FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
DÉBORA SANTANA GOUVEIA
ESPAÇO DE SAÚDE ADEQUADO À PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS POR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MOTORA
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA 2019
DÉBORA SANTANA GOUVEIA
ESPAÇO DE SAÚDE ADEQUADO À PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS POR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MOTORA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Independente do Nordeste de Vitória da Conquista para obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob orientação do Prof. Esp. Fernando Bernardino.
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA 2019
DÉBORA SANTANA GOUVEIA
ESPAÇO DE SAÚDE ADEQUADO À PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS POR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MOTORA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Independente do Nordeste de Vitória da Conquista para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação do professor doutor Fernando Bernardino. Aprovado em ____/____/________
BANCA EXAMINADORA _____________________________________________________ Arquiteto D.S. Fernando Bernardino Orientador e Presidente da Banca _____________________________________________________ Arquiteta Esp. Verbena Dourado Pereira Correia Santos 2º Membro da Banca _____________________________________________________ Arquiteto Esp. Convidado: Lucas Oliveira Dias Santos 3º Membro da Banca
VITÓRIA DA CONQUISTA - BA JUNHO/ 2019
RESUMO Este trabalho tem como tema a implantação de um espaço de saúde adequado à prática de atividades físicas por pessoas com deficiência motora na cidade de Vitória da Conquista - BA, que ofereça condições seguras e autônomas para a prática esportiva. Objetiva-se levar ao aumento da prática de exercícios e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, destacando o esporte a favor não só de processos recuperatórios, mas como fator determinante nos quadros evolutivos diários de pessoas com deficiência. Esta pesquisa classifica-se quanto a sua abordagem como quantitativa, priorizando apontar numericamente a frequência e a intensidade dos comportamentos dos indivíduos de um determinado grupo, referentes aos fatores ligados a manutenção da saúde de pessoas com deficiência motora, ao sedentarismo, ao número de pessoas com deficiência na região de estudo e a outros aspectos necessários para a conceituação do tema. Por conseguinte, a possibilidade e importância de implementação desse projeto, este material aponta para a pesquisa do tipo aplicada, utilizando os conhecimentos adquiridos para aplicação prática da construção de um espaço que atenda de forma eficaz a pessoas com dificuldades motora, dirigindo-se à solução do problema levantado ou, pelo menos, levando a um considerável aumento da prática de exercícios e a melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência. Palavra-Chave: Pessoas com deficiência. Prática de atividade física. Qualidade de vida. Processos evolutivos.
ABSTRACT This work has its theme the implementation of health area suitable for the practice of physical activities by people with motor disabilities in the city of Vitória da Conquista – BA, which offers safe and autonomous conditions for sports practice. The objective is to increase the practice of exercises and improve the quality of life of citizens, highlighting the sport in favor not only of recovery processes, but as a determining factor in the daily evolution of people with disabilities. This research is classified in terms of its quantitative approach, prioritizing numerically the frequency and intensity of the behavior of individuals in a given group, related to the factors related to the maintenance of the health of people with motor disabilities, sedentary lifestyle, the number of people with disabilities in the region of study and other aspects necessary for the conceptualization of the theme. Therefore, the possibility and importance of implementing this project, this material points to applied research, using the knowledge acquired for practical application of the construction of a space that effectively servers people with motor difficulties, addressing the solutions of the problem reaised or at least leading to a considerable increase in the practice of exercises and the improvement of the quality of life of people with disabilities. Keywords: People with disabilities. Practice of physical activity. Quality of life. Evolutionary processes.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Sedentarismo no Brasil..............................................................................................15 Figura 2 - Joseph Hubertus Pilates. Criador da técnica pilates..................................................17 Figura 3 - População com deficiência no Brasil........................................................................19 Figura 4 -Proporção da população com pelo menos uma das deficiências investigadas – 2010 .....................................................................................................................................................20 Figura 5 - Fachada principal do IMRVL....................................................................................24 Figura 6 - Rampas do pátio interno............................................................................................25 Figura 7 - Sala de espera interna/Piscina de reabilitação...........................................................25 Figura 8 - Aparelhos de ginástica adaptados..............................................................................26 Figura 9 – Exemplo de academia com Inclusão Social..............................................................27 Figura 10 - Praça de ginástica ao ar livre...................................................................................28 Figura 11 - Prática de esporte por pessoas com deficiência física.............................................29 Figura 12 - Espaços destinados a prática de esporte por pessoas com deficiência física..........29 Figura 13 - Salas para reabilitação infantil................................................................................30 Figura 14 - Localização de Vitória da Conquista na Bahia........................................................31 Figura 15 - Localização do terreno............................................................................................33 Figura 16 - Sistema Viário de Vitória da Conquista...................................................................34 Figura 17 - Estudo do entorno....................................................................................................35 Figura 18 - Levantamento topográfico.......................................................................................37 Figura 19 - Estudo do insolejamento.........................................................................................38 Figura 20 - Setores do projeto....................................................................................................42 Figura 21 - Localização em planta do setor de Recepção..........................................................52 Figura 22 - Localização em planta do café e loja.......................................................................53 Figura 23 - Localização em planta do setor administrativo.......................................................53 Figura 24 - Localização em planta do espaço kids.....................................................................54 Figura 25 - Localização em planta do jardim sensorial.............................................................55 Figura 26 - Equipamento híbrido para atletas amputados..........................................................56 Figura 27 - Academias se adaptam para receber deficientes......................................................57 Figura 28 - Localização em planta da sala de musculação........................................................57 Figura 29 - Localização em planta da sala de Spinning.............................................................58 Figura 30 - Sala multiuso...........................................................................................................58
Figura 31 - Sala de RPG e Pilates..............................................................................................59 Figura 32 - Áreas de transferência e manobra para uso da bacia sanitária................................61 Figura 33 - Vestiário e banheiros em planta...............................................................................61 Figura 34 - Área aquática em planta..........................................................................................62 Figura 35 - Estacionamento principal em planta........................................................................63 Figura 36 - Estacionamento de funcionários em planta.............................................................63
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10 2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA................................................................................................13 2.1 TEORIAS E CONCEITOS SOBRE ATIVIDADE FÍSICA.......................................... 13 2.2 MANUTENÇÃO DA SAÚDE E SEDENTARISMO NO BRASIL.............................. 14 2.3 ESPAÇOS DE SAÚDE .................................................................................................. 16 2.4 DEFICIÊNCIA MOTORA ............................................................................................ 18 2.4.1 Deficiência Motora no Brasil.................................................................................19 2.5 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MOTORA ............................................................................................................................ 21 2.6 INCLUSÃO SOCIAL ................................................................................................... 21 2.7 CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL ............................................................................. 22 2.8 PROJETOS REFERENCIAIS ....................................................................................... 23 2.8.1 Instituto Municipal de Reabilitação Vicente Lopes (IMRVL) - Vicente Lopes, Buenos Aires, Argentina..................................................................................................23 2.8.2 Academias e praças públicas adaptadas a PcD no Brasil...................................26 2.8.3 Centro de Integrado de Reabilitação (CEIR ESPORTES) – Teresina, Piauí, Brasil.................................................................................................................................28 3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA............................................................................................31 3.1 INSERÇÃO DO EMPREENDIMENTO ...................................................................... 32 3.2 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................... 33 3.3 USOS E ATIVIDADES DO ENTORNO....................................................................... 35 3.4 INDICAÇÃO DE INFRAESTRUTURA URBANA .................................................... 36 3.5 CONDICIONANTES FÍSICOS .................................................................................... 37 3.6 LEGISLAÇÃO .............................................................................................................. 39 4 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO................................................................41 4.1 CONCEITO ................................................................................................................... 41 4.2 PARTIDO ...................................................................................................................... 42 5 ESTUDO PRELIMINAR....................................................................................................43 5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES ............................................................................ 43 5. 1. 1 Setor técnico..........................................................................................................43 5. 1. 2 Setor de atividade e convivência..........................................................................44
5. 1. 3 Setor administrativo.............................................................................................47 5. 1. 4 Setor de serviços....................................................................................................48 5.2 ORGANOGRAMA....................................................................................................... 49 5.3 FUNCIONOGRAMA .................................................................................................... 50 6 PROJETO/PROPOSTA......................................................................................................51 6.1 SETOR DE RECEPÇAO ............................................................................................... 52 6.2 SETOR DE ADMINISTRAÇÃO .................................................................................. 53 6.3 ESPAÇO KIDS .............................................................................................................. 54 6.4 JARDIM SENSORIAL .................................................................................................. 54 6.5 MODALIDADES DE IMPACTO ................................................................................. 55 6.5.1 Aparelhos cardiovasculares...................................................................................55 6.5.2 Ginásio de Musculação...........................................................................................55 6.5.3 Sala de spinning......................................................................................................58 6.6 MODALIDADES FUNCIONAIS
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6.6.1 Sala multiuso...........................................................................................................58 6.6.2 Salas de artes marciais...........................................................................................59 6.6.3 Salas de RPG e pilates............................................................................................59 6.7 SALA DE ENFERMARIA............................................................................................. 60 6.8 NUTRIÇÃO ................................................................................................................... 60 6.9 VESTIÁRIOS E SANITÁRIOS .................................................................................... 60 6.12 ÁREA AQUÁTICA ..................................................................................................... 61 6.13 ESTACIONAMENTO ............................................................................................... 62 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................64 REFERÊNCIAS......................................................................................................................65 APÊNDICES ...........................................................................................................................66 APÊNDICE A – MAQUETE ELETRÔNICA/ IMAGENS 3D ........................................ 66
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1 INTRODUÇÃO A prática de atividade física regular e de intensidade moderada garante a manutenção da qualidade de vida dos indivíduos que a pratica. Sabe-se que pessoas de todas as idades que encontram-se inativas fisicamente podem, ao praticarem exercícios, apresentarem profundas melhorias na sua saúde e bem-estar global. No entanto, pesquisas realizadas pelo Ministério do Esporte em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, apontam que 62% da população brasileira é sedentária, ou seja, mais da metade da população não atinge as metas mínimas de exercícios físicos recomendados. Em relação às pessoas que apresentam deficiência motora ou física, esses índices se mantêm, sendo notória a pouca participação desta população nos segmentos relacionados à prática de atividade física, principalmente nas academias de ginástica e centros de esportes. Os espaços de saúde destinados à execução de habilidades físicas apresentam-se, em muitos casos, como ambientes despreparados para receber quem possui determinada limitação. Percebe-se desde a ausência de uma estrutura arquitetônica e equipamentos adequados, até a falta de contratação de profissionais capacitados para atender aos alunos especiais, ignorando a importância da atividade física para a reabilitação física e psicológica destes Existem no território brasileiro milhares de indivíduos sendo descriminados cotidianamente por possuírem algum tipo de deficiência. O processo de exclusão social de pessoas com deficiência ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto a socialização do homem (MARCIEL, 2000). As sociedades foram marcadas ao longo de sua história por um distanciamento na preocupação com as necessidades das pessoas com deficiência (PcD), alvo de ações discriminatórias e preconceituosas. Muitos séculos se passaram, as cidades se desenvolveram em diversos campos sociais, contudo, pouco se viu mudar no tratamento dado aos anseios desses indivíduos. No cenário atual, tem-se despertado para esta causa, e algumas iniciativas, principalmente privadas, vêm sendo tomadas com o intuito de fazer valer o respeito aos direitos dos portadores de deficiência, a fim de eliminar ou minimizar os efeitos negativos que este comportamento discriminatório tem trazido a vida dessas pessoas.
