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FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
NATALI ALVES DOS SANTOS
CLÍNICA ONCOLÓGICA INFANTIL: A ARQUITETURA COMO ALIADA NO PODER DA CURA
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA DEZEMBRO / 2016
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NATALI ALVES DOS SANTOS
CLÍNICA ONCOLÓGICA INFANTIL: A ARQUITETURA COMO ALIADA NO PODER DA CURA
Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Professor Orientador: Leonardo Dourado.
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA DEZEMBRO / 2016
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NATALI ALVES DOS SANTOS
CLÍNICA ONCOLÓGICA INFANTIL: A ARQUITETURA COMO ALIADA NO PODER DA CURA
Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Professor Orientador: Leonardo Dourado.
Aprovado em ___/___/______
Banca examinadora:
_____________________________________________________ Leonardo Dourado Arquiteto e Urbanista Docente da Faculdade Independente do Nordeste - FAINOR
_____________________________________________________ Líbera Dall’Orto Arquiteta e Urbanista Docente da Faculdade Independente do Nordeste - FAINOR
_____________________________________________________ 3° Membro
VITÓRIA DA CONQUISTA-BA DEZEMBRO / 2016
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A arquitetura hospitalar ĂŠ um instrumento de cura de mesmo estatuto que um regime alimentar, uma sangria ou um gesto mĂŠdico (FOUCAULT, 1990, p. 109).
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A Deus, que nos criou e foi criativo nesta tarefa. Seu fĂ´lego de vida em mim me foi sustento neste caminho laborioso e encorajou-me para questionar realidades e propor sempre um novo mundo de possibilidades.
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AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Fernando e Débora, pelo conhecimento transmitido, pela dedicação direcionada a mim, apoio e incentivo a tudo que me proponho a realizar. A concretização desse sonho é de vocês. Ao meu companheiro, Lucas, pela compreensão, amor, apoio e estudos compartilhados. Essa vitória também é sua. Ao orientador, Leonardo, pelos ensinamentos, contribuições e confiança depositada em meu trabalho. Por fim, a Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela para o meu conhecimento científico, vislumbrando um horizonte superior.
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RESUMO O presente trabalho aborda a importância da humanização em um ambiente hospitalar, especificamente em um projeto autoral de uma Clínica Oncológica Infantil, na cidade de Vitória da Conquista – BA, como referência em tratamento e diagnóstico do câncer em crianças de 0 a 12 anos, atendendo não somente à cidade onde está inserido, mas também ao Sudoeste Baiano. Tendo como foco principal a arquitetura como aliada no poder da cura, argui-se que a arquitetura possui a capacidade de, através da edificação construída, conceber o mesmo poder de um gesto médico. Isto é, pode-se dizer o quão a mesma auxilia na cura de um paciente, ressaltando a interferência positiva que um ambiente externo pode oferecer na recuperação da criança, auxiliando, assim, o seu longo processo de recobro. Serão apresentadas aqui as benfeitorias adotadas e proporcionadas às crianças, que por conta da humanização do ambiente, terão o seu tratamento abreviado, implicando, também, na amortização das despesas médico-hospitalares. O resultado foi obtido através de um projeto de clínica planejado com o conceito de humanização, aplicando-se distrações positivas junto à psiconeuroimunologia: luz, cor, som, aroma e textura, nas quais a sua integração com o exterior foi alcançada através da materialização dos cinco sentidos humanos. Igualmente, solidificando-se por meio de uma edificação em formato de Lego, Tetris e Cubo Mágico, com pátio central, jardins externos com paisagismo, jardim terapêutico e sensorial, horta, entre outros. Buscou-se, assim, promover o contato do paciente com a vegetação, água, diferentes texturas e formas capazes de provocar estímulos sensoriais variados. Palavras-chave: Arquitetura, humanização hospitalar, oncologia infantil.
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ABSTRACT This paper discusses the importance of humanization in the hospital environment, specifically in an authorial project of Clinical Oncology Children in the city of Vitoria da Conquista - BA, as a reference in treatment and diagnosis of cancer in children 012 years, in not only to the city where it operates, but also the Baiano Southwest. Focusing mainly on the architecture as an ally in the power of healing. Argui that the architecture has the ability through building built the same power of a doctor gesture, so you can tell how the same helps in curing a patient, highlighting the positive interference that an external environment can offer in recovery child, thus helping their long process of recovery room. Here will be presented the improvements adopted and provided to children, that because of the environmental humanization, will have their abbreviated treatment, implying also the amortization of medical and hospital expenses. The result was achieved through a clinic designed with the concept
of
humanization,
applying
positive
distractions,
near
the
psychoneuroimmunology: light, color, sound, smell, texture and shape. Where, their integration with the outside has been achieved through the materialization of the five human senses. Solidifying through a building in Lego format, Tetris and Rubik's Cube with central courtyard, external landscaped gardens, therapeutic and sensory garden, vegetable garden, among others. thereby promoting the contact of the patient with vegetation, water, different textures and shapes that can cause you different sensory stimuli. Key-words: Architecture, hospital humanization, child oncology.
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Sumário
1.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 10
1.1 Justificativas ................................................................................................................................ 11 1.2 Objetivos ...................................................................................................................................... 13 1.2.1 Objetivos Gerais ...................................................................................................................... 13 1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................. 13 2. EXPLORAÇÕES TEÓRICAS ...................................................................................................... 15 2.1 Humanização............................................................................................................................... 15 2.2 Humanização de ambientes especializados em oncologia infantil ...................................... 16 2.3 O papel do arquiteto no ambiente hospitalar .......................................................................... 17 2.4 Controle do ambiente ................................................................................................................. 17 2.5 A influência positiva da distração em ambientes infantis de tratamento oncológico ......... 18 2.6 Método Montessoriano aplicado ao ambiente hospitalar infantil .......................................... 19 2.7 Psiconeuroimunologia ................................................................................................................ 21 2.7.1 Luz ............................................................................................................................................. 22 2.7.2 Cromoterapia: a cor como terapia ......................................................................................... 23 2.7.3 Som ........................................................................................................................................... 25 2.7.4 Aroma ........................................................................................................................................ 26 2.7.5 Textura ...................................................................................................................................... 27 2.8 Características arquitetônicas de integração .......................................................................... 27 3.
PROJETOS REFERENCIAIS .................................................................................................. 28
4. METODOLOGIA............................................................................................................................ 32 4.1 Pesquisa em campo ................................................................................................................... 32 4.2 Referenciais Teóricos ................................................................................................................. 32 5. APRESENTAÇÃO DA ÁREA ...................................................................................................... 34 5.1 Levantamento Topográfico ........................................................................................................ 34 5.2 Estudos de Insolejamento e Ventilação ................................................................................... 35 5.3 Localizações e Entorno .............................................................................................................. 36 5.3.1 Análise dos Mapas .................................................................................................................. 38 5.4 Legislação .................................................................................................................................... 40 5.4.1 RDC’S, Normativas, Portarias, Plano Diretor, Código de Obras. ..................................... 40 5.5 Setorização .................................................................................................................................. 47
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6. DEFINIÇÃO DO PARTIDO .......................................................................................................... 49 6.1 Partido arquitetônico ................................................................................................................... 49 6.2 Estilo e Conceito do projeto....................................................................................................... 50 7. PROGRAMA .................................................................................................................................. 52 7.1 Programas de necessidades e Pré Dimensionamento .......................................................... 52 7.2 O Projeto ...................................................................................................................................... 57 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................... 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 67
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1. INTRODUÇÃO
Ao retroceder na era, em tempos não muitos distantes, é possível enxergar que as instituições públicas de saúde, em especial as que tratam da área de oncologia infantil, tomavam-se por satisfeitas com o suporte que até então era oferecido, pois seria o suficiente para crianças em tratamento bruto. Porém, esta circunstância não era o mesmo que dizer sobre uma satisfação em nível global, sobretudo para familiares, amigos, acompanhantes e principalmente para as próprias crianças que usufruíam dos tratamentos. Em tempos atuais, a Organização Mundial de Saúde pondera a saúde como um bem-estar físico, mental e social. Diante deste fato, é possível afirmar que a Arquitetura pode influenciar de forma positiva no ambiente, alterando o estado físico e mental do mesmo, tanto para as crianças, quanto para os adultos. Porém, é necessária a percepção de como traduzir em termo espacial, de como iniciar um projeto de uma clínica hospitalar de tratamento na área de oncologia infantil, analisando o fato de um edifício que auxilie nas condições psicológicas, físicas e sociais. Janela (2015), em sua dissertação de mestrado, expõe um pensamento compatível e também usual no conceito de humanização em clínicas oncológicas de pediatria. Neste contexto, quando um familiar é surpreendido com o diagnóstico de que a sua criança encontra-se com uma doença cancerígena, espera-se, desde logo, o pior, mas, à medida que o tempo passa e que o ambiente de tratamento passa a fazer parte da rotina dessa pessoa, a mesma começa a sentir a necessidade de tomar parte ativa no processo. Para além do choque que a família e outras pessoas mais próximas sofrem, e diante do constante apoio que o familiar deve oferecer, o desgaste psicológico e físico será, também, um grande fator. No sentido da psicologia familiar, é fácil imaginar o estado de uma pequena criança que passa e sofre pelos tratamentos rigorosos, além do medo, angustia e ânsia pela cura. É neste panorama que a arquitetura hospitalar, nos últimos anos, tem advindo por um artifício de modificação. Isso se dá ao fato do nível de apreensão emergente com o bem-estar global dessas crianças. Devido a esta preocupação, foram impulsionadas
modificações
nos
edifícios
hospitalares
e
nos
tratamentos
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direcionados à saúde em geral. Por conta deste novo cenário, os olhares estão envoltos na qualidade do ambiente hospitalar e em como manter longe o aspecto hostil e que muitas vezes intitulou-se como verdadeiros presídios desumanos. Pode-se dizer, assim como Vasconcelos (2004), que esta nova visão abrange o conceito de Humanização dos Ambientes Hospitalares, considerada fundamental para o bem estar físico e psicológico do paciente. A humanização aproxima o ambiente físico dos valores humanos, tratando o homem como foco principal do projeto, consistindo na qualificação do espaço construído através de atributos projetuais que provocam estímulos sensoriais benéficos aos seres humanos. A Integração de ambientes externos com o interno apresenta-se como peça fundamental para a humanização do espaço arquitetônico por agrupar uma imensa variedade de estímulos provenientes do ambiente externo que provocam reações no corpo humano, como por exemplo, sons, aromas, texturas, ventilação e intensidade luminosa diferenciada, além de cores e formas diversas que estimulam, também, toda a criatividade da criança em tratamento. A presente Clínica de Oncologia Infantil, portanto, está inserida no contexto de humanização, com amplos espaços, utilizando-se do método Montessori nos ambientes destinados a estes pacientes, agregando profissionais especializados na área e equipamentos de ponta.
