FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
MARIANA VIANA BRAGA
NOVOS USOS: ESPAÇOS CULTURAIS PROPOSTA DE REVITALIZAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO DE CASARÕES NA PRAÇA TANCREDO NEVES EM VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, JUNHO DE 2018
MARIANA VIANA BRAGA
NOVOS USOS: ESPAÇOS CULTURAIS PROPOSTA DE REVITALIZAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO DE CASARÕES NA PRAÇA TANCREDO NEVES EM VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Professor Orientador: Arquiteta Adriana Gusmão.
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, JUNHO DE 2018
MARIANA VIANA BRAGA
NOVOS USOS: ESPAÇOS CULTURAIS PROPOSTA DE REVITALIZAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO DE CASARÕES NA PRAÇA TANCREDO NEVES EM VITÓRIA DA CONQUISTA - BA
Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Professor Orientador: Arquiteta Adriana Gusmão.
Aprovado em 28/06/2018
Banca examinadora: _____________________________________________________ Adriana Gusmão Braga Arquiteta e Urbanista Universidade Federal da Bahia - UFBA
_____________________________________________________ Eunice Gusmão Arquiteto e Urbanista Universidade Federal da Bahia - UFBA
_____________________________________________________ Renisson Veloso Arquiteto e Urbanista Faculdade Independente do Nordeste - FAINOR
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, JUNHO DE 2018
“Para bem restaurar, é necessário amar e entender o monumento, seja estátua, quadro ou edifício, sobre o qual se trabalha... Ora, que séculos souberam amar e entender as belezas do passado? E nós, hoje, em que medida sabemos amá-las e entendê-las?” BOITO, Camillo,1884, p. 4.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que permitiu que este momento fosse vivido por mim, trazendo alegria aos meus pais, familiares, amigos e a todos que contribuíram para a conclusão deste trabalho, e junto a ele a realização de um sonho. Aos mestres que me deram o privilégio de conhecer a pesquisa de Iniciação Científica, onde dei início aos estudos sobre patrimônio histórico e brotou a estima pelo tema que este trabalho de conclusão de curso carrega, fechando o ciclo, com tudo que foi estudado nesses anos sendo colocado em prática. Agradeço de forma especial aos meus pais, por não medirem esforços para que eu pudesse levar meus estudos adiante, dedico a eles cada aprendizado, cada sofrimento, pois sei que não foi em vão. À minha irmã Hellen por confiar em mim e estar ao meu lado em todos os momentos da vida. Agradeço também aos familiares e amigos que se fizeram presentes em minha formação, em especial Milena Lisboa, Rodrigo, Isabela, Gabriely e Maryana, e aqueles amigos que conquistei nos longos anos da graduação, em especial, Rafael, Vanessa, Paula, Arthur, Kaick, Danielly e Milena Andrade е que vão continuar presentes em minha vida com certeza. Sou grata também pelo dono de cada uma das casas, objetos de pesquisa desse trabalho, por terem aberto as portas destas, para realização do cadastro, permitindo executar a proposta de projeto. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte desta formação, о meu muito obrigado.
RESUMO
Compreende se que a implantação de novos usos a edificações antigas, podem salva-las do abandono. Por isso este trabalho propõe um projeto de requalificação em três casarões antigos, localizados na Praça Tancredo Neves, contemplando a interligação dessas edificações e inserindo um espaço cultural. Para agregar ao este espaço, existe a proposta de intervenção na rua de interligação a área requalificada com a Praça, que visa, integrar este novo espaço dos casarões à Praça, trazendo um espaço convidativo e atrativo, como uma zona de recepção. A proposta tem a pretensão de promover a preservação do espaço natural do citado local, e melhoria da estrutura da área enfatizando o seu uso, a permanência e o convívio das pessoas, contrastando com a pressa representativa dos tempos modernos, valorizando a cultura neste espaço. Para tanto, são estabelecidos processos específicos de metodologia nos quais busca-se problematizar e viabilizar soluções para o efetivo desempenho das diretrizes apresentadas ao longo deste projeto, inicialmente, foi traçado o histórico do município, das casas e do seu entrono, em seguida foi realizado um levantamento direto de dados e, em seguida, foram realizadas questionários com a pretensão de destacar a percepção da população sobre o local, para, então, construir uma proposta de projeto de intervenção com vista à requalificar e revitalizar o espaço em alguns aspectos. Como consequência, da execução das metas propostas, poderia haver a valorização desta área, apresentando como modelo adequado para conciliar rentabilidade econômica, melhoria da qualidade do ambiente urbano e preservação do Patrimônio Cultural. Não obstante, é importante ressaltar que, por mais que se intencione aprimorar a convivência e o uso da região e o seu entorno, pretende-se evitar a ocorrência da gentrificação e a permanência da subutilização do espaço, uma vez que o projeto que será proposto irá objetivar, agregar os indivíduos em um espaço comum a todos.
Palavras-Chave: Áreas centrais históricas. Novos usos. Patrimônio históricocultural. Requalificação.
ABSTRACT
It is understood that the new uses of an old building can save them from abandonment. This project has a requalification project in three ancient scenarios, located in the Tancredo Neves Square, contemplating an interconnection of buildings and a cultural space. To add this space, there is an intervention proposal on the interconnection street and an area requalified with the Square, which aims to associate itself with this space as the Square, bringing an inviting and attractive space, as a reception area. The proposal intends to promote a preservation of the natural space of the mentioned place, and the improvement of the structure emphasizing the use, the permanence and the conviviality of the people, contrasting with the representative press of the modern times, valuing the culture in this space. The program was initiated in 2000, was held the course of development of teaching projects and development of teaching projects, development and project management. A direct inquiry of data and then were questionnaires with a pretension to give a perspective on the place, to then build a proposal of intervention with a view to requalify and revitalize the space in some aspects. As a consequence of the implementation of the goals, there could be an appreciation of this area, presenting itself as an adequate model for the conciliar profitability, improving the quality of the urban environment and the safeguards of the Cultural Patrimony. Nevertheless, it is important to emphasize that, although a coexistence and the use of the region and its surroundings is improved, it is intended that the occurrence of the same be a permanence of the underutilization of space, aggregate the individuals in a common space to all.
Keywords: Historical central areas. New uses. Historical and cultural heritage. Requalification.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01- Gráfico de denominação do bem cultural das cidades da Bahia. Figura 02- Casa memorial Regis Pacheco - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 03- Museu Regional de Vitória da Conquista - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 04- Centro de Convivência do Idoso - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 05- Quadro Resumo – Teóricos do Restauro – séculos XIX ao XXI. Figura 06- Vista panorâmica da Rua Grande - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 07- Mercado Municipal na década de 20 – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 08- Rua Grande em dia de feira entre as décadas de 20 e 30 – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 09- Igreja Matriz, cuja construção foi iniciada 1803 e demolida em 1932. Foto dos anos 20 – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 10- Rua Grande transformada em Praça da República ou Jardim das Borboletas – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 11- Demolição Jardim das borboletas – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 12- Placa de inauguração da Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 13- Inauguração da Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 14- Catedral Nossa Senhora das Vitórias – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 15- Antiga Praça das Borboletas, atual Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 16- Mapa da atual Praça Tancredo Neves e Praça Barão do Rio Branco, antiga Rua Grande – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 17- Praça Tancredo Neves em período natalino no ano de 2017 – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 18- Fachada do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Figura 19- Interior do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Figura 20- Interior preservado do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Figura 21- Escada metálica do RedBull Station - Praça da Bandeira cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Figura 22- Cobertura metálica do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Figura 23- Fonte na cobertura do RedBull Station - Praça da Bandeira cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Figura 24- Área externa do RedBull Station - Praça da Bandeira cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Figura 25- Ponte de ligação entre o palacete e o novo modulo do Museu de Rodin – Salvador, Bahia, Brasil. Figura 26- Jardim externo do Museu de Rodin– Salvador, Bahia, Brasil. Figura 27- Iluminação interna do Museu de Rodin – Salvador, Bahia, Brasil. Figura 28- Área externa do Restaurante – café do Museu de Rodin- Salvador, Bahia, Brasil. Figura 29- Deck de madeira com mobiliário móvel para permanecia de pedestres. Figura 30- Interações sociais no projeto Centro aberto na cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. Figura 31- Projeto de Requalificação Praça Rui Barbosa – Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Figura 32- Mapa Conjunto Urbano Praça Rui Barbosa – Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Figura 33- Rua dos Caetés, Centro - Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Figura 34- Casarões localizados na Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 35- Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 36- Mapa de localização da Praça Tancredo Neves Figura 37- Mapa de usos e atividades do entorno da Praça Tancredo Neves com raio de 500 metros - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Figura 38 – Mapa de usos e atividades do entorno. Figura 39 – Mapa de insulamento e ventos. Figura 40- Implantação dos lotes com curvas de nível. Figura 41- Volumetria topográfica do terreno. Figura 42- Rampa e escadas de acesso da Igreja de San Millán, Segovia, Espanha. Figura 43- Rampa de acesso em madeira do Edifício histórico em Salamanca, Espanha.
Figura 44- Obras de pavimentação urbana. La Rochelle – França. Figura 45- Obras de pavimentação urbana. La Rochelle – França. Figura 46- Plataforma elevatória que leva à Capela Sistina. Cidade do Vaticano, Itália. Figura 47- Pinacoteca dos Estado de São Paulo. Figura 48- Rampa removível de acesso ao imóvel sito à Praça Anchieta, 08 (Casa Natal de Gregório de Mattos). Salvador, Bahia, Brasil. Figura 49- Critérios e restrições aplicáveis às zonas de interesse. Figura 50- Atividades/ empreendimentos que configuram o uso do solo. Figura 51- Cálculo da população e quantidade de vagas por empreendimento. Figura 52- Classificação das edificações quanto à sua ocupação, à altura, ao número de saídas e tipos de escadas. Figura 53- Estimativa de uso dos reservatórios. Figura 54- Fachada das casas escolhidas para o projeto. Figura 55- Implantação dos lotes com curvas de nível. Figura 56- Fachada da casa 01. Figura 57- Acesso casa 01. Figura 58- Varanda casa 01. Figura 59- Prédio ao fundo do lote. Figura 60- Fachada do prédio. Figura 61- Sala de estar casa 01. Figura 62- Copa casa 01. Figura 63- Área externa casa 01. Figura 64- Circulação interna casa 01. Figura 65- Circulação interna casa 01. Figura 66- Planta de cadastro da edificação 01. Figura 67- Fachada Frontal da casa 02. Fgura 68- Jardim de inverno da casa 02. Figura 69- Visão da varanda da casa 02 para a Praça. Figura 70-Escada da sala de estar da casa 02. Figura 71- Quarto da casa 02 com vista para Praça. Figura 72- Área externa da casa 02. Figura 73- Fachada posterior da casa 02. Figura 74- Grandes aberturas de janelas da casa 02. Figura 75- Acesso principal frontal da casa 02.
Figura 76- Jardim/ circulação externa da casa 02. Figura 77- Circulação externa da casa 02. Figura 78- Planta de cadastro casa 02 Figura 79- Fachada da casa 03. Figura 80- Área externa da casa 03. Figura 81- Área molhada da casa 03. Figura 82- Área molhada da casa 03. Figura 83- Quarto da casa 03. Figura 84- Janela vista da parte interna da casa 03. Figura 85- Porta de acesso a circulação da casa 03. Figura 86- Planta de cadastro, casa 03. Figura 87- Objeto do partido arquitetônico. Figura 88- Programa de necessidades Casarão 01. Figura 89- Programa de necessidades Casarão 02. Figura 90- Programa de necessidades Casarão 03. Figura 91- Programa de necessidades anexo. Figura 92- Fluxograma Figura 93- Ampliação proposta de revitalização da Rua em frente às Casas 01,02 e 03. Figura 94 - Imagem da proposta de revitalização da Rua em frente às Casas 01,02 e 03. Figura 95- Imagem da proposta de revitalização da Rua em frente às Casas 01,02 e 03. Figura 96- Dimensionamento de rampas em caso de reforma. Figura 97- Proposta de implantação. Figura 98- Cadastro da fachada atual das casas. Figura 99- Proposta de revitalização das fachadas. Figura 100- Fachada das casas que compõe o novo centro cultural. Figura 101- Fachada proposta para o centro cultural. Figura 102- Fachadas propostas para o anexo. Figura 103- Imagem interna do café, localizado na casa 02. Figura 104- Imagem interna do café, localizado na casa 02. Figura 105- Imagem interna do café, localizado na casa 02, destacando estrtura metalica de reforço.