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Em meio a todas essas mudanças surge a arquitetura humanizada, que se preocupa em, além de incorporar aos projetos a dimensão do conforto ambiental, trazer novos parâmetros capazes de unir conceitos de necessidade, conforto e economia (BRASIL, 1995). Neste contexto, este estudo surge a partir do interesse em buscar informações mais aprofundadas acerca dos aspectos que envolvem a importância da prática de atividade física por pessoas com deficiência motora. Propõe-se a implantação de um espaço de saúde adequado à prática de atividades físicas por essas pessoas em Vitória da Conquista-BA, que ofereça condições seguras e autônomas para a prática esportiva, a fim de levar ao aumento da prática de exercícios e a melhoria da qualidade de vida, destacando o esporte a favor não só de processos recuperatórios, mas como fator determinante nos quadros evolutivos diários de PcD. Para este fim, aspectos específicos fizeram-se primordiais, como a investigação dos princípios essenciais para a adaptação do deficiente motor ao ambiente, a exemplo do estudo de normas; levantamentos referentes à procura destes por academias de musculação e natação; a importância da capacitação profissional e a constatação dos benefícios físicos, mentais, e especialmente da inclusão social que a prática de atividade física pode proporcionar. Em Vitória da Conquista, a cada 100 mil pessoas, 1.265,84 casos de incidência de deficiência motora foram detectados, conforme o Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB, 2013). Em entrevistas desestruturadas realizadas com profissionais responsáveis pelo Centro Municipal Especializado em Reabilitação Física (CEMERF), pela Associação Conquistense de Integração do Deficiente (ACIDE) e pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), pode ser ratificada a necessidade de exercícios físicos no tratamento e na manutenção da saúde de seus pacientes, bem como a ineficiência do poder público em atender as necessidades apresentadas no que diz respeito a um estilo de vida ativo dessas pessoas. Firma-se então, em bases sólidas, a partir de entrevistas já realizadas, dos estudos efetuados, de visitas técnicas, da aplicação de questionários e da coleta de dados dentro da população conquistense, a viabilidade de aplicação deste projeto, notada a inegável necessidade de construção de um Espaço de Saúde acessível a pessoas com deficiência motora. Quanto à metodologia utilizada na construção deste trabalho pode-se classificá-lo como quantitativo e descritivo, assistido por pesquisas exploratória e de campo, a partir da realização de entrevistas e questionários com proprietários de centros voltados ao bem estar físico na cidade de Vitória da Conquista-BA, com os funcionários desses espaços, que estão
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em contato direto com o público específico, e com pessoas portadoras de deficiência motora, a fim de conhecer seguramente as reais necessidades para o êxito desse projeto. Ambiciona-se o planejamento de salas de musculação adaptadas, salas de ginástica, pilates, salas de reeducação postural global, de lutas e outras atividades como spinning e alongamentos. Contará também com piscinas onde serão desenvolvidas atividades de natação e reabilitação aquática. E ainda com salas de avaliação médica e de psicólogo, garantindo a particularização do atendimento e do tratamento. A proposta fundamenta-se na elaboração de espaços cujas características sejam acessíveis e dessa forma possa ser utilizado por qualquer pessoa - desde equipamentos de fácil manuseio até a capacitação do profissional dentro da academia por meio de cursos ministrados no próprio espaço, independentemente de suas limitações, auxiliando na evolução de suas capacidades físicas e também mentais a partir da inclusão social.
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2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA 2.1 TEORIAS E CONCEITOS SOBRE ATIVIDADE FÍSICA Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que requer gasto de energia. A prática de atividades durante meia hora por dia já faz com que a pessoa deixe de ser sedentária. A atividade física não está relacionada apenas às academias ou à prática de esportes, mas inclui também outras atividades que envolvem o movimento corporal como trabalhar, transporte ativo, atividades recreativas e até tarefas domésticas. Analisando a história da humanidade, pode-se notar que a atividade física ligada à movimentação corporal foi responsável por aprimorar as habilidades motoras e garantir a sobrevivência humana. Antigamente, o estilo de vida humano o concedia a condição de exercitar-se com grande frequência, pois locomovia-se muito de um lugar ao outro sem a ajuda de transportes. O trabalho era braçal, tudo era fruto do esforço. Dentro da acadêmica divisão da história, acompanhando a marcha ascensional do homem, documentada sobretudo no mundo ocidental, somos levados a afirmar que a prática dos exercícios físicos vem da Pré-história, afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e sistematiza-se na Idade Contemporânea. (RAMOS, 1982, p. 15).
Com o passar de cada época essas habilidades foram se adaptando às necessidades e objetivos do tempo vivido. Iniciado o processo de civilização dessas sociedades e, principalmente com a Revolução Industrial (a troca do campo pela cidade e o surgimento de máquinas e transportes), estas mesmas atividades motoras passaram a ser reduzidas e utilizadas com finalidades de ordem guerreira, terapêutica, esportiva e educacional (OLIVEIRA, 2006). Contemporaneamente, identifica-se a atividade física atrelada à figura de uma pessoa saudável, e o uso de exercícios físicos como reabilitação e tratamento terapêutico. A aptidão física traz uma série de benefícios inegáveis para a saúde de todas as pessoas, relacionados a melhorias neuromusculares, metabólicas e psicológicas. Quem pratica exercícios moderados regularmente, corre menos risco de ter problemas crônicos de saúde como doenças cardíacas, obesidade, hipertensão, diabetes, certos tipos de câncer e outros distúrbios metabólicos.
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2.2 MANUTENÇÃO DA SAÚDE E SEDENTARISMO NO BRASIL A prática regular de exercícios físicos vem acompanhada de benefícios que se manifestam sob todos os aspectos do organismo, sendo indispensável para a manutenção e equilíbrio da saúde de todo indivíduo. Do ponto de vista da musculatura humana, auxilia na melhora da força e do tônus muscular e da flexibilidade, fortalecimento dos ossos e das articulações. Pode também ajudar no desenvolvimento das habilidades psicomotoras. Com relação à saúde física, observa-se perda de peso e da porcentagem de gordura corporal, redução da pressão arterial em repouso, melhora do diabetes, diminuição do colesterol total e aumento do HDL-colesterol (o “colesterol bom”). Já no campo da saúde mental, a prática de exercícios ajuda na regulação das substâncias relacionadas ao sistema nervoso, melhora o fluxo de sangue para o cérebro, ajuda na capacidade de lidar com problemas e com o estresse. Além disso, auxilia também na manutenção da abstinência de drogas e na recuperação da autoestima. Há redução da ansiedade e do estresse, ajudando no tratamento da depressão (MONTI, 2015). Para manter o corpo sempre saudável, a autoestima elevada e a saúde em dia, praticar exercícios é muito importante. Essas atividades, quando alinhadas a uma boa alimentação, auxiliam na prevenção do surgimento de doenças graves, como a obesidade que afeta milhares de pessoas em mundo todo. A busca por um estilo de vida saudável pode ainda exercer efeitos no convívio social do indivíduo, tanto no ambiente de trabalho quanto no familiar. Dependendo da atividade, promove interação entre praticantes, permitindo que se conheçam, conversem, façam amizades e ainda se respeitem. Deve-se destacar que, nos dias atuais, diante da dinâmica acelerada do cotidiano e o estresse do dia-a-dia, sustentar uma vida saudável requer alguns esforços para encontrar motivação e disposição para realizar exercícios físicos, o que pode, para muitas pessoas, ser uma tarefa árdua. Desta maneira, é estabelecida umas das maiores causas de morte no Brasil, o sedentarismo. Compreende-se sedentarismo como a falta ou ausência de atividades físicas, resultando em um gasto calórico reduzido. Possui alta incidência na população, sendo considerado um problema de saúde pública.
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Um levantamento feito pelo Ministério do Esporte (DIAGNÓSTICO NACIONAL DO ESPORTE, 2013), conforme a figura 1, indica que 45,9% dos brasileiros são sedentários. Os dados foram ponderados com base em uma projeção da população brasileira por região, gênero e grupos de idade, feita pelo IBGE, de aproximadamente 146.748.000 brasileiros, quantidade equivalente à população entre 14 e 75 anos. O estudo aponta que 45,9% dos brasileiros não praticaram nenhuma atividade física ou esporte em 2013 (pesquisa mais recente). Figura 1 - Sedentarismo no Brasil Fonte: Portal Ministério do Esporte (2018).
Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), acredita que apesar do Brasil propiciar condições para a prática de esportes durante todo o ano (condições climáticas favoráveis, como ausência de neve), não existe uma cultura entre a população de envolvimento com atividades físicas. As informações evidenciadas apontam para a necessidade da alteração dos hábitos de grande parcela da sociedade. Para A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2012) é primordial que haja medidas para promover e melhorar o acesso as oportunidades de atividade física que sejam seguras e sobretudo, acessíveis. No que diz respeito ao sedentarismo entre pessoas com deficiência, segundo Rimmer e Marques (2012) as principais barreiras para a prática de atividades físicas dessa população poderiam ser divididas em pessoais, como dor, fadiga e percepção de que a atividade seja difícil, falta de conhecimento sobre as atividades, e ambientais como a falta de transporte, de equipamentos adequados, de profissionais capacitados, de acessibilidade arquitetônica e de recursos financeiros para a prática.