1.1 Justificativas
A palavra e o conceito de humanização não eram muito usuais e muito menos um item a ser discutido em mesas redondas, seja das grandes redes de instituições médicas, a profissionais ligados à área de saúde em geral, arquitetos, etc. A preocupação com a qualidade ambiental do edifício hospitalar não era pautado como algo a se atentar. Vasconcelos (2004), porém, citando Florence Nightingale em seu livro Notes on Nursing and Notes on Hospitals (1859), já enfatizava a importância de atributos como ventilação adequada, saneamento, controle do ruído e da luz para a qualidade do ambiente hospitalar. Por outro lado, Malkin (1991, pp. 78 – 93) afirmava que o primeiro requisito de um hospital era que seu ambiente não fizesse mal aos pacientes. Assim, a terapia das cores e a integração do paisagismo com o
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paciente em tratamento seriam hipóteses que poderiam auxiliar no tratamento do câncer. Ademais, evidências científicas mostram que projetos arquitetônicos sem nenhum atributo ambiental estimulante para o corpo humano agem contra o bemestar dos pacientes e têm efeitos negativos nos indicativos fisiológicos. Segundo pesquisas citadas por Ulrich (apud VASCONCELOS, 2004), “esses ambientes causam as mesmas consequências negativas nos pacientes infantis que a ansiedade, o delírio e a pressão alta, aumentando a admissão de drogas para controle da dor”. Diante deste fato, o projeto arquitetônico direcionado à clinica de tratamento de oncologia infantil deve ser muito mais que eficiente em funcionalidade e respeito às normas. Deve promover o bem-estar, criando ambientes que sejam um apoio físico e psicológico às crianças. Em Vitória da Conquista, através de pesquisas realizadas com funcionários e médicos de Unidades Oncológicas, foi tomado como resultado a inexistência de uma clínica direcionada a crianças com câncer. As mesmas quando diagnosticadas são encaminhada para as cidades de Itabuna e Salvador, locais que possuem hospitais de referência, tais quais a Santa Casa de Misericórdia - Hospital Manoel Novais, em Itabuna e o Hospital Martagão Gesteira, em Salvador. Foram tomados para um estudo superficial os dados da Secretária Municipal de Saúde de Vitória da Conquista, que no período de 2000 a 2008 verificou-se que o tipo de câncer mais frequente são as leucemias, seguidas pelos linfomas e osteossarcomas, com 39,5%, 18,9% e 9,9% respectivamente. A maioria dos afetados, em torno de 70%, possui a idade média de 07 a 13 anos e 30% entre 0 e 6 anos e 14 e 18 anos. No período de 2008 a 2014, foram cadastrados pelo Sistema Único de Saúde 47 crianças, também entre 07 e 13 anos, diagnosticadas com câncer que recebem o tratamento oncológico, sendo 24 atendidas em Salvador, 21 atendidas em Itabuna e 2 Salvador/Itabuna por mês. Durante o ano de 2015 foram cadastrados 255 novos casos de câncer, e estes encaminhados para Itabuna e Salvador. Com base nestes dados, foi possível calcular a população que receberá o tratamento na clínica e assim dimensionar o ambiente e demais áreas da mesma. Portanto, uma Clínica Oncológica na cidade de Vitória da Conquista trará benefícios para a população local e para as outras cidades circunvizinhas, fazendo com que os habitantes não precisem se deslocar para cidades distantes, onde,
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nesse sentido a humanização também fará jus. O aconchego do tratamento personalizado em sua cidade residente também aumenta as chances de cura, em que a arquitetura, em seus elementos construtivos, poderá auxiliar nas questões levantadas, haja vista que o projeto arquitetônico possui o poder de diminuir a permanência do paciente no hospital, além do que, enquanto a sua passagem, pode fornecer instrumentos importantíssimos para a aceleração da cura, como veremos.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivos Gerais
Projetar uma Clínica Oncológica Infantil em Vitória da Conquista - BA, com base no conceito de humanização. Utilizar-se-á de artifícios da arquitetura como possibilidade de auxilio à cura
1.2.2 Objetivos Específicos
1) Avaliar características arquitetônicas para que haja a integração do paciente com a parte externa da clínica nas anatomias hospitalares mais empregadas recentemente; 2) Avaliar a partir da opinião de funcionários dos hospitais visitados, e junto a estudantes da área de saúde, através de questionários elaborados, como a relação do ambiente externo e do ambiente hospitalar influencia os pacientes em tratamento; 3) Propor, com base em estudos teóricos e práticos, propostas temáticas para a diversão da criança enquanto exposta ao tratamento; 4) Identificar as necessidades das crianças com câncer, no que diz respeito ao conceito de humanização hospitalar;
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5) Analisar como cada estímulo sensorial é recebido pelas crianças e como isso pode ser introduzido através do projeto; 6) Comprovar com entrevistas e visitas, as principais necessidades de uma Clínica Oncológica Pediátrica na cidade.
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2. EXPLORAÇÕES TEÓRICAS
2.1 Humanização
Humanizar é o ato ou efeito de tornar benévolo, mais sociável. Ou ainda, tornar mais humano um determinado lugar, considerando a visão de mundo que tem o homem como principal referencial e está presente em todos os setores da sociedade contemporânea. Mezzomo (2002, p.14-15) esclarece que “a humanização é entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana”. Logo, a humanização abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano, e ainda:
Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde. Humanizar é adotar uma prática em que profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais que compõem o atendimento à saúde. Humanizar refere-se, possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento e de reconhecimento dos limites. Humanizar é fortalecer este comportamento ético de articular o cuidado técnico-científico, com o inconsolável, o diferente e singular. Humanizar é repensar as práticas das instituições de saúde, buscando opções de diferentes formas de atendimento e de trabalho, que preservem este posicionamento ético no contato pessoal. (MEZZOMO, 2002, P. 14-15)
Para humanizar é preciso entender o conceito de ser humano. É preciso ter consciência de que a pessoa que utiliza o espaço é a peça fundamental na definição de como deve ser o ambiente. É só conhecendo as necessidades e expectativas do usuário que será possível proporcionar-lhe um ambiente capaz de supri-las e superá-las, tornando-o mais próximo de sua natureza, de seus sentimentos, pensamentos e valores pessoais. “Qualquer empreendimento humano, para ter sucesso, deve atingir a mente, o coração e o espírito”. (MEZZOMO, 2002, p. 42) Dessa forma, podemos dizer que a humanização de ambientes é sinônima de conforto e qualificação do ambiente construído a fim de promover o seu usuário, o
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homem, que possui foco principal no presente projeto, um espaço capaz de proporcionar bem estar mental e físico para desenvolver de forma fluida a suas atividades.
2.2 Humanização de ambientes especializados em oncologia infantil
A humanização hospitalar até os últimos tempos não era pautada de forma rigorosa, como, acredita-se, deveria ser. Esse fato não se pode levar ao equívoco de que o tema é extremamente recente, quando na verdade, é discutido há mais de cem anos. Florence Nightingale (apud VASCONCELOS, 2004) notou os efeitos do meio ambiente em seus pacientes, sendo a precursora na preocupação com a qualidade do ambiente hospitalar, e certamente, estando à frente de seu tempo. Ela uniu perspectivas do ambiente físico com saúde e psicologia ambiental nos seus livros: Notes on Nursing e Notes on Hospitals, publicados em 1859. Suas palavras serviram como instruções para direcionar os projetos de estabelecimentos de saúde que enfatizavam a recuperação. A obra Notes on Hospitals foi uma forte influência para a arquitetura hospitalar de todo o mundo. Desde os anos 1850, os hospitais vêm sofrendo transformações consideráveis, seja quanto ao avanço tecnológico e científico, seja quanto ao espaço físico e sua importância para a população usuária. Hoje, um hospital, além de responder a todas as necessidades funcionais, deve atender a todos os requisitos que podem influir sobre a psicologia do paciente para uma recuperação mais rápida. A nova tendência para projetos de estabelecimentos de saúde é a criação de ambientes que promovem a cura. (cf. VASCONCELOS, 2004). A humanização conceitua e visa atender a necessidade do paciente em questão – crianças portadoras do câncer – e assim obter conhecimento das características infantis, sensoriais e ambientais a serem oferecidas. Assim, crianças com esta patologia normalmente sentem-se desanimadas, cansadas e fracas devido à longa exposição do tratamento. Por conta disso, como exemplo de necessidade, faz-se indispensável um ambiente terapeuticamente planejado. Os pequenos pacientes por estarem em um momento de tristeza psicológica e sem estímulos para parâmetros
comportamentais
inerentes
como
brincar,
correr,
pular,
torna
fundamental um ambiente amplo e com algumas atividades, como televisão e jogos,
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além do projeto de interiores com mobiliários que prezam pelo método Montissoriano1.
