Geografia Critica 9

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Introdução r. ryan/divulgação

Países do Norte

yann arthus-bertrand/corbis

chris cheadle/the image bank/getty images

yyVista aérea de Estocolmo, capital da Suécia.

y y Vista aérea panorâmica da cidade de Vancouver, no Canadá.

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yy Vista aérea de Manhattan, Nova York, Estados Unidos, com o Central Park ao centro.


romilly lockyer/the image bank/getty images

josé fuste raga/zefa/corbis

yy Vista aérea de Paris, com o rio Sena em primeiro plano e a torre Eiffel ao fundo.

r. wallace/stock photos/zefa/corbis

yyVista aérea de Tóquio, capital do Japão.

yyVista parcial da cidade de Sydney, na Austrália.

?

• Quais são os países do Norte? • Que linha divisória separa o Norte e o Sul socioeconômicos? • Quais são os critérios utilizados para essa forma de agrupamento dos países? Aqui você vai encontrar respostas a essas e outras questões que envolvem a regionalização do espaço mundial. 11


Capítulo

O que são e quais são os países do Norte?

1

Desde as últimas décadas do século XX, a divisão do mundo em duas partes — o Norte rico ou industrializado e o Sul pobre ou subdesenvolvido — vem sendo frequentemente utilizada em livros, atlas e na mídia (jornais, revistas, televisão, etc.). Mas, como você vai ver a seguir, não se deve confundir essa divisão, que segue o critério econômico-social, com aquela outra que divide o nosso planeta em dois hemisférios, o norte e o sul, delimitados pela linha do equador. Para começar, observe o mapa abaixo.

GROENLÂNDIA

ISLÂNDIA

RÚSSIA

SUÉCIA FINLÂNDIA

NORUEGA

CANADÁ

NORTE

REINO UNIDO

POLÔNIA ALEMANHA UCRÂNIA FRANÇA ROMÊNIA ESPANHA ITÁLIA PORTUGAL TURQUIA

ESTADOS UNIDOS

SUL

NORTE MÉXICO

SUL

CUBA VENEZUELA COLÔMBIA EQUADOR

EQUADOR

OCEANO

PERU

BRASIL BOLÍVIA

PACÍFICO

PARAGUAI

CHILE

URUGUAI

CASAQUISTÃO

PACÍFICO

IRAQUE AFEGANISTÃO IRÃ EGITO NEPAL LÍBIA ARÁBIA ÍNDIA SAUDITA MAURITÂNIA NÍGER ERITRÉIA MALI SUDÃO NIGÉRIA ETIÓPIA MARROCOS ARGÉLIA

OCEANO

REP. DEM. QUÊNIA DO CONGO TANZÂNIA

ATLÂNTICO ANGOLA

MOÇAMBIQUE

NAMÍBIA

OCEANO

MONGÓLIA

OCEANO

JAPÃO

CHINA

FILIPINAS MALÁSIA

INDONÉSIA

ÍNDICO

MADAGASCAR

AUSTRÁLIA

REP. DA ÁFRICA DO SUL

ARGENTINA

0

ESCALA 2 390 4 780 km

Adaptado de Atlante Geografico Metodico De Agostini 2006-2007. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2006.

divisão do mundo por critérios s0cioeconômicos: norte e sul

NOVA ZELÂNDIA

SUL

NORTE

Linha divisória Norte/Sul

Ponto de partida Converse com o professor e os colegas sobre a seguinte afirmação: • A linha divisória entre o Norte desenvolvido e o Sul subdesenvolvido não é a linha do equador, e sim uma linha com várias curvas, que dá voltas para encaixar melhor um ou outro país. 12

Introdução < Países do Norte


1

I ntrodução: o Norte e o Sul

O Nor­te e o Sul, com ini­ciais maiús­cu­las, são ­ uas imen­sas re­giões ou “mun­dos” com ní­vel de d de­sen­vol­vi­men­to di­fe­ren­te. Não são, por­tan­to, ­dois he­mis­fé­rios (me­ta­des de uma es­fe­ra); são ­dois con­ jun­tos de paí­ses com con­di­ções so­cioe­co­nô­mi­cas di­fe­ren­tes. Não é o equa­dor que se­pa­ra o Nor­te e o Sul; é uma li­nha ima­gi­ná­ria com um tra­ça­do si­nuo­ so que pas­sa en­tre os Es­ta­dos Uni­dos e o Mé­xi­co, en­tre a Eu­ro­pa e a Áfri­ca, en­tre a Rús­sia e a Mon­gó­ lia e, no ex­tre­mo les­te da Ásia, faz uma cur­va pa­ra o sul, in­cluin­do o Ja­pão, a Aus­trá­lia e a No­va Ze­lân­ dia no Nor­te in­dus­tria­li­za­do.

­Quais são os paí­ses do Nor­te? São os paí­ses do Pri­mei­ro Mun­do ou paí­ses ca­ pi­ta­lis­tas de­sen­vol­vi­dos: to­dos os paí­ses da Eu­ro­pa oci­den­tal, os ­dois paí­ses da Amé­ri­ca An­glo-Sa­xô­ni­ ca (Es­ta­dos Uni­dos e Ca­na­dá), o Ja­pão, a Aus­trá­ lia e a No­va Ze­lân­dia. Em se­gun­do lu­gar, es­tão os paí­ses ex-so­cia­lis­tas ­mais in­dus­tria­li­za­dos: as na­ ções da Eu­ro­pa orien­tal e os Es­ta­dos oriun­dos da dis­so­lu­ção da ­União So­vié­ti­ca — Rús­sia, Ucrâ­nia, Ca­sa­quis­tão, Li­tuâ­nia, Ar­mê­nia, en­tre ou­tros. Os paí­ses do Nor­te não es­tão lo­ca­li­za­dos to­ tal­men­te no he­mis­fé­rio nor­te, is­to é, ao nor­te do equa­dor. ­Dois de­les, a Aus­trá­lia e a No­va Ze­lân­dia,

si­tuam-se ao sul do equa­dor. Por ou­tro la­do, mui­ tos Es­ta­dos do Sul lo­ca­li­zam-se ao nor­te do equa­ dor: Mon­gó­lia, Co­reia do Nor­te, Fi­li­pi­nas, Etió­pia, Mé­xi­co, Mar­ro­cos, Í­ndia e ou­tros.

Por que pre­va­le­ce­ram as de­no­mi­na­ções paí­ses ­ do Nor­te e paí­ses do Sul? As de­no­mi­na­ções paí­ses do Nor­te e paí­ses do Sul co­me­ça­ram a ser uti­li­za­das com ­mais fre­quên­cia por se­rem “neu­tras”, is­to é, por não te­rem uma co­no­ta­ção de avan­ço ou atra­so, de su­pe­rio­ri­da­de ou in­fe­rio­ri­da­de. As de­mais denomições — paí­ses de­sen­vol­vi­dos e sub­de­sen­vol­vi­ dos, paí­ses ri­cos e po­bres, Pri­mei­ro e Ter­cei­ro Mun­do, cen­tro e pe­ri­fe­ria, eco­no­mias avan­ça­das e atra­sa­das — nor­mal­men­te têm es­sa co­no­ta­ção de in­su­fi­ciên­cia ou ca­rên­cia pa­ra com o se­gun­do gru­po de na­ções, al­go que não é to­tal­men­te in­ cor­re­to, mas é pou­co di­plo­má­ti­co. Is­so não sig­ni­fi­ca que es­sas no­ções fo­ram aban­ do­na­das. ­Elas con­ti­nuam a ser uti­li­za­das, de­pen­den­ do do con­tex­to. ­Elas ain­da são ­úteis, mas a ­ideia de Nor­te e Sul tor­nou-se a ­mais po­pu­lar, a ­mais em­pre­ ga­da atual­men­te. No en­tan­to, qual­quer di­vi­são da rea­li­da­de mun­dial é ape­nas par­cial­men­te ver­da­dei­ ra, ­pois não po­de­mos es­que­cer que exis­tem cer­ca de ­duas cen­te­nas de Es­ta­dos-Na­ções na su­per­fí­cie ter­res­tre, ca­da um di­fe­ren­te dos ou­tros.