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2.3 ESPAÇOS DE SAÚDE Ainda na década de 40 já se delineava o modelo atual do conceito dos espaços de saúde e bem-estar que temos hoje em dia. Atividades como o halterofilismo, as lutas e a ginástica eram praticados em locais denominados como “Instituto de Modelagem Física” ou “Centro de Fisiculturismo”. A definição de alguns termos como “Academia de Ginástica” ou “Academia de Musculação”, se deu definitivamente no Brasil no início da década de 80 (NOVAES, 1991). O sucesso dos filmes estrelados por Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone, nos anos 80, assim como as competições de fisiculturismo, fizeram com que a busca por esses espaços fosse aos poucos crescendo. A chegada da ginástica aeróbica com coreografias elaboradas e ritmos diferenciados, integrou o público feminino às atividades, praticadas até então em sua maioria por homens. Vale destacar a atenção dada ao desenvolvimento de novos tipos de atividades que agregassem todos os tipos de público, de objetivos e de resultados. Já na década de 90, a abertura econômica favoreceu as importações, facilitando a incorporação de novos aparelhos e tecnologias. A grande procura foi responsável pela reorganização interna desses locais, em termos não só de aparelhagem, mas também de gestão, uma vez que consolidavam como negócio lucrativo. Atualmente, a prática de exercícios físicos deixou de ser vista apenas pelo viés estético e passou a ser uma questão de saúde. Novas modalidades são integradas constantemente, favorecidas pelas novas tecnologias e pelos estudos de profissionais cada vez mais preparados. É importante destacar dentre as diversas atividades encontradas em centros de saúde, a técnica de Pilates, criada e desenvolvida por Joseph Hubertus Pilates ainda em 1914. O Pilates é um treinamento corporal que abrange força, alongamento, concentração, respiração e consciência corporal. Seu grande diferencial está no alinhamento ósseo conseguido por meio de comandos verbais e manuais aplicados aos alunos pelo instrutor que o acompanha durante toda a aula, acionando as musculaturas mais profundas e próximas às articulações para proteger o corpo de lesões causadas pelo estresse cotidiano ou mesmo tratá-las (GIABANI, 2017). A técnica do pilates é capaz de promover saúde, beleza e qualidade de vida, pois trabalha o corpo de uma forma global e eficaz, por isso é extremamente recomendado para
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pessoas que possuem problemas músculos-tendíneas, aliviando a dor gradativamente e prevenindo possibilidades de novas crises (GIABANI, 2017). O pilates é praticado em estúdios apropriados com materiais e equipamentos criados especialmente para a realização da atividade. Atualmente várias vertentes da técnica foram desenvolvidas, com objetivos e resultados específicos. Pode-se encontrar salas de aula de pilates em clínicas de fisioterapia e reabilitação, em academias de ginástica ou mesmo de forma independente. Figura 2 - Joseph Hubertus Pilates. Criador da técnica pilates
Fonte: Pilates. Disponível
Revista em: <
http://revistapilates.com.br/2017/05/20/34-frases-de-joseph-pilates/>. Acesso em Set. 2018
Segundo Rezende e Votre (1994), os objetivos dos centros de modelagem física, assim chamados, nas décadas de 30 a 90 eram predominantemente estéticos. Porém, a movimentação corporal pode ter função de competição, de profilaxia, terapêutico, recreação/lazer e preparação física além do estético-corporal. Tendo em vista as várias possibilidades que a prática de exercício oferece, os centros de saúde e bem-estar contemporâneos tem se preocupado em agregar o maior número de atividades, ampliando os serviços oferecidos e diversificando o seu público. Além das atividades direcionadas ao bem-estar físico, incorporam também espaços de convivência, como praças, cafés, áreas de contemplação e descanso, despertando a atenção de possíveis usuários.
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2.4 DEFICIÊNCIA MOTORA Deficiência Motora ou Deficiência Física é uma disfunção física de caráter congênito ou adquirido que afeta a motricidade dos indivíduos, quanto à sua mobilidade, coordenação e/ou fala. Este tipo de deficiência decorre de lesões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas ou ainda de malformação, podendo possuir um estágio definitivo (estável) ou evolutivo (com tendência modificar-se com o tempo). A depender da parte do corpo afetada, pode denominar-se monoplegias: paralisias num membro do corpo; hemiplegias: paralisias em metade do corpo; paraplegias: paralisias da cintura para baixo; tetraplegias: paralisias do pescoço para baixo; e amputado: falta de um membro do corpo. Pela Tabela Nacional de Incapacidades, aprovada pelo decreto de Lei nº 341/93, considera-se deficiente motor todo o indivíduo que seja portador de deficiência motora, de caráter permanente, ao nível dos membros superiores ou inferiores, de grau igual ou superior avaliado em 60%. Caso não faça parte dessa condição, para ser considerado portador desse título, é necessário que seja comprovado que a deficiência adquirida dificulte a locomoção em via pública, sem o auxílio de outras pessoas ou aparatos e também o acesso ou a utilização de transportes públicos. A Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ASSEMBLEIA GERAL DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1975) definiu deficiente físico/motor como: uma pessoa incapaz de assegurar, por si mesma, total ou parcialmente as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em suas capacidades físicas. Essa definição, contudo, não cabe aos dias atuais, visto que cada vez mais as pessoas com limitações de movimento têm se esforçado e conquistado um estilo de vida adaptado para suprir as suas necessidades pessoais e sociais de maneira independente, dentro de suas possiblidades. Historicamente, as PcD possuem um caminho marcado por preconceito e descaso a sua condição. Todavia, a partir das campanhas de incentivo, e da propagação do conhecimento sobre o tema, rompendo as barreiras da ignorância, esse cenário tem mudado. As limitações físicas e motoras passaram a não ser vistas como uma dificuldade para a entrada dos portadores no mercado de trabalho. As PcD possuem o direito à acessibilidade em edificações de uso público para exercerem seus direitos e fortalecerem sua participação como cidadãos.
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A Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência - ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, assegurando o exercício dos direitos das pessoas com deficiência (física, mental, intelectual ou sensorial) assegurandolhes, em condição de igualdade, a sua inclusão social e cidadania. A lei teve como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU e é de extremo valor para o processo de conscientização da sociedade contemporânea. 2.4.1 Deficiência Motora no Brasil De acordo dados do Censo Demográfico 2010, ilustrados na Figura 3, divulgados pelo IBGE, 23,9% da população brasileira afirmou ter alguma deficiência, o que corresponde a 45,6 milhões de brasileiros deficientes. A deficiência motora apareceu como a segunda mais relatada pela população: 7% dos brasileiros, mais de 13,2 milhões de pessoas, afirmaram ter algum grau do problema. A deficiência motora severa foi declarada por mais de 4,4 milhões de pessoas. Destas, mais de 734,4 mil disseram não conseguir caminhar ou subir escadas de modo algum e mais de 3,6 milhões informaram ter grande dificuldade de locomoção. Outros dados do censo indicam ainda que a deficiência atinge as pessoas em qualquer idade. Algumas pessoas nascem com ela, outras a adquirem ao longo da vida. Na separação por regiões (Figura 4) a região Nordeste aparece com o maior índice de deficientes. Figura 3 - População com deficiência no Brasil
Fonte: G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/04/239-dos-brasileiros-declaram-teralguma-deficiencia-diz-ibge.html>. Acesso em Set. 2018 Figura 4 -Proporção da população com pelo menos uma das deficiências investigadas – 2010
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Fonte: Cartilha do 2010. Disponível
Senso em:
<http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/cartilha-censo-2010-pessoas-comdeficienciareduzido.pdf>. Acesso em Set. 2018
Pessoas com deficiência possuem direitos iguais aos de pessoas sem deficiência. Entretanto, devido a desvantagens impostas pela sociedade, que lhes impõe barreiras, esses indivíduos muitas vezes não conseguem reivindicar seus direitos nas mesmas condições em que o fazem as pessoas sem deficiência. A função do governo é eliminar essa brecha na aplicação dos direitos e equiparar as condições das pessoas com deficiência. Tudo isso com o auxílio da população, que exerce papel fundamental nesse processo de conscientização e transformação. Ciente da relevância desses números, o esclarecimento nas percepções sobre deficiência vem avançando. Um novo olhar carrega o entendimento de que uma deficiência física não é apenas uma condição estática, mas que o ambiente em que a pessoa vive interfere diretamente na sua gravidade e na forma em que se convive com a limitação. As condições oferecidas pelas cidades para uma pessoa de cadeira de rodas conseguir sair e chegar, sem dificuldade a um local de trabalho digno; locais de lazer, entretenimento e bem-estar acessíveis, por exemplo, desqualificam essas deficiências como tão graves nos índices de mobilidade e tem menos interferência negativa na vida quem a possui.