Figura 106- Imagem interna do café, localizado na casa 02, escada de madeira, preservada, que dá acesso ao segundo pavimento. Figura 107- Imagem do acesso localizado na rua Frei Egídio. Figura 108- Imagem do acesso ao anexo. Figura 109- Imagem da área térrea do anexo, onde se encontra o estacionamento, decks e jardins. Figura 110- Imagem do estacionamento com uso de pilotis em estrutura metálica. Figura 111- Imagem acesso secundário do anexo, realizado através das casas. Figura 112- Corte FF. Figura 113- Detalhamento painel acústico com acabamento em palha natural, utilizado nas paredes internas do cineteatro. Figura 114- Planta geral da proposta – Térreo. Figura 115- Planta geral da proposta – Superior.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA DO TEMA............................................................. 18 2.1 Teorias e Conceitos .......................................................................................... 18 2.1.1 Patrimônio cultural, memória social e produção do espaço ......................... 18 2.1.2 RE: revitalizar, requalificar, reabilitar e refuncionalizar .............................. 19 2.1.3 Requalificação e revitalização de uso em edifícios históricos e sua preservação na cidade de Vitória da Conquista – BA ........................................................ 20 2.1.4 Intervenções urbanas em centros históricos ................................................ 26 2.1.5 A praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista - Bahia. ........................... 29 2.2 Projetos Referenciais .......................................................................................... 35 2.2.1 RedBull Station .......................................................................................... 35 2.2.2 Palacete das Artes - Museu Rodin .............................................................. 39 2.2.3 Centro aberto ............................................................................................. 41 2.2.4 Revitalização da Praça Rui Barbosa - Belo Horizonte, Brasil ..................... 43 3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA ............................................................................ 46 3.1 Localização .................................................................................................... 46 3.2 Inserção do empreendimento - Usos e atividades do entorno .......................... 47 3.3 Condicionantes Físicos................................................................................... 48 3.4 Legislação ...................................................................................................... 50 3.4.1 Exigências arquitetônicas contemporâneas ............................................... 50 3.4.1.1 Acessibilidade .................................................................................... 50 3.4.1.2 Segurança e Incêndio .......................................................................... 53 3.4.1.3 Conforto Térmico e Acústico ............................................................. 54 3.4.2 Legislação Incidente ................................................................................... 54 3.4.3 Reservatório ................................................................................................ 56 4 DESCRIÇÕES ARQUITETÔNICAS DAS EDIFICAÇÕES ............................ 56
4.1 Casarão 01 ....................................................................................................... 58 4.1.1 Patologias e Diagnósticos ........................................................................... 58 4.2 Casarão 02 ........................................................................................................ 62 4.2.1 Patologias e Diagnósticos ........................................................................... 63 4.3 Casarão 03 ........................................................................................................ 67 4.3.1 Patologias e Diagnósticos ........................................................................... 68 5 CONCEITO E PARTIDO ................................................................................... 71 6 PROGRAMA ....................................................................................................... 72 7 PROPOSTA/PROJETO ...................................................................................... 75 7.1 Propostas urbanísticas .................................................................................... 75 7.2 Propostas arquitetônicas .............................................................................. 75 7.2.1 Implantação ............................................................................................... 77 7.2.2 Fachadas .................................................................................................... 79 7.2.3 Casarões..................................................................................................... 81 7.2.4 Casarões..................................................................................................... 84 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 89 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 92 APÊNDICES ........................................................................................................... 96 Apêndice A – Questionário ....................................................................................... 96 Apêndice B – Resultado do questionário ................................................................... 97
15
1 INTRODUÇÃO A refuncionalização de um espaço e a destinação útil em edificações que perderam sua função ou ficaram ociosos são de grande importância para a preservação do patrimônio arquitetônico. Sendo que o abandono é uma das principais causas do arruinamento e desaparecimento dos monumentos, como bem assevera Viollet-Le-Duc: “um monumento sem uso se deteriora rápido, enquanto aquele mantido em funcionamento pode durar séculos” (2007, p.207). Diante do aqui exposto, a praça Tancredo Neves, onde se encontra o objeto de revitalização dessa pesquisa, foi concebida como um espaço-síntese da memória urbana da cidade de Vitória da Conquista (região Sudoeste do Estado da Bahia), pois condensa parte da história das famílias tradicionais desde a fundação desta localidade, associada a um conjunto arquitetônico de edificações ao seu derredor, em sua maioria, casarões antigos do final do século 19 e início do século 20, com predominância no estilo eclético. A origem do núcleo populacional da cidade esteve em sua origem relacionada à busca do ouro, à introdução da atividade pecuária e ao próprio interesse da metrópole portuguesa em criar um aglomerado urbano entre a região litorânea e o interior do Sertão (Cf. SOUSA, 2001). Pode-se considerar, portanto, que a formação e fundação da urbe conquistense foi parte da expansão do ciclo de colonização dos fins do século XVIII (MARQUES, 2015). O Arraial da Conquista perdurou até 1840, quando se tornara a Imperial Vila da Vitória e mais tarde, em 1873, dera origem ao município de Vitória da Conquista (ROCHA, 2011). Com quase dois séculos de história, conforme o Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia, só existe até então uma única edificação tombada no município (IPAC 2013), sendo esta a Casa de D. Zaza, Jeny Fernandes de Oliveira, construída em 1889, localizada na Rua Dois de Julho, no bairro Centro. Apesar disso, ainda é presente nas fachadas de muitas casas traços e características que nos contam muito de sua história. Um número considerável de edifícios e obras artísticas em geral, de grande relevância regional, mas de valor relativo no plano nacional, é condenado ao abandono, à destruição ou à descaracterização (GOULLART, 2000, p. 194). O Patrimônio arquitetônico não é formado apenas pelos monumentos mais importantes, mas sim pelo conjunto de construções antigas que fazem parte da herança histórica das cidades. O proposito principal desta pesquisa foi analisar os aspectos conceituais sobre a preservação de sítios históricos atuais a partir das perspectivas de novos usos como instrumento de preservação, e com isso fundamentar a concepção de uma proposta de projeto de intervenção em casarões antigos, implementando um espaço cultural, localizado na Praça Tancredo Neves,
16 na cidade de Vitória da Conquista, enfatizando como este espaço contribuiu para a formação deste local, que foi construído a partir do modelo de cidades coloniais, mantendo a simbologia em edificações da tríade: igreja, praça e feira. Como também a elaboração de um projeto de intervenção urbana na rua de interligação a área requalificada com a Praça Tancredo Neves que visa, integrar a nova área cultural dos casarões à Praça, trazendo um espaço convidativo e atrativo, como uma zona de recepção .Promovendo a preservação do espaço natural do citado local e melhoria da estrutura da área enfatizando o seu uso, a permanência e o convívio das pessoas, contrastando com a pressa representativa dos tempos modernos, valorizando a cultura neste espaço. Elevando esse espaço como centro histórico cultural de Vitória da Conquista e tomando o patrimônio histórico como atrativo da região. Os objetivos específicos que foram traçados visam:
Garantir prioridade aos pedestres, com intervenção na rua que interliga o centro
cultura a praça Tancredo Neves.
Permitir atividades culturais, de entretimento e lazer, destinadas a todas as faixas
etárias, por meio de exposições, encontros, debates, sessões de cinemas, oficinas e etc;
Promover acessibilidade e conforto as edificações revitalizadas.
Neste estudo, a metodologia vem revestida de uma investigação histórica, que tem como objeto salientar a importância do acervo arquitetônico e urbanístico antigo da cidade de Vitória da Conquista. As formas de estudos que serão utilizados, são métodos documentais diretos e indiretos, ou seja, pesquisas bibliográficas como também de campo, sendo do tipo exploratório descritivo e métodos de abordagem dedutivos. Para o desenvolvimento deste trabalho a estratégia adotada foi a pesquisa de dados da cidade, do bairro e das edificações, levantamento arquitetônico e o conceito de centro cultural, para traçar as diretrizes projetuais e estabelecer o programa de necessidades. Em seguida, foram desenvolvidas a proposta urbanística do entorno e a proposta arquitetônica das edificações. Requalificar a área é trazer um novo uso, deixar o indivíduo mais próximo ao passado, o ponto principal do projeto foi preservar a história do local. A fim de atingir o objetivo proposto foram adotados como procedimentos metodológicos: a pesquisa bibliográfica exploratória e descritiva sobre temas referentes à relação entre patrimônio cultural, intervenções urbanas em centros históricos e novos usos em edificações antigas. Foram realizadas pesquisas de campo através de visita técnica aos casarões, para cadastro, observação da dinâmica social do seu entorno, a Praça Tancredo Neves e registros fotográficos do local. Para constatar a viabilidade do projeto, montar um programa de necessidades e ter alcance a informações mais precisas acerca do sentimento de pertencimento
17 e memoria da população a área em questão, fez-se necessário a aplicação de questionários com a população geral da cidade. O questionário foi feito com 102 pessoas, sendo a maioria destes residentes de Vitória da Conquista e frequentadores assíduos do centro da cidade. Ao todo 90% destes concordaram com a relevância de ocupar este bairro com fins culturais e acreditam que traz melhorias para região. Foi questão do questionário também se consideravam a Praça e seu entorno como patrimônio histórico da cidade, 95% dos entrevistados responderam de forma afirmativa, 50% julga a iluminação e os equipamentos da Praça e do seu entorno, regular.
18 2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA DO TEMA 2.1 Teorias e Conceitos 2.1.1 Patrimônio cultural, memória social e produção do espaço O patrimônio é um legado que a humanidade recebe de seus antepassados e que deve ser transmitido às gerações futuras (UNESCO, 2007). Compreende-se que, com o passar dos anos e das mudanças na arquitetura da cidade, os casarões antigos ainda existentes, através de características manifestadas nas suas fachadas, podem contribuir muito para a história, exigindo, por isso mesmo, maior grau de importância. Sendo assim, admite-se o fato de que, qualquer uma dessas construções guarda, em si parte da história, seja do indivíduo, seja da comunidade ou mesmo da sociedade em meio à qual esteja inserida. De forma generalista, o grande público ainda compreende o patrimônio histórico como um objeto congelado no passado, paralisado em museus, monumentos arquitetônicos e obras de arte, preservados em meio à paisagem urbana, sendo documentos que interessam apenas a historiadores. Em razão disso, o entendimento aqui defendido é que a noção de “patrimônio histórico” deve evocar tanto as múltiplas dimensões da cultura, quanto as imagens vivas de um passado: acontecimentos e coisas que merecem ser preservadas porque são coletivamente significativas em sua diversidade. Ao menos a curto prazo é possível afirmar que as memórias, bem como seu legado e sua herança, apresentam-se sem referência direta ao presente, e sem ligações significativas com as modificações da cidade e das relações humanas. O patrimônio histórico, portanto, permanece no passado (Cf. PAOLI, 1992, p. 25). A arquitetura e o espaço estão relacionados diretamente com o patrimônio e a memória, sendo que a junção desses elementos contribui para a construção indenitária do centro histórico. Visto assim: É preciso assegurar a esses espaços a memória histórica e social do lugar, podendo até haver uma ligação harmônica entre o novo e o velho, contanto que os fatos passados sejam preservados, principalmente os que são entendidos e reconhecidos como identidade cultural de um povo (ROCHA, 2012, p.83)
Compreende-se também que em todo o Brasil há um número muito grande de edificações e obras artísticas de significativa importância regional. Porém o conjunto desses bens culturais, de valor relativo no plano nacional, pode, ainda assim, ser facilmente condenado ao abandono, à destruição ou à descaracterização. Esse problema deve ser resolvido não apenas com o tombamento, mas também pela estima da população, que deve zelar pelo seu patrimônio. Como bem assevera o arquiteto Nestor Goulart (1973, p. 200): “Todo povo tem seu patrimônio
19 de cultura, que deve aprender a conhecer e a utilizar”. Se a população conhece o seu patrimônio, e cria afeição pelo mesmo, será mais fácil conservá-lo de forma cultural. Para categorizar ou reconhecer um espaço ou lugar como patrimônio cultural de um determinado povo ou local, é necessário conhecer a história da formação desse espaço, as mudanças experimentadas ao longo do tempo e as razões das transformações, ou seja, a história dessa localidade através do tempo, “aquilo, por exemplo, que chamamos de bens culturais não tem em si sua própria identidade, mas a identidade que os grupos sociais lhe impõem” (MENESES, 1996, p. 93). Como a praça vincula-se fortemente ao sítio ao qual ela pertence, é fundamental a compreensão desse lugar, mais do que a da forma ou da paisagem em si. É relevante também, estudar os monumentos (casas), considerando o patrimônio arquitetônico, e as ruas que delimitam esse espaço e que lhe servem de cenário decorrente dessa formação espacial (MATTOS, 2007). Como relata Braga, 2013: O Patrimônio Arquitetônico representa o espaço físico, material, que serve de base para as diversas formas de manifestação cultural, tanto aquelas que possuem características específicas (dança, culinária etc), reconhecidas como Patrimônio Imaterial, quanto aquelas que não possuem um elemento de definição e classificação. Estas se estabelecem a partir da vivência cotidiana, relação de proximidade e pertencimento a um determinado território que se dá pelo convívio e que constitui a Identidade Cultural. Por este motivo se faz importante a participação da população para a definição das políticas de intervenção (BRAGA, 2013, p. 81).
Outra importante dimensão do patrimônio é a memória, a partir dos patrimônios tangíveis e intangíveis é possível conhecer aspectos do passado, dos modos de vida, das questões socioeconômicas e políticas de cada época e de cada sociedade. Nesse caso, o patrimônio se configura como um lugar de memória e a sua preservação torna-se essencial nos processos de construção indenitária de uma sociedade, pois “a profusão de locais de memória oferece uma garantia real contra o esquecimento” (JEUDY, 2005, p. 15).
2.1.2 RE: revitalizar, requalificar, reabilitar e refuncionalizar As denominações mais utilizadas nos processos de intervenções em centros urbanos são: revitalização, requalificação, reabilitação e refuncionalização. Neste sentido, foi de grande importância definir as diretrizes de cada uma delas para enquadrar ao uso da pesquisa. A requalificação é um instrumento para melhoria da qualidade do determinado lugar, promovendo a construção e a recuperação de áreas, valorizando o espaço arquitetônico. Requalificar pode ser considerado como inovar algo, ou seja, implantar um novo uso, atribuindo uma função ao qual nunca exerceu antes, o que torna diferente da reabilitação, que traz à tona o um uso que havia anteriormente (PIANCA, 2017).
