E nesse abraço, assim como o que a Mulher Esqueleto e o pescador se deram no conto, nos remete ao conceito heideggiano de ser-para-a-morte, já que, a ex-istência por excelência é vida e morte, e a aceitação dessa realidade, nada mais é do que o nosso passe para viver qualquer estágio da vida sem medo, mas não inconsequentemente. Para essa transição ocorrer, é preciso ter consciência de que o medo e a insegurança vividos hoje só amplificam a ‘possibilidade’ da morte do amor e da morte da existência. E essa ‘possibilidade’, que considero mais como uma certeza, deveria ser tratada mais naturalmente desde sempre, mas que ainda não o é. Espero que este Trabalho de Conclusão de Curso abra espaço para que as pessoas reflitam sobre seus próprios ciclos e vivenciem-os com mais sabedoria. ANEXO CONTO A Mulher-Esqueleto Ela havia feito alguma coisa que seu pai não aprovava, embora ninguém mais se lembrasse do que havia sido. Seu pai, no entanto, a havia arrastado até os penhascos, atirando-a ao mar. Lá, os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos. Enquanto jazia no fundo do mar, seu esqueleto rolou muitas vezes com as correntes. Um dia um pescador veio pescar. Bem, na verdade, em outros tempos muitos costumavam vir a essa baía pescar. Esse pescador, porém, estava afastado da sua colônia e não sabia que os pescadores da região não trabalhavam ali sob a alegação de que a enseada era mal-assombrada. O anzol do pescador foi descendo pela água abaixo e se prendeu - logo em quê! - Nos ossos das costelas da Mulher-esqueleto. O pescador pensou: “Oba, agora peguei uma grande verdade! Agora peguei um mesmo! ” Na sua imaginação, ele já via quantas pessoas esse peixe enorme iria alimentar, quanto tempo sua carne duraria, quanto tempo ele se veria livre da obrigação de pescar. E enquanto ele lutava com esse enorme peso na ponta do anzol, o mar se encapelou com uma espuma agitada, e o caiaque empinava e sacudia porque aquela que estava lá embaixo lutava para se soltar. E quanto mais ela lutava, tanto mais ela se enredava na linha. Não