2.3 O papel do arquiteto no ambiente hospitalar
A humanização de um ambiente deve-se principalmente ao partido arquitetônico adotado durante o seu planejamento. Por isso é importante o arquiteto estar inserido neste contexto, tanto pelo ponto de vista técnico e criativo. O arquiteto deve estar a par das exigências da entidade mantenedora do programa, da equipe de trabalho do hospital e da população de pacientes que utilizará o espaço. Todas essas informações devem ser somadas aos conhecimentos técnicos necessários para a proposta projetual de uma edificação de alta complexidade, que é o hospital, além da capacidade criativa dos arquitetos para embutir nesse espaço complexo, sistemático e em constante evolução, os atributos de projeto que vão humanizar o ambiente, tornando-o funcional e confortável ao mesmo tempo. Portanto, o principal objetivo do projeto, além da estética e funcionalidade, deve ser a promoção da cura para os pacientes.
2.4 Controle do ambiente
Os adultos em geral sentem a necessidade de controlar o ambiente que os cercam, e a partir desse ponto de vista, é imaginável o comportamento das crianças, que normalmente são seres impulsivos e explosivos. A sensação de controle é um importante fator que influencia o nível de estresse e o bem-estar em diversos grupos de pessoas, principalmente em pacientes hospitalizados que já estão fragilizados física e psicologicamente. Evidências científicas demonstram que um hospital barulhento, confuso, sem privacidade e que não permite ao indivíduo controlar seu ambiente imediato, prejudica o paciente reduzindo sua sensação de autonomia, o que pode causar depressão, passividade, aumentar a pressão arterial e reduzir a funcionalidade do sistema imunológico (cf. ULRICH, 1990). 1
Este método pedagógico foi desenvolvido pela italiana Maria Montessori , médica especialista em psicologia e pedagogia, o qual fomenta a independência da criança, inserindo-a no centro dos debates, em primeiro lugar.
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Situações ou condições que são incontroláveis geralmente são aversivas e estressantes em qualquer ambiente, não só no hospitalar. Por isso, algumas soluções arquitetônicas podem ser encontradas para proporcionar ao paciente a sensação de controle do ambiente, como: a) oferecer privacidade visual para pacientes vestirem-se em salas de imagens; b) permitir o controle do canal e do volume da televisão; c) incluir jardins ou pátios acessíveis a pacientes, possibilitando-lhes o uso; d) criar um local onde os pacientes possam dedicar-se a coisas de seu interesse; e) a presença de cortinas de vidro torna-se interessante para que os pacientes visualizem a parte externa. Porém, é imprescindível o cuidado para que os mesmos não sejam vistos em determinadas situações.
2.5 A influência positiva da distração em ambientes infantis de tratamento oncológico
Se o nível de estímulo é muito alto devido ao som, à intensa iluminação, às cores vibrantes, e outros elementos do ambiente, o impacto acumulativo destes estímulos no paciente vão lhe causar estresse. Por outro lado, se o nível de estimulação sensorial for muito baixo, ou ainda, se não existir, o paciente estará mais propício a uma depressão ou a sentimentos ruins (cf. VASCONCELOS, 2004). A distração positiva é, portanto, proporcionada por um ambiente formado por elementos que provocam sentimentos positivos no paciente, prendendo sua atenção e despertando seu interesse para outras coisas além da sua doença, sem cobrança ou estresse individual, o que reduz ou até mesmo bloqueia os pensamentos ruins (cf. ULRICH, 1981). Uma pintura na parede que remete ao espaço, onde o paciente ao entrar na sala de tomografia, pode-se tornar um astronauta dentro da sua imaginação, realizando os exames como um leve sonho, de forma distraída e relaxante, é uma forma de arquitetura humanizada, como no exemplo abaixo:
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Figura 1: Hospital Infantil Sabara, São Paulo, São Paulo, BRA. Fonte: www.hospitalinfantilsabara.org.br
Enquanto é de senso comum que as distrações podem fazer as pessoas esquecer-se de seus problemas, argumenta-se, neste trabalho, que uma grande variedade de distrações leva à redução do estresse por diferentes caminhos. No nosso projeto, então, serão sugeridas propostas para proporcionar distrações positivas no ambiente hospitalar, como: a) Presença de átrios, jardins internos e espaços abertos ao exterior; b) Uso de elementos como água, incluindo fontes e aquários, sempre que possível; c) Janelas baixas que permitem ao paciente a visão exterior a partir do seu leito; d) Iluminação e uso de cores adequadas; e) Integração com a natureza, que apresenta todos os elementos necessários para estimular o usuário e prender sua atenção através dos sentimentos positivos que causa.
2.6 Método Montessoriano aplicado ao ambiente hospitalar infantil
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Um ambiente pode estimular a coordenação, desenvolvimento motor e psíquico da criança, é o que diz o método Montessoriano, desenvolvido pela médica/pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952). A proposta é a busca direta e pessoal do aprendizado das crianças, colocando o individuo em condições de forjar seu próprio caminho. Caracterizado por enfatizar a independência, liberdade e desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas dos pequenos, o método Montessori necessita de um ambiente projetado sob a ótica infantil, feito para que a criança possa circular livremente e descobrir possibilidades e estímulos para seu desenvolvimento. Pensando o espaço neste sentido, foi possível projetar, em ambientes específicos para o uso infantil, elementos proporcionados a sua escala e que permitam dirigir a criança ao conhecimento sempre. Os objetos não devem ser muitos, e sim a quantidade justa e necessária para a aprendizagem. Os elementos e suas formas devem ser simples; o espaço, fácil de manter limpo, sem elementos que se interponham ao fluir do ambiente; de tal forma, várias atividades devem poder ser realizadas simultaneamente. Como exemplo, na sala de quimioterapia é possível gerar outras atividades independentes, bem como: ler, escrever, pintar, jogar ou assistir TV. Assim como poltronas em diversas escalas atendendo as necessidades dos pacientes de zero a 13 anos de idade. A ideia é proporcionar à criança o livre arbítrio da escolha. Nesse tocante, a arquitetura observou que tal método entusiasma a classe infantil a ser livre, e por isso, foi incluso mobiliários para beneficiar as mesmas. A essência do pensamento montessoriano aplicado à clínica prevê que o ambiente hospitalar não deve ser organizado para sua chegada, mas estruturada a partir de sua criação. Logo, quando se pensa em uma decoração montessoriana, é preciso ter em mente que a proposta é fazer um ambiente pensando no público infantil e não para uso de adultos. Também é importante ter uma perspectiva que vai além da aparência puramente decorativa. A prioridade é a liberdade que a criança deve ter, sempre de forma ordeira, a permitindo movimentar com habilidade e controle.
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Figura 2: Brinquedoteca Montessoriana da Playspace, São Paulo, BRA. Fonte: www.pinterest.com.br
2.7 Psiconeuroimunologia
A Psiconeuroimunologia é a arte e ciência de criar ambientes que ajudam a evitar doenças, acelerar a cura e promover o bem-estar das pessoas. Ele estuda os estímulos sensoriais, os elementos do ambiente que os causam e as relações entre estresse e saúde. Seus estudos demonstram que a variação na quantidade de estímulos sensoriais é necessária, pois a condição de monotonia permanente induz distúrbios patológicos (cf. GAPPELL, 1991). Ainda Segundo Gappell (1991), o bem estar físico e emocional do homem é influenciado por seis fatores: luz, cor, som, aroma, textura e forma. Estes elementos do ambiente têm impacto tão grande no psicológico e no físico dos indivíduos que uma instalação médica bem projetada, aplicando adequadamente estes fatores, pode ser considerada parte importante do tratamento.
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2.7.1 Luz
Tanto a iluminação natural – proveniente do sol – quanto a iluminação artificial – proporcionada por luminárias dispostas no ambiente – são importantes para a qualificação dos espaços hospitalares, principalmente quando o estado fragilizado dos pacientes e sua longa permanência na instituição são considerados. A combinação da iluminação natural com a artificial de forma a satisfazer tanto os aspectos normativos, que estabelecem as iluminâncias mínimas, quanto aos aspectos qualitativos, que visam o bem estar dos pacientes, é considerada ideal. Muitos ambientes de saúde são iluminados por lâmpadas fluorescentes, mas infelizmente a luz fria é interpretada pelo corpo humano como escuridão, pois não traz nenhum benefício à saúde. Biologicamente, a melhor luz para o interior das edificações é a luz vinda das janelas, átrios e zenitais, a luz do sol. Além disso, a luz natural influi positivamente no humor e na disposição das pessoas. Portanto, ambientes com cortinas de vidro, claraboias, janelas que submetem os pacientes em contato com o exterior, são exemplos que suprem a necessidade de iluminação natural.