Área (em %) das terras emersas da superfície terrestre, excluindo a Antártida

População: em percentagem sobre o total mundial

Percentagem sobre a economia mundial (renda anual de todos os países do mundo) 13%

26% 53%

47% 74%

Norte

87% Sul

O que são e quais são os países do Norte? < Capítulo 1

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Gráficos elaborados com base em dados extraídos de: L’état du monde 2007. Paris: La Découverte, 2006.

Oo NORTE SUL: algumas ALGUMAScomparações COMPARAÇÕES norte Ee O o sul:


O ­ideal se­ria es­tu­dar ca­da Es­ta­do se­pa­ra­da­ men­te, ana­li­san­do ­seus tra­ços na­tu­rais, so­ciais e eco­nô­mi­cos, ve­ri­fi­can­do ­suas di­fe­ren­ças in­ter­ nas, ­suas re­giões. Mas um es­tu­do tão apro­fun­da­ do co­mo es­se é im­pra­ti­cá­vel. Daí a ne­ces­si­da­de de di­vi­dir ou agru­par es­ses du­zen­tos paí­ses em al­guns pou­cos con­jun­tos. E, nes­se ní­vel ge­né­ri­co, vol­ta­mos a afir­mar que a me­lhor di­vi­são é a de paí­ses do Nor­te ou de­sen­vol­vi­dos e paí­ses do Sul ou sub­de­sen­vol­vi­dos. Ob­ser­ve os grá­fi­cos na página 13. ­Eles nos per­ mi­tem com­pa­rar a ­área, a po­pu­la­ção e a ren­da dos paí­ses do Nor­te e do Sul.

Al­guns ques­tio­na­men­tos so­bre es­sa for­ma de agru­par os paí­ses

AFP

Cer­ta­men­te exis­tem pro­ble­mas ou dú­vi­das nes­ sa for­ma de agru­par os paí­ses. Co­mo o mun­do é ex­tre­ma­men­te com­ple­xo e di­ver­si­fi­ca­do, exis­tem vá­rios Es­ta­dos em si­tua­ção in­ter­me­diá­ria, o que tor­na di­fí­cil clas­si­fi­cá-los co­mo ri­cos ou po­bres. Nin­guém du­vi­da de que Es­ta­dos Uni­dos, Ca­na­dá, Ale­ma­nha, Ja­pão, Fran­ça, Rei­no Uni­do, Suí­ça e al­guns ou­tros paí­ses são de fa­to de­sen­vol­vi­dos, com uma eco­no­mia mo­der­na e um ele­va­dís­si­mo pa­drão mé­dio de vi­da pa­ra ­suas po­pu­la­ções. Po­de-se, po­rém, ques­tio­nar o de­sen­vol­vi­men­ to de na­ções co­mo Por­tu­gal, Ir­lan­da ou Gré­cia.

yy Mulheres colhendo algodão no Tajiquistão, um país ex-socialista e incluído entre as economias do Norte, apesar de ser pouco industrializado e de a população possuir um baixo padrão médio de vida.

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Introdução < Países do Norte

Es­ses paí­ses, cu­jas eco­no­mias não são tão in­dus­ tria­li­za­das quan­to as dos paí­ses an­te­rior­men­te men­cio­na­dos, não de­ve­riam ser es­tu­da­dos jun­to com o Sul sub­de­sen­vol­vi­do? A res­pos­ta é não, p ­ ois são Es­ta­dos eu­ro­peus oci­ den­tais e per­ten­cem à ­União Eu­ro­peia, uma das ­três gran­des po­tên­cias eco­nô­mi­cas do mun­do ­atual, jun­ ta­men­te com os Es­ta­dos Uni­dos e o Ja­pão. ­Além dis­ so, ape­sar de os pa­drões de vi­da nes­ses ­três paí­ses se­rem ­mais bai­xos que na Ale­ma­nha ou no Ca­na­dá, ­eles são in­dis­cu­ti­vel­men­te ­mais ele­va­dos que na imen­sa maio­ria dos paí­ses do Sul. Ou­tra in­ter­ro­ga­ção diz res­pei­to às na­ções ex-so­cia­lis­tas que cos­tu­mam ser in­cluí­das no Nor­ te. Al­guns des­ses paí­ses, co­mo Hun­gria, Po­lô­nia, Es­lo­vê­nia e Re­pú­bli­ca Tche­ca, de fa­to pos­suem uma ra­zoá­vel in­dus­tria­li­za­ção e um pa­drão de vi­ da con­si­de­ra­do ele­va­do e fo­ram in­cor­po­ra­dos à ­União Eu­ro­peia. En­tre­tan­to, ou­tros paí­ses des­se gru­po — Al­bâ­nia, Tur­co­me­nis­tão, Ta­ji­quis­tão (foto ao lado), Quir­guí­zia, etc. — pos­suem eco­no­mias pou­co in­dus­tria­li­za­das (mui­to me­nos que o Bra­sil, a Áfri­ca do Sul ou a Ar­gen­ti­na, por exem­plo) e bai­ xos pa­drões mé­dios de vi­da pa­ra ­suas po­pu­la­ções. Mes­mo a Rús­sia, o ­mais im­por­tan­te dos paí­ses oriun­dos da en­tão ­União So­vié­ti­ca, na rea­li­da­de tem ho­je uma eco­no­mia e um pa­drão de vi­da que po­dem ser com­pa­ra­dos, no má­xi­mo, aos do Bra­sil. Não se­ria en­tão o ca­so de in­cluí-los no Sul? Tal­vez, mas não po­de­mos es­que­cer ­dois fa­tos im­por­tan­tes. O pri­mei­ro é que os paí­ses oriun­dos da ­União So­vié­ti­ca for­mam a Co­mu­ni­da­de de Es­ ta­dos In­de­pen­den­tes (CEI), que po­de­rá ser uma das gran­des po­tên­cias mun­diais do sé­cu­lo XXI, des­de que ela se con­so­li­de e a Rús­sia su­pe­re a cri­se eco­nô­mi­ca pe­la ­qual vem pas­san­do des­de os ­anos 1980. (Es­tu­da­re­mos a CEI com ­mais de­ ta­lhes nos ca­pí­tu­los 7 e 8 des­te livro.) O se­gun­do fa­to im­por­tan­te é que tam­bém a Rús­sia e ou­tros paí­ses da CEI po­de­rão even­tual­men­te in­gres­sar na ­União Eu­ro­peia, ­pois a pre­ten­são dos paí­ses mem­bros des­sa co­mu­ni­da­de é for­mar um imen­ so me­ga­blo­co, reu­nin­do 850 mi­lhões de pes­soas, mes­mo que is­so le­ve ­duas ou ­três dé­ca­das pa­ra se con­cre­ti­zar.


Pensando sobre o tema

2

2. Leia a afirmação abaixo e responda se você concorda com ela. Justifique sua resposta. “Qualquer divisão da realidade mundial é apenas parcialmente verdadeira, pois existem cerca de duas centenas de Estados-Nações no mundo, cada um com seus traços naturais, sociais e econômicos.”