20 A diferença na definição dos termos reabilitar e revitalizar está no fato de o primeiro exigir a manutenção da identidade e das características, e o segundo admitir que esse mesmo procedimento possa ser adotado em zonas com ou sem identidade. O RE é uma estratégia que considera a inclusão do tempo na análise do espaço, sem, contudo, explicitar um significado e uma metodologia para tal (VASCONCELLOS; MELLO, 2009). Afinal de contas, a requalificação ou refuncionalização urbana engloba processos de alteração de uma área urbana com o fim de conferir a esta área novas funções, diferentes daquelas pré-existentes (BLASCOVI,2006). A revitalização pode utilizar novos elementos contemporâneos, como também aplicar genuínas funções ao espaço. Examinando todas as terminologias apresentadas e os objetivos que pretende-se atingir com este trabalho, o termo requalificação e revitalização são os que mais adequam para definir a intervenção proposta, já que esta consistirá em um processo múltiplo de recuperação de uma área definida, onde serão exploradas estratégias de melhoramentos e incentivos à ocupação do espaço público, a partir de diagnóstico realizado para levantar as potencialidades sociais, econômicas e funcionais desta localidade, para retomar a dinâmica, a vitalidade e dar novas funções, trazendo melhorias para esta área central. 2.1.3 Requalificação e revitalização de uso em edifícios históricos e sua preservação na cidade de Vitória da Conquista – BA A substituição de lugares significativos em edificações antigas, que estão repletos de memorias e singularidades particulares e públicas, por espaços homogêneos, como cafés, museus, sala de exibições, entre outras utilizações de lazer e cultura, são de extrema importância para a sua preservação. Por isso requalificar um edifício em estado precário é mais valioso para a comunidade do que simplesmente colocá-lo abaixo e construir algo novo, pois seu valor como marco na história local e como referência no espaço urbano torna-o relevante para a cidade. É necessário promover uma maior consciência relativa a preservação, renovando o sentimento de pertencimento entre a população e o edifício. É crível considerar que algumas cidades simplesmente não possuem uma cultura de conservação patrimonial devido aos processos sociais, políticos e geográficos que constituíram sua história. Nesses casos, acredita-se que haja a necessidade de políticas públicas capazes de criar uma cultura de preservação histórica por meio da preocupação efetiva com a permanência e manutenção de elementos materiais, como as construções arquitetônicas. Dessa forma, a médio e curto prazos, a população dessas localidades poderia criar elos indenitários mais sólidos sobre a preservação de sua própria cultura.
21 Vitória da Conquista, por exemplo, localizada no Sudoeste da Bahia, foi construída a partir de modelos de cidades coloniais e que se estabeleceu e cresceu a partir de vivências cotidianas. Grandes mudanças ocorreram durante os anos de expansão da cidade, muitas construções antigas foram destruídas, ruas e praças modificadas. A cidade se espraiou, a população aumentou e, a partir disso, surgiu a necessidade de expandir, construir e demolir aquilo que já não apresentava mais utilidade. Segundo Barros e Marden: “Preservar-se como registro o legado de um povo pelo ato de se tombar o passado para que futuras gerações possam equacionar melhor o presente. ” (2013, p. 52). Por isso, considera se o tombamento como uma alternativa a ser utilizada pela população e por seus governantes para preservar o seu patrimônio histórico. Apesar disso, algumas cidades adotam ações que se fundamentam na demolição em detrimento da preservação de indícios materiais fundamentais para a construção de narrativas históricas que se prezam a reconstruir a existência de um determinado lugar. Alguns dados apontam que diversas cidades brasileiras não possuem a cultura de preservação do seu patrimônio histórico material, o que, por conseguinte, impossibilita que ações destinadas a construir uma identidade de pertencimento cultural sejam estabelecidas.
22 Figura 01- Gráfico de denominação do bem cultural das cidades da Bahia.
Juazeiro (Território de identidade: Sertão do São Francisco)
Cruz das Almas (Território de identidade: Recôncavo) Santo Antônio de Jesus (Território de identidade: Recôncavo) Amargosa (Território de identidade: Vale do Jequiriçá) Poções (Território de identidade: Vitória da Conquista) Valença (Território de identidade: Baixo Sul) Lençóis (Território de identidade: Chapada Diamantina) Feira de Santana, Bahia (Território de identidade: Portal do Sertão) Mucugê (Território de identidade: Chapada Diamantina) Vitória da Conquista (Território de identidade: Vitória da Conquista) 0
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4
6
8
10 12 14 16
Fonte: FERRAZ, 2016. Dados obtidos em pesquisa de Iniciação cientifica da Faculdade Independente do Nordeste, cuja anais de apresentação se encontram disponível em: < http://ep01.fainor.com.br/pub/publication/?action=view&id=67>, acesso em: 03 de Março de 2018.
Ao analisar a relação dos tombamentos dos patrimônios históricos materiais de cidades das sub-regiões da Bahia como Vitória da Conquista, Chapada Diamantina, Portal do Sertão, Baixo Sul, Recôncavo, Jequiriçá e Sertão do São Francisco. Os dados sugerem que em Vitória da Conquista não há uma cultura de preservação do seu patrimônio material. Poderia se cogitar que a falta de preservação na cidade, deve se ao fato de que essa localidade não se configura um polo turístico. Tal suposição, contudo, não se trata de um argumento provável, uma vez que os dados provenientes de cidades como Mucugê, uma cidade turística, também não atendem a essa expectativa. Além disso, contrariando ainda essa perspectiva, aparecem os dados referentes à Feira de Santana, uma cidade que não é considerada um polo turístico e, ainda assim, apresenta vários bens tombados se comparada à Vitória da Conquista (FERRAZ,2016). O procedimento de tombamento em âmbito federal fora instituído pelo Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, ou seja, o ato de tombar é igualitário a toda a federação, o que não justifica a diferença de número de tombamentos entre os estados e as cidades brasileiras. O motivo da falta de patrimônios tombados e conservados na cidade, não consiste na ausência de
23 características turísticas, tão pouco na burocracia dos processos de tombamento, tornando a falta de incentivo político e de um Plano Municipal de Cultura os fatores mais plausíveis. Poucas edificações antigas da cidade foram requalificadas, como o Memorial Regis Pacheco, localizado na Praça Tancredo Neves, a casa foi residência do ex-prefeito e exgovernador da cidade, Régis Pacheco. O casarão que possui características influenciadas pelo ecletismo, foi construído na segunda década do século 20, quando não havia mais moradores, lhe foi dado um novo uso, funcionava como sede do Conservatório Municipal de Música e atualmente, depois de restaurado por meio de parceria entre a Prefeitura Municipal e o Ministério da Cultura, sedia o Memorial Governador Régis Pacheco (PMVC,2017). Figura 02- Casa memorial Regis Pacheco - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte: Acervo pessoal, 2016.
Outro exemplo de edificação requalificada na cidade, era a casa de Dona Henriqueta Prates. A edificação fora construída em 1883 e funcionava como residência. Em 1992, quando já não exercia mais esta função foi alugado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e passou a abrigar o Museu Regional de Vitória da Conquista, considerada com o estilo colonial, por conta de características físicas como: a ocupação em todo o limite do terreno, as esquadrias na diagonal, apenas um pavimento, uso da telha de barro na cobertura, feitos cobertos com apenas duas águas, uma para trás e uma para frente do terreno.
24 Figura 03- Museu Regional de Vitória da Conquista - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte: Acervo pessoal, 2016.
Tem se também o casarão que atualmente, abriga o Programa Municipal Vivendo a Terceira Idade. Foi construída em 1924 e funcionou como residência, depois de comprada pelo poder público de Vitória da Conquista, abrigou a Biblioteca Municipal José de Sá Nunes e mais tarde transformou-se na Casa das Artes. Ambas as casas estão localizadas no entorno da Praça Tancredo Neves (PMVC, 2016). Figura 04- Centro de Convivência do Idoso – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte: Acervo pessoal, 2016.
Apesar de requalificados em seu uso, essas edificações tiveram poucas intervenções físicas, ou seja, não foram restauradas e muito menos tombadas, apenas passaram a abrigar uma nova função. As premissas do restauro foram colocadas a partir das teorias de Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc e John Ruskin. Mais tarde, Camillo Boito, Aloïs Riegl e Cesare Brandi desenvolveram seus pensamentos e teorias. Resumindo alguns aspectos dessas teorias tem-se:
25 Figura 05- Quadro Resumo – Teóricos do Restauro – séculos XIX ao XXI.
Fonte: REIS, 2015. Disponível em: <file:///M:/ARQUITETURA%20E%20URBANISMO/2018.1/TCC%20II/REFERENCIAS/Dissertaçã o%20Rosana%20Reis%20versão%20para%20impressão%20final%20fev.2016.pdf>. Acesso em: 05 de Março de 2018.
De acordo com essas teorias de restauro, e analisando as intervenções contemporâneos, supõe-se que as intervenções na atualidade devem ter:
Necessidade de obedecer à legislação.
Aditamentos para permitir a continuidade do uso.
Inclusão ou acréscimo de novos elementos.
O novo em diálogo com o velho.
Novo uso compatível com a preservação.
Material diferenciado, mas em harmonia com os antigos.
Renovação funcional para a manutenção do edifício.
26 A ações de preservação do patrimônio histórico devem ser constantes. A responsabilidade quanto à manutenção do patrimônio é do poder público e também de entidades privadas e de indivíduos, sejam estes proprietários, usuários ou visitantes. As cartas patrimoniais também regem os tratamentos de restauro dos edifícios de interesse histórico e artístico, apesar das suas várias décadas de existência, vale destacar dentre elas, particularmente a Carta de Veneza, de 1964. A análise dessa carta e o entendimento de suas formulações é de fundamental importância para a preservação e restauração do patrimônio ou intervenções em edifícios históricos com o intuito de adaptá-los a novos usos ou novas formas de utilização (REIS,2016). Frente a isso, se faz necessário um cuidado especial, contudo, na interpretação de suas formulações, nas discussões que a fundamentam e na observação de que suas colocações são gerais e não devem ser interpretadas de maneira restritiva e redutora. A referida Carta fala sobre o uso do monumento em seu artigo 5º, onde afirma que: A conservação de um monumento é sempre favorecida por sua destinação e uma função útil à sociedade; tal destinação é, portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar a disposição ou a decoração dos edifícios. É somente dentro destes limites que se pode conceber e se pode autorizar as modificações exigidas pela evolução dos usos e costumes. (ICOMOS, 1964, s.p.).
Mesmo ressaltando a existência de limites, a Carta de Veneza reconhece que modificações poderão ser autorizadas devido às necessidades impostas pelo uso contemporâneo do monumento e a manutenção da sua funcionalidade. 2.1.4 Intervenções urbanas em centros históricos Toda cidade possui uma área compreendida pelo núcleo histórico e seu entorno imediato. Geralmente, o casario em volta da igreja matriz, denominado de centro histórico, sendo esse reconhecido pela população ou não. Esse espaço, o núcleo originário da formação da cidade, é conhecido também como centro tradicional ou principal. Normalmente, o espaço em que abriga o centro histórico é considerado, o local que foi dado o ponto de partida da cidade e se caracteriza por abrigar igrejas antigas, prédios e casarios com estilos diversos de grande importância e que retratam a identidade local. Todavia, esses bens culturais ainda não têm sido suficientemente utilizados pela população, a ponto de lhe trazer benefícios nos âmbitos socioeconômico, cultural, e mesmo ambiental (Cf. ROCHA, 2012), como acontece na cidade de Vitória da Conquista. A maioria das cidades possuem uma praça que se destaca como símbolo no cenário urbano, palco de eventos históricos, espaço agregador, ou local de encontros. Esses centros de confluências são espaços permanentes no desenvolvimento das cidades em sua função e
27 morfologia, e estão atreladas aos processos de formação política, social e econômica próprios da gênese urbana. Praças estão para as cidades como um dos principais locus de realizações do meio urbano, é nelas que se encontram a identidade cultural de uma localidade. Através de intervenções e requalificações se faz necessário buscar compreender os usos dos patrimônios no presente, o que ocorre em diversos centros urbanos, responsáveis por transformações na dinâmica sócio espacial desses lugares, considerando que o espaço geográfico é um produto e uma condição da sociedade (LEFEBVRE, 2013). Segundo Choay (2006), a primeira ideia de patrimônio, baseada em valores europeus, considerava somente os monumentos. Frente a isso, o patrimônio era caracterizado por uma edificação isolada permeada por valores estéticos, artísticos e memoriais. Uma ideia fragmentada de patrimônio que ressaltava somente o monumento em si, independentemente de seu contexto e de seu entorno. Em outro momento, os conjuntos arquitetônicos urbanos passam a ser considerados como patrimônio, ultrapassando os valores estéticos e artísticos, sendo considerados também os seus valores histórico, científico e, ainda, turístico (FERNANDES, sem ano). Segundo Walter Benjamin, a pobreza da vivência na Modernidade consistiu na impossibilidade da elaboração e comunicação da prática coletiva, visceral. A ausência de uma experimentação autêntica evidencia um modo de perceber e de sentir próprio da Modernidade. Nesse sentido, a experiência, nos últimos tempos, foi substituída pela erlebnis (experiência inautêntica) – a vivência do indivíduo isolado (1975, p. 23-30). O patrimônio cultural é objeto de disputa econômica, política e simbólica entre o Estado, o setor privado e a sociedade civil. Afinal de contas: As contradições no uso do patrimônio têm a forma que assume a interação entre estes setores em cada período. Conciliar os diferentes usos e primar pela permanência das populações locais, observando as possibilidades de sobrevivência econômica e de acesso à moradia destas, sem excluir os visitantes, nem o caráter público dos bens tombados, devem constituir-se em uma preocupação central do planejamento turístico (CANCLINI, 1994, p. 100).
Nessa acepção a urbanização, a mercantilização, e a indústria cultural não devem ser considerados, necessariamente, inimigos do patrimônio (Cf. CANCLINI, 1994, p.95). Desde que representem as reais características da contemporaneidade que, de um modo ou de outro, contextualizam a natureza da atual valorização do patrimônio cultural. Como nos lembra a historiadora Françoise Choay (2001, p.207) “a mundialização dos valores e das referências ocidentais contribuiu para a expansão ecumênica das práticas patrimoniais”, ao considerar a Assembleia Geral da UNESCO, do ano de 1972, como o marco inicial desta expansão.
28 Aceitasse como crível, supor que a melhor maneira de conservar um patrimônio histórico é atribuir a si um novo uso, uma utilidade, se tratando de um patrimônio espacial, como nesta pesquisa que se trata da Praça Tancredo Neves, tornando o patrimônio ao seu redor e a própria praça como atrativo para visitantes. Como bem relata Fernandes, sem ano: Mais do que um conjunto de bens materiais e imateriais construídos socialmente em um determinado período histórico, o patrimônio cultural é também apreendido como um valioso recurso econômico para muitos sítios que o abrigam. Essa dimensão mercadológica atribuída ao patrimônio cultural é proveniente do crescente fluxo turístico onde, em muitos casos, o patrimônio configura-se como um dos principais atrativos da localidade visitada (FERNANDES, sem ano, p.6).
