Regina Célia Inforçatti Carelli

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FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

REGINA CÉLIA INFORÇATTI CARELLI

A VIDA ACONTECE NA PRAÇA: PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA PRAÇA SÁ BARRETO EM VITÓRIA DA CONQUISTA–BA

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, DEZEMBRO DE 2016


REGINA CÉLIA INFORÇATTI CARELLI A VIDA ACONTECE NA PRAÇA: PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA PRAÇA SÁ BARRETO EM VITÓRIA DA CONQUISTA–BA

Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Professor Orientador: Yasminie Midlej

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, DEZEMBRO DE 2016


FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR REGINA CÉLIA INFORÇATTI CARELLI A VIDA ACONTECE NA PRAÇA: PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA PRAÇA SÁ BARRETO VITÓRIA DA CONQUISTA–BA

Projeto Apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Professor Orientador: Yasminie Midlej

Aprovado em 16/12/2016 Banca examinadora:

_____________________________________________________ Manoel Eufrásio Magalhães Silva Arquiteto Urbanista Membro Avaliador Interno

_____________________________________________________ Aletícia Alves Meira Mestre em Arquitetura e Urbanismo Membro Avaliador Externo

_____________________________________________________ Yasminie Midlej Silva Farias Cerqueira Urbanista Me. Professora Orientadora

VITÓRIA DA CONQUISTA-BA, DEZEMBRO DE 2016


“Arquitetura não é só técnica e pesquisa, tampouco apenas arte e estética. Na realidade é tudo, é uma maneira de pensar, uma filosofia, é o planejar da vivencia do homem como indivíduo e em sociedade nos espaços. Não a toa é uma ciência de humanas.” Arquiteto Paulo H. Cuconati


Dedico a Deus este trabalho, como reconhecimento e gratidĂŁo pela oportunidade de, aos 55 anos, realizar um sonho de juventude.


Agradecimentos Agradeço a todos os familiares, amigos, colegas de faculdade, professores e colaboradores desta instituição que, direta ou indiretamente colaboraram, ao longo destes cinco anos, para que eu pudesse vivenciar esta rica experiencia de vida. Aos meus filhos Igor e Thaísa, pelo incentivo e apoio, minha gratidão. À minha orientadora, Yasminie Midlej todo o reconhecimento pela parceria, dedicação e condução deste trabalho - sua competência e suavidade me permitiram fluir.


RESUMO

As praças fazem parte da área de domínio público de uma cidade, assim como as ruas e parques. Oferecer qualidade de vida à população é função primordial dos espaços públicos, para tanto esses devem ser agradáveis, bem planejados, saudáveis e seguros. Os espaços públicos são essenciais ao bom ambiente urbano e todos devem ter o direito a espaços abertos cuidadosamente pensados e facilmente acessíveis, tanto quanto tem direito à água tratada (GEHL, 2015). Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo a revitalização da Praça Sá Barreto na cidade de Vitória da Conquista–BA, concebendo um Projeto Arquitetônico e Urbanístico para esta praça, que oportunize à comunidade, momentos de lazer e socialização com qualidade e segurança. Para a realização deste, no decorrer do ano de 2016, foi utilizada a pesquisa descritiva e exploratória; a aplicação de questionários junto a frequentadores de praças públicas para averiguar o valor da praça para a qualidade de vida individual e coletiva, e junto aos moradores circunvizinhos da área eleita para conhecer a percepção da população sobre o espaço público e averiguar seu interesse pela revitalização da praça; além da proposição do projeto arquitetônico para a Praça Sá Barreto. Os resultados das pesquisas apontam para a certificação (99%) de que as praças, quando bem pensadas e estruturadas, interferem positivamente na qualidade de vida individual e coletiva. Também foi constatado que 80% da população circunvizinha da área eleita sinaliza que a praça não oferece boa estrutura e 72% consideram-na inadequada ao uso a que se presta e anseiam por melhorias na praça. Conclui-se, portanto, que para ampliar a sociabilidade da comunidade envolvida, contribuindo para o lazer e, consequentemente, uma melhora na qualidade de vida da população local, é viável e plausível um projeto de revitalização para a Praça Sá Barreto.

Palavras-chave: Praça, espaço urbano, revitalização, área verde.


SUMMARY

The squares are part of the public domain area of a city, as are the streets and parks. Providing quality of life to the population is a primary function of public spaces, so they must be pleasant, well planned, healthy and safe. Public spaces are essential to a good urban environment and everyone should have the right to carefully thought out and easily accessible spaces, as much as they are entitled to treated water (GEHL, 2015). This Course Completion Work aims to revitalize Sá Barreto Square in the city of Vitória da Conquista-BA, designing an Architectural and Urbanistic Project for this square, which will provide the community with moments of leisure and socialization with quality and safety. To accomplish this, during the course of 2016, descriptive and exploratory research was used; The application of questionnaires to public plaza goers to ascertain the value of the square for the individual and collective quality of life and to the surrounding residents of the elected area to know the population's perception about the public space and to ascertain their interest in the revitalization of square; Besides the proposal of the architectural project for Praça Sá Barreto. The research results point to the certification (99%) that the squares, when well thought out and structured, positively interfere in the individual and collective quality of life. It was also found that 80% of the surrounding population of the chosen area points out that the square does not offer a good structure and 72% consider it inadequate to the use that it offers and yearn for improvements in the square. It is concluded, therefore, that in order to increase the sociability of the community involved, contributing to leisure and, consequently, an improvement in the quality of life of the local population, a revitalization project for Praça Sá Barreto is feasible and plausible.

