34-01 38 AVE, LIC S.R. 34, RJ W.L. 140, RJ
daniel senise 34-01 38 AVE, LIC S.R. 34, RJ W.L. 140, RJ
Vai-e-vens Glória Ferreira
Tal como as cifras e siglas do seu título, o próprio trabalho evoca pequenos
temunha de um evento”, transpondo texturas e formas, em que margens
problema” das situações de embate com o mundo do seu trabalho. Es-
tempo é representado revelando as novas concepções da arte que então
segredos, convoca decifrações, e se revela em camadas de remissões en-
são deixadas aos acasos. “O que se arranca e transpõe do ambiente
paço sempre evocado e atualizado em sua reconstituição como pintura.
se operavam; os ateliês de Mondrian que se figuravam como prenúncio
tre a representação fotográfica e os diversificados signos aí inseridos.
do atelier como ‘fundo’ e ponto de partida da obra é a própria matéria
Recurso de questionamento da representação clássica da realidade
de uma arte futura; ou ainda o ateliê de Brancusi no qual a mobilidade
do mundo impregnada num corpo, a pintura. A superfície será, então, o
Nestas séries, os próprios lugares são trazidos nas imagens dos fotográ-
dos elementos, fixados por ele em surpreendentes clichês, visava afirmar
próprio abismo”, assinala Paulo Herkenhoff.
fos Thiago Barros e Fernando Laszlo, com angulações que se querem
a relação entre obra e seu contexto de inscrição. Mesmo relegado ao
reveladoras do espaço ─ algo próximo às fotografias dos grande planos
papel de depositário de arquivos diante da supremacia acordada ao
arquitetônicos apresentando chãos e tetos.
projeto pela arte coceitual, a singularidade desse local de trabalho se
introduzida no início do século 20, em variadas estratégias poéticas, a justaposição dos mais díspares elementos permitiu novos espaços plás-
Impregnação da pintura com a matéria do mundo, fazendo uso das pa-
ticos como os planos suplementares do espaço cubista (que Greenberg
lavras do crítico, que estabelece variados laços com o dispositivo fo-
assinala como “confusão e vai-e-vém entre superfície e profundidade”);
tográfico e seu espaciotemporal, sua reação instantânea à informação
Nessa conformação espacial, o lugar de atuação, em princípio invísivel,
hando com outros artistas, mantendo dois ateliês como no período em
ampliou o processo de construção de significações imagéticas, e aproxi-
luminosa: corte na duração e recorte do espaço.
é redefinido em local de experiência, como algo que está aqui e agora
que residiu em Nova York, esse espaço sempre se configurou “parte do
pela coexistência de detritos do chão, de fatias de telas impregnadas,
problema”, como referido acima: “o modo como trabalho é resultado de
Investindo na multiplicidade de significados conexos e complementares
de madeiras e outros elementos no próprio corpo das imagens fotográ-
uma imersão no ateliê, uma saturação” , diz o artista.
da relação entre a presença que “aconteceu”, como evento ─ e assim guar-
ficas. Ora reforçando seus planos fictícios, ora rompendo a lógica da
Daniel Senise, neste conjunto de trabalhos, iniciados em 2005, inverte
dando analogias com o dispositivo da fotografia ─, e o “acontecer” própria
profundidade pela criação de relevos, criam situações diversas a partir,
34-01 38 AVE, LIC / S.R. 34, RJ / W.L. 140, RJ ao revelar o espaço de
de certa maneira as prerrogativas da colagem, fazendo da fotografia o
ao mundo que a pintura convoca, o trabalho de Daniel Senise vem con-
por vezes, da mesma série.
