portfolio bete esteves

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\ bete esteves \ portfolio


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\ amnemômetro \ 2016 \ instalação: redomas de vidro, espelho, pêndulo de cortina, imãs movidos a motor, sobre base de madeira e aquarela. \a passamanaria, nome do pingente de cortina presente nesse trabalho, é animada magneticamente, e se movimenta como um ponteiro ou espécie de termômetro que observa tempos atuais, virtuais e durações invocando alterações de fusos e horários./


\ dust printer \ 2013 \ 4

\ carrinho robot de acrílico, circuito eletrônico, trihos, máscara de acrílico e poeira sobre papel. \ dust printer, como sugere o título, funciona como uma impressora de poeira. Um carrinho de acrílico se movimenta no chão, sendo acionado por um circuito eletrônico e um sensor de presença. Nele estão apoiadas uma folha de papel e uma máscara de acrílico, em formato estelar que lembra um ralo. Após de determinado período de funcionamento acontece a captação da poeira do ambiente e vê-se impresso sobre a folha de papel a imagem de uma estrela que fará parte de uma constelação quando se acumularem outras impressões. Cadentes, é esse conjunto de estrelas, “impressas” em papel scholler geradas a partir de uma certa temporalidade de depósito./


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\ cadentes \ 2013-2015 \ poeira sobre papel, formatos variados \ Trata-se de uma coleção de estrelas cadentes formadas a partir da sobreposição de camadas de poeira que se deposita por entre os ragos de um ralo de piso em formato estrelar./


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\ dust printer \ 2016 \ carrinho robot de alumínio, circuito eletrônico, sensores de presença máscara de acrílico e poeira sobre papel. \ dust printer, recebeu adaptações e passou a gerar desenhos das plantas baixas dos lugares percorridos./


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\ puerile \ 2012 \ torre de acrílico de 100x20x20mm , cooler, poeira sobre papel. \ uma caixa dotada de ventoinha que sopra e deposita o ambiente externo para o interior do recipiente maquínico. A poeira atravessa e deixa seus resíduos sobre três camadas consecutivas de folha de papel, na tentativa de formação de desenhos, acúmulos pueris. Através das paredes transparentes da caixa, poderá se observar, com o passar dos dias, o gradativo adensamento da poeira que ronda o espaço expositivo e que recairá sobre as lâminas grossas de papel. Misto de aparelho científico que registra o índice quantitativo da poeira nômade que percorre o ambiente e máquina poética que pretende captar impressões de poeira de extrema fragilidade, o trabalho potencializa a vulnerabilidade do passeio das partículas e a tentativa da formação de matéria, faz-se da anotação do tempo que deposita suas marcas e evoca sedimentos memoriais./

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\ cenas para o umbigo \ 2015 \ instalação: fotografia, desenho, aquarela, laser print e texto./


\ umbilicus I Depois do voo, todos permaneceram ali, em decúbito ventral. Seus umbigos aqueceram a água. Já fazia tempo que vagavam na superfície irisada, chegavam a cultivar cracas junto ao ventre umedecido. Por vezes os perdíamos de vista. Mergulhavam na tentativa de vislumbrar o valor da profundidade. Pouco depois, como num sonho, emergiam à superfície e flutuavam diante de nossos olhos na elegância das águas. Aqueles sonhos como os dos pituitosos, que incluem o sotaque dos lagos, rios, inundações e naufrágios. Embalados pelas correntes, com os umbigos úmidos do sonho alisavam formas na superfície. Estavam ali juntos, atados pelo cordão umbilical, vivendo da solidão de pássaro capturado. Mantinham-se em suave desalinho no espelho d’água. Buscavam, no entanto, alguma densidade, alguma maneira que pudessem distinguir uma clareira, uma poesia superficial de uma poesia profunda. Esses habitantes das águas não desejam a evidência, bóiam, esquivam-se. Escondem quitina entre as penas, deslizam seus “cascos” sobre elemento lustrante, variam linha d’água. Por vezes caminham sobre a terra, ciscam. Mas também aspiram os céus, levantam voo a grandes alturas no ar. Desejam conhecer Cygnus, in-

