Bruno Miguel - Spring Love

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24 de set. > 30 de out. 2010

Materiais artísticos ou apropriados do circuito comercial são hibridizados por Bruno Miguel nas séries mostradas em Spring Love: pinturas sobre tecidos populares estampados e gobelins decorativos, mudas de plantas reais, plantas e maquetes de árvores moldadas em porcelana fria, mesinhas, quebra-cabeças, sementes, acrílico, terra, madeira de chassis, lâmpada, porta de geladeira, pôsteres, vasos de metal. Essa diversidade, no entanto, não deve nos confundir. Todos esses trabalhos são, de fato, expansões da pintura ou transbordamentos dos limites do quadro para o espaço real. Longe de contradizer esse extravasamento de campo, as telas de Bruno constituem o norte de seu processo criativo, já que consagram o pictórico como ponto de partida (e núcleo poético) do conjunto de sua produção.

Os suportes sobre os quais ele pinta – lonas vinílicas de toldos, têxteis estampados etc. –, sempre apropriados de outros circuitos (como o comércio ou, simplesmente, achados nas ruas), não são, portanto, um campo neutro a ser trabalhado do zero. Essas telas trazem para as pinturas as marcas de suas funções anteriores e as reminiscências afetivas de sua existência prévia, numa lógica inversa à das demais obras. Aqui não é mais a pintura que transborda o campo do quadro para o espaço real; são alguns materiais de nosso cotidiano, tais como tecidos estampados, que invadem esse campo para formar o próprio plano pictórico, numa ação de contaminação recíproca, que evoca não somente alguns procedimentos cubo-futuristas (colagem), mas também as combine paintings de Rauschenberg, produzidas na metade da década de cinquenta.

Por outro lado, a expansão do campo pictórico para o próprio espaço traz à tona, por exemplo, o pioneirismo de Hélio Oiticica, cuja obra foi marcada pela busca de uma pintura depois do quadro (tal como deixou registrado em texto escrito em 16 de abril de 1962, posteriormente publicado em Aspiro ao grande labirinto). Nestes trabalhos de Bruno Miguel, no entanto, a questão é mais específica. Trata-se, com a devida licença, de paisagens depois do quadro, investigadas e produzidas pelo artista como um desafio poético e especulativo fora do quadro de referências históricas nas quais nasceu e se desdobrou como gênero da pintura ocidental. O desenvolvimento da perspectiva, na Renascença, favoreceu o desenvolvimento da arte da paisagem. Pela primeira vez na história da pintura tornou-se possível criar a ilusão de profundidade em um espaço bidimensional a partir de um padrão óptico codificado pela geometria euclidiana. Inicialmente demarcava-se o lugar da cena entre a base inferior do quadro, a linha de terra (primeiro plano), e a linha do horizonte, infinito visual para onde as todas paralelas convergiam em direção a um ou mais pontos de fuga.

Albrecht Dürer (1471-1528) foi o primeiro artista a pintar paisagens autônomas, isto é, a criar representações de vistas naturais e urbanas que não servissem de fundo (cena) para a presença humana e animal. Entre sua época e a segunda metade do século XIX, a paisagem tornou-se não somente tema de si mesma, mas também um campo de investigação fundamental para a consolidação da autonomia da esfera plástico-formal em relação ao tema, conquistada pela Arte Moderna. Esse contexto histórico informa e referencia as especulações de Bruno Miguel a respeito de uma paisagem expandida para além do quadro. Repertórios tradicionais combinados com a apropriação de objetos emprestam sentido ao processo desse artista: a quebra da linha do horizonte, a requalificação das coisas do cotidiano como matéria pictórica e, até mesmo, a transformação do espaço da galeria numa paisagem arranjada a partir das interseções provisórias de suas séries são possibilidades inseparáveis da história da paisagem ocidental.

Art supplies or appropriated from commercial circuit are hybridized by Bruno Miguel on the series shown in Spring Love: paintings on popular fabrics printed and decorative gobelins, seedlings, plants and model of trees maquetes cast in cold porcelain, tables, puzzles, seeds, acrylic, earth, wood chassis, lamp, refrigerator door, posters, metal vases. This diversity, however, should’t confuse us. All these works are, in fact, expansions of painting, pushing the boundaries of the picture to real space. Far from contradicting this overflow, the pictures are the main part of Bruno’s creative process, as it enshrines the pictorial as a starting point (and poetic nucleus) of all of his production. The supports on which he paints - vinyl canvas awnings, etc. printed textiles – are always appropriate in other circles (such as trade, or simply found on the streets) and are not therefore

neutral objects to be worked on from scratch. These pictures bring to the paintings the marks of their previous functions and the emotional memories of their previous existence, in a reverse logic to the other works. Here it is not the painting that overflows the frame to real space; the materials are the ones that invade our everyday lives to form their own picture plane, in an act of reciprocal contamination, which evokes not only some cubo-futurists (collage) procedures but also the combine paintings of Rauschenberg, produced in the 1950s. Moreover, expanding the field for pictorial space itself brings up, for example, the pioneering spirit of Helio Oiticica, whose work was marked by the pursuit of a painting after the picture (as he wrote on 16 April, 1962, published in Aspiro ao Grande Labirinto ). In these works of Bruno Miguel, however, the question is more specific.