Figura 3: Escola Velez Rubio, Almeria, Espanha. Fonte: http://lusmarduarte.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html
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2.7.2 Cromoterapia: a cor como terapia
Segundo Heller (2007), conhecemos muito mais sentimentos do que cores. Dessa forma, cada cor pode produzir muitos efeitos, frequentemente contraditórios. Cada cor atua de modo diferente, dependendo da ocasião. O mesmo vermelho pode ter efeito erótico, nobre e alegre. O mesmo verde pode atuar de modo salutar, venoso, ou ainda, calmante. Em sua obra, “A psicologia das cores” Eva Heller (2007) afirma que não existe cor destituída de significado, a impressão causada por cada cor é determinada por seu contexto, ou seja, pelo entrelaçamento de significados em que a percebemos. Desta forma, podemos analisar que as cores influenciam de forma positiva ou negativa no psicológico e no emocional humano, como o amarelo que, segundo a citada autora, é a cor da recreação, da jovialidade e do otimismo, ou ainda, a cor da luz, da iluminação, e da inteligência, assim como o vermelho, que é a cor do sangue, da vida, a cor da liberdade e do trabalho, a cor do dinamismo, das correções, do controle e da justiça. Além disso, as cores quentes fazem com que a percepção de algum objeto e espaço se avance, enquanto as cores frias as distanciam. Tais efeitos das cores são impressionantes, provocando estímulos sensoriais nas pessoas e, com isso, causando distrações positivas, conforme visto anteriormente. A cor pode ser aplicada ao ambiente com a intenção de destacar algum objeto ou elemento construtivo, com a intenção de tornar o ambiente mais aconchegante, ou simplesmente com a intenção de criar uma atmosfera de brincadeira e alegria, evitando a monotonia que poderia haver num simples corredor, como bem apontou Vasconcelos (2004) em sua dissertação de mestrado. Abaixo, vemos um exemplo de como a cor pode ser utilizada com a finalidade de ressaltar os ambientes:
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Figura 4: Hospital Infantil Nemours, Orlando, EUA. Fonte: www.archdaily.com.br
Figura 5: Hospital Infantil Nemours, Orlando, EUA. Fonte: www.archdaily.com.br
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Figura 6: Escola Velez Rubio, Almeria, Espanha. Fonte: http://lusmarduarte.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html
Portanto, a utilização do poder das cores é um caminho a seguir para ambientes visuais, podendo assim proporcionar interesse e estimulação para os pacientes e constituir um espaço mais produtivo.
2.7.3 Som
É necessário pensar, no ato do anteprojeto arquitetônico, em elementos que inibem ruídos estressantes. Ambientes barulhentos tornam as crianças mais lentas, o que os faz persistirem em comportamentos infantis, tendo maior dificuldade para falar e para desenvolver atividades. Dessa forma, para melhoria na acústica de um ambiente hospitalar, pode-se pensar em revestimentos e móveis que não amplificam ou refletem as ondas sonoras. Além disso, métodos construtivos, como telhas termo acústicos, podem ser empregadas. Vale dizer, o som positivo evoca uma resposta emocional, altera o humor e aguça os outros sentidos. Dessa forma, os sons da natureza podem ser alcançados através de hortas, jardins extensos e correntes de água. Pois, com tais elementos, atribuirá o canto dos pássaros e a presença de borboletas para o ambiente externo, acalentando assim, o paciente locado na parte interna.
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2.7.4 Aroma
O aroma, tanto quanto o som, pode ser positivo ou negativo. É, na verdade, uma persuasão silenciosa que influencia a mente, o corpo e a saúde. O cheiro é o mais evocativo dos sentidos, tem uma relação muito íntima com o lado emocional e faz o caminho mais rápido de ligação com o cérebro, estimulando-o a resgatar memórias (cf. GAPPEL, 1991). Uma boa solução para as edificações hospitalares é a implantação de canteiros internos, pois a própria vegetação proporciona fragrâncias agradáveis. As plantas, de uma forma geral, podem purificar o ar de ambientes fechados, absorvendo as toxinas e alegrando o ambiente, consequentemente promovendo o contato com a natureza.
Figura 7: Instituto de Oncologia Santa Paula, São Paulo, SP. Fonte: http://www.engenhariaearquitetura.com.br/
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2.7.5 Textura
Através da pele podemos sentir sensações como o frio e o calor, além de ser o maior órgão dos sentidos. Uma das opções que podem ser adotadas é a utilização de distrações, como jardins sensoriais. Por meio das texturas das plantas pode-se assegurar o conforto do corpo humano, bem como, escolhas corretas de tecidos e mobiliários para a parte interna da edificação.
Figura 8: Associação das crianças carentes do estado de São Paulo, São Paulo, SP. Fonte: www.archdaily.com.br
2.8 Características arquitetônicas de integração
Através da amplitude dos espaços é possível atrair o olhar do observador, mas ao mesmo tempo, devem permitir que ele tenha uma visão geral de todo o espaço; A organização espacial e elementos que compõem o espaço devem ter um certo nível de complexidade, para evitar a monotonia e despertar a curiosidade e o interesse do observador. Atribuir variedade ao ambiente pela exploração de diversas e contrastantes formas, tipos, texturas e cores das plantas presentes; entretanto com a necessidade de haver um ponto de equilíbrio para evitar que essa variedade seja exagerada e prejudicial; A utilização de movimento no projeto, bem como com a integração da natureza, junto a aromas e sons positivos, é, também, uma das características que podem ser adotadas para a integração interior/exterior
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3. PROJETOS REFERENCIAIS
O Hospital Infantil Nemours, situado em Lake Nona Medical City, um empreendimento de uso misto em Orlando, Flórida, estabeleceu um novo padrão de projeto. Liderado por Stanley Beaman & Sears, o novo hospital é uma prova do termo "ambiente de cura" - evocando uma qualidade de afirmação da vida para tranquilizar os pais e encantar as crianças. A solução arquitetônica do projeto é resultado de uma colaboração com várias partes de Nemours, incluindo profissionais, administradores e um comitê familiar de pais e crianças.
Figura 9: Hospital Infantil Nemours, Orlando, EUA. Fonte: www.archdaily.com.br
Contudo, o hospital agregou de forma positiva para a elaboração projetual da Clínica de Oncologia Infantil. Pois, a Nemours é destinado a tranquilizar e inspirar, encorajar e divertir - e o investimento em paisagismo reflete o entendimento do Hospital Nemours do papel da natureza na vida de uma criança. Durante o processo de planejamento, quando surgiram questões centrais, a equipe de projeto foi inspirada por diversas vezes a se perguntaram: O que é melhor para as crianças? terminando o debate e chegando ao centro de suas prioridades como uma organização. Onde, estes elementos centrais e a preocupação com o melhor para as crianças, foram primordiais para o embasamento projetual.
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O Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, possui uma ala para diagnóstico e tratamento na área de oncologia infantil e demais patologias. O Instituto Desiderata investe na transformação do ambiente, tornando-o um espaço acolhedor, lúdico e agradável para pacientes, cuidadores e profissionais de saúde, com base no conceito de humanização. A intenção deste grupo responsável pela promoção da humanização nesta ala foi essencial para o projeto da Clínica, pois foi intencional que esse espaço possa influenciar mudanças nas práticas de produção e promoção da saúde nos hospitais públicos do Rio de Janeiro, além de minimizar os impactos do tratamento em todos os envolvidos. Além das formas lúdicas para a promoção da humanização.
Figura 10: Sala de aplicação de quimioterápicos; Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, BRA. Fonte: www.bossame.com.br
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Figura 11: Sala de Tomografia; Rio de Janeiro, BRA. Fonte: www.bossame.com.br
O Hospital GRAACC, em São Paulo, nasceu em 1991, graças à iniciativa do Dr. Sérgio Petrilli, chefe do setor de Oncologia do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina, o engenheiro voluntário Jacinto Antonio Guidolin e Sra. Léa
Della
Casa
Mingione,
voluntária
do
Hospital
do
Câncer.
O primeiro passo foi transferir o Setor de Oncologia Pediátrica do Hospital São Paulo para uma casa, que ficou conhecida como a "casinha". Os pequenos pacientes eram atendidos nesse local, dentro do conceito de hospital-dia, onde recebiam atendimento médico e assistencial e voltavam para as suas casas. Este hospital possui uma ala de tratamento conhecida como “Quimioteca”, ambiente onde os pacientes são submetidos ao tratamento, porém com distração positiva, que é a leitura. Portanto, o quesito lúdico, humano e da distração positiva foram colocadas em prática no projeto da Clínica.
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Figura 12: Quimioteca GRAAC, São Paulo Fonte: www.graac.org.br
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4. METODOLOGIA 4.1 Pesquisa em campo
Foram feitas visitas em hospitais e clínicas de oncologia na cidade de Vitória da Conquista – BA e Rio de Janeiro - RJ, onde foi analisado o contexto do espaço, da arquitetura, do funcionamento, a integração do exterior com os pacientes em tratamento, a humanização do edifício, a promoção das cores e do paisagismo como terapia, a existência de ambientes lúdicos e atrativos, bem como funcionalidade dos espaços oferecidos tanto para paciente, quanto para acompanhantes e funcionários do local. A entrevista estruturada foi outra metodologia escolhida com o fim de obter informações práticas de profissionais que lidam com hospitais e clinicas diariamente. Entre elas se incluem médicos, enfermeiros, psicólogos e arquitetos especializados na área. E aplicação de questionário ao público via internet. De acordo os dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Vitória da Conquista, foi possível elaborar um programa de necessidades, estimando um espaço de atendimento para 25 crianças e adolescentes atendidos por vez.