vocar, atrás das imagens que se mostram, aquelas que se ocultam. Talvez ao observar uns aos outros, inspirem e calculem a melhor de suas posições a partir de uma dada geometria. Arquitetam a formação para um desenho, talvez em “V” ou talvez aquele de Deneb.Têm destreza com as correntes, negociam com os impulsos do ar. “V” inconsciente, do mar inteiro. V Virgem, V Vênus, V Voo. Combinam as batidas das asas de acordo com suas posições. Nas formações e distâncias entre eles, amenizam suas frequências cardíacas. Sincronizam o bater de asas- ar que sobe (upwash) e que desce (downwash) - e a formacão de redemoinhos, providenciais turbulências. Concha, matriz, madrepérola, que engendra a espuma de onde emerge a Vênus, “mulher febril que habita a ostra”. A gônada, a placenta, o cordão umbilical que mantém o voo em formação. O cordão que leva Apolo, o Sol, em sua biga; a rédea que Brahma comanda em sua montaria. Concha-cisne que engendra deuses e os acompanha. Aproximações e afastamentos, atrações e expulsões. Operações de decolagens, pousos, repousos. /

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\ comutação \ 2016 \ instalação: fotografia, holografia, video em tablet , tripé. \ uma maquinaria ótica comenta uma impressão que se suspende entre o orgânico e o inanimado, uma fantasmagoria, e faz vislumbrar dentro do prisma holográfico um coelho ou se prefere, um pato. O prisma situado acima de um tablet reflete e emana a imagem de um saco de lixo que respira. Ao lado desses aparelhos óticos se apresentam fotografias como cartazes lambe-lambe diretamente aplicada sobre a parede. As imagens apresentam sacos de lixo que lembram coelhos de saco./


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\ sem título \ 2016 \ instalação: balde, cânolas de borracha, timer, tv, bomba injetora de água, projeção e camera de segurança. \ o vídeo apresenta uma gravação timelapse em looping que acompanha a transformação dos pequenos sapinhos, brinquedo infantil conhecido como ”frog to prince”, em príncipe. Como num laboratório essas transformações são observadas e fotografadas durante 05 dias e resultam em 03 diferentes experiências de sapos se transformando em príncipe de aproximadamente 03 minutos cada uma. O clima da experimentação maquínica com seres adormecidos faz lembrar o filme matrix./


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\ dispenso comentários \ 2011-2013 \ dispensador de toalha, papel e tinta \ o dispositivo se apresenta fixado na parede. Compreende um dispensador de toalhas de papel similar as que são utilizadas em banheiros públicos para secar as mãos. Na peça pode-se observar, porém, algumas particularidades. Lê-se, no label da parte frontal, ao invés da marca do fabricante, a frase “Dispenso comentários” e percebe-se que ao acionar a manivela, responsável pela entrega do papel toalha, surge a frase UT PICTURA POESIS, recém impressa sobre a folha. A expressão desse dispensador “como a pintura, é a poesia” aponta para disputa da estatuto da superioridade da pintura em relação a poesia, e/ou vice-versa, uma questão muita cara à história da arte./

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DIÓGENES | 2016 | displays tipo popups de pvc, borracha, foam, plastico bolha, papelão


\ diógenes \ 2016 \ instalação: materiais diversos sobre bancada de camelô. \ as fotografias apresentam o frete feito carrinhos burros sem rabo e suas peculiaridades. A maneira como transitam, os volumes que acumulam, as adaptações que fazem para que o transporte seja realizado, a diversidade de objetos que deslocam. Carroça e seu cavaleiro de força, bailadores das vias públicas, onde o olhar desloca-se em múltiplas direções, perspectivas e linguagens, e que trazem consigo resquícios que emergem do século XIX. Um personagem lançado diretamente de um ”tableau méchanique” para colocar em cena uma memória amortecida pelos motores e olhos velozes. Ao longo de mais de cinco anos coleciono imagens e observo a prática desses habitantes. Esses seres suspensos entre moradores e circuladores, entre o engenho e a cidade, entre o empenho e a paixão, entre o folião e o ambulante, entre o extemporâneo e o oitocento, entre o banal e a subsistência, entre o turista e o vagabundo lançam o questionamento, o diálogo entre o móvel e o imóvel./