O patrimônio como um atrativo faz com que “[...] o principal atrativo não seja a natureza, mas algum aspecto da cultura humana” (BARRETTO, 2000, p. 19). Ainda segundo Prats (2009), o patrimônio pode ser tanto o atrativo principal do destino como também pode estar inserido dentro de uma rede de oferta diversificada. No primeiro caso, ele é a motivação principal da ida de um turista ao local onde o mesmo se encontra, como é o caso das pirâmides do Egito, por exemplo (Cf. LOBATO, 2016). Não obstante, o recente modo de intervir urbanisticamente preocupa-se em não inibir a modernidade e o desenvolvimento econômico de espaços urbanos degradados. A revitalização impõe uma nova atitude que diverge dos métodos invasivos da renovação, assim como aos costumes excessivamente conservacionistas. Essa postura não alude a sacralização de toda a construção antiga, mas pondera os atributos econômicos, culturais e sociais tolerados e refletidos pelas cidades. Frente a esta análise, o turismo cultural, quando bem executado, apresenta um modelo adequado para conciliar rentabilidade econômica, melhoria da qualidade do ambiente urbano e preservação do patrimônio cultural (BRAGA, 2013). Deste modo, a requalificação se justifica na necessidade de ampliar o campo de lazer da cidade, além de favorecer a preservação das edificações antigas, tendo em vista que se pretende, no projeto, abranger e garantir maior visibilidade a esses patrimônios históricos. Por estar localizado em uma região central predominantemente comercial, a visibilidade de espaços voltados à cultura, em meio a edifícios comerciais possibilita a minimização dos efeitos do processo de gentrificação 1 e a subutilização deste local, gerado pela especulação imobiliária, comercial e empresarial.
Em português, o termo Gentrification recebeu a denominação de “Gentrificação”, podendo ainda ser apresentado como “Enobrecimento”. Estes são utilizados, da mesma forma que o original em inglês, para descrever processos de intervenção que acarretam em problemas como a expulsão da população local (alterações de sua composição social original), geralmente de menor renda e mudanças de usos, a valorização do turismo acima das questões sociais e que leva ainda à transformação da cultura local em cultura de massa, pelo processo chamado de indústria cultural, descaracterizando-a. 1
29 O processo de gentrificação, teve sua origem quando este termo foi utilizado para relatar transformações ocorridas no centro de Londres nos anos sessenta, o processo de substituição da população residente de áreas desvalorizadas no centro da cidade e sua ocupação por novo grupo populacional, de maior renda, promovendo uma valorização do solo urbano, apontado pela socióloga britânica Ruth Glass (1963 apud PEREIRA, 2014). Tal processo dificulta o acesso das classes populares a esses locais e transforma o entorno dos edifícios direcionados à cultura em espaços supervalorizados, inibindo a instalação de pequenos comércios e serviços por pequenos e microempreendedores (BRAGA, 2013). Outro impacto a ser levado em consideração está atrelado ao período de funcionamento do comércio que cerca o centro histórico da cidade, posto que o horário em que a maioria das lojas encontra-se em funcionamento se dá em período diurno, fazendo com que a maior parte da zona central, no turno oposto, seja um espaço pouco frequentado pela população, e, desta forma, perigoso. Com o pleno funcionamento de edifícios em períodos extra comerciais e o aumento da população flutuante nesses espaços, será possível inibir a sensação de insegurança, de modo a possibilitar o surgimento de serviços alternativos que atendam às necessidades da população que frequenta esse espaço. 2.1.5 A praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista - Bahia. Defende-se, que o conceito de praça, derivando da acepção do termo grego plateia ou rua larga, pode ser um lugar público cercado de edifícios; largo; mercado; feira, espaço que abriga de atividades cotidianas a eventos anuais, constituída a partir da história que carrega, de seu desenho paisagístico e do conjunto urbanístico no qual está inserida (CALDEIRA,2007). As praças são redutos da natureza dentro da malha urbana. A expansão rápida das cidades rompeu com sua estabilidade e, consequentemente, com seus espaços, que agora possuem usos diversos. As edificações representativas e relevantes para a memória históricourbana, localizadas ao redor das praças, devem ser conservadas para garantir o elo entre o passado e o presente. A arquitetura da paisagem é modificada a cada instante, preservar e valorizar esses espaços não significa congelar o passado, mas possibilitar que a cidade se desenvolva de acordo com suas necessidades atuais, incorporando as mudanças e, ao mesmo tempo, guardando suas características particulares (MATTOS, 2007). A praça da antiguidade Clássica à era contemporânea, estão ligadas ao centro políticosocial da cidade, elas representam elementos-síntese da organização urbana por constituírem lugares de manifestação e de culto, propícios à interação social. Espaço livre, lugar onde se desenvolvem os principais acontecimentos coletivos da vida cotidiana, na definição do conceito de praça desenvolvido na teoria urbanística do arquiteto vienense Camilo Sitte (1889, p.24).
30 Na Idade Média [...], essas praças ricamente adornadas eram o orgulho e a alegria de toda cidade independente; aqui, concentrava-se o movimento, tinham lugar as festas públicas, organizavam-se as exibições, empreendiam-se as cerimônias oficiais, anunciavam-se as leis, e se realizava todo tipo de eventos semelhantes (SITTE 1889, p.24)
Seguindo a linha de raciocínio de Rolnik, pode se admitir que “território é uma noção que incorpora a ideia de subjetividade”, pois reflete um espaço real vivido, ocupado por indivíduos que estabelecem entre si relações que se configuram espacialmente. A praça que ocupa o entorno do objeto de intervenção, é a Tancredo Neves, localizada no centro de Vitória da Conquista – Bahia. O espaço hoje ocupado pela praça, antes era denominado de Rua Grande, primeira rua da cidade, onde foram construídas as primeiras edificações (FERRAZ, 2001). Na década de quarenta, sofreu uma profunda modificação, dividindo-se em duas Praças – a Praça da República ou Jardim das Borboletas, atual Praça Tancredo Neves; e a Praça Barão do Rio Branco, assim como duas ruas: Rua Maximiliano Fernandes e Rua Zeferino Correia. Figura 06- Vista panorâmica da Rua Grande- Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte: Site da PMVC – BA Disponível em: <http://www.pmvc.ba.gov.br/conflitos/>. Acesso em: 01 dez. 2017.
A Rua Grande se enquadrava no conceito de praça, mesmo sem possuir essa denominação, esta dava espaço a feira livre aos fins de semana, onde atualmente se localiza a Igreja Matriz, e eram realizadas as atividades comerciais da época. (PMVC, 2000). É importante ressaltar que a existência de uma igreja num pequeno povoado em princípios do século XIX revestia-se de representação muito maior que um simples espaço para orações. Edificavam-se igrejas no centro das povoações, na praça principal, onde a população se reunia após os ofícios religiosos, em ocasiões cívicas ou festivas e também desenvolvia o comércio (SOUSA, 2001, p.79).
Como discorre Sousa a respeito dos pontos de confluência existentes em frente as igrejas centrais de cidades em seu início de formação. As feiras livres foram, no passado de Conquista, a maior fonte de riquezas para muitos comerciantes e negociantes.
31 Figura 07- Mercado Municipal na década de 20 - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Figura 08- Rua Grande em dia de feira entre as décadas de 20 e 30 - Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte – Acervo da PMVC – BA Disponível em: <http://www.blogdoanderson.com/2015/07/02/taberna-da-historia-a-primeira-feiralivre-de-conquista-foi-a-da-rua-grande/>. Acesso em: 02 dez. 2017.
Nos anos 20, a igreja matriz existente na rua grande, era uma pequena capela com estilo colonial, que fora substituída pela catedral, existente na cidade hoje. Muitas igrejas coloniais, foram demolidas para dar espaço a outras com estilo mais imponente e exuberante, em maior dimensão, como aconteceu na cidade. Como discorre Sousa, 2001: O surgimento de capelas no Brasil colonial foi fundamental para a fixação de muitos núcleos urbanos. Em algumas localidades parece que o viés religioso se sobrepôs ao econômico. No caso do arraial da Conquista, a construção da igreja Nossa Senhora da Vitória serviu como ponto de aglutinação dos seus moradores. Para uma breve discussão sobre a importância do fator religioso na formação das cidades mineiras setecentistas (SOUSA, 2001, p.87).
Figura 09- Igreja Matriz, cuja construção foi iniciada 1803 e demolida em 1932. Foto dos anos 20 – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Acervo Municipal da PMVC.
A Praça da República, foi considerada a primeira praça da cidade, que teve mais de 200 anos e exerceu um importante papel, responsável por abrigar circos mambembes, desfiles escolares, comícios e servindo como espaço de visitação e lazer para centenas de pessoas. A praça ficou famosa pela inauguração em 1956 do Jardim das Borboletas, iniciativa do Prefeito
32 Edvaldo Flores. Além do Jardim, existia também na praça elementos que ainda hoje persistem na memória dos cidadãos, como a biblioteca infantil Monteiro Lobato, construída em frente à Catedral Nossa Senhora das Vitórias, parque infantil localizado atrás da biblioteca, a famosa fonte luminosa, a cidade dos pássaros, um viveiro onde eram criadas dezenas de aves para observação da população que visitava a praça. Figura 10- Rua Grande transformada em Praça da República ou Jardim das Borboletas – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Disponível em: < https://fotosdevitoriadaconquista.wordpress.com/tag/jardim-dasborboletas/>. Acesso em: 02 dez. 2017.
Em 1954, foi eleito prefeito de Vitória da Conquista Edvaldo de Oliveira Flores, como estratégia para o crescimento político do município, contratou o projeto de um belíssimo jardim a ser construído na praça principal em frente à Catedral. O prefeito, visando seu nome, divulgou que, durante as escavações para construção do jardim, foram encontradas ossadas de índios sepultados em frente à Catedral. A população da época acreditava que eram dos índios mortos por ocasião do mito chamado “Banquete da Morte”2. Quase toda a imprensa da Bahia divulgou o acontecimento, até mesmo a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Um jornal de Salvador publicou a seguinte manchete: “Vitória da Conquista desenterra o passado e o prefeito constrói o mais belo jardim da Bahia” (MENEZES, 2011). O
2
Nome dado a batalha que ocorreu em 1752, entre os soldados de João Gonçalves da Costa e os índios. A História relata que no período de 1803 e 1806, foi realizado o “Banquete da Morte”. Os Mongoyós foram chamados pelos soldados a festejar e, depois de consumirem bebida alcoólica, foram cercados, quase todos os presentes foram mortos, inclusive mulheres e crianças. Acabando com os índios existentes na cidade e então a justificativa das ossadas encontradas em frente à igreja matriz na construção do Jardim das borboletas. Porém existe outra versão acerca das ossadas encontradas, segundo o livro “A Conquista dos Coronéis” de Durval Menezes , as ossadas encontradas nunca foram de restos mortais de índios, como divulgado pelo prefeito na época, em 4 de novembro do ano de 1858, o Conselho Municipal encaminhou um ofício ao governo do estado em que solicitava recursos para a construção do primeiro cemitério da cidade, relatando que pela falta de um local correto para enterrar os corpos, estes estavam sendo depositados em frente à igreja matriz, considerado um lugar carecedor de culto religioso.
33 prefeito alcançou o seu objetivo ao eleger-se deputado federal e, anos depois, vice-governador da Bahia, chegando a assumir o governo do estado. No ano de 1985, José Pedral, ex prefeito da cidade, resolveu descaracterizar o antigo jardim e dar início à construção da atual Tancredo Neves, que levou o nome do Presidente do Brasil da época e teve seu projeto e execução realizado pela empresa municipal de urbanização de Vitória da Conquista (EMURC), instituição pública com personalidade jurídica de direito privado, criada em 23 de novembro de 1977, por meio da Lei Municipal 134/77, com o objetivo de implantar planos urbanísticos, executar e fiscalizar serviços de caráter econômico, podendo realizá-los também nos municípios vizinhos pertencentes à região administrativa da qual Vitória da Conquista é sede (PMVC). Figura 11- Demolição Jardim das borboletas – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Disponível em: < https://fotosdevitoriadaconquista.wordpress.com/1985/02/09/reforma-dojardim-das-borboletas-1985/> Acesso em: 02 dez. 2017.
Figura 12- Placa de inauguração da Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Acervo Municipal da PMVC
Figura 13- Inauguração da Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Acervo Municipal da PMVC
34 Segundo dados da PMVC, em 1803 se deu início à construção da igreja em homenagem a Nossa Senhora das Vitórias, as obras da matriz foram concluídas somente em 1944. O neogótico religioso foi o estilo escolhido para a Catedral Nossa Senhora das Vitórias que substituiu a Matriz colonial dos anos 20. O templo faz parte da atual praça Tancredo Neves, agrega valor ao espaço, deve ser preservada e considerada patrimônio histórico da cidade, pois contribui entre tantos elementos na formação do centro cultural e urbano. Figura 14- Catedral Nossa Senhora das Vitórias – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Acervo Municipal da PMVC-BA
Figura 15- Antiga Praça das Borboletas, atual Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Acervo Municipal da PMVC-BA
Figura 16- Mapa da atual Praça Tancredo Neves e Praça Barão do Rio Branco, antiga Rua Grande – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Produzido pela autora, 2018.
