editorial Paixão Nacional
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eorias a parte, o futebol é uma paixão nacional no Brasil, sobretudo em período de Copa do Mundo. Por isso, a Fusão Cultural resolveu abordar esse esporte nesta edição. Contudo, não será reconstruída a trajetória da seleção, ou feita avaliação sobre a Copa; seus feitos, suas derrotas e vitórias. A matéria de capa deste mês aborda a relação entre o futebol e a cultura no Brasil. O futebol foi incorporado tão facilmente a nossa cultura, que nos aguça a curiosidade quanto ao fator para tal aceitação e, principalmente, o gosto do brasileiro pelo esporte. A Fusão Cultural não é especialista em futebol, assim, buscou fazer uma avaliação despretensiosa e leve sobre o tema, sem conclusões, mas com algumas considerações, que convidam o leitor a refletir sobre o tema. Atualmente, é impossível pensar no futebol isoladamente. Ele está posto em um mundo globalizado, no qual interesses e desejos cruzamse, e seguem para diversos caminhos, possibilitando avaliações diferenciadas. Assim, convidamos você, leitor, a entrar nesse mundo conosco. Faça a sua avaliação sobre o tema, futebol e cultura, com até 2.500 caracteres, e envie para articulando@fusaocultural.com.br. Seu texto pode ser publicado na próxima edição. Esperamos você.
ISSN 2177-7225 www.fusaocultural.com.br Diretora executiva e jornalista responsável: Rafaela Silva – MTb: 48.363/SP Diretor comercial e financeiro: Gilberto Pessato Jr. Projeto gráfico e diagramação: Bruno Mateus da Silva Ilustração: Valdir Felipe Garcia de Brito Redação: Larissa Helena da Rocha Martins Revisão: Priscila Salvaia Colaboraram nesta edição: Guilherme Varella e Lucas de Castro Cardoso Impressão: Gráfica Mundo – www.graficamundo.com.br A Fusão Cultural é uma publicação mensal, local e gratuita da Bennu Editora Ltda ME (CNPJ: 11.476.103/0001-49), sediada na Av. Prof. Alberto Vollet Sachs, 3815 – Vl. Independência – Piracicaba/SP. Telefone: (19) 3375-1512 E-mail: contato@fusaocultural.com.br Site: www.fusaocultural.com.br Os textos e imagens publicados na Fusão Cultural só poderão ser reproduzidos com a devida autorização da direção.
Rafaela Silva diretora executiva Gilberto Pessato Jr. diretor comercial e financeiro
Envie suas sugestões, críticas, elogios e opiniões para o e-mail: contato@fusaocultural.com.br, ou para o endereço: Av. Prof. Alberto Vollet Sachs, 3815 – Vl. Independência – Piracicaba/SP Participe: Apresente-nos o seu trabalho, amador ou profissional (fotografias, poesias/poemas/versos e caricaturas). Se selecionado, ele poderá integrar a próxima edição da Fusão Cultural. Para mais informações, os e-mails são: ensaiofotografico@fusaocultural.com.br sarauliterario@fusaocultural.com.br soria@fusaocultural.com.br Fusão Cultural na Internet: Você tem várias opções para acompanhar as novidades desta publicação pela Internet ou falar conosco on-line: Site: www.fusaocultural.com.br (A partir do dia 10 de cada mês, acesse a nova edição). Orkut: Revista Fusão Cultural Twitter: @fusaocultural MSN: msn@fusaocultural.com.br Anúncio: Para anunciar na Fusão Cultural entre em contato. Telefones: (19) 3375-1512 / 9602-0110 E-mail: anuncie@fusaocultural.com.br
Recebi a terceira edição da revista. Está muito boa. Também reparei que já existem diversos anunciantes. Parabéns! Sucesso! Abraço! Raul Rozados Ator, filósofo e fotógrafo
Parabéns pela chegada da Fusão Cultural! Iniciativa mais que bemvinda no locus cultural de Piracicaba e região. Nós, jornalistas e editores da Jacintha Editores, desejamos que o projeto jornalístico-editorial de vocês ganhe cada vez mais peso e que venha a se inserir como referência em nossa cidade. Contem conosco. Toda força e sucesso a vocês! Heitor Amílcar Jornalista e editor
sumário
junho | edição 04 | ano 01
20 13 04 15 15 18
rapidinhas
artes plásticas
up
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ph0da arte é... fique ligado...
Pintura e realidade
18 Para o bem da educação, já tarda a reforma da lei de direitos autorais
39
Os anos 80 estão de volta?
Dança irlandesa
17 Águas Termais
A relação entre cultura e futebol no Brasil
estilo
simplesmente dance
16 Cururu
capa FUTEBOL - ARTE
30
34 Peça Beira Rio
36 Filmes independentes
38 Corset piercing
19 Sopa, uma boa pedida para os dias frios 40 quem conta um conto... 28 Copa do Mundo
29 Percurssão árabe
31 Teatro de Títere
41 A cultura do futebol
42 Vera Regina Maluf
PIRACICABA
...no Sesi Cinema. Filmes em sessões semanais gratuitas, sempre às quartas-feiras, com sessões às 9h30, 14h00 e 19h30. Fique ligado também nas apresentações de teatro. O Sesi fica na Av. Luiz Ralph Benatti, 600, Vila Industrial. Informações pelo fone: (19) 3421-2884 ...na programação cultural do Serviço Social do Comércio (Sesc). Endereço: Rua Ipiranga, 155 – centro. Fone: (19) 3437-9292. A programação está disponível no site www.sescsp.org.br, unidade Piracicaba. ...na exposição “A Arca de Noé”. As obras da artista plástica Belê, apresentadas nesta mostra, fazem parte da pesquisa que a artista realiza há 10 anos, onde utiliza expressões metafóricas através de animais e faz analogia às situações da política. A mostra acontece na Casa do Salgot Sabores e Saberes, de 05 de junho a 01 de julho. A Casa do Salgot fica na Rua Floriano Peixoto, 2.088 - Bairro Alto - Tel. 3432-8647.
... NO ROTEIRO CULTURAL DE PIRACICABA Informações disponibilizadas no site da Secretaria Municipal da Ação Cultural da Prefeitura de Piracicaba (Semac). Informações sobre a programação completa da Semac no site www.semac. piracicaba.sp.gov.br, no site da Fusão Cultural (www. fusaocultural.com.br) ou diretamente nos espaços culturais.
Armazém da Cultura. Endereço: Av. Dr. Paulo de Moraes, 1580 – Paulista. Telefone: (19) 3436-0466. E-mail: paulista@piracicaba.sp.gov.br. Biblioteca Pública Municipal de Piracicaba. Endereço: Rua do Rosário, 833. Telefones: (19) 3433-3674 / (19) 3434-9032 / (19) 3432-9099. E-mail: bibliotecadepiracicaba@hotmail.com. Casa do Povoador. Endereço: Avenida Beira Rio, 800. Telefone: (19) 3434-8605. Centro Cultural Nhô Serra. Endereço: Rua Antônio Ferraz de Arruda, 409 - Pq. 1º de Maio. Telefone: (19) 3411-1791. Email: paulista@piracicaba.sp.gov.br.
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...na 3ª Minas Fest, que ocorrerá de 18 a 20 de junho no Engenho Central. ...na mostra “Futebol”, que traz esculturas e desenhos de humor. A mostra pode ser vista até o final da Copa do Mundo no espaço de exposições do Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico de Piracicaba (Cedhu). Maiores informações pelo fone: (19) 3403-2600. ...na apresentação da peça “Frisiléia” no dia 13 de junho, às 20h, no Engenho Central – área de eventos ao ar livre. Com Elisabeth Savala (a dona “Socorro” da novela Caras e Bocas”). Entrada: Franca. ...no Sarau Literário com o tema Bossa Nova. O sarau será realizado no dia 15 de junho na sala 2 do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”, às 19h30. Entrada gratuita – Limite 100 lugares. Classificação: Livre. ....na apresentação da peça “Trânsito Livre” (Circuito Tusp de Teatro), na sala 1 do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”, no dia 23 de junho às 20h. Ingressos: gratuitos. Classificação: livre
Centro de Documentação, Cultura e Política Negra. Endereço: Rua Luiz de Queiroz, 1020 – Centro. Telefone: (19) 3435-5623. Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico. Endereço: Avenida Maurice Allain, 454 - Vila Rezende. Telefone: (19) 3403-2621/2623. E-mail: salaodehumor@piracicaba.sp.gov.br. Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba – IHGP. Endereço: Rua do Rosário, 781 - 2º Piso, Centro. Telefone: (19) 3434-8811. Site: www.ihgp.org.br. E-mail: igph@ihgp.org.br.
....pois nos dias 21 e 22 de junho será apresentada a peça Beira Rio ¹, com a Companhia Estável de Teatro Amador (Ceta), na sala 1 do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”. Horário: 20h. Ingressos: gratuitos. Classificação: 12 anos. 1
Museu da Água. Endereço: Av. Beira Rio, 448 Centro. Telefone:(19) 3432-8063. Museu Histórico e Pedagógico "Prudente de Moraes". Endereço: Rua Santo Antônio, 641 – Centro. Telefone: (19) 3422-3069. Parque Engenho Central. Endereço: Av. Maurice Allain, 454 - Vila Rezende. Telefone: (19) 3403-2600. E-mail: engenho@piracicaba. sp.gov.br. Pinacoteca Municipal. Endereço: Rua Moraes Barros, 233 – Centro. Telefone: (19) 3433-4930 / (19) 3402-9601. E-mail: pinacoteca@piracicaba.sp.gov.br.