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\ intermitências da chuva \ 2013-2015 \ fotografias formatos variados \ a cada acúmulo de água de chuva, uma travessia é proposta. O bordado cuidadoso proposto pelas pontes mínimas, trás a imagem das ruas, depois das chuvas, como um grande colar, ou uma grande constelação de buracos interligados. A ideia é costurar as águas, estabelecer diálogos que possam valorizar esses pequenos e insignificantes acúmulos de água elevando-os a categoria de rios, lagos ou lagoas. Interligar mundo real e ficcional entre miniaturas e escalas reais./


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\ nessa sequencia de fotos ve-se o meteoro azul diminuindo e anil infiltrando a casa \ o trabalho “histereses” inspirou-se no texto de H.P. Lovecraft intitulado “A cor que veio do espaço”. Apropriado o conteúdo do conto de forma alegórica, a estratégia foi a de sobrepor e corromper a história original da fazenda e do conto para intervir diretamente nas fotografias históricas do casarão. Essas imagens aliadas a um dispositivo lumínico originaram o trabalho Histereses, 2014. Encapar o material pesquisado com o conto de Lovecraft para fundi-lo com a história da fazenda e estabelecer sentidos

dessemelhantes dos originais, tornou-se uma possibilidade para construir nova realidade, criar ambiência capaz de fazer murmurar ficção e convocar palavras e relações distintas, concorrendo e questionando, as narrativas históricas esgotadas, homogêneas e estabelecidas. Ao imiscuir história local e particular, contaminando-a com outra proveniente da literatura, produz um desvio, uma certa atmosfera especulativa, geradora de desconfiança, uma simultaneidade de tempos nos quais transitam as criaturas reais e imaginárias./


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\ histereses \ 2014 \ fotografias 30x40, desenhos 50x70, spots de luz, 1 kit de controle de intensidade de luz, potes dotado de bateria solar, texto. \ histerese é a tendência de um material ou sistema de conservar suas propriedades na ausência de um estímulo que as gerou. Podem-se encontrar diferentes manifestações desse fenômeno. A palavra “histerese” deriva do grego antigo υστέρησις, que significa ‘retardo’, que foi cunhada pelo Sir James Alfred Ewing em 1890. Na eletrônica, histerese pode ser utilizada para filtrar sinais de forma que a saída reaja de maneira retardada à história desse sinal./


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\ leve \ 2013 \ monóculos em tripé de 135cm de altura. Animação de 3 minutos em looping rodando em tablet de 7 polegadas, instalado em monóculo de acrílico com tripé com rodízio./


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\ see saw \ 2013 \ displays eletrônicos com sistema de som e sensor de presença. \ seesaw conjuga pós-imagem e memória. Seesaw, palavra inglesa para gangorra, aparelho de parque infantil, espécie de balança regulada pela força da gravidade, peso e contra-peso. A video instalação apresenta um aparelho ótico com monitores, onde se movem as palavras SEE – tempo presente do verbo ver e SAW – tempo passado do verbo ver, ambos compostas de letras brancas sob fundo preto. Depois que duas pessoas se posicionam na frente desses dois monitores, aparecem as palavras uma a cada vez, intercaladamente, como num movimento de gangorra, seguido de um quadro branco, onde por alguns segundos vemos a memória da palavra que acabou de se apagar. Ou seja, num dos monitores vemos a pós imagem de SEE, escurecida e já se desfazendo sobre fundo branco, e no outro monitor disposto mais baixo e na diagonal, intervalando com SEE, vemos a palavra SAW que em seguida também deixará sua pós imagem no fundo branco. Memória fugaz, rastro de um tempo recém passado e ao mesmo tempo olhar que testemunha o presente engendrado de passado./

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\ olha a pipoca! \ 2013 \ instalação: bicicleta, bateria, amplificador de som, circuito elétrico e banqueta para que o visitante sente e manipule a pipoqueira \ com a bicicleta, tornada de ponta-cabeça, ao soar da buzina anunciava: “olha a pipoca!”, “quem quer pipoca?”. Num passe de mágica transformava minha monark num carrinho de pipoqueiro. A pedaleira imediatamente virava a tampa giratória da panela de pipoca. O selim se invertia e transformava-se em apoio. O pedalar da roda livre da bicicleta, deslocada do chão, fazia funcionar uma máquina de fazer pipoca; era o lapso por onde escapava a razão, e fazia a correia desatar e girar algumas engrenagens do mundo da fantasia onde observava os movimentos primordiais e construía minhas primeiras maquinações quiméricas./