Incluem-se en­tre os paí­ses do Nor­te as eco­no­ mias ca­pi­ta­lis­tas de­sen­vol­vi­das, tam­bém co­nhe­ci­ das co­mo “so­cie­da­des de con­su­mo”. A pro­du­ção eco­nô­mi­ca des­se con­jun­to de paí­ ses é a ­maior e a ­mais mo­der­na de to­do o mun­ do. So­men­te os Es­ta­dos Uni­dos, por exem­plo, com ape­nas cer­ca de 4% da po­pu­la­ção mun­dial, par­ti­ci­pam com 28% na eco­no­mia de to­do o pla­ ne­ta. Pa­ra vo­cê ter uma ­ideia, o con­ti­nen­te afri­ca­ no, on­de exis­tem 53 paí­ses e no ­qual vi­vem 13% da po­pu­la­ção mun­dial, par­ti­ci­pa so­men­te com 1,9% da eco­no­mia mun­dial. Se con­si­de­rar­mos os Es­ta­dos Uni­dos, os paí­ses da Eu­ro­pa oci­den­tal e o Ja­pão, que jun­tos per­fa­zem 12,5% da po­pu­la­ ção do pla­ne­ta (me­nos do que a Áfri­ca), te­re­mos um pou­co ­mais de 70% da pro­du­ção eco­nô­mi­ca e da ren­da mun­dial.

yy Homem carregando uma televisão comprada num dia de liquidação numa loja de Chicago, Estados Unidos. reuters

Te­mos de en­ten­der que nem Homogêneo o Nor­te nem o Sul são con­jun­tos Que não apre­sen­ta ho­mo­gê­neos. Em am­bos, e prin­ci­ grandes pal­men­te no Sul, exis­tem enor­mes di­fe­ren­ças ou gran­des di­fe­ren­ças eco­nô­mi­cas, so­ciais e de­si­gual­da­des. cul­tu­rais. É por es­se mo­ti­vo que O con­trá­rio de ho­mo­gê­neo é nes­ta co­le­ção es­tu­da­mos as gran­ he­te­ro­gê­neo. des re­giões que for­mam ca­da um des­ses “mun­dos”, e não o Nor­te ou o Sul em con­ jun­to. Al­gu­mas ve­zes des­ta­ca­mos Es­ta­dos que têm uma im­por­tân­cia sin­gu­lar, co­mo a Chi­na, o Bra­sil, o Mé­xi­co, os Es­ta­dos Uni­dos, o Ja­pão, en­tre ou­tros. No vo­lu­me do 8o ano, es­tu­da­mos as di­ver­sas ­áreas que per­ten­cem ao Sul: a Amé­ri­ca La­ti­na, a Áfri­ca e a Ásia (me­nos o Ja­pão). Nes­te vo­lu­me, es­tu­da­re­mos os con­jun­tos re­gio­nais que cons­ti­tuem o Nor­te: a Eu­ ro­pa, a Amé­ri­ca An­glo-Sa­xô­ni­ca, a CEI, o Ja­pão, a Aus­trá­lia e a No­va Ze­lân­dia.

Paí­ses do Nor­te

John Gress/reuters

1. A linha do equador não é a linha divisória entre o Norte desenvolvido e o Sul subdesenvolvido. Explique o traçado da linha imaginária que separa dois “mundos” com níveis de desenvolvimento diferentes.

Verificando o que aprendemos 1. O s países do Sul, apesar de reunirem a maior parte da população da Terra, participam da economia mundial com uma parcela relativamente pequena. Que dados dos gráficos da página 13 justificam essa afirmação? 2. A regionalização do espaço mundial em Norte e Sul apresenta problemas ou dúvidas para agrupar os países. Explique por que podemos fazer essa afirmação.

yy Consumidor escolhendo um telefone celular em Tóquio, Japão. A grande oferta de produtos na sociedade industrial incentiva o consumo. O que são e quais são os países do Norte? < Capítulo 1

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África

América Latina

Ásia (menos o Japão)

Europa oriental e CEI

34  188

1 042

4 785

1  900

4 815

82,0

54,5

73

68

69

40

11

20

4

0,2

2,1

1,3

1,0

0,1

2,8

89

23

47

19

América Anglo-Saxônica

Europa ocidental

Japão

43 861

27 665

Ex­pec­ta­ti­va de vi­da (em a ­ nos)

79,5

80,0

Ta­xa de anal­fa­be­tis­mo (%)

0,5

1,8

Ta­xa de cres­ci­men­to de­mo­grá­fic­ o (%)

1,0

0,1

Ta­xa de mor­ta­li­da­de in­fan­til (‰)

6

4

Indicadores* Ren­da per ca­pi­ta (em dó­la­res)

Ta­be­la ela­bo­ra­da pe­los au­to­res com base em da­dos ex­traí­dos de: 1. ­World Bank, 2008. 2. A ­ lmanaque Abril 2008. São Paulo: Abril, 2008. 3. C ­ alendario Atlante 2008. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2008.

Gran­des re­giões

* Es­ses in­di­ca­do­res são uma mé­dia dos paí­ses de ca­da gru­po ou re­gião; não de­ve­mos es­que­cer que exis­tem di­fe­ren­ças, mui­tas ve­zes enor­mes, en­tre as na­ções de ca­da gru­po.

Observação: Os dados estatísticos mencionados nos livros desta coleção podem apresentar variações entre uma fonte e outra por causa das diferenças de critérios adotados pelas entidades que compilaram os dados, bem como das diferenças entre os momentos em que os dados foram colhidos.

[geolink 1] Cres­ce pobre­za entre crian­ças nos paí­ses ricos Estudo divul­ga­do pelo Unicef mos­tra que situa­ção das crian­ças ame­ri­ca­nas é a pior entre as 24 ­nações mais ricas O Unicef, agên­cia da Organização das Nações Unidas (ONU) para a infân­cia, aler­ta para o aumen­ to do núme­ro de crian­ças viven­do em con­di­ções de pobre­za em ­nações ricas. Estudo divul­ga­do em 2005 apon­ta que em 17 dos 24 paí­ses mais ricos do mundo a con­di­ção delas se degra­dou. Entre os paí­ses ricos, a situa­ção das crian­ças nos Estados Unidos está entre as pio­res, embo­ra o Unicef des­ta­que que esfor­ços para rever­ter a situa­ção este­jam sendo veri­fi­ca­dos desde a déca­da de 1990. Segundo o docu­men­to, mais de 20% das crian­ças nos Estados Unidos vivem em situa­ção de pobre­za. A taxa ame­ri­ca­na é a que mais se apro­xi­ma da mexi­ca­ na, tam­bém ava­lia­da pelo Unicef. No México, 27,7% das crian­ças vivem em con­di­ções de pobre­za. Para a agên­cia da ONU, uma crian­ça é qua­li­fi­ca­da como “pobre” se par­ce­la da renda de seus pais não é sufi­cien­te para lhe garan­tir direi­tos como edu­ca­ção e saúde. Na Europa, a pior situa­ção é vivi­da pelas crian­ças ita­lia­nas: 16,6% delas vivem na pobre­za, con­di­ção infe­rior à de crian­ças de Portugal ou da Grécia, paí­ ses que até pouco tempo eram con­si­de­ra­dos como as ­regiões mais pre­cá­rias do con­ti­nen­te. Já em paí­ ses como a Dinamarca e Finlândia, menos de 3% das

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Introdução < Países do Norte

crian­ças vivem em situa­ção de pobre­za. A Noruega é tam­bém des­ta­ca­da como um país onde a pobre­za é pra­ti­ca­men­te ine­xis­ten­te entre as crian­ças. Para o Unicef, o levan­ta­men­to tem como obje­ti­vo mos­trar que as metas da ONU de redu­ção da pobre­za não devem ser alvo de aten­ção ape­nas dos paí­ses em desen­vol­vi­men­to. A agên­cia da ONU cons­ta­ta que a pobre­za entre as crian­ças está dire­ta­men­te liga­da ao nível sala­rial de seus pais. Em 13 paí­ses, houve uma queda nos salá­rios das popu­la­ções mais ­pobres nos últi­mos dez anos, resul­tan­do em uma dete­rio­ra­ção das con­di­ções tam­bém para as crian­ças. O Unicef con­clui que gas­tos ­sociais por parte dos gover­nos são o prin­ci­pal remé­dio para com­ba­ter a pobre­za infan­til. Segundo a pes­qui­sa, paí­ses que des­ti­nam menos de 5% do PIB à infân­cia con­tam com mais de 15% das crian­ças viven­do na pobre­za. Fonte: Jamil Chade, em O Estado de S. Paulo, 1o de março de 2005. p. A16.