With proper license, it is about landscapes beyond the frame, the landscape is researched and produced by the artist as a poetic and speculative challenge, outside the framework of historical references in which he was born and raised as a genre of Western painting. The development of perspective in the Renaissance, fostered the development of landscape art. For the first time in the history of painting it had become possible to create the illusion of depth in a two-dimensional space from a standard optical encoded by Euclidean geometry. Initially the place of the scene on the painting was demarcated as being between the bottom of the picture, the foreground, and the skyline, where the infinite visual parallel all converges toward one or more vanishing points. Albrecht Dürer (1471-1528) was the first artist to paint autonomous landscapes, that is, to create representations of urban and natural sights that did not fit the background (scene) for the human and animal presence. Between his time and the

second half of the nineteenth century, the landscape became not only a theme in itself, but also a field of basic research to consolidate the autonomy of the plasticformal in relation with the topic, which was conquered by Modern Art. This historical context informs and is a reference for the speculations of Bruno Miguel about landscapes expanded beyond the picture. Traditional repertoire combined with the appropriation of objects lend meanings to the process of this artist: to break the horizon, the reclassification of everyday things as pictorial material and even the transformation of the gallery space into a landscape, arranged from the provisional intersections of their series, are inseparable from the history of western landscape. The poetic sense of these works, are never the last, not exhausted in the search for alternative ways of painting. They assimilate, simultaneously, other semantic levels, created by personal reminiscences of the artist, such as some works of German neo-expressionists, the films of Stanley Kubrick and Quentin Tarantino, names of


O sentido poético desses trabalhos, no entanto, não se esgota na busca de maneiras alternativas de pintar. Eles assimilam, simultaneamente, outros níveis semânticos suscitados por reminiscências pessoais do artista, tais como algumas obras do neoexpressionismo alemão, os filmes de Stanley Kubrick e Quentin Tarantino, nomes de músicas (o título da mostra, Spring Love, é uma apropriação do nome de uma canção de Steve B., do funk melody norte-americano) e de ícones urbanos grafitados nos muros da zona norte do Rio de Janeiro, que ampliam a compreensão de seu trabalho para limites situados muito além do questionamento de um gênero específico da pintura clássica. Junto a essas obras com nomes mais subjetivos ou populares, existem trabalhos de Bruno tais como Desentendendo Rothko, as quatro Pinturas de Museu – Paisagem Stricto Sensu (Guggen-

heim Bilbao, Tate Modern, MAM-RJ e MAC-Niterói), sobre gobelins, diretamente referidos à arte, além de outros – Celebrando os Maias e Lembrança da viagem de Robert Crumb à serra de Itaipava etc. – remetidos à cultura e à história num sentido mais abrangente. Ao expandir a pintura para além do quadro – considerado não só em sua dimensão planar e simbólica, como também em suas conexões com a vida e com as experiências ou os conhecimentos pessoais do artista –, Bruno Miguel reafirma esse meio ancestral como algo vivo e conectado aos problemas e às questões da produção contemporânea. Fernando Cocchiarale

O Tempo da Paisagem

songs (the title of the show, Spring Love, is an appropriation of the name of a song by Steve B., from an American funk melody) and icons of urban graffiti from the northern zone of Rio de Janeiro, which broadens understanding of his work far beyond the limits of questioning a particular genre of classical painting. Together with works that have more subjective or popular names, there are works of Bruno such as Desentendendo Rothko (“Rothko misunderstanding”), the four Pinturas de Museu – Paisagem Stricto Sensu (“Museum Paintings - Landscape strict sense” / Guggenheim Bilbao, Tate Modern, MAM-RJ and MACNiterói) on gobelins, which refer directly to art, and others – Celebrando os Maias and Pela Honra de Kubrick (“Celebrating the Maya” and “The honor of Kubrick etc.) - referring to culture and history in a broader sense.

