4.2 - O segundo encontro
No segundo encontro, propus a seguinte situação para improvisação, com o objetivo de apresentá-los ao ambiente onde o filme acontecia: "Vocês não se conhecem. Vocês entram em um local desconhecido. É um local cheio de substâncias e objetos. Alguns são simples objetos, outros têm poderes sobrenaturais". Além disso, introduzi outro elemento como estímulo - a música. "A música deve afetar vocês de alguma maneira. Ela não pode ser ignorada", eu os orientei. O material disponibilizado na sala era um estímulo para proposições de ações e poderia ser utilizado não somente no nível do realismo, mas também no nível da fantasia. Concentração da atenção sensorial: (os atores) Devem ter algo que estimule seu interesse no objeto de sua atenção e que sirva para acionar todo o seu mecanismo criador. (...) Vocês devem ser sensíveis à influência que eles possam exercer sobre vocês. (...) As circunstâncias imaginárias podem transformar o próprio objeto e acentuar a reação de suas emoções para com o mesmo. (STANISLAVSKI, 1988, p.15)
Os atores, a partir da respiração, experimentaram alguns estados corporais que foram o impulso para uma série de ações, onde, aos poucos, este ambiente desconhecido foi sendo explorado. Logo, começaram a se relacionar com os objetos que estavam no ambiente. Alguns objetos ganhavam vida, os atores ora eram parceiros, cúmplices de suas descobertas, ora eram rivais que se atacavam. Começou a surgir aí um elemento importante para definir a relação destes dois personagens: A relação de poder. Havia entre eles uma espécie de troca, onde eles se alternavam em subjugar o outro, ameaçavam-se e o jogo virava - quem estava subjugando passava a ser subjugado. O ambiente do filme permitia aos atores experimentarem muitas possibilidades fantásticas, o que foi interessante de observar. Eles poderiam dar vida a tudo o que estava ao seu redor e inclusive abstrair a matéria, utilizando objetos imaginários. Isto trabalhava com o fator “imaginação” dos atores, fora do realismo.
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