Leda Pires Messias by Fainor

FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

LÊDA PIRES MESSIAS

MAPEAMENTO DE ATIVIDADES NA GESTÃO HOSPITALAR POR MEIO DO CUSTEIO ABC: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL MATERNIDADE DO SUDOESTE BAIANO

Vitória da Conquista – BA 2019

LÊDA PIRES MESSIAS

MAPEAMENTO DE ATIVIDADES NA GESTÃO HOSPITALAR POR MEIO DO CUSTEIO ABC: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL MATERNIDADE DO SUDOESTE BAIANO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR) de Vitória da Conquista. Orientador: Prof. Msc. Kleber Cajaiba

Vitória da Conquista – BA 2019

LÊDA PIRES MESSIAS

MAPEAMENTO DE ATIVIDADES NA GESTÃO HOSPITALAR POR MEIO DO CUSTEIO ABC: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL MATERNIDADE DO SUDOESTE BAIANO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina TCC como requisito para avaliação final da III unidade do VIII semestre do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Aprovado em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________ Prof. Msc. Kleber Cajaiba Orientador

______________________________________________________ Examinador 1 2° Membro

______________________________________________________ Examinador 2 3° Membro

MAPEAMENTO DE ATIVIDADES NA GESTÃO HOSPITALAR POR MEIO DO CUSTEIO ABC: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL MATERNIDADE DO SUDOESTE BAIANO

Lêda Pires Messias1 Kleber da Silva Cajaiba2 RESUMO O método de custeio por atividade consiste em um procedimento no qual se descreve as atividades exercidas em uma instituição/empresa e quanto é gasto em seu desempenho. Esse sistema é uma boa escolha de gestão de custos para as instituições hospitalares de financiamento público, uma vez que fornece um rastreamento racional dos custos fornecendo dados concretos para a administração hospitalar atuar na redução dos custos e traçar estratégias para melhorias nos processos. O presente estudo teve como objetivo analisar, através do custeio ABC, o mapeamento dos processos e atividades envolvidas nos procedimentos: parto normal de um hospital municipal do sudoeste baiano. O trabalho seguiu metodologia de estudo de caso para mapear as atividades envolvidas no parto vaginal. A coleta dos dados aconteceu de forma qualitativa através da observação dos fatos relacionados ao atendimento das pacientes e análise documental de relatórios administrativos e de atendimento. Pôde-se observar que o mapeamento efetuado lançou luz à necessidade de implantação de um sistema de custeio dentro da Instituição para tomada de decisões eficazes na economia dos recursos públicos utilizados. O mapeamento associado ao método de custeio baseado por atividades mostrou-se uma etapa bastante detalhada para rastrear processos, atividades e tarefas, possibilitando a visualização dos procedimentos que agregam e que não agregam valor aos serviços da instituição. Estas informações são imprescindíveis para a futura mensuração de valores, em etapas posteriores do método, que permitem o entendimento de tarefas repetidas ou desnecessárias, facilitando a administração de decisões sobre redução e melhor acomodação de custos. Palavras-chave: Método de custeio ABC. Hospital – Maternidade. Mapeamento Parto Vaginal. ABSTRACT The costing by activity method is a procedure that describes the activities performed in an institution / company and how much is spent on its performance. This system is a good cost management choice for publicly funded hospital institutions as it provides rational cost tracking by providing concrete data for hospital management to reduce costs and outline strategies for process improvements. This study aimed to analyze, through ABC costing, the mapping of the processes and activities involved in the procedures: normal delivery of a municipal hospital in southwestern Bahia. The work followed case study methodology to map the activities involved in vaginal delivery. 1

Graduanda no Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis pela Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR). Email: ledamessias@hotmail.com 2 Orientador da pesquisa. Mestre em Ciências Contábeis. Docente do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR). Email: klebercajaiba@fainor.com.br

Data collection occurred qualitatively through observation of facts related to patient care and document analysis of administrative and care reports. It can be observed that the mapping carried out shed light on the need to implement a costing system within the Institution to make effective decisions in the economy of the public resources used. The mapping associated with the activity-based costing method proved to be a very detailed step to track processes, activities and tasks, enabling the visualization of procedures that add and do not add value to the institution's products or services. This information is essential for the future measurement of values, in later stages of the method, which allows the understanding of repeated or unnecessary tasks, facilitating the management of decisions about cost reduction and better accommodation. Keywords: ABC costing method. Hospital - Maternity. Vaginal Birth Mapping.