SÃO PAULO
...no curso gratuito de maquiagem e performance para aspirantes a drag Queen. As oficinas fazem parte da terceira edição do concurso de drags em São Paulo. Os workshops têm 20 vagas cada e são gratuitos. As inscrições para o concurso vão até o dia 13 de junho. Informações pelo e-mail ccjredessociais@prefeitura. sp.gov.br ou pelo telefone: (11) 3984-2466. ...pois a mostra Cartazes russos contemporâneos ² será encerrada no dia 20 de junho. A mostra reúne cerca de 80 cartazes russos, produzidos pelo Ostengruppe, que reuniu uma técnica despojada com traços visíveis de produção manual às influências do construtivismo russo em alguns casos. O Ostengruppe é um grupo de designers formado em Moscou por Igor Gurovich, da Letônia, Anna Naumova, da Rússia e Eric Beloussov, do Tadjiquistão, além do russo Agapova, que passou a integrar o conjunto recentemente. A mostra está no Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201 - Pinheiros - entrada pela Rua Coropés). Entrada franca. Mais informações pelo site www.institutotomieohtake.org.br. ...na Mostra “Cartas a Ema”, que reúne uma série de cartas históricas recebidas pela mecenas Ema Klabin de personalidades como Juscelino Kubitschek, Ciccilo Matarazzo, Yolanda Penteado, entre outros. As cartas retratam o cenário político, cultural e social de São Paulo. O local também abriga uma exposição permanente da fundação. A mostra pode ser vista até o dia 26 de junho, na Fundação Ema Klabin, que fica a Rua Portugal, 43. Ingressos: R$ 10. Mais informações pelo fone: (11) 3062-5245 ou pelo site: www.emaklabin.org.br. Obs.: É necessário agendar uma data antes de visitar a exposição.
...na mostra “Entre atos 1964/68. Com foco na arte brasileira produzida durante o regime militar, o acervo 1964/68 conta com variadas obras, que para demarcar os embates estéticos do período e orientar o visitante, foram divididas em três categorias: Figura, Gesto e Plano. O acervo é constituído por experimentações formais e linguagens poéticas, que vão do abstracionismo informal à influência da arte pop. A mostra pode ser vista até o dia 01 de agosto, no MAC USP, a rua da Reitoria, 160 Cidade Universitária. Entrada franca. Mais informações pelo fone: (11) 3091-3039, ou pelo site: www.mac.usp.br. ...pois a mostra original do Museo Del Oro ³, pela primeira vez no Brasil, apresenta relíquias simbólicas da ouriversaria pré-hispânica e conta, por meio do acervo, um pouco da cultura dos povos que ocuparam a antiga região da Colômbia. Ao todo serão 250 artefatos em ouro e 40 objetos arqueológicos de cerâmica dispostos em seis salas da exposição. Entre outras preciosidades, o visitante encontra recipientes em ouro para rituais especiais, pingentes cuidadosamente esculpidos, tecidos e adornos de alto luxo. A mostra pode ser visitada até o dia 22 de agosto na Pinacoteca. Ingressos: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia). Grátis aos sábados. Mais informações pelo site www.pinacoteca.org.br. 3
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Acompanhe no nosso site mais eventos pra você ficar ligado. www.fusaocultural.com.br
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...NOS LIVROS MAIS VENDIDOS Mês de abril – Fonte: www.veja.abril.com.br NÃO-FICÇÃO
1 Múltipla Escolha Lya Luft
Em Múltipla Escolha, Lya Luft faz uma profunda reflexão sobre o que ela chama de “nossos enganos”, modernos mitos criados para abafar angústias e disfarçar a futilidade do dia a dia. (Sinopse) 2 Comer, Rezar, Amar Elizabeth Gilbert 3 Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil Leandro Narloch 4 Mentes Perigosas Ana Beatriz Barbosa Silva 5 Bussunda - A Vida do Casseta Guilherme Fiuza 6 Mais Você - 10 Anos Ana Maria Braga 7 Chico Xavier - A História do Filme de Daniel Filho Marcel Souto Maior
FICÇÃO
AUTOAJUDA E ESOTERISMO
1 A Cabana
1 Cartas entre Amigos - Sobre
William Young
2 Caçada P.C. Cast e Kristin Cast 3 O Ladrão de Raios Rick Riordan 4 Amanhecer Stephenie Meyer
Ganhar e Perder
Gabriel Chalita e Fábio de Melo 2 Por que os Homens Amam as Mulheres Poderosas? Sherry Argov 3 Se Abrindo Pra Vida Zibia Gasparetto 4 O Monge e o Executivo James Hunter
5 Querido John Nicholas Sparks
5 Nosso Lar Francisco Cândido Xavier
6 Alice Lewis Carroll
6 A Arte da Guerra Sun Tzu
7 O Símbolo Perdido Dan Brown 8 O Mar de Monstros Rick Riordan 9 A Batalha do Labirinto Rick Riordan 10 A Maldição do Titã Rick Riordan
7 Nunca Desista de Seus Sonhos Augusto Cury 8 Desvendando os Segredos da Linguagem Corporal Allan e Barbara 9 Quem Pensa Enriquece Napoleon Hill 10 Meu Jeito de Dizer que Te Amo Anderson Cavalcante
8 As Vidas de Chico Xavier Marcel Souto Maior 9 Criação Imperfeita Marcelo Gleiser 10 Bullying Ana Beatriz Barbosa Silva
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...NOS PRÓXIMOS FILMES EM CARTAZ EM PIRACICABA Fonte: www.cinearaujo.com.br
Cartas Para Julieta - 11/06
Jovem americana viaja para Verona, Itália, a famosa e inspiradora cidade onde foi criada a personagem Julieta Capuleto. É neste local que ela descobre um grupo de pessoas que costuma responder às cartas - deixadas num muro - daqueles em busca de conselhos sobre o amor. A garota então responde a uma dessas cartas, datada de 1951. O fato também desencadeia uma série de eventos que irá mudar a vida de todos. Esquadrão Classe A - 11/06 Kick-Ass - Quebrando Tudo - 11/06 Plano B - 11/06 A Ressaca - 18/06
Toy Story 3 - 18/06
Woody, Buzz, e o resto de seus amigos, são despejados para uma creche depois que seu dono, Andy, vai para a faculdade. Embora animados no começo pelo novo ambiente, e pelos brinquedos aparentemente amigáveis que também vivem no centro, não demora muito para se tornarem determinados a voltar para casa, uma decisão partilhada por Andy, que começa a perceber que seus brinquedos sempre tiveram um lugar no coração. A Saga Crepúsculo: Eclipse - 29/06
Shrek Para Sempre - 09/07
Depois de várias aventuras, Shrek virou um homem de família. Ao invés de ficar assustando os moradores locais, agora, o ogro verde vive dando autógrafos. Mas o que aconteceu com o valente marido de Fiona? Pensando no passado, quando realmente se sentia como um ogro, Shrek assina um contrato com o falante Rumplestiltskin, que resulta em uma tragédia. Sua vida muda completamente, ele passa a viver em mundo que é o oposto do Reino Tão Tão Distante, em que os ogros são caçados. Além disso, ele e Fiona perdem seus postos, já que Rumplestiltskin toma os seus lugares ao se tornar o rei. Agora, só Shrek pode desfazer seu erro, salvando seus amigos, sua terra que corre risco e mostrar a sua esposa Fiona que realmente a ama.
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ilustrador de Morre Frank Frazetta, Conan e Tarzan clássicos
gens O ilustrador de persona norteo como Conan e Tarzan, , morreu aos tta americano Frank Fraze Frazetta io. ma 82 anos, no dia 10 de tórias em his as publicou suas primeir , fez séries de tar is 1944, aos 16 anos. Ma Knight” ng ini Sh para DC Comics (“The hite (“W ME e em Adventure Comics) usa pa ós Ap d). Ki Indian” em Durango s de lho ba tra os ou na carreira, ele retom . 60 ilustração nos anos 19
u de o Muse d s o d a ub s são ro Paris Quadro e o dia d bados n oderna Arte M adros foram rou rte Moderna
u e eu de A Cinco q do Mus as estão uma d . io a m e r se b is o t 20 d a s a M enri Entre . H is e r d a a P de outr o de icasso e ados sã Pablo P quadros roub ge Braque os eor Os outr liani, G ig d ram o M o obras fo ros s A Amade . r e s de eu nd Lég e Ferna em 100 milhõe s). as ilhõe avaliad 123,6 m $ S U e (cerca d
Morre Ronnie James Dio, ídolo do heavy metal
O roqueiro americano Ronnie James Dio morreu no dia 16 de maio, aos 67 anos, de câncer no estômago. Ícone do heavy metal, ele foi vocalista das bandas Dio, Black Sabbath e Heaven & Hell. O cantor ajudou a criar uma das maiores tradições do heavy metal, o “chifrinho” feito com as mãos. James Dio teria aprendido o símbolo com sua avó italiana, que o usava para afastar (ou provocar) o “mau olhado”.
Agora é lei. Toda esco la de
ver ter biblioteca De acordo com a Le i de autoria do depu tado federal Lobbe Neto (PSDB - SP), e sancion ada no dia 25 de maio pe lo presidente Luiz In ác io Lula da Silva, todas as escolas do Brasil (públicas e particular es) deverão ter biblio tecas. O prazo para a med ida ser implantada é de 10 anos, sendo que o pr azo original era de cin co anos, mas foi alterado na tramitação do tex to. Outro ponto da lei é sobre o acervo de liv ros, que deverá ser de pe lo menos um livro pa ra cada aluno matriculad o. Os dados do cens o escolar apontam para a necessidade da lei, pois em 2008, por exempl o, apenas 37% das es colas de educação básica do País tinham bibliotec a.
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Entre os vídeos mais acessados na internet em maio, separando aqueles com alguma relação artística, só dá o Mystery Guitar Man nas primeiras posições. Por isso, o up desta edição não trás os mais acessados do mês, mas os destaques em três categorias: filmes e desenhos; guias e estilo; música
Filmes e desenhos Hysterics “Mostly Untitled” Music Video
Sugestão do leitor Scriptease #36 - O Som da Rua! :: Beat It! Link: http://migre.me/JEZ8 O vídeo traz o som das ruas, pelas mãos, pés e vozes de pessoas que não sabem tocar. O som escolhido foi o clássico Beat It, de Michael Jackson.
Link: http://migre.me/JDsW Guias e estilo Crescendoh Launch Party!
Sugestão da Fusão Cultural A Smoggy Day in Old L.A. Link: http://migre.me/JF5q Neste vídeo, o músico e artista plástico Llyn Foulkes apresenta um instrumento feito por ele mesmo, utilizando objetos e instrumentos diversificados, como caixa de bateria, sinos de gado e uma porção de buzinas antigas. Também tem o vídeo da música O Futebol, de Chico Buarque, citada na matéria de capa desta edição. O link para acessar esse vídeo é o: http://migre.me/JFev
Link: http://migre.me/JE2w Música MattRach - The Alright Song ALBUM OUT NOW !