2.5 IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MOTORA A Convenção das Nações, em 2006, definiu instrumentos legais no Brasil pelos Direitos das Pessoas com Deficiência aos serviços de educação, saúde e práticas esportivas (BRASIL, 2013a; BRASIL, 2013b; BRASIL, 1996; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002; BRASIL; 2015), buscando enfatizar a prática de atividades físicas e esportivas como forma de lazer, reabilitação e inclusão social, e acordando para a necessidade de programas
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direcionados a essa população, incentivando a capacitação profissional e também a redução das barreiras ambientais e atitudinais. Os benefícios da prática de exercícios para a manutenção da saúde já são conhecidos. No que se trata da população constituída de algum tipo de deficiência, alguns estudos, como os de Bodde, Seo e Frey (2009), relatam que a atividade física é provedora de uma saúde positiva, independente de idade e gênero. A falta de incentivo e de oportunidades no que diz respeito ao esporte fazem com que pessoas com deficiência estejam mais propensas a desenvolver doenças hipocinéticas, como cardiopatias, hipertensão, diabetes, obesidade e doenças osteoarticulares crônicas (HOLBROOK; KANG; MORGAN, 2013). Com a promoção da aptidão física ligada à saúde, as PcD podem apresentar grandes evoluções quanto a sua capacidade aeróbia e composição corporal, tornando-as mais consistentes; melhora da flexibilidade e dos níveis de força muscular. Além disso, as práticas mínimas diárias incorporadas a um estilo de vida saudável auxiliam na obtenção de maior autonomia para realização das atividades diárias; prevenção de doenças hipocinéticas (por falta de movimento); prevenção de comorbidades associadas à deficiência; desenvolvimento mais próximo possível do normal. No campo psicológico, observa-se a melhora da autoconfiança e da autoestima, tornando os praticantes mais otimistas e seguros para alcançarem seus objetivos. Previne as enfermidades secundárias à deficiência e ainda promove a integração social, levando o indivíduo a descobrir que é possível, apesar das limitações físicas, ter uma rotina normal e saudável. 2.6 INCLUSÃO SOCIAL A inclusão da pessoa com deficiência passa, necessariamente, pelo acesso a atividades de esportes e de lazer, no processo de reabilitação, na escola e no dia-a-dia de cada cidadão. Nas últimas décadas, especialmente a partir dos anos 80, a deficiência passou a ser reconhecida como uma questão de direitos humanos, e o tema da inclusão social ganhou grande destaque. A prática esportiva pode ser vista como um elemento-chave para a inclusão, o acesso à comunidade e a igualdade de oportunidades (BLAUWET; WILLICK, 2012). Consolidou-se o valor da adaptação dos exercícios para amparar a inclusão social dos deficientes. Todavia, para que de fato essa inclusão social ocorra, faz-se necessário uma adaptação não apenas nos exercícios como também nas instituições, nas áreas de lazer como: praças, clubes; meios de transportes, etc. Apesar de muitas conquistas já terem sido
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alcançadas no que diz respeito a inclusão nas atividades físicas, ainda há um longo percurso para que os portadores de deficiência possam usufruir de seus direitos como todo e qualquer cidadão e utilizar esses direitos para melhorarem a sua qualidade de vida e bem estar. Oportunizar o acesso aos programas já existentes criados pelo Estado para a população por meio de ações inclusivas ou, ainda, planejar e implementar ações direcionadas especificamente para pessoas com deficiência em todas as idades são funções básicas para que o impacto da deficiência seja reduzido ao longo da vida. Para a concretização dessas teorias, ações como acesso à aplicação da tecnologia a favor de materiais adaptados que facilitassem a prática de exercícios junto a capacitação continuada dos profissionais que lidam com esse público. Assim, garantir a formação de profissionais na área da educação física e do esporte aptos a trabalhar com toda a diversidade de pessoas é condição básica para a democratização do acesso das deficiências aos programas de atividades físicas. Geralmente, a deficiência em si pode não ser um fator que decrete atrasos no desenvolvimento motor, cognitivo e social, mas é de absoluto entendimento que a escassez de acesso a elementos fundamentais para uma vida saudável, como a prática esportiva, resulta em consequências algumas vezes irreparáveis nesses aspectos. 2.7 CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL Sabe-se que os exercícios físicos são um dos pilares da qualidade de vida sendo essenciais à saúde. É indispensável a orientação de um profissional durante a prática de atividades, uma vez que realizada de maneira indiscriminada e inadequada pode gerar uma série de problemas. Cada indivíduo possui características e objetivos próprios que devem ser estudadas individualmente, cabendo ao profissional ter uma formação que o capacite a preparar aulas e treinamentos adequados a seus alunos/clientes, além de conhecer as principais estratégias apontadas pela ciência para elaboração de um treinamento físico seguro e eficaz. No ambiente de trabalho, o profissional deve estar preparado para atender a um público variado, que se estende desde crianças em idade escolar a idosos, pacientes que precisam recuperar ou melhorar a precisão dos movimentos ou ainda pessoas com deficiência. Ciente da importância do profissional de Educação Física na promoção da saúde, o Ministério da Saúde incluiu a atividade física no Sistema Único de Saúde (SUS). Clínicas, academias e centros de reabilitação física passaram a funcionar com a figura do profissional
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de Educação Física. As atividades são vistas como um importante elemento para desenvolver a qualidade de vida na população. Essa mudança interferiu nos currículos de formação profissional. Foram criados cursos separados para a licenciatura e o bacharelado, formando profissionais com atuações diferenciadas na sociedade (BRASIL, 2009). Com o rápido avanço na produção do conhecimento, novas tecnologias, materiais de trabalho e estratégias de aulas surgem a todo tempo. Cabe ao profissional manter-se atualizado, participando de congressos científicos em temas de seu interesse ou de eventos de capacitação agregando valor ao seu trabalho e reciclando o seu conhecimento. É importante salientar que os educadores físicos, fisioterapeutas e outros profissionais ligados à prática esportiva devem ter uma visão mais ampla sobre o processo de inclusão nas atividades. Incluir alunos portadores de necessidades especiais é necessário. No entanto, é preciso que se desenvolva uma prática educacional mais específica, visando ampliar as suas capacidades, respeitando o cuidado que se deve ter para cada tipo aluno, principalmente os que apresentam algum tipo de deficiência. 2.8 PROJETOS REFERENCIAIS 2.8.1 Instituto Municipal de Reabilitação Vicente Lopes (IMRVL) - Vicente Lopes, Buenos Aires, Argentina O Instituto Municipal de Reabilitação Vicente Lopes (IMRVL), localiza-se em Vicente López, Argentina e foi desenvolvido, em 2001, pelos arquitetos Claudio Veskstein e Marta Tello. A obra foi concluída em 2004, com 4.000 m 2 de área do construída num terreno de 1.355 m2.
Figura 5 - Fachada principal do IMRVL
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Fonte: ARCO. Disponível em: <https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/claudio-vekstein-e-martatello-centro-de-19-10-2005%23>. Acesso em Set. 2018
Os princípios que guiaram o projeto baseiam-se na criação de uma forte imagem urbana que resgata um espaço cotidiano geralmente negado aos pacientes com dificuldades motoras. Ou seja, que esses habitantes de uma cidade adversa e rude pudessem encontrar no interior do edifício a qualidade adequada de equipamentos necessários para seu deslocamento. Daí o esquema de um pátio central definido com um sistema de rampas de inclinação suave, como elementos expressivos da ideia de movimentação, que é o fundamento essencial do centro de reabilitação. A solução arquitetônica encontrada foi densa e complexa, utilizando a regularidade de um terreno de dimensões pequenas no meio de um quarteirão construído. O programa foi distribuído pelos andares, considerando-se as faixas etárias dos pacientes, os escritórios, consultórios e setores de reabilitação. O esquema volumétrico geral em forma de “U” responde à ideia de criar um espaço central capaz de proporcionar um ambiente saudável e generoso em luz solar e ventilação natural para todo o edifício, além de um pátio utilizado como área verde. O outro tema assumido foi o relacionamento do edifício com o contexto urbano. Localizado numa avenida de trânsito intenso, com múltiplas funções e marcada por prédios de baixa qualidade, o centro devia identificar-se com uma imagem expressiva. A solução foi obtida com uma espécie de tela de concreto que funciona como brise protegendo a fachada curva de vidro (ARQA, 2006). Figura 6 - Rampas do pátio interno Fonte: ARCO. Disponível em: <https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/claudio-vekstein-emarta-tello-centro-de-19-10-2005%23 >. Acesso em Set. 2018
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O
centro foi todo construído em concreto armado. A simplicidade do sistema construtivo compensou a alta complexidade espacial e formal do prédio. O pátio, delimitado pelas curvas continuas das rampas, tem configuração variável, definida pelas dimensões diferenciadas dos volumes dos consultórios e das áreas de fisioterapia. Um elemento fundamental foi o controle luminoso dos diferentes ambientes, adaptados rigorosamente às funções e diferentes faixas etárias. Figura 7 - Sala de espera interna/Piscina de reabilitação
Fonte: ARCO. Disponível em: <https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/claudio-vekstein-emarta-tello-centro-de-19-10-2005%23>. Acesso em Set. 2018
Nas cidades a arquitetura nem sempre foi pensada para a existência das pessoas com dificuldades motoras. Entretanto, mais recentemente, nota-se alguma preocupação no âmbito da funcionalidade além da estética.
2.8.2 Academias e praças públicas adaptadas a PcD no Brasil
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A atividade física é um auxílio ao portador de deficiência, podendo melhorar sua mobilidade, autoestima e promover socialização, sendo que a sua prática deve ser um direito de todos. Entretanto os espaços destinados a esse fim muitas vezes não estão adequados para receber quem tem algum tipo de deficiência, mesmo sendo fundamentais para a reabilitação física e
psicológica de quem tem limitações de movimento. Atentando-se a esse fato, academias e até mesmo parques urbanos, junto às prefeituras, começam a desenvolver programas com equipamentos especiais para deficientes, a exemplo do estado de São Paulo, que hoje possui aproximadamente 140 municípios com academias beneficiadas com aparelhos de musculação adaptado (Figura 8). Isso é resultado de programas do Governo do Estado voltados à inclusão social, aparecendo no cenário contemporâneo como um estímulo a outros estados. Figura 8 - Aparelhos de ginástica adaptados
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Fonte: CASADAPTADA. Disponível em: <http://www.casadaptada.com.br/2017/02/pessoas-comdeficiencia-ganham-academias-adaptadas-nos-municipios/>. Acesso em Set. 2018
O uso correto dos aparelhos contribui para melhorar a capacidade física e a autoestima da pessoa com deficiência. Os exercícios garantem o bom funcionamento dos músculos mantendo-os ativos mesmo que não tenham movimentos voluntários Além da saúde do corpo, as academias trabalham com a socialização dos alunos (Figura 6). São integrados também a aulas complementares a musculação, como o pilates, lutas, dança, natação e outras atividades que contribuem não só para a estabilização dos quadros dos alunos, mas para a evolução e desenvolvimento de novas habilidades pelos deficientes motores, que ganham um novo estilo de vida. Figura 9 – Exemplo de academia com Inclusão Social
Fonte: G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/02/academias-se-adaptam-para-receber-deficientes-em-busca-desocializacao.html>. Acesso em Set. 2018
Viver com uma deficiência traz desafios diários, e os exercícios podem parecer um fardo a mais a se carregar. Mas vale entender que com orientação adequada e espaços direcionados, este pode ser o caminho para uma vida mais independente e prazerosa. Quem não tem dinheiro para pagar uma academia mas quer fazer exercícios na cadeira de rodas pode utilizar os aparelhos adaptados instalados em praças públicas de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, pioneiras nesse projeto, desde 2010. Os equipamentos para academia ao ar livre, mostrados na (Figura 9), foram pensados para oferecer à população uma opção acessível e gratuita de atividade física. Eles apresentam biomecânica e oferecem conforto ao usuário. São práticos, funcionais e versáteis facilitando o acesso com segurança.