1 INTRODUÇÃO

Com a globalização, a economia se encontra em constante expansão e a administração de custos vem trazendo consideráveis desafios para os gestores em diversos níveis e ramos de atividades. Sem comprometer a funcionalidade dos serviços prestados ou dos produtos invariavelmente se faz necessário substituir antigos conceitos por novos que se mostrem mais eficientes na busca de mecanismos que visem obtenção de menor custo. Nesse sentido, métodos de custeio são ferramentas indispensáveis para a produção de informações de custos. A partir da aplicação dessas metodologias que se podem conhecer as estruturas de consumo de recursos e traçar estratégias para a racionalização de tais recursos. Assim, é desejável que as instituições conheçam diversos métodos de custeio e escolham aquele que melhor se adapte à sua realidade. A literatura contábil apresenta os mais variados métodos de custeio aplicáveis a quaisquer entidades, sejam elas públicas ou privadas. Esses métodos de custeio são importantes para fornecer informações a respeito da determinação de valores dos objetos de custeio, reduzir custos, melhorar processos e eliminar desperdícios. Destacam-se entre os principais métodos: o custeio por absorção, o método das seções homogêneas, o custeio variável, e o custo baseado em atividades (ABBAS; GONÇALVES; LEONCINE, 2012). O método ABC, proposto por Cooper e Kaplan na década de 80, objetiva reduzir custos e ao mesmo tempo melhorar a posição estratégica da empresa ao considerar que as atividades desempenhadas nas organizações é que consomem recursos,

gerando custos e que os produtos consomem as atividades absorvendo seus custos, ou seja, não são os produtos que consomem os recursos (ABBAS et al., 2016). Conforme Di Domenico (1994), a implementação do ABC envolve fases de construção: 1) Análise das Atividades; 2) Rastreamento dos Recursos; 3) Determinação dos Direcionadores; 4) Quantificação dos Direcionadores de Custo; 5) Custeio das Atividades; 6) Custeio dos Objetos de Custo. De maneira análoga aos trabalhos de MARTINS (2002) e BONACIM; ARAÚJO (2010), esta pesquisa se concentrou nas duas primeiras fases de construção, buscando resposta para a seguinte pergunta-problema: Quais os possíveis mapeamentos de processos e atividades podem ser aplicados a procedimentos de parto normal em um hospital municipal do sudoeste baiano? Para auxílio à resposta, apresenta-se como objetivo geral a seguinte proposição: analisar o mapeamento dos processos e atividades envolvidas no procedimento parto normal de um hospital municipal do sudoeste baiano. Como objetivos específicos têm-se os seguintes: 

Conceituar o método utilizado custeio ABC;

 Mapear os processos e os procedimentos obstétricos envolvidos no parto normal do hospital em estudo;  Caracterizar as atividades relevantes realizadas no processo;

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Aspectos Conceituais dos sistemas de custeio

Conforme Fontoura (2013), as organizações modernas vêm passando por profundas transformações motivadas na premente necessidade de melhoria contínua, uma vez que a acirrada concorrência mercadológica as obriga a maximizar os resultados e cortar os desperdícios, ou seja, mantendo a qualidade dos produtos e do atendimento. É notório que os processos de gestão e controle dos custos de uma instituição seja ela privada ou pública devem servir de base para a tomada de decisões seguras e são fatores essenciais para alcançar metas e obter os resultados desejados. A contabilidade de custos é uma ferramenta de grande relevância para as empresas visto que geram dados que auxiliam no controle e no processo de decisão.