4.2 Referenciais Teóricos
A pesquisa foi desenvolvida tendo por base documentação indireta, consubstanciada em material bibliográfico e documental, principalmente livros doutrinários, artigos científicos, revistas, periódico e coletas de exemplares arquitetônicos, fundamental para ilustrar como a humanização hospitalar acontece no mundo a fora; a busca de projetos e imagens de clínicas e hospitais especializados em tratamento referente a pediatria. Para compreender a possibilidade de um projeto arquitetônico em nível de atingir o psicológico, físico e social do paciente, com o intuito de acelerar o seu procedimento e possibilitar a cura, através do ambiente, fez-se necessária o estudo de casos e pesquisa em campo, para coletar dados para obter informações necessárias a respeito das características arquitetônicas que promovem a
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integração do ambiente hospitalar com um ambiente externo, tirando-o do aspecto hostil. No que concerne ao procedimento, esta pesquisa utilizou o método hipotéticodedutivo. Este método de pesquisa, idealizado por Karl R. Popper, parte de um problema, ao qual se oferece uma espécie de solução provisória, passando-se depois a criticar a solução, com o objetivo de eliminar o erro. Para a elaboração do programa de necessidades foi utilizado o Sistema de Apoio á Elaboração de projetos, RDC 50/2002, Manual Prático de Arquitetura Hospitalar e Manual Prático de Arquitetura para Clínicas e Laboratórios, do autor Ronald de Goés, que aborda de forma resumida esta norma. Foram também utilizadas as normas municipais como: o Plano Diretor e Código de Obras, utilizando para dimensionamento de vagas para o estacionamento e classificação da construção de acordo a localização do terreno, e suas restrições. Ainda, contamos com o apoio teórico do Manual do Arquiteto, do autor David Littlefield, e a Arte de Projetar em Arquitetura, por Ernst Neufert.
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5. APRESENTAÇÃO DA ÁREA
5.1 Levantamento Topográfico
O terreno escolhido para o projeto encontra-se na cidade de Vitória da Conquista – BA, precisamente na Av. Serrano, B. Boa Vista e possui as coordenadas: L301577,05 e E8353984,59, possuindo uma área de 12.527,45m² e podendo ser localizado na plataforma Google Earth. O seu norte verdadeiro está voltado para a sua lateral esquerda, facilitando a disposição dos ambientes. Para a obtenção destas informações, a medição foi feita com o aparelho Estação Total para a elaboração da Planta Planialtimétrica, com o auxúlio de um topógrafo.
Figura 13: Tabela Coordenadas. – Fonte: Acervo próprio, 2016
Figura 14: Planta Planialtimétrica. – Fonte: Acervo próprio, 2016
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5.2 Estudos de Insolejamento e Ventilação
O estudo apresentado é de suma importância para o desenvolvimento do projeto arquitetônico, pois permite que a edificação garanta conforto térmico aos usuários. Desta forma, pode-se usufruir da ventilação e iluminação natural. Ao fundo do terreno está o Nascente, e à frente o Poente, na qual terá uma maior preocupação ao projetar devido a incidência de sol e calor no período da tarde.
Figura 15: Insolejamento e Ventilação Fonte: Acervo próprio, 2016
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5.3 Localizações e Entorno
Figura 16: Planta de localização Fonte: Acervo próprio, 2016
Para a escolha do terreno foram priorizados alguns itens, como: localização em trecho urbano, fácil acesso a transportes públicos, fácil acessa a comércios, hotéis, hospitais com suporte cirúrgico e de internação. Estes foram artefatos cruciais para a decisão e escolha. O aludido terreno está inserido na Av. Serrano, e a sua lateral encontra-se com a Avenida Juracy Magalhães, onde a sua fachada frontal e entradas principais locou-se pela Av. Serrano. Para a escolha do posicionamento da edificação, assentamo-nos principalmente pelo estudo de insolejamento minucioso, haja vista o baixo fluxo de automóveis na Avenida Serrano quando comparado com a Avenida Juracy Magalhães. O local é propício para o futuro empreendimento, justamente por possuir hospitais próximos, principalmente a Clínica Oncomed, que faz o tratamento de quimioterapia em adultos. Os pontos de ônibus estão localizados em frente (Av. Serrano, Boa Vista), e na sua lateral esquerda (Av. Juracy Magalhães), facilitando o acesso dos pacientes e do público em geral.
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Figura 17: Av. Serrano, Boa Vista (ponto de ônibus em frente ao empreendimento) Fonte: Acervo próprio, 2016
Figura 18: Av. Juracy Magalhães, Boa Vista (ponto de ônibus na lateral do empreendimento) Fonte: Google Earth
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Figura 19: Av. Juracy Magalhães, Boa Vista (seringueira na lateral do empreendimento) Fonte: Google Earth
Figura 20: Av. Serrano, Boa Vista (visão geral do terreno) Fonte: Google Earth
5.3.1 Análise dos Mapas
MAPA LEGISLAÇÃO A área que será edificada está localizada na zona de uso ZR-5, tendo como
uso permitido comercio atacadista e varejista, empreendimentos, serviços, institucional, residencial e indústria. (Mapa em anexo na pasta).
MAPA HELIOTÉRMICO O estudo apresentado é crucial para o desenvolvimento do projeto
arquitetônico, pois permitem que o projeto a ser implantado garanta conforto térmico aos usuários, onde os ambientes foram projetados usufruindo da ventilação e iluminação natural. (Mapa em anexo na pasta).
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MAPA USO DOS SOLOS A área onde será executado o empreendimento é predominantemente
residencial, com vários terrenos inabitados, poucas construções de múltiplo uso e muitas lojas comerciais. Isso é de extrema importância para o desenvolvimento da obra, pois mostra que o local esta apito a receber um empreendimento desse porte devido a infraestrutura existente na região. (Mapa em anexo na pasta).
MAPA MASSA EDIFICADA A ocupação na área abrangida pelo mapa é predominantemente de terrenos
vazios e edificações residenciais com menos de quatro pavimentos. O terreno está situado em uma área em desenvolvimento devido à construção de condomínios residências e comércios. O entorno imediato do terreno é composto por um hotel e diversos comércios, que não ultrapassam quatro pavimentos. (Mapa em anexo na pasta).
MAPA EXCEPECIONALIDADES A região determinada possui infraestrutura necessária aos moradores devido
à variedade de serviços oferecidos e atividades comerciais distintas, além disso, na área em estudo foi identificada uma edificação do tipo hospitalar (hospital geral de base), onde são realizados todos os tipos de atividades medicas, um centro de hemodiálise e uma clínica oncológica para adultos. (Mapa em anexo na pasta).
MAPA ESTADO DE CONSERVAÇÃO A região onde está situado o terreno apresenta alguns lotes vazios, embora
em franco desenvolvimento. Próximo, situam-se bairros residenciais como: Felícia, os Loteamento Jardim Guanabara, Conquistense, Alto da Boa Vista, etc. As casas, em geral, estão em bom estado de conservação e a maior parte das vias são asfaltadas. (Mapa em anexo na pasta).
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MAPA VEGETAÇÃO Foi observado que há uma falta de vegetação no entorno do terreno.
Caracteriza várias áreas sem vegetação e também com vegetação rasteira, como grama e capim seco. Em toda a extensão da área de abrangência é vista pouca vegetação, mostrando assim o déficit que a cidade encara, desta forma fica evidente, a implantação de arvores típicas da região. Para caracterizar o terreno e o empreendimento, foi aconselhável um bom tratamento com vegetação, e também implantação de mais áreas verdes ao longo do trajeto e no empreendimento. (Mapa em anexo na pasta).
MAPA SISTEMA VIÁRIO A área a ser edificada está basicamente rodeada por vias locais, por estar
situada em um baixo residencial, sendo que a via principal mais importante é a Av. Juracy Magalhães, onde há um tráfego intenso de veículos ao longo do dia, porém a vida de acesso para o empreendimento se dará através da Av. Serrano. (Mapa em anexo na pasta).
5.4 Legislação 5.4.1 RDC’S, Normativas, Portarias, Plano Diretor, Código de Obras.
Para o perfeito funcionamento da Clínica de Oncologia infantil, fez-se necessário estudos profundos relacionadas à legislação especifica, pois, por se tratar de saúde humana e infantil, cuidados são mais que imperiosos. As leis e normas técnicas utilizadas foram: a) NR 32/2005 – Segurança e saúde no trabalho em Serviços de Saúde: tem
por finalidade
estabelecer
as
diretrizes
básicas
para
a
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral;
41
b) RDC nº 306/2004 - Esta norma determina um local específico para o armazenamento e separação dos resíduos gerados na clínica, dando a cada um deles um destino correto, não infectando um ao outro. Considerando que os serviços de saúde são os responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os RSS (Resíduo de Serviço de Saúde) por eles gerados, atendendo às normas e exigências legais, desde o momento de sua geração até a sua destinação final. c) RDC nº.
220/2004 - A RDC limita os padrões mínimos para o seu
funcionamento, abrangendo as etapas de observação clínica e prescrição médica, preparação (avaliação da prescrição, manipulação e controle de qualidade
e
conservação),
transporte,
administração,
descarte,
documentação e registros que garantem rastreabilidade em todas as etapas do processo. O STA (Serviço de Terapia Antineoplásica), deve dispor para atendimento de emergência médica, no próprio local ou em área contígua e de fácil acesso, e em plenas condições de funcionamento. Para o preparo de medicamentos antineoplásicos, a sala exclusiva para manipulação deve ter a área mínima de 5 m² por cabine de segurança biológica, com uma área de armazenamento exclusiva. d) RDC nº 50/2002 – Regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde: Os projetos para a construção, complementação, reforma ou ampliação de uma edificação ou conjunto de edificações serão desenvolvidos, basicamente, em três etapas: estudo preliminar, projeto básico e projeto executivo. O desenvolvimento consecutivo dessas etapas terá, como ponto de partida, o programa e necessidades (físico-funcional) do EAS (Estabelecimentos Assistenciais de Saúde), onde deverão estar definidas as características dos ambientes necessários ao desenvolvimento das atividades previstas na edificação. Para a avaliação do PBA (Projeto básico de Arquitetura) é feita uma análise por
equipe multiprofissional
e
elaborado parecer
técnico
baseado
na
documentação apresentada, emitido por profissional (is) legalmente habilitado (s).