Sobre o Geolink 1 1. De acordo com o Unicef, quando podemos classificar uma criança como “pobre”? 2. Cite exemplos de países onde a pobreza é praticamente inexistente entre as crianças. 3. Na sua opinião, qual é a importância desse estudo realizado pela ONU? Qual é sua provável intenção ao realizar essa pesquisa?


Pa­ra vi­sua­li­zar me­lhor es­sa enor­me desi­gual­ da­de nos ní­veis de de­sen­vol­vi­men­to no mun­do, ob­ser­ve a ta­be­la na página ao lado. Em ge­ral, os paí­ses do Sul têm um ­maior cres­ci­men­to de­mo­grá­fi­co ­anual, o que sig­ni­fi­ca que ­suas po­pu­la­ções au­men­tam ­mais com o de­ cor­rer do tem­po. Mas os paí­ses do Nor­te es­tão mui­to na fren­te com re­la­ção aos prin­ci­pais in­di­ ca­do­res eco­nô­mi­cos e so­ciais: maio­res ren­das per ca­pi­ta (ou se­ja, ren­da mé­dia por ha­bi­tan­te), ­maior es­pe­ran­ça ou ex­pec­ta­ti­va de vi­da, me­no­ res ta­xas de anal­fa­be­tis­mo pa­ra a po­pu­la­ção com ­mais de 7 ­anos, etc. Es­sas eco­no­mias ca­pi­ta­lis­tas de­sen­vol­vi­das, ou “so­cie­da­des de con­su­mo”, cons­ti­tuem os maio­res mer­ca­dos do pla­ne­ta. ­Elas re­pre­sen­tam cer­ca de 75% do co­mér­cio in­ter­na­cio­nal e nelas o con­su­ mis­mo é in­ten­so, com as maio­res ven­das ­anuais de au­to­mó­veis, com­pu­ta­do­res, pro­du­tos ele­trô­ni­ cos, ­aviões e inú­me­ros ou­tros ­bens e ser­vi­ços. Pos­ suem po­pu­la­ções com ele­va­das ren­das mé­dias, o que sig­ni­fi­ca al­tos pa­drões de con­su­mo, os maio­ res do mun­do. Veja as fotos da página 15.

­ ois sub­con­jun­tos sin­gu­la­res: D Eu­ro­pa orien­tal e CEI As na­ções da Eu­ro­pa orien­tal e da ex-­União So­ vié­ti­ca, tam­bém in­cluí­das no con­jun­to dos paí­ses do Nor­te, não são eco­no­mias ca­pi­ta­lis­tas de­sen­ vol­vi­das e tam­pou­co “so­cie­da­des de con­su­mo”. To­da­via, ­suas po­pu­la­ções pos­suem óti­mo ní­vel edu­ca­cio­nal. Gra­ças aos ­bons sis­te­mas de en­si­no pú­bli­co e gra­tui­to, em ge­ral es­sas na­ções apre­sen­ tam bai­xas ta­xas de anal­fa­be­tis­­mo. Na rea­li­da­de, são “eco­no­mias de tran­si­ção”, ou se­ja, eco­no­mias que fo­ram pla­ni­fi­ca­das e que, des­de o fi­nal dos ­anos 1980, es­tão se trans­for­man­do em eco­no­ mias de mer­ca­do. Al­guns paí­ses es­tão ­adiantados nesse processo; outros estão atrasados e enfrentando enormes dificuldades. Vamos estudar melhor esse assunto nos capítulos 5 a 8. Pa­ra en­ten­der­mos o que sig­ni­fi­ca “eco­no­mia de tran­si­ção”, con­cei­to am­pla­men­te uti­li­za­do pe­ las or­ga­ni­za­ções in­ter­na­cio­nais a par­tir da úl­ti­ma dé­ca­da do sé­cu­lo XX, te­mos de re­cor­dar o que são

eco­no­mias pla­ni­fi­ca­da e de mer­ca­do. Uma eco­no­ mia pla­ni­fi­ca­da tem por ba­se em­pre­sas es­ta­tais ou pú­bli­cas, is­to é, a gran­de maio­ria das em­pre­sas (in­dús­trias, ban­cos, fa­zen­das, es­ta­be­le­ci­men­tos co­mer­ciais e de se­gu­ros, etc.) não é pro­prie­da­de pri­va­da, e sim do go­ver­no. Nu­ma eco­no­mia de mer­ca­do ocor­re o opos­to: a gran­de maio­ria das em­pre­sas é pri­va­da ou par­ti­cu­lar, is­to é, per­ten­ce a um in­di­ví­duo ou a uma fa­mí­lia (o que es­tá se tor­ nan­do ca­da dia ­mais ra­ro, prin­ci­pal­men­te quan­do se tra­ta de gran­des em­pre­sas) ou per­ten­ce a um gran­de nú­me­ro de acio­nis­tas (o que es­tá se tor­ nan­do ca­da vez ­mais co­mum). As­sim sen­do, as de­ci­sões so­bre on­de in­ves­tir, on­de com­prar ma­té­rias-pri­mas, mão-de-­obra a con­tra­tar ou de­mi­tir, a que pre­ços ven­der ­suas mer­ca­do­rias, etc. são to­ma­das de for­ma di­fe­ren­te nas ­duas eco­no­mias. Nu­ma eco­no­mia de mer­ca­ do ca­da em­pre­sa de­ci­de es­sas ques­tões iso­la­da­ men­te, le­van­do sem­pre em con­ta as ten­dên­cias do mer­ca­do, ou se­ja, a ofer­ta e a pro­cu­ra. As­sim, se hou­ver mui­ta ofer­ta de um pro­du­to ou ser­vi­ço e con­cor­rên­cia en­tre as em­pre­sas que os ofe­re­ cem aos con­su­mi­do­res, a ten­dên­cia é o pre­ço ­cair. Se ocor­rer o opos­to, ou se­ja, es­cas­sez ou fal­ta de uma mer­ca­do­ria e mui­ta pro­cu­ra por par­te dos con­su­mi­do­res, a ten­dên­cia é o pre­ço au­men­tar. É a cha­ma­da “lei da ofer­ta e da pro­cu­ra”, fun­da­men­ tal nu­ma eco­no­mia de mer­ca­do. O mer­ca­do, por­tan­to, é a ofer­ta e a pro­cu­ra de al­gum bem ou ser­vi­ço. Por exem­plo: o mer­ca­do au­to­mo­bi­lís­ti­co é for­ma­do pe­las em­pre­sas que ven­dem au­to­mó­veis (ofer­ta) e pe­las pes­soas ou em­pre­sas que es­tão in­te­res­sa­das em com­prá-los (pro­cu­ra); o mer­ca­do de tra­ba­lho é cons­ti­tuí­do pe­las pes­soas que es­tão em bus­ca de em­pre­go e pe­las em­pre­sas que es­tão pre­ci­san­do de em­pre­ ga­dos; e as­sim su­ces­si­va­men­te. Nu­ma eco­no­mia pla­ni­fi­ca­da não é o mer­ca­do ­que co­man­da as de­ci­sões. Es­tas são to­ma­das de for­ma cen­tra­li­za­da por ór­gãos pla­ne­ja­do­res do go­ ver­no, que ela­bo­ram pla­nos vá­li­dos pa­ra to­das as em­pre­sas. Es­ses pla­nos po­dem ser ­anuais ou, co­ mo era ­mais co­mum, quin­que­nais (vá­li­dos pa­ra um pe­río­do de cin­co ­anos). Por­tan­to, nu­ma eco­no­mia

O que são e quais são os países do Norte? < Capítulo 1

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Introdução < Países do Norte