Garimpeiros do You Tube enviem suas sugestões para a próxima edição! Link: http://migre.me/JEqO
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Eric Medeiros e Flávia Almeida Artistas – Correio Elegante Prevalecem os conceitos, morais, interrogação! Por mais que andamos pelos cantos do mundão, tem humilhação, tradição, corrupção. O bom é descobrir que somos ilimitados e cheios de razão, ter visão, criatividade! Assim o ser mutante se desdobra, inventa na arte de viver. A ‘arte’ prevalece intacta e cada qual ao seu valor. Digo arte de rua, aquela que se encontra em todo lugar. A mesma que sustenta famílias e outros mais... Que faz trabalho, vida, amizade. Enfim, fruto da imaginação, não mágica e sim real! A arte de viver é privacidade total. Arquitetura elitista baseada no progresso da nação. E se cria a fome, quantos desabrigados! Nós somos restaura... ‘dores’ na selva de pedra! Objetos reaproveitados, matéria que vira obra de arte, encanta, socializa, salva vidas. Verdadeiros artistas
Nossa. O que me tira do sério são aquelas pessoas que se fazem de tontas e fingem que não entendem o que falamos. Isso me deixa muitooo irritado.” Essa opinião do é ph0da foi enviada por um leitor, que não se identificou, mas muitas pessoas pensam da mesma maneira. Às vezes as pessoas não entendem mesmo o que falamos, pois podemos ter dito algo rápido de mais, ou mesmo não
que vivem e inventam maneiras de sobrevivência, alguns se desligam ‘na boa’ e outros permanecem na tradição, no medo, na ansiedade, no poder, no egoísmo. Cabe a cada um tirar sua própria conclusão, se deixar levar conforme a maré, contra a maré ou conviver em terra, com guerra, poluição, miséria, morte! Enquanto isso eu permaneço trancado no meu quarto, resguardado, sereno e refletindo por que estou vivo! Como ainda não tenho a resposta, conscientemente continuo a preservar a natureza, a única certeza de estar vivo. Arte é harmonia com o meio ambiente, reaproveitar recursos naturais e a arte de viver, é cuidarmos uns aos outros. Encerro este texto com uma frase de um poeta e músico, Bob Marley: ‘Quantas mortes mais serão necessárias para dar-nos conta de que já foram demasiadas.’ "
ter articulado corretamente as palavras. No entanto, muitas vezes as pessoas realmente se fazem de desentendidas. Se não entendeu, pergunta. Mas o problema é que muitas pessoas dizem ter entendido, mas na realidade não entenderam patavina. Como já disse, ninguém é obrigado a entender ninguém, o complicado é fingir que entendeu; fazer o gênero “João sem braço”. O termo “João sem braço” refere-se a uma pessoa que finge não
entender o que está acontecendo para tirar vantagem da situação. Não seja um “João sem braço”, e se identificar alguém com essas características, fique longe, para ele não lhe passar a perna. O que é pHoda? Envie sua opinião para contato@fusaocultural.com.br sobre o que é pHoda (irritante). Sua sugestão pode ser abordada na próxima edição da Fusão Cultural.
“Me falô os antepassado De uma lenda que existiu: Santo Onofre e São Gonçalo Um dia esses dois reuniu. Da barba de São Gonçalo Retiraram 12 fio; Encordoaro na viola Com toêra e canotio. Desse dia por diante Foi que o cururu existiu”. (Pedro Chiquito, LP Cururu Antigo, 1960)
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e acordo com algumas informações, o cururu, classificado como repente, embate poético, nasceu como canto religioso, marcado pela batida de pé. Outros afirmam que nasceu como dança. Difícil precisar sua origem, assim, a explicação poética de Pedro Chiquito, cururueiro piracicabano falecido em 2009, é muito bem vinda. Segundo Olivio Nazareno Alleoni, no livro Cururu em Piracicaba (2006, 19), “o cururu é uma forma de cântico onde atualmente duas duplas de cantores, seguidos de uma ou duas violas, expressam uma série de fatos cantando alternadamente em forma de versos ritmados”. O cururu piracicabano certamente não morrerá, mas seu futuro é incerto, por conta de não haver representantes nessa nova geração. Assim, vale recordar alguns grandes mestres, a partir de seus versos (retirados do livro de Alleoni), a fim de relembrar o passado, e quem sabe vislumbrar um futuro, em que o cururu possa existir, mesmo que não seja da forma atual, mas recriado. -
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por Rafaela Silva
“Querido Carvalho Pinto Quero que preste tenção A chave de meu São Paulo Entreguei na sua mão Quem ajudo a sarvá São Paulo Poderá sarvá a Nação Honesto Carvalho Pinto Se Deus quizé em 65 “Será u chefe da Nação”. (Nhô Serra) Quando eu nasci mia mãe disse que um galo cantô... Na mesma hora meu pai disse Este cabloco vai sê cantado... (atribuído a Pedro Chiquito) ...Se a cobra não gosta de fumo Eu faço a cobra fumá E terminando este meu verso Eu dô um viva em gerá A minha grande Piracicaba Onde os parafusinho tá Adeus, adeus meu rico povo e... Nem que tussa num faiz má!!! (Parafuso)
Indicação: Para quem quiser saber mais sobre o tema, leia o livro Cururu em Piracicaba, de Olivio N. Alleoni, fonte usada para traçar as breves linhas desta seção.
Águas Termais A natureza a favor do ser humano por Larissa Martins
A
natureza realmente nos surpreende com diversificados benefícios originados sem intervenção humana. Entre eles estão as águas termais, que através de ações do meio ambiente se compõe formando riquezas medicinais. Segundo a geóloga Ana Bárbara Bueno Lopes, geralmente as águas termais são originadas de acordo com o aumento da profundidade em relação ao núcleo da Terra, pois com isso a temperatura vai aumentando, originando um fenômeno chamado gradiente geotérmico. O que ocorre, segundo Ana Bárbara, é que as águas de chuvas, por exemplo, podem entrar em contato com alguma rocha em profundidade que esteja com a temperatura elevada, portanto aquecendo-se. Ainda nesta relação, a geóloga também explica que “a água vem da superfície e infiltra-se, só que diferente de uma água potável comum, essas águas vão para profundidades maiores, através de fendas nas rochas causadas tanto por falhas geológicas, quanto por fraqueza do próprio estrato. Essas águas ao se infiltrarem e ganharem profundidade, ‘lavam’ as rochas pelas quais elas passam e retiram das mesmas minerais importantes que virão a caracterizar as águas termais. Estas águas acabam ficando a uma temperatura mais elevada e com um ph mais alcalino, adquirindo novas ca-
racterísticas físico-químicas”. Ao falar em “águas quentes”, a primeira região a vir à mente é Caldas Novas, em Goiânia, que possui em média 148 poços com águas termais. “Em relação a Caldas Novas, a água proveniente da chuva entra por infiltração. Ela se infiltra e percorre as rachaduras do quartzito, que é um tipo de rocha menos maleável. E o calor da água vem do calor interno da terra”, complementa a geóloga sobre a possibilidade da origem das águas termais dos famosos “rios quentes” de Goiânia. Trazendo um pouco mais próximo de Piracicaba, há aproximadamente 139 km em uma viagem com um pouquinho mais de duas horas, encontrase Águas de Lindóia, cidade também rememorada por suas fontes de águas termais. “Águas de Lindóia e circuitos das águas termais são oligominerais, possuem vários minerais diferentes como cloro, sódio, alumínios, manganês e etc. Elas também apresentam alta radiotividade, com altas concentrações de randônio que estimulam o metabolismo e agem nos sistemas digestivo e respiratório, assim como influenciam outras propriedades ti-
das como curativas”. Aproveitando-se destas propriedades naturais, Águas de Lindóia, possui o Balneário Municipal, que se destaca por conta dos tratamentos realizados exclusivamente com a utilização das águas termais, com propriedades medicinais. Entre os serviços termais encontram-se a balneoterapia (um banho de imersão com temperatura da água em torno de 28º), cura hidropínica (ingestão da água termal em jejum, em quantidades determinadas sob orientação médica), banho de imersão, banho de imersão com sais e inalação. Entre as propriedades medicinais conhecidas e já comprovadas cientificamente, estão o estímulo ao aparelho digestivo, respiratório e circulatório, anti-reumáticas, auxiliam na eliminação de toxinas do corpo e principalmente como combatentes ao estresse.