By expanding the painting beyond the picture - considered not only in its flat and symbolic dimension, but also in its connections with life and the experiences or personal knowledge of the artist - Bruno Miguel reaffirms this ancestral medium as something alive and connected to the problems and issues of contemporary production. Fernando Cocchiarale

Time in Landscape

“Creio que o conteúdo formal de uma intervenção está em sua adequação, moderação e encanto.” Brian O`Doherty

“I suppose the formal content of a gesture lies in its aptness, economy and grace.” Brian O’Doherty

O questionamento a respeito de haver ou não espaço para a pintura de paisagens na arte contemporânea foi a origem desta pesquisa. Afirmando que sim, que há este espaço, escolhi as possíveis relações entre a paisagem natural e a paisagem construída (segundo Anne Cauquelin, toda paisagem é construída e a natureza é inacessível − só temos acesso à paisagem, que é uma desordem à qual nós damos sentido; ela também diz que toda tentativa de buscar a paisagem é uma tentativa de reconstruir um jardim da nossa infância) como o foco temático inicial, porém outras questões com tanta ou maior importância são desenvolvidas. Pensando a construção e a representação, penso na minha paisagem. Sugiro relações entre a paisagem

construída e a paisagem natural explorando o espaço, o suporte e o tempo. Penso a pintura para além do quadro. Proponho a inserção de elementos naturais (porém construídos) em diálogo com paisagens construídas (arquitetura): pinturas, desenhos, objetos, árvores e plantações como elementos (ou recorte) de uma paisagem pensada para ocupar espaços construídos, a criação de um ambiente que instigue novos olhares para paisagens inusitadas. A linguagem e a experimentação − novos suportes, como tecidos populares estampados industrialmente, banners de propaganda ou objetos retirados de sua função original, todos prontos para acomodar a pintura. A necessidade de não mais uma única técnica para

The question of whether there is space for painting landscapes in contemporary art was the origin of this research. Stating from the premise that yes, there is this space, I chose the possible relationship between the natural and built landscape (according to Anne Cauquelin, every landscape is constructed and nature is inaccessible - we only have access to the landscape, a disorder which we give meaning; she also says that any attempt to seek the landscape is an attempt to reconstruct the garden of our childhood) as the initial thematic focus, but other issues of the same or greater importance are also developed. Thinking about construction and representation, I think of my landscape. I suggest relationships between the

built landscape and the natural landscape exploring space, support and time. I think about painting beyond the picture. I propose the inclusion of natural elements (however constructed) in dialogue with the built landscapes (architecture): paintings, drawings, objects, trees and plantations as elements (or cut) of a landscape thought to occupy the built environment, creating an environment that instigates new forms of view for unusual landscapes. Language and experimentation - new medias, such as industrially popular fabrics printed, banner ads or objects removed from original function, are all ready to accommodate painting. There is no longer the necessity of a single technique to develop the research. It is important


desenvolver a pesquisa. Compreender a multiplicidade de possibilidades ao se abordar o tema sem preconceitos acerca da técnica escolhida. Experimentar novas possibilidades técnicas e materiais na pintura, o desenho levado ao campo do espaço real e virtual, porém sem perder a possibilidade de ser traçado com um descompromisso quase juvenil. Em vez do início no branco infinito, a partida de um suporte que já traz uma história em sua carga intrínseca permite a extensão do tempo da obra para antes do início da minha pintura, problematizando questões que vão além do tempo e agregando discussões a respeito da apropriação e do papel do pintor além da parte técnica. A inserção do “outro” como coartista, a fundamentação através da pesquisa do pensamento junto a novas linguagens, como a plantação de grãos e mecanismos de inserção e difusão, como a internet ou a formação de grandes redes. Através da troca de sementes e grãos e da sugestão em algumas obras, o espectador se torna coartista, levando para sua casa sementes ou as trazendo para semear nas plantações coletivas montadas nas exposições. O artista como sugestionador e incen-

tivador de situações inclusivas para o espectador. As plantações são desenhos, intervenções, tempo e transformação. Plantações com algodão ou terra, desenhadas no espaço, transformam-se a cada dia. Grãos variados permitem que a obra esteja em permanente transformação − enquanto algumas sementes germinam, outras já estão morrendo. A obra em sua total temporalidade, plantação, germinação, crescimento e morte. O tempo na paisagem − a possibilidade de ter o tempo como protagonista da obra. Na pintura, isso é possível através da representação dos tempos distintos do processo na composição final. Como se a apresentação final fosse um somatório de frames capturados em momentos diferentes da execução da obra, o tempo total se apresenta com a sobreposição das etapas do processo sem que nenhuma anule outra (diferente do atemporal). Apresenta-se a rede de influências / referências cotidianas do artista como base para a construção, e não a paisagem real. E, nas plantações, existe a expectativa de uma paisagem que se