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\ fumus boni \ 2013 \ instalação: 2 tripés com um tubo cilíndrico de acrílico com seguintes itens: membrana plástica, reservatório de fluido para máquina de fumaça, módulo de controle eletrônico, máquinas de fumaça, braço disparador, solenóide de disparo de 127 Vac.e PIC- “Programmable Interface Controller”, moto redutor de 12Vdc. \ volumes acumulados em recipientes dispostos um em frente ao outro. Pulmões que inspiraram, repletos de ar. Desejos de respiração concentrados para o que ainda está inexpresso. Acumulam-se vias de efetuação, expirações possíveis. Num momento preciso condensa-se, excita-se o infinito, o encontro, o desencontro, a distância, a proximidade, o romântico, o acaso, Apolo e Dionísio. Tudo transpira num ambiente já um pouco embaçado pela bruma que consegue escapar pelas arestas e frestas das máquinas. Em seguida portas dos canhões começam a se abrir preparando-os para estampido da expiração. A sala é tomada. Carregados em meio as brumas, elos de fumaça, cada um originário de um dos lados da sala. Certamente poderão se esbarrar, se tangenciar, se distanciar. Acompanha-os a certeza rumo à desintegração. Pregarão peça à percepção consciente que, de um segundo para o outro, se transformará numa inconsciência ilusória, uma fantasmagoria. /

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\ fumus boni \ 2012 \ instalação: 2 unidades de caixa acrílicas, montadas sobre carrinhos ambulantes de ferro que circulam pelas ruas e dentro da galeria com autonomia de pelo menos 1h40 min./


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\ constelações solúveis \ 2013

\ instalação: totens de 90x40x40 cada, em mdf e base de granito. Sistema de acionamento: motor que aciona haste e circuito eletrônico que faz a temporização e acionamento do motor. Sistema de monitoramento: câmera de segurança e projetor. Sistema mecânico: hastes, braçadeira que segura garrafa. Garrafa de água com líquido gelado ou congelado. \ as características mutáveis das infinitas possibilidades de formações transpirantes, toca no tema da duração e imprevissibilidade da existência e na plasticidade das formações mínimas e delicadas. A intenção do trabalho é cósmica e absolutamente comezinha. Registrar e captar a nódua temporária da marca deixada pelo fundo petalóide de garrafas de plástico e torná-las, em conjunto, constelações, registros de uma condensação poética./

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\ allstars \ 2011 \ perfil de alumínio, correia dentada, motor de passo para movimentação do módulo de gotejamento. Módulo de controle eletrônico do sistema micro controlado por PIC “Programmable Interface Controller”, bandejas de plástico, palitos de dente, câmara de segurança, sistema de monitoração. Alimentação Geral: 127 Vac / Solenóide de passagem d’agua: 127 Vac / Circuito eletrônico: 12Vdc. \ o sistema eletrônico, aciona o motor de passo que movimenta o módulo de gotejamento posicionando o mesmo sobre a estrela, imediatamente a solenóide de gotejamento é acionada permitindo a passagem e 1 a 2 gotas sobre a estrela, que inicia o processo de formação. durante um período pré programado o sistema permanece inerte apenas monitorando a estrela de palitos se abrindo através de uma micro câmera. Após o período de espera o sistema parte para próxima estrela a ser formada./

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\ projeto para oroborus \ 2013 \ maquete de 50x50x70cm em caixa de acrílico, arduino com sensor de presença que dispara som./


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\ oroborus \ 2009-2010 \ instalação: painel de 82.5x275X66 mm MDF, caixa de descarga plástica, tubo de PVC 40mm, tubo de PVC ½ “, perfis de alumínio, polia plástica de 2”, garrafa PET, molas, peso de chumbo, cordão de nylon, parafusos diversos, micro bomba d’água 127Vac, micro interruptor, cabo AC tipo paralelo, torneira plástica, acionador de descarga, fio de cobre./


