PLANO ARCO BAQUIRIVU ENTRE A SOMBRA E A ÁGUA SUJA
Ficha Técnica Objeto TFG 2017 - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Orientador Claudio Manetti
Desenvolvimento Bárbara Pessoa | 13036520 Bianca Bandeira | 13118781 Caique da Costa | 13043567 Carina Lima | 12106605 Fernanda Steinberg | 12046629 Gabriel Barzon | 13230776 Giovanna Federico | 12098927 Gabriel Barzon | 13009402
SUMÁRIO 01 / LEVANTAMENTO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 1.2 EVOLUÇÃO URBANA 1.3 LEITURA TERRITORIAL: INTERPRETAÇÃO ESPACIAL E ESTATÍSTICA 1.3.1 OCUPAÇÃO X CONDIÇÕES AMBIENTAIS
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1.3.2 SISTEMAS DE TRANSPORTE X ÁREAS LIVRES
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1.3.3 EQUIPAMENTOS X INVESTIMENTO MUNICIPAL / METROPOLITANO
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1.4 ESTRUTURAS E SÍNTESES
02 / PLANO 2.1 DIRETRIZES PARA O PLANO URBANÍSTICO 2.2 DIRETRIZES PARA O PLANO URBANÍSTICO 2.2.1 LEITURA PRELIMINAR: MAPA CONCEITUAL DE ZONAS DE FORÇAS
2.2.2 PROPOSTA PARA REESTRUTURAÇÃO AMBIENTAL
42
44
2.2.3 PROPOSTA PARA REESTRUTURAÇÃO VIÁRIA
2.2.4 PLANO DE ZONEAMENTO
2.2.5 ÁREAS DE REALOCAÇÃO
48
56
58
2.3 CONFLITOS ENTRE ESCALAS: PONTOS DE FORÇA 2.3.1 DE PONTOS DE FORÇA À TRANSIÇÕES DE ESCALA
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03 / RECORTES 3.1 RECORTES: INTERVENÇÕES 3.1.1 RECORTE A: DO INTERNACIONAL AO REGIONAL
68
3.1.2 RECORTE B: DO REGIONAL AO MUNICIPAL
71
3.1.3 RECORTE C: DO MUNICIPAL AO LOCAL
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3.2 COMPLEMENTOS E REVISÕES DO PLANO URBANÍSTICO 3.2.1 RECORTE A
78
3.2.2 RECORTE B
79
3.2.3 RECORTE C
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04 / CONSIDERAÇÕES FINAIS 4.1 CONCLUSÃO 05 / BIBLIOGRAFIA 5.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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0 1/
levantamento
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1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO A inserção de grandes equipamentos na paisagem urbana gera impactos relacionados a diversas escalas da cidade. A implantação contínua desse porte de equipamentos é reflexo da demanda criada pela complexidade da própria metrópole, proporcionando um cenário de constante adaptação da urbe para acomodá-los, exigindo novas dinâmicas. A discussão baseou-se nas fragilidades criadas por grandes equipamentos no estado de São Paulo e se direcionou aos aeroportos como protagonistas dos processos de ampla urbanização e transformação do espaço urbano. Desta forma, a análise da importância aeroportuária somada às condições da Bacia do Rio Tiete no Estado de São Paulo, impulsionou a discussão do trabalho para a região do triângulo urbano Sorocaba-Campinas-São Paulo. As ações do poder público implicam em mudanças que normalmente favorecem um cenário em macro escala (regional ou até mesmo internacional), porém quando em escala local percebe-se novas tensões, enfrentamentos e também novas possibilidades. Ou seja, para a metrópole, uma nova dinâmica, um projeto âncora e novas conexões; para os bairros, barreiras, tecido urbano fragmentado e divergências. Tendo em vista tais conflitos abordados, chegamos na área de estudo da região do Aeroporto de Cumbica, por se tratar de um equipamento que colocou a cidade Guarulhos em um patamar de grande relevância e foco para constantes investimentos em novas infraestruturas, fluxos, logísticas, etc., o que desencadeou novas e impactantes transformações urbanas e sócio espaciais para a cidade.
Imagem 1: Mapa da região metropolitana de São Paulo. Fonte: Equipe Arco Baquirivu, abril 2017.
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Devido a sua importância na escala regional, nacional e internacional, o grande equipamento instalado na cidade de Guarulhos, evidencia o direcionamento do capital para seu entorno, uma região que ecoa impactos de um tecido fragmentado localizado entre o equipamento e a franja da Serra da Cantareira, apresentando carências hídricas na Bacia do Baquirivu-Guaçu, e que sofre constante impacto de projetos ancoras como as obras do Rodoanel Norte e da expansão da linha 13, uma linha de trem metropolitano operada pela CPTM e composta por três estações (Brás, Engenheiro Goulart e Zezinho Magalhães-CECAP).
1.2 EVOLUÇÃO URBANA Historicamente os processos de deslocamento de pessoas no Brasil é impulsionado pela busca de trabalho. A população é atraída pelo acesso a educação, saúde e serviços básicos e a região de Guarulhos, principalmente a área Norte pela presença hídrica, não se diferencia desse padrão. Os primeiros povoados ocuparam a franja da porção serrana visando o potencial da região, economicamente importante. Segundo FERREIRA et al (2011), durante a maior parte do período colonial, o território foi explorado pela abundância em riquezas minerais no solo, especialmente no ciclo do ouro, o que atraiu os os primeiros povoados e iniciou um processo de expansão urbana nessa região. Essas atividades de mineração eram desenvolvidas principalmente nos vales e próximas aos cursos d’água. A agricultura e a pecuária estiveram presentes na história da cidade, porém nunca com a mesma força - principalmente pelas condições ruins do solo. Aproximadamente em 1600, há a abertura da Estrada Geral, uma Imagem 6: Mapa da região metropolitana de São Paulo. Fonte: Equipe Arco Baquirivu, abril 2017.
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importante via de conexão que partia do Rio Tietê e seguia rumo
que começou as operações em janeiro de 1985. A
ao Vale do Paraíba do Sul (provavelmente implantada seguindo o
transferência da Base Aérea Campo de Marte para
traçado de trilhas indígenas), cortando a região sul de Guarulhos.
Cumbica altera radicalmente a dinâmica da cidade,
Concomitantemente à abolição da escravatura e à vinda dos
retirando as indústrias da região central e desassociando-
primeiros imigrantes para o Brasil, no final século XIX, nasce em
as gradativamente do modal ferroviário. A presença
Guarulhos um novo ciclo econômico, baseado no tijolo, favorecido
militar se traduz na possibilidade de ocupação do espaço
pelas condições naturais do território e pela proximidade com a ca-
aéreo para transporte de cargas.
pital paulista. Nesse período, ocorre uma reestruturação da sociedade, não somente em decorrência da nova atividade econômica, mas também em razão das mudanças que aconteciam no cenário brasileiro, como a instalação das primeiras indústrias e do modelo assalariado de remuneração do trabalho. O eixo produtivo então, e consequentemente a população, se fixa ainda mais nas planícies dos rios Baquirivu-Guaçu, Tietê e Cabuçu de Cima, para melhor escoamento da produção e interligação com as demais cidades. (FERREIRA et al, 2011). De fato, Guarulhos vai despontar dentro do cenário paulista no início do século XX, com o ciclo industrial que advém dessa produção do tijolo. Esse processo começa em 1911, conforme destaca FERREIRA et al (2011), com a implantação da primeira indústria (uma olaria), e será alavancado pela vinda do Trem da Cantareira em 1915 - posteriormente incorporada à Rede Ferroviária Sorocabana - e pela Primeira e Segunda Guerras Mundiais, atraindo mais investimentos e mais pessoas para a região. A mancha urbana se consolida no atual centro histórico de Guarulhos, nas margens do Rio Tietê, e à beira da Estrada Geral e à linha ferroviária. A explosão demográfica e o expressivo crescimento indus-
Imagem 2: Ocupação Urbana em Guarulhos - 1958 Fonte: Plano Diretor de Drenagem - Diretrizes, Orientaçöes e Propostas, 2008
trial se dá entre as décadas de 1940 e 1980. Isso se deve à alguns fatores determinantes:
• Inauguração da Estrada Rio-São Paulo, atual Rodovia
• Instalação da Base Aérea de Cumbica, em janeiro de 1945, e, posteriormente, a construção do Aeroporto Internacional de São Paulo - Guarulhos (Cumbica),
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Presidente Dutra, em julho 1951, e da Rodovia Fernão Dias em 1961. Essas duas grandes estruturas viárias reafirmam a localização estratégica de Guarulhos, que pôde conectar-se mais rapidamente aos estados do Rio de
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Janeiro e de Minas Gerais, respectivamente, facilitando
mada a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), em 1973, na
a produção e o escoamento de produtos e mercadorias
qual Guarulhos é inserida. Esse fato indica a densidade da dinâ-
nesse triângulo produtivo (SP-RJ-MG).
mica existente já naquela época entre as 39 cidades paulistas da metrópole e enfatiza a importância, principalmente econômica, de
• Imigração e migração. Além da vinda dos imigrantes
Guarulhos nesse contexto. Outros dois marcos na história da cida-
europeus para o Brasil como mencionado anteriormente,
de são a Inauguração da Rodovia dos Trabalhadores, hoje Rodovia
a construção dessas grandes estruturas aeroportuárias
Ayrton Senna da Silva, em 1982, e a retificação do Rio Baquirivu
e rodoviárias incentivou a migração dentro do território
para a construção do Aeroporto. Ao longo dessas décadas de de-
nacional para o sudeste do país (principalmente
senvolvimento industrial, identifica-se uma tendência de ocupa-
nordeste). Todo esse incremento na população local
ção do leste do município, favorecida, obviamente, pelas grandes
significou um aumento da força de trabalho disponível
infraestruturas.
que foi rapidamente incorporada pela indústria e por essas grandes obras. Imagem 4: Ocupação Urbana em Guarulhos - 1977
Imagem 3: Ocupação Urbana em Guarulhos - 1969 Fonte: Plano Diretor de Drenagem - Diretrizes, Orientaçöes e Propostas, 2008
Fonte: Plano Diretor de Drenagem - Diretrizes, Orientaçöes e Propostas, 2008
É importante mencionar também que nesse período é for-
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A partir de 1990, em meio a política neoliberal e a intensifica-
IDH de 0,763. A cidade desponta com o 3º maior PIB da RMSP e
ção da globalização, a cidade se vê num momento de desacelera-
4º maior em relação ao Estado de São Paulo, num valor em torno
ção das atividades industriais e simultaneamente o setor terciário
de 49 bilhões de reais, sendo que o setor de serviços correspon-
passa a compor grande parte da economia do município. A falência
de a 50% de participação no PIB e o setor industrial, 20%. Ainda
de algumas empresas e a transferência de muitas indústrias para
assim, há grande desigualdade sócio espacial e muitos problemas
outras localidades, fez com que a cidade recebesse mais investi-
ambientais na cidade que são provenientes desse histórico de in-
mentos direcionados à comércio, serviços e negócios, embasa-
dustrialização acelerada e de crescimento desorganizado. Com os
dos na promessa de uma nova dinâmica econômica em função do
recentes projetos de expansão do Aeroporto Internacional GRU e
aeroporto e da abertura comercial. Com o centro consolidado, a
a construção do Rodoanel Norte, essa realidade fatalmente irá se
mancha urbana expande e adensa cada vez mais, principalmente
agravar, caso nenhum planejamento seja feito.
ao norte e leste do município.