Os principais métodos de custeio mais utilizados são: por absorção, direto ou variável, RKW e Custeio Baseado em Atividades (ABC), o qual é objeto de estudo deste trabalho.

2.2 Custeio baseado em atividades

Determinados custos são relacionados às atividades que mais geram impactos econômicos na cadeia de consumos de recursos. O ABC considera a quantidade, a relação de causa e efeito, a eficiência e a eficácia em que os recursos são aplicados nas atividades. Dados obtidos nos controles do ABC podem se converter em importantes ferramentas de mudança nos processos e nas atitudes das pessoas numa organização ou departamento e ainda servir de suporte para processos de melhoria. O êxito está na análise estratégica de custos, embora já existam ações preocupadas em aplicar o método para avaliar inventários para fins de demonstrações contábeis e relatórios financeiros complementares (NAKAGAWA, 2012). O método de custeio ABC se constitui em uma boa alternativa as instituições ao passo que estabelece a relação entre atividades e serviços através dos direcionadores de custos possibilitando rastreamento dos custos de um departamento para as atividades desempenhadas e se essas atividades estão relacionadas com o consumo dos recursos e a criação de receitas. Tal ferramenta é bastante coerente para satisfação de necessidades de informação de custos a instituições de saúde hospitalares, que muitas vezes dependem de recursos públicos escassos e esbarram em problemas orçamentários para proporcionar serviços mais eficientes à população. O custeio ABC foi desenvolvido para fazer uma apropriação mais correta e menos arbitrária dos custos indiretos, preterindo rateios com relação entre custos e produtos, dando mais ênfase nas atividades envolvidas em um processo produtivo (SANTOS, 2009). O método ABC, segundo Gonçalves (2015, p. 33) “pretende melhorar a determinação dos custos de diferentes tipos de objetos de custo, nomeadamente produtos e clientes”. Para melhor entender o Custeio Baseado por Atividade, faz-se necessário a definição de conceitos relevantes para o uso correto deste método. Atividade, segundo Martins (2008, p. 64) “é uma ação que utiliza recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros para se produzirem bens ou serviços”.

O custeio baseado em atividades pode ser dividido em 04 etapas: 1) divisão da organização em processos operacionais; 2) mapeamento das atividades executadas nos processos enfocados; 3) alocação dos recursos (salários, encargos sociais, depreciação de equipamentos, aluguel do prédio, energia elétrica) às atividades encontradas; 4) análise das informações obtidas, sendo o mapeamento uma das atividades de mais importância em todo processo, pois esse procedimento descrimina todo o fluxo produtivo para identificação das atividades permitindo analisar os custos específicos das atividades desempenhas na instituição (WERNKE, 2005). Conforme Di Domenico (1994), a implementação do ABC envolve fases de construção: 1) Análise das Atividades; 2) Rastreamento dos Recursos; 3) Determinação dos Direcionadores; 4) Quantificação dos Direcionadores de Custo; 5) Custeio das Atividades; 6) Custeio dos Objetos de Custo.

Figura 1 - Etapas de implantação do custeio ABC

Fonte: Adaptado de Di Domenico, 1994.

O uso do sistema ABC pondera a quantidade, a vinculação de causa e efeito, a eficiência e a eficácia em que os recursos são aplicados nas atividades executoras de processos (NAKAGAWA, 2012). Essas informações permitem a ampliação de visão da gestão à medida que contribuem para o planejamento e controle das atividades.

Percebe-se que o ABC é um método de custos que oferece condições de analisar os custos de uma organização, seja industrial seja de serviços, através da verificação de atividades executadas por ela, utilizando-se direcionadores para alocar os custos e despesas indiretas, de maneira mais adequada ao objeto de custo. O ABC, de forma diferente do custeio tradicional, parte do princípio de que não são os produtos que consomem recursos, mas sim, as atividades, que por sua vez, são demandadas por objetos de custos.