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\ revertere ad locum tuum \ 2009-2010 \ instalação: painel de MDF laminado na cor preta de 140 x 40 x 1600 mm circuito eletrônico, hastes metálicas em alumínio, sensor de proximidade com LED infravermelh. Letras em nylon branco, tapete de 160x100x10mm em EVA para amortecimento de queda das letras \ revertere ad locum tuum, expressão que se encontra em algumas fachadas de cemitério, e que traduzido do latim significa: “volta ao teu lugar”, é a frase que sugere a entrada no trabalho. Numa superfície de madeira de encontram-se 20 espaços para colocação das letras que estão soltas pelo chão e juntas completam a frase. Cada letra só poderá ocupar um único e exclusivo espaço na superfície de madeira. Cabe ao público experimentar o encaixe e a colocação das mesmas. Assim que todas as letras estiverem em seus lugares e formarem integralmente a frase REVERTERE AD LOCUM TUUM, essas cairão no chão, retornarão ao seu lugar, o que faz com que quem as manipula volte a fazer o mesmo esforço de recolocar as letras no lugar, encarnando assim o mito de Sísifo, numa tarefa circular, inútil e trágica, de quem vê resvalar em poucos instantes, não a pedra, mas a própria existência./

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É um conjunto de 9 vídeos, de 3 \ 48

minutos, em looping, apresentados em tablets dentro de uma vitrine e 3 desenhos que correspodem a cada uma das séries de 03 vídeos. Os desenhos, dispostos acima dos conjuntos de vídeos, apresentam os mecanismos correspondentes que acionam, de forma virtual, o abrir e fechar asas, o tocar das chaminés de sobrados parisienses e o girar sonoro das esferas aramadas dos canais Venezianos.


\ coleção de video-objeto \ 2007- 2017 \ o conjunto de videos a seguir operam movimentos mágicos um tipo de “trapaça”, promovem o suspense aliado ao cômico e reservam o lugar cativo do espectador, que aguarda a grande promessa, a surpresa, o estancar, o desfazer, o despencar da mágica. O conjunto de animações das páginas a subsequentes foram realizadas a partir da animação de fotografias e apresentam pequenas observações de fluxo puro dos objetos sempre acompanhados de desenhos esquemáticos que demonstram o funcionamento ficcional do objeto em questão. As animações funcionam como espécie de “passe” poético que retira os objetos da sua condição identitária e lida com movimentos, apelidados de mágicos. O material e video é exibido em looping e disposto em aparelhos de tvs e tablets, em vitrine ou instalados nas paredes conforme montagem. Seguem frames dos videos e desenhos que os acompanham: \ Claras em neve I e II

\Nautilus \ Clarinet Essemble, Frerre Jacques \ Mi senti ora \ Asas del deseo

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\ claras em neve I \ 2013 \ videos 3 min e grafite sobre papel \ o stopmotion transforma os postes luminosos em batedeiras que fazem das nuvens claras em neve./


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\ claras em neve II \ 2013 \ videos 3 min


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\ nautilus \ 2014 \ video 3 min e fone de ouvido \ talvez maremoto de líquidos internos. Arrebentação de repetidas quantidades de ondas. Fluídos que fazem, quando pouco, olhos transbordar. Ou tão somente cimento manchado de água que entranhou na última inundação, banheiras, potes que amparam goteiras, caixas d’água que alteram latitudes e longitudes, oceanos particulares, nautilus grávidos de sonoridades ou apenas copos de mar para o homem navegar./


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\ mi senti ora \ 2013 \ videos 3 min e grafite sobre papel \ o girar das esferas aramadas dos canais de Veneza operam uma comunicação visual./


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\ clarinet essemble, frerré jacques \ 2013 \ videos 3 min e grafite sobre papel \ chaminés de sobrados parisienses transformam-se em pistões de clarinetes e executam a música frerré jacques./


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\ asas del deseo \ 2007 \ videos 3 min e grafite sobre papel \ os videos aparesentam as grades, de ferro forjado, que dividem as varandas dos prĂŠdios onde vivem os cubanos, no centro velho e por toda Havana. Os vĂ­deos, onde inicialmente se vĂŞ uma imagem de uma sacada dividida por grades, tornam-se onĂ­ricos quando, inadvertidamente, essas grades se transformam num par de asas./


