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Os trabalhos apresentados nesta exposição do Museu de Arte Moderna reafirmam duas direções aparentemente contrárias na obra de Nuno Ramos. Se por um lado têm o poder de caminhar por formas muito diversas, como um andarilho que percorre fronteiras de muitos países, por outro, têm cada vez mais uma capacidade de síntese, de reafirmação de uma identidade – híbrida, multifacetada – do artista. Escritor premiado, Nuno projeta cada trabalho e os organiza no espaço da exposição como quem escreve. Estar diante de uma obra do artista é ter a possibilidade de acessar mundos remotos, guardados na memória de cada um de nós e também no repertório comum a todos os brasileiros, que cresceram ouvindo o samba de Nelson Cavaquinho ou conheceram a literatura através dos poemas de Carlos Drummond de Andrade. Cada exposição é um livro a ser percorrido, página por página, com eventuais releituras, surpresas, anotações. A Bradesco Seguros faz parte dessa história com muito entusiasmo e orgulho, certa de que ajuda contar um capítulo importante da arte brasileira na atualidade.
Parceiros Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, Credit Suisse Hedging-Griffo, Gavea Investimentos, Grupo Icatu Hartford, Investidor Profissional, Mica Mídia Cards, Outback Steakhouse, Revista Piauí, Salta Elevadores Projetos Especiais Reynaldo Roels Jr: crítica reunida - Conexão Artes Visuais MinC / Funarte / Petrobras 2010; Cinemateca Aquisição de Acervo e Digitalização de Acervo Documental - ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico; TAM transportadora oficial do l Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura Horários ter - sex 12 - 18h sáb, dom, feriados 12 - 19h A bilheteria fecha 30 min. antes. Ingressos R$8,00 Estudantes e maiores de 60 anos R$4,00 | Amigos do l e crianças de até 12 anos – entrada gratuita Domingos ingresso família (até 5 pessoas) R$8,00 Pesquisa e Documentação pesquisa@mamrio.org.br Cinemateca cinemateca@mamrio.org.br Amigos do l Clube de Colecionadores atendimento@mamrio.org.br Livraria Piccola da Vinci T +55 21 2524 4067
Produção Tisara Arte Produções / Heloisa Vallone
curadoria Vanda Mangia Klabin
Um dos maiores nomes da chamada “Geração 80”, Nuno começou a carreira como pintor, no ateliê coletivo Casa 7, em São Paulo. O desenvolvimento de sua obra o levou para caminhos diversos, que trazem à tona as ideias de morte, melancolia, deriva e desaparecimento através de obras muitas vezes monumentais. A conversa com a pintura se mantém presente em sua criação, mas este artista inquieto consegue ampliá-la na direção de outras possibilidades da arte – escultura, desenho, instalação – e também na sobreposição ou contaminação com outras linguagens artísticas, como a arquitetura, o cinema e especialmente a literatura e a música.
Mantenedores Petrobras, Light
Coordenação geral Mauro Saraiva
Produção em São Paulo Carmo Angelo, Pedro Cruz Assistente do artista Romulo Fróes Projeto arquitetônico Marília Teixeira Projeto técnico Allen Roscoe Consultoria técnica Geraldo Filizola /Cerne Engenharia e Projetos Finalização de áudio e vídeo Fruto estranho: Miguel Antunes Ramos; Verme: Miguel Antunes Ramos, Cataria Bassotti, Paul Snake; Monólogo para um cachorro morto: Eduardo Climachauska, Ivan Garro Projeto de som e vídeo Fusion-Áudio, Terceriza Som Áudio Visual
NUNO RAMOS FRUTO ESTRANHO
no Brasil. Inclassificável, no melhor dos sentidos da palavra, sua obra visual mistura reaproximações da pintura e da escultura com grandes ambientes vivos, que tanto podem conter uma tempestade no espaço interno da exposição quanto levar urubus para voar no meio da galeria.