Muitos podem ser os fatores que agregam valor a um espaço, tornando o mesmo, parte da memória do indivíduo que o frequenta ou que está inserido em seu meio. Estes fatos podem ser acontecimentos históricos, festas, comemorações, entre outros eventos (Cf. CALDEIRA, 2007). A praça faz parte da cultura e tradição natalina da Cidade, faz parte da memória da população. Na época natalina a Tancredo Neves é enaltecida com luzes que ao cair do pôr do
35 sol, embelezam a praça, graças à decoração especial dedicada ao período. Há um espaço também dedicado ao tradicional presépio, montado na praça a muitos anos, o mesmo é formado por bonecos com tamanhos equivalentes aos de humanos. Além da decoração, neste mesmo período ocorrem apresentações do coral do Conservatório Municipal de Música da cidade. Figura 17- Praça Tancredo Neves em período natalino no ano de 2017 – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte - Arquivo da PMVC - BA, editado pela autora.
2.2 Projetos Referenciais Ao decorrer da trajetória de pesquisa para elaboração do projeto em questão, foram encontradas diferentes cidades, que por variadas razões serviram de referência para que fosse possível chegar ao conceito estabelecido. Dentre elas, três se destacaram por abordarem aspectos na direção à economia da cultura e intervenções a partir de novos usos em patrimônios históricos. Para considerar essas referências levou se em consideração a importância do bem para a sociedade, as características arquitetônicas e urbanísticas e os novos usos que lhe foram atribuídos para conservação e preservação. Esses foram o RedBull Station (São Paulo), o Palacete das Artes Rodin ( Salvador – Ba), o Centro aberto (São Paulo – Brasil) e a revitalização da Praça Rui Barbosa (Belo Horizonte – MG). 2.2.1 RedBull Station A partir da requalificação e restauração um antigo edifício da década de 20, localizado na Praça da Bandeira, entre a Av. Nove de Julho e Av. Vinte Três de Maio, antes ocupado pela companhia de energia Light, surge o RedBull Station, projeto executado pelo escritório da Triptyque. O novo uso dado ao prédio, foi um centro de artes e música articulado com a produção e a difusão destas formas de expressões artísticas de caráter experimental.
36 Figura 18- Fachada do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fonte: Site ArchDaily. Foto de Pedro Kok. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-155192/redbull-station-sao-paulo-slashtriptyque> Acesso em: 20/03/2018.
Com uma área de aproximadamente 2.150 metros quadrados, o edifício foi inteiramente restaurado, seguindo os principais conceitos de preservação do patrimônio arquitetônico, assim como recebeu uma intervenção contemporânea arquitetônica afim de se adaptar às suas novas funções de espaço de fomento à cultura. Sua essência foi mantida e a beleza de seus elementos potencializada. Foram acrescentados novos elementos como uma marquise metálica na cobertura, criando um terraço coberto e um espaço expositivo que contempla a cidade de São Paulo e convida o visitante ao resgate e a transformação de sua história. Como programa a edificação possui:
Galerias;
Sala monumental que recebe exposições de todas as formas de artes
visuais, performances e shows,
Estúdios de gravação de música,
Espaço expositivo,
Sala de ensaio de músicos,
Camarim, escritório,
Seis ateliers, criados para o projeto Residência Artística,
Atelier coletivo para workshops e palestras,
Galeria transitória onde os trabalhos serão expostos temporariamente
durante o processo de criação e maturação.
37 Figura 19- Interior do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fonte: Site ArchDaily. Foto de Pedro Kok. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-155192/redbull-station-sao-paulo-slashtriptyque> Acesso em: 20/03/2018.
Na requalificação dos espaços interiores, houve a necessidade de demolição de elementos não estruturais para adequação de programa de espaços expositivos, criação de novos espaços apoio (sanitários, copa, áreas técnicas) e trabalho (escritórios, ateliers de artistas) com novas divisórias em vidro e gesso acartonado. Para a conservação das paredes existentes com pintura original foi realizado um tratamento com hidrojateamento e hidrofugante. Figura 20- Interior preservado do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fonte: Site ArchDaily. Foto de Pedro Kok. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-155192/redbull-station-sao-paulo-slashtriptyque> Acesso em: 20/03/2018.
Na requalificação dos espaços exteriores, houve a inserção de novos elementos metálicos para programa de área externa (bilheteria, café), criação de uma nova escada metálica engastada na estrutura existente para circulação e acesso ao novo programa. Criação de terraço
38 sobre cobertura existente em steeldeck; também foi instalada uma nova cobertura em estrutura metálica, concebida a fim de possibilitar captação de água pluvial e futura instalação de painéis fotovoltaicos. Figura 21- Escada metálica do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fonte: Site ArchDaily. Foto de Pedro Kok. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01155192/redbull-station-são paulo-slashtriptyque. Acesso em: 20/03/2018.
Figura 22- Cobertura metálica do RedBull Station - Praça da Bandeira, cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fonte: Site ArchDaily. Foto de Pedro Kok. Disponível em: <https://www.archdaily. com.br/br/01- 155192/redbull-station-são -pauloslash-triptyque> Acesso em: 20/03/2018.
Foram revitalizados também os sistemas de instalações, energia e conforto ambiental, foi feito um novo sistema hidráulico e elétrico para atendimento, com criação de áreas técnicas em cisterna subterrânea existente. Foi realizado também a reativação da torre de resfriamento de água do sistema existente na cobertura, tornando-se uma fonte da praça/mirante e contribuindo para a qualidade do ar e conforto ambiental da área externa na cobertura. Figura 23- Fonte na cobertura do RedBull Station - Praça da Bandeira cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fonte: Site ArchDaily. Foto de Pedro Kok. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01155192/redbull-station-são paulo-slash-triptyque. Acesso em: 20/03/2018.
39 Figura 24- Área externa do RedBull Station - Praça da Bandeira cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fonte: Site ArchDaily. Foto de Pedro Kok. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01155192/redbull-station-são paulo-slash-triptyque. Acesso em: 20/03/2018.
A escolha do RedBull Station como referência para a intervenção se deve a forma como o projeto de requalificação introduziu equipamentos e materiais contemporâneos de forma harmônica, como a utilização do aço e do vidro, a conservação da pintura das paredes internas e a integração feita entre os ambientes do novo uso. 2.2.2 Palacete das Artes - Museu Rodin O Museu Rodin está localizado no bairro da Graça, em Salvador na Bahia, a edificação foi construída em 1912, teve seu tombamento em 1982 e passou a abrigar a Secretaria o Conselho Estadual de Educação e Cultura. A requalificação denominou o novo uso de museu a edificação, que com 1.500 metros quadrados, precisou de um edifício anexo para comportar o seu novo programa. Apesar de funcionarem independentemente, as edificações são ligadas entre si por uma passarela de concreto protendido que sai da torre do palacete e se estende até o edifício, num total de 18 m. Figura 25- Ponte de ligação entre o palacete e o novo modulo do Museu de Rodin – Salvador, Bahia, Brasil.
Fonte: Site Galeria da Arquitetura. Disponível em: < https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/brasil-arquitetura_/museurodin-bahia/2799> Acesso em: 20/03/2018.
40
Além de exposições, o programa do museu inclui atividades educativas como workshops e cursos, que são ministrados no térreo do palacete. O jardim funcionará como espaço de convivência para a comunidade local, que poderá usufruir da área livremente fazendo um ponto de convergência entre pessoas, arte e cultura. Para os arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, responsáveis pelo projeto, o ponto de partida para o desenvolvimento do Museu Rodin Bahia foi respeitar e preservar o Palacete, um casarão eclético construído em 1913. Equipamentos de climatização e iluminação foram introduzidos de maneira discreta no edifício de três pavimentos. Figura 26- Jardim externo do Museu de Rodin– Salvador, Bahia, Brasil.
Fonte: Site Galeria da Arquitetura. Disponível em: < https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/brasil-arquitetura_/museurodin-bahia/2799> Acesso em: 20/03/2018. Figura 27- Iluminação interna do Museu de Rodin – Salvador, Bahia, Brasil.
Fonte: Site Galeria da Arquitetura. Disponível em: < https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/brasil-arquitetura_/museurodin-bahia/2799> Acesso em: 20/03/2018.
41
As janelas do palacete foram fechadas com vidro, o programa também conta com um café/ restaurante no museu. Outro objetivo da intervenção foi criar um ágil e eficiente sistema de circulação vertical no palacete. A escada original do edifício não supria a necessidade de circulação vertical do museu, explicam os arquitetos. A solução foi implantar uma torre de concreto na parte posterior do palacete. Com escada e elevador, o volume liga os três pavimentos e se conecta ao novo edifício por uma passarela. Figura 28- Área externa do Restaurante – café do Museu de Rodin- Salvador, Bahia, Brasil.
Fonte: Site Galeria da Arquitetura. Disponível em: < https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/brasil-arquitetura_/museurodin-bahia/2799> Acesso em: 20/03/2018.
A conexão harmoniosa entre uma edificação nova com a antiga e o uso de materiais contemporâneos, como o vidro nas janelas, foram as principais inspirações desse projeto referencial, a ser utilizado na intervenção em questão. 2.2.3 Centro aberto O Programa do Centro Aberto tem papel de articular políticas públicas municipais voltadas para os espaços públicos. Neles convergem ações de diversos órgãos municipais, como o WiFi Livre, a renovação da iluminação pública, o incentivo à presença de artistas de rua e comida de rua, assim como a rede de bicicletas compartilhadas e a instalação de paraciclos.
42 Figura 29- Deck de madeira com mobiliário móvel para permanecia de pedestres.
Fonte: Site da PMSP, 2016.Disponível em: <http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/noticias/prefeitura-expande-projeto-centro-aberto-para-a-ruagalvao-bueno-e-o-largo-sao-bento/> Acesso em: 21/03/2018. Figura 30- Interações sociais no projeto Centro aberto na cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Fonte: Site da PMSP, 2015. Disponível em: < file:///M:/ARQUITETURA%20E%20URBANISMO/2018.1/TCC%20II/CENTRO%20ABERTO.pdf > Acesso em: 21/03/2018.
O projeto do Centro Aberto já fora implantado, por exemplo, no Largo do Paissandu e no Largo do São Francisco. Essa forma de atuação se provou uma forte ferramenta política, uma vez que mostra diretamente como a vida da cidade será afetada pelas mudanças. O principal objetivo deste é ocupar espontaneamente o espaço, por isso o Centro Aberto é um projeto referencial para a intervenção da rua em questão, servindo de conexão entre a Praça Tancredo Neves e os casarões requalificados. O uso do mobiliário portátil que permite diferentes configurações espaciais para diferentes atividades, o aumento da permanência das pessoas e as sessões de mostra de Cinema, também foram pontos abordados como referência no projeto.
43 2.2.4 Revitalização da Praça Rui Barbosa - Belo Horizonte, Brasil O projeto de requalificação da esplanada da Praça Rui Barbosa atende perfeitamente à necessidade de criação de rotas seguras e acessíveis para o pedestre e cria as condições de conforto para sua permanência no local. A proposta contemplou a recuperação da Praça Rui Barbosa, área da esplanada e jardins, além da Rua Aarão Reis e Avenida dos Andradas. O local apresentava-se extremamente degradado, com asfaltamento quase total, dificuldades de acessibilidade de pedestres, tráfego desordenado e calçadas deterioradas. Além do projeto de intervenção na praça, outros aspectos foram considerados, como a mobilidade urbana, a desobstrução das visadas (uma vez que eram bloqueadas por letreiros e faixas), o sistema viário e os estacionamentos foram revistos. A preservação do patrimônio ocorreu através da restauração das edificações tombadas, pintura das fachadas das edificações de domínio particular e requalificação das edificações pertencentes ao conjunto urbano com potencial cultural. Tais ações permitiram a valorização dos edifícios tombados, a integração dos imóveis ao conjunto, a melhoria da apropriação dos espaços públicos, a organização dos fluxos e a valorização do pedestre na área central da cidade. Figura 31- Projeto de Requalificação Praça Rui Barbosa – Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Fonte: AMORIM, 2011. Disponível em: <file:///C:/Users/maria/Dropbox/2017.2/TCC%201/REFERENCIAS/IMAGENS/disserta__o.60.ivana _amorim.2011%20(2).pdf> Acesso em 13 de Nov. de 2017.
A utilização da requalificação da Praça Rui Barbosa como referência na intervenção desta proposta, se justifica principalmente pela implantação e sinalização viária no trecho tratado e pela conservação do Conjunto paisagístico e arquitetônico. Os acessos utilizados por pedestres foram privilegiados, as vagas de estacionamentos existentes na praça foram retiradas,
44 as rampas e as faixas de travessias foram inseridas no contexto da área. Além disso, as calçadas foram alargadas, com a organização dos equipamentos urbanos, como lixeiras e iluminação de forma a permitir a livre circulação de pessoas (AMORIM,2011). A preservação do conjunto de edificações que compõem o entorno da Praça Rui Barbosa confere enorme significado para o valor simbólico da capital uma vez que remete ao período de formação inicial do núcleo urbano sendo as instalações das primeiras fábricas, serrarias e galpões. Figura 32- Mapa Conjunto Urbano Praça Rui Barbosa – Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Fonte: AMORIM, 2011. Disponível em: <file:///C:/Users/maria/Dropbox/2017.2/TCC%201/REFERENCIAS/IMAGENS/disserta__o.60.ivana _amorim.2011%20(2).pdf> Acesso em 13 de Nov. de 2017.
A requalificação permitiu que além dos edifícios, importantes para a memória da cidade, a preservação do espaço urbano no local, com suas visadas e volumetrias, mesmo após o crescimento intenso da área. Atualmente, todos os prédios pertencentes ao conjunto arquitetônico e paisagístico Rui Barbosa foram restaurados e são utilizados como local de divulgação das manifestações culturais e representações artísticas na cidade.
45 Figura 33 - Rua dos Caetés, Centro - Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Fonte: AMORIM, 2011. Disponível em: <file:///C:/Users/maria/Dropbox/2017.2/TCC%201/REFERENCIAS/IMAGENS/disserta__o.60.ivana _amorim.2011%20(2).pdf>. Acesso em 13 de Nov. de 2017.