transforma a cada dia, pela germinação, o crescimento e a morte dos grãos semeados. Explorar o limite entre o natural e o artificial, destacando o hibridismo como possibilidade. As questões em torno do tempo da representação são levadas para fora da tela, o tempo em que vivemos, documentado através dos fluxos e refluxos próprios da nossa época, instantâneos e sem limites de fronteiras devido à internet e à velocidade de informação do nosso mundo globalizado. A construção de paisagens híbridas e coletivas − enquanto gerações passadas tinham que esperar a publicação de livros para ter acesso a grandes obras, muitas vezes impressas em preto e branco, ou ter a sorte de alguma exposição com importantes artistas do seu tempo passar pelo país (situação comum a países de terceiro mundo e periféricos ao grande circuito), os artistas da minha geração têm acesso a tudo que lhes interessa por uma infinidade de mídias, a principal delas sendo, obviamente, a internet. A rede propicia uma troca contínua entre pessoas e realidades. Uma convivência a distância. Além disso, atualmente, o

número de residências artísticas internacionais não tem precedentes. Essa vivência em outros países permite que se mesclem o cotidiano e o novo, que se notem semelhanças ou contrastes de pensamento e produção, proporcionando situações em que o artista vê com o olhar de fora imagens nem sempre percebidas pelo morador local. A facilidade de acesso faz com que artistas em continentes diferentes realizem paisagens similares sem que nenhum deles tenha realmente estado nelas. Em um tempo em que mundos como o do Second life, do Facebook ou do Orkut se tornam uma sensação avassaladora, é impossível se abster das trocas interculturais e dos fluxos e refluxos. O desbloqueio do olhar para paisagens cotidianas – propor, através de alguns trabalhos, que se enxergue o cotidiano com outros olhos, que os espectadores sejam capazes de se encantar com uma construção por onde passem todos os dias e cujos detalhes nunca tenham percebido antes. Possibilitar que eles enxerguem a beleza do volume de uma construção, as cores do tempo sobre a superfície, a relação

to understand the multiplicity of possibilities in approaching the subject without preconceptions about the chosen technique. To experiment with new technical possibilities and materials in painting - drawing taken to the field of real and virtual space - but without losing the ability to be traced with an almost youthful disengagement. Instead of beginning with endless white, it starts with a medium that already has a story and the intrinsic charge allows the extension of time to the work before the beginning of my painting, discussing issues that go beyond time and joining discussions regarding the ownership and the role of the painter going beyond just the technical part. The participation of the “other” as coartist, the foundation through the research of thoughts together with newer languages, such as the planting of grain and mechanisms for integration and dissemination, such as the internet or the creation of large networks. Through the exchange of seeds and grains and the suggestion in some works, the viewers becomes coartists, taking the seeds to their homes or bringing the seeds to inseminate in the collective plantations mounted in the exhibition. The artist acts as a

proposer and supports inclusive situations for the viewers. Plantations are drawings, interventions, time and transformation. Cotton plantations or land, drawn in space, transform every day. Various grains allow the work to be in constant change - while some seeds germinate, others are already dying. The work in its total temporality, planting, germination, growth and death. Time in landscape - the possibility of having time as the protagonist of the work. In painting, this is possible through the representation of different times in the final process. As if the final presentation was a result of frames captured at different moments of the construction work, the total time is presented with the overlap stages of the process without any annulling another (different from timeless). It shows the network of influences / daily references of the artist who uses these as building blocks, instead of the real landscape. And, in the plantations, there is an expectation of a landscape that changes every day, by germination, growth and death of the seeds sown. It explores the boundary between the natural and the

artificial, emphasizing hybridity as possible. The issues around the time of representation are taken out of the screen, the time we live in, and documented through the flux and reflux of our own time, snapshots, and without limits across borders due to the internet and the speed of information in our globalized world. The construction of hybrid and collective landscapes - while past generations had to wait for the publication of books to have access to great works, often printed in black and white, or be lucky to have an exhibition with important artists of their time going through the country (a common situation in the third world countries and the large peripheral circuit), the artists from my generation have access to everything that matters to them from a variety of media, the main one being obviously the internet. The network provides a continuous exchange between people and realities. A life lived from distance. Also, currently, the number of international artist residencies is unprecedented. This experience in other countries allows to mix the everyday and the new, similarities and contrasts of thought and production can be noticed, provid-