por Guilherme Varella
O
direito à educação é consagrado na Constituição Federal. Um direito fundamental, e interesse público a ser preservado. O acesso ao conhecimento depende de quão satisfatória é a circulação dos bens culturais produzidos pela sociedade e para a sociedade. O direito autoral está numa posição essencial entre quem produz o conhecimento e quem, e de que forma, esse conhecimento pode ser acessado pelos cidadãos e cidadãos. A efetivação do direito à educação depende de acesso e, consequentemente, de uma equilibrada e eficiente lei de direitos autorais. Para disciplinar essa relação, o Brasil possui a Lei 9.610/98, a sua lei de direitos autorais (LDA). Lei que está entre as cinco piores do mundo no que se refere às possibilidades educacionais. Tem a pior nota (F) no ranking das limitações aos direitos autorais para fins educativos, de acordo com estudo realizado pela Consumers International (março de 2009). Ou seja, a legislação brasileira não é suficiente para satisfazer as demandas pedagógicas, científicas e de pesquisa através do uso das obras. Nesse contexto é que se propõe uma reforma da LDA. Um processo conduzido pelo Ministério da Cultura (MinC) desde 2007, com debates, audiências públicas e contribuições das diversas organizações envolvidas com o tema e que alcança o estágio atual de anteprojeto de lei em vias de ser aberto para consulta pública, e depois se-
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Guilherme Varella é advogado, consultor cultural e músico. Formado em Direito e mestrando em políticas públicas de cultura pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). guir para votação no Congresso. Em termos técnicos, essa reforma da LDA tem fundamento. Indubitável, inclusive, se considerarmos que a lei atual é antiquada, falha e insuficiente. Exemplos concretos: preservar um livro em processo de deterioração numa biblioteca é quase impossível a não ser que ele seja copiado, o que deveria ser feito mesmo sem autorização do autor, hipótese inimaginável pela atual lei – imagine como fica uma obra rara; pessoas com deficiência não tem condições de acesso facilitadas previstas; exibir um filme por um por um professor do ensino médio para incrementar sua aula significa infração legal. Outro fato que mostra a necessidade da reforma da LDA para a educação: a questão da reprografia. Pela lei atual (artigo 46), é permitido apenas a cópia (xerox) de pequenos trechos de obras, sem a especificação do tamanho desses trechos. Além disso, não é possível a cópia integral para fins didáticos, pedagógicos e educacionais. Outro ponto crucial diz respeito às obras de domínio público, ou seja, aquelas que podem ter circulação e disponibilização independente de autorização. Obras que fazem parte do patrimônio cultural público. No Brasil, as obras são protegidas durante a vida do autor e por 70 anos após sua morte, quando entram em domínio público. A Convenção de Berna e a Trips, normas internacionais seguidas por nosso País, obrigam os países à proteção por apenas 50 anos. Seria de extrema relevância para os
processos educativos diminuir o tempo de disponibilização da obra para domínio público, e assim, perdem-se 20 anos de acesso livre ao conhecimento produzido, que acaba sendo, de alguma forma, intermediado por grupos editoriais e fonográficos. A relação entre financiamento público de obras e seu retorno à sociedade é outro elo importante. Grande parte das obras é financiada com dinheiro público e, por obstáculos trazidos pela lei de direitos autorais, essas mesmas obras não podem ser acessadas pela sociedade. Um quadro extremamente crítico, agravado se olharmos alguns dados, como os levantados em 2008 pelo Grupo de Pesquisas de Políticas Públicas para o Acesso à Informação da USP (Gpopai): cerca de 90% da pesquisa científica brasileira, que vai desembocar na produção dos livros, é financiada com dinheiro público; cerca de 30% do faturamento das editoras corresponde ao subsídio público dado em forma de imunidade/ isenção fiscal; e 85% dos livros de graduação são produzidos por professores pagos pelo Estado. Contudo, essa produção não retorna e as condições de acesso ao conhecimento ficam novamente prejudicadas. Por tudo isso, é urgente uma reforma da lei de direitos autorais, para que haja um equilíbrio entre os autores, que desejam ver sua obra acessada, e o público, os consumidores, os cidadãos, a sociedade, que querem ver cumprido seu direito fundamental e pleno à educação.
por Rafaela Silva Receita básica da brasileiríssima sopa de feijão Use a criatividade e incremente essa receita com os ingredientes que você desejar. Ingredientes: 3 xícaras de feijão cozido 1 batata média cortada em cubinhos 3 xícaras de água 2 tomates picados (com pele e semente) Sal e pimenta do reino a gosto
Paolo Feria
Modo de Preparo: Bata o feijão no liquidificador, juntamente com a água e o tomate. Em uma panela, coloque essa mistura e a batata. Deixe cozinhar até amaciar a batata. Se ficar muito grosso, acrescente mais água, até obter a textura desejada. Temperar a gosto e comer quente. Se quiser, comer acompanhado com fatias de pão.
A
s sopas fazem parte do cardápio dos brasileiros, sobretudo no inverno, quando os pratos quentes são mais apreciados. A palavra sopa originou-se do latim sop, que significa colocar fatias de pão em um recipiente, e sobre elas despejar caldo quente. A função do caldo quente era amolecer o pão duro, facilitando o consumo. A sopa é um alimento, que pode ser servido como entrada ou prato principal, dependendo dos ingredientes. Democrática, a sopa além de nutritiva é econômica, podendo ser consumida por pessoas de todas as classes econômicas. A mistura de ingredientes, muitas vezes inusitada, é que transforma uma receita a priori simples em um prato refinado. Os ingredientes variam de acordo com a cultura de cada região.
Sopas pelo mundo
Seguem os nomes de algumas sopas muito conhecidas em seus países. Brasil: O mineiro Bambá de Couve, feito com fubá, Caldo de Mocotó (tem até uma música que fala dele) e Caldo de Feijão. China: A Sopa de Ninhos de Andorinha é consumida como terapia. Assim como a sopa de barbatana de tubarão. Cuba: Sopa de Frijoles com Calabaza, ou simplesmente sopa de feijões com abóbora. Estados Unidos: A Clam Chowder é a sopa de mariscos mais famosa do mundo. Além dos moluscos, leva batata e leite. França: A mais conhecida e tradicional, a Bouillabaisse, é feita a base de legumes com frutos do mar frescos. Tem também a Soupe à l’Oignon, a base de cebola e a Bisque, a base de frutos do mar. Haiti: No Haiti, tem uma receita chamada Consommé a l’Orange, feita de caldo de frango, suco de laranja e cravo da índia. Itália: Na Itália o feijão é ingrediente da Minestrone, que também tem como ingrediente massas, legumes e linguiça. Portugal: Canja e Caldo Verde, sopas conhecidas em Portugal, também são tradicionais no Brasil. Tailândia: Exemplo da culinária tailandesa, a Tom Kha Gai é feita com leite de coco, frango, coentro e outras especiarias. Vietnã: A sopa tradicional do Vietnã é a Canh Chua, que é um caldo aromatizado com hortelã e tamarindo com pedaços de peixe.
Aqui é País do Futebol
Intérprete: Elis Regina Composição: Milton Nascimento e Fernando Brant Brasil está vazio na tarde de domingo, né? olha o sambão, aqui é o país do futebol Brasil está vazio na tarde de domingo, né? olha o sambão, aqui é o país do futebol
por Rafaela Silva
A
Fusão Cultural não poderia ignorar a chegada de mais uma Copa do Mundo, e, aproveitando o ensejo, resolveu fazer um cruzamento entre futebol e cultura, a fim de descobrir pontos que aproximam esses dois setores. Essa reflexão é possível, pois, além do enfoque esportivo, o futebol pode ser analisado por diferentes segmentos, como o antropológico, o econômico, o político e o cultural. “Quando o Brasil é mais Brasil? Na Copa do Mundo, é claro. O embate universal entre nações nos faz mais brasileiros que nunca. Enfeitamos as ruas, usamos o verde-amarelo (que em qualquer outra situação é "brega"), nos emocionamos até o último minuto de cada jogo. Quando as ruas do País estão mais vazias, em sinal claro de desprezo por todas as rotinas? Num jogo da seleção numa Copa do Mundo. Se ganhamos ou perdemos, quem perde não é a Seleção, é o Brasil, somos todos nós”. (Trecho do texto Futebol, Clãs e Nação, de Igor José de Renó Machado) O “esporte bretão”, ao incorporar-se à cultura brasileira, como poderoso mecanismo de integração social, constituiu-se em uma “paixão nacional”. Todos juntos por um mesmo objetivo, por uma nação que buscava a unidade. O Brasil não é considerado o “país do futebol” apenas por nossa nação, mas também fora do País, por conta de sua supremacia em Copas do Mundo.
O futebol não nasceu no Brasil?
O esporte realizado em equipe, jogado com uma bola e com os pés teria surgido no século III A.C. na China. Contudo, foi estruturado como conhecemos na Inglaterra. Sua chegada ao Brasil é controversa. Alguns acreditam que o esporte chegou ao País em 1894, com a volta de Charles William Miller, que aos 10 anos de idade fora estudar na Inglaterra. Ele teria trazido em sua bagagem um livro com as regras do jogo, bola e bomba para enchê-la. Outra ver-
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Atuação do Brasil na Copa do Mundo de Futebol
Ano
Sede
Colocação do Brasil
País Campeão
1930
Uruguai
6ª
Uruguai
1934
Itália
14ª
Itália
1938
França
3ª
Itália
1950
Brasil
2ª
Uruguai
1954
Suiça
6ª
Alemanha Ocidental
1958
Suécia
1ª
Brasil
1962
Chile
1ª
Brasil
1966
Inglaterra
11ª
Inglaterra
1970
México
1ª
Brasil
1974
Alemanha Ocidental
4ª
Alemanha Ocidental
1978
Argentina
3ª
Argentina
1982
Espanha
5ª
Itália
1986
México
5ª
Argentina
1990
Itália
9ª
Alemanha Ocidental
1994
Estados Unidos
1ª
Brasil
1998
França
2ª
França
2002
Coréia do Sul - Japão
1ª
Brasil
2006
Alemanha
5ª
Itália
2010
África do Sul
?
?
Fonte: Confederação Brasileira de Futebol (CBF) - www.cbf.com.br
são é que o esporte chegou ao Brasil em 1885, por meio de jovens de classe alta. De qualquer forma, o futebol brasileiro teve seu início ligado à elite do País. Essa elite tentou manter as classes populares afastadas do esporte, sobretudo os negros e mestiços. Mas havia também uma força favorável à expansão do futebol ao restante da sociedade. Com a crescente miscigenação no esporte, houve a sua popularização. Mas há outras explicações para a grande aceitação do futebol no País.
De acordo com Jocimar Daolio, no texto As contradições do futebol brasileiro, uma explicação é o “alto contingente negro na população nacional e a facilidade desta raça numa modalidade esportiva que tem nos pés seu principal instrumento de ação”. Outros motivos, segundo Daolio, seriam as regras de fácil compreensão e o fato de o esporte poder ser praticado em qualquer lugar, sendo a bola o único material obrigatório. Jocimar Daolio também credita às
características do povo brasileiro a fácil adequação às exigências técnicas do futebol. “O novo esporte que chegava da Inglaterra não oferecia apenas momentos lúdicos de lazer aos seus praticantes, mas permitia principalmente a vivência de uma série de situações e emoções típicas do homem brasileiro”, segundo o autor. O futebol não se tornou apenas popular no Brasil, mas ganhou status de símbolo nacional, assim como o carnaval, invadindo diferentes setores da vida cotidiana. Pisar na bola, fazer o meio de campo, bater na trave e fazer um gol de placa são apenas alguns dos termos envolvendo o esporte, que também é lembrado em músicas, figurinhas e jogos de vídeo game.
A idEia do ídolo nacional
O futebol é um jogo coletivo, no qual as regras são bem definidas. Por ser coletivo, a tática é um ponto fundamental. Cada jogador realizando apenas a sua função, para a qual está destinado, e seguindo a linha até avançar pelo campo do adversário e acertar a bola na rede. O futebol-arte dos futebolistas brasileiros é como uma dança, composta de alegria, arte, dribles, espontaneidade, floreios, malícia, musicalidade, ginga, improvisação e inovações.