Peter Turnley/Corbis

pla­ni­fi­ca­da não há con­cor­rên­cia en­tre as em­pre­sas, já que to­das são es­ta­tais e obe­de­cem a um mes­mo pla­no. Os pre­ços não são orien­ta­dos pe­las ten­ dên­cias do mer­ca­do (ofer­ta e pro­cu­ra), mas fi­xa­dos pe­lo go­ver­no e vá­li­dos pa­ ra to­das as em­pre­sas. Ho­je as eco­no­mias pla­ni­fi­ca­das pra-­ ti­ca­men­te não exis­tem ­mais. ­Elas exis­ ti­ram du­ran­te vá­rias dé­ca­das — des­de os ­anos 1920 até os ­anos 1980 — e che­ ga­ram a abran­ger cer­ca de um ter­ço (34%) da hu­ma­ni­da­de nos Es­ta­dos que se pro­cla­ma­vam so­cia­lis­tas. Mas, des­de os ­anos 1980, ­elas afun­da­ram yy Mulheres em fila para a aquisição de alimentos na União Soviética, em enor­mes di­fi­cul­da­des (ob­ser­ve o em 1991, observam um pedaço único de carne numa bandeja. As filas eram constantes nas economias planificadas por causa da exemplo mostrado na fo­to ao lado) carência de produtos no comércio. e, em con­se­quên­cia, tem ha­vi­do uma ver­da­dei­ra cor­ri­da pa­ra a eco­no­mia de mer­ca­do. A partir des­sa dé­ca­da vem ocor­ren­do uma no­ Em ou­tras pa­la­vras, as an­ti­gas eco­no­mias pla­ ni­fi­ca­das des­de en­tão vêm se trans­for­man­do em va re­vo­lu­ção in­dus­trial nos paí­ses de­sen­vol­vi­dos, eco­no­mias de mer­ca­do, aca­ban­do com gran­de a cha­ma­da Ter­cei­ra Re­vo­lu­ção In­dus­trial ou re­vo­ par­te das em­pre­sas es­ta­tais e com os pla­nos cen­ lu­ção téc­ni­co-cien­tí­fi­ca. Aque­le ve­lho mo­de­lo eco­ tra­li­za­dos. No lu­gar dos pla­nos, o mer­ca­do pas­ nô­mi­co ba­sea­do nas in­dús­trias au­to­mo­bi­lís­ti­ca e sou a co­man­dar as de­ci­sões (so­bre pre­ços, in­ves­ pe­tro­quí­mi­ca — que do­mi­nou o mun­do du­ran­te ti­men­tos, con­tra­ta­ções, etc.) nes­sas eco­no­mias gran­de par­te do sé­cu­lo XX — ce­de lu­gar a um no­ de tran­si­ção. Inú­me­ras em­pre­sas es­ta­tais fo­ram vo mo­de­lo, ­mais di­nâ­mi­co, que al­can­çou enor­me ou es­tão sen­do pri­va­ti­za­das, is­to é, ven­di­das a avan­ço tec­no­ló­gi­co, ba­sea­do na in­for­má­ti­ca (re­des par­ti­cu­la­res, a em­pre­sas ou pes­soas que com­ de com­pu­ta­do­res) e em sua cons­tan­te evo­lu­ção, pram ­suas a ­ ções ou par­te de­las. na ro­bó­ti­ca (ro­bôs), na mi­croe­le­trô­ni­ca (no­vos pro­ Por que ­elas vêm se trans­for­man­do em eco­no­ du­tos ele­trô­ni­cos), nas te­le­co­mu­ni­ca­ções e na bio­ mias de mer­ca­do? tec­no­lo­gia (no­vos re­mé­dios e no­va pro­du­ção agro­ As ra­zões des­sa mu­dan­ça se­rão de­ta­lha­das pe­cuá­ria). Veja as fotos na página ao lado. nos ca­pí­tu­los 5 a 8, nos ­quais es­tu­da­re­mos a Eu­ Es­sa no­tá­vel ino­va­ção tec­no­ló­gi­ca foi re­sul­ta­do ro­pa orien­tal e as na­ções da CEI. Nes­te pri­mei­ro de uma for­te con­cor­rên­cia en­tre os paí­ses e en­tre ca­pí­tu­lo va­mos dar ape­nas uma vi­são ge­ral do as em­pre­sas de eco­no­mia de mer­ca­do, que pre­ci­ pro­ble­ma, uma ex­pli­ca­ção ­mais sim­ples e pou­co sa­vam des­sa tec­no­lo­gia pa­ra su­pe­rar os pro­du­tos de­ta­lha­da. Ba­si­ca­men­te, po­de­mos afir­mar que as de ­seus con­cor­ren­tes. Nas eco­no­mias pla­ni­fi­ca­ eco­no­mias pla­ni­fi­ca­das che­ga­ram a um pon­to de das não há con­cor­rên­cia e por es­sa ra­zão não se es­go­ta­men­to, a uma for­te cri­se nos ­anos 1980, tem uma gran­de evo­lu­ção tec­no­ló­gi­ca. Vi­zi­nhos por se­rem mui­to cen­tra­li­za­das e bu­ro­cra­ti­za­das e da Eu­ro­pa oci­den­tal, os po­vos do Les­te eu­ro­peu e não con­se­gui­rem acom­pa­nhar a in­ten­sa mo­der­ni­ da CEI fo­ram os pri­mei­ros a per­ce­ber que o seu pa­ za­ção pe­la ­qual as eco­no­mias de mer­ca­do, prin­ci­ drão de vi­da es­ta­va es­tag­na­do ou em de­clí­nio, em pal­men­te no Pri­mei­ro Mun­do, vêm pas­san­do des­ de os ­anos 1970. con­tras­te com as gran­des me­lho­rias que os po­vos


divulgação Priscila prade / editora abril divulgação

yy Televisão de alta definição, telefone celular e microcomputador: três símbolos da nova revolução industrial ou revolução técnico-científica. Grandes mudanças na área da informação e automação vêm ocorrendo desde o fim dos anos 1970, principalmente nos países capitalistas desenvolvidos.

eu­ro­peus oci­den­tais con­quis­ta­ram nas úl­ti­ mas dé­ca­das do sé­cu­lo XX. Foi por es­se mo­ti­vo, pe­la pro­xi­mi­da­de geo­grá­fi­ca e por uma tra­di­ção his­tó­ri­ca co­ mum que a cha­ma­da “cri­se do mun­do so­ cia­lis­ta”, ou se­ja, o es­go­ta­men­to do so­cia­lis­ mo ­real ba­sea­do no par­ti­do úni­co e ofi­cial e na eco­no­mia pla­ni­fi­ca­da ou cen­tra­li­za­da, ma­ni­fes­tou-se com ­maior in­ten­si­da­de na Eu­ro­pa orien­tal e na então ­União So­vié­ti­ca. Em re­la­ção aos paí­ses da Eu­ro­pa orien­tal, é ne­ces­sá­rio des­ta­car o seu an­seio de li­ ber­da­de po­lí­ti­ca ple­na, ­pois o ter­ri­tó­rio de al­guns de­les foi in­va­di­do por tro­pas so­vié­ti­ cas quan­do ­seus po­vos rei­vin­di­ca­ram di­rei­ tos de­mo­crá­ti­cos e mu­dan­ças eco­nô­mi­cas (a Pri­ma­ve­ra de Pra­ga na Tche­cos­lo­vá­quia, em 1968, por exem­plo). Os po­vos da re­gião que não so­fre­ram es­sa hu­mi­lha­ção na­cio­ nal sem­pre te­me­ram a amea­ça de uma in­ va­são so­vié­ti­ca. Por ou­tro la­do, os po­vos da Eu­ro­pa orien­tal e da ex-­União So­vié­ti­ca, re­giões ­mais in­dus­tria­li­za­das e com me­nos pro­ble­mas que ou­tras re­giões do an­ti­go Se­ gun­do Mun­do ou “mun­do so­cia­lis­ta” — co­ mo Mon­gó­lia, Mo­çam­bi­que, An­go­la, Co­reia do Nor­te, en­tre ou­tros —, con­si­de­­ram-se eu­ ro­peus e têm co­mo re­fe­rên­cia ou pa­drão de com­pa­ra­ção os paí­ses do Nor­te, em es­ pe­cial os da Eu­ro­pa oci­den­tal. Des­sa for­ma, o fi­m do an­ti­go Se­gun­do Mun­do — paí­ses de eco­no­mia pla­ni­fi­ca­da — re­for­çou a di­fe­ren­ça en­tre o Nor­te e o Sul. Uma par­te do an­ti­go Se­gun­do Mun­do foi in­ cluí­da no Sul: Chi­na, Cu­ba, An­go­la, Mo­çam­ bi­que, Co­reia do Nor­te e ou­tros. São na­ções que em ge­ral en­fren­tam gran­des pro­ble­ mas de de­si­gual­da­des, in­dus­tria­li­za­ção in­ com­ple­ta ou qua­se ine­xis­ten­te, al­tas ta­xas de mor­ta­li­da­de in­fan­til, bai­xas ren­das per ca­pi­ta. Ou­tra par­te do an­ti­go Se­gun­do Mun­ do, a Eu­ro­pa orien­tal e a CEI, foi in­cluí­da no Nor­te in­dus­tria­li­za­do, em­bo­ra não te­nha os mes­mos ní­veis de mo­der­ni­za­ção e o pa­drão de vi­da das na­ções do Pri­mei­ro Mun­do. O que são e quais são os países do Norte? < Capítulo 1