ing situations in which the artist sees with his eyes images that are not always perceived by the local resident. The ease of access means that artists in different continents can perform similar landscapes although none of them has really been to them. In a time when the worlds like Second Life, Facebook or Orkut have become overwhelming, it is impossible to refrain from intercultural exchanges and flux and reflux. Unlocking the view to look at everyday landscapes - suggests, through some works, for one to see daily life with other eyes, viewers are able to be enchanted with a building which they pass every day and whose details they have never noticed before. Allowing them to see the beauty of the volume of a building, the colors of time on the surface, the relationship established by man between the built and natural, and nature’s answer to this imposition. By unlocking the coartists eyes, it makes it possible for them to intercede with their actions. Landscape in art history - how can we think about a subject, so worked throughout his tory, in a new way and make it continue to be current. To make possible


estabelecida pelo homem entre o construído e o natural, e a resposta da natureza a esta imposição. Fazer com que o coartista, a partir do desbloqueio de seu olhar, seja capaz de interceder com suas ações. A paisagem na história da arte − como pensar novas questões a respeito de um tema tão trabalhado ao longo da história e que continua atual. Possibilitar o entendimento de novas influências como tecnologia, acesso à informação e mundo globalizado como elementos na construção da paisagem contemporânea, bem como política, sociedade, circuito e mercado. Enxergar uma paisagem que não se restrinja somente à representação. A paisagem traz consigo toda a potencialidade de nossa contemporaneidade. Nossa geração, diferentemente das anteriores, não teve que transgredir tanto, já que tudo já havia sido realizado. Atualmente tudo é permitido − somos filhos de uma geração que lutou pelas transformações, e creio que a arte nos foi dada já desmistificada, próxima à nossa vida, mesmo que incompreensível para a absoluta maioria. A internet, a MTV, a propaganda e a globalização mudaram o tempo em nossas vidas e com

isso alteraram o tempo da história. Hoje em dia não há desculpa para a falta de informação: tudo é acessível, recortado e colado, não é mais possível fazer um trabalho sem contextualizá-lo, sem ter consciência de toda a história da arte, inclusive a contemporânea. Tudo é instantâneo, acelerado, relacionado à moda, e se torna obsoleto em pouco tempo. Aprendemos a viver em um mundo de descartabilidade, e com isso criamos nossas defesas e nossos ataques. Tornamo-nos uma geração essencialmente irônica com a história. Bruno Miguel

the understanding of new influences such as technology, access to information and globalized world as elements in the construction of contemporary landscape as well as in politics, society, circuit and market. To make it possible to see a landscape not limited only to its representation. The landscape brings with it the full potentiality of our times. Our generation, unlike the previous ones, did not have to transgress that much, since everything had already been accomplished. Currently everything is permitted - we are children of a generation that fought for change, and I believe that art has already been demystified, it is close to our daily life, even though it is incomprehensible to the vast majority. The internet, MTV, advertising and globalization have changed the concept of time in our lives and in history. Nowadays there is no excuse for lacking information: everything is available, cut and pasted, is no longer possible to create a work without contextualizing it, unaware of the history of art, including contemporary. Everything is instantaneous, fast, related to fashion, and becomes obsolete in a short

period of time. We learn how to live in a world of disposability, and thereby create defenses and attacks. We turned into a generation that in its essence has an ironic approach to history. Bruno Miguel

Toda glória a Steve B ou Spring Love come back to me, 2010 > Tinta a óleo, esmalte, zarcão, colorjet, verniz de madeira e lápis dermatográfico sobre toldo de varanda > 2,00 x 2,80 m All glory to Steve B or Spring Love come back to me, 2010 > Oil paint, enamel, azarcon, colorjet, wood varnish and dermatographism pencil on awning > 2,00 x 2,80 m


Tributo à vista das Varandas da Zona Norte, 2010 > Tinta serigráfica, esmalte, tinta a óleo e grafite sobre banner > 0,80 x 3,20 m Tribute to the view from the balconies of the North Zone, 2010 > Silkscreen ink, enamel, oil paint and graphite on banner > 0,80 x 3,20 m

Quem tem medo da Zoation Painting e de Alfred e Newman, 2009 > Tinta acrílica, tinta a óleo, esmalte, colagem e grafite sobre tecidoestampado > 1,20 x 3,70 m Who’s afraid of Zoation Painting and Alfred & Newman, 2009 > Acrylic paint, oil paint, enamel, collage and graphite on printed fabric > 1,20 x 3,70 m


Pelo amor dos filhinhos que eu nunca terei, 2010 > Tinta a óleo sobre banner > 0,27 x 0,24 m For the love of the little children that I’ll never have, 2010 > Oil paint on banner > 0,27 x 0,24 m Árvorecoluna e Colunaárvore, 2008 > Tinta à óleo sobre base de acrílico / Treecolumn and Columntree, 2008 > Oil paint on acrylic base