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A partir do estudo e da análise do conteúdo exposto, foi constatado que políticas de intervenção têm sido desenvolvidas no Brasil para suprir a carência do país em espaços destinados a prática de atividade física por portadores de deficiência motora, a partir da implantação de academias de ginástica em áreas públicas dos centros urbanos com equipamentos adaptados. Isso deixa claro a preocupação atual com a saúde dessas pessoas e demonstra a importância da prática de exercício para suas vidas. Figura 10 - Praça de ginástica ao ar livre
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo? id=5584250>. Acesso em Set. 2018
Apesar de muitas vezes não terem uma arquitetura completamente equipada para atender a todos os públicos, algumas academias têm implementado pequenas modificações para se tornarem adaptadas. Essas adaptações ocorrem desde o uso de aparelhos especializados até a capacitação profissional e a aplicação das normas de acessibilidade, questões estas que serão o ponto principal do projeto proposto. 2.8.3 Centro de Integrado de Reabilitação (CEIR ESPORTES) – Teresina, Piauí, Brasil Com uma equipe multidisciplinar, profissionais capacitados, técnicas modernas e equipamentos de última geração, o CEIR-PIAUI tem como diferencial a humanização no atendimento à pessoa com deficiências físico-motoras decorrentes de paralisia cerebral, doenças neuromusculares, malformações congênitas, mielomeningocele, lesões encefálicas
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adquiridas (causadas por traumatismo crânio-encefálico, acidente vascular encefálico, anóxia cerebral, tumores cerebrais ou infecções no sistema nervoso), lesão medular, sequelas de poliomielite e amputação. A família também faz parte do tratamento do paciente, recebendo orientações sobre os direitos da pessoa com deficiência no serviço social e tendo a garantia deles, participando de grupos terapêuticos e de cursos e treinamentos ministrados pela equipe de profissionais.
Figura 11 - Prática de esporte por pessoas com deficiência física
Fonte: CEIR. Disponível em: <http://www.ceir.org.br/ceir-esportes/>. Acesso em Set. 2018
É na capoeira, natação, basquete em cadeira de rodas, futebol para amputados – além do tiro com arco e parabadminton, atividades desenvolvidas com parceiros –, que os pacientes, pessoas com deficiência físico-motora e intelectual, tem conquistado um novo estilo de vida. Figura 12 - Espaços destinados a prática de esporte por pessoas com deficiência física
Fonte: CEIR. Disponível em: <http://www.ceir.org.br/ceir-esportes/>. Acesso em Set. 2018
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Para este trabalho são essenciais os estudos de referenciais com projetos consolidados e com resultados satisfatórios. É indispensável também discutir dentro do tema as melhores possibilidades para alcançar o objetivo desejado. O CEIR traz novas possibilidades para a reabilitação e para a constante manutenção da saúde do paciente, incorporando ao tratamento atividades que fogem ao processo de reabilitação convencional, contando com a ajuda de terapias e fisioterapia, arte-reabilitação, musicoterapia, terapia ocupacional, hidroterapia, hidroginástica e reabilitação desportiva – com natação, capoeira, futebol para amputados e basquete em cadeiras de rodas, para o tratamento físico-motor do paciente. Essa pesquisa contribuiu positivamente para o enriquecimento e descoberta das possíveis experiências que o deficiente motor pode ter dentro de um espaço de saúde, expandindo as alternativas de tratamento a serem incorporadas ao novo centro de saúde. Figura 13 - Salas para reabilitação infantil
Fonte: CEIR. Disponível em: <http://www.ceir.org.br/ceir-esportes/>. Acesso em Set. 2018.
3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA Vitória da Conquista é um município brasileiro situado no estado da Bahia, distante 509 km da sua capital Salvador, com população estimada em 338.885 habitantes, fazendo dela a terceira maior cidade do estado, atrás apenas de Salvador e Feira de Santana, e a quarta do interior do Nordeste (IBGE, 2018). Possui um dos PIBs que mais crescem no interior da região. É a capital regional de uma área que abrange aproximadamente 80 municípios na Bahia e 16 no norte de Minas Gerais. Possui uma área de 3.204,257 km².
Figura 14 - Localização de Vitória da Conquista na Bahia
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Fonte: WIKIPEDIA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Vit %C3%B3ria_da_Conquista#/media/File:Bahia_Municip_VitoriadaConquista.svg>. Acesso em Out. 2018
Seu relevo é geralmente pouco acidentado na parte mais elevada, suavemente ondulado, com pequenas elevações de topos arredondados. Tem clima tropical de altitude por causa da elevação da cidade, com média de 923 m e mais de 1 100 m nos bairros mais altos. Por isto, é uma das cidades mais amenas das regiões Norte e Nordeste do país, registrando temperaturas inferiores a 10 °C em alguns dias do ano. É composta por imigrantes de todas as regiões brasileiras, sobretudo do Nordeste e provindos do êxodo rural (67,5% da população do Município vive na cidade). Faz parte da região econômica Sudoeste, servida pelas vias de acesso: BR-116, BA-262, BA-263 e BA265 (IBGE, 2018). A economia da cidade esteve baseada na pecuária extensiva e no plantio de café, proporcionando um desenvolvimento de destaque, até a década de 80, com a construção da BR-116, no início dos anos 1960. O transporte de cargas e passageiros fez da cidade um centro comercial regional. Atualmente o Município preserva uma atividade agropecuária consolidada e é referência regional em saúde, educação, comércio e indústria.
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3.1 INSERÇÃO DO EMPREENDIMENTO De acordo com a International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA, 2015), o Brasil está entre os 18 países com maior número de academias por habitante, somando mais de 8 milhões de clientes. A Associação Brasileira de Franchising, afirma que o mundo fitness tem sido um terreno extremamente fértil para o nascimento e crescimento de pequenas e médias empresas. Hoje são mais de 6.000 relacionadas a um estilo de vida mais ativo e saudável e esse setor já corresponde a 8% do total no país. No âmbito do desenvolvimento e incentivo ao lazer e a prática de esporte, em Vitória da Conquista, entre pessoas com e sem deficiência, tema deste trabalho, a Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer da cidade tem se empenhado em promover políticas de apoio, seja pelo meio público ou em parcerias privadas, ao esporte e bem-estar em suas diversas vertentes. Mais de R$ 3 milhões, somados em 2016, em recursos federais e municipais, foram investidos no setor de serviços ligados a prática de exercícios e a manutenção da qualidade de vida. A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista tem investido na construção e manutenção de praças, quadras poliesportivas e campos de futebol. Além disso, espaços públicos têm recebido atenção especial do Governo, a exemplo das praças de ginástica e alongamentos ao ar livre em várias localidades da cidade. Na esfera privada, ainda segundo a Associação Brasileira de Academias - ACAD Brasil, o mercado fitness tem, nos últimos anos, desempanado papel importante no cenário econômico e movimentado a economia das cidades. Na última década, o mercado fitness no Brasil conheceu uma expansão vertiginosa, não somente pela busca pelo corpo malhado, mas principalmente pelo aumento da importância de se buscar uma forma de vida mais saudável, em que a atividade física é um dos pilares para manter a saúde e tratar diversos males, a exemplo de deficiências e limitações físicas. 3.2 LOCALIZAÇÃO O terreno escolhido para a construção do empreendimento localiza-se na Avenida Olívia Flores, fazendo esquina com a rua Rio de Contas, Bairro Candeias, na cidade de Vitória da Conquista-BA. Esta região caracteriza-se por ser uma das mais privilegiadas da cidade devido ao seu continuado crescimento econômico e habitacional e também pela facilidade de acesso. Para o projeto defendido torna-se indispensável a escolha de um local adequado ao
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público frequentador, por se tratar de um empreendimento comercial e com foco na acessibilidade. . Figura 15 - Localização do terreno
Fonte: GOOGLE MAPS. Elaborado pelo autor
Pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, a Avenida Olívia Flores é classificada como corredor de uso diversificados II, trecho urbano conforme definido na Lei municipal n° 717/93, Em sua Lei Complementar 2013/2015. A área total do terreno é de 11.740 m². Definida como uma das principais avenidas da cidade de Vitória da Conquista, a Av. Olívia Flores possui grande extensão, possibilitando fácil acesso entre regiões da cidade. Pode ser definida como via arterial, de fluxo intenso, de mão dupla, dividida por canteiro central e ciclovia. É constituída por faixa de pedestres, semáforos e outros sinalizadores verticais como indicadores de velocidade máxima permitida, ciclovia, calçadas largas, canteiro central e pontos de ônibus por toda sua extensão, favorecendo a eficiência no uso do transporte público e tornando dispensável a implantação de novos pontos para este projeto.
Figura 16 - Sistema Viário de Vitória da Conquista
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Fonte:GOOGLE MAPS. Elaborado pelo Autor.
As ruas laterais à Olívia Flores são vias coletoras, a exemplo da rua Rio de Contas (rua lateral do terreno que dá acesso a Universidade Federal da Bahia - UFBA), responsável por coletar o trânsito das vias locais e distribui-lo para as vias de trânsito rápido. As ruas e avenidas próximas destacam-se por serem largas e de grande movimentação devido a presença de universidades e colégios (UFBA, UESB, FASA, COLÉGIO OFICINA, etc.), centros de atendimento especializado (CEMAE), shopping center (Shopping Boulevard) e outros serviços que produzem um grande fluxo de carros particulares e, sobretudo, de transportes públicos.
3.3 USOS E ATIVIDADES DO ENTORNO Após análise do perímetro de estudo, compreendendo um raio de 1 km, nota-se quanto à massa edificada a predominância de terrenos vazios, junto à existência de algumas edificações residenciais de porte médio. Por tratar-se de uma área em crescimento constante, grande parte dos lotes ainda não foram ocupados, sendo estes aos poucos preenchidos. São notadas ainda outras instituições de usos múltiplos, relacionadas ao comércio, à saúde e à educação. Edificações da categoria de uso de serviços, como shopping, academias, companhia de eletricidade e outros marcam a região. A área estudada tem ultrapassado características apenas residenciais com a implantação de novos usos do solo, como a
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construção de espaços institucionais e de entretenimento. Mesmo que em pequena quantidade, esses novos espaços já começam a caracterizar a região.