Este parecer deverá ser expedido pelo órgão responsável pela direção do
42
Sistema Único de Saúde municipal ou estadual. O parecer deverá descrever o objeto de análise e conter uma avaliação do projeto básico arquitetônico quanto:
Adequação do projeto arquitetônico às atividades propostas pelo EAS (estabelecimento assistencial de saúde) - verificação da pertinência do projeto físico apresentado com a proposta assistencial pretendida, por unidade funcional e conjunto do EAS, objetivando o cumprimento da assistência proposta;
Funcionalidade do edifício - verificação dos fluxos de trabalho/ materiais/ insumos propostos no projeto físico, visando evitar problemas futuros de funcionamento e de controle de infecção (se for o caso) da unidade e do EAS como um todo;
Dimensionamento dos ambientes - verificação das áreas e dimensões lineares dos ambientes propostos em relação ao dimensionamento mínimo exigido por este regulamento, observando uma flexibilidade nos casos de reformas e adequações, desde que justificadas as diferenças e a não interferência no resultado final do procedimento a ser realizado;
Instalações ordinárias e especiais - verificação da adequação dos pontos de instalações projetados em
relação ao determinado por este
regulamento, assim como das instalações de suporte ao funcionamento geral da unidade (ex.: sistema de ar condicionado adotado nas áreas críticas, sistema de fornecimento de energia geral e de emergência (transformadores e gerador de
emergência),
sistema
de
gases
medicinais adotado, sistema de tratamento de esgoto, sistema de tratamento de RSS, quando for o caso e equipamentos de infraestrutura, tais como: elevadores, montacargas, caldeiras, visando evitar futuros
problemas
decorrentes
da falta ou da inadequação dessas
instalações;
Especificação básica dos materiais - verificação da adequação dos materiais de acabamento propostos com as exigências normativas de uso por
ambiente
e
conjunto
do EAS,
visando adequar os materiais
empregados com os procedimentos a serem realizados. O parecer deve ser conclusivo e conter a análise do PBA sobre cada um dos itens acima relacionados, identificando os problemas existentes (se houver) de
43
forma descritiva e recomendando as alterações ou complementações a serem feitas,
assim
como
conter
a observação da necessidade de apreciação e
aprovação do projeto pelos órgãos competentes do nível local para execução da obra. A Política Nacional de Atenção Oncológica (PNAO) - Expões as carências estruturais da rede de atenção oncológica. A rede de atenção oncológica não está suficientemente estruturada para possibilitar aos pacientes de câncer acesso tempestivo
e
equitativo
ao
diagnóstico
e
ao
tratamento
de câncer.
A
Constituição Federal, no art. 196, assegura o acesso universal da população aos serviços de saúde, sendo este um dos princípios do SUS, conforme é definido pelo art. 7º da Lei 8.080/1990, a Lei Orgânica da Saúde. A Lei 8.080 (art. 16, inciso III, alínea “a”) estabelece, ainda, que à direção nacional do SUS compete definir e coordenar sistemas “de redes integradas de assistência de alta complexidade”. Em relação à oferta de serviços de quimioterapia, o confronto do número de tratamentos realizados no ano de 2010 com as necessidades estimadas, não evidencia a existência de déficit. O Anexo III da Portaria SAS/MS 741/2005 define que, em média, os pacientes de câncer que recebem quimioterapia permanecem de seis a nove meses em tratamento. Em razão disso, estimou-se o número de pacientes atendidos pela divisão do número total de procedimentos realizados durante o ano de 2010 por 7,5 meses, que representa o tempo médio em tratamento. O resultado obtido indica que, durante o ano de 2010, 292.610 pessoas teriam realizado quimioterapia pelo SUS, o que representa 111,3% da demanda estimada de quimioterapia para todo o Brasil, da ordem de 262.794 tratamentos. Já havia sido mencionada na Nota Técnica a do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) sobre a Política Nacional de Atenção Oncológica, divulgada em 2005, na qual consta que “atualmente um dos grandes problemas de assistência oncológica é a melhoria do acesso à cirurgia oncológica”. A Portaria SAS/MS 62/2009 reeditou o que já constava da Portaria SAS/MS 146/2008, que havia estabelecido que a CGMAC, o INCA e a Coordenação-Geral de Regulação e Avaliação (CGRA) deveriam manter o monitoramento e a avaliação contínua e anual dos estabelecimentos habilitados, em termos do enquadramento
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nos parâmetros estabelecidos para habilitação, da avaliação da produção alcançada, assim como da resolução de pendências eventualmente remanescentes à habilitação. As mesmas portarias determinaram que, a cada ano, as Secretarias de Estado da Saúde avaliassem a produção desses estabelecimentos e os indicadores divulgados pela CGMAC, de forma a poderem propor o que considerassem cabível em termos de ajustes nas habilitações estabelecidas. A classificação a qual se classifica o empreendimento a ser executado consta no anexo de tabelas da NBR 9077 – Saídas de emergência em edifícios, a qual adotamos: Serviços de saúde e institucionais H-3 / Hospitais e assemelhados.
Figura 21: Classificação da edificação. Fonte: Acervo próprio, 2016
Após esta classificação H-3, deverá ser verificada a quantidade de saídas de emergência. No entanto, o empreendimento irá conter 4,0 M de pé direito, sendo apenas térreo. Desta forma, está classificado no código L – Edificações Baixas – De acordo a NBR 9077, é exigido 02 saídas de emergência.
45
Figura 22: Saídas de emergência. Fonte: Acervo próprio, 2016
Para as circulações a RDC 50, exige para passagem de cadeira de rodas no mínimo 2,0m para corredores maiores que 11,0m de comprimento, e a largura de 1,20m para os demais. Para as portas de acesso aos pacientes a largura mínima deverá ser 0,80 x 2,10m, portas para a passagem de macas mínimo de 1,10 x 2,10m e portas para salas de exames e terapia é de 1,20 x 2,10m. Atendendo as exigências do município, de acordo o Plano Diretor vigente, a atividade do futuro empreendimento se enquadra na categoria S-2.4 Assistência à Saúde sem internamento, exigindo vagas de estacionamentos baseado na área útil
do
empreendimento, sendo
utilizados
para
pacientes,
acompanhantes,
visitantes e funcionários, além de carga e descarga. Tabela a seguir:
Figura 22: Exigências vagas de estacionamento. Fonte: Acervo próprio, 2016
46
De acordo com a previsão legal no Código de Obras da cidade de Vitória da Conquista, o terreno se encontra na ZR-5 Boa Vista I, onde:
Zona de uso: ZR-5
Localização: Boa Vista I
Usos permitidos: “S”
Cab: 1,0
Cam: 2,0
Co: 0,60
Cp: 0,20
Recuo frontal: 3,0m
Recuo lateral: 1,50m
Figura 23: Zonas de uso. Fonte: Acervo próprio, 2016
Depois de apontados os coeficientes, dos cálculos exigidos para o projeto foi possível atingir os seguintes resultados:
47
Área total do terreno: 12.527,45m²
Área construída: 1.578,8 m²
Área útil: 1.459, 85m²
Área ocupada: 0,12
Área livre: 10.948,65m²
Área permeável: 10.348,8 M² Ca: 0,12
Co: 0,12
Cp: 82,60%
5.5 Setorização
A setorização foi dividida da seguinte forma: Ambiente em vermelho foi locado Diagnóstico e Apoio Técnico, ambiente em azul Atendimento Ambulatorial, ambiente em verde Administrativo, ambiente em laranja Lazer Interno, ambiente em amarelo Atendimento Imediato, e ambiente em rosa Setor de Serviços.
48
Figura 24: Setorização. Fonte: Acervo próprio, 2016
Diagnóstico e Apoio Técnico Atendimento Ambulatorial Administrativo Lazer Interno Atendimento Imediato Setor de Serviços.
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6. DEFINIÇÃO DO PARTIDO 6.1 Partido arquitetônico
Fluidez, cor, criatividade e estimulo visual. Essas foram algumas das premissas para iniciar a ideia do partido. Em se tratando de um projeto destinado para crianças, foi pensado qual objeto usual poderia servir como elemento de fantasias para a edificação. Foi necessário avaliar de que forma o edifício poderia impactar no estimulo visual do seu utilizador, onde, ao se olhar, há uma remissão ao passado ou presente. Dessa forma, foi pensado brinquedos que remetem várias gerações, que não estão presos em determinada época. Os jogos escolhidos foram o Lego, Tétris e o Cubo Mágico. Ambos excitam a concentração visual e mental, utilizam cores cruciais empregadas na edificação, causando assim diversos outros sentimentos. A descontinuidade e desconstrução das peças dos mesmos foi outro fator crucial, pois a vida é descontinua; vive-se em mutações e crescimentos, vive-se o hoje sem saber o amanhã. De repente o que nos era continuo e exato, desconstrói-se, para ergue-se no dia de amanhã. Essa é a contextualização do partido. A descontinuidade e desconstrução são próprias do ser humano desde o nascimento.