2.3 Sistemas ABC para hospitais

No Brasil, os hospitais públicos estão entre os setores de administração mais complexa e atrasada, ao passo que essas instituições muitas vezes não são geridas por profissionais de formação administrativa e contábil (ABBAS; LEZANA; MENEZES, 2002). Para melhoria desse cenário seriam necessárias lideranças que praticassem, entre outras ações, a gestão de custos para facilitação da comparação entre desempenho e objetivos, além da análise de possibilidades de redução de custos, de processos e serviços ineficientes (SANTOS; LEAL; SILVA, 2014). Uma metodologia eficaz que permite compreender processos é a do Custeio Baseado em Atividades (ABC), cuja finalidade é o estudo dos processos (ALEMÃO et al., 2015). As organizações hospitalares se destacam por enfrentarem problemas respectivos a administração e gestão de custos de seus recursos financeiros, o que compromete a economia dos cofres públicos. O aumento dos gastos e custos na saúde é acompanhado com preocupação pelos gestores púbicos e o principal objetivo quando se fala em serviços hospitalares principalmente no contexto econômico atual é proporcionar a redução dos custos operacionais sem afetar a qualidade dos produtos ou serviços prestados (BONACIM; ARAÚJO, 2010; SOUZA et al., 2012). Em um estudo piloto feito em um Hospital Universitário no Centro de Informação e Análise concluiu-se que em relação ao custeio por absorção, o custeio ABC fornece dados de custos mais adequados à realidade e com maiores perspectivas para a gestão de recursos. Além de prover análise clara do comportamento dos custos e qual a real contribuição de cada serviço ofertado em relação à receita e custos diretamente relacionados (BONACIM; ARAÚJO, 2010). Em outro trabalho foi feita a análise comparativa entre o custeio por absorção e o custeio ABC no processo de administração dos medicamentos imunobiológicos e pode-se

perceber que o custeio baseado em atividades demonstrou ser mais eficaz na assertividade da informação em relação ao custo médio que só fornecia dados de custo médio independente de qual medicamento fosse administrado e qual a dosagem de cada paciente (MARTINEZ; NASCIMENTO, 2019). Considerando a dinâmica do serviço e assistência à saúde pública no Brasil, vê-se que as instituições que prestam serviços de saúde precisam desenvolver ações através de uma gestão eficiente dos seus muitos processos e neste sentido deve-se abordar a gestão e análise de custos que se mostra para tais instituições, como ferramenta que gera a incorporação de estratégias capazes de atender às necessidades internas e externas de seus usuários (FARIAS; ARAÚJO, 2017).

3 METODOLOGIA

3.1 Tipologia

Quanto ao tipo de abordagem dos problemas, as pesquisas podem ser qualitativas e quantitativas. A pesquisa qualitativa não emprega instrumentos de análises estatísticos, pois seu objetivo não é medir unidades ou categorias homogêneas. Já a pesquisa quantitativa, caracteriza-se pelo emprego da quantificação, através da análise dos dados coletados por técnicas estatísticas (SELLTIZ, 1967). Essa pesquisa é de cunho qualitativo, exploratório, documental e descritivo, por estudo de caso, ao passo que fará análise de observações realizadas em acompanhamento das rotinas do hospital, relativas ao procedimento de parto normal e documentos da Instituição lócus da pesquisa (relatórios).