Atualmente, a Praça Rui Barbosa, com as edificações do conjunto urbano, é um espaço por excelência apto a receber um grande número de pessoas, com localização privilegiada dentro do perímetro da Avenida do Contorno, além de conciliar atividades de lazer e promoção da cultura. O conjunto urbano cumpre seu papel quanto à preservação da história e memória, reunindo exemplares de edificações de vários períodos da história da cidade, destacando-se sobretudo, os que foram implantados no período inicial e cuja preservação atende aos conceitos atuais e promove a diversificação de usos.
46 3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA 3.1 Localização A área escolhida para intervenção está localizada no centro da cidade, na praça Tancredo Neve, composto por 3 lotes edificados, com casarões dos anos 40, o terreno das 3 edificações juntos, somam 1.770 m². As casas têm suas fachadas principais direcionadas para a Praça Tancredo Neves e a fachada posterior voltada para a rua Frei Egídio, todas as casas possuem baixa taxa de ocupação, dispondo de bastante área livre em seus terrenos, o que possibilita introdução de novos elementos na intervenção. A rua que protagoniza a intervenção está entre as casas e a praça. Figura 34- Casarões localizados na Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Figura 35- Praça Tancredo Neves – Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Figura 36- Mapa de localização
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
47 3.2 Inserção do empreendimento - Usos e atividades do entorno Localizado no bairro Centro da cidade de Vitória da Conquista, em seu entorno encontra-se prédios institucionais, praças, monômeros históricos, residências e, em sua maioria edificações comerciais. Como destaque do entorno pode-se destacar a prefeitura, a catedral Nossa Senhora das Vitorias e a Praça Tancredo Neves. Figura 37 – Mapa de usos e atividades do entorno da Praça Tancredo Neves com raio de 500 metrosVitória da Conquista, Bahia, Brasil.
Fonte: Elaborada pela autora,2018.
48 Figura 38 – Mapa de usos e atividades do entorno.
LEGENDA:
Fonte: Elaborada pela autora.
3.3 Condicionantes Físicos Foi realizado o estudo de insolação e dos ventos predominantes, fatores que foram levados em consideração na determinação da localização dos usos nas casas. A fachadas principais estão voltadas para o sul, e as fachadas posteriores para o norte, enquanto que a direção predominante dos ventos é nordeste sudeste, o que possibilita a circulação de ar nas edificações.
49 Figura 39 – Mapa de insulamento e ventos.
Fonte: Elaborada pela autora.
O terreno possui topografia acentuada, com desnível de aproximadamente 10 metros entre o nível da fachada frontal e a posterior. Figura 40- Implantação dos lotes com curvas de nível.
Fonte: Elaborado pela autora.
50 Figura 41- Volumetria topográfica do terreno.
Pespectiva posterior
Vista superior
Pespectiva frontal Fonte: Elaborado pela autora.
3.4 Legislação 3.4.1 Exigências arquitetônicas contemporâneas 3.4.1.1 Acessibilidade Define-se a acessibilidade como a “facilidade disponibilizada às pessoas que possibilite a todos a autonomia nos deslocamentos desejados, respeitando-se a legislação em vigor” (Inciso III do art. 4º da lei nº 12.587/12). Ou seja, consiste na possibilidade do indivíduo de ir e vir, sem obstáculos, em condições seguras e sem nenhum tipo de barreira (PIANCA, 2017). Frente a isso, pretende-se, que a pessoa com deficiência, notadamente aquela que possui dificuldade de locomoção, tenha o direito a acessar o bem cultural e ao patrimônio, livre de barreiras arquitetônicas. Abordando-se especificamente a acessibilidade física, apresenta-se os seguintes parâmetros para um meio físico ser considerado acessível e possa atingir o máximo da sua função: Respeitador: deve respeitar a diversidade dos utilizadores. Ninguém deve sentir-se marginalizado e a todos deve ser facilitado o acesso. Seguro: deve ser isento de riscos para todos os utilizadores. Assim, todos os elementos que integram o meio físico têm de ser dotados de segurança. Saudável: não deve constituir-se, em si, um risco para a saúde.
51 Funcional: deve ser desenhado e concebido de tal modo que funcione de forma a atingir os fins para o qual foi criado, sem problemas ou dificuldades. Compreensível: todos os utilizadores devem saber orientar-se sem dificuldade num dado espaço e, por conseguinte, é fundamental uma informação clara (utilização de símbolos comuns a vários países, evitando as palavras ou abreviaturas da língua local). A disposição dos espaços deve ser coerente e funcional. Estético: o resultado deve ser esteticamente agradável. (SANTOS,2009, p. 57).
A norma brasileira que rege os paramentos de acessibilidade, é a NBR 9050/2015Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos – esta determina que, nas edificações e equipamentos urbanos, todas as entradas devem ser acessíveis, bem como as rotas de interligação às principais funções do edifício, há uma ressalva na condição de edificações existentes: Na adaptação de edificações e equipamentos urbanos existentes, todas as entradas devem ser acessíveis e, caso não seja possível, desde que comprovado tecnicamente, deve ser adaptado o maior número de acessos. Nestes casos a distância entre cada entrada acessível e as demais não pode ser superior a 50 m. (ABNT, 2015, p. 54).
Mesmo apresentando-se como um desafio, a implantação de Rotas Acessíveis em Sítios Históricos é imprescindível para o cumprimento da legislação vigente e para a garantia do direito de acesso de todas as pessoas à cultura e ao patrimônio (REIS, 2017). O bom uso dos espaços históricos é uma forma de preservação e esse bom uso implica em condições de acessibilidade bem implantadas. Atualmente a legislação brasileira estabelece os critérios básicos e os parâmetros técnicos para a ascensão da acessibilidade. A norma nº 01/2003 do IPHAN discorre sobre a acessibilidade aos bens culturais imóveis acautelados em nível federal (IPHAN, 2003). Reconhece-se que o papel do IPHAN é despertar “[...] iniciativas adequadas de intervenção nos bens culturais imóveis acautelados em nível federal, que incorporem soluções em acessibilidade segundo os preceitos do desenho universal e da rota acessível. ” As construções antigas de cidade e edificações, não consideravam a questão da acessibilidade, em épocas antepassadas, o deficiente era marginalizado e visto como ser inferior, muitas vezes abandonado à própria sorte. Na Grécia Antiga por exemplo, as cidades e edificações possuíam características urbanísticas e arquitetônicas que hoje são consideradas como barreiras a acessibilidade. No decorrer da arquitetura as questões de acessibilidades ganharam notoriedade e passaram a ser obrigativas. Embora os edifícios antigos não sejam acessíveis, cabe ao órgão que o intervir, utilizar de meios para que o acesso ocorra de forma igualitária. São muitos os exemplos de adequação, aplicação e técnicas de acessibilidade utilizadas em intervenções realizadas, como o uso de rampas metálicas, elevadores, plataformas elevatórias, troca do piso para rotas acessíveis e passarelas.
52 Figura 42- Rampa e escadas de acesso da Igreja de San Millán, Segovia, Espanha.
Fonte: ESPANHA, 2008, p. 5. Figura 43- Rampa de acesso em madeira do Edifício histórico em Salamanca, Espanha.
Figura 44- Obras de pavimentação urbana. La Rochelle – França.
Fonte: ESPANHA, 2008, p. 5.
Fonte: REIS, 2017, p.46.
Figura 45- Obras de pavimentação urbana. La Rochelle – França.
Fonte: REIS, 2017, p.46.
53 Figura 46- Plataforma elevatória que leva à Capela Sistina. Cidade do Vaticano, Itália.
Fonte: Blog do cadeirante, 2015.
Figura 47- Pinacoteca dos Estado de São Paulo.
Fonte: Acervo de imagens do Google.
Figura 48- Rampa removível de acesso ao imóvel sito à Praça Anchieta, 08 (Casa Natal de Gregório de Mattos). Salvador, Bahia, Brasil.
Fonte: REIS, 2017, p.59.
Esses exemplos de intervenções realizadas em outros países e também no Brasil serviram de parâmetros para a realização dessa proposta de requalificação, por isso toda a edificação deverá receber sinalização indicativa e alternativas acessíveis. 3.4.1.2 Segurança e Incêndio É necessário que as edificações sejam adaptadas para atender as condições mínimas de segurança, bem como permitir livre acesso as operações do corpo de bombeiros, atendendo aos objetivos das normas de segurança contra incêndio. A Norma Técnica 41/2014 - edificações existentes – adaptação às normas de segurança contra incêndio e pânico, sugere que um conjunto de dispositivos ou sistemas a ser implementados em edificações de risco, necessário para evitar o surgimento de um incêndio,
54 limitar sua propagação, possibilitar sua extinção e propiciar a proteção a vida, ao meio e ao patrimônio. É condição obrigatória para proteção, atenção neste sentido, no projeto de intervenção e na implantação de medidas de segurança contra incêndio consideradas como exigências básicas nessas edificações de Risco Leve (RL), segundo a NT 41/2014, independente da data de construção e da regularização, como: Saída de emergência; Iluminação de emergência, para edificações acima de dois pavimentos ou locais de reunião de público com mais de 50 pessoas; Sinalização de emergência; Extintores de incêndio; Central de GLP; Instalações elétricas em conformidade com as normas técnicas; Laudos técnicos de avaliação das condições estruturais, das instalações elétricas, lógicas e telefônicas; Controle de Materiais de Acabamento
A intenção da NT 14/014 é implementar as medidas de segurança contra o incêndio nos ambientes, a fim de promover maior segurança, de forma a atender as exigências estabelecidas preservando ao máximo o patrimônio. 3.4.1.3 Conforto Térmico e Acústico Implementar medidas que aumentem as condições de conforto térmico e acústico para os visitantes, sem descaracterizar o patrimônio é um grande desafio na atualização das edificações (PIANA,2017). A preocupação com o conforto térmico reflete diretamente na redução do consumo de energia, além de melhorar o desenvolvimento das atividades propostas para a edificação. O bom aproveitamento da iluminação natural e a escolha de materiais eficientes, foram soluções utilizadas para melhorar a qualidade dos casarões. Referindo-se ao conforto acústico, é fundamental para tornar o ambiente agradável e aconchegante, livre de ruídos e com qualidade ambiental. O projeto propôs um maior conforto através de soluções isolantes e adequadas, as edificações antigas possuem paredes bem espessas o que facilita o conforto internamente. 3.4.2 Legislação Incidente Diante da localização no Centro e do novo uso dado ao objeto de intervenção, o Plano Diretor de 2015 da cidade, se enquadra na zona de uso Centro Municipal, e por isso exige:
55
Zona de uso
Centro Municipal
Figura 49- Critérios e restrições aplicáveis às zonas de interesse. Localização Coeficiente de Coeficiente Coeficiente de Recuo Aproveitament de permeabilidade mínim o ocupação o frontal Centro 3,0 0,70 0,15 3,0
Recuo mínimo lateral 1,50
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
Este recorte permite concluir que no local do terreno somente é permitido abrigar o porte do empreendimento até o Nível Regional, e seu Coeficiente de Aproveitamento Máximo (CAM) correspondem a 3 vezes a sua área de 1.518,82m². O Coeficiente de Ocupação (CO), não deve ultrapassar a 70% desta área, enquanto o de permeabilidade deve ser respeitado o mínimo de 20%. Sua testada frontal deve obedecer ao mínimo de 3,0m sem edificações, ou na ocasião delas, sem aberturas, e o recuo lateral deve ser de 1,5m. Para configurar o tipo de atividade que foi proposto as edificações e a proposta do anexo, foi preciso identificar as categorias existentes no plano diretor da cidade, enquadrando então o empreendimento quanto ao tipo de uso S-8 e códigos S-8.8 e S-8.13. Figura 50- Atividades/ empreendimentos que configuram o uso do solo.
Uso Serviços de Esportes, Lazer e Diversão Código Categorias/ Subcategorias de uso S-8.8 Exposição de artes S-8.13 Projeções de filmes Fonte: Produzido pela autora, 2018.
Para realizar o cálculo da população, que se faz de extrema importância para obter a quantidade de vagas de estacionamento, foi observado no código de obrar através da categoria funcional do empreendimento. Figura 51- Cálculo da população e quantidade de vagas por empreendimento.
Categorias Funcionais Edificações para reunião com afluência de público Porte (área construída) Até 100 lugares
Empreendimento
Cálculo da população Culturais Cine-teatro, sala de 1 pessoa/m² de área exposição, museu, sala útil de reuniões. Estacionamento Nº de vagas para Nº de vagas para carga e descarga embarque e desembarque 01 para cada 02 08 lugares Fonte: Produzido pela autora, 2018.
56 Foi analisada também, a norma 9077 - Saídas de emergência em edifícios, para especificações da revitalização e para o edifício anexo. Figura 52- Classificação das edificações quanto à sua ocupação, à altura, ao número de saídas e tipos de escadas.
Grupo F
Ocupação/Uso Locais de reunião de público
Código L Grupo F
Tipo de Edificação Edificações baixas Divisão F-5
Descrição F-5
Exemplos Teatros em geral, cinemas, óperas, auditórios de estúdios de rádio e televisão e outros H < 6,00 m Tipo de escada Não enclausurada
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
3.4.3 Reservatório Os reservatórios da edificação foram dimensionados com base nos critérios encontrados no livro Instalações Hidráulicas e o Projeto de Arquitetura, de Roberto de Carvalho Júnior, seguindo as tabelas 1.2 (taxa de ocupação de acordo com a natureza do local) e 1.3 (consumo predial diário). TIPOS DE CONSTRUÇÃO Edifícios públicos
Figura 53- Estimativa de uso dos reservatórios. CONSUMO POPULAÇÃO CAPACIDADE MÉDIO ( PROJETO MÍNIMA DO litros/dia ) RESERVATÓRIO 50 por pessoa 170 pessoas 50 X 170 = 8500 L
*O dimensionamento da população foi realizado pelo número de funcionários, capacidade do cine-teatro e estimativa de público de acordo com a capacidade das salas de exposições e café Fonte: Elaborado pelo autor embasado em CARVALHO. Mai. 2018.