Honraria a Wall-e, 2010 > Tinta a óleo e esmalte sobre porta de geladeira > 0,70 x 1,28 cm Honor to Wall-e, 2010 > Oil paint and enamel on refrigerator door > 0,70 x 1,28 cm

Tributo a todos que documentaram de maneira estereotipada as nossas paisagens, 2010 > Tinta acrílica, tinta a óleo, esmalte, tinta serigráfica e colagem sobre tecido estampado > 1,60 x 2,40 m Tribute to all those who have documented in a stereotypical way our landscapes, 2010 > Acrylic paint, oil paint, enamel, silkscreen ink and collage on printed fabric > 1,60 x 2,40 m

In Memorian Top Gear, 2008 > Tinta acrílica, esmalte, lápis de cera e colagem sobre tecido estampado > 1,20 x 1,20 m In memoriam Top Gear, 2008 > Acrylic paint, enamel, crayon and collage on printed fabric > 1,20 x 1,20 m


Homenagem ao morro do Dendê (que é ruim de invadir e “nois” com os “alemão” vamo se divertir), 2010 > Tinta a óleo e esmalte sobre tecido estampado > 0,26 x 1,95 m Tribute to Dendê hill (which is difficult to invade and “we” together with the “Germans” are gonna have fun), 2010 > Oil paint and enamel on goblin > 0,26 x 1,95 m Celebrando os Maias, 2010 > Esmalte e verniz de madeira sobre poster > 0,49 x 0,69 m Celebrating the Mayas, 2010 > Enamel and wood varnish on poster > 0,49 x 0,69 m

Pela glória da iniciativa Dharma, 2009 > Tinta acrílica e colorjet sobre tecido estampado > 1,20 x 1,20 m For the glory of the Dharma Initiative, 2009 > Acrylic paint on printed fabric and colorjet > 1,20 x 1,20 m

Observando Juan José Campanella, 2010 > Esmalte sobre poster > 67,5 x 97,5 cm Observing Juan Jose Campanella, 2010 > Enamel on poster > 67,5 x 97,5 cm

Viva o colégio Óperon, 2010 > Tinta acrílica e colagem sobre tecido estampado > 1,20 x 1,20 m Long live Operon College, 2010 > Acrylic paint and collage on printed fabric > 1,20 x 1,20 m


Pintura de museu - paisagem strictu-sensu MAM – RJ, 2010 > Tinta a óleo e esmalte sobre gobelin > 1,06 x 1,04 m Museum Painting – MAM RJ landscape strictu-sensu, 2010 > Oil paint and enamel on goblin > 1,06 x 1,04 m

Pintura de museu - paisagem strictu-sensu – MAC Niterói, 2010 > Tinta a óleo e esmalte sobre gobelin > 44,5 x 46,5 cm Museum Painting – MAC Niterói landscape strictu-sensu, 2010 > Oil paint and enamel on goblin > 44,5 x 46,5 cm

Pintura de museu - paisagem strictu-sensu, Guggenheim Bilbao, 2010 > Tinta a óleo e esmalte sobre gobelin > 1,08 x 0,83 m Museum Painting – Guggenheim Bilbao landscape strictu-sensu, 2010 > Oil paint and enamel on goblin > 1,08 x 0,83 m

Pintura de museu - paisagem strictu-sensu Tate Modern- 2010 > Tinta a óleo e esmalte sobre gobelin > 1,36 x 1,98 m Museum Painting – Tate modern landscape strictu-sensu , 2010 > Oil paint and enamel on goblin > 1,36 x 1,98 m


Toda honra aos filmes a que assisti na sessão da tarde, 2010 > Tinta acrílica, tinta a óleo, esmalte, colorjet e grafite sobre tecido estampado > 1,00 x 2,39 m All honor to the movies I watched during the afternoon session, 2010 > Acrylic paint, oil paint, enamel and graphite on colorjet printed fabric > 1,00 x 2,39 m

Homenagem ao Papa-Capim e sua turma, 2009 > Tinta acrílica, tinta a óleo e colagem sobre tecido estampado > 1,50 x 2,40 m Homage to the Papa - Capim and his gang, 2009 > Acrylic paint, oil paint and collage on printed fabric > 1,50 x 2,40 m


Kippenberger ad eternum, 2010 > Tinta a óleo e esmalte sobre tecido estampado > 1,20 x 1,20 m Kippenberger ad eternum, 2010 > Oil paint and enamel on printed fabric > 1,20 x 1,20 m

Honraria a Stanley Kubrick, 2009 > Tinta acrílica, tinta a óleo, esmalte, colorjet e grafite sobre tecido > 1,20 x 1,20 m Honor to Stanley Kubrick, 2009 > Acrylic paint, oil paint, enamel and graphite on colorjet printed fabric > 1,20 x 1,20 m