Figura 17 - Estudo do entorno
Fonte: GOOGLE EARTH. Elaborado pelo Autor.
3.4 INDICAÇÃO DE INFRAESTRUTURA URBANA O estudo do entorno é muito importante para ser conhecida a infraestrutura urbana local e para definir pontos relevantes, como: acesso de pedestres e de transporte. É considerado eficiente na Av. Olivia Flores, onde será locada a edificação. Os sistemas de sinalização e iluminação são favorecidos pela existência de edificações de uso coletivo, como um shopping center e universidades, e pelo grande fluxo de pessoas que transitam pela Av. Olivia Flores durante todo o dia, ratificando a importância de eficiência nesses pontos. A rua Rio de Contas, lateral ao terreno escolhido, por sua vez, tem iluminação pouco eficiente, apesar de dar acesso a uma universidade (UFBA) e condomínio residencial.
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Acredita-se, que por ser uma rua de construção recente, ainda será dado, a curto prazo, uma maior atenção a iluminação local. O bairro já oferece rede elétrica e de esgoto, sendo que essa última passou recentemente por reformas, buscando melhor atendimento. As ruas que limitam o terreno possuem pavimentação asfáltica em ótimo estado de conservação, respaldadas por um trânsito intenso durante todo o dia, sobretudo na Olivia Flores. A avenida possui também eficiência em equipamentos urbanos, como lixeiras, bancos e monumentos de artistas locais. Durante toda a sua extensão pode-se encontrar vegetação, caracterizada por rasteiras e árvores de pequeno e médio porte. Na pesquisa prévia de campo, foi constatada a empresa que atua no transporte público da cidade, a Cidade Verde. O público que vier para o Espaço de Saúde Adequado terá disponível linhas que saem de diversos bairros da cidade, garantindo o fácil acesso. São elas: D33 - Conquista VI x UESB D34 - Patagônia x UESB D35 - Rodoviária x UESB D36 – Morada dos Pássaros x UESB P52 – Conquista VI x UESB (via av. L.E.M.) R09 – UESB x Centro
3.5 CONDICIONANTES FÍSICOS Para reconhecimento da área e observação da existência de irregularidades foi feito um levantamento topográfico, verificando-se que o terreno possui topografia pouco acidentada desenhada por curvas com pequena mudança de nível, sendo de 1,75m a variação máxima entre o nível mais alto (887.75) e o mais baixo (886.0) do terreno. Devido a área total do terreno, de grande extensão, esse valor é considerado satisfatório para alternativas construtivas com pouca movimentação do solo existente. Para este projeto aplicam-se técnicas de corte e aterro de pequenas parcelas do solo para adequação da edificação aos níveis naturais do terreno.
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Figura 18 - Levantamento topográfico
Fonte: Elaborado pelo Autor.
O terreno apresenta cobertura vegetal de porte médio (seca/capim) por toda a sua extensão. As ruas que o circundam apresentam característica predominantemente plana, com suaves aclives e declives.
As condicionantes climáticas da área, como os ventos
predominantes, sol nascente e poente, também foram analisadas como fatores determinantes para a definição do partido arquitetônico, uma vez que esses fatores servirão de base para a realização do zoneamento dos setores da edificação. Por meio do estudo de insolejamento da região constatou-se que os ventos predominantes vêm do sentido Nordeste (NE) e Sudeste (SE). O maior índice de chuvas surge pelo lado Sul. O nascer do sol concentra-se no fundo do lote e seu poente está voltado para a Avenida Olivia Flores (testada do terreno). Figura 19 - Estudo do insolejamento
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Fonte: Elaborado pelo Autor.
3.6 LEGISLAÇÃO Com base em estudo realizado no código de obras do município de Vitória da Conquista o terreno de estudo encontra-se numa área classificada como corredores de Uso Diversificados Nível II. Para esta zona, determinam-se para as edificações os seguintes parâmetros, constantes no quadro a seguir.
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Quadro 1 - Atividades/ empreendimentos que configuram o uso do solo
Fonte: Lei de Uso e Ocupação do Solo de Vitória da Conquista.
Quadro 2 - Uso do solo por área de influência
SERVIÇOS: S-i Área de Influência: Local: Atividades e Empreendimentos em Área Construída até 500 m2 Municipal: Atividades e Empreendimentos em Área Construída de 500 m2 a 5000 m2 Metropolitano: Atividades e Empreendimentos em Área Construída acima de 5000 m2
Quadro 3 - Critérios e restrições aplicáveis às zonas e corredores de usos Fonte: Código de
obras do
município deQuadro 4 - Critérios e restrições relativos a polos geradores de tráfego - PGT e vagas Vitória da Conquista.
estacionamento
Fonte: Código de obras do município de Vitória da Conquista
No que se diz respeito aos reservatórios, foram seguidas as especificações segundo a Norma ABNT – NBR 7229/93: Projeto, Construção e Operação de Sistemas de tanques Sépticos e ABNT NBR 13714/00: Sistemas de Hidrantes e de Mangotinhos para Combate ao Incêndio. O presente projeto está classificado no grupo E de Ocupação/Uso Educacional e
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Cultura Física e classificado como sistema de mangotes tipo 1, o que norteou o cálculo de determinação de reserva técnica de incêndio, expresso pelas equações abaixo. O dimensionamento dos reservatórios, portanto, foram calculados a partir da sua capacidade conforme norma. Foram previstos 1 reservatório superior acrescido da Reserva Técnica de Incêndio e 2 reservatórios inferiores, sendo um deles destinado à captação de águas pluviais para usos não potáveis. Para efeito de cálculo dos reservatórios, foram consideradas as seguintes estimativas: 500 alunos diários – 50 litros/pessoa e 50 funcionários diários – 50 litros/pessoa. Para o cálculo da Reserva Técnica de incêndio, foi usada a fórmula: V= QxT, onde: V= Volume da Reserva Técnica de incêndio, em litros; Q= Vazão, em litros /min T= Tempo de 60 minutos; RTI (Reserva Técnica de Incêndio) V(volume) = Q (vazão)x T (tempo) V= 100L/min + 100L/min x 60 min = 12.000 Litros População x 50 litros/pessoa = 550x50 = 27.500 x 2 dias = 55.000 Litros Somatório: 67.000 Litros
4 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO 4.1 CONCEITO Quando se coloca algo ou alguém dentro de um espaço ocorre a inclusão, palavra que vem do latim e que, na atualidade, tem sido destacada em vários âmbitos com o objetivo de proporcionar a todas as pessoas a inserção igualitária, independentemente das suas condições físicas, econômicas, raciais, entre outras (FARIAS, SANTOS, SILVA, 2009). E, para proporcionar a inclusão, é necessário também compreender o significado da palavra “diversidade” que, resumidamente, baseia-se na pluralidade e que quanto à questão social contempla todos os grupos, inclusive os considerados “minorias” tendo como exemplo as pessoas com deficiências físicas. Para Fernandes (2002), a sociedade acaba categorizando esse grupo por eles apresentarem diferenças marcantes.
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Na situação dos portadores de deficiência há um déficit específico a cada área das diversas deficiências, seja na área física, sensorial ou mental. Todas as áreas apresentam múltiplas singularidades que se diferenciam umas das outras. Um portador de deficiência mental tem déficit diferenciado de um portador de “Síndrome de Down”. As necessidades de um portador de visão subnormal são diferenciadas de um portador de cegueira total, embora os dois tenham um significativo déficit sensorial. Entre todas as pessoas existem diferenças marcantes que deveriam ser consideradas na composição da sociedade, de sua organização material e simbólica. (FERNANDES, 2002, p. 34).
Considerando-se que todas as áreas sociais devem se desenvolver a fim de promoverem a inclusão, o projeto apresentado neste trabalho consiste em um espaço de saúde voltado para pessoas com deficiência motora, com base no conceito de arquitetura inclusiva, utilizando mecanismos arquitetônicos que proporcionem a acessibilidade, autonomia, socialização e, principalmente, segurança. No ano de 2010, 45,6 milhões de pessoas em todo o Brasil, declararam ter algum tipo de deficiência (IBGE, 2010) e mesmo com essa quantidade muito expressiva, nota-se que a falta de acessibilidade ainda é presente em diversas edificações, necessitando de uma arquitetura inclusiva, a qual procura planejar espaços em que a diversidade humana seja respeitada de forma acessível e segura. Nesse conceito de arquitetura, os ambientes são criados com a finalidade de facilitar e promover a inclusão de pessoas com deficiências em espaços que antes não as “cabiam”, promovendo a interação social daqueles que se encontram com condições que, até então, os excluíam dos ambientes tidos como “convencionais” (PIEMONTE, 2016). Nesse sentido, a inclusão neste projeto ocorreu por meio de equipamentos, estrutura física, áreas sensoriais entre outros elementos que juntos possibilitarão a todas as pessoas uma melhor qualidade de vida, levando-se em conta a diversidade, e também uma maior socialização, uma vez que elas terão acesso ao espaço de forma igualitária, suas peculiaridades serão levadas em conta e as limitações serão superadas, fazendo com que esses indivíduos vivenciem novos desafios como, por exemplo, a prática de exercícios físicos. 4.2 PARTIDO Compreendendo que é fundamental para a representação gráfica de um projeto, - após a definição do seu conceito e de suas ideias preliminares -, a criação do partido arquitetônico, isto é, “uma proposta de configuração que prevê relações de espaço e programa, a partir de problemas iniciais e possibilidades projetuais” (SCHARFF, 2015), foi estabelecido que o
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partido do presente projeto consiste em determinar uma série de condicionantes em relação a fatores ambientais, físicos, topográficos, econômicos, legislativos, sociais, entre outros. Todos esses condicionantes são importantes para que o espaço de saúde projetado promova um meio para que indivíduos com deficiência motora possam realizar atividades físicas. Dessa maneira, é necessário pensar em cada peculiaridade com atenção para que a edificação proporcione segurança e conforto, sem representar um impedimento à prática esportiva representando, de fato, um ambiente inclusivo como se propõe no partido onde pode se ver os setores e suas respectivas funções (figura 20). Figura 20 - Setorização do projeto
Fonte: Elaboração própria.