Em vista do histórico e da evolução urbana de Guarulhos e retomando as discussões que orientaram a escolha do lugar, fica evidente a necessidade de estudar como se dá e como desenhar/
Imagem 5: Ocupação Urbana em Guarulhos - 2002
projetar a relação entre grandes equipamentos e infraestruturas, que atingem as escalas metropolitana, nacional e internacional, e as atividades e dinâmicas do lugar, considerando a escala do bairro, das pessoas e a especificidade do local; em outras palavras, a questão que se coloca é “Como as grandes relações dialogam com as pequenas relações?”. Nesse contexto, o primeiro movimento é de estudar e analisar a região envoltória ao aeroporto.
Fonte: Plano Diretor de Drenagem - Diretrizes, Orienta;Óes e Propostas, 2008
Atualmente, segundo pesquisa ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Guarulhos conta com uma população totalmente urbana de mais de 1,3 milhão de pessoas e possui um
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1.3 LEITURA TERRITORIAL: INTERPRETAÇÃO ESPACIAL E ESTATÍSTICA
1.3.1 OCUPAÇÃO X CONDIÇÕES AMBIENTAIS
Com o objetivo de elaborar uma escolha mais criteriosa da
As questões primordiais que organizam a dinâminca do mu-
área de intervenção na cidade de Guarulhos, a equipe optou por
nicípio de Guarulhos podem ser entendidas em síntese pelo mapa
partir de uma análise aprofundada com base em dados numéricos
Ambiental, no que se refere à interpretação conjunta da hipso-
percentuais (populacionais e socioeconômicos) e dados morfoló-
metria e da hidrografia. Assim, sobreposta ao dado de evolução
gicos contidos por análise espacial (territorial).
urbana (imagem 7) evidencia a existência de uma ampla área não
Sendo assim, iniciam-se as discussões a partir dos seguintes
ocupada ao norte da cidade.
dados:
Análise Espacial • Ocupação X Condições Ambientais • Sistemas de Transporte X Áreas Livre • Equipamentos X Investimento Municipal / Metropolitano Análise em Dados Numéricos Percentuais • Tipos de Solo • Contexto Urbano da Área de Intervenção • Meios de Transporte em Guarulhos • Dinâmica Trabalhista • Escolaridade • Saneamento Básico
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Imagem 7: Mapa de Evolução Urbana X Declividade Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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As manchas mais escuras sobre o tecido urbano revelam
lhos, constatou-se que quase metade de todo o grupo de pessoas
uma ocupação mais antiga na cidade. Nota-se que aos poucos o te-
intrevistadas pela equipe nem sequer conhecia o Rio Baquirivú, um
cido urbano se desenvolveu sempre vinculado à grande São Paulo,
dos corpos d’água mais importantes que desagua no Tietê, o que
principalmente na Zona Sudeste, onde localiza-se hoje o Centro
ressalta a negligência da gestão urbana em relação a valorização
Histórico do município, e às margens da Rodovia Presidente Dutra.
das questões ambientais do município de Guarulhos.
Independente de um zoneamento de Plano Diretor a ocupa-
Nas porções ao norte do município, onde o se tecido esma-
ção urbana está diretamente relacionada às questões morfológi-
ga entre o aeroporto e a serra da cantareira, nota-se também que
cas do território, considerando a presença da Serra da Cantareira
1% da ocupação se situa em áreas de preservação ambiental, ou
e das elevadas declividades incapazes de serem urbanizadas ao
zonas protegidas em virtude de legislação ambiental; enquanto
norte do município.
aproximadamente 4% da ocupação está situada em áreas não-
Nas vastas regiões de planície e às margens dos corpos
-urbanizadas, ou seja, áreas desprovidas de redes de água, esgoto,
d’água nota-se que o solo é composto essencialmente por aluviões
luz, asfaltamento ou qualquer tipo de rede que esteja vinculada à
fluviais, que existem em decorrência das inundações constantes
questões de um Plano Diretor de Urbanização.
no território, pontuando áreas de risco para ocupação por mais de um terço (39,8%) de toda a extensão do município (gráfico 1).
Por fim, este dado conclui que apenas 36% dessa análise de Contexto Urbano (gráfico 2) apresenta um tecido urbano consolidado de maneira adequada, em regiões seguras e abastecidas por infraestrutura de qualidade.
Gráfico 1: Tipos de Solo Fonte: Plano Diretor de Drenagem de Guarulhos, 2008
Vale lembrar que, conforme dados obtidos pelo contato com uma pequena parte da população residente na cidade de Guaru-
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Gráfico 2: Contexto Urbano da Área de Intervenção Fonte: Análise da Equipe sobre dados espaciais do WebGeo
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Imagem 8: Mapa de Ocupação Urbana X Mobilidade da cidade de Guarulhos. Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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1.3.2 SISTEMAS DE TRANSPORTE X ÁREAS LIVRES
Conforme constatado pela equipe, as conexões interbairros principalmente ao norte do município são escassas e carentes em infraestrutura (asfaltamento, pavimentação, iluminação), em tra-
Outro dado importante a ser examinado é a conformação
jetos superiores a 500m (o que inviabiliza a locomoção peatonal)
do sistema de transporte do município em relação às áreas de
onde não há quaisquer equipamentos lindeiros à via. Isso reforça
ocupação urbana (imagem 8). Neste mapa, a equipe optou por re-
ainda mais o caráter de insegurança de uma cidade que não foi feita
presentar as vias consolidadas em linhas cheias e os projetos de
para pedestres, uma vez que os únicos meios de locomoção aptos
intervenção viária em um traço segmentado. Vale lembrar que a
a realizar esse tipo de transposição são os veículos automotivos.
linha tracejada preta representa o rodoanel e a conexão direta ao
Ao trazer à tona um dado de meios de transporte no municí-
Aeroporto Internacional de Cumbica, e a linha vermelha pontilhada
pio de Guarulhos observa-se que, não por um acaso, os mais utiliza-
representa o trajeto da Linha 13 da CPTM, Jade, com suas estações
dos pelos transeuntes em seu dia-a-dia é diretamente proporcio-
devidamente pontuadas.
nal à agrangência das redes transporte existentes no meio urbano.
Ao analisar este mapa retomando brevemente as questões ambientais, é possível perceber de maneira geral, que as áreas livres são provenientes de regiões onde a ocupação é impossibilitada em função das condições ambientais, seja pela dificuldade de instalação nas regiões mais acidentadas do terreno, ou pela busca por uma moradia mais afastada das áreas de várzea dos corpos d’água, onde acontecem as maiores inundações. Em contrapartida, a grande parte da população que não possui renda suficiente para arcar com os custos de uma boa moradia em área estável e regular acaba se consolidando em áreas de risco, de modo a dar forma a favelas sobre morros e ocupações sem planejamento em áreas de várzea. Por conta disso, a ocupação urbana que se estende pelo território de Guarulhos é um resultado da interlocução entre os contrastes socioeconômicos e a morfologia do território que divide
Gráfico 3: Dinâmica Trabalhista Fonte: Pesquisa realizada pela equipe com os moradores do município
o tecido em breves fragmentos desconexos delimitando bairros, guetos, resíduos ou favelas, por onde as conformações de cada fragmento são completamente distintas umas das outras.
Visto que cada quadra presente no tecido urbano é delimitada em função de um desenho viário automotivo, fica clara a razão pela qual o modal automotivo representa mais de 80% de todos outros os meios de transporte.
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A Linha 13 da CPTM ainda não está consolidada para o uso. Deste modo, a pequena parcela da população que utiliza o trans-
conformação urbana do município frente às questões exportação para a geração do capital.
porte coletivo ferroviário está vinculada aos 31,9% da população
O cenário em que se enquadra a cidade de Guarulhos revela
que trabalha ou estuda na capital metropolitana (gráfico 3), utili-
a lógica de que a cidade tem seus interesses voltados, generaliza-
zando as linhas de metrô que partem da Estação Tucuruvi (estação
damente, para fora de si mesma. Isso significa que, em virtude das
de metrô mais próxima a Guarullhos) configurando, assim, o que se
características principais da sua localização – da proximidade ao
conhece por movimento pendular.
fazer fronteira com a Grande São Paulo; da presença da Via Dutra
Mesmo que maioria da população transite por transporte
que cruza toda a extensão sudoeste-leste levando ao Estado do
coletivo rodoviário, constata-se que são poucas as regiões abas-
Rio de Janeiro; da presença do Aeroporto Internacional de Cum-
tecidas por linhas de ônibus ao norte do Aeroporto Internacional
bica, situado ao centro da cidade; da futura conexão com a cidade
de Cumbica, uma vez que o terreno é mais acidentado. Entretanto,
de São Paulo pela Linha 13 da CPTM que tornará ainda mais forte
esta é justamente a região onde mora a população mais carente –
o vínculo com a Capital Metropolitana; e da futura consolidação
onde há a maior necessidade de acesso a este meio de transporte.