Os reservatórios foram projetados para durarem até 2 dias sem fornecimento da rede local (EMBASA), atingindo um total de 17.000 L. Foram divididos em 2 reservatórios, inferior com 60% da capacidade (10.200L) e superior com 40% (6.800L) + 20% do total destinado a reserva técnica de incêndio, atingindo um total de 10.200L. 4 DESCRIÇÕES ARQUITETÔNICAS DAS EDIFICAÇÕES Ao redor da Praça Tancredo Neves existem várias casas na mesma condição das escolhidas para a intervenção, edificações antigas que não possuem uso funcional e necessitam de revitalização, porém haviam alguns critérios a serem avaliados para definir a escolha. Uma das premissas para a definição das edificações, era ter se possível área livre que permitisse a implementação de algo novo como anexo a edificação. O outro requisito é que tivesse boa
57 localização, com vista privilegiada da Praça Tancredo Neves, e que pudesse ter alguma intervenção na rua da casa, para que promovesse uma atração a mesma. Analisando as edificações, notou se que essas 3 edificações apresentavam todos os requisitos anteriores, as 3 possuem espaço livre, além de ter uma vista privilegiada da Praça, por estarem localizadas na área mais alta da mesma, ao lado do memorial Regis Pacheco a rua em que se encontram é de mão única, e poderia ser fechada para pedestres, sem haver transtornos no fluxo de veículos da região. Figura 54- Fachada das casas escolhidas para o projeto.
CASA 03
CASA 02
CASA 01
MEMORIAL REGIS PACHECO Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Para avaliar as condições físicas da edificação, foram realizadas visitas ao local, afim de identificar o estado atual de conservação do mesmo, bem como efetuar o levantamento métrico para cadastro, pois nenhuma delas havia documentos de registro iniciais do imóvel, como planta baixa, cortes e fachadas. O único terreno que tem acesso livre a Rua Frei Egídio é o ocupado pela casa 2.
58 Figura 55- Implantação dos lotes com curvas de nível.
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
4.1 Casarão 01 A casa 01, de cor bege, construída em meados dos anos 1910, possui uso atual residencial, moram na casa atualmente 2 pessoas. Edificação de pavimento térreo com terreno de 498.00 m², área construída de 200 m², vale destacar que no fundo do terreno, tem um prédio edificado com a fachada para rua Frei Egídio, o edifício não foi cadastrado e não será incluso na intervenção. Como a edificação possui uso, foi possível identificar como a mesma funciona, e denominar os seus cômodos de acordo com a su2a utilização. 4.1.1 Patologias e Diagnósticos O casarão possui um bom grau de conservação, pelo fato de ainda ter moradores. Paredes e Pisos:
Todas as paredes possuem reboco e pintura, a maioria necessita apenas de
retorque.
O revestimento cerâmico das paredes e pisos dos sanitários e precisam ser
substituídos.
O piso dos demais cômodos da casa, estão ainda conservados.
Esquadrias e rodapés:
As esquadrias estão conservadas, necessitam apenas de reparos.
Os rodapés são cerâmicos assim como o piso e também se encontram
preservados.
59
Forro, telhado e estrutura:
Há deterioração do forro de madeira em diversos cômodos, devido a ataques de
insetos fungos, portanto sugere-se que o mesmo seja trocado.
O telhado necessita de nova estrutura e as telhas coloniais em cerâmica de
substituição.
São necessárias reformas nos sistemas hidráulicos e elétricos. Figura 56- Fachada da casa 01.
Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 57- Acesso casa 01.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 58- Varanda casa 01.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
60 O prédio localizado ao fundo do terreno pertence à família que reside na casa, por isso existe um acesso da casa para o prédio, feito por uma porta, que na proposta de revitalização é isolado, sem possibilidade de passagem. Figura 59- Prédio ao fundo do lote.
Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 61- Sala de estar , casa 01.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 60- Fachada do prédio.
Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 62- Copa, casa 01.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
61 Figura 63- Área externa, casa 01.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 64- Circulação interna, casa 01.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 65- Circulação interna, casa 01.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
62 Figura 66- Planta de cadastro da edificação 01.
Legenda:
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
4.2 Casarão 02 A casa 02, de cor amarela, construída na década de 40, erguida após a demolição de um outro casarão existente no mesmo terreno, é a mais recente das três edificações. A edificação está vazia e em reforma, o proprietário pretende revitalizar conservando ao máximo a arquitetura da casa. A edificação de 2 pavimentos, locada em um terreno de 600,00 m², com área construída de 145,00 m² no pavimento térreo e 75,00 m² no segundo pavimento, e possui 365,00 m² de área livre. Como a edificação se encontra em reforma, não foi possível identificar o uso de cada cômodo, dessa forma foram identificados por numeração na planta cadastro.
63 4.2.1 Patologias e Diagnósticos O casarão possui um bom grau de conservação. A casa possui boa ventilação, feita por grandes aberturas de janelas e portas. Paredes e Pisos:
Todas as paredes possuem reboco, a maioria necessita apenas de pintura, tanto
interna como externamente.
O revestimento cerâmico das paredes e pisos dos sanitários, precisam ser
substituídos.
Os cômodos que possuem piso, são em assoalho de madeira e estão ainda
conservados, precisando apenas de poucos reparos. Esquadrias e rodapés:
As únicas esquadrias existentes na casa são as externa, internamente foram
retiradas. As existentes precisam de reparos ou substituição.
Os rodapés são de madeira assim como o piso e também se encontram
preservados. Forro, telhado e estrutura:
O forro está bem conservado, necessitando de poucos reparos.
O telhado foi trocado a pouco tempo, por esse motivo se encontra preservado na
edificação.
Serão necessárias reformas nos sistemas hidráulicos e elétricos.
Figura 67- Fachada Frontal da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
64
Fgura 68- Jardim de inverno da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 70-Escada da sala de estar da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 69- Visรฃo da varanda da casa 02 para a Praรงa.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 71- Quarto da casa 02 com vista para Praรงa.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
65 Figura 72- Ă rea externa da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 74- Grandes aberturas de janelas da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 73- Fachada posterior da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 75- Acesso principal frontal da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
66 Figura 76- Jardim/ circulação externa da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 77- Circulação externa da casa 02.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
67
Figura 78- Planta de cadastro casa 02.
Legenda:
Fonte: Produção da autora, 2018.
4.3 Casarão 03 A casa 03, de cor azul, construída em meados dos anos 1910, está sem uso e se encontra à venda. Edificação de pavimento térreo com terreno de 560,00 m², área construída de 165,00 m² e área livre de 400,00 m². Como a edificação se encontra em reforma, não foi possível identificar o uso de cada cômodo, dessa forma, foram identificados por numeração na planta cadastro.
68 4.3.1 Patologias e Diagnósticos O casarão possui um bom grau de conservação internamente, embora a sua fachada esteja bem deteriorada. A casa apresenta problemas visíveis em sua estrutura, como rachaduras. Paredes e Pisos:
As paredes internas precisam de retoque na pintura e algumas externas precisam
também de reboco.
O revestimento cerâmico das paredes e pisos das áreas molhadas, precisam ser
substituídos.
O piso é em assoalho de madeira e está ainda conservado, precisando apenas de
poucos reparos. Esquadrias e rodapés:
A esquadrias internas estão bem conversadas e compõem a identidade da
edificação, as externas precisam de reparos em seu madeiramento
Os rodapés são de madeira assim como o piso e também se encontram
preservados. Forro, telhado e estrutura:
O forro necessita de reparos e, em alguns cômodos sugere-se a sua substituição.
O telhado necessita de nova estrutura e as telhas coloniais em cerâmica devem
ser substituídas.
Serão necessárias reformas nos sistemas hidráulicos e elétricos. Figura 79- Fachada da casa 03.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
69 Figura 80- Área externa da casa 03.
Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 82- Área molhada da casa 03.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 81- Área molhada da casa 03.
Fonte: Acervo pessoal, 2018. Figura 83- Quarto da casa 03.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Figura 84- Janela vista da parte interna da casa 03. Figura 85- Porta de acesso a circulação da casa 03.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
70 Figura 86- Planta de cadastro, casa 03.
Legenda:
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
71 5 CONCEITO E PARTIDO O conceito dessa proposta é realçar o contraste entre passado e futuro, intervindo e dando novos usos a edificações antigas, afim de preserva-las. Com o objetivo de valorizar a cultura neste espaço, de forma convidativa, atrativa e propor um espaço para maior permanência, contrastando com a pressa representativa dos tempos modernos. A partir do conceito, o partido foi pensado na substituição desses lugares significativos, repletos de memorias e singularidades, por espaços homogêneos e usuais. A ideia é que os casarões e o anexo formem um conjunto de mesma proporção, constituindo entre eles uma praça de recepção, que seja aprazível e convidativa. O anexo tem uma proposta arquitetônica contemporânea, sem romper de forma brusca com o ecletismo dos casarões, e fundir-se entre passado e futuro. Para concepção volumétrica inicial do anexo, tomou-se como partido da forma de um baú, formato que foi desconstruído até chegar ao objeto desejado. Considerando o baú um objeto regular de faces retangulares e uniformes, levou a uma arquitetura simples que não toma o protagonismo do conjunto. Figura 87- Objeto do partido arquitetônico.
Fonte: Produzido pela autora.
Relacionando então o partido com o conceito, toma-se o baú, como uma caixa usada para armazenar lembranças e recordações, e o conceito da proposta de revitalização, que consiste na preservação da memória e da arquitetura das edificações, além de fazer relação com a forma escolhida para o anexo.
72 6 PROGRAMA Considerando então as três edificações como um único elemento, o maior desafio na elaboração do programa de necessidades foi conseguir incorporar, usos dentro das edificações de forma funcional e harmônica, tratando-as como um único complexo cultural, além disso não deixar a arquitetura contemporânea do edifício anexo poluir a arquitetura do patrimônio histórico. Foi pensado também como unir usuários com idades, interesses e horários diferentes e ao mesmo tempo, garantir sua segurança e conforto, além de garantir satisfação ao visitante que pode ter diversos interesses e conseguir atender a toda a comunidade. A expectativa final é conseguir soluções arquitetônicas que privilegiem a programação do centro cultural, o sistema de funcionamento, de atendimento e de oferta de atividades de lazer. Figura 88- Programa de necessidades Casarão 01.
Fonte: Produzido pela autora. Figura 89- Programa de necessidades Casarão 02.
Fonte: Produzido pela autora. Figura 90- Programa de necessidades Casarão 03.
Fonte: Produzido pela autora.
73 Figura 91- Programa de necessidades anexo.
Fonte: Produzido pela autora.
74 Figura 92- Fluxograma
Fonte: Produzido pela autora.
75 7 PROPOSTA DE PROJETO 7.1. Propostas urbanísticas Para valorização do Centro Cultural, foram tomadas decisões urbanísticas. Está área foi projetada de modo que ela pudesse ter uma melhor mobilidade de pedestres e ressaltar os três elementos que marcam o centro da cidade, sendo eles: a Praça da Matriz, a igreja e o Centro Cultural. Tornando as calçadas acessíveis e amplas, substituindo o asfalto por piso intertravado, para trabalhar a sustentabilidade e melhorar a drenagem da água pluvial, como também reduzir a velocidade dos carros e integrar está rua a Praça Tancredo Neves. A acessibilidade foi pensada de maneira a atender aos portadores de mobilidade reduzida, facilitando sua locomoção em toda a área de intervenção. Com a proposta de nivelamento da calçada com a rua, é descartado a necessidade de rampas de acesso ao passeio do centro cultural, foi implementado a sinalização tátil de alerta e direção nas calçadas, faixas de pedestres e extensões nos passeios, para reduzir a largura das vias, a melhor solução para destacar esse trecho, seria a troca da pavimentação do asfalto para piso intertravado, atendendo não só à comodidade e ao conforto do usuário, mas, também, à sustentabilidade, conforto e drenagem, além de evidenciar que aquela área possui elementos importantes que merecem ser apreciados. Avaliando as condições de mobilidade do pedestre, percebeu-se a necessidade de ampliar as calçadas em frente ao Centro Cultural, que dará mais espaço para o fluxo de pedestres nessa área, utilizando o espaço antes ocupado por vagas de estacionamento, visto que o empreendimento contém vagas no seu interior.
Figura 93- Ampliação proposta de revitalização da Rua em frente às Casas 01,02 e 03.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
76 Figura 94 – Imagem da proposta de revitalização da Rua em frente às Casas 01,02 e 03.
Fonte: Produzido pela autora, 2018. Figura 95 – Imagem da proposta de revitalização da Rua em frente às Casas 01,02 e 03.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
A circulação de veículos na rua, Praça Tancredo Neves, foi limitada a uma única faixa de passagem em elevação igual ao pedestre, com divisão física realizada por balizados de um metro de altura. O objetivo foi induzir o motorista a diminuir a velocidade e aproveitar os marcos visuais que estão a sua volta, permitindo também que o pedestre possa percorrer por essa região tranquilamente.
77 7.2 Propostas arquitetônicas 7.2.1 Implantação Analisando morfologicamente a quadra onde o terreno se encontra, nota-se que está área do bairro é bastante adensada, com edificações de gabarito médio em sua maioria, há então poucos espaços livres, e se encontra logo a frente um jardim, a Praça Tancredo Neves, a implantação foi proposta levando em consideração todos esses aspectos do entorno. O terreno com aproximadamente 1.518,82m², no qual foi proposto o novo centro cultural, possui 2 entradas de pedestre na Rua logo à frente da Praça Tancredo Neves, e 1 entrada na Rua Frei Egídio, possui acessibilidade, através de rampas, em ambas as ruas para acesso a edificação. A entrada e saída de veículos faz-se também pela Rua Frei Egídio, direcionando estes para o estacionamento que possui 14 vagas. O controle
da
entrada
é
realizado através de guarita e cancela eletrônica. Um dos maiores desafios encontrados na revitalização das casas e na implantação do anexo, foi na adequação da acessibilidade, devido à elevação dos casarios e ao grande desnível do terreno, por isso em toda implantação foi feito o uso de rampas, afim de vencer a diferença de nível em vários locais do projeto e não localizado em apenas um ponto. Vale destacar que por se tratar de uma reforma as rampas e rotas acessíveis, as suas larguras podem ter no mínimo 0,90 metros e possuir segmentos de no máximo 4,00 metros e inclinação de mínima de 12,5%, conforme o item 6.6.2.7 da NBR 9050. Figura 96 – Dimensionamento de rampas em caso de reforma.