Lembrança da viagem de Robert Crumb à serra de Itaipava, 2010 > Tinta acrílica sobre tecido estampado > 1,20 x 1,20 m Remembering Robert Crumb’s trip to Itaipava Hills, 2010 > Acrylic paint on printed fabric > 1,20 x 1,20 m

Para o mestre com carinho, 2010 > Tinta acrílica, tinta a óleo, lápis de cera e grafite sobre tecido estampado > 1,20 x 1,20 m To Sir, With Love, 2010 > Acrylic paint, oil paint, crayon and graphite on printed fabric > 1,20 x 1,20 m


Nuvem I, 2010 > Tinta a óleo, esmalte e colorjet sobre banner > 0,25 x 0,24 m Cloud I, 2010 > Oil paint, enamel and colorjet on banner > 0,25 x 0,24 m Pela honra de Quentin Tarantino, 2008 > Tinta acrílica sobre tecido estampado > 1,19 x 2,90 m For the honor of Quentin Tarantino, 2008 > Acrylic paint on printed fabric > 1,19 x 2,90 m

Nuvem II, 2010 > Tinta a óleo, esmalte e colorjet sobre banner > 24 x 30,5 cm Cloud II, 2010 > Oil paint, enamel and colorjet on banner> 24 x 30,5 cm

Homenagem àquele meu outro trabalho que todo mundo gosta, 2010 > Tinta acrílica, tinta a óleo e impermeabilizante de piscina sobre tecido estampado > 1,20 x 1,50 m Homage to my other work that everyone enjoys, 2010 > Acrylic paint, oil paint and waterproofing of swimming pool on printed fabric > 1,20 x 1,50 m


Homenagem a todos os arquitetos que ainda vão comprar meu trabalho por que o acham bonito, 2010 > Tinta a óleo, esmalte e grafite sobre banner > 0,37 x 0,32 m Homage to all the architects who will buy my work because they find it beautiful, 2010 > Oil paint, enamel and graphite on banner 0,37 x 0,32 m O peso de um Cézanne, 2008 > Tinta a óleo e esmalte sobre tampa de balança > 0,28 x 0,35 m The weight of a Cézanne, 2008 > Oil paint and enamel on lid scale > 0,28 x 0,35 m Desentendendo Rothko, 2010 > Tinta acrílica, tinta a óleo e tapeçaria sobre tecido estampado > 1,60 x 1,20m Misunderstanding Rothko, 2010 > Acrylic paint, oil paint and on printed fabric > 1,60 x 1,20m

Tributo às Margens Plácidas, 2010 > Esmalte, laca, grafite e lápis dermatográfico sobre tela e moldura > 0,56 x 0,66 m Tribute to the peaceful banks, 2010 > Enamel, lacquer, graphite and pencil on canvas and dermatographism pencil > 0,56 x 0,66 m

Honraria para Danny Boyle, 2010 > Tinta acrílica e lápis de cera sobre tecido estampado > 1,20 x 0,99 m Honor to Danny Boyle, 2010 > Acrylic paint and crayon on printed fabric > 1,20 x 0,99 m

Reverenciando Gerhard Richter, 2010 > Tinta a óleo e esmalte sobre tela > 0,50 x 0,50 m Revering Gerhard Richter, 2010 > Oil paint and enamel on canvas > 0,50 x 0,50 m


Série Paisagem em Interseção / Landscape Intersection Series

Carnaval Diamantina 77, 2010 > 0,38 x 0,49 m / Diamantina Carnival 77, 2010 > 0,38 x 0,49 m Summer Hits – Switzerland Version, 2010 > 0,72 x 0,52 m / Summer Hits - Switzerland Version, 2010 > 0,72 x 0,52 m Toda beleza e encanto da primavera européia, 2010 > 0,70 x 0,51 m / All the beauty and charm of European spring, 2010 > 0,70 x 0,51 m Tributo a linguagens mortas, 2009 > Tinta acrílica, tinta a óleo, esmalte e verniz de madeira sobre tecido > 1,00 x 2,40 m Tribute to dead languages, 2009 > Acrylic paint, oil paint, enamel and wood varnish on printed fabric > 1,00 x 2,40 m

Minhas férias na Bavaria, 2010 > 0,72 x 1,00 m / My vacations in Bavaria, 2010 > 0,72 x 1,00 m > Esmalte, porcelana fria e vasos sobre quebra-cabeças em mesa de cedro / Enamel, porcelain vases and cold on puzzles in cedar table