3.2 Coleta de dados

Para fins desse estudo, elegeu-se o procedimento de parto vaginal para mapeamento dos processos e atividades, compreendendo-se todos os procedimentos desde a entrada da parturiente (mulher que está em fase de trabalho de parto ) no hospital, até sua alta, 24 horas após o parto normal. Foram coletados dados junto ao setor administrativo do hospital que consistiam em relatórios de custos, relatórios de internações de parturientes e relatórios de

procedimentos obstétricos. Ademais, o método envolveu observação sistemática, verificando dentro do hospital os seguintes elementos: procedimentos realizados no processo de internação de um paciente, número de pacientes atendidos, espaços físicos do setor, quantidade de partos normais realizados pelo setor obstétrico e seus respectivos procedimentos.

3.3 Análise dos dados

O processo de análise dos dados para mapeamento, objeto deste artigo, ocorreu após o acompanhamento e estudo do procedimento “parto normal”, obtendose como resultados: a) um fluxograma para exposição dos processos relacionados ao procedimento, conforme pode ser observado na Figura 2. Esta delimitação dos processos é importante para a posterior determinação das atividades associadas, conforme Quadros 1, 2 e 3.

3.4 Instituição objeto do estudo de caso

A instituição hospitalar objeto do estudo de caso é um hospital municipal do sudoeste baiano que conta com uma equipe de profissionais de saúde e corpo de apoio técnico e administrativo especializados. Trata-se de uma instituição pública de direito privado que presta serviços de atendimento emergencial, consultas eletivas, internação médica, cirurgias eletivas, exames de raios-x, eletrocardiograma (ECG), ultrassonografias e exames laboratoriais, entre outros. O hospital é administrado por uma Fundação, entretanto, seu financiamento é 100% público, sendo feito repasses de ordem municipal (através de contrato de gestão municipal). Todos os atendimentos são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 Descrição do procedimento de parto normal A descrição do procedimento “parto normal” é o passo inicial para determinação da ordem dos acontecimentos de maneira a facilitar o futuro rastreamento de valores,

que não serão incluídos nesta pesquisa. Os processos referentes ao evento são realizados no centro obstétrico e alojamento conjunto. O procedimento inicia-se com a recepção da parturiente e triagem, na qual os profissionais (médico obstetra e equipe de enfermagem) examinam a grávida com a finalidade de verificar se está ou não em trabalho de parto e avaliam suas condições físicas e a do feto. No caso afirmativo, a parturiente é encaminhada para o centro obstétrico, onde diante dos resultados de exames ocorre a preparação para o parto, que poderá ser normal ou cesáreo. Ao chegar ao hospital, a paciente se dirige primeiramente a recepção, para que sejam coletadas as informações necessárias e a análise dos documentos para o cadastro e preenchimentos da ficha de atendimento e, então, é encaminhada para triagem de enfermagem, logo após para avaliação médica, sendo encaminhada posteriormente para sala de pré-parto onde acontece a preparação da paciente para o parto. A preparação é feita pela equipe de enfermagem, que consiste em analisar os exames de laboratório e imagem, juntamente com o cartão da gestante, aferir a pressão arterial e ausculta cardíaca do bebê, a paciente é levada para procedimentos de higiene pessoal, e depois vestem-se roupas esterilizadas próprias do hospital. Terminada a higienização, a paciente é encaminhada para seu leito na sala de préparto, se houver prescrição de medicamento para a paciente, a enfermagem providencia com a farmácia hospitalar de acordo a prescrição e serão administrados pela equipe de enfermagem. Quando a criança nasce, ele passa pela primeira avaliação com o neonatologista, ainda na sala de parto é pesado, medido e passa por exames clínicos e laboratoriais como o teste do pezinho. O recém-nascido permanece em observação por um período de duas horas até finalmente ser levado para o alojamento conjunto onde permanece até o dia seguinte, quando a mãe e bebê recebem alta e podem ir para casa, 24 horas depois do parto. A Figura 2 apresenta um fluxograma resumido dos procedimentos citados para facilitar a visualização e entendimento do processo do parto normal.