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\ sem história para contar \ 2016 \ roteiro-ensaio/ensaio-roteiro, video, 4’:30’’ \ um par de personagens peripatéticos fazem entrelaçamentos de percursos apoiados no gesto e no corpo. Zanzam na frente dos portões de instituições como a fábrica, o presídio, a praça e o manicômio, nos acessos, no estar dentro e fora, no interstício, como os operários que nem entram e nem saem como se livres fossem, como se não estivéssemos todos capturados pelas armadilhas que nos expropriam, como as portas giratórias à entrada das agências bancárias. O deslocamento é fragmentário e as trajetórias autistas e circulares. O clima de mistério e incerteza, a atmosfera sinistra e singular cercam os personagens.perturbados, quase à beira da loucura, eles produzem escapes, variações, retiradas, desvios e nomadismos./

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\ keep going \ 2016 \ video, 5’

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\ o trecho de Proust alinhava o video Keep Going, 2016: “when I woke like this and my mind struggled in an unsuccessful attempt to discover where I was, everything would be moving around me through the darkness, things, places, years. My body still too heavy with sleep to move.” Keep Going, 2016, propõe um trajeto de infinitas dobras sobre as quais, esporadicamente, deslizam legendas: sentenças inteiras, trechos de reflexões, conversas de caráter muito pessoal, mensagens formadas por texto, imagens e sons. A colagem das cenas em movimento, sem continuidade narrativa, apresentam uma longa conversa da qual se perde partes. O fluxo da estrada, a angulação peculiar das imagens subjetivas e a trilha sonora que acompanham as cenas, contribuem para a construção de uma unidade fílmica. A prioridade é a visada das estradas, espécies de “territórios lisos”, terra do por vir, espaço nômade percorrido. Espaço esse que, oferece surpresas, curvas, mudanças de orientação./


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\ legendas em português \ 2008 \ a primeira versão do trabalho são obras fotográficas que usam sílabas e letras de legendas de filmes reorganizada em novas palavras. Na segunda versão, trabalho em parceria com a artista plástica Simone Cupello, as palavras das legendas são tomadas inteiras com as quais formamos poesias - pequenos vídeos de até 4 minutos. Trabalhar com legendas é penetrar o reino da linguagem, da narrativa, do encadeamento de palavras, frases e imagens, é tratar da língua, da expressão, sobretudo do traduzível, do fazer entender, da transferência de informação, do buscar correlações com outras linguagens. Aqui as frases que encadeamos inviabilizam a tradução, são acima de tudo sonoridades, tornam-se aconchegos. Compostas por aproximações, quase perdem o sentido em si. É o gosto pelas frases, a atração entre palavras que as unem. São afinidades, dimensões de vida, ora música ora poesia. Ao lidarmos, dessa forma, com a construção de textos e imagens a partir de filmes comerciais, colocamos em foco, além da subjetividade, outros assuntos caros à arte contemporânea como é o caso da apropriação, da pós-produção, inserção de um trabalho dentro de um outro pré-existente que abre a discussão sobre obra original, produção, consumo e direito autoral./

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\ legendas em português \ 2010

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\ água - vídeo em looping de aproximandamente 3min cada. | Apresentado e premiado o vídeo Legendas em Português - Água, no 19° Encontro de Artes Plásticas de Atibaia, SP. / Informação disponível em http://vai. la/2hGO /

\ fogo - vídeo em looping de aproximandamente 3min. Apresentado no 27º Salão de Artes Plásticas, Embu das Artes, SP, de setembro a novembro de 2010 / Informação disponível em http://vai.la/2hGF.http://vai. la/2hGF /


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\ legendas em português \ 2010 \ Fogo, Água, Ar e Terra, na exposição do Centro Cultural da Caixa Economica Federal de dezembro de 2010 a janeiro de 2011./


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\ cadernos de viagem \ texas \ 2013 \ vídeo em looping 3’ \ filme baseado em fatos reais e experiências vividas por Fred Carvalho e Bete Esteves durante a expedição artística que percorreu, através U.S. Route 90, o deserto do Texas, a cidade de Marfa, nordeste de Valentine, chegando em El Paso, em novembro de 2011./