O Futebol Interpretação e composição: Chico Buarque Para estufar esse filó Como eu sonhei Só Se eu fosse o Rei Para tirar efeito igual Ao jogador Qual Compositor Para aplicar uma firula exata Que pintor Para emplacar em que pinacoteca, nega Pintura mais fundamental Que um chute a gol Com precisão De flecha e folha seca Parafusar algum joão Na lateral Não Quando é fatal Para avisar a finta enfim Quando não é Sim No contrapé Para avançar na vaga geometria
Muitos afirmam que o futebol-arte não existe mais, mas exemplos muito atuais os contradizem, como o caso dos “meninos da Vila” (jovens jogadores do Santos – São Paulo), que “dançam”, não apenas nas comemorações dos gols, mas para romper a defesa adversária e chegar até o gol. De acordo com alguns autores, uma
O corredor Na paralela do impossível, minha nega No sentimento diagonal Do homem-gol Rasgando o chão E costurando a linha Parábola do homem comum Roçando o céu Um Senhor chapéu Para delírio das gerais No coliseu Mas Que rei sou eu Para anular a natural catimba Do cantor Paralisando esta canção capenga, nega Para captar o visual De um chute a gol E a emoção Da idéia quando ginga (Para Mané para Didi para Mané Mané para Didi para Mané para Didi para Pagão para Pelé e Canhoteiro)
das características vinculadas ao futebol-arte seria a miscigenação harmoniosa. A mistura de raças no País teria dado aos brasileiros essas características, como alegria, malícia e ginga, que contribuem para o sucesso no futebol, e em outras áreas, como a dança e a música, propriamente ditas. No Brasil, um jogo de futebol é
como um “espetáculo”, em que a percepção do torcedor se um jogo foi bom ou ruim, feio ou bonito, depende muito da vitória ou derrota do seu time, segundo Arlei Sander Damo, no texto Futebol e estética. Para o espetáculo ser pleno, no entanto, são importantes a tradição desse time e a história dos jogadores. Alguns críticos afirmam que a maneira de o brasileiro jogar significa ignorância da técnica e infantilidade dos espectadores que valorizavam o cômico e o estético; estaria mais para circo do que esporte. Há também os defensores da singularidade do futebol brasileiro, que diferentemente do modelo tradicional inglês, no qual há o avanço coletivo de toda a linha, há o avanço de dois ou três bons jogadores, que escapam rapidamente com a bola, desorientando a defesa adversária. Houve diferentes momentos táticos na história do futebol brasileiro. De acordo com Wilson Rinaldi, no texto Futebol: Manifestação Cultural e
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Ideológica (Revista da Educação Física/ UEM Maringá, v. 11, n. 1, p. 167-172, 2000), na copa da década de 1970, havia a valorização do conjunto, do espírito de equipe, a qual era composta de grandes jogadores, mas todos exaltavam mais o grupo do que os valores individuais. Já na copa de 1994, foi exaltada a figura do herói, que é capaz de “resolver” a partida. Nos anos 2000 essa idéia do herói ainda predomina. Rinaldi credita este fato à globalização, que exige de cada indivíduo a capacidade de resolver individualmente os problemas que se lhe são apresentados.
O que esperar do futebol brasileiro no século XXI
Nem tudo é festa quando o assunto é futebol brasileiro. Próximo do final do século XX o tema “crise” começou a fazer parte do vocabulário do esporte. Algumas das manifestações dessa crise, segundo Ronaldo Helal e Cesar
Gordon, no texto No texto A crise do futebol brasileiro: perspectivas para o século XXI (ECO-PÓS – v.5, n.1, 2002, pp.37 – 55), são: “queda progressiva do número de espectadores das partidas de futebol, aumento da violência nos estádios (principalmente entre as chamadas “torcidas organizadas”), evasão de jogadores para o exterior e crescente endividamento financeiro dos clubes”. Para sair dessa crise, os clubes viram-se obrigados a uma série de ações, sendo a transformação no modelo de profissionalização uma das principais mudanças. Na década de 30 o modelo de profissionalização era focado nos jogadores, e atualmente concentra-se nos dirigentes. O novo modelo chamado futebol-empresa, caracteriza-se por separar o Estado das decisões relacionadas ao futebol, sendo o capital privado o incumbido pelas decisões. Com esse modelo, futebol-empresa, a vida dos jogadores, suas falas e ações, passaram a ser coordenadas por profissionais de marketing, pois os jogadores, agora funcionários de uma empresa, devem ter uma conduta coerente com a imagem do seu time e também dos patrocinadores. Outra característica muito marcante neste século, até por conta do modelo futebol-empresa, é a mercantilização do esporte. O mercado futebolístico está cheio de opções para o torcedor, e essas mercadorias são comercializadas sob diversas formas e em diferentes meios. Mesmo os jogadores são considerados “mercadoria”, negociada por valores elevadíssimos. A maior negociação da história do futebol (até o momento) foi a compra do jogador português Cristiano Ronaldo do Manchester United pelo Real Madrid em 2009. O valor da negociação foi de 94 milhões de euros, mais ou menos 257 milhões de reais. O Real Madrid também já havia comprado, no mesmo ano, o jogador brasileiro Kaká do Milan por 65 milhões de euros, cerca de 177,7 milhões de reais.
Os jogares brasileiros são vendidos para times de todos os lugares do mundo, o que gera críticas e questionamentos. Marcos Alvito, no texto A parte que te cabe neste latifúndio: o futebol brasileiro e a globalização (Análise Social, vol. XLI (179), 2006, 451-474), questiona: “o Brasil estaria destinado a formar ‘pés-de-obra’ para oferecer ao mercado internacional?... Restaria a estes clubes formar talentos como Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Robinho e outros para depois consumi-los sob várias formas de produtos da nova indústria do futebol: camisas, vídeo-games, jogos televisionados e agora figurinhas. É a parte que nos cabe no latifúndio do futebol globalizado”. Ainda em relação à mercantilização, no caso do futebol, a TV e o marketing esportivo seriam os responsáveis pela revolução econômica experimentada pelo futebol, por
sua plena incorporação ao sistema capitalista. De acordo com Marcos Alvito, a TV também pode ser citada como uma das responsáveis pela redução do número de torcedores no campo, por conta da oferta de jogos nas TV aberta e fechada. Outro problema é o horário impróprio e pouco flexível dos jogos, também por conta da TV.
“O Brasil estaria destinado a ser exportador de ‘pésde obra’ ao mercado internacional?” Quanto ao marketing esportivo, um grande exemplo deste século é o Corinthians (São Paulo), que tem
faturado muito após a volta para a série A do Campeonato Brasileiro em 2009 (após ter jogado a série B em 2008) e a contração do jogador Ronaldo Nazário. Outra questão importante de ser discutida é a atuação das torcidas organizadas. Estas teriam surgido entre o final da década de 60 e início de 70, primeiramente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, sendo situada no contexto do movimento estudantil. A princípio, as torcidas organizadas levavam beleza aos jogos, ao inovarem no modo de torcer, fazendo coreografias, com extenso repertório de músicas e gritos de guerra, e elementos diversos, como bandeiras e apitos. Atualmente essa “guerra” saudável entre torcidas deu lugar às “guerras” violentas e sangrentas. Mais amena, mas também importante de ser ponderada é a individualidade dos jogadores. Desde a Copa
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do Mundo de 1994, a imagem do jogador ídolo, aquele que resolve sozinho o jogo, tem se destacado em relação ao coletivo. No texto A crise do futebol brasileiro: perspectivas para o século XXI, de Ronaldo Helal e Cesar Gordon (ECOPÓS – v.5, n.1, 2002, pp.37 – 55), são postas as seguintes questões: “Se o futebol foi basicamente um mecanismo integrador: o que acontece quando não há mais o que integrar? Qual será o futuro do futebol no Brasil?
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Sucumbirá na pós-modernidade, deixando patente que pertenceu, de fato, à modernidade e, em certa medida, ajudou a construir essa modernidade no Brasil? Ou sobreviverá, anunciando que essa pós-modernidade jamais poderá ser plena, pois necessitamos viver sob o signo da nacionalidade, da identidade cultural, da integração do país em um só povo, uma só nação, ‘como se todo o Brasil desse a mão em um só coração’?”.
Não são questões fáceis de serem respondidas, mesmo por que, como os próprios autores pontuam, não há como avaliar o universo do futebol brasileiro no século XXI sem analisar toda a Nação. Mas é possível dizer que, fragmentado ou unificado, o futebol brasileiro, sobretudo nesse período de Copa do Mundo, continua integrando toda a Nação, que torce pela vitória do grupo, pois esta representa a vitória de todo o País.
Coreia do Sul Grécia
Uruguai França
Posição
Nigéria
México
11h 15h30 11h 15h30 11h 15h30 11h 15h30 11h 15h30 11h 15h30 15h30 15h30 15h30 15h30
26/06 Sábado 27/06 Domingo 28/06 Segunda 29/06 Terça 02/07 Sexta 03/07 Sábado 06/07 Terça 07/07 Quarta 10/07 Sábado 11/07 Domingo
Vencedor do jogo 61
Final
Perdedor do jogo 61
Decisão do terceiro lugar
Vencedor do jogo 59
Vencedor do jogo 57
Semi finais
Vencedor do jogo 51 Vencedor do jogo 55
Vencedor do jogo 49 Vencedor do jogo 53
Quartas de final
1º do grupo F 1º do grupo H
1º do grupo E 1º do grupo G
1º do grupo B 1º do grupo D
1º do grupo A 1º do grupo C
x
x
x
x
x x
x x
x x
x x
x x
Vencedor do jogo 62
Perdedor do jogo 62
Vencedor do jogo 60
Vencedor do jogo 58
Vencedor do jogo 52 Vencedor do jogo 56
Vencedor do jogo 50 Vencedor do jogo 54
2º do grupo E 2º do grupo G
2º do grupo F 2º do grupo H
2º do grupo A 2º do grupo C
2º do grupo B 2º do grupo D
Chile
Portugal
x x
Honduras
Oitavas de Final
Suiça Costa do Marfim
GRUPO H
GRUPO G
Coreia do Norte
Eslováquia
Camarões
Gana
Espanha
Nova Zelândia
Japão
Sérvia
BRASIL
Paraguai
Posição
Itália
Dinamarca
Austrália
Posição
Posição
GRUPO F
Eslovênia
Argélia
Holanda
Posição
Posição
Estados Unidos
Inglaterra
GRUPO C
Alemanha
GRUPO D
Argentina
Posição
GRUPO B
África do Sul
Posição
GRUPO A
64
63
62
61
59 60
57 58
55 56
53 54
51 52
49 50
Jogo
No meu time não!