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[geolink 2] As migrações internacionais: por que se emigra? As mi­gra­ções in­ter­na­cio­nais, par­ti­cu­lar­men­te a vin­da de pes­soas dos paí­ses po­bres (do Sul) pa­ra os paí­ses ri­cos (do Nor­te), cons­ti­tuem uma das prin­ci­pais ques­tões des­te iní­cio de sé­cu­lo. A ­ideia que pre­va­le­ce no Nor­te, no­ta­da­men­te na Eu­ro­pa oci­den­tal, nos Es­ta­ dos Uni­dos e no Ja­pão, é a de uma cri­se do con­tro­le da imi­gra­ção. Se­ria ne­ces­sá­rio en­tão um ­maior con­tro­le so­bre a en­tra­da de imi­gran­tes, uma ­ideia pre­do­mi­nan­ te, mas que ­creio ser uni­la­te­ral. Ela li­mi­ta a ver­da­dei­ra per­cep­ção des­se pro­ble­ma. O im­por­tan­te de fa­to não é a efi­cá­cia do con­tro­le so­bre ­quem en­tra em nos­sas fron­tei­ras, e sim a na­tu­re­za des­se ti­po de con­tro­le. Co­mo pen­sar em con­tro­lar a imi­gra­ção nes­te mun­do ca­da vez ­mais glo­ba­li­za­do, no ­qual se ex­pan­dem as or­ ga­ni­za­ções in­ter­na­cio­nais e os inú­me­ros acor­dos que ga­ran­tem de­ter­mi­na­dos di­rei­tos hu­ma­nos bá­si­cos a to­dos? Não é pos­sí­vel as­sim exer­cer um ­maior con­tro­ le so­bre ­quem en­tra no ­país e ao mes­mo tem­po in­cen­ ti­var as tro­cas co­mer­ciais e o tu­ris­mo in­ter­na­cio­nal, e obe­de­cer às le­gis­la­ções que ga­ran­tem di­rei­tos so­ciais e po­lí­ti­cos aos imi­gran­tes. E as mi­gra­ções in­ter­na­cio­nais não são fe­nô­me­ nos au­tô­no­mos ou in­de­pen­den­tes. ­Elas es­tão li­ga­ das a uma sé­rie de con­di­ções, en­tre as ­quais po­ dem-se ci­tar: • Cer­tas mu­dan­ças eco­nô­mi­cas (mo­der­ni­za­ção, in­ tro­du­ção de má­qui­nas que subs­ti­tuem tra­ba­lha­ do­res) e a des­trui­ção por par­te de al­gu­mas em­ pre­sas mul­ti­na­cio­nais das eco­no­mias tra­di­cio­nais (que em­pre­gam mui­ta mão-de-­obra), crian­do as­ sim uma for­ça de tra­ba­lho mó­vel, que tem de se mo­vi­men­tar em bus­ca de em­pre­go. Es­se é o sen­ ti­do prin­ci­pal de qua­se to­das as mi­gra­ções: uma re­dis­tri­bui­ção es­pa­cial da for­ça de tra­ba­lho, ou se­ ja, a bus­ca de em­pre­gos de par­te de po­pu­la­ções ex­ce­den­tes das re­giões ou paí­ses ­mais po­bres nas re­giões ou paí­ses ­mais ri­cos. • A ­ação de al­guns go­ver­nos, que, com ­suas ope­ ra­ções mi­li­ta­res (guer­ras, ma­tan­ça de cer­tas et­nias ou po­vos, guer­ri­lhas), pro­vo­cam o des­lo­ ca­men­to de po­pu­la­ções e a exis­tên­cia de re­fu­gia­ dos e de mi­gran­tes. • Os acor­dos de li­vre-co­mér­cio, que pro­mo­vem o flu­xo de ca­pi­tais, de ser­vi­ços e de in­for­ma­ções e tam­bém o flu­xo de tra­ba­lha­do­res, em es­pe­cial da­ que­les ­mais qua­li­fi­ca­dos. Mas a po­pu­la­ção em ge­ral e até mes­mo as au­to­ri­da­ des não le­vam em con­ta to­dos es­ses fa­tos quan­do fa­ lam em con­ter a imi­gra­ção, em con­tro­lar as mi­gra­ções

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Introdução < Países do Norte

in­ter­na­cio­nais. Tra­tam es­sa ques­tão co­mo se ela fos­se iso­la­da, au­tô­no­ma, sem li­ga­ção com to­das as trans­for­ ma­ções econô­mi­cas e so­ciais que ocor­rem no mun­do. Es­sa fa­lha ex­pli­ca a ina­de­qua­ção das po­lí­ti­cas de con­ tro­le de mi­gra­ções, que em ge­ral fra­cas­sam. Ape­nas a par­tir de 1992 é que as dis­cus­sões acer­ca do Naf­ta (Acordo de Li­vre-Co­mér­cio da Amé­ri­ca do Nor­te) co­ me­ça­ram a le­var em con­ta os efei­tos da imi­gra­ção, par­ti­cu­lar­men­te a dos me­xi­ca­nos pa­ra os Es­ta­dos Uni­ dos. Em vez de en­ca­rar es­se flu­xo mi­gra­tó­rio so­men­te co­mo re­sul­ta­do da po­bre­za ou da es­co­lha in­di­vi­dual de al­gu­mas pes­soas, co­me­çou-se a ver a di­men­são eco­nô­mi­ca des­sa ques­tão, a im­por­tân­cia da mão-de-­obra imi­gran­te na eco­no­mia nor­te-ame­ri­ca­na. Tu­do in­di­ca que é com ba­se em es­co­lhas dos paí­ses de­sen­ vol­vi­dos, que são im­por­ta­do­res de mão-de-­obra, que se cons­troem os la­ços que ­unem os paí­ses de emi­gra­ ção com os de imi­gra­ção. Es­sas mi­gra­ções in­ter­na­cio­ nais dos paí­ses po­bres pa­ra os ri­cos são, por um la­do, uma es­tra­té­gia de so­bre­vi­vên­cia (das po­pu­la­ções que mi­gram) e, por ou­tro, uma das con­di­ções da re­no­va­ ção da for­ça de tra­ba­lho nos paí­ses ri­cos. Vá­rios es­tu­dos rea­li­za­dos so­bre es­sa ques­tão mos­tra­ram que não se tra­ta de uma in­va­são em mas­sa (co­mo ­creem os alar­mis­tas), tam­pou­co de mo­vi­men­tos es­pon­tâ­neos da po­bre­za em di­re­ção à ri­que­za. A his­tó­ria nos en­si­na que, ape­sar dos con­ tro­les, ape­sar das dis­tân­cias às ve­zes enor­mes, sem­ pre foi co­mum pes­soas mi­gra­rem das re­giões ­mais po­bres pa­ra as ­mais ri­cas. Mas são flu­xos de­ter­mi­ na­dos, que du­ram al­gum tem­po — por vol­ta de ­duas dé­ca­das — e de­pois se es­tan­cam. E tam­bém mui­tas ve­zes exis­te um mo­vi­men­to de re­tor­no, que é pou­ co es­tu­da­do: os me­xi­ca­nos que re­tor­nam ao seu ­país de­pois de vi­ve­rem al­gum tem­po nos Es­ta­dos Uni­dos, por exem­plo. Inú­me­ras pes­qui­sas cons­ta­ta­ ram que a ­maior par­te das pes­soas não ­quer emi­ grar, não gos­ta­ria de vi­ver no es­tran­gei­ro, e en­tre aque­les que gos­ta­riam de fa­zer is­so uma boa par­te per­ma­ne­ce com o so­nho de um dia po­der vol­tar. Exis­te as­sim uma con­tra­di­ção: por um la­do, o sis­te­ma in­ter­na­cio­nal é ca­da vez ­mais in­ter­de­pen­ den­te — exis­te a li­vre cir­cu­la­ção de mer­ca­do­rias, de ca­pi­tais, de ­ideias e exis­tem inú­me­ras legis­la­ções em co­mum so­bre di­rei­tos hu­ma­nos, so­bre o uso das ­águas in­ter­na­cio­nais e do es­pa­ço, etc. — e, por ou­tro, as mi­gra­ções in­ter­na­cio­nais, em es­pe­cial as de pes­soas po­bres pa­ra ­áreas ri­cas, oca­sio­nam te­ mo­res. Al­guns go­ver­nos ten­tam res­trin­gir a emi­gra­ ção por ­meio de fil­tra­gens ou se­le­ções — só en­tra ­quem é qua­li­fi­ca­do ou es­pe­cia­li­za­do e os po­bres são