5 ESTUDO PRELIMINAR 5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES
A edificação projetada terá quatro setores: o técnico; de atividade e convivência;
administrativo e de serviços que são descritos a seguir. 5. 1. 1 Setor técnico
SETOR TÉCNICO AMBIENTES
ATIVIDADES
QUANTIDADE
ÁREA
Guarita
Controle de entrada e saída
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6,49m²
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Sanitário
Uso exclusivo da guarita
01
2,24m²
Estacionamento
Vagas exclusivas para funcionários e alunos da academia
87 vagas p/ carro (36 PcD) 36 vagas p/ motos 07 vagas p /bicicletas 2 vagas p/táxi
-
Carga/descarga
Destinada ao recebimento de materiais e equipamentos, como aparelhos de ginástica
02
-
Embarque/Desembarque
Entrada e saída
02
-
Central de Gás
Abastecimento de Gás
01
6,53m²
Sala Técnica/Equipamentos
Controle técnico e monitoramento da academia
01
18,55m²
Deposito de Resíduos
Recolhimento dos despejos produzidos
01
9,10m²
Área Técnica da Piscina
Abrigo para materiais de ginásio da musculação. Conserto de equipamentos
01
46,80m²
Apoio/Depósito de Materiais Piscina
Depósito para materiais da piscina como boias, pranchas, raias, materiais de limpeza, etc.
01
23,53m²
Cozinha
Abastecimento da cantina
01
10,00m²
DML
Depósito de material de limpeza
01
4,68m²
Lixo
Para uso da cantina
01
1,90m²
44
Vestiário
Uso exclusivo de funcionários
01
10,51m²
5. 1. 2 Setor de atividade e convivência
SETOR DE ATIVIDADE E CONVIVÊNCIA AMBIENTES
ATIVIDADES
QUANTIDA DE
ÁREA
Hall de Espera
Espera para atendimento ou para espera de alunos
01
80,66m²
Pátio
Convivência
01
164,26m²
Cantina
Convivência
01
15,30m²
Sala de Nutrição
Espaço destinado a consulta pelo respectivo profissional
01
10,50m²
Enfermaria
Espaço destinado a primeiros socorros e pequenos curativos
01
10,96m²
Avaliação Física
Análise da condição e capacidade física individualizada
02
16,03m²
Artes Marciais
Realização da respectiva atividade
01
74,56m²
Sala de Pilates
Realização da respectiva atividade
01
111,77m²
Sala Fisioterapia
Realização da respectiva atividade
02
26,50m²
Sala Multiuso
Realização da respectiva atividade
01
74,56m²
Sala de Spinning
Realização da respectiva atividade
01
110,85m²
Ginásio de Musculação
Área destinada a aparelhos de pesos livres e equipamentos para treino de força física
01
365,77m²
45
Área Cardiovascular
Espaço destinado para atividades cardiovasculares
01
189,00m²
Piscina
Realização de atividade aquáticas
01 semiolímpica 01 hidroterapia
250m² 100m²
Relaxamento
Sauna Massagem
02
24,00m²
Rouparia
Espaço destinado a troca e guarda de roupas e objetos pessoais.
02
13,50m²
Sala Técnica
Armazenamento de equipamentos e produtos para as saunas
02
7,00m²
Vestiários
Uso do público em geral
01 masculino 01 feminino
82,03m² 82,03m²
Sala de Reabilitação Intelectual
Espaço destinada a oferecer tratamento para pessoas com deficiência intelectual
01
10,50m²
Área de Alongamento
Espaço destinado a exercícios físicos que visam a preservação e o aperfeiçoamento do grau de flexibilidade muscular
01
83,36m²
Espaço Kids
Espaço para proporcionar segurança, comodidade e conforto para filhos e usuários da academia, oferecendo diversas atividades
01
38,32m²
46
Sala de RPG
Espaço destinado a técnica de fisioterapia Reeducação Postural Global
02
32,19m²
Sanitário PcD infantil
-
02
3,00m²
Copa
Área destinada a refeições dos funcionários
01
58,28m²
5. 1. 3 Setor administrativo
SETOR ADMINISTRATIVO AMBIENTES
ATIVIDADES
QUANTIDADES
ÁREA
Recepção
Atendimento imediato ao público; Informações sobre os serviços oferecidos.
01
49,13m²
Administração
Gerenciamento geral da academia
01
14,28m²
Reunião
Reunião e Encontros
01
33,01m²
Coordenação
Controle dos serviços
01
20,72m²
47
Arquivos
Armazenamento
01
5,62m²
Sala para funcionários
Espaço de descanso e convívio dos funcionários
01
21,46m²
DML
Depósito de material de limpeza
01
3,00m²
Vestiários
Uso exclusivo de funcionários
02
24,00m²
Sanitários
Uso exclusivo de funcionários e público atendido pelo setor
02 (masculino) 02 (feminino)
3,00m² 3,00m²
5. 1. 4 Setor de serviços
SETOR DE SERVIÇOS AMBIENTES
ATIVIDADES
QUANTIDADE
ÁREA
Cantina
Venda de produtos alimentícios
01
15,25m²
Loja
Vendas de produtos fitness: luvas, óculos touca de natação, suplementos entre outros utensílios
01
82,57m²
Depósito
Depósito para produtos da loja
01
15,38m²
48
Sanitário
Uso exclusivo de funcionários da loja
02
6,00m²
Oficina/depósito
Guarda e manutenção de bicicletas
01
31,91m²
Casa de bombas
Guarda de equipamentos técnicos
01
8,99m²
Depósito Geral
Armazenamento de equipamentos
01
64,29m²
01
8,90m²
Depósito de lixo
5.2 ORGANOGRAMA
Área destinada a coleta e reciclagem de resíduos
49
5.3 FUNCIONOGRAMA
50
6 PROJETO/PROPOSTA
51
Por muitos anos as pessoas com deficiência física (PcD) foram excluídas da sociedade e eram consideradas e tratadas como incapazes. Entretanto, atualmente, a inclusão está cada vez mais presente e é necessário que esta não ocorra de forma fragmentada, podendo atuar de forma multidisciplinar, inclusive no tocante à construção de espaços que contemplem esse público. (SBARDELOTTO; MACADAR; MOREIRA, 2016). No Brasil, cerca de 45,6 milhões de pessoas apresentam alguma deficiência sendo, portanto, de extrema importância de garantir a participação dessas pessoas nas diversas atividades sociais. Sendo assim, entende-se que a prática de exercícios físicos é uma forma dos PcDs descobrirem sua plenitude, prevenindo enfermidades secundárias, melhorando autoestima, e promovendo integração social, levando esses indivíduos a terem uma vida mais saudável e participativa (SASSAKI, 2006). As pessoas estão cada vez mais se desmotivando em realizar atividades físicas em casa, procurando, portanto, os locais apropriados para desenvolvê-las, ou seja, em centros especializados em atividades físicas e reabilitação, mais conhecidos como academias (SABA, 2001). Essas academias devem possuir os espaços adequados e adaptados para receber pessoas com diversos tipos de necessidades especiais e garantir a acessibilidade dos mesmos. No desenvolver do partido arquitetônico em questão, foi destacada a acessibilidade como condição essencial no projeto, sendo valorizado os acessos do pedestre e PcDs, e estacionamento exclusivo para uso dos clientes, além de pátio com acesso a um deck coberto e café, que servem como área de convivência. Além disso, possui também um espaço kids, adaptado para receber crianças, com toda estrutura equipada e banheiro adequado para os menores. Este espaço de saúde conta com uma capacidade de atender 500 usuários durante os três turnos do dia, estimando-se 160 usuários por turno. A academia tem como característica inclusiva não só os clientes, mas também o quadro de funcionários. Serão incluídos no setor administrativo, funcionários portadores de necessidades especiais. Todos os espaços deste local serão adaptados e pensados na inclusão. Para o projeto referido foram estabelecidos os seguintes valores: Área do terreno: 11.740 m2 Área ocupada: 5.113,60m2
Área livre: 6.626,40 m2
Área permeável: 2.548,30 m2
Área construída total: 5.113,60 m2
6.1 SETOR DE RECEPÇAO
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Este setor foi planejado com o intuito de realizar atendimento aos visitantes, de modo que comporte as pessoas em espera para atendimento, realizar check-in e check-out dos usuários, para atendimento de marcação de avaliação bem como retirada do treino diário. Possui também um ponto comercial, o qual é uma loja que pode comercializar vestuário fitness em geral, acessórios, como óculos de natação, toucas, luvas, squeezes, suplementação, que pode atender também o público externo (Figuras 21 e 22). Além disso, este setor conta com um café, o qual é um espaço de convivência que dispõe de um deck coberto com acesso à parte externa, criando um ambiente agradável e com banheiros adaptados próximos. Na entrada, após a recepção, há um mapa tátil, que também é um passaporte para a inclusão, os quais são ferramentas cartográficas que utilizam a percepção tátil para decodificar a representação do espaço geográfico em questão, para deficientes visuais. Figura 21 - Localização em planta do setor de Recepção
Fonte: Acervo pessoal
53
Figura 22 - Localização em planta do café e loja
Fonte: Acervo pessoal
6.2 SETOR DE ADMINISTRAÇÃO O setor de administração conta com uma sala para realização das atividades de gestão do local, como gestão financeira, arquivo e armazenamento das documentações referentes ao empreendimento. Além disso, conta com banheiros unitários feminino e masculino PcD próximos, a fim de evitar maiores deslocamentos em busca de sanitários (Figura 23).
Figura 23 - Localização em planta do setor administrativo
Fonte: Acervo pessoal
54
6.3 ESPAÇO KIDS O espaço kids (Figura 24) oferece atividades para as crianças que praticam natação, além dos filhos de alunos matriculados no espaço. Figura 24 - Localização em planta do espaço kids
Fonte: Acervo pessoal
6.4 JARDIM SENSORIAL Desde a década de 90 ocorreram os primeiros relatos de como começaram a surgir os primeiros jardins sensoriais. Atualmente, sabe-se que existem jardins dessa natureza no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. O público alvo inicialmente era de pessoas com deficiência visual, com o propósito de estimular outros sentidos não afetados. Os elementos destes jardins têm o potencial de estimular todos os sentidos, e em caso de situações onde ocorrem perdas sensoriais degenerativas, ocorre a estimulação de sentidos não comprometidos (CARVALHO, 2011). Sendo assim, como já mencionado, um jardim sensorial proporciona diversas experiências, propiciado para pessoas com diferentes deficiências, como visual, surdocegos, deficientes motores, cognitivos e de equilíbrio, além de também beneficiar pessoas que necessitam de um relaxamento e alívio de estresse (CORRÊA, 2009). Esses jardins podem ser construídos em espaços de pequena ou grande dimensão, ser público ou privado, e podem estimular um ou vários órgãos dos sentidos (MOORE; WORDEN, 2003). O jardim sensorial proposto tem o objetivo de aguçar os sentidos de tato, por meio das plantas, audição, com os repuxos de água, visão, por meio das cores vívidas, e o olfato, por meio dos aromas das plantas.