Maradona correrá pelado por Buenos Aires se a Argentina for campeã! (Brasil, Brasil, Brasil... pelo amor de Deus, ganha Brasil!)
Tirinha Alô, querida, O que você acha de eu levar alguns amigos para jantar em casa esta noite?
Ficarei felicíssima. A gente poderia até fazer um jantar especial...
Liguei para o número errado.
Acho ótimo, meu amor!
37° Salão Internacional de Humor de Piracicaba
Caricatura
Preparem os seus trabalhos, pois as inscrições podem ser feitas até o dia 03 de agosto. Mais informações pelo site www.salaodehumor.piracicaba. sp.gov.br, ou pelos telefones (19) 3403-2615 / 3403-2620 / 3403-2621.
Ator Robert Pattinson, protagonista do filme Crepúsculo.
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Só por que hoje eu estava a fim de cozinhar!
por Rafaela Silva
N
ão apenas os amantes da música árabe, mas diversas pessoas encantam-se ao ouvir o Dum Dum – TaKaTa – Dum – TaKaTa – Taka de uma percussão árabe. O som inconfundível, que aguça os ouvidos da platéia, leva a dançarina à criação coreográfica, sobretudo, no momento da execução da música, de forma improvisada, mostrando sua entrega total ao som. A percussão árabe é composta por diversos instrumentos musicais, cada um com seu papel específico na formação de um ritmo. Mas para que haja harmonia é necessária uma perfeita junção sonora. De acordo com Vitor Abud Hiar, no texto Noções gerais de harmonia sonora na percussão libanesa (2003), junção sonora “é a união dos sons produzidos pelos instrumentos em uma execução rítmica”. Hiar divide o som entre três partes (base, metais e solo), que compõem o trinômio sonoro da percussão árabe.
No caso da percussão, o solo acaba tendo maior destaque (pode ser dito até maior importância), por conta de seu som inconfundível. No Brasil, o Derbakke é um dos instrumentos de percussão árabe mais conhecido, juntamente com os Snujes e o Daff, fazendo com que existam composições sonoras menos complexas, e utilização de um número menor de instrumentos em uma apresentação. Como bem afirma Vitor Abud Hiar, conhecer todos os componentes desse trinômio sonoro da percussão árabe não garante uma junção sonora perfeita, mas é um bom começo para esse caminho.
Base: Responsável pela marcação rítmica. A base é formada por instrumentos de sonoridade grave: Mazhar, Dehollah, Tabel, etc. Metais: O Daff e Snujes são responsáveis pela ostentação e potencialização rítmica. Solo: O Derbakke, ou Tabla Egípicia, é o responsável pela construção, embelezamento, variações e encaixe dos ritmos.
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por Larissa Martins
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nicialmente realizada em atos de confraternização entre os celtas, a dança irlandesa foi passada de geração a geração e ganhou mais coreografias e passos simplesmente desafiadores por sua velocidade de compasso. “Os primeiros relatos escritos sobre as danças irlandesas datam de 1520, no entanto ela somente se popularizou nos séculos XVII e XVIII, a princípio num contexto de festa. No Brasil, a dança irlandesa chegou em 1997”, comenta Fernanda Faez, dançarina e coreógrafa, atualmente coordenadora do curso de Dança Irlandesa da escola de dança Banana Broadway, em Campinas. Fernanda estudou e morou na Irlanda durante três anos e retornou ao Brasil com uma vasta bagagem de conhecimento e experiência com danças tradicionais, folclóricas e cênicas irlandesas, ganhando inclusive destaque na revista Irish Dancing & Culture Internacional em 2004, como representante da Dança Irlandesa em território brasileiro. A dançarina e coreógrafa, explica que, basicamente, a dança irlandesa tem três vertentes diferentes responsáveis por originar distintas danças: Set, Céilí e Solo ou Step dancing, que contêm a mesma base musical e convergem em não serem danças cênicas. Abaixo seguem algumas informações sobre cada vertente da dança irlandesa, de acordo com Fernanda: Set: Dança de Casais, com 4 ou 8 pessoas. Dançadas em espaços pequenos. Os movimentos são contidos e os corpos dos dançarinos estão próximos durante a dança. Há alguns sapateios improvisados, individualmente, no ritmo da movimentação coletiva. Céilí: Dançadas por no mínimo 4 pessoas. A movimentação é mais ampla e os passos são bastante simples e acessíveis. Não há nenhum tipo de sapateio. As Céilí nasceram e foram moldadas para amplos espaços. Solo ou Step: Danças de competição, dançadas geralmente como solo (com exceção para as danças de equipe), extremamente técnicas, tradicionalmente sem objetivo cênico. O figurino é muito importante nesta dança, os vestidos com cores vivas, meias brancas, perucas e tiaras. Para os homens, calça e camisa, colete, gravata ou cinturão ou saia
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(kilt) e camisa, paletó e gravata. Dentro do Solo são trabalhadas duas técnicas interdependentes: 1) treble shoes, hard shoes ou heavy shoes: é o sapateado irlandês, no qual usa-se sapatos especiais, com fibra de vidro no solado e estrutura para subir nas pontas dos pés. Os passos são extremamente rápidos, o deslocamento espacial é bastante intenso e geralmente segue especificidades na sua trajetória. 2) light shoes ou soft shoes: são danças feitas com sapatilhas especiais, de couro, amarradas no peito do pé e tornozelo. Os passos são extremamente rápidos, variam bem pouco de um lugar para outro no mundo, a rítmica é bastante característica, há muita troca de peso e saltos, o deslocamento espacial é bastante intenso. Ao falar sobre dança irlandesa, é impossível não citar o bailarino, coreógrafo e produtor Michael Flatley. Norte-americano, filho de irlandeses, Flatley teve contato com a dança irlandesa aos quatro anos de idade através de sua avó materna e sua mãe. Ganhou o mundo com seu talento e deu maior visibilidade à dança irlandesa, se destacando mais atualmente com Celtic Tiger (2007), espetáculo que através da dança e da música, representa o espírito e a história da Irlanda. “Com o surgimento do grupo Riverdance, a princípio sob a liderança de Michael Flatley, a Dança Irlandesa revoluciona e passa de dança folclórica à dança cênica. Toda a técnica desenvolvida na ‘Solo Dancing’, é reelaborada em um espetáculo temático, concebido e dançado com coreografias longas, figurinos diferentes e músicas com arranjos contemporâneos.”, ressalta Fernanda sobre a renovação do cenário da dança irlandesa provocada por Flatley.
Para quem quiser ter um pouco mais de contato com a dança e com a música irlandesas, de 30/06 a 04/07 será realizado o 8º Festival Celta Brasil 2010 em Campinas, com workshops internacionais e apresentações. Mais informações pelo site www.festivalceltabrasil.com.br, ou pelo telefone (19) 3201-7600.
Cia Atitude - Teatro de Fantoches e Palhaços. Contato pelos fones: 19 9181-6548 e 11 8452-2320 e pelo e-mail: ciaatitude@hotmail.com.
“Boneco é uma figura humana, animal ou abstrata movimentada manualmente por uma pessoa e não por nenhum meio mecânico autônomo, sendo também conhecidos pelo nome de Títeres”, de acordo com definição da Cia. Stromboli, no texto Breve História do Teatro de Bonecos. Sempre que um homem caracteriza-se por máscaras, pode-se falar de títeres, ou bonecos. O teatro de bonecos é tão antigo, em muitas civilizações, que há dificuldade para precisar seu surgimento. Na Europa, há registros do século V a.C. sobre essa forma de encenação. Os bonecos teriam certo parentesco com diversos personagens, desde aqueles personagens mascarados da Commedia dell'Arte renascentista, até os mascarados do carnaval, por conta de sua impessoalidade. Pois, segundo a Cia. Stramboli, o boneco não retrata uma personalidade, mas sim, um tipo. Há muitos tipos de bonecos: o fantoche, o boneco de vara, o
boneco de fio ou marionetes, bonecos de dedo e bonecos gigantes, como os dragões das festas de rua chinesa. No Brasil também existem muitos bonecos, como o Mamulengo. A interpretação do ator, enquanto personagem, ou como boneco difere-se em muitos momentos. De acordo com Fernando Cavallari e Roxane Souza Cavallari, da Cia. Atitude – Teatro de Fantoches e Palhaços, no espetáculo O inimigo é desenvolvido um trabalho no qual o palhaço Paçoca, representado pelo ator Fernando Cavallari, se transforma em um fantoche. O teatro de bonecos é cada vez mais considerado uma atividade voltada para as crianças. De acordo com a Cia. Atitude elas se sentem seguras em poder conversar com os fantoches, e isso facilita o aprendizado. Ainda de acordo com a Cia. Atitude, trabalhar com fantoches exige ensaios e um estudo sobre cada personagem (movimentos, vozes, gestos, figurino), pois é necessário dar vida ao boneco.