Figura 2. Fluxograma dos processos de admissão da paciente gestante para o procedimento de parto vaginal no setor da obstetrícia

RECEPÇÃO

INTERNAÇÕES

ENFERMAGEM

FARMÁCIA

SND

ALOJAMENTO CONJUNTO

Primeiro atendimento ao paciente

Admissão do paciente no setor obstétrico

Encaminha a paciente para sala de parto

Recebe a prescrição médica

Verificar dieta no prontuário

Após o parto vaginal, RN é avaliado e recebe os primeiros cuidados

Encaminhamento para Triagem de Enfermagem

Avaliação dos exames da paciente, cartão da gestante

Aferição da pressão arterial da paciente

Funcionário confere requisição de material e medicamentos

Registra dieta no mapa

O RN Recebe as primeiras vacinas ainda na unidade hospitalar (BCG e Hepatite B)

Consulta Médica

Se houver necessidade será solicitado exames de laboratório e imagem

Recebe a prescrição médica para paciente

Dispensação do material e medicamentos solicitados

Preparação da dieta

Classificação de risco

Providencia os medicamentos prescritos na Farmácia

Indicação para parto normal ou parto

Prepara os Medicamentos e administra-os

Após as primeiras 24hs, se estiver tudo bem é prescrita a alta e liberação da mãe e RN

Comunica SND

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

O Quadro 1 detalha os processos de admissão do paciente na unidade de obstetrícia, em atividades e tarefas. Quadro 1. Processo de admissão do paciente na unidade de obstetrícia

Agentes Recepção

Triagem Enfermagem

Avaliação Médica

Internação

Médico/Enfermagem

Descrição das atividades do processo  Verificação de documentos de identificação, e cartão da gestante  Efetua cadastro da paciente no sistema informatizado e preenchimento da ficha de atendimento da parturiente  Encaminhamento para a triagem com a enfermagem  Recebe a paciente, coleta de dados (vacinação, informações relacionadas a gestação e a gestante, exames realizados, carteira de pré-natal) e verificapressão arterial.  Encaminha a paciente para avaliação médica  Aferir pressão arterial da parturiente, ausculta cardíaca do bebê  Avalia as condições da parturiente  Avaliação dos exames da parturiente e cartão da gestante  Se houver necessidade é solicitado outros exames  Para então obter indicação para parto normal ou cesáreo  A parturiente é admitida no setor obstétrico  É recebida pela equipe plantonista  São verificados os seus documentos novamente  É feita sua identificação  A parturiente tem direito a acompanhante durante todo o processo  Acompanhamento da evolução do trabalho de parto/até o parto  Aferir novamente a pressão arterial da parturiente e ausculta cardíaca do bebê até o seu nascimento

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Observa-se que inicialmente para realização do procedimento “parto” são efetuadas as atividades referentes à recepção e triagem da paciente, e encaminhamento à sala de parto para receber os primeiros cuidados pelo pessoal de enfermagem. Além disso, é realizada a avaliação das condições da paciente, pelo médico, para decidir o tipo de parto que será feito se normal ou cesáreo. O Quadro 2, mostra de forma detalhada, a Relação de Atividades Realizada pela Enfermagem e Farmácia

Quadro 2. Relação de Atividades Realizadas pela Enfermagem e Farmácia

Agente Enfermagem

Médico

Enfermagem

Farmácia

Funcionário Farmácia

Descrição das atividades do processo  Recebe a parturiente na sala de parto para admissão do internamento  Faz a preparação da parturiente  Avalia a parturiente  Realiza prescrição de medicamentos e materiais de acordo necessidade da parturiente  Recebe prescrição médica dos medicamentos e materiais necessários para parturiente  Providencia os medicamentos prescritos a parturiente juntamente com a farmácia hospitalar  Faz a preparação dos medicamentos (diluição, preparação no soro etc.)  Administra-os na parturiente  Recebe prescrição médica do setor solicitante  Farmacêutico analisa prescrição e autoriza dispensação  Dispensa o material e medicamentos conforme solicitação  Confere prescrição da parturiente  Dispensa o material e medicamentos conforme solicitação