Fonte: NBR 9050, 2015.
78 Figura 97- Proposta de implantação.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
79 7.2.2 Fachadas As fachadas dos casarões, como já foi citado anteriormente, foram conservadas de forma a não descaracterizar as edificações antigas, foi preservado as características, detalhes, alturas, esquadrias e as cores também foram restauradas. Os Acessos da fachada anteriormente eram individuais a cada residência, com a proposta de destacar as casas e trazer leveza as edificações juntamente com acessibilidade, foi proposta a demolição de todo o acesso antigo, das escadas e muros. Figura 98- Cadastro da fachada atual das casas.
Fonte: Produzido pela autora, 2018. Figura 99- Proposta de revitalização das fachadas.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
80 Figura 100- Fachada das casas que compõe o novo centro cultural.
Fonte: Produzido pela autora, 2018. Figura 101- Fachada proposta para o centro cultural.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
Para garantir a acessibilidade e segurança, sem romper com a visibilidade e leveza das casas, foi proposta guarda corpo em todas as rampas, escadas e deniveis em vidro incolor, foi proposto também jardins na frente da edificação, abaixo das rampas e escadas, com uma mureta de 20 cm, o jardim ficaria visivel para quem transitasse pela rua. Já a fachada do anexo, a partir do conceito do projeto, foi pensado de forma a não poluir a imagem dos casarões, seguindo o conceito minimalista que norteou o seu volume os revestimentos utilizados seguem uma linha industrial, buscando contrastar com o mátrial do
81 casarão, causando a sensação de presente e passado no mesmo local. O revestimento imitando o concreto aparente e o uso dos perfis metalicos aparentes foram as escolhas para complementar a composição do anexo. A intenção da proposta é que o anexo fosse visto aos olhar as casas e despertasse curiosidade, por isso também o uso de dois pavimentos, de forma que a altura do anexo utrapasse a altura das casas, de forma leve e sem contrasnte de cores, apenas de conceito. Figura 102- Fachadas propostas para o anexo.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
7.2.3 Casarões
Térreo:
O acesso principal aos casarões pode ser realizado pela Rua em frente à Praça Tancredo neves, todas as casas possuem acesso independente e são interligadas entre si, além de possuir acesso também pela Rua Frei Egídio, passando pelo anexo. O que torna o centro cultural totalmente integrado, as casas das extremidades denominadas de casarão 01 e 03 serão ocupados por setores administrativos e salas de exposição, cada casa conta com um espaço dedicado a um memorial, neste espaço serão expostos objetos e fotos que conte a história das edificações, que já possuíram a função residencial. Foi proposto o uso de iluminação zenital, através de claraboias, no casarão 01, para ganhos em iluminação natural, devido a edificação não possuir afastamento lateral, havia pouca iluminação, já a ventilação natural foi obtida através de uma abertura para a área de luz do casarão 02, já que a proposta é integrar as casas, não haveria problemas quanto a privacidade, a nova abertura conecta a nova sala de exposição localizada na casa 01 e o café da casa 02.
82 No casarão central foi dado o uso de café/ bar, com proposta de ser um local para encontro e espera dos usuários do centro, o café dispõe de alimentos já prontos, dispensando a necessidade de uma cozinha mais ampla, através do café tem-se acesso a uma área externa com mesas que se transforma em um “lounge” coberto por pergolado de estrutura metálica e vidro, o lounge dá acesso as outras edificações e ao anexo. Figura 103- Imagem interna do café, localizado na casa 02.
Fonte: Produzido pela autora, 2018. Figura 104- Imagem interna do café, localizado na casa 02.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
Embora a estrutura das edificações já existentes ainda estarem num bom grau de conservação foi proposto um reforço estrutural metálico, principalmente nos locais ontem houveram maior número de demolição de paredes no interior das casas, essa estrutura ficará aparente, assim como as novas instalações elétricas, que terão suas tubulações aparentes, remetendo o conceito industrial.
83 Figura 105- Imagem interna do café, localizado na casa 02, destacando estrtura metalica de reforço.
, Fonte: Produzido pela autora, 2018. A iluminação será em sua maioria cenográfica, com pendentes e arandelas, nas salas de exposição será utilizado trilhos com spots para valorização das obras a serem expostas e na cozinha, sanitários e administração terão lâmpadas de LED tipo paflon de sobrepor. No caso do piso, nas localidades onde estavam as paredes que foram suprimidas, será proposto duas ações, visando marcar a intervenção, no piso de madeira a faixa seria coberta por piso laminado e no caso do piso cerâmico, o ladrilho, pode-se adotar o cimento queimado ou mármore, de acordo com o tamanho da área que sofre a intervenção.
Pavimento superior:
Apenas o casarão 02, possui segundo pavimento, o acesso fica localizado ao lado do caixa do café, antiga sala da residência, e atual circulação do café, por ela é realizado o acesso ao memorial e sala de exposição, localizado na parte superior da edificação.
84 Figura 106- Imagem interna do café, localizado na casa 02, escada de madeira, preservada, que dá acesso ao segundo pavimento.
Fonte: Produzido pela autora, 2018. 7.2.4 Anexo
Térreo:
O acesso principal e direto do anexo, se localiza na rua Frei Egídio, além disso possui acessos secundários, através das casas, todas elas dão acesso ao anexo. Por ter um espaço limitado para uma nova edificação, por conta da uma reduzida área livre no terreno, a solução encontrada para adequar o programa composto em geral por estacionamento e o cineteatro, foi o uso dos pilotis. Figura 107- Imagem do acesso localizado na rua Frei Egidio.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
85
Figura 108- Imagem do acesso ao anexo.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
O controle de acesso é realizado pela guarita, com hall coberto, nesta cobertura, foi utilizado o telhado verde Laminar Médio de 7cm, tecnologia Ecotelhado, este proporciona um bom conforto térmico, e além das demais vantagens de um telhado verde, possui reservatório próprio capaz de armazenar água, o que justifica a escolha. Utilizando então o térreo para estacionamento, espaço de convivência e vestíbulo de acesso ao foyer e cineteatro que se concentram no segundo pavimento. A proposta de decks e jardins dispostos geometricamente pela circulação do térreo, que integra a edificação nova aos casarões, serve como local de espera, lazer e de convívio das pessoas que visitam o local ou esperam por alguma exibição ou apresentação teatral. Figura 109- Imagem da área térrea do anexo, onde se encontra o estacionamento, decks e jardins.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
86 Figura 110- Imagem do estacionamento com uso de pilotis em estrutura metálica.
Fonte: Produzido pela autora, 2018. O estacionamento possui 14 vagas, dentre elas vagas P.N.E, idosos, motocicletas e logo após o acesso de pedestre, tem-se um bicicletário vertical, onde as bicicletas se encontram presas verticalmente na parede da guarita. O ar condicionando do anexo será do tipo Split e as condensadoras ficarão localizadas na cobertura, próximo aos reservatórios em uma área técnica, cuja tubulação descerá pela linha de parede que corta transversalmente o anexo. O sistema construtivo escolhido foi mista, utilizando concreto armado e vigas e pilares metálicos, a escolha se justifica pela estética proposta e pelas dimensões e condições de projeto. Figura 111- Imagem acesso secundário do anexo, realizado atraves das casas.
Fonte: Produzido pela autora, 2018.
87 O elevador possui medidas compatíveis com a NBR 9050 discorre sobre a acessibilidade em cabinas e possui contrapeso lateral de forma que não haja casa de máquinas, apenas um fosso e um acesso de manutenção pelo pavimento de cobertura.
Pavimento superior:
O acesso a este pavimento é realizado através da escada ou elevador, localizados no vestíbulo no térreo. Chega-se então ao foyer, onde se encontra a bilheteria, bomboniere, banheiros e dá acesso ao cineteatro. A escolha do cineteatro para complementar o centro cultural, foi estrategicamente pensando em suprir a falta de equipamentos culturais e educativos da região. O cineteatro tem a intenção de retomar a cultura de cinema de rua, costume já existente na cidade e que se perdeu ao longo do tempo. Também é uma forma de acarretar lucros para o centro cultural, tornando o mesmo autossustentável, obtendo lucro no consumo e acesso as exibições, mostras de cinema e peças de teatro. Os principais aspectos considerados durante o projeto do cineteatro foram o isolamento e o condicionamento acústico, que são de extrema importância para garantir boas experiências cinematográficas, cênicas e performáticas. Frente a isso foi pensado em uma arquitetura que inibisse a entrada de som externos no ambiente destinado a essas atividades, e em elementos que priorizasse a qualidade do som produzido em seu interior. Para um bom desenvolvimento acústico, deve ser considerado a distribuição correta das caixas de som e a aquisição de um tempo de reverberação adequado, que consiste no tempo em que o som se mantém no ambiente depois de sua emissão pela fonte sonora, sendo variável para cada tipo de atividade e ambiente. Figura 112- Corte FF.
Fonte: Produzido pela autora
88 Figura 113- Detalhamento painel acústico com acabamento em palha natural, utilizado nas paredes internas do cineteatro.
Fonte: Produzido pela autora,2018.
Todo o ambiente foi pensado para ser acessível de acordo com a NBR 9050. O cineteatro possui 74 lugares, dentre eles há cadeiras destinadas a pessoas com mobilidade reduzida, obesos e cadeirantes, sendo projetados, corretamente, seus lugares nas primeiras filas, de acordo com a legislação vigente.
89 Figura 114- Planta geral da proposta â&#x20AC;&#x201C; TĂŠrreo.
Fonte: Produzido pela autora,2018.
90 Figura 115- Planta geral da proposta â&#x20AC;&#x201C; Superior.
Fonte: Produzido pela autora,2018.
91 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a implantação desta proposta de revitalização, objetiva-se contribuir na valorização de patrimônios históricos da cidade, a partir da refuncionalização das edificações. A partir dos estudos desenvolvidos no presente trabalho, foi constatado que a mudança de uso da edificação surge a partir da necessidade de ter espaços culturais na cidade. Essa intervenção deve ser planejada de modo a obter um edifício funcional, com vitalidade, e que atraia a comunidade a frequentá-lo. Além das alterações dentro da edificação, foi notada a necessidade de intervir também no espaço público ao redor, trazendo soluções viáveis e acessíveis, para que os pedestres se sintam seguros e confortáveis ao transitar em frente a edificação, assim como valorizar sua relação com o seu entorno imediato. Na parte revitalizada sugere-se a conservação de suas estruturas externas, respeitando e enaltecendo sua arquitetura original, e adequação dos ambientes internos ao programa de necessidades proposto. O projeto de intervenção consiste na área vazia dos terrenos, onde se propõe um anexo contemporâneo. Melhorar a vivência local e resgatar elementos culturais que aos poucos foram esquecidos, foram pontos considerados, ao criar um anteprojeto arquitetônico que busca abranger as carências identificadas neste município, como a implementação de um cineteatro na proposta do anexo, que juntamente com a ala de exposições, memoriais e café, que funcionarão nas casas, forma um novo centro cultural para região.
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96 APÊNDICES Apêndice A – Questionário NOVOS USOS - REVITALIZAÇÃO Este questionário tem a intenção de contribuir com um trabalho de conclusão do curso de arquitetura e urbanismo, que trata de uma proposta de revitalização e requalificação de casarões na praça Tancredo Neves na cidade Vitória da Conquista - Ba.
1- Qual o seu nome? 2- Qual o seu sexo? o Feminino o Masculino 3o o o o o
Qual sua idade? Menor que 18 Entre 18 e 25 Entre 26 e 40 Entre 41 e 60 Acima de 60
4- Reside em Vitória da Conquista? o Sim o Não 5o o o o o
Com quais finalidades você frequenta o centro da cidade? Trabalho Comercio Passeio Lazer Cultura
6o o o o
Com qual frequência visita o centro? Diariamente Semanalmente Mensalmente Raramente
7- Qual período costuma frequentar?
97 o Matutino o Vespertino o Noturno 8- Frequenta a Praça Tancredo Neves e elementos culturais do seu entorno, Memorial museu? o Sim, frequento a Praça e seus elementos culturais o Não frequento a Praça e nem os seus elementos de cultura presentes no entorno. o Frequento a Praça apenas como passagem. o Não frequento a Praça, apenas os elementos culturais do seu entorno. 9o o o o o o o
Quais atividade gostaria de apreciar ou exercer na Praça e seu entorno? Cinema Intervenções artísticas Exposições Espaço para piquenique Lanchonete / restaurantes / Cafés Bancos para deitar Parque infantil
10- Como você julga a iluminação a noite na Praça Tancredo Neves e seu entorno? o Ruim o Regular o Boa o Excelente 11- Como você julga os equipamentos da Praça Tancredo Neves e seu entorno? o Ruim o Regular o Boa o Excelente 12- Você considera a Praça Tancredo Neves e seu entorno como Patrimônio histórico da cidade? o Sim o Não Apêndice B – Resultado do questionário Qual o seu sexo?
Qual sua idade?
98
Reside em Vitória da Conquista?
Com quais finalidades você frequenta o centro da cidade?
Com qual frequência visita o centro?
Qual período costuma frequentar?
Frequenta a Praça Tancredo Neves e elementos culturais do seu entorno, Memorial museu?
Quais atividade gostaria de apreciar ou exercer na Praça e seu entorno?
99
Como você julga a iluminação a noite e os equipamentos na Praça Tancredo Neves e seu entorno? Iluminação
Equipamentos
Você considera a Praça Tancredo Neves e seu entorno como Patrimônio histórico da cidade?