a invenção do cinema, as películas duravam entre 40 e 50 segundos. Com o tempo, passaram a ter entre 13 e 15 minutos. Depois, só aumentaram, criando a necessidade de classificá-las. De acordo com a Instrução Normativa 22, anexo I, da Agência Nacional de Cinema (Ancine), curta-metragem é a película com até 15 minutos, média-metragem são os filmes com tempo entre 15 e 70 minutos e longa-metragem os filmes com tempo superior a 70 minutos.  Outro fator que contribuiu para a atual popularização do curta é a existência de sites de exibição desses filmes, como o Youtube. Muitas pessoas produzem o seu material e o disponibilizam nesses sites, para outras pessoas apreciarem. Um dos sites mais conhecidos do gêne-

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por Rafaela Silva ro é o do Festival do Minuto. Os interessados produzem filmes de até 1 minuto e enviam para o site www.festivaldominuto.com.br . Mensalmente, um prêmio é dado ao melhor vídeo. Há também o Porta Curtas www.portacurtas.com.br .  Também aumentou a existência de concursos e festivais, como o Curta Kinoforum - Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, cuja 21ª edição ocorrerá em agosto deste ano; e a 3ª edição do Festival Internacional de Filmes Curtíssimos (veja prazo para envio do material para esses festivais na seção Fique Ligado). Também há espaço para os curtas no Oscar.  E você, já produziu o seu curta? Logo, logo o site da Fusão Cultural estará totalmente pronto, e terá um espaço para os curtas dos leitores. Prepare o seu material e aguarde o lançamento do espaço no site.

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Lista dos curtas indicados para o Oscar 2010 Melhor Curta-Metragem (animação) • French Rost • Granny O'Grimm's Sleeping Beauty • The Lady and the Reaper • Logorama • A Matter of Loaf and the Death Melhor Curta-Metragem • The Door • Istället för Abrakadabra • Kavi • Miracle Fish • The New Tenants Melhor Curta-Metragem (documentário) • China's Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province • The Last Campaign of Governor Booth Gardner • The Last Truck: Closing of a GM Plant • Music by Prudence • Rabbit à la Berlin Fonte: www.oscar.go.com Obs.: Até o fechamento desta edição, o Oscar não havia sido realizado.

The Door (2008), dirigido por Juanita Wilson e produzido por James Flynn (Octagon Films Ltd.).


(...) Se aí você teve estudo, Aqui, Deus me ensinou tudo, Sem de livro precisá Por favô, não mêxa aqui, Que eu também não mexo aí, Cante lá, que eu canto cá. (...) (Cante lá que eu canto cá, Patativa do Assaré)

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sol escaldante, a terra seca e a brisa quente. Por entre folhas secas a voar e a poeira a se elevar, surge a melodia do vento com uma sutil cantoria vinda de nortes distantes, misturada ao canto dos cabeças-defita nos galhos secos dos arbustos. Lá estava Severino, envolto por seus sete filhos, esperando sua mulher lhe trazer a comida e um copo de água para retornar à roça. Descansando seus magros, porém fortes, braços, sua pele suada brilha pelo esforço das difíceis enxadadas no solo maciço e seus pés aliviados, semi calçados por um velho par de sapatos desgastados. Em seus raros momentos de repouso, começa a assobiar uma antiga melodia ensinada por seu pai, passada de geração a geração para todos os filhos. Após assobiá-la, recorda-se dos antigos versos e rimas que cantavam em muitos momentos da infância para afastar as noites de fome.  Severino tem descendência portuguesa por parte de pai, fruto da colonização evidenciada na primeira área do Brasil a ser explorada, o Nordeste. Os versos, as rimas e as melodias que sempre canta para aliviar suas dores e tristezas, remetem-se a cultura cordelista.