bar­ra­dos. Mas é ex­tre­ma­men­te di­fí­cil fa­zer is­so. A glo­ba­li­za­ção da eco­no­mia e o re­gi­me in­ter­na­cio­nal dos di­rei­tos hu­ma­nos mo­di­fi­ca­ram enor­me­men­te o cam­po de ­ação dos Es­ta­dos na­cio­nais. Exis­tem no­vos ato­res ou su­jei­tos que de­sem­pe­nham um im­ por­tan­te pa­pel nas re­la­ções in­ter­na­cio­nais, des­de as em­pre­sas mul­ti­na­cio­nais até as Or­ga­ni­za­ções Não-Go­ver­na­men­tais (­ONGs) que ­atuam em vá­rios paí­ses. Tu­do is­so li­mi­ta a ­ação dos Es­ta­dos no con­ tro­le das mi­gra­ções in­ter­na­cio­nais. Exis­te to­da uma no­va geo­gra­fia eco­nô­mi­ca in­ter­ na­cio­nal — no­vas in­fra-es­tru­tu­ras (por­tos, ae­ro­por­ tos, re­des de com­pu­ta­do­res e de in­for­ma­ções, sa­té­li­ tes de co­mu­ni­ca­ções), no­vos flu­xos ou mo­vi­men­tos de ca­pi­tais e de mer­ca­do­rias — e a imi­gra­ção é uma par­te de­la. Po­rém, ain­da se ten­ta abor­dá-la co­mo se fos­se um pro­ble­ma lo­cal e uni­la­te­ral, quan­do na rea­li­da­de ela — a imi­gra­ção — é um pro­ble­ma glo­bal e mul­ti­la­te­ral. O Es­ta­do na­cio­nal não de­sa­pa­re­ce, mas per­de uma par­te de seu po­de­rio com o avan­ço da glo­ba­li­za­ção e dos mer­ca­dos re­gio­nais — a ­União Eu­ ro­peia, o Naf­ta e ou­tros. ­Mais e ­mais os pro­ble­mas são mul­ti­la­te­rais — e as mi­gra­ções in­ter­na­cio­nais, ape­sar de ain­da não se­rem vis­tas as­sim, tam­bém são um pro­ble­ma que vai ­além da com­pe­tên­cia de um úni­co Es­ta­do na­cio­nal. Fe­nô­me­no úni­co, a cons­tru­ção da uni­da­de eu­ro­peia ilus­tra bem es­sa di­fi­cul­da­de, es­sa con­tra­di­ção de per­ mi­tir a li­vre cir­cu­la­ção de ca­pi­tais e ao mes­mo tem­po

pro­cu­rar li­mi­tar as mi­gra­ções. Ne­go­cia­ções en­tre os paí­ses da Eu­ro­pa oci­den­tal e os da Eu­ro­pa orien­ tal ten­tam fa­zer des­tes úl­ti­mos “zo­nas tam­pões” pa­ra bar­rar a vin­da de re­fu­gia­dos e de imi­gran­tes do Les­te; pro­gra­mas eu­ro­peus pa­ra aju­dar a mo­ der­ni­za­ção da po­lí­ti­ca do nor­te da Áfri­ca pro­cu­ram tor­nar ­mais efe­ti­vo o con­tro­le so­bre a vin­da de clan­ des­ti­nos da Áfri­ca pa­ra a Eu­ro­pa. Mas na­da dis­so re­sol­ve de fa­to o pro­ble­ma da en­tra­da de mi­lhões de imi­gran­tes a ca­da ano, mui­tos clan­des­ti­nos. E o mes­mo acon­te­ce nas fron­tei­ras dos Es­ta­dos Uni­dos com o Mé­xi­co [...] (Adaptado de Sassen, Saskia. Mais pourquoi émigrent-ils? Le Monde Diplomatique, nov. 2000, p. 4-5.)

Sobre o Geolink 2 1. As migrações internacionais não são fenômenos autônomos ou independentes. Elas estão ligadas a uma série de condições. De acordo com o texto, quais são essas condições? 2. Alguns fatores limitam a ação dos Estados no controle das migrações internacionais. Quais são eles? 3. Cite exemplos que mostram que a migração internacional é um processo que excede a competência de um único Estado nacional.

Verificando o que aprendemos b) Comente as fotos da página 15.

1. O bserve a tabela da página 16 (“Grandes regiões”) e faça as seguintes atividades: a) Compare a renda per capita de cada região ou grupo de países com a expectativa de vida e taxa de mortalidade infantil da população. A que conclusão você chegou? b) C omente os dados da tabela que mais chamaram sua atenção. 2. As economias capitalistas desenvolvidas ou “sociedades de consumo” constituem os maiores mercados do planeta.

3. “Economias de transição” é um conceito amplamente utilizado por organizações internacionais a partir da última década do século XX. a) O que são “economias de transição”? b) P or que as nações da Europa oriental e da CEI são consideradas “economias de transição”? 4. E xplique com suas palavras o que significa “Terceira Revolução Industrial” ou revolução tecnológica.

a) Cite algumas características desse tipo de economia.

O que são e quais são os países do Norte? < Capítulo 1

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ROTEIRO DE ESTUDO 1. Des­de as úl­ti­mas dé­ca­das do sé­cu­lo XX, a di­vi­ são do mun­do em ­duas par­tes — o Nor­te ri­co e o Sul po­bre — vem sen­do uti­li­za­da em li­vros, jor­nais, ­atlas e re­vis­tas. Ex­pli­que por que a ­ideia de Nor­te e Sul é ­mais “neu­tra” que no­ ções co­mo paí­ses de­sen­vol­vi­dos e paí­ses sub­ de­sen­vol­vi­dos, cen­tro e pe­ri­fe­ria, eco­no­mias avan­ça­das e atra­sa­das. 2. A pá­gi­na 13 apre­sen­ta ­três grá­fi­cos com in­for­ ma­ções so­bre os paí­ses do Nor­te e do Sul.

a) A na­li­se ca­da um dos grá­fi­cos e re­gis­tre ­suas con­clu­sões so­bre a per­cen­ta­gem da su­per­fí­cie, po­pu­la­ção e dis­tri­bui­ção de ren­ da en­tre Nor­te e Sul.

b) M ostre suas conclusões ao professor e aos colegas.