O ensaio deste mês é de Gilberto Pessato Jr, e traz imagens da peça Beira Rio, encenada pela Cia. Estável de Teatro de Piracicaba (Ceta) no dia 26 de maio no Teatro Municipal de Piracicaba. Giba, como é mais conhecido, é bem eclético. Além de diretor comercial e financeiro da publicação, Giba é físico, formado pela Unicamp, radiologista e professor, além de estar entrando no mundo da fotografia.
por Larissa Martins "’Cinema independente’ (ou simplesmente indie – sigla em inglês para independente) é uma designação relativa, uma vez que geralmente é definido em relação a sua suposta antítese: o ‘cinema de estúdio’. O termo cinema independente não tem um significado universal, sendo mais bem compreendido em relação a manifestações específicas de independência cinemática dentro de um contexto histórico e cultural em particular". (SUPPIA, PIEDADE e FERRARAZ, in: Cinema Mundial Contemporâneo. (orgs.), 2008, p. 235)
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mprovisos, pouco tempo, baixo custo, e, principalmente, amar o cinema e ter um mínimo conhecimento cinematográfico. Esses seriam os principais componentes para mexer os pauzinhos e começar a pensar em construir uma produção cinematográfica independente. Os filmes independentes fogem dos padrões estéticos da indústria mercadológica cinematográfica; estão bem distantes dos filmes hollywoodianos. Muitas vezes são marginalizados devido às suas características, como simplicidade de efeitos especiais e truques de câmeras e composição do elenco (muitas vezes composto por amigos e não necessariamente atores profissionais). Muitas produções independentes destacam-se pela qualidade dos roteiros, compostos ou inspirados em grandes histórias misturadas a muita criatividade. O vagabundo, filme de Aparecido de Lima Santos (Cidão), feito pela Cidão Produções, começou a ser gravado em 2009 e teve sua estréia em 18 de abril deste ano. Apesar de o nome remeter à figura de Charles Chaplin, Cidão confessou em entrevista à Fusão Cultural que sua inspiração partiu do hu-
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mor caipira de Mazzaropi. Em um ambiente rural, onde os cenários são sítios dos arredores piracicabanos, com músicas de viola e sertaneja como trilhas sonoras, a história gira em torno do personagem Zé do Brejo (interpretado pelo próprio Cidão). Zé é o típico “boa vida”, que não quer saber de trabalhar. A dinâmica do filme está justamente nos conflitos gerados pela vagabundice do personagem principal com os patrões. Cidão diz que sempre gostou de cinema, por isso comprou uma câmera e teve a ideia de gravar um filme. Animado, Cidão afirma, “O vagabundo 2 está por vir”, inclusive já está sendo filmado. Os filmes independentes se destacam em ambientes universitários, como também em centros culturais e festivais dedicados aos mesmos. Entre os festivais, aconteceu de 05 a 08 de maio a Mostra Independente do Áudio Visual Universitário (Miau), no Cine Goiânia de Ouro em Goiânia, e em ares internacionais o Festival Câmera Mundo, que incentiva filmes independentes do mundo todo, que será realizado em setembro ou outubro de 2011 em Amsterdã (as
inscrições estarão abertas a partir de janeiro de 2011, mais informações no site www.cameramundo.nl). Segundo dados divulgados pelo Jornal do Vídeo e apurados pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) no ano de 2009 (os dados são de 2009 ou foram apurados em 2009?), foram entre 32 e 33% de lançamentos de majors diante de 68 e 71% de lançamentos independentes. Ambas consideram uma divisão existente entre obras cinematográficas lançadas em vídeos domésticos, separando-as em majors, quando referido àquelas ligadas aos estúdios norte-americanos mais conhecidos na indústria do cinema como Sony, Fox, Disney, Paramount, Universal e Warner, e as demais distribuidoras tidas como independentes, destacando, portanto, a primeira concepção de cinema independente definida por Levy Strauss, relacionada aos financiamentos. Os baixos orçamentos e a possibilidade de veiculação dos filmes independentes pelo You Tube e outros demais recursos provindos com a internet, fazem com que este gênero se expanda e contribua em muito para a democratização da cultura cinematográfica.
www.alexameade.com
por Larissa Martins
“A Arte é a atividade humana que consiste em um homem comunicar conscientemente a outros, por certos sinais exteriores, os sentimentos que vivenciou, e os outros serem contaminados desses sentimentos e também os experimentar.” (Trecho do livro O que é Arte?, de Leon Tolstoi)
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escritor russo Tolstoi destaca em sua obra, O que é arte, a discussão pertinente da estética e a capacidade que a arte possui em estabelecer relações entre o homem e o mundo ou com a sociedade. Assim como sua característica de criar laços visuais e emocionais com as pessoas, em uma troca mútua entre o artista e o admirador. Obras da artista plástica norte-americana, Alexa Meade, dão uma prova desse conceito, ao proporcionar ao observador diversas sensações, apresentando a esse pintura e realidade, em uma mesma obra. Tal o hibridismo entre arte e realismo desperta dúvidas se a obra existe de fato, ou é se uma montagem de computador. Alexa tem 23 anos e graduou-se em Ciência Política na Vassar College (Nova Iorque), mas após graduarse sua paixão pela arte aflorou. Suas obras, que tem feito sucesso no mun-
do todo, vão além de uma simples body painting (pintura corporal), pois a artista não inclui um modelo vivo à arte como uma camuflagem de imagens, mas faz a ação inversa, transforma um modelo vivo em um objeto de arte como objeto principal. Incorporando literalmente a aura artística em seus modelos, misturando técnicas entre pintura, performance e fotografia, a artista utiliza tintas acrílicas e muito talento, valorizando efeitos de cores e jogos de luzes, recriando ambientes em três dimensões, e transfigurando pessoas comuns em objetos artísticos em duas dimensões. Logo ao pintar seus modelos como objetos pertencentes à obra de arte e inseri-los em um determinado cenário, sobretudo cotidiano, a artista os emoldura através de uma fotografia. Os observadores somente são convencidos de que se tratam realmente de modelos vivos quando é possível observar o
branco dos olhos, e em alguns trabalhos, os cabelos. Ou a por imagens divulgadas de making-off de todos os passos de Alexa Meade na realização da obra. A Fusão Cultural entrou em contato com a artista, mas a mesma não pode nos atender, por estar muito ocupada com as montagens de novas exposições, um resultado da grande repercussão de seus trabalhos no mundo todo. Alexa destaca em seu portfólio (disponível no site www.alexameade.com) a consideração que se deve ter na relação existente entre o corpo e a identidade de uma pessoa. Através desta concepção, a artista, em um auto-retrato, mostra outra função da arte, a de possibilitar “reinterpretação” de si mesmo.
por Rafaela Silva
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homens que também fazem corset piercing, mas optam por outras partes do corpo, que não a costa. Feitos, na maioria das vezes, para apresentações ou ensaios fotográficos, há quem não tire os piercings. Contudo, body piercers não aconselham, por conta de serem muitas perfurações realizadas ao mesmo tempo, o que requer muito cuidado. Deve-se também ter cuidado com a amarração da fita, para que a mesma não puxe demais os piercings. Se não for usar o corset piercing apenas para um trabalho, o ideal é esperar os piercings cicatrizarem para então fazer o laço. Mesmo após o período de cicatrização, o ideal é não usar o laço com muita frequência, pois a fita pode ser facilmente puxada ou enroscar. Os cuidados a serem dispensados para cicatrização e higienização do corset piercing são os mesmo tradicionalmente realizados em outras perfurações. O ideal é procurar um bom profissional, que além de conhecimento, possua um estúdio adequado.
FOTO Sean Hartgrove
rte, modificação ou performance, o corset piercing, conhecido também como espartilho de piercing e ladder piercings, é o trabalho de perfurações no corpo, com o objetivo de colocar uma fita para imitar a aparência do laço de um espartilho. O espartilho é uma peça do guardaroupa feminino surgido por volta do século XVI, com os objetivos de diminuir a cintura da mulher, contribuiu para a correção da postura e, consequentemente, aumentar a elegância. Antes usados apenas como peça íntima, ou de apelo sexual, o corselete voltou à moda com o estilo pin up, só que desta vez como peça principal, e para ser vista. O corset piercing é comumente feito nas costas, contudo há pessoas que o fazem em outras partes do corpo, como panturrilha, pescoço, braço e peito. O número de piercings e a disposição variam de acordo com o objetivo do trabalho ou gosto do cliente. Mais comum entre as mulheres, há
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por Rafaela Silva
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palavra que “define” a moda colorida dos jovens contemporâneos é extravagância, nas roupas, no cabelo e na própria pele. Entre calças justas, tênis, blusas e cabelos coloridos, e piercings, esses jovens chamam a atenção por onde passam. Não são apenas coloridos, mas muito criativos, por conseguirem combinar diversas cores diferentes em um mesmo look. Pessoas que seguem a moda, utilizam peças isoladas; calça, sapato ou acessórios, para dar um toque a mais à composição. Mas nesse caso a adoção do visual é por “modismo”, diferente de um grupo de pessoas que o adota para representar um estilo, expresso não apenas pelas roupas, mas pelo gosto musical e atitudes. Para os críticos, os coloridos seriam apenas uma atualização dos Emos. Para muitos, seria uma releitura dos anos 80, difundida pelas bandas in-
ternacionais Cobra Starship, All Time Low, Forever the sickest kids, MGMT, e pelas nacionais Cine e Restart. No Brasil, a novela Malhação também é vista como difusora do estilo. Muitos jovens afirmam que esse estilo é o From Uk, uma releitura da moda jovem do Reino Unido (United Kingdom), feita pelo jovem Hashii Stanford, nome artístico de Yago Lobo Rodrigues (mais informações sobre o rapaz no site www.hashiistanford.com). Hashii Stanford, que gosta de moda, começou a pesquisar o estilo Scene Kids (Cena Infantil), usado por jovens do Reino Unido em 2005. O Scene Kids, que se destaca pelas cores, teria dado origem a outras vertentes, como a Scenester e a Scene Queens. São muitos os estilos, e mesmo os adeptos mas conseguem se definir, mostrando a falta de clareza. Mas estilo, independente de qual seja, não se explica, ou você tem, ou não tem?
por Larissa Martins
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“O castelo surgira à nossa frente como uma tábua de salvação. Eu estava seriamente ferido e ameaçado de passar a noite ao relento. Por isso, meu criado não hesitara em forçar a entrada. A construção sólida, imponente, misturada o grandioso ao sinistro. Parecia abandonado, pois não aparecera ninguém à nossa chegada. Mas, se abandonado, o fora há pouco, ou talvez por pouco tempo. Tudo estava arrumado, limpo, suntuosamente mobiliado. Escolhemos um dos aposentos menores e decorados com mais modéstia. Situava-se numa torre larga e mais baixa, afastada dos demais aposentos. Esta peça, embora mais simples, ainda assim era ricamente decorada. (...)” (Trecho do conto O retrato oval, de Edgar Allan Poe, do livro Histórias Extraordinárias, tradução e adaptação de Clarice Lispector, 2002).