do Trecho Norte do Rodoanel que tornará ainda mais imediata a
Visto que a população que mora nestes morros ao norte mui-
conexão com Região Metropolitana de São Paulo – a cidade está
tas vezes não têm condições sequer para pagar por um transporte
sempre produzindo bens para serem exportados, e recebendo pro-
público diário, os meios de transporte menos utilizados, e mais re-
duções para serem distribuídas “Guarulhos-adentro”. Sendo assim, o mapa de equipamentos urbanos é de extre-
quisitados são o peatonal e o cicloviário. Percebe-se, ainda, que as vias de transporte acontecem
ma relevância para a compreensão da dinâmica de interesses de
quase sempre em função do automóvel, desprezando a acessibi-
investimentos da Prefeitura de Guarulhos para com o território e
lidade ao pedestre. Sendo assim, falta infraestrutura de qualida-
a comunidade.
de e equipamentos que movimentam os fluxos e interações entre
Graficamente, os ícones em vermelho representam hospi-
pedestres ao longo dos calçamentos, que tornam o trajeto menos
tais, em amarelo representam as escolas, em laranja as universida-
apreensivo para este modal.
des e em roxo as indústrias. Ao interpretarmos as dinâmicas territoriais a partir dos aglomerados de equipamentos, fica explícita a presença de uma concentração de indústrias principalmente entre
1.3.3 EQUIPAMENTOS X INVESTIMENTO MUNICIPAL / METROPOLITANO
a Rodovia Ayrton Senna, a Rodovia Presidente Dutra e o Aeroporto Internacional, onde o escoamento da produção acontece de forma mais direta evitando cruzar os bairros nas regiões mais centrais à
Ao trazer à tona o mapa de equipamentos urbanos (imagem
cidade.
9), pontuando suas devidas localizações e categorias, faz-se uma leitura do território conforme a distribuição de equipamentos e o entendimento de suas diversas escalas, a fim de compreender a
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Imagem 9: Equipamentos Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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Na análise de dados de Escolaridade (gráfico 4), em conjun-
(gráfico 5), que diz respeito ao tratamento de esgoto e as redes de
to com a distribuição dos equipamentos educacionais fica claro o
canalização subterrânea dos dejetos desde os estabelecimentos
descaso da gestão da prefeitura para com investimentos munici-
até suas respectivas estações de tratamento
pais que atendam à população residente em Guarulhos, uma vez que quase um quarto (17,4%) da população não possui o mínimo de instrução para conseguir um emprego digno.
Gráfico 4: Escolaridade Fonte: Censo 2010
Gráfico 5: Saneamento Básico Fonte: GuarulhosWeb
Desse modo, a grande quantidade de indústrias presentes
Conforme afirmado pelo SAAE (2012), 25% de todas as áreas
no território não é capaz de oferecer um emprego de qualidade a
ocupadas no tecido urbano de Guarulhos não possui infraestrutura
quase um terço da população guarulhense, reforçando ainda mais
para a coleta e tratamento de esgoto, tornando explícita a existên-
os contrastes sociais e o desvio de investimentos da escala muni-
cia de esgoto à céu aberto, córregos e solos contaminados pelos
cipal para a metropolitana.
dejetos que alcançam corpos d’água e lençóis freáticos.
Outro dado importante que revela a falta de um investi-
Além disso vale acrescentar, segundo dados do SAAE (2012),
mento fundamental ao município é o dado de Saneamento Básico
que de toda a poluição existente no Rio Tietê, pelo menos 4% pro-
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vem do esgoto carregado pelos afluentes de Guarulhos, com des-
1.4 ESTRUTURAS E SÍNTESES
taque à bacia do Baquirivu-Guaçu, cuja extensão representa 50% do município. Contraditoriamente, a gestão administrativa da Prefeitura
A partir do levantamento estudado da cidade de Guarulhos,
de Guarulhos age de maneira negativa, não apenas para com a po-
uma área envoltória ao Aeroporto de Cumbica foi, então, profun-
pulação residente negligenciando as questões mais urgentes mu-
damente analisada. Este estudo se fez com base em três estrutu-
nicipais a serem tratadas, como também denegrindo a imagem da
ras primordiais à cidade: ambiental, urbana e socioeconômica.
cidade no contexto da Região Metropolitana de São Paulo, situan-
Primeiramente, a estrutura ambiental da área foi estudada,
do Guarulhos apenas como uma “Cidade de Passagem”, e não uma
entendendo todo o sistema hídrico - com suas bacias e áreas de
cidade de estar, de moradia, de qualidade de vida. Resultando
drenagem e várzea; o sistema de vegetação- mapeando diferentes
em dados alarmantes de precariedade em todo o município, prin-
tipos; e o relevo – comtemplado pontos críticas em relação a decli-
cipalmente na área envoltória ao aeroporto, como constatado nos
vidade e erosão. (Imagem 10) A segunda estrutura analisada foi a de transporte urbano,
dados citados.
em que as vias, linhas de ônibus e terminais existentes foram estudados, assim como as novas propostas de transporte: alça norte do rodoanel e sua conexão com o aeroporto, e a nova linha 13 da CPTM que contornará o aeroporto. (Imagem 11) E por fim, uma estrutura socioeconômica também foi analisada, considerando dados do Censo de 2010 do IBGE e principalmente o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social para a área, que por si só já engloba diferentes variáveis que complementam o estudo. (Imagem 12)
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Mapa 1: Relações Ambientais e Hídricas no Entorno do Aeroporto Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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Mapa 2: Relações Viárias Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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Mapa 3: Relações Viárias Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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Mapa 4: Unidades de Paisagem Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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• U1 VERDE: Área com índice de vulnerabilidade menor, malha
• U6 LARANJA: Grande área de vulnerabilidade alta, muito
urbana características de área mais consolidada. Por ser
próxima ao aeroporto, porém não há relação com o mesmo,
mais próxima ao centro da cidade, é também uma área com
por ser na parte leste é bem desconexa da cidade, pois não tem
maior densidade habitacional e com grandes equipamentos e
fácil acesso à eixos estruturadores longitudinais da cidade
infraestrutura instalados, principalmente de transporte, com as
(como a rodovia e avenidas). Além disso, não há muito potencial
novas estações da CPTM e terminais de ônibus. Poucas áreas
industrial de apoio na área pois não tem acesso à rodovia, parte
livres e verdes, de campo ou capoeira locadas dentro da malhar
leste do aeroporto. Há grande ausência de equipamentos
urbana.
urbanos, precisa de suporte de bairros vizinhos.
• U2 ROXA: Área de característica industrial, de grandes galpões
• U7 CINZA: Pequena área de vulnerabilidade um pouco mais
de apoio ao aeroporto, devido ao fácil acesso a Rodovia
baixa, pois não possui muitas áreas de alagamento e várzea do
Presidente Dutra. A contradição seria de que as novas grandes
rio, mesmo tendo poucas áreas vazias e com vegetação. Possui
infraestruturas de transporte (terminais e estações de CPTM)
topografia mais plana, com área de alagamento menor, e com
foram projetadas para uma área aonde há mais indústrias que
fácil acesso a vias estruturadoras dos lados oeste-leste da
usuários. As altas densidades estão localizadas em outras
cidade. E também, é a área de parada de uma próxima estação
porções da cidade.
da CPTM e chegada da alça do rodoanel ao aeroporto.
• U3 AMARELA: Alta vulnerabilidade social, distante e divida do
• U8 VERMELHA: Grande área da cidade, com vulnerabilidade
restante da cidade primeiramente pela rodovia, e em seguida
muito alta, estrangulada ao mesmo tempo pela serra e pelo
pelo aeroporto e acesso na transversal. Consequentemente,
aeroporto. Grandes porções verdes e vazias do território,
isolada de infraestruturas e equipamentos urbanos.
possui grandes áreas de alagamento do rio Baquirivu e
• U4 AZUL: Área de baixa vulnerabilidade, como consequência
seus córregos, ao mesmo tempo que possui uma topografia
da baixa densidade do local. A divisa com o aeroporto e a
acentuada da chegada da serra junto com a área de várzea
proximidade com a rodovia trazem um potencial de área de
do rio. Isso tudo ao mesmo tempo em que manchas urbanas
apoio do aeroporto, porém com característica de cargas, pois o
estão acontecendo, e tendem a continuar crescendo. A
acesso de passageiros é nulo.
consequências são grandes áreas urbanas pouco consolidadas,
• U5 MARROM: Pequena área de adensamento populacional,
localizadas em grandes áreas de várzeas de um rio modificado
vulnerabilidade um pouco mais baixa, não sofre consequências
(quando a construção do aeroporto, o percurso do rio foi
do relevo e hidrografia. Mesmo sendo próxima a rodovia e do
alterado) e encostas de morros ao pé da serra, ou seja, áreas
aeroporto e longe do centro, é uma área que está localizada na
de riscos.
parte norte da Rodovia e voltada para outros bairros maiores da zona leste de G uarulhos, como Bom Sucesso, tendo assim aceso facilitado à equipamentos de saúde e educacional.
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Com esse diagnóstico percebemos que há grandes problemáticas enfrentadas na área 8 (mancha avermelhada), pois é uma porção grande do território da cidade, sendo estrangulada pela Serra da Cantareira e o aeroporto de Cumbica. Além disso, a geografia do lugar é intrigante, pois ao pé da serra há muitas áreas de relevo acentuado que conflitam com uma grande área de várzea do Rio Baquirivu e seus córregos (Área também onde está localizado o aeroporto), consequentemente o local enfrenta sérios problemas de alagamento. Tudo isso, ao mesmo tempo em que aglomerados urbanos crescem, e tendem a continuar crescendo, principalmente com os planos de infraestrutura de transporte já propostos para o local – Linha 13 CPTM. Assim, essa área possui alta vulnerabilidade, população localizadas em áreas de risco (alagáveis e/ou morros). Além disso, uma grande infraestrutura de transporte de veículos, o Rodoanel, se encontra em obras ao norte do território beirando a Serra e com uma proposta de alça conectora ao aeroporto, cortando transversalmente a área. Porém, é uma área com grandes potenciais, pois consegue conectar-se com os “gomos” urbanos oeste- leste da cidade, há planos de passagem de grande infraestrutura de transporte e é voltada para os terminais do aeroporto de maior fluxo de passageiros e de trabalhadores, pelo acesso da via marginal a rio Baquirivu. Dessa forma, um recorte dentro dessa área 8 foi escolhido como área para o Plano do Arco Baquirivu, recorte que não é limitador, mas transformador em seus princípios e estratégias, que veio de uma compreensão de dinâmicas de um todo maior – sem nunca perder a relação com ele. Entendemos esse recorte como potencial transformador em diferentes escalas, locais, municipais e regionais, exatamente por conter questões recorrentes nessas três diferentes escalas.