por Larissa Martins

O cordel tem sua origem em Portugal, na Idade Média, no período do Renascimento. O mais curioso é que o nome “cordel” foi dado justamente por estes folhetos produzidos por entre xilogravuras (processo no qual imagens eram entalhadas na madeira e depois umedecidas por uma tinta que possibilitasse a reprodução da imagem a um papel ou tecido, como se fosse um carimbo) e posteriormente acrescidos de rimas e repentes, serem pendurados com cordões, como uma espécie de varal.  No Brasil, este tipo de literatura repercutiu-se mais fortemente na região Nordeste, na qual a cultura portuguesa fora mais enfatizada, por ser a primeira parte do País a ser explorada pelos europeus. O cordel teve sua origem na oralidade, devido aos altos índices de analfabetismo, portanto, o gênero originalmente denominado como uma poesia oral.  Os cordelistas memorizavam os versos através das rimas e suas significações que remetiam sempre a uma realidade vívida no dia-a-dia, até que alguém com domínio da escrita as transcrevesse e até mesmo as publicasse. Graças à interligação entre a musicalidade e a poesia, não

se perdera esta cultura tão rica em preciosidades folclóricas, literárias e históricas, que muitas vezes retomam temáticas relacionadas à cultura nordestina. Atualmente também proporciona um espaço para manifestar conteúdos críticos, ora somados ao humor, ora somados à ironia.  Severino almoça, levanta, pega seu chapéu, despede-se de seus sete filhos e de sua esposa, passa a mão na testa para aliviar os respingos de suor. Respira fundo, retoma sua enxada e aos batuques ritmados dos dedos, canta os herdados versos de cordel. ■

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por Guilherme Varella Uma lei que é mais que um dedo na ferida

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inalmente o projeto que substitui a Lei Roaunet (Lei 8.313/91), a lei federal de incentivo à cultura, chegou ao Congresso. Pelas mãos do Ministério da Cultura, o Projeto de Lei (PL) 6.722/2010, que institui o Procultura, está na Casa desde o dia 19 de janeiro, depois de passar por consulta pública e por um quente debate, que teve faíscas, ranger de dentes e um muito dedo na ferida.  Acompanhei de perto muitas das discussões públicas e do debate na mídia, que vem ocorrendo há mais de um ano. Nesse processo, ficou evidente o baile de posições, a coreografia dos atores, o desfile de argumentos alinhados.  Muitos dos que dele participaram eram contra colocar o dedo na ferida da Rouanet, ferida aberta durante 18 anos. Outros elucubravam e soltavam fogos e tocavam as trombetas da defesa do mercado. E a outros, poucos, restava o ranger de dentes, por saberem que o mecanismo que mais os beneficiava iria dar lugar a outro, de caráter mais democratizante, transparente e consoante com o interesse público.  Sou pelo dedo na ferida. Principalmente por acreditar que a atual Lei Roaunet não alcança todas as dimensões da cultura necessárias à abrangência que um instrumento de política pública, como esse, deve ter. Como lei de incentivo fiscal, voltada ao aquecimento do mercado e sob a ótica privada do que deve ser financiado com dinheiro público, a lei cumpre uma função importante na esfera econômica: movimenta dinheiro, profissionaliza o setor, gera dividendos e fomenta produções – apesar de concentrá-las em algumas poucas capitais de privilegiados estados.  O que não faz a Lei Roaunet é o que agora propõe o Procultura: co-

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locar em primeiro plano o interesse público. E, para isso, coloca-se como um instrumento compatível com outros mecanismos criados para o alcance das outras dimensões culturais nas políticas públicas - a dimensão simbólica e a cidadã -, como o Plano Nacional de Cultura, proposto pelo PL 6.835/06. Além disso, pensa na distribuição territorial dos recursos e em manifestações e segmentos artísticos secundarizados pela indústria cultural, devido à sua natureza pouco voltada ao grande público ou ao retorno financeiro – as manifestações populares, tradicionais, as artes de vanguarda, os saberes transmitidos pela cultura oral, etc.  Para tanto, o Procultura privilegia a dinâmica de fundos. Propõe o fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura, negligenciado por opção política e por falta de regulação em favor do Mecenato. Cria oito fundos setoriais, que podem distribuir de forma mais equânime os recursos públicos de acordo com as demandas específicas de cada área (música, dança, artes cênicas, circo, artes visuais, diversidade, etc). E já se coloca como instrumento jurídico compatível com a dinâmica mais saudável de transferência de recursos públicos, que é a dinâmica de sistema, alinhando-se com a proposta de um Sistema Nacional de Cultura (SNC). A exemplo do Sistema Único de Saúde (SUS), o SNC proporciona a articulação de políticas culturais nas três instâncias governamentais (federal, estadual e municipal), com execução orçamentária criteriosa e controlada pela sociedade, através dos conselhos.  Houve muito ranger de dentes nessa história. Mas por poucos maxilares: apenas 3% dos que ficam com 50% dos recursos do Mecenato. E muito choro sudestino, por correr o risco de