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final, de onde surgiu aquele castelo? Por que o castelo estava abandonado? A que peça se referia? Os contos de mistérios do poeta e escritor norte-americano Edgar Allan Poe nos fazem mergulhar em um universo paralelo à realidade. Os hábitos de ouvir e contar histórias sempre estiveram presentes na história da humanidade, que tem o costume de cultivar seus contos como forma de preservar suas histórias, que muitas vezes verossímeis, refletem elementos culturais. Em rodas de amigos, ou reuniões familiares, as histórias contadas despertam o interesse e a curiosidade, por trazer a tona lembranças de determinadas situações. “O conto cumpre a seu modo o destino da ficção contemporânea. Posto entre as exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora é o quase-documento folclórico, ora a quase-crônica da vida urbana, ora o quase-drama do cotidiano burguês, ora o quasepoema do imaginário às soltas, ora, enfim, grafia brilhante e preciosa votada às festas da linguagem”. (BOSI, Alfredo, O conto contemporâneo, 2006:7) Dentro desta perspectiva de Bosi, o conto é tido como uma narrativa ficcional contida em um único drama, um só conflito, uma só ação e uma só história. A questão temporal e caracterizadora dos personagens torna-se irrelevante para a contextualização do mesmo. O espaço da ação é restrito, pois o objetivo do conto é justamente o de proporcionar uma impressão única ao leitor. Suas qualidades são a concisão, a brevidade e estrutura de linguagem densa em seu sentido interpretativo e, econômica, no uso de palavras. O universo do conto é composto por histórias e acontecimentos da vida diária, somados a mais dramaticidade e tensão, o que chama a atenção do leitor para então surpreendê-lo (clímax) com o desfecho. Na narrativa, há em sua maioria, um personagem em primeira pessoa e outro (ou, outros) em terceira pessoa, como uma forma de representar sentimentos e pensamentos entre o “eu e o mundo”. Em uma esfera de terror ou em um clima de romance ou nostalgia, o conto pode abordar diversificadas temáticas relacionadas às vivências humanas, nas quais existem inúmeras possibilidades de atribuições de sentimentos e visões de mundo. Segundo Alfredo Bosi (2006), a palavra-chave de um conto é “situações”, que imaginárias ou não, são vividas por todos nós, nas quais são atribuídos elementos narrativos como espaço e tempo, personagem e trama, dadas através de um fluxo de experiência. “Objetos antigos, preciosos, paredes recobertas de luxuosa tapeçaria. Tudo, porém, desbotado, usado pelo tempo. Escudos, troféus e um número extraordinariamente grande de pinturas modernas, muito vivas, metidas em molduras douradas. Esses quadros, não sei se por sua originalidade ou pelo constraste que faziam com o ambiente, despertaram em mim profundo interesse. Eu estava fascinado. Apesar de ferido, meu entusiasmo me excitara de tal maneira que eu já me dispusera a me manter acordado, estudando pesquisando. E assim foi”. (...) (Mais um trecho do conto de Edgar Allan Poe citado no quadro ao lado).
A Cultura do Futebol por Lucas de Castro Cardoso
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futebol, esporte de essência própria, conduz-nos a um mundo de magia, que o torna uma paixão inquestionável. É uma das modalidades esportivas mais conhecidas e praticadas no mundo, tornando-se durante todo seu processo de evolução referência no esporte, sendo responsável por fatos históricos importantes durante o desenvolvimento das civilizações até os dias atuais. Toda autonomia adquirida pelo futebol, dentre tantas outras modalidades esportivas, fez com que esse esporte fosse alvo de investidores interessados em engrandecer seus patrimônios à custa de um espetáculo público, promovido por aqueles que o fazem, tendo a bola como um objeto de grande veemência. Desde então, o futebol se tornou essa solenidade aos finais de semana para os espectadores. Uma das tendências históricas do aparecimento do futebol ocorreu por meio de Huang Ti, Imperador chinês, que utilizava modalidade semelhante, Tsu-Chu (golpear a bola com o pé), no treinamento dos soldados para a guerra, onde mesmo nos momentos de lazer, eles praticavam tal modalidade. Estendeu-se para França e Grã-Bretanha, na Idade Média, onde era jogado por muitos jogadores ao mesmo tempo, além de ser violento, levando até ao óbito em alguns casos. O jogo, por sua vez, foi proibido de ser disputado nesses países e foi na Itália que o renascimento do Gioco Del Cálcio, “patada” ou “coice”, termo de conhecimento popular da época, voltou a ser praticado. Posteriormente, na Revolução In-
Lucas de Castro Cardoso é personal trainer, professor/mestre em Performance Humana, pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), e árbitro de Futebol da Federação Paulista de Futebol. dustrial, os ingleses incluíram a modalidade na intenção de reduzir as horas de trabalho. Foi então que, em 1580 Giovanni Di Bardi publicou o primeiro manual de arbitragem da história e através de ingleses refugiados na Itália, o manual teve a Inglaterra como origem, nascendo, a partir desse momento, o “novo futebol” que abrangeu novos conceitos e modificações que permitiram uma pratica saudável pela ausência de brutalidade e violência. No dia oito de dezembro de 1863 foi fundada a Football Association, órgão organizacional e regente das leis do futebol, existente até os dias de hoje na cidade de Londres. O órgão é responsável pela organização e planejamento do futebol inglês. A partir daí, foram aprovadas 14 regras básicas do futebol. Trinta e um anos mais tarde, vindo de Londres para o Brasil, Charles Willian Miller trouxe duas bolas de couro, dois jogos de uniforme e o livro de regras apresentando e implantando o futebol no Brasil. Por toda complexidade do futebol durante sua evolução, em 1868 surge a figura do árbitro, integrado no sistema do jogo para conter reclamações e sancionar alguns questionamentos que ocorriam durante as partidas, devido às diferentes interpretações impostas pelas regras. O árbitro se colocava em camarotes e somente adentrava o campo de jogo se solicitado. Após 10 anos foi introduzido o apito ao árbitro, instrumento usado para devidas pa-
ralisações e controle da partida. Com a figura do árbitro em destaque e a seriedade com que a modalidade foi se estendendo em 1904, foi criada a Federation International Football Association (Fifa), com o objetivo de ser a instituição responsável pela organização do futebol mundial. Sendo assim, o esporte foi conquistando respeito. A partir disso, ocorreram mudanças nas regras e outras alterações que possibilitaram chegar ao que é hoje o futebol, composto por 17 regras básicas e disputado no mundo todo. Devido à expansão da modalidade por seus acontecimentos mundiais como a Copa do Mundo, a globalização e o progresso do capitalismo aliado ao grande número de expectadores e o consequente interesse financeiro de investidores:o futebol se tornou uma mania mundial, elevando os coadjuvantes da bola a um nível superior, de status e poder. Essa paixão faz de nós, brasileiros, patriotas em alguns momentos de nossas vidas. Faz acreditarmos em nós mesmos e esquecermos as nossas dificuldades e problemas do dia-dia, nem que seja pelo menos durante 90 minutos.
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era Regina Maluf, diretora da Ponta Verde Turismo, é uma mulher de fibra. Assim como muitas brasileiras, soube conciliar a vida familiar e profissional, atingindo o sucesso, no melhor sentido da palavra. Conhecer essa mulher e sua trajetória, mais do que uma oportunidade, é um grande exemplo. Vera, que há 35 anos atua na área de turismo, conhece muito a cultura existente em cada canto do globo, e sabe a importância desse conhecimento cultural na formação da personalidade de cada pessoa. Fusão Cultural: Quais as principais dificuldades em ser mãe e trabalhar fora? Vera Regina Maluf: Nenhuma! Ser mãe é uma dádiva! É necessário apenas conciliar melhor o tempo no trabalho e em casa. Acompanhar o crescimento dos filhos, e não perder nenhuma fase do desenvolvimento deles. Da festa junina na pré-escola até a primeira viagem deles sozinhos. Procurei sempre dar conhecimentos e experiências de vida, para que eles pudessem saber escolher o melhor para suas vidas. Meus filhos viajaram muito pelo mundo, às vezes acompanhados, outras, sozinhos, e por isso, acho que eles aprenderam bem a escolher os caminhos corretos e a entender melhor as diferenças entre culturas, pessoas e a não sofrer tanto com as adversidades da vida.
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Fusão Cultural: Quais as suas principais crenças e devoções? Vera: Crer em um sonho e lutar por ele. Devoção e respeito a Deus e ao senhor Jesus. Tudo posso naquele que me fortalece. Acredito também no poder das experiências de vida, na maneira como cada um escolhe o caminho que pretende trilhar, possível apenas a partir do contato com novos lugares e pessoas. Fusão Cultural: O que é cultura para você? Vera: Aprender cada vez mais sobre pessoas, vidas e prioridades para nossa vida. O crescimento interno que vem através de um bom livro, de uma boa conversa, e, principalmente, da oportunidade de conhecer diversos tipos de cultura e lugares pelo mundo. Fusão Cultural: Como é trabalhar em um setor no qual você tem a possibilidade de apresentar diferentes culturas para muitas pessoas? Vera: É muito gratificante ajudar muitas pessoas a atingirem seus sonhos, conseguindo sempre acrescentar algo a mais na vida de cada um. Na vida, muitas coisas passam, mas as lembranças e recordações, essas sim ficam dentro de nossos corações para sempre. Fusão Cultural: A Ponta Verde Turismo é uma empresa familiar. Quais os principais desafios de trabalhar em família? Vera: Trabalhar em família, sem dú-
vida, é a garantia de sucesso. Pois a família se fortalece principalmente através do trabalho. Se tornando assim mais unida e consciente da necessidade de se apoiar, sempre. Fusão Cultural: Quais as principais conquistas da Ponta Verde? Vera: Ter conquistado troféus (prêmios) de maior vendedora, no nível nacional e no interior de São Paulo, de cruzeiros marítimos pela Costa Cruzeiros, a pioneira e maior empresa de cruzeiros atuando no Brasil, com mais de 63 anos pela costa brasileira. Neste ano, ganhamos esse prêmio de vendas no interior de São Paulo pelo 3º ano consecutivo. E, a nossa maior conquista é a credibilidade e carinho dos nossos queridos clientes, que se transformam em amigos. Fusão Cultural: A quê você credita esse sucesso? Vera: Dedicação, perseverança e amor. O sucesso está atrelado a um trabalho sério, focando naquilo que os outros não conseguem, ou sabem fazer. Na empresa, cuidamos desde as coisas mais simples, como a melhor mesa do jantar, ou a lista das atividades a bordo, até as melhores condições de cabines e opções de pagamento. Ser a maior vendedora do interior nos permite oferecer melhores condições aos nossos clientes. O sucesso é a soma de uma série de coisas.