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0 2/ plano
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2.1 DIRETRIZES PARA O PLANO URBANÍSTICO
Para isso, fez-se necessária uma revisão do sistema viário como um todo. Primeiramente, o reposicionamento e reestruturação da Rua Jamil João Zarif, que é responsável pela conexão in-
O recorte escolhido como área para o Plano do Arco Baquiri-
terbairros ao norte do Aeroporto Internacional e onde existe uma
vu é determinado pelo espaço entre os Córregos Capão da Sombra
intensa dinâmica urbana, objetivando resgatar as margens do rio e
e Água Suja, porém que não se limita a esta região, pois transfor-
fortalecer esse eixo viário em seu contexto. Em relação ao Rodoa-
ma seu entorno de acordo com seus princípios e estratégias, as-
nel Norte, o plano prevê reflorestamento nas suas margens, tanto
sumindo uma compreensão de dinâmicas de um todo maior – sem
como medida mitigadora dos impactos ambientais quanto como
nunca perder a relação com ele. Entendemos esse recorte como
barreira física e sonora; também redesenha o final da alça rodo-
potencial transformador em diferentes escalas, locais, municipais
viária para o leste do aeroporto, associando a uma área de carga,
e regionais, exatamente por conter questões recorrentes nessas
descarga e canteiro do próprio aeroporto.
escalas. Tendo em vista que esse território sofre com enchentes e alagamentos ocasionados pela falta de um sistema eficaz de drenagem e pela ocupação nas margens de um rio retificado, o Rio Baquirivu-Guaçu, o plano parte da necessidade de contenção e drenagem das águas. A criação de um sistema de áreas livres verdes, junto ao rio e seus afluentes, e de bacias de retenção permite então DEVOLVER A VÁRZEA, solucionar essas problemáticas e reintroduzir o rio no contexto da Cidade de Guarulhos.
Foto 2: Construção do Rodoanel Norte e seu impacto na malha urbana (atualmente) Fonte: Google Earth, abril 2017
Essa reestruturação viária estende-se para os bairros que se encontram entre os córregos Capão da Sombra e Água Suja através de uma ligação direta com a via Jamil J. Zarif que conecte essa região à ela, proporcionando não somente a melhoria da circulação como também que a vida urbana se estenda para aquelas pessoas. Foto 1: Vista Aérea Av. Jamil João Zarif (atualmente)
As vias existentes são adequadas para receber e complementar
Fonte: Google Earth, 2017
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esse novo sistema que conta com transporte público, ciclovia e
tentes sejam fortalecidos e que novos eixos sejam criados, princi-
equipamentos adequados à escala do lugar e, ao longo deste novo
palmente nas transversais, interligando os bairros entre si e com o
eixo é prevista uma DESACELERAÇÃO do fluxo, na busca pelo de-
restante da cidade.
senho das bordas da cidade.
Em linhas gerais, a CONEXÃO entre as partes existentes e
Como meio de incentivar as atividades econômicas locais
as propostas do plano é garantida pela integração e articulação
e a apropriação dos recursos disponíveis no território, pontuam-
de todos os diferentes sistemas, possibilitada grandemente pela
-se áreas de plantio, todas próximas à cursos d’água, associadas a
mobilidade urbana, que permite uma conexão interbairros, antes
criação de uma cooperativa que organiza a produção e a distribui
inexistente.
para os moradores. Dessa maneira, o lugar ganha uma dimensão de ESPAÇOS PRODUTIVOS ainda maior do que já tem.
Por fim, tem-se um plano urbanístico que, com todas as diretrizes e propostas levantadas, propõe um sistema de áreas potenciais que têm o intuito de criar uma identidade local e reestruturar a vida daquele lugar, relacionando-o com seu contexto físico, ao restante da cidade e equipamentos.
Foto 3: Pequeno produtor na área estudada (atualmente) Fonte: Google Earth, 2017
As TRANSPOSIÇÕES são presentes em todo o plano; em relação ao sistema hídrico, não somente as margens são restabelecidas, como também a interação entre os rios e a população, deixando de ser uma barreira às atividades humanas; em relação ao suporte biofísico, o relevo é sempre priorizado para que o planejamento se aproprie do lugar como partido, para retirar dele seu melhor; e em relação à malha urbana, propicia que os eixos exis-
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devolvendo a várzea 29
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desaceleração Arco Baquirivu - TFG 2017 | Orientador: Claudio Manetti
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conexão 33
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transversalidade 35
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espaços produtivos Arco Baquirivu - TFG 2017 | Orientador: Claudio Manetti
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2.2 DIRETRIZES PARA O PLANO URBANÍSTICO 2.2.1 LEITURA PRELIMINAR: MAPA CONCEITUAL DE ZONAS DE FORÇAS
O plano urbanístico se baseia na interpretação de dife-
rentes escalas que o território apresenta, resultando nas demandas existentes que contemplam diversas abrangências projetuais. Barreiras físicas e ambientais, tais como a Serra da Cantareira, o Rodoanel e o Aeroporto de Cumbica delimitam uma mancha urbana e projetam sobre esta, uma força que anseia por um desenho das bordas da cidade. Tendo em vista tais relações e conflitos, desenvolveu-se um mapa conceitual com zonas de forças, as quais foi estabelecido manchas destinadas à áreas de preservação, áreas de reflorestamento margeando o rodoanel a fim de afirmar a infraestrutura como barreira e apenas fazer com que o maciço seja uma barreira física, visual e sonora; assim como manchas de adensamento, e manchas de conflito entre malha urbana e áreas de preservação. Além disso, o mapa abrange forças no sentido transversal, as quais estabelecem forças regionais, na região próxima ao aeroporto, forças municipais, na área mais adentro do bairro, e forças locais, com o desenho de bordas da cidade.
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Mapa 5: Mapa de zona de forças Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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2.2.2 PROPOSTA PARA REESTRUTURAÇÃO AMBIENTAL Segundo análises realizadas, viu-se que a população tem uma carência de áreas verdes qualificadas, problemas de enchen-
conta com uma mata de proteção para o Rio Baquirivu e seus córregos, bacias de drenagem e equipamentos de uso público.
tes e poluição (visual, sonora, nos rios, matas e nas ruas) e não exis-
A reserva hídrica é caracterizada por uma grande bacia de
te uma boa relação do homem com o Rio Baquirivu e seus afluen-
retenção que detêm a água do rio de acordo com as cotas de ní-
tes. As Enchentes acontecem na sua maioria lugares de cotas mais
veis ali presente. A bacia possui duas barragens e supre a vazão de
baixas, próximo ao Rio Baquirivu e o Aeroporto Internacional. As
cheia do Rio Baquirivu e do Córrego da Água Suja, além de contem-
chuvas resultam em áreas de alagamento, prejudiciais à grande
plar uma área plana onde já há alagamento naturalmente. Eventu-
parte da população. Como principal diretriz do plano, tem-se a ne-
almente, em épocas de seca, a reserva não permanece cheia e pode
cessidade de respeitar o curso natural das águas, recuperando a
ser usado de outra maneira pela população.
relação população – rio, desta forma a intervenção conta com um
O pensamento de preservação continua pelos eixos do cór-
espaço próprio para o alagamento que auxilia na requalificação
rego da Água Suja e o Córrego Capão da Sombra, que marcam a
dos espaços verdes existentes, fazendo com que os alagamentos
transposição vertical entre as barreiras físicas do Aeroporto Inter-
aconteçam em lugares próprios, sem colocar em risco a população,
nacional e a Serra da Cantareira, para a população local. A configu-
além de voltar os olhares para o rio e gerar uma integração do ho-
ração constituída no plano para os espaços entre esses dois eixos
mem com a natureza.
hídricos, pode ser repetido por diversas vezes nas regiões envoltórias do aeroporto. E assim, o convívio da população com o a água é
A: Áreas de Reserva Hídrica e Ambiental
mais presente e agradável, e consequentemente o cuidado com ele e com a natureza em um geral, intensifica.
Atualmente o Rio Baquirivu conserva uma pequena faixa de mata ciliar que permanece em constante degradação por conta da proximidade com a área urbana. Por esta razão, o afastamento da Rua Jamil João Zarif por quase 400 metros (respeitando seu caráter comercial), cria uma nova área de reserva hídrica e ambiental, que respeita as necessidades natural de alagamento da área e determina, desta maneira, as dimensões da reserva. A reserva também marca uma importante transição entre o aeroporto e a cidade, ligação importante que integra de maneira sutil Guarulhos ao Aeroporto Internacional de Cumbica, da mesma maneira que conecta o bairro local às vias de importância regional. Esta área de reserva
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Mapa 6: Reserva Hídrica na Área Estudada Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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B: “Braços” de Reserva Ambiental
D: Áreas Produtivas
No percurso do Córregos Água Suja e Capão da sombra o
O recorte marcado pelos Córregos Capão da Sombra e Água
pensamento de privilegiar os córregos é o mesmo, configurando
Suja possui vazios urbanos com vegetação do tipo capoeira, que
novas áreas de lazer que possibilitam a conexão de maneira mais
permite o uso para a agricultura, além de ser fértil pela presença
plana até a área Norte do recorte. Algumas famílias em área de ris-
hídrica nas proximidades. Desta forma, designou-se áreas para
co são realocadas para que haja a ampliação da margem de mata
plantio local da população como uma forma de criar um caráter
ciliar, e o convívio da pessoa com o córrego prevalece, beneficiando
mais independente do bairro para com o município, considerando
a população e o percurso natural hídrico. Esses eixos estabelecem
o já existente isolamento desta região pelas barreiras físicas am-
uma transposição transversal também como forma de retomar a
bientais, e de grandes equipamentos. O incentivo à produção e co-
presença desta área para o município de Guarulhos e por isso, os
mércio de pequeno porte criaria uma conexão da população com
“braços” ajudam a levar o desenvolvimento até os pés da serra da
o local e desenvolveria um senso ainda maior de pertencimento a
Cantareira e Rodoanel Norte, de maneira que vai se desacelerando
área. O plano destina as novas áreas próximas às reservas hídricas
a ocupação, garantindo preservação ambiental.
e ambientais para os novos plantios.