Série Evolução das Espécies / Evolution of Species Series

Série Recortes de Paisagens / Clippings Landscape Series

Flamboyant, 2010 > Grama sintética sobre árvore em base de cedro / Flamboyant, 2010 > Synthetic turf on the cedar tree on the basis

Homenagem a Homer Simpson, 2008 > Porcelana fria e tinta a óleo sobre base de chassi com caixa de acrílico / Homage to Homer Simpson, 2008 > Cold porcelain and oil paint on a base chassis with acrylic box

Obrigado, Iberê Camargo, 2009 > Porcelana fria e tinta a óleo sobre base de chassi com caixa de acrílico / Thanks, Iberê Camargo, 2009 > Cold porcelain and oil paint on a base chassis with acrylic box Cajá-manga, 2010 > Porcelana fria sobre árvore em base de cedro / Caja-manga, 2010 > Cold Porcelain on base of cedar tree

Um paraíso para Papai, 2010 > Porcelana fria, tinta a óleo e tecidos estampados sobre base de cedro / A haven for Daddy, 2010 > Cold porcelain, oil paint and fabrics on a base of cedar

Bouganville, 2010 > Porcelana fria sobre árvore em base de cedro / Bouganville, 2010 > Cold Porcelain on base of cedar tree

Para João Magalhães, com amor, 2008 > Porcelana fria e tinta a óleo sobre base de chassi com caixa de acrílico / To Joao Magalhaes, with love, 2008 > Cold porcelain and oil paint on a base chassis with acrylic box I love Willy Wonka, 2009 > Porcelana fria e tinta a óleo sobre base de chassi com caixa de acrílico / I love Willy Wonka, 2009> Cold porcelain and oil paint on a base chassis with acrylic box

Pinheiro, 2010 > Plantas sintéticas sobre árvore em base de cedro / Pinheiro, 2010 > Plants on synthetic cedar tree base


CATÁLOGO / CATALOGUE

EXPOSIÇÃO / EXHIBITION

Realização e produção / Accomplishment and production Belvedere > Largo das Artes Projeto gráfico / Graphic design Completta Textos / Texts Bruno Miguel Fernando Cocchiarale Fotografia / Photography Jaime Acioli Revisão de textos / Texts revision Taís Monteiro Versões para o inglês / English versions Thais Medeiros Impressão / Print J.Digiorgio Artista representado por / Artist represented by Galeria Laura Marsiaj

Realização e produção / Accomplishment and production Belvedere > Largo das Artes Curador / Curator Fernando Cocchiarale Projeto gráfico / Graphic design Completta Fotografia / Photografhy Jaime Acioli Revisão de textos / Texts revision Taís Monteiro Versões para o inglês / English versions Thais Medeiros Assessoria de imprensa / Press office Angela Falcão Artista representado por / Artist represented by Galeria Laura Marsiaj

agradeço à minha mãe, Luiza Süssekind, Tia Sônia, Tia Carla, Tio Joaquim e Tia Lena. a todos da Belvedere, Sartore, Adriana e Otoniel. à equipe do Largo, Miguel, Martha, Carla, Isabela e Alexandre. aos que me ajudaram a pensar, Fernando Cochiaralle, Pontogor, Julia Pombo, Carlos Zilio, João Magalhães, Paulo Venâncio, Luiza Interlenghi, Marcelo Campos, Glória Ferreira, Guilherme Bueno, Luis Ernesto, Livia Flores, Daniel Lannes, Leo Ayres, Carlos Contente, Elvis Almeida, Magrão, Ivair Reinaldim, Beatriz Lemos, Daniela Name, Vicente de Mello, Leandro Pereira, Patrizia D’Angello, Maria Luiza Távora, Jozias Benedicto, Roberto Braga e os amigos do aprofundamento. um agradecimento especial ao meu pai. I would like to thank my mother, Luiza Süssekind, my aunt Sônia, aunt Carla, uncle Joaquim and aunt Lena. Thank you everybody from Belvedere, Sartore, Adriana and Otoniel. The team from Largo, Miguel, Martha, Carla, Isabela and Alexandre. To those who helped me think, Fernando Cochiaralle, Pontogor, Julia Pombo, Carlos Zilio, João Magalhães,Paulo Venâncio, Luiza Interlenghi, Marcelo Campos, Glória Ferreira, Guilherme Bueno, Luis Ernesto, Livia Flores, Daniel Lannes, Leo Ayres, Carlos Contente, Elvis Almeida, Magrão, Ivair Reinaldim, Beatriz Lemos, Daniela Name, Vicente de Mello, Leandro Pereira, Patrizia D’Angello, Maria Luiza Távora, Jozias Benedicto, Roberto Braga and the friends from my course. Special thanks to my father.



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