Figura 25: Cubo Mágico Fonte: www.pinterest.com.br
50
Figura 26: Peças Tetris Fonte: www.pinterest.com.br
Figura 27: Jogo Lego Residência Fonte: www.pinterest.com.br
6.2 Estilo e Conceito do projeto
O estilo adotado no projeto foi a Arquitetura Contemporânea com traços Desconstrutivistas
nas
platibandas
da
cobertura,
em
que
a
arquitetura
contemporânea se caracteriza por apresentar diferentes possibilidades de classificação, por isso pode-se considerar a existência de três correntes: as correntes derivadas da arquitetura moderna – onde se vê o uso de formas puras isoladas ou combinadas, as correntes lúdicas formalistas – que se utiliza de formas orgânicas para mexer com o imaginário do observador, e finalmente as correntes que se aproximam do paradigma da sustentabilidade e da reutilização de alguns elementos do passado. Já o desconstrutivismo é caracterizado pela fragmentação,
51
pelo processo de desenho não linear, por um interesse pela manipulação das ideias da superfície das estruturas ou da aparência, pelas formas não-retilíneas que servem para distorcer e deslocar alguns dos princípios elementares da arquitetura, como a estrutura. Neste caso, este estilo foi empregado nas alturas não lineares da platibanda da edificação. O conceito empregado no projeto foi o de humanização. A humanização é entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana. Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano, segundo as palavras de Mezzomo: Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais, indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde. Humanizar é adotar uma prática em que profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais que compõem o atendimento à saúde. Humanizar refere-se, à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento e de reconhecimento dos limites. Humanizar é fortalecer este comportamento ético de articular o cuidado técnico-científico, com o inconsolável, o diferente e singular. Humanizar é repensar as práticas das instituições de saúde, buscando opções de diferentes formas de atendimento e de trabalho, que preservem este posicionamento ético no contato pessoal (MEZZOMO, 2002, pp. 14-15)
Para atingir a humanização faz-se necessário compreender a importância do ser humano. É fundamental conter na consciência de que a pessoa que utiliza o espaço é o elemento principal na acepção de como deve ser o espaço. É necessário conhecer as necessidades e expectativas do usuário, apenas dessa forma será provável proporcionar-lhe um ambiente capaz de ir além, tornando-o mais próximo de sua natureza, de seus sentimentos, pensamentos e valores pessoais. “Qualquer empreendimento humano, para sucesso, deve atingir a mente, o coração e o espírito” (MEZZOMO, 2002, p. 42).
52
7. PROGRAMA 7.1 Programas de necessidades e Pré Dimensionamento
DIMENSÃO (mín) m2 PARÂMETRO
UNIDADE/AMBIENTE
QNT
ÁREA TOTAL(m²)
DIM.
ATENDIMENTO AMBULATORIAL Ambiente de recepção Sala de espera para pacientes e acompanhantes Sanitário para pacientes e públicos (Masc e Fem – PCD)
1,0 m2 por pessoa 1,0 m2 por pessoa
1,00
100
100
56
56
1,00
8,0
8,0
1,00
Sanitário para funcionários
Considerar 1,5 m2 por pessoa 1,5 m2 por funcionário
1,00
18,32
18,32
Consultório 01
7,5 m2
1,00
10,8
10,8
Consultório 02
7,5 m2
1,00
10,8
10,8
Consultório 03
7,5 m2
1,00
10,8
10,8
Consultório 04 (w.c)
7,5 m2
1,00
17,7
17,7
Conforto médico Sala de guardar macas e cadeiras de rodas
10,00 m2 12,00m2. (4macas e 4 C. de Rodas)
1,00
16,0
16,0
1,00
12,0
12,0
Sala de apoio aos consultórios
7,0 m2
1,00
7,6
7,6
DML
2,0 m2
1,00
2,73
2,73
Depósito de equipamentos
8,0 m2
1,00
8,0
8,0
ATENDIMENTO IMEDIATO Ambiente de recepção Sala de espera para pacientes e acompanhantes Sanitário para pacientes (Mas e Fem – PCD) Sala coletiva de observação pediatra
1,0 m2 por pessoa
1,00
20,0
20,0
1,0 m2 por pessoa
1,00
20,0
20,0
4,8 m2 por sexo
1,00
10,0
10,0
8,5 m² por leito
1,00
19,70
19,70
DML
2,0 m2
1,00
5,0
5,0
Sala de utilidades Farmácia: Posto de Enfermagem
4,8 m2
1,00
7,5
7,5
6,0 m2
1,00
14,66
14,66
1,00
34,0
34,0
1,00
10,0
10,0
1,00
23,52,
23,52
DIAGNÓSTICO Registro e espera de paciente em diagnóstico 1,0 m2 por pessoa Sanitário para pacientes (Mas e Fem – PCD) 1,5 m2 por pessoa Distância entre leito(s) igual à 0,8 m e entre leito(s) e paredes, exceto Sala de preparo e recuperação cabeceira, igual à de exames 0,6 m e com
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espaço suficiente para manobra da maca junto ao pé dessa Sala de interpretação de laudos 6,0 m2
1,00
Sala de componentes técnicos
1,00
Sala de comandos
4,8 m2 4,0 m² com dimensão mínima = 1,8 m
1 (geral). A necessidade de salas de exames específicos, depende do programa do estabelecimento. O nº de salas depende da capacidade de produção do equipamento e da demanda de Sala de exames de ressonância exames do estabelecimento magnética 1 (geral). A necessidade de salas de exames específicos, depende do programa do estabelecimento. O nº de salas depende da capacidade de produção do equipamento e da demanda de exames do Sala de exames de tomografia estabelecimento
7,12
7,12
4,8 6,0
4,8 6,0
1,00
1,00
39,0
39,0
1,00
69,33
69,33
Vest. Cabine
3,0 m2
3,00
9,0
9,0
Sala de exames de ultrassonografia (W.C)
1 (geral). A necessidade de salas de exames específicos, depende do programa do estabelecimento. O nº de salas depende da capacidade de produção do equipamento e da
1,00
9,52 e 2,40
9,52 e 2,40
54
Sala de exames de Raio-X
demanda de exames do estabelecimento 1 (geral). A necessidade de salas de exames específicos, depende do programa do estabelecimento. O nº de salas depende da capacidade de produção do equipamento e da demanda de exames do estabelecimento
1,00
19,98
19,98
Vestiário Exame
2,0 m2 (UNISEX)
1,00
6,0
6,0
Câmara clara
4,5 m2
1,00
5,88
5,88
Câmara escura
4,5 m2
1,00
5,88
5,88
DML Sala de guardar macas e cadeiras de rodas
2,0 m2 12,00m2. (4macas e 4 C. de Rodas)
2,00
7,2
7,2
2,00
24,0
24,0
Sala de quimioterapia coletiva Enfermaria de repouso (W.C – PCD)
5,0 m² por poltrona
1,00
152,0
152,0
8,5 m2 por leito
1,00
28,0 e 7,5
28,0 e 7,5
1,00
3,0
3,0
1,00
13,0 e 7,5
13,0 e 7,5
1,00
14,0
14,0
1,00
4,8
4,8
1,00
6,0
6,0
1,00
8,8
8,8
Hall isolamento
2,0 m2 6,0 m2 por leito = quarto de 2 leitos 6,0 m2 por leito = enfermaria de 3 à Quarto isolamento (W.C - PCD) 6 leitos Sanitário paciente (Mas. e Fem – PCD) 4,8 m2 por sexo Sala de utilidades 4,8 m2 APÓIO TÉCNICO Farmácia: área de recepção e inspeção
Farmácia: área para armazenagem e controle
10% da área para armazenagem 0,6 m² por leito. Termolábeis, a depender da temperatura e umidade da região e do tipo de embalagem dos medicamentos. Imunob, 2,0 m2 para freezer ou geladeira.
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Farmácia: área de distribuição Farmacotécnica: sala de manipulação preparo e distribuição Farmacotécnica: sala de limpeza e higienização de insumos Farmacotécnica: vestiário de acesso – entrada/saída Hall
Centro de material esterilizado simplificado: área para esterilização Centro de material esterilizado simplificado: sala de armazenagem e distribuição
Adepender do equipamento, no caso do uso de câmaras frias 10% da área para armazenagem
1,00
5,4
5,4
12,0 m2
1,00
24,5
24,5
4,5 m2 3,0 m2 (1/Por sexo)
1,00
6,3
6,3
2,00
8,0
8,0
6,0
1,00
8,6
8,6
1,00
6,15
6,15
1,00
10,0
10,0
1,00
12,46
12,46
1,00
49,74
49,74
1,00
16,20
16,20
1,00
6,0
6,0
1,00
3,0
3,0
1,00
4,05
4,05
1,00
7,84
7,84
Só pode existir como apoio técnico a procedimentos que não exija ambiente cirúrgico para sua realização. Neste caso pode-se dispensar a toda a CME, inclusive os ambientes de apoio, em favor dessa. 0,2 m2 por leito com o mínimo de 10,0 m2 SERVIÇOS
Hall Vestiário funcionário (Mas. e Fem – PCD) Copa Sala de manutenção e guarda de macas e equipamentos Casa de equipamentos de ar condicionado Casa de gases medicinais e gases (cilindros)
Casa de tratamento de resíduos
6,0 6,0 m2 (1;por sexo) 12,00m2. (4macas e 4 C. de Rodas) A depender dos equipamentos utilizados A depender dos equipamentos utilizados Depósito: Cada box deve ser suficiente para a guarda de dois recipientes coletores Depósito químicos: a depender do PGRSS ² do EAS
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Casa de geradores de energia elétrica
Casa de substação elétrica Guarita com W.C
Higienização: box para1 carro coletor De acordo com as normas da concessionária local e com o equipamento utilizado De acordo com as normas da concessionária local e com o equipamento utilizado De acordo com o projeto estabelecido
1,00
5,37
5,37
1,00
7.48
7.48
1,00
14,4
14,4
1,00
119,0
119,0
1,00
70,0
70,0
1,00
58,5 e 28,9
LAZER INTERNO Sala de jogos e Sala de Tv com sala higienização e manutenção de brinquedos Quimioteca com sala de espera Lanchonete e convivência
De acordo com o projeto estabelecido De acordo com o projeto estabelecido De acordo com o projeto estabelecido LAZER EXTERNO
Horta Jardim Terapeutico Espaço Dog Pátio central ao ar livre Parque ao ar livre
De acordo com o projeto estabelecido De acordo com o projeto estabelecido De acordo com o projeto estabelecido De acordo com o projeto estabelecido De acordo com o projeto estabelecido
1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
58,5 e 28,9
57
7.2 O Projeto Trata-se de um projeto de uma Clínica Oncológica Infantil, na cidade de Vitória da Conquista – BA, como referência em tratamento e diagnóstico do câncer em crianças de 0 a 12 anos de idade. Com o conceito de humanização e partido lúdico, empregando as formas do Lego e Tetris na sua edificação. Optou-se por uma edificação térrea, horizontal, onde o contato com o externo pode ser feito fisicamente. Ao contrário da edificação vertical, que só poderia ser feita através de aberturas, como janelas. Foi utilizada para a acessibilidade PCD (Pessoas Com Deficiência), rampas com
inclinação de 8,33% de acordo a NBR 9050 –
Acessibilidade, dando acesso aos diferentes níveis do acesso, os sanitários são adaptados e toda a circulação é acessível para macas e cadeiras de rodas. De acordo com o projeto, o empreendimento possui 1.459,8m² de área útil, sendo 01 vaga para cada 18 m² de área útil, contabilizando 85 vagas de estacionamento. Porém, o projeto conta com um estacionamento com 109 vagas para carros, 06 vagas para motos, 03 vagas para P.N. E, 02 vagas para idosos, 01 para carga e descarga, 02 para embarque e desembarque e 01 para ambulância.