C: Reflorestamento Rodoanel O Rodoanel é um grande equipamento que passará ao Norte da área de intervenção, próximo a serra da Cantareira, ele por sua vez passa adjunto de algumas habitações além de causar uma poluição visual e sonora no seu entorno. Pensando em ter uma contenção da expansão urbana para além do Rodoanel e melhorar a poluição, foi designado uma faixa de reflorestamento, feito com uma mata densa que percorre a toda a margem do Rodoanel, o que enfatiza ainda mais a desaceleração.
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Mapa 7: Reservada Ambiental na Área Estudada Fonte: Mapa elaborado pela equipe, abril 2017
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2.2.3 PROPOSTA PARA REESTRUTURAÇÃO VIÁRIA O Plano Urbanístico Arco Baquirivu pode ser compreendido através de algumas intervenções de destaque no território. Uma delas diz respeito ao sistema viário. Atualmente, a área de estudo da equipe encontra-se com um traçado descontínuo e desconexo, o que sobrecarrega as grandes avenidas e não supre a demanda por mobilidade da população ali residente; a conexão entre bairros também é escassa, em grande parte devido à topografia do lugar. Também nota-se um potencial de diversificação do modal de transporte a partir de dados e observações constatados em visita técnica. Foi do entendimento da equipe que a área necessita de uma reformulação do tecido existente para gerar fluidez, dinamicidade e integração, tanto para o bairro quanto para os bairros adjacentes, abrangendo desde escalas regionais, municipais até locais.
A: Rodoanel O Rodoanel Norte, uma das barreiras mais evidentes da área, é uma via de classe zero, ou seja, não pode haver nenhum acesso direto a ele, a não ser por algumas rodovias específicas. Nesse trecho em particular, o projeto do Rodoanel prevê uma alça de acesso direto para o Aeroporto Internacional de Guarulhos. A partir desse princípio o plano compreende este caráter isolado e o enfatiza criando uma faixa de reflorestamento ao longo de seu trajeto. Também é um movimento importante da proposta o redesenho a alça do Rodoanel especialmente no seu trecho final em que deve se conectar com o viário interno do Aeroporto; neste ponto contorna-se a malha urbana levando esta via para uma área ociosa dentro do Aeroporto e designando para ela um caráter exclusivo de escoamento de produtos e mercadorias.
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B: Linha 13 -Jade / CPTM
sua várzea; os alagamentos e enchentes que ocorrem atualmente nessa via e nas suas imediações, devido à retificação e à um mal
Com o projeto existente e em contrução da CPTM para
planejamento da drenagem; e da necessidade de aproximar essa
a linha 13-Jade, que fará a conexão da cidade de São Paulo com o
via do tecido urbano existente. Ainda sobre a realocação, esse
Aeroporto Internacional de Guarulhos, a área de estudo seria mui-
movimento assume a barreira existente entre o Aeroporto e a ci-
to favorecida pela presença de uma estação como essa. De acordo
dade criando entre eles uma faixa de transição. O redesenho, por
com os dados da própria CPTM, uma estação no bairro de Taboão
sua vez, refere-se à potencialização do fluxo e dos usos dessa via
está prevista, estação Jardim dos Eucaliptos, entre a estação do
e à adequação do seu traçado com a topografia. Dessa maneira, a
Aeroporto e a estação no bairro São João. O Plano Arco Baquiri-
reestruturação desse eixo longitudinal garante que a cidade seja
vu prevê que essa estação seja realocada, de maneira que sejam
servida devidamente e que suas partes estejam interligadas.
beneficiados tanto o transporte pela localização privilegiada em
A análise do território possibilitou também localizar vias
relação ao Aeroporto (estando de frente para os terminais 2 e 3
coletoras, como por exemplo a Estrada do Elenco, e locais de mais
para passageiros), quanto a população pela possibilidade de fazer
importância e de maior fluxo para a proposição de uma reestrutu-
viagens mais rápidas até a capital ou mesmo para outros pontos
ração desses eixos longitudinais e transversais, como forma de
de Guarulhos. É importante mencionar que a linha 13-Jade possui
melhorar as condições de tráfego e de não sobrecarregar o siste-
trajeto elevado e esse caráter é mantido, tirando partido dele, em
ma viário principal (que hoje, é a única alternativa da população).
toda sua extensão dentro do Plano Arco Baquirivu.
O Plano Arco Baquirivu faz um grande movimento ao criar uma via coletora respeitando o relevo nomeada de Avenida Baquirivu-
C: Vias Estruturadoras
-Guaçu que faz a ligação entre a via Jamil João Zarif e a Estrada do Elenco, sendo a principal porta de entrada para a nova urbanização
A rua Jamil João Zarif é atualmente a principal via que co-
proposta e distribuindo os fluxos a partir dela para o interior dos
necta os bairros, sendo uma das únicas vias que faz a interligação
bairros. Vale comentar que algumas vias locais são alargadas, tam-
entre o centro de Guarulhos e o norte e o leste do município. Por
bém nesse sentido de melhorar a mobilidade e a interligação entre
isso é comum ter um tráfego intenso de carros, ônibus e pedestres,
bairros.
e por estar junto ao Rio Baquirivu é sempre afetada por enchentes em dias de chuva forte ou nos períodos de cheia. Assim, o primeiro movimento é fundamental para o desenvolvimento do Plano Arco Baquirivú, e se dá na realocação e no redesenho dessa via estrutural, mantendo seu caráter de uso comercial e misto e sua importância para a cidade. A realocação da via refere-se à questão ambiental que se coloca sobre esse território: a retificação do Rio Baquirivu, desconsiderando suas margens e
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Mapa 8: Proposta para nova estação do CPTM na linha 13, Jade Fonte: Mapa elaborado pela equipe, maio 2017
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D: Ônibus Em relação ao transporte público, depois de analisada a situação atual e considerando as intervenções propostas, optou-se por manter as linhas existentes - sendo elas quatro que circulam regularmente e mais duas que circulam em horários de pico - e expandir o trajeto e capacidade delas, como forma de atender não somente a demanda atual como também a futura que está sendo criada pelo Plano, além de garantir uma maior interligação entre os bairros, tanto entre si como com o restante da cidade. Na via Jamil João Zarif é criado um corredor de ônibus e uma parada estruturadora chama de Ponto de Apoio Modal, na qual permite comportar os diversos fluxos e facilitar a baldeação entre as linhas.
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Mapa 9: Proposta para novas linhas de ônibus Fonte: Mapa elaborado pela equipe, maio 2017
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E.
Ciclovia
Para incentivar o uso de bicicletas como um meio de transporte, principalmente para aqueles que não podem pagar diariamente pelo transporte público, a ciclovia é contemplada na proposta como um modal complementar na reestruturação do sistema viário. Seu trajeto é “periférico”, pois se dá nas bordas do recorte de estudo, acompanhando os cursos d’água e criando esses eixos transversais de comunicação entre o desfecho da cidade, aproximando-se da Serra da Cantareira, e a faixa de caráter metropolitano, próximo ao Aeroporto. Conta também com algumas conexões longitudinais, acompanhando vias importantes nos bairros, como por exemplo a Estrada do Elenco e a própria Jamil J. Zarif. É dessa associação entre o transporte público e a ciclovia e da priorização do pedestre que surge o Ponto de Apoio Integrado, ou PAI, que seria um espaço com mobiliário específico para atender aos usuários de ônibus, ciclistas e pedestres.
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Mapa 10: Proposta para rede cicloviária Fonte: Mapa elaborado pela equipe, maio 2017
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2.2.4 PLANO DE ZONEAMENTO Os usos foram setorizados considerando-se o sistema viário como estruturador, e desta forma o adensamento populacional se relaciona ao potencial de mobilidade urbana de cada área, levando em consideração em qual escala se está inserido. Desta maneira, as áreas a margem das vias coletoras, ou seja, com maior trânsito de pessoas, destinam-se ao uso predominantemente misto, sendo a mais adensada com média de 400 hab./ha. Em contraposição, a região mais interna do bairro, possui um uso preferencialmente residencial, possuindo assim um menor adensamento, de algo no entorno de 200 hab./ha. A área adjacente as vias principais, como a Av. Jamil João Zarif, permaneceu com suas características comerciais, pois possui importância municipal e se estende até o centro.
Foto 4: Avenida Jamil João Zarif - Atualmente Fonte: Acervo Equipe, março 2017
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Mapa 11: Plano de Zonemaneto Fonte: Mapa elaborado pela equipe, maio 2017 Arco Baquirivu - TFG 2017 | Orientador: Claudio Manetti
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2.2.5 ÁREAS DE REALOCAÇÃO Em função da reestruturação viária e da segurança, saúde e bem-estar da população, o plano prevê que algumas comunidades sejam removidas e realocadas dentro da área destinada à habitação da proposta. O recorte possui duas faixas principais de remoção, a primeira ao longo do Córrego Água Suja, e a segunda na Favela das Malvinas. No total, são aproximadamente 1.140 famílias, o que dá algo em torno de 4.560 pessoas a serem realocadas, e que hoje encontram-se ocupando regiões cuja topografia é acidentada, ou lugares que correspondem à várzea do Rio Baquirivu, com alagamentos frequentes mesmo nas margens de córregos. Faz-se necessário que essas pessoas sejam devidamente contempladas dentro da proposta por um planejamento estratégico de remanejo e realocação, retirando-as de áreas de risco e fornecendo a elas áreas propícias para habitação, ao mesmo tempo preservando os recursos hídricos e o suporte biofísico dessa região estudada. Foto 5: Exemplo Situação Precária Atual
Fonte: Google Street, fevereiro 2017
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Mapa 12: Área de realocação proposta Fonte: Mapa elaborado pela equipe, maio 2017 Arco Baquirivu - TFG 2017 | Orientador: Claudio Manetti
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2.3 CONFLITOS ENTRE ESCALAS: PONTOS DE FORÇA
identidade local já construída. 3. A faixa mais ao norte, ao pé da Serra da Cantareira, possui caráter local, de forma que se enfatize a fixação dos moradores
A essência deste plano urbanístico se estabelece principal-
e afinidade dos moradores para com seu próprio bairro, finalizando
mente entre as relações de escala. Em macro escala predomina-se
uma desaceleração do tecido urbano até a nova área de refloresta-
uma transposição longitudinal, na qual compreende-se as fragilida-
mento abaixo do novo Rodoanel, evitando a ocupação irregular no
des do recorte para com o município de Guarulhos, e consequente-
local.
