4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conduzido por um fluxo orgânico de pesquisa que se revelou aos poucos pela influência das leituras sobre: natureza, arte religiosa, misticismo e alquimia, fui capaz de criar um discurso que abrangesse criação visual e textual, atrelado a meu desenvolvimento no campo da espiritualidade. Volto o olhar para trás; no tempo lunar das coisas. Revisito pela superfície das imagens uma época que não mais existe, mas que se repete por ser também cíclica, remonta-se com novos valores, novas formas, ainda que preservando seus signos. Revivo as estações, revisito o açude que já secou e agora transborda, redescubro o amarelo dos girassóis e o som da mamangaba. Há novidade no que já se viu e familiaridade com o que há de se descobrir; ciclos. Foi essa relação sólida com os ciclos e seus múltiplos signos que trouxe à luz os caminhos que segui durante o desenvolvimento desta monografia e da contextualização das séries desenvolvidas durante os ateliês na escola de Belas Artes. Pensei a morte como parte de um ciclo e assim pude trazer desdobramentos sobre o que veio antes e as possibilidades para o depois, movimentando em fluxos criativos uma narrativa de sobrevida para as imagens e seus personagens. A aproximação com outros artistas foi também ponto eixo da pesquisa, seja com professores e colegas, com os quais estabeleci diálogos e expus meu processo, obtendo desse exercício uma leitura distanciada e menos pessoal de minhas criações, seja com artistas como Waterhouse e Goya com os quais mantive diálogo ficcional e fonte de inspiração, ou Antônio Oba e Ana Mendieta, mais contemporâneos e também proponentes de uma criação sobre a religiosidade em níveis mais íntimos. Absorvi em abundância as palavras de Mônica Meyer, redefinindo natureza e o valor do acesso aos planos espirituais advindo do contato do ser com os fenômenos elementais. Explorando polaridades intrínsecas do sertão e fazendo a ponte das palavras de Meyer e seu Ser Tão foi possível revisitar em minhas memórias e acervo um saber, um campo de conhecimento pessoal e mutável que se dá pelo acesso com a vida em suas múltiplas manifestações, especificamente dessa vida caótica do cerrado que se manifesta por mistérios e múltiplas faces que nos trazem: deleite, inspiração, medo e/ou repulsa. Nos faz sentir e agir dentro de esferas de energia que se transmitem através dos sentidos, apontando saberes empíricos observáveis, porém de natureza pessoal e mutável, sensíveis às mais variadas 42