Figura 27: Estacionamento. Fonte: Acervo próprio, 2016
58
As entradas de automóveis acontecerão através da Av. Serrano, a mesma foi escolhida por ser uma avenida de fluxo moderado, pois a Av. Juracy Magalhães possui um grande fluxo de carros e poderia causar congestionamentos ou tornar o andamento lento. Na Av. Serrano locou-se a entrada de automóveis e pedestres e na Av. Juracy Magalhães uma entrada única de funcionários, controlada através de leitura biométrica.
Figura 28: Acessos de pedestres e automóveis. Fonte: Acervo próprio, 2016
Para o abastecimento de água do empreendimento, é necessário fazer o cálculo de população, mas de acordo o Plano Diretor, uma clínica sem internamento será 1 pessoa / 9m² de área útil. Sendo 1.459,8 m² de área útil, a população seria de aproximadamente 170 pessoas.
59
Figura 29: Cálculo de População. Fonte: Acervo próprio, 2016
Mas de acordo a RDC 50, este cálculo de consumo é feito a partir do cálculo dos consumos parciais, entre população e atividades realizadas. Com isso temos para funcionários o consumo de 50l/dia, para paciente externo e público 10l/dia e para pacientes até 24horas, o consumo é de 120l/dia, como não temos internação, lavanderia e cozinha, não utilizaremos nenhuma atividade nos cálculos.
Figura 30: Consumo de água. Fonte: Acervo próprio, 2016
60
De acordo com o projeto, estima-se 79 funcionários, 60 pacientes externo e público, e 30 pacientes até 24 horas, como estes pacientes precisam de acompanhantes, serão 60 pessoas até 24hs. Calculando temos: - Funcionários = 79x50l/dia = 3.950 l/dia; - Paciente externo e público = 60x101l/dia = 6060l/dia; - Pacientes e acompanhantes até 24hs = 60x120 = 7.200l/dia; Total de 17.210l/dia x 3dias = 51.630l/3dias. Sendo 1/3 para o reservatório superior com 17.210l e 2/3 para o reservatório inferior com 34.420l. O reservatório superior terá 2 caixas d’água, pois quando uma estiver em manutenção, a outra abastecerá o empreendimento. Para o cálculo de R.T.I. (Reserva Técnica para Incêndio) utilizaremos a NBR 13714 – Hidrantes e Mangotinhos, onde a fórmula utilizada é V= Q x t, sendo: V é o volume da reserva em litros Q é a vazão de duas saídas do sistema aplicado t é o tempo de 60min do sistema tipo 1 e 2.
Figura 31: Cálculo de Reserva Técnica de Incêndio. Fonte: Acervo próprio, 2016
61
Para o cálculo é necessário verificar o sistema na tabela da NBR 13714, onde a classificação é Grupo H – Ocupação/uso: Serviços de Saúde
e
Institucionais – Sistema 1 – Descrição: Hospitais em geral, então para o cálculo o t é sistema tipo 1.
Figura 32: Classificação dos edifícios e aplicabilidade dos sistemas. Fonte: Acervo próprio, 2016
Para a vazão é utilizado a tabela com os tipos de sistemas, sendo o Sistema tipo 1, com esguicho regulável, mangueiras com diâmetro de 25 ou 32mm, comprimento máximo de 30m, com uma saída e Vazão de 80 ou 100l/min, para a utilização do cálculo é utilizado maior valor. Os sistemas de hidrantes e mangotinhos utilizados para o combate a incêndio deveram ser posicionados em posições centrais nas áreas protegidas e de 1,0m a 1,5m do piso.
62
Figura 33: Tipos de sistemas. Fonte: Acervo próprio, 2016
Com todas as informações necessárias o cálculo se dá em: V = Qxt V = 100l/min x 60min V = 6.000l Então, o valor da Reserva Técnica para Incêndio (R.T.I.) é de 6.000 litros, colocados na parte superior, não podendo ser utilizado para o consumo. Após realizado todos os cálculos teremos os seguintes valores: - Reservatório superior 10,69m³ + 6m³ (R.T.I.) = 16,69m³ - Reservatório inferior 21,38m³ O reservatório inferior terá as dimensões de 2,10 x 5,0x2,05(+0,30), estes 0,30 é uma folga mínima entre o nível máximo da água em extravasão até a cobertura do reservatório, ultrapassando 21,35litros do necessário. O reservatório superior terá 2 caixas d’água de polipropileno com 10.000l cada, com diâmetro máximo de 2,95m, totalizando 20.000l, ultrapassando 3.310litros.
63
Figura 34: Reservatórios de consumo. Fonte: Acervo próprio, 2016
Neste projeto possui mais de 60% de área verde podendo ser irrigado através do aproveitamento das águas pluviais, sendo captadas através das calhas e armazenadas em reservatórios subterrâneos. Este sistema será utilizado para a rega de jardins, espelho d’água e lavagem de pisos externos. Pois a cidade está passando por um momento de crise hídrica com racionamento de água, devendo economizar ao máximo, e aproveitar a água das chuvas. A coleta de água da chuva é uma técnica simples, pois a cobertura da edificação é utilizada como área de captação, nunca podendo captar a partir dos pisos. As calhas e tubos direcionam a água para um reservatório, como a utilização é apenas no jardim, é necessário apenas um filtro grosseiro antes do reservatório para a filtragem de materiais grosseiros como folhas, um dispositivo passa por um dispositivo que descarta a primeira água da chuva para um reservatório, e depois passa por um filtro que elimina as impurezas menores, sendo direcionado para a cisterna com o tratamento adequado de cloro.
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Figura 35: Funcionamento captação de água. Fonte: Disponível em <www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=coleta-uso-agua-chuva>
Este sistema é um dos mais simples, para não aumentar os custos da edificação. Se caso fosse utilizado em descargas ou outra utilização não potável, encareceria o sistema, com reservatórios na cobertura e sistemas de tubulação. Para o tratamento da água é recomendado descartar a primeira água, aproximadamente 2l de água/m² de telhado, mas no mercado já possuem sistemas que já faz o descarte desta água e a retirada de impurezas através de telas ou filtros, e é de extrema importância a aplicação de cloro para que a água possa ter contato com a pele do usuário. A qualidade da água captada está relacionada com o seu armazenamento, mantendo o reservatório sempre fechado com tampa, evitando a proliferação de mosquitos, e contaminação pela entrada de insetos. Protegido também dos raios solares, prevendo uma saída de fundo para sua limpeza quando for necessária.
65
Para o cálculo da quantidade de água captada pelo telhado, é necessário a área do telhado que é de 1.578,80m², multiplicado pela precipitação média anual de chuva que é de 745 mm V = 1.578,80m² x 0,745m V = 1.176,20m³/ano divido por 12 meses V = 98,17m³/mês Então a capacidade do reservatório deverá ser de 98,17m³, ou seja, 98.170 litros por mês. Com isso, as dimensões do reservatório deverá ser de 4,5x9,0x1,8m (+0,30) = 98.170 ou 98,17m³. Estes 0,30 é uma folga mínima entre o nível máximo da água em extravasão até a cobertura do reservatório.
Figura 35: Reservatórios de captação de água. Fonte: Acervo próprio, 2016
66
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O atual projeto busca trazer uma Clinica de Oncologia Infantil para a cidade de Vitória da Conquista – BA, visando alcançar elementos da humanização em seus ambientes, atingindo os sentidos humanos através da integração do interior com exterior, bem como influenciando o corpo na habilidade de alcançar a cura, através da edificação proposta. A pesquisa foi alargada com o desígnio de responder a pergunta inicial sobre como a edificação hospitalar poderia proporcionar o auxilio a cura do câncer, e quais os ambientes e os elementos construtivos seriam responsáveis para este desencadeamento. Desta forma, o objetivo geral proposto neste trabalho poderá ser alcançado em diversas espacialidades; desde o entendimento de pressupostos teóricos que canalizam os estímulos sensoriais gerados pelos elementos da natureza no que diz respeito aos benefícios causados ao paciente, desde a edificação materializada com base neste estudo. Com a utilização de elementos do conceito de humanização na edificação, e através de estudos, pesquisas de campo e entrevistas, chegou-se a conclusão de que no município de Vitória da Conquista inexiste promoção do tratamento oncológico infantil, mesmo sendo a maior porcentagem de casos oncológicos do Sudoeste Baiano. Desta forma, este empreendimento humanizado, que estimula a coordenação, o desenvolvimento motor e psíquico da criança, poderá proporcionar a abreviação da cura, amortizando gastos médicos, virando referência em todo o País, tornandose, via de consequência, viável como uma grande contribuição para a sociedade.
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