3. O texto nos informa que o Norte é constituído por dois grupos de países: países de economia de mercado e países de economia de transição. Para refletir sobre esses dois grupos, realize as atividades: a) R eleia o item “Países do Norte” (página 15) e explique as principais diferenças entre esses dois grupos. b) R esponda: Por que a inovação tecnológica ge­ ral­mente é maior na economia de mercado?

c) C onfira suas respostas com o professor e os co­legas e discuta com eles sobre o tema em questão. 4. A “crise do mundo socialista” manifestou-se com maior intensidade na Europa oriental e na ex-União Soviética. a) Explique o motivo disso. b) D ê exemplos de países do antigo Segundo Mun­do nos quais o esgotamento do socia­ lismo real ocorreu com menor intensidade. c) C om a coordenação do professor, compare sua resposta com a dos colegas. 5. Você já sabe que nesta coleção o mundo está regionalizado de acordo com critérios socioeco­nômicos. Para retomar esse assunto, realize as atividades a seguir. a) F orme uma dupla e analisem o mapa “Divisão do mundo por critérios socioeconômicos: Norte e Sul”, na página 12. Observem o título, a legenda, a distribuição espacial das cores e a linha Norte-Sul. b) L eia o item “Alguns questionamentos sobre essa forma de agrupar os países” (página 14). c) C onverse com o professor e os colegas sobre os problemas ou dúvidas que existem ao dividir o mundo em países do Norte e do Sul.

Geografia e poesia Pa­ra re­fle­tir so­bre o con­su­mo de­sen­frea­do, ca­rac­te­rís­ti­ca mar­can­te dos paí­ses de eco­no­mia de mer­ca­do, rea­li­ze as ati­vi­da­des a se­guir. a) Pro­cu­re ex­pli­car, com ­suas pa­la­vras, o que sig­ni­fi­ ca a ex­pres­são “so­cie­da­de de con­su­mo”. b) O b­ser­ve aten­ta­men­te as fo­tos da pá­gi­na 15 e ­leia as le­gen­das. c) ­ Leia com aten­ção o poe­ma de Car­los Quei­roz Tel­les, a se­guir.

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Introdução < Países do Norte

d) R elacione a mensagem do poema com os itens a e b da atividade.

e) P rocure imagens em jornais e revistas que ilustrem o poema.

f) M ostre suas respostas e sua pesquisa ao pro­fessor e aos colegas e discutam o tema em questão.


Caso complicado Essa história de dinheiro é um caso complicado... O que se ganha é contado, pedido, sofrido, suado. O que se gasta, porém, nem sempre é o precisado. Tudo e todos nos ensinam a gastar, gastar, gastar. Compre isso, compre aquilo, compre vida, compre amor... A gente acaba querendo o que quer e o que não quer, o necessário e o inútil, o falso e o verdadeiro, como se o tal do dinheiro caísse em penca do céu.

Essa história de dinheiro é um caso complicado... Será que a vida ensina o que fazer pra encontrar o tal mapa da mina? (Telles, Carlos Queiroz. Sonhos, grilos e paixões. 8. ed. São Paulo: Moderna, 1994. p. 25.)

Mas não cai... e aí começa a maior das chateações. Vontades que não têm jeito, invejas de fazer medo, desejos que não se entendem, sonhos de sonhos desfeitos. O que fica é uma vontade eterna de querer mais e uma tristeza sem graça de não ser o que se é.

Geografia em canção Vamos associar as necessidades de consumo com a propaganda? Leia atentamente a letra da canção e forme uma dupla para realizar a atividade. Diariamente Autor: Nando Reis (Warner/Chappell Edições Musicais Ltda.). Intérprete: Marisa Monte. CD Mais, EMI-ODEON, 1991.

Para calar a boca: rícino Para lavar a roupa: omo Para viagem longa: jato Para difíceis contas: calculadora Para o pneu na lona: jacaré Para a pantalona: nesga Para pular a onda: litoral Para lápis ter ponta: apontador Para o Pará e o Amazonas: látex [...]

Para levar na escola: condução Para os dias de folga: namorado Para o automóvel que capota: guincho [...] Para saber a resposta: vide-o-verso Para escolher a compota: Jundiaí Para a menina que engorda: hipofagi Para a comida das orcas: Krill Para o telefone que toca Para a água lá na poça Para a mesa que vai ser posta Para você o que você gosta: diariamente

O que são e quais são os países do Norte? < Capítulo 1

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a) Fa­çam uma lis­ta com o no­me dos pro­du­tos ci­ta­dos na le­tra da can­ção que vo­cês co­nhe­ cem ou já vi­ram em al­gu­ma pro­pa­gan­da.

d) Re­la­cio­nem a le­tra da can­ção com o poe­ma da ati­vi­da­de an­te­rior. O que vo­cês con­cluem?

b) Ago­ra fa­çam uma lis­ta com o no­me de cin­co pro­du­tos que vo­cês vi­ram em al­gu­ma pro­pa­ gan­da e con­si­deram des­ne­ces­sá­rios.

e) Com ba­se na dis­cus­são da ati­vi­da­de “Geo­gra­ fia e poe­sia” e nas res­pos­tas des­ta ati­vi­da­de, ela­bo­rem um pe­que­no tex­to que re­la­cio­ne so­ cie­da­de de con­su­mo com pro­pa­gan­da.

c) Vo­cês ­acham que o au­tor da can­ção es­tá cri­ti­ can­do al­go? O quê?

f) Com a coor­de­na­ção do pro­fes­sor, ­leiam ­seus tex­tos pa­ra a clas­se.

Trabalho em equipe Pa­ra a rea­li­za­ção des­ta ati­vi­da­de, o pro­fes­sor di­vi­di­rá a clas­se em ­três equi­pes. Ca­da equi­pe vai es­co­lher um dos con­ti­nen­tes: Amé­ri­ca La­ti­ na, Áfri­ca ou Ásia. O que vo­cês de­vem fa­zer? • Pes­qui­sem ­quais fo­ram os paí­ses so­cia­lis­tas do res­pec­ti­vo con­ti­nen­te. 24

Introdução < Países do Norte

• Ela­bo­rem um ma­pa pa­ra lo­ca­li­zá-los, ­criem um tí­ tu­lo e uma le­gen­da pa­ra ele e in­di­quem a es­ca­la. • Em se­gui­da, ela­bo­rem um pe­que­no tex­to a res­ pei­to da si­tua­ção ­atual des­ses paí­ses. Na da­ta mar­ca­da, as equi­pes tra­zem to­do o seu tra­ba­lho e ela­bo­ram um mu­ral pa­ra apre­sen­ tar aos co­le­gas.


Geografia na internet Sugerimos para consulta o seguinte site: www.unes­co.org.br — Página em por­tu­guês da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), cujo obje­ti­vo é incen­ti­var a coo­pe­ra­ção téc­ni­ca entre os Estados mem­bros. Traz notí­cias e infor­ma­ções sobre even­tos, além de diver­sos links refe­ren­tes a suas áreas de atua­ção. www.oban­co­mun­dial.org — Site do Banco Mundial, em por­tu­guês. Apresenta esta­tís­ti­cas, estu­ dos e pro­je­tos em diver­sas áreas de ati­vi­da­de.

Geografia na tela Sugestão de fil­me rela­cio­na­do ao con­teú­do do capí­tu­lo: A costa do mosquito (The Mosquito Coast). EUA, 1986. Direção de Peter Weir. Com Harrison Ford, Helen Mirren e River Phoenix.

everett collection/keystone

Sinopse: Inconformado com as limi­ta­ções impos­tas pelo meio em que vive e can­sa­do da medio­cri­da­de à sua volta, um inven­tor deci­de par­tir com sua ­mulher e seus ­filhos para uma ­região sel­va­gem da América Central em busca de uma nova vida.

O que são e quais são os países do Norte? < Capítulo 1

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