55
Optou-se por uma vegetação diversificada de portes variados, proporcionando aos usuários do espaço, locais de socialização, conforme pode ser visto na Figura 25. Figura 24 - Localização em planta do jardim sensorial
Fonte: Acervo pessoal
6.5 MODALIDADES DE IMPACTO 6.5.1 Aparelhos cardiovasculares Para atividade aeróbica com monitoramento das funções cardíacas dos clientes do espaço de saúde, tem um espaço reservado para atividades cardiovasculares. Os aparelhos e equipamentos deste espaço serão adequados para o uso por PcDs e farão com que estes se sintam como parte integrante da sociedade. Esta área conta com elípticos, esteiras, simuladores de escadas, bicicletas horizontais e verticais, e bicicletas de mão PcD. 6.5.2 Ginásio de Musculação O ginásio de musculação é uma área destinada para exercícios com aparelhos de pesos livres e equipamentos de treino de força, os quais, para garantir uma experiência segura, devem ser adequados para os PcDs, como remada, supino, desenvolvimento com puxada alta, rotação vertical com diagonal duplo, voador peitoral com dorsal, entre outros, já adaptados para este público alvo. Dessa forma, os clientes podem executar seus exercícios de forma livre e independente. Alguns aparelhos híbridos (Figuras 26, 27 e 28) serão instalados, os quais possuem rampas para cadeirantes, instruções em braile, com fonte ampliada e assento rebatível, que
56
permite, portanto, o uso por clientes não cadeirantes. Dentre eles estão a torre de bicicleta híbrida, o tríceps híbrido, além de abdominal e bíceps. A área disponibilizara de 4 professores com atendimento máximo de 6 alunos por horário e mais dois professores qualificados para acompanhar alunos PcDs ou com mobilidade reduzida. A área destinada aos exercícios de musculação é bastante ampla, com espelhos laterais e centrais e permite integração visual com o ambiente externo, com aberturas para áreas verdes com deck e espelhos d´água. Figura 25 - Equipamento híbrido para atletas amputados.
Fonte: Juliana Cardilli - G1.
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Figura 26 - Academias se adaptam para receber deficientes.
Fonte: Juliana Cardilli - G1
Figura 27 - Localização em planta da sala de musculação
Fonte: Acervo pessoal
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6.5.3 Sala de spinning A sala de spinning, por sua vez, contará com isolamento termoacústico e será totalmente climatizada, com diversos recursos audiovisuais e iluminação apropriada (figura 28). Figura 29 - Localização em planta da sala de Spinning
Fonte: Acervo pessoal
6.6 MODALIDADES FUNCIONAIS 6.6.1 Sala multiuso A sala multiuso (figura 30) tem como função encontros de capacitação profissional do quadro de funcionários, minicursos, palestras, seminários, além de encontros com fornecedores. Neste local, também serão realizadas atividades de ginástica em geral, como aulas de jump, danças, aulas de músculos locaiss, dentre outros. Figura 30 - Sala multiuso
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Fonte: Acervo próprio
6.6.2 Salas de artes marciais Sabe-se que é comum em portadores de deficiência física, a sensação de impotência. A prática de artes marciais é essencial para garantir a capacidade do indivíduo de se defender, conhecer melhor o próprio corpo, trabalhar o equilíbrio físico e mental, e proporcionar mais autoconfiança, além de garantir a boa forma. Nas proximidades da sala de artes marciais, encontra-se um pátio aberto revestido com tatame sintético para atividades de Capoeira. 6.6.3 Salas de RPG e pilates Trata-se de duas modalidades de exercícios que já são muito comuns nas rotinas de pessoas portadoras de necessidades especiais. Estes exercícios têm como objetivo o alinhamento, flexibilidade, bem como melhorar os níveis de consciência corporal, equilíbrio e coordenação motora, gerando, portanto, melhora nas valências físicas de pessoas portadoras de deficiência (POLO, 2015). Agregar o pilates e RPG no espaço de saúde, além de diversificar as modalidades de exercícios oferecidas, garante um trabalho multiprofissional aos PcDs, a fim de melhorar o perfil motor como um todo, e trazer autonomia, melhora da autoestima, promover a socialização e melhora na coordenação motora e postural.
60
Figura 31 - Sala de RPG e Pilates
Fonte: Acervo próprio
6.7 SALA DE ENFERMARIA Como todo espaço de saúde, é imprescindível que tenha uma área de primeiros socorros para atendimento de qualquer intercorrência que venha a acontecer no local. 6.8 NUTRIÇÃO Como é de conhecimento, uma consulta com um profissional qualificado e específico é imprescindível para uma melhora do desempenho físico no geral. A nutrição, portanto, é um alicerce para esse desempenho, uma vez que esta proporciona o combustível para extrair a energia necessária dos alimentos, bem como todas as outras substâncias necessárias para manutenção saudável e equilibrada do organismo. Sendo assim, a nutrição esportiva tem como principal objetivo dar um suporte para praticantes do exercício físico, auxiliando seu desempenho (OLIVEIRA; TORRES; VIEIRA, 2008). O espaço contará com um profissional da nutrição habilitado para as diversas condições requeridas, onde prestará atendimento adequado, com avaliação física e prescrição de dietas individualizadas. 6.9 VESTIÁRIOS E SANITÁRIOS Os vestiários tratam-se de um espaço destinado à troca e armazenamento de roupas e objetos pessoais, o qual terá espaço adaptado para PcDs, com armários com alturas adequadas
61
para cadeirantes. Os vestiários femininos e masculinos são adaptados dentro dos critérios e parâmetros técnicos, com espaço para manobras de cadeiras de rodas de raio de 360º. Ao lado das bacias sanitárias há instalações de barras, para garantir transferência do cadeirante, lavatórios com altura específica para encaixe da cadeira e com alcance visual no espelho. Os pisos destes sanitários são antiderrapantes (figura 32). Os banheiros acessíveis, portanto, irão obedecer aos parâmetros decretados por normas quanto à localização, à quantidade necessária, à dimensão dos espaços, à presença de barras de apoio, todos com a finalidade de atender ao conceito de acessibilidade, como descrito na figura 32. Figura 33 - Áreas de transferência e manobra para uso da bacia sanitária
Fonte: NBR 9050/2015
62
Figura 34 - Vestiário e banheiros em planta
Fonte: Acervo pessoal
6.12 ÁREA AQUÁTICA Foram implantadas duas piscinas, uma que oferece atividades de hidroterapia e hidrobike com dimensão de 100m2, e outra com piscina de dimensão de 250m 2, com proporções semiolímpicas, destinada à natação. A escolha por duas piscinas para o setor, foi determinada por levar em consideração o choque de necessidades entre as atividades realizadas. Os vestiários e banheiros feminino, masculino e PcD do setor aquático, foram estrategicamente posicionados para dar suporte à área, assim tornando acessível, além de evitar maiores deslocamentos em busca de ambientes sanitários. A cobertura do setor aquático é composta por laje impermeabilizada onde foi previsto um sistema de geração de energia elétrica a partir da energia solar formado por um conjunto de placas fotovoltaicas, tendo em vista a economia no consumo de energia elétrica. Vale destacar que a região onde se encontram as placas receberá sol durante todo o dia, visto que se localiza entre o sol nascente e poente (norte). Foi pensado desta maneira para que a maior absorção dos raios solares acontecesse, armazenando e gerando maior quantidade de energia.
63
Figura 35 - Área aquática em planta
Fonte: Acervo pessoal
6.13 ESTACIONAMENTO O estacionamento é dividido em duas partes, uma destinada ao público geral e outra destinada aos funcionários e carga e descarga, localizados respectivamente na parte anterior e posterior da edificação. Embora a norma estabeleça que apenas 2% das vagas tem obrigatoriedade, de ser adequadas para PcDs, para este projeto, considerou-se um número maior das vagas exclusivas para pessoas com deficiência, totalizando 87 vagas para carros, 36 vagas para motos, 2 vagas para táxi, 2 vagas para embarque/desembarque e 2 vagas para carga/descarga. Nas coberturas, foram utilizadas telhas termoacústicas em toda a edificação. Estas telhas são compostas de duas chapas metálicas (aço galvanizado) e possui um material isolante no seu interior, geralmente feito de isopor ou poliuretano. Seu uso tem muitas vantagens, como a redução de ruídos externos, controle térmico, evitando o superaquecimento das coberturas, ação retardante na ação de chamas, 90% de redução térmica em relação a um menor custo, ao comparar com outras alternativas. Foram utilizadas também coberturas de policarbonato e estrutura metálica que são fixadas por tirantes por conta de seu balanço.
64
Figura 36 - Estacionamento principal em planta
Fonte: Acervo pessoal
Figura 37 - Estacionamento de funcionários em planta
Fonte: Acervo pessoal
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo, foi possível perceber uma carência nas estruturas de academias da cidade de Vitória da Conquista no que se refere à inclusão. As pessoas com deficiências físicas, na sua totalidade, necessitam de espaços que os incluam, e por isso, consolida-se a relevância de um desenvolvimento de uma academia adequada, com equipamentos híbridos, espaços que possam ser utilizados por PcDs e que permita a interação entre os usuários, e não os isolar em espaços exclusivos, que não permitem a socialização com outras pessoas.
65
Os diversos ambientes propostos possibilitam uma interação social, não só referente aos exercícios, mas nos diversos espaços adaptados para tal função. Sendo assim, é possível concluir que a arquitetura também contribui para que as diferenças entre os diversos grupos da sociedade possam ser superadas. No entanto, ressalta-se que é necessário um planejamento adequado e acessível, a fim de permitir que portadores de deficiências físicas tenham uma interação e convívio social também na prática esportiva de forma segura e autônoma.
66
REFERÊNCIAS
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APÊNDICES APÊNDICE A – MAQUETE ELETRÔNICA/ IMAGENS 3D
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