Curadoria Vanda Mangia Klabin
Execução cenográfica H. O Silva Iluminação Rogério Kennedy Versão para o inglês Anna Luisa Araújo Revisão de textos Rosalina Gouveia Assessoria de imprensa CWeA Comunicação / Cláudia Noronha Administração Antonio Goes, Loane Malheiros Transporte Alves Tegam Agradecimentos Carlos Werneck / Hotel Marina, Cíntia Alves, Luiz Carlos Nabuco, Markus Henrichs, Patrícia Quentel, Prof. Dr. Antônio Roque Techen e Prof. Luis Fernando Sangalde/ ESALQ-USP, SEEBLA Serviço de Engenharia Emílio Baumgart Patrocínio
CARLA MARINS E RAFAEL RODRIGUES
Nuno Ramos é um dos mais versáteis artistas em atividade
Av Infante Dom Henrique 85 Parque do Flamengo 20021-140 RJ Brasil www.mamrio.org.br
NUNO RAMOS Fruto estranho 15 set - 7 nov 2010
DESIGN l
Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro
Loja Novo Desenho T +55 21 2524 2290 Produção
Apoio
Barmam T +55 21 2544 0632
Bradesco Seguros
Restaurante Laguiole T +55 21 2517 3129
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Nuno Ramos / Matéria à Deriva
Nuno Ramos, um dos expoentes do cenário cultural contemporâneo, desponta nos principais eventos de arte no país nos anos 80, quando integrava o grupo Casa 7, ateliê de artistas paulistas vinculado ao neoexpressionismo, que pregava a revitalização da pintura. O eixo de seu trabalho está na complexa articulação das superfícies pictóricas e dos volumes espaciais, dando à matéria um papel predominante. Ao potencializar os limites da pintura, exacerbando a tensão do plano bidimensional da tela pela acumulação, saturação ou adição de novos elementos, expande o volume do quadro, agora uma verdadeira construção espacial. Nos relevos de grandes formatos, a constituição do plano pictórico vai sendo problematizada à medida que, sobre a superfície rígida e retangular da tela, são adicionados vários elementos heterogêneos – pedaços de pano, cobre, borracha, madeira, espelhos, vaselina, terebintina, linhaça, barro, sal, feltro, papel, corda, esmalte sintético, entre outros. Tudo isso a transformar esse espaço hipersaturado, conflituoso e inquieto, em uma imensa colagem de materiais e formas. Uma nova condição-limite para a pintura que toma o espaço e propõe problemas perceptivos ao atingir proporções quase tridimensionais. Os elementos ora se agregam, ora se dissolvem, em constante dinâmica de transformação, um desejo de intensificação da realidade, um verdadeiro transtorno da matéria. Esse campo ativo, sempre em expansão, sugere uma busca descontínua que progride com dificuldades por meio de incompatibilidades e oposições. Os trabalhos de Nuno Ramos não oferecem uma inteligibilidade imediata. Exibem uma dimensão material intensa em que nada é confortável. As suas operações estéticas aderem decididamente a contradições e ambiguidades. Já pela aparência desordenada, nos confrontam, propõem dilemas. Nenhum dos elementos, em sua aflitiva convivência, parecem estar domesticados ou apaziguados.
O livre trânsito pelas mais diversas esferas artísticas – literatura, cinema, ensaios, música – encontra aqui um curso natural e enfatiza o aspecto heterogêneo de suas obras. O núcleo de sua poética reside na complexa história particular de suas afinidades com essas áreas da cultura. Explora, de forma interdisciplinar, vários gêneros artísticos. A palavra, pautada por textos criados pelo próprio artista, adquiriu uma importância perturbadora, um peso vital; tornou-se enfim uma matéria distintiva de seu trabalho. Ele mesmo sentencia: a palavra é feita de matéria escura, quase sólida. Artista do fazer exaustivo, cultiva o excesso, a ambiguidade e as zonas instáveis: nada permanece inerte. As obras de Nuno Ramos abrem-se a experiências, inquietas, desordenadas, interrogativas, nas quais uma busca poética e existencial faz-se sempre presente. E pressupõem uma resistência do ser ao mundo real, traçam uma arena cultural onde acabam expostos os nossos conflitos estéticos e sociais. Em relação a essas superfícies receptivas a tantos e tantos sentidos, ficamos sem saber precisar o que os retém, o que os afasta, o que os amalgama, o que os determina. Inquietas por natureza, as obras de Nuno Ramos parecem desprezar equilíbrio e estabilidade. Nada contribui para nos tranquilizar. Superfícies conflituosas, em permanente pulsação, desarmam a inércia do nosso cotidiano. A ausência de fatores estáveis desafia a nossa noção de ordem e de harmonia. Ao ajustar a gramática e a retórica da visualidade moderna às condições culturais contemporâneas, Nuno Ramos imprime suas marcas no mundo e nos dá a oportunidade, a nós espectadores, de acompanhá-lo em suas aventuras estéticas que se encontram, no momento, em plena ebulição. Vanda Klabin Curadora Rio de Janeiro, julho de 2010
Vanda Mangia Klabin é historiadora de arte, curadora de diversas exposições de arte contemporânea, autora de artigos e ensaios sobre arte.
Verme, 2010 detalhe - frame do vídeo
Monólogo para um cachorro morto, 2008, detalhe, foto Mila Petrillo capa Fruto estranho, 2010, making off, detalhe, foto Edouard Fraipont