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

O aprazamento, requisição de medicamentos e material são solicitados à farmácia diariamente, é realizado um controle da administração desses medicamentos pela equipe de enfermagem no prontuário da parturiente. Na farmácia após conferência dos produtos solicitados pela enfermagem, é feita então a dispensação dos materiais e medicamentos ao setor de obstetrícia, para ser administrado na parturiente nos horários prescritos pelo médico. O serviço de nutrição e dietética é comunicado da internação para o registro das dietas prescritas. São realizados os primeiros cuidados ao RN e após 1 hora do acontecimento do parto é encaminho mãe e bebê para o quarto. As primeiras vacinas são administradas na unidade hospitalar, e se tudo ocorrer bem procede a alta da mãe e do RN após 24hs do parto vaginal e eles são liberados para irem para casa. O Quadro 3, mostra de forma detalhada, o processo de Serviço de Nutrição Dietética (SND) e o Alojamento Conjunto.

Quadro 3. Processo de SND e o Alojamento Conjunto

Agente Enfermagem

Descrição das atividades do processo  A dieta do parturiente é prescrita de acordo a avaliação médica  Comunica ao serviço de nutrição e dietética  (SND)  Faz observações no prontuário da parturiente conforme dieta prescrita Médico  Indica dieta a parturiente (Com baixo teor de sódio ou açúcar)  Restrição de alimentos SND  Recebe prescrição da dieta da parturiente  Verifica dieta no prontuário da parturiente  Registra no mapa, e encaminha dieta para a cozinha  Preparação da dieta Alojamento Conjunto  Após a realização do parto vaginal o RN é avaliado, e recebe os primeiros cuidados  São realizados exames laboratoriais  Ficaram em observação mãe e RN por um período de 24hs se parto normal  Se tudo estiver bem com mãe e bebê será liberada a alta hospitalar Alta após 24hs do Parto  O RN recebe as primeiras vacinas (BCG e Hepatite B) Normal ainda na unidade hospitalar  Passado as primeiras 24hs é prescrita a alta, mãe e bebê são liberados Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi exposto, o mapeamento associado ao método de custeio baseado por atividades mostrou-se uma etapa bastante detalhada para rastrear processos, atividades e tarefas, possibilitando a visualização dos procedimentos que agregam e que não agregam valor aos produtos ou serviços da instituição. Estas informações são imprescindíveis para a futura mensuração de valores, em etapas posteriores do método, que permitem o entendimento de tarefas repetidas ou desnecessárias, facilitando à administração de decisões sobre redução e melhor acomodação de custos. O detalhamento percebido ainda se mostrou relevante para diminuição da tão indesejada arbitrariedade no rateio dos custos indiretos de produção, que é uma das principais desvantagens do custeio por absorção. Por outro lado, pôde-se inferir que

o custeio baseado em atividades requer capacitação profissional, exige naturalmente investimento em recursos tecnológicos e tempo de amadurecimento para eficiente gestão do seu uso e percepção dos seus benefícios. Entende-se que, com o mapeamento e rastreamento, podem-se obter informações relevantes ao controle e à tomada de decisão, pois tem-se o direcionamento dos custos para as atividades e não aos produtos ou serviços. Observa-se, ainda, que com o ABC é possível identificar como a organização está consumindo seus recursos e quais são os causadores de custos, tendo como pressuposto que os recursos são consumidos pelas atividades e que os bens/serviços consomem estas atividades. O ABC fornece aos administradores hospitalares informações para decisões estratégicas, como a eliminação de desperdícios. Dessa forma, através da redução de gastos, a instituição hospitalar poderá otimizar seus recursos. Essa metodologia de custeio se mostrou aplicável e aconselhável para o contexto da Instituição Hospitalar analisada, ao passo que ela não possui nenhuma análise proveniente de algum método de custeio e representar as vantagens supracitadas. A partir do estudo de caso, foi possível caracterizar as atividades desempenhadas durante o procedimento do parto natural ou normal de gestantes assistidas no referido serviço. Esse presente estudo lançou bases para futuras pesquisas na busca de determinar os valores de custos de cada atividade mapeada para fomento de planejamento estratégico ou operacional e economia dos recursos empregados em suas atividades.