mente, a região metropolitana de São Paulo. Enquanto em micro-
Dentro dessas faixas constatou-se, como resultado da lei-
escala, o trecho limitado pelos Córregos Capão da Sombra e Água
tura, nós que funcionam como pontos de forças nas confluências
Suja permanece estrangulado por barreiras físicas intransponíveis
viárias. Como caracterização da desaceleração citada, funcionam
como a Serra da Cantareira e novo Rodoanel ao norte, e aeropor-
como nós articuladores mais ao sul até os nós de desfecho aos pés
to de Guarulhos ao sul. Entendendo a dimensão dessas barreiras,
da Serra da Cantareira, relacionando-se sempre com a mudança de
o plano trabalha de uma maneira que não se nega sua presença e
escala.
trabalha a transposição transversal fazendo uso das margens dos
A soma desses pontos e faixas de forças resultam em regi-
próprios córregos, contribuindo para a fixação e construção de
ões para potenciais intervenções na área. A zona regional é enten-
uma identidade por parte dos moradores.
dida como local para potenciais projetos que trabalham os entra-
A partir da constatação das barreiras estabeleceu-se uma
ves ambientais como elemento da paisagem, estabelecendo uma
estratégia para que o plano siga uma vertente de desaceleração
área própria para o alagamento, por exemplo. Por sua importância
desde o Aeroporto até a Serra da Cantareira, dividindo a área em
em escala, reconhece-se as possibilidades de intervenções atre-
três faixas de força: Regional, Municipal e Local. A confluência das
ladas a algo caracterizado como “âncoras cívicas” (GANG, Studio),
vias nas mesmas três escalas foi determinante para a caracteriza-
como um espaço público, de encontros e uso coletivo.
ção das faixas.
A zona municipal organiza as conexões entre bairros, e por
1. A faixa regional desenha o contorno norte do aeroporto,
isso se torna um espaço de potencial para projetos relacionados
no qual se destaca o encontro do CPTM (regional), Avenida Jamil
desde o setor de transporte ou articulação como até diferentes
Zarif (municipal) e novas vias a partir do desenho do plano (local).
serviços públicos constatados como demanda também para os
Essa primeira faixa se diferencia por ser um centro de trânsito e
bairros do entorno imediato. Desta forma, por último, destaca-se
por estabelecer relação com a dinâmica do próprio aeroporto além
a zona local como resultado da escala em que está inserida, en-
do bairro em si.
fatizando a desaceleração com intervenções de uso próprio para
2. A faixa municipal é essencial para a conexão entre os
os moradores do bairro, reafirmando o tecido já existente. Assim,
bairros vizinhos, Taboão e São João. Nela se constrói novas estru-
acredita-se evitar a ocupação em áreas não apropriadas e de risco,
turas viárias que garantem acesso suficiente, de forma que haja
como abaixo no Rodoanel.
conexão entre o município como um todo, mas que permaneça a
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Mapa 13: Mapa de Pontos de Força Sob o Plano Fonte: Mapa elaborado pela equipe, maio 2017 Arco Baquirivu - TFG 2017 | Orientador: Claudio Manetti
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O entendimento gráfico do plano envolve diferentes escalas
firmando os entraves ambientais e físicos encontrados na região.
que trabalham diferentes áreas de atuação, não se limitando ao
O primeiro recorte determina a transferência da escala in-
recorte estabelecido entre os córregos. O tripé urbano constituí-
ternacional (representada pelo Aeroporto de Guarulhos) à regio-
do pelo setor social, espaço público e transporte são base para a
nal. Localiza-se nessa transição um nó entre a nova Estação Baqui-
idealização dos projetos que podem ser concluídos à curto e longo
rivu do CPTM e o Ponto de Apoio Modal, que configuram eixos de
prazo. As intervenções que podem ser facilmente estabelecidas
deslocamento entre si e locais de permanência que transpõem a
à curto prazo, com a participação da própria população, trabalha
nova reserva hídrica e ambiental, distanciando o equipamento do
como suporte para se concretizar as intervenções à longo prazo,
aeroporto com o bairro. O recorte A apresenta-se como o mais
tornando o plano o mais próximo possível de algo completo e fac-
complexo entroncamento, envolvendo escalas macros de diferen-
tível.
tes demandas. Desta forma, contempla projetos estruturadores que recebem os visitantes estrangeiros, sem negar a identidade lo-
2.3.1 DE PONTOS DE FORÇA À TRANSIÇÕES DE ESCALA
cal, como área hoteleira, centro de integração estrangeira e apoio à cultura. A faixa intermediária é principalmente reconhecida como área de conexão interbairros, e por isso configura no plano uma
A existência da Serra da Cantareira e do novo Rodoanel ao
região que apresenta equipamentos praticamente inexistentes
Norte e o Aeroporto Internacional de Guarulhos ao Sul resulta no
na área envoltória norte do aeroporto. O recorte B é localizado na
estrangulamento da região e por isso, reafirma-se a necessidade
confluência entre as vias de escala municipal e local, e por isso es-
de desacelerar a cidade em direção a serra. A configuração do novo
tabelece locais para novos equipamentos nos vazios urbanos en-
plano viário determina novas confluências e consequentemente
contrados, como forma de requalificação e estruturação de novos
pontos de força, que representam desde nós de articulação até
fluxos.
nós de desfecho.
A faixa localizada mais ao Norte marca o final da desacele-
Os pontos estabelecem faixas que dividem o projeto em suas
ração, pois é limitada pela Serra da Cantareira. Desta forma, todos
três escalas urbanas: regional, municipal e local, caracterizando a
os equipamentos estruturam para o recorte C algo que enfatize a
mencionada desaceleração (Mapa 11). As três confluências viárias
fixação e identidade local da população que ali habita. Destinou-se
que mais se destacam estão ao longo da Avenida Baquirivu-Guaçu
uma área maior de cultivo de produção agrícola ao final do tecido
e se sobressaem como pontos de forças principais, localizando
urbano, como forma de prevenção à expansão da cidade e desta
também as áreas de transição de escala. As mesmas enfatizam a
maneira entende-se por necessária a presença de uma cooperativa
diretriz de desaceleramento, abrigando projetos estruturadores
agrícola sede na região.
que reafirmam e respeitam as escalas em que estão inseridos. O estudo urbano baseado na mudança de escala contribui para um tecido urbano menos fragmentado e contínuo, entendendo e rea-
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Gráfico 6: Diagrama de ações urbanas e prazos a serem contemplados. Fonte: Diagrama elaborado pela equipe, abril 2017
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ESCALA LOCAL COLETA E COMPOSTAGEM POSTO DE SAÚDE CENTRO DE APRENDIZAGEM AGRO+URBANO
ESCALA MUNICIPAL ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES ESCOLA DE OFÍCIOS ESCOLA INFANTIL INSTITUTO DE ARTES PERFORMÁTICAS MERCADO DO PRODUTOR CENTRO DE SAÚDE
ESCALA REGIONAL HABITAÇÃO SOCIAL CENTRO DE APRENDIZAGEM E CONVIVÊNCIA CASA BRASIL PONTO DE APOIO MODAL PAVILHÃO DO MOVIMENTO
ESTAÇÃO BAQUIRIVU -CPTM HOTEL ÁREA DE APOIO Mapa 14: Mapa Projetos Estruturadores Fonte: Mapa elaborado pela equipe, junho 2017
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AO VISITANTE
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3.1 RECORTES: INTERVENÇÕES 3.1.1 RECORTE A: DO INTERNACIONAL AO REGIONAL As intervenções no recorte A tem o papel de solucionar a transição entre grandes equipamentos que atendem a metrópole e o próprio município de Guarulhos. A morfologia local cria uma situação de risco para a área do recorte atualmente, por estar inseri-
Foto 6: Vista Aérea do Recorte A Fonte: Google Earth, 2017
do na região de várzea do Baquirivu e por isso, sofrer alagamentos constantes. Entre a área predominantemente plana se localiza um entrave ambiental em destaque, uma grande rocha que atua como reforço na fragmentação urbana atual. A problemática do recorte A atualmente também se soma ao fato de uma ocupação irregular inteira (favela Malvinas) estar localizada na área de várzea do Rio Baquirivu, o que resulta em uma situação de risco para aproximadamente 800 famílias que vivem constantemente sofrendo com os danos das enchentes. Além desse fato, no cenário atual a rua Jamil João Zarif se apresenta em destaque por seu caráter de comércio, e funciona como uma dinâ-
Foto 7: Av. Jammil João Zarif
mica conflituosa entre pedestres, automóveis particulares, trans-
Fonte: Google Street, fevereiro 2017
porte coletivo e fluxo com o aeroporto.
Foto 8: Entrada Favela das Malvinas Fonte: Google Street, fevereiro 2017
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PLANO PARA RECORTE A
Mapa 15: Mapa Propostas Recorte A Fonte: Mapa elaborado pela equipe, junho 2017
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A. Realocação de Habitantes em Situação Irregular/ De Risco
• ÁREA DE APOIO AO VISITANTE: Devido à proximidade com o aeroporto e a estação do CPTM, uma área de suporte ao visitante é necessária. Nela reúnem-se
A intervenção se inicia com a relocação destes moradores
diversos programas comerciais, de serviço, lazer, e
que se encontram em áreas passíveis de alagamento ou reserva
hospedagem, o que reforça transposição do internacional
ambiental e hídrica, assim como em topografia não apropriada a
para o regional. A relação deste espaço com a estação
ocupação.