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\ cadernos de viagem \ bolívia \ 2013 \ vídeo em looping 3’ \ filme baseado em fatos reais e experiências vividas por Fred Carvalho e Bete Esteves durante a expedição artística que percorreu, no norte da Argentina, as cidades de Jujuy, Quebrada de Humauaca, e na Bolívia, as localidades de Tupiza, San Vicente, Salar de Uyuni e La Paz, no outono de 2011./


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\ uma passagem. a cada passo a possibilidade do próximo, a cada caminho proposto seguem-se múltiplas bifurcações laminares, desobramentos em galhos, de cada um; dois e de cada dois; quatro em subseções infindáveis de movimentos, curvaturas, espiras, elipses. novas ondas. tsunami, marola, graus de inclinação que o vento do agora embala e acompanham espumas que duram. a cada deslocamento um novo passo, uma inovação de passagem, passar elas, passar por elas, passar ninhos, passarão ondas, passagem sem passividade, passarão empurrando o pé contra a terra para que o antagonismo da gravidade nos impulsione de volta para cima. para o passo seguinte, para fazer trilhar o veio a ser preenchido, para mais passos sejam dados, dados diferenciais longe do automatismo, e de respostas conhecidas./


\ passarelas \ 2016 \ a partir de um acervo de cerca de 250 cartazes que tratam de temáticas relacionadas à defesa dos Direitos Humanos das Mulheres, produzidos pelo Movimento Feminista, por ONGs e Instituições públicas do Brasil e América Latina, propor ações de transformação desse material. Uma das artistas retira tantos quantos cartazes possível da pilha para os espalhar pelo chão, formando caminhos que vão sendo arrumados e rearrumados. Os desenhos assim formados funcionam como convite para o público se aproximar e ler. Enquanto isso a outra artista senta-se ao lado da pilha de cartazes e mastiga pedaços de inúmeros deles, misturando-os em baba até formar um grande bolo cinzento na boca para cuspi-lo e oferecê-lo como alimento a um dos espectadores. O número de bolos alimentares ofertados varia de acordo com o tempo disponível para a performance./

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\ o projeto se faz através de uma A primeira diz respeito ao movimento ação pública, uma guerrilha político- sazonal das pessoas que trabalham em campanhas políticas vigiando ca-estética na cidade do Rio de Janeiro. valetes de propaganda que, num moDesdobra-se em duas frentes: uma vimento em massa, assalta a cidade que se refere ao contexto brasileiro de maneira virótica. em que vivemos, o período eleitoral A segunda, trata do constructo, do de 2012 e outra que coloca em foco objeto cavalete, utilizado pelas cama “estética”, a edificação de um objeto panhas políticas, que guarda semeescultórico. lhança com formas escultóricas da

tradição modernista da arte. Sua estrutura formal é extremamente simples, o formato em “V” invertido que traz à lembrança as esculturas de Amílcar de Castro. Apoiadas no chão, essas armações ganham estatuto de objeto que com seus cortes internos e diagonais editam a paisagem do entorno, potencializando tanto o objeto-obra como o contexto que o cerca.

O Projeto Cavalete Branco parte dessas duas premissas para ganhar uma terceira diretriz, que diz respeito ao seu caráter errante e desviante. O coletivo, integrado pelos artistas Bete Esteves, Fred Carvalho e Luciana Maia, age de modo estratégico e aleatório em vários pontos da cidade, através de práticas de confisco, empréstimo, coleta, desmontagem e remontagem do

material político, deixado como “detri- branco, ausente de qualquer infortos” e “lixo” pela cidade. mação política. Não se trata apenas A ação adota o caráter da produção em série de cavalate. Como acontece num comitê político-partidário, monta suas peças e organiza o material publicitário da “campanha”. O coletivo retira das ruas os cavaletes de propagandas políticas e reencapa-os com material semelhante,

de deflagrar uma simples crítica à política vergonhosa que presenciamos, mas também de elevar zonas de descanso visual numa ausência de informação direta, como ilhas brancas, um hiato numa cidade sufocada de demandas visuais./


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\ projeto cavalete branco \ 2012 \ ação de bete esteves, fred carvalho e luciana coutinho. confisco de cavaletes eleitorais pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, desmontagem e remontagem do material político, deixado como “detritos” e “lixo” na cidade./


\ email: beteaesteves@gmail.com / \ tel.: 55 21 99944059 /


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