configuração do seu processo pictórico, ao mesmo tempo, constituindo
depositário de coisas do mundo, criando aí também vai-e-vens entre pin-
struindo grandes e intricados espaços virtuais em laboriosas justaposições
tura e fotografia, entre o fotografado e seu própio referente, entre suas
e reorganizações de recortes de telas impregnadas em seus ateliês, nas
Trazendo diversificadas relações estruturais com sua pintura, particular-
a imagem, reiteradas vezes por ele indicada, desde sempre, de grande
escalas. No seu processo de trabalho, a relação com o dispositivo fo-
quais a continuidade com o mundo é um horizonte poético ─ assegurando,
mente no diz respeito ao ambiente de registro dos fragmentos do chão da
atração, mediada, porém, na sua trajetória, pela pintura. Ao se inscrever
tográfico vem sendo, a meu ver, um dado imamente das suas pinturas,
porém, a simultaneidade enquanto temporalidade. Mais recentemente o
onde as matérias e formas são descoladas, essa série remete à presença
em uma nova imagem como reprodução, as marcas e relevos dos obje-
apropriando-se e operando eventos que acontecem no ateliê e outros
processo tem se dado em outros espaços distintos do ateliê, na Lapa ou
do ateliê ao longo da história da arte, com suas diversificadas significa-
tos anexados transformados eles mesmos em imagens, indicam a re-
espaços onde trabalha, como os atuais, no Rio e em Nova York, indicados
em Nova York. Espaços precários, semi-abandonados. Espécies, con-
ções e importância nas transformações de linguagem. Entre outros, são
sistência do trabalho à perda de sua corporalidade mas também uma
no título. Abolindo a pincelada pessoal, a tela torna-se, como diz, “tes-
tudo, de extensão do que em outra ocasião Senise definiu como “parte do
exemplares o célebre ateliê de Courbert, em que o meio de arte de seu
certa alforria de e enquanto imagem.
mação da arte e vida. E permanece como um dos meios operatórios no atual trânsito entre diferente suportes e linguagens.
inscreve nas estratégias poéticas. No caso de Daniel Senise, seja partil-
o seu próprio universo, talvez inaugure uma nova relação do artista com
34-01 38 AVE LIC II /2005 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 66,5 x 69 cm
34-01 38 AVE LIC II /2005 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 66,5 x 69 cm
34-01 38 AVE LIC II /2005 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 66,5 x 69 cm
S.R. 34 III /2005 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 66,5 x 69 cm
S.R. 34 III /2005 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 66,5 x 69 cm
S.R. 34 III /2005 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 66,5 x 69 cm
34-01 38 AVE LIC /2007 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 92 x 92 cm
34-01 38 AVE LIC /2007 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 92 x 92 cm
34-01 38 AVE LIC /2007 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 92 x 92 cm
34-01 38 AVE LIC /2007 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 92 x 92 cm
34-01 38 AVE LIC /2007 Colagem de tecido sobre impress達o em jato de tinta 92 x 92 cm
W.L. 140 Abril 2008 II – estacionamento /2008 Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta 94 x 91 cm
W.L. 140 Abril 2008 II – estacionamento /2008 Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta 94 x 91 cm
W.L. 140 Abril 2008 II – estacionamento /2008 Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta 94 x 91 cm
W.L. 140 Abril 2008 II – estacionamento /2008 Colagem de tecido sobre impressão em jato de tinta 94 x 91 cmv
W.L. 140 setembro 2008 /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 91 cm
W.L. 140 setembro 2008 /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 91 cm
W.L. 140 setembro 2008 /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 91 cm
W.L. 140 setembro 2008 /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 91 cm
W.L. 140 Abril 2008 III /2008 Poeira sobre impress達o em jato de tinta 94 x 91 cm
W.L. 140 Abril 2008 III /2008 Poeira sobre impress達o em jato de tinta 94 x 91 cm
W.L. 140 Abril 2008 III /2008 Poeira sobre impress達o em jato de tinta 94 x 91 cm
W.L. 140 Setembro 2008 II /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 90 cm
W.L. 140 Setembro 2008 II /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 90 cm
W.L. 140 Setembro 2008 II /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 90 cm
W.L. 140 Setembro 2008 II /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 90 cm