CPTM gera uma área de convergência pedonal. • INTEGRAÇÃO AO MIGRANTE: Com o papel de integrar o migrante à sua nova comunidade, o equipamento é
B. Intervenção na Avenida Jamil João Zarif
implantado em um local estratégico, entre o aeroporto e Atualmente a principal conexão da parte leste de Guarulhos
o bairro com caráter mais local. O projeto funciona como
com o restante da cidade margeia o rio Baquirivu, se encontra em
um primeiro auxílio e uma forma para conhecer e conviver
situação de risco de alagamento. A intervenção realoca esta ave-
no novo país/cidade para quem acaba de chegar.
nida para uma área mais propícia a ocupação e propõe sua amplia-
• CENTRO DE APRENDIZADO E CONVIVÊNCIA: Situado na Rocha, o desafio do equipamento é fazer esta
ção, com corredor de ônibus e calçadas mais largas.
transposição do elemento natural para os pedestres, assim como funcionar como uma porta de entrada para os
C. Criação de Projetos Estruturadores • ESTAÇÃO CPTM: Com a construção da linha 13 da CPTM, é essencial para a área a proposta de uma estação no eixo do arco, fazendo o papel de integração de fluxos da Metrópole com a área, inserindo-a dentro do
habitantes do local, com um programa de atividades que dão suporte a formação dos moradores e ser também um ponto de encontro entre eles. Além de criar uma conexão entre o que há atrás e na frente da rocha.
munícipio. • PONTO DE APOIO MODAL: Mantendo a ideia de um fluxo contínuo, a criação de um ponto de apoio modal tem o papel de relacionar o espaço de transporte público com áreas de serviço e permanência, trabalhando como um espaço de encontro para a população. • ESPAÇO DE APOIO CULTURAL: Dentro da área de reserva, a partir da falta e demanda de equipamentos culturais na região é proposto este volume com intenção de convidar quem transpõe o parque em seu dia a dia, assim como quem é de fora para conhecer o parque.
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Foto 9: Vista Aérea Intervenção Recorte A Fonte: Montagem elaborada pela equipe, 2017
vivência. Foto 10: Vista Aérea Recorte B Fonte: Google Earth, 2017
3.1.2 RECORTE B: DO REGIONAL AO MUNICIPAL O recorte B está inserido na faixa municipal do plano, fazendo a transição entre a faixa regional e a local. Atualmente, a área se caracteriza por ter grandes áreas verdes livres, porém sem relação com a parte urbanizada, uso predominantemente residencial, mesmo em vias coletoras, e gabarito de no máximo dois pavimentos. A situação atual dessa área é precária pela falta de conexão entre o município, estando isolada e quase sem receber infraestrutura mínima. A falta de equipamentos básicos no recorte B enfatiza ainda mais essa situação, além do fato do transporte público não alcançar essa área central da região estudada no plano. O recorte B se apresenta como o de topografia mais acentuada na área do Aeroporto até a Serra da Cantareira. É também caracterizado por vias locais estreitas, sem infraestrutura adequada
Foto 11: Via Local Recorte B Fonte: Google Street, fevereiro 2017
nas vias, e calçamento que desvaloriza o passeio de pedestres e ciclistas, tornando difícil a passagem até mesmo para automóveis, além de não incentivar o uso da rua como espaço público, de con-
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PLANO PARA RECORTE B
Mapa 16: Mapa Propostas Recorte B Fonte: Mapa elaborado pela equipe, junho 2017
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A. Intervenção Atual Estrada do Elenco
todo, já que o recorte B se destaca por possibilitar a conexão interbairros.
Reforçar e reestruturar a Estrada do Elenco, que seria o eixo
• MERCADO DO PRODUTOR: De acordo com a proposta
central do plano, através de um redesenho para passagem confor-
de plantio e produção, que nessa faixa municipal se dá
tável e acessível a qualquer meio de transporte, inclusive o passeio
por pontos de plantios localizados em pequenos vazios
de pedestres. Além disso, uma nova conexão entre a Estrada do
urbanos – área laranja do mapa – há a necessidade de
Elenco e a Avenida Jamil João Zarif a sul é criada, afim de reforçar
uma área de encontro e comércio entre os produtores e a
ainda mais a conexão norte-sul já existente da via. É importante
população, por isso o espaço de um mercado do produtor
ressaltar também, que há a proposta de um Ponto de Apoio Inte-
foi proposto.
grado na área, que servirá de recepção e chegada ao local, contri-
• ESCOLA
PROFISSIONALIZANTE:
Um
espaço
buindo também para a formação de uma área pública com qualida-
profissionalizante que atende a diferentes atividades
de.
econômicas, como a produção agrícola proposta e principalmente atividades relacionadas a indústria
B. Criação de Projetos Estruturadores
aeroportuária do entorno. A escola incentivará a criação de uma identidade por parte da população, que passa
A partir do adensamento proposto e da densidade popula-
a entender quais recursos são encontrados no bairro
cional já existente - devido ao CDHU localizado na área – e por se
em que vivem, sem precisarem migrar para áreas mais
apresentar como espaço aonde ocorrerá as principais conexões
consolidadas do munícipio.
com os bairros vizinhos, desestimulando o isolamento existente
• ESCOLA DE CIRCO E TEATRO:Unindo a demanda por um
atualmente, as demandas pelos seguintes programas foram en-
espaço público nessa escala municipal e o desejo de um
contradas:
espaço de arte e cultura, há a proposta de uma escola de
•
ESPAÇO DA CRIANÇA: Área infantil próxima a uma nascente e área verde, trazendo desde cedo essa relação humana com a natureza. Contribuindo com a falta de equipamentos educacionais nessa área, e atendendo à demanda para o número de crianças constatado nas pesquisas.
• CENTRO DE SAÚDE E PREVENÇÃO: Espaço de conscientização e assistência social para a população. Também necessário para atender ao déficit de equipamentos para a saúde nessa região e nos bairros vizinhos, podendo contribuir com o munícipio como um
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circo e teatro, que estaria localizado na área de uma escola desativada. A escola complementaria equipamentos de circo já existente no bairro do entorno, acentuando esse aprendizado e contato com a arte. • CENTRO ESPORTIVO: Fazendo uso de um espaço já existente, o centro esportivo servirá como forma de reativação da estrutura de uma escola desativada que possui infraestruturas passíveis de uso, como as quadras esportivas. O projeto tem como objetivo atender também aos bairros vizinhos enfatizando a escala municipal em que está inserido.
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Foto 12: Vista Aérea Intervenção Recorte B Fonte: Montagem elaborada pela equipe, 2017
Foto 13: Vista Aérea Recorte C Fonte: Google Earth, 2017
No contexto dessa região observa-se a proximidade a um
3.1.3 RECORTE C: DO MUNICIPAL AO LOCAL
conjunto habitacional (figura 3) situado num terreno de 24.200m² e um valor estimado de 2590 habitantes (740 famílias), que enaltece
Em relação à principal via Avenida Baquirivu-Guaçu, propos-
significativamente a dinâmica populacional da região, já que maior
ta para a reestruturação do bairro, conectando desde a Avenida
parte dos lotes dentro do recorte C corresponde a edifícios de até
João Jamil Zarif até a Estrada do Elenco, o Recorte C aponta para o
dois pavimentos, com uma média de 3,5 habitantes por domicílio
trajeto mais afastado da via em relação ao Aeroporto de Cumbica,
(IBGE, 2010).
onde o bairro se aproxima da Serra da Cantareira conectando-se à região leste ao Córrego da Água Suja.
Embora o CDHU não pertença ao Recorte definido para o estudo de projeto, vale lembrar que o contraste demográfico entre
Caracterizado como local de recepção ao novo bairro pela
as regiões contribui de maneira significativa para a dinâmica dos
transposição sobre o córrego, o recorte C engloba a região do Jar-
fluxos automotivos tanto no Recorte C e B, trazendo uma maior
dim Munira, e parcialmente as regiões do Jardim Oliveira e Jardim
necessidade de infraestrutura de qualidade ao bairro e equipa-
Bananal; apresenta três equipamentos principais que atendem às
mentos que forneçam educação e trabalho dignos a todos esses
necessidades locais, sendo duas escolas públicas e um mercado
habitantes.
(figura 2).
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Foto 14: Vista Aérea Recorte C Fonte: Google Earth, 2017
Foto 15: Vista Aérea Intervenção Recorte C Fonte: Montagem elaborada pela equipe, junho 2017
A presença do trecho do Rodoanel Norte as margens da região fazem com que este se configure como elemento de poluição sonora, contaminação das condições ambientais e periculosidade em relação às transposições peatonais indesejadas. Sendo assim, o equipamento faz com que sejam necessárias medidas que limitem a expansão urbana e minimizem os efeitos da poluição trazidos pelo mesmo. Dentro do contexto de Desaceleração proposto pela equipe, o recorte C representa a região mais local do bairro. O traçado original das vias é preservado e requalificado de modo a garantir uma valorização do território, ainda que em menor escala. Como forma de Recepção aos transeuntes, o Ponto de Apoio Integrado (PAI) é instalado ao final da Estrada do Elenco, na entrada ao bairro, de modo a oferecer um ponto de praça onde as pessoas podem disfrutar de um espaço livre com bancos, bebedouro e local adequado para estacionar bicicletas temporariamente.
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PLANO PARA RECORTE C
Mapa 17: Mapa Proposta Recorte C Fonte: Mapa elaborado pela equipe, junho 2017
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A. Reestruturação do Sistema Viário
também para auxiliar nas produções agrícolas.
C. Reflorestamento Como Desenho da Borda da Ci-
O traçado da ciclovia que se inicia no Recorte A parte para as regiões de maior altitude do território adentrando o Recorte C
dade
a partir da conexão do Rio Baquirivú com o Córrego da Água Suja pela sua margem oeste próximo ao tecido urbano até a praça de
Na região norte ao bairro, onde há a necessidade de um controle para o desfecho da desaceleração em virtude da presença do
recepção do bairro.