REFERÊNCIAS

ABBAS, K. et al. Custeio baseado em atividades (ABC) e custeio baseado em atividade e tempo (TDABC) em organizações hospitalares: uma análise descritiva da literatura nacional e internacional. Revista e Gestão em Sistema de Saúde – RGSS, v. 5, n. 2, p. 24-38, 2016. ABBAS, K; GONÇALVES, M.N; LEONCINE, M. Os métodos de custeio: vantagens, desvantagens e sua aplicabilidade nos diversos tipos de organizações apresentadas pela literatura. ConTexto, v. 12, n. 22, p. 145-159, 2012. ABBAS, K; LEZANA, A.G.R; MENEZES, E.A. Apuração de custos nas organizações hospitalares: o método ABC aplicado no serviço de processamento de roupas de um hospital. Rev. FAE, v. 5, n. 2, p. 77-97, 2002.

ALEMÃO, M.M et al. Aplicação do custeio ABC no processo de transplantes de fígado, no Estado de Minas Gerais. Pretexto, v. 16, n. 3, p. 77-91, 2015. BONACIM, C.A.G; ARAÚJO, A.M.P. Gestão de custos aplicada a hospitais universitários públicos: a experiência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. RAP, v. 44, n. 4, p. 903-931, 2010. DI DOMÊNICO, G.B. Implantação de um sistema de custos baseado em atividades em um ambiente industrial. 1994. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - UNICAMP, 1994. FARIAS, D.F; ARAÚJO, F.O. Gestão hospitalar no Brasil: revisão da literatura visando ao aprimoramento das práticas administrativas em hospitais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 6, p.1895-1904, 2017. FONTOURA, F. B. B. Gestão de custos: uma visão integradora e prática dos métodos de custeio. São Paulo: Atlas, 2013. GONÇALVES, J. M. A. Custeio baseado nas atividades, aplicação a uma unidade industrial. 2015. 120 p. Dissertação (Mestrado em Contabilidade e Finanças) – Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra, Coimbra, 2015. MARTINEZ, W.W.M; NASCIMENTO, M.A. O custeio por absorção e o custeio ABC: um comparativo em um setor hospitalar. Revista Científica da Faculdade Unimed, v. 1, n. 1, p. 103-116, 2019. MARTINS, Vidigal Fernandes. Desenvolvimento de modelo de resultados em serviços hospitalares com base na comparação entre receitas e custos das atividades associadas aos serviços. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/83363/193148.pdf?seq uence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 18 de agosto de 2019. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008. NAKAGAWA, M. ABC custeio baseado em atividades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SANTOS, J. J. Contabilidade e análise de custos: modelo contábil, Métodos de depreciação, ABC – custeio baseado em atividades, análise atualizada de encargos sociais sobre salários. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SANTOS, M. E; LEAL, E. A; SILVA, D. A. Produção científica em gestão de custos em hospitais: uma análise nos principais eventos acadêmicos na área contábil no período de 2007 a 2011. Revista de Administração Hospitalar, v. 11, n. 1, p. 4257, 2014. SELLTIZ, C. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Herdes, EDUSP, 1967. 687p. SOUZA, A. A. et al. Custeio baseado em atividades em hospitais: modelagem das atividades do setor de engenharia clínica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 19., 2012. Anais [...] Bento Gonçalves, RS, 2012.

WERNKE, R. Custeio baseado em atividades (ABC) aplicado aos processos de compra e venda de distribuidora de mercadorias. R. Cont. Fin., n. 38, p. 74-89, 2005.