W.L. 140 Setembro 2008 II /2008 Colagem sobre impress達o em jato de tinta 91 x 90 cm
W.L. 140 Setembro 2008 III /2008 Pau sobre impress達o em jato de tinta 91,5 x 112 cm
W.L. 140 Setembro 2008 III /2008 Pau sobre impress達o em jato de tinta 91,5 x 112 cm
W.L. 140 Setembro 2008 III /2008 Pau sobre impress達o em jato de tinta 91,5 x 112 cm
W.L. 140 Setembro 2008 III /2008 Pau sobre impress達o em jato de tinta 91,5 x 112 cm
Daniel Senise nasceu em 1955. Ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 1981, e foi professor da Escola de 1985 a 1996. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Principais exposições individuais: •1985: Subdistrito Comercial de Arte, São Paulo. •1986: Thomas Cohn Arte Contemporânea, Rio de Janeiro. •1988: Galerie Michel Vidal, Paris, França. •1990: Pasárgada Arte Contemporânea, Recife, e Pulitzer Art Gallery, Amsterdam, Holanda. •1991: Galleri Engström, Estocolmo, Suécia, e Museum of Contemporary Art, Chicago, EUA. •1992: Galeria Modulo, Lisboa, Portugal. •1993: Instituto de América – Centro Damián Bayón, Granada, Espanha. •1994: Museo de Arte Contemporáneo, Monterrey, México. •1995: Charles Cowley Gallery, New York, EUA. •1997: Museu Alfredo Andersen, Curitiba e Galeria Cohn Edelstein, São Paulo. •1999, Galeria Ramis Barquet, New York, EUA, e Diana Lowenstein Fine Arts, Buenos Aires, Argentina. • 2000: Galeria Paulo Darzé, Salvador. • 2001: Galeria Brito Cimino São Paulo e Galeria Canvas, Porto, Portugal. • 2002: “The Piano Factory”, Instituto Tomie Othake, São Paulo, e Diana Lowenstein Fine Arts, Miami, EUA. • 2003: “Quase ininito”, MAC, Niterói, Rio de Janeiro e Galeria Silvia Cintra, Rio de Janeiro. • 2006: Museu Oscar Niemeyer, Curitiba. • 2008: Museu de Arte Moderna da Bahia, Bahia, “Vai que nós levamos as partes que te faltam” MAM, Rio de Janeiro e Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre.
Principais exposições coletivas: •1984: “Como vai você, Geração 80?”, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. •1985 : XVIII Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo. •1986: VI Trienal de Nova Delhi, em Nova Delhi, II Bienal de La
Habana, em Havana, Cuba, V Bienal Americana de Artes Gráficas, Cali, Colômbia e I Bienal Latinoamericana de Arte sobre Papel, Buenos Aires, Argentina. •1987: “Modernidade: Art Brésilien du XXeme Siécle”, Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, Paris, França e MAM, São Paulo. •1989: XX Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo e “UABC”, Stedelijk Museum, Amsterdam, Holanda; Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa, Portugal. •1990: XLIV Biennale di Venezia, Veneza, Itália e Sala Uno, Roma, Itália. •1991: “Viva Brasil Viva”, Liljevalchs Konsthall, Estocolmo, Suécia. •1992: “Latin American Artists of the Twentieth Century”, Estáción Plaza de Armas, Sevilha, Espanha; Centre Georges Pompidou, Paris, França; Museu Ludwig, Colônia, Alemanha e “Entre Trópicos”, Museo de Arte Contemporáneo Sofía Imber, Caracas, Venezuela. •1993: “Latin American Artists of the Twentieth Century”, MOMA, New York, EUA. •1994: “Bienal Brasil Século XX”, Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo. •1996: “Venosa, Senise” Paço Imperial, Rio de Janeiro. •1998: XXIV Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo. •1999: “Art Lovers” – Liverpool Biennial (paralela), Inglaterra. •2000: Galeria Juan Pratz, Barcelona, Espanha e “Um oceano inteiro para nadar”, Culturgest, Lisboa, Portugal. • 2001: “Bienal Mercosul”, Porto Alegre. • 2003: “In The Realm of the Absurd”, The Gallery of Contemporary Art, Sacred Heart University, Fairfield, Ct, EUA. • 2004: “Encontros com o Modernismo – destaques do Stedeljik Museum Amsterdam”, Estação Pinacoteca, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro e “Casa – poética do espaço na arte brasileira”, Museu Vale do Rio Doce, Vila Velha. • 2005: “Panorama da Arte Brasileira 2005”, Museu de Arte Moderna, São Paulo. •2007: “Encontros entre dois mares” “Luz ao Sul” – Museo Del Carmem, Valencia, Espanha, “80/90 Modernos Pós Modernos ETC”, Instituto Tomie Othake, São Paulo e “3 Americas”, Galeria Emma Molina, Monterey, México. •2008: “Paper Trail”, Allsopp Contemporary, Londres, Inglaterra.
Os trabalhos reproduzidos neste catálogo foram feitos com a colaboração dos fotógrafos: Fernando Laszlo /pgs. Thiago Barros /pgs. Reprodução dos trabalhos: Paulo Inocêncio Projeto gráfico: Carolina Aboarrage e Paula Tinoco Impressão: Grafica Santa Marta endereço Agradecimentos: Galeria Vermelho Galeria Silvia Cintra