Rodoanel, o plantio agrícola associado à área de reflorestamento
B. Áreas Destinadas ao Plantio Agrícola - Pequeno Produtor
são estratégias de cunho ambiental utilizados de modo a conter o avanço do tecido urbano e o atravessamento de transeuntes. A técnica de reflorestamento, por sua vez, é utilizada não
Como forma de reestruturação e minimização dos pro-
apenas como estratégia de desaceleração, mas principalmente
blemas causados por deslizamentos e inundações provindos do
como uma barreira de contenção da poluição sonora e visual dos
córrego da Água Suja, cerca de 385 famílias (1350 pessoas) foram
impactos causados pelo Rodoanel, que ao enraizar no solo impede
realocadas de suas margens para as novas quadras habitacionais
desastres ambientais por erosão.
propostas no território. Neste local, onde a população é removida, localizam-se es-
D. Criação de Projetos Estruturadores
paços de cultivo agrícola como forma de tomar proveito do solo aluvião principalmente para o cultivo irrigado disposto conforme
O projeto a ser implantado nessa região,corresponde a uma
a técnica de terraceamento, que confere a plantação sobre peque-
Cooperativa Agrícola em que a população poderá tomar contato
nos platôs, permitindo a retenção de água para a plantação de es-
com essas novas estratégias de plantio ao pequeno agricultor,
pécies aquáticas.
onde serão instruidas sobre a maneira de lidar com a agricultura
Nesse desfecho do tecido urbano é instaurada uma faixa de
trazendo a concientização das diferentes formas de produzir ren-
30 metros de área de plantio agrícola a norte da área urbanizada
da com o trabalho rural; reensinando o valor da natureza aos visi-
do bairro resultando em 1,5 hectare. Desse modo, concebe-se um
tantes do edifício.
local apropriado para o cultivo em larga escala enquanto minimiza o interesse dos moradores pelo avanço da ocupação.
Novo equipamento destinado à saúde, é um pequeno posto que visa atender à população local de maneira rápida, garantindo o
Como forma de controlar as inundações causadas pelo
acesso fácil para quem mora aos pés da Serra da Cantareira e não
córrego, propõe-se a implantação de uma barragem (figura 6) de
pode estabelecer conexão de forma rápida com os equipamentos
modo a estabelecer uma área de alagamento permanente capaz
de saúde localizados mais ao sul.
de conter sua vazão, sem interromper o curso por onde o leito fluvial deve seguir. A nova área própria para alagamento contribui
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3.2 COMPLEMENTOS E REVISÕES DO PLANO URBANÍSTICO
diretamente com seu entorno imediato. O PAM, ao ser realocado e em decorrência das soluções projetuais adotadas, acabou por alterar o desenho do eixo pedestrial proposto, que conecta o Aeroporto aos bairros ao norte de Guaru-
Em face da mudança de escala que cada membro da equipe
lhos através da Reserva Ambiental. Outros fatores também foram
fez para se debruçar ao projeto individual, algumas alterações e re-
responsáveis por uma revisão nesse desenho, como o acerto dos
visões no Plano Urbanístico foram necessárias. Essas alterações
projetos com o relevo do local, a localização da Bacia de Retenção,
serão comentadas de acordo com os recortes de aproximação.
alocada um pouco mais a sul respeitando a topografia, e também o paisagismo, o novo desenho inclui duas áreas cobertas ao longo do eixo para dar suporte aos pedestres que por ali transitariam e
3.2.1 RECORTE A
algumas alterações nos canteiros.
Pode-se dizer que a grande força geradora e organizadora do Plano é a reestruturação da malha viária e do transporte público, portanto, é fundamental que ambos estejam adequadamente projetados para o bom funcionamento do plano como um todo. Dessa forma, a primeira revisão se deu em função da relação entre o ”Ponto de Apoio Modal” (PAM) e a via proposta que interliga a rua Jamil João Zarif e a Estrada do Elenco. Ao compreender os fluxos e necessidades do transporte público, a equipe teve que redesenhá-la e reposicionar o PAM, em vista da melhoria do tráfego e da circulação. Essa alteração, evidentemente, repercutiu no traçado urbano que havia sido proposto anteriormente, assim essa nova malha também teve que se adequar às mudanças Nesse processo, os projetos “Centro de Aprendizagem e Convivência” e “Casa Brasil” foram privilegiados, pois ambos agora possuem uma de suas faces voltadas para esse grande eixo estruturador. Devido a esse entendimento mais concreto acerca do transporte, a via Jamil João Zarif teve sua tipologia viária alterada, ficando estabelecido, portanto, um corredor central exclusivo de ônibus. Já o PAM,
Imagem 10: Recorte A - Eixo estruturador Fonte: Esquema elaborado pela equipe, outubro 2017
seu reposicionamento fez com que o programa se dividisse entre fluxo de pedestres e modais de transporte, relacionando-se mais
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3.2.2 RECORTE B Com um maior aprofundamento na área de estudo foram descobertas duas nascentes próximas à Estrada do Elenco. Por esse fator o Instituto de Artes Performáticas (IAP), o mercado e o equipamento de saúde foram realocados no mesmo eixo mais ao sul. Por meio dessa nova conformação das implantações estabelece-se uma nova relação entre o IAP e a Escola de Ofícios. Antes se constituía uma relação bem próxima, onde os projetos se conversavam fortemente, agora tem uma associação mais distante um do outro, caracterizando um vazio entre eles. A partir disso foi pensado uma conexão na qual há um alargamento da calçada gerando uma praça longitudinal que também desempenha um papel de mirante para a vasta natureza que se desdobra a partir da via e que se integra aos projetos. Reconhecendo que a via que leva até o equipamento de educação infantil provem dessa nova praça, alocou-se um Ponto de Apoio Intermodal (PAI), pois a partir deste notou-se que há um acesso rápido e fácil para todos os equipamentos da área, e também para o PAM e CPTM, permitindo conectar-se tanto com a escala municipal, como regional.
Imagem 11: Recorte B - Esquema de fluxos e nascentes Fonte: Esquema elaborado pela equipe, outubro 2017
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3.2.3 RECORTE C De acordo com a revisão do plano vide as discussões propostas para o recorte C, o traçado cicloviário é reestudado e redimensionado conforme a disposição junto às calçadas, não sendo influenciado pelas mudanças ocorridas na Estrada do Elenco. Conforme investigação das áreas mais propensas à alagamentos, são propostas duas novas barragens ao longo do Córrego da Água Suja. A primeira tem como objetivo fornecer espaço (m³) para a vazão após o encontro de duas linhas de drenagem; e a segunda funciona como bacia de retenção, controlando o fluxo fluvial adiante. Com isso, ao cultivar agricultura às margens do córrego, não há necessidade da técnica de terraceamento, já que as propriedades deste tipo de solo são favoráveis à outros tipos de produção. Ao norte de C, a estratégia de contenção do tecido urbano através das áreas de cultivo agrícola precisou ser revisada em virtude da topografia acidentada e do solo montanhoso na cabeceira do Rodoanel Norte, que impossibilitariam qualquer tipo de agricultura em larga escala. Desse modo, as áreas de reflorestamento expandiram-se como única borda entre malha urbana e Rodoanel Norte. Tendo em vista a diminuição destas áreas de cultivo bem como a proporção das áreas produtivas do plano, o projeto que estava proposto como “Cooperativa Agrícola” passa a ser um “Centro de Aprendizagem do Cultivo Agro-Urbano”. Sendo assim, a agricultura é dividida exclusivamente entre a escala do lote, em hortas urbanas; e o ensino da produtividade agrícola sobre o cultivo às margens do Córrego da Água Suja. Aliado a este projeto e à produção em vazios urbanos, surge também um “Espaço de Coleta e Compostagem” que oferece infraestrutura para a devida coleta e separação e resíduos, produzindo
Imagem 12: Recorte C - Relação CACAU com o entorno Fonte: Esquema elaborado pela equipe, outubro 2017
biofertilizantes a partir da compostagem do lixo orgânico.
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considerações finais
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4.1 CONCLUSÃO O presente trabalho final de graduação dedicou-se a aprofundar e explanar todo o conhecimento adquirido durante os anos do curso de acordo com a temática escolhida pelo grupo. Todas as etapas e todas as discussões foram enriquecedoras para o desenvolvimento de cada membro como arquitetos urbanistas. Não obstante, o Plano Urbanístico Arco Baquirivu, por si só, se constitui num estudo de caso para as regiões periféricas das grandes urbanizações, tratando da recuperação dos recursos hídricos, da articulação dessas áreas com o restante de Guarulhos e fomentando nelas intervenções e equipamentos que gerem dinâmica urbana em uma área esquecida pelo desenvolvimento da cidade, construindo assim, paralelamente, uma pesquisa da relação entre aeroportos e a cidade ao seu redor. É importante mencionar que tanto o plano quanto os projetos estruturadores foram propostos buscando conceder melhor qualidade de vida para as pessoas, melhorar as relações urbanas entre a região norte de Guarulhos e o restante da cidade, e inserir a discussão sobre desenho do desfecho do município como um ponto estratégico dentro de planejamentos urbanos, em vista do crescimento acelerado das metrópoles. Nesse sentido, a leitura do território escolhido para estudo e o desenvolvimento do plano levaram em consideração os impactos dos equipamentos de grande porte já existentes na região e a precariedade e negligência em que vivem as pessoas que ali residem e trabalham. Propõe-se, portanto, estudo intervenções que assegurem que a região seja adequadamente inserida no contexto da cidade, se beneficiando dos equipamentos existentes e, ainda, vir a se tornar um ponto de atratividade e interesse financeiro, cultural e ambiental, colocando-a adequadamente dentro do contexto do município, da metrópole e do país.
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bibliografia
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5.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Publicações: FERREIRA, Cesar Cunha. Guarulhos 450 anos: atlas escolar histórico e geográfico / Cesar Cunha Ferreira, Daniel Carlos de Campos, Elton Soares de Oliveira. – São Paulo: Noovha América, 2011. Guarulhos: espaço de muitos povos. – 2ª ed. – São Paulo: Noovah América, 2008. – (Série conto, canto e encanto com a minha história...). Vários organizadores. Prefeitura Municipal de Guarulhos (2011). Plano Local de Habitação de Interesse Social: Diagnóstico do setor habitacional, etapa II. Guarulhos, SP. Prefeitura Municipal de Guarulhos (2008). Plano Diretor de Drenagem. Guarulhos, SP. Secretaria dos Transportes (2010). Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. DERSA Desenvolvimento Rodoviário S.A., Programa Rodoanel Mário Covas Trecho Norte. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria dos Transportes (2010). Estudo de Impacto Ambiental – EIA. DERSA Desenvolvimento Rodoviário S.A., Programa Rodoanel Mário Covas Trecho Norte. Governo do Estado de São Paulo.
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