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Guilherme Varella é advogado, consultor cultural e músico. Formado em Direito e mestrando em políticas públicas de cultura pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

ver os 80% dos recursos concentrados na região distribuídos Brasil afora. Além dos naturais brados pela autorregulação do mercado cultural que, por si só, via departamentos de marketing e fundações culturais bancárias, teria o discernimento para saber em que segmento cultural “investir” – as aspas são apenas para lembrar do famigerado dinheiro público.  Fico com o fortalecimento do Estado, que, como ocorre em toda área essencial para o desenvolvimento do país, deve atuar positivamente, de maneira “prestacional”, através de políticas públicas e de legislações efetivas para embasá-las. Uma atuação baseada na cultura como direito fundamental e na garantia constitucional do pleno acesso à cultura por todos os cidadãos. Garantia que a Lei Rouanet não conseguiu prover. E em que, agora, o Procultura pode significar um avanço, sendo mais que um dedo na ferida, mas contribuindo para curar as mazelas deixadas no campo cultural. ■


por Rafaela Silva

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omingo de sol e de carnaval. A razão pede para eu descansar, já o coração diz para eu despertar. Estava super cansada, afinal, mal acabara de chegar a Piracicaba, vinda do sambódromo em São Paulo. (Observação; assisti em pé todas as escolas de samba passarem pela avenida naqueles 13 e um pedaço do 14 de fevereiro). Mas foliã que é foliã não pode perder o pique. Após tomar banho e descansar um pouco, senti-me revigorada, e resolvi seguir o meu coração. Arrumei-me e fui curtir o Cordão Carnavalesco do Mestre Ambrósio.  O nome não me era estranho, afinal era o segundo ano em que o cordão saia do Sesc de Piracicaba rumo ao Largo dos Pescadores, na Rua do Porto. Mas nunca havia cruzado com o mestre Ambrósio, até aquele dia. Foi encanto à primeira vista. E como não encantarme com aquele folião de 80 anos, que seguiu todo o percurso com alegria e vitalidade estampadas no rosto!  Foi justamente a alegria do mestre Ambrósio a motivar o músico e pesquisador Juca Ferreira, juntamente com Pablo Delvage, a fundarem esse Cordão, que também contribui para o resgate das antigas tradições carnavalescas na cidade.

Seu Ambrósio nasceu em Potirendaba (SP), em 13 de outubro de 1930. E sua relação com os cordões carnavalescos data de antes dos desfiles das escolas de samba nos sambódromos. Em 1951, teria descido a Av. Getúlio Vargas com os cordões carnavalescos cariocas. Sua profissão, cartorário, exerceu até aposentar-se. Viúvo, mas não solitário. O mestre vive em Piracicaba rodeado de amigos, e é assíduo frequentador de bares tradicionais da cidade.  Simpático, o senhor Ambrósio permitiu-me tirar uma fotografia com ele. Estava super interessada na vida daquele folião. Mas não me senti no direito de tirá-lo de sua diversão naquele dia, apenas para saciar minha sede jornalística. Após o carnaval, entrei em contato com Juca Ferreira (que me atendeu prontamente), para pedir o telefone do mestre. Por desmandos do destino, todas minhas tentativas deram na caixa postal.  Mas isso não me desanima, em outra oportunidade o entrevistarei. Além do que, o encontro com mestre Ambrósio , apesar de breve, foi enriquecedor o suficiente para encher-me de energia para os carnavais e cordões vindouros. ■

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