Keywords: Square, urban space, revitalization, green area.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA PRAÇA ............................................ 13 2.1 Teorias e Conceitos sobre praças.................................................................... 13 2.2 Projetos de Praças referenciais ....................................................................... 38 2.2.1 Praça Paulino Botelho, São Carlos - SP ................................................ 38 2.2.2 Praça Juscelino Kubitschek, Belo Horizonte – MG .............................. 40 2.2.3 Central Park .............................................................................................. 42 3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 45 4 APRESENTAÇÃO DA ÁREA DA PRAÇA SÁ BARRETO ...................................... 47 4.1 Localização e Características .......................................................................... 47 4.2 Legislação do Município de Vitória da Conquista............................................. 55 4.3 Análise do entorno ........................................................................................... 57 4.4 Análise da Praça Sá Barreto ............................................................................ 60 5 CONCEPÇÃO DO PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA PRAÇA SÁ BARRETO .. 65 6 PROGRAMA .......................................................................................................... 67 7 PROPOSTA E PROJETO ...................................................................................... 73 7.1 Grupo Funcional Lazer ..................................................................................... 73 7.2 Grupo Funcional Esporte ................................................................................. 82 7.3 Grupo Funcional Contemplação....................................................................... 89 7.4 Grupo Funcional Entretenimento ..................................................................... 95 7.5 Grupo Funcional Acessibilidade ....................................................................... 97 7.6 Grupo Funcional Alimentação ........................................................................ 100 7.7 Grupo Funcional Infraestrutura ...................................................................... 102 7.8 Grupo Funcional Mobilidade .......................................................................... 105 7.9 Grupo Funcional Iluminação .......................................................................... 109


7.9 Grupo Funcional Segurança .......................................................................... 112 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 114 REFERENCIAS ....................................................................................................... 116 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO 1 ......................................................................... 118 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO 2 ........................................................................ 119 APÊNDICE C – TRAJETÓRIA SOLAR E ROSA DOS VENTOS PARA A ÁREA DA PRAÇA SÁ BARRETO ............................................................................................ 120 APÊNICE D – MAQUETE ELETRÔNICA................................................................ 121


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1 INTRODUÇÃO

Com o título A Vida Acontece na Praça, este trabalho que propõe a Revitalização da Praça Sá Barreto, na cidade de Vitória da Conquista, no estado da Bahia, tem um cunho social baseado no princípio de que uma cidade com a presença de praças e parques bem estruturados e organizados desperta nas pessoas hábitos saudáveis, sentimentos e sensações positivas, que podem criar, interferir e influenciar comportamentos sociais favoráveis à boa formação do ser humano e do corpo social da cidade. Também, o senso de preservação da natureza é estimulado quando se tem uma relação direta com a mesma, criando assim, o sentimento de preservação, de cuidado, de respeito e de valorização. Áreas verdes sempre criam um ambiente propício ao lazer, à interação entre as pessoas, ao descanso e à descontração. Desde os primórdios da vida humana, no Jardim do Éden, a natureza faz parte do espaço físico que circunda o homem, onde a vida relacional acontece. Na sociedade organizada, surgem as áreas destinadas ao convívio social público, a saber, as praças, também destinadas ao embelezamento urbano. Nos modelos iniciais de traçados das cidades, as áreas destinadas às praças se evidenciavam nas mais distintas propostas. No modelo Cidade Jardim, todo o traçado da cidade partia de uma área verde, que ocupava o ponto central da planta física da cidade. Encontros sociais, movimentos políticos, manifestações populares e lazer se iniciaram em uma área pública intitulada praça. Além de sua situação histórica e geográfica consagrada, a praça sempre cria um encantamento no espaço urbano e na vida das pessoas, motivos de cartões postais no mundo todo. É sabido que um percentual de área geográfica é sempre reservado para áreas verdes de uma cidade em todo Plano Diretor. Considerando a importância da praça no espaço urbano e para a sociedade como um todo, é apresentada uma proposta para a revitalização da Praça Sá Barreto, com o intuito de promover oportunidades de lazer, educação, convívio social, desenvolvimento de hábitos saudáveis, educação ambiental e acessibilidade com qualidade e segurança. Visa-se criar um ambiente que permita um novo paradigma numa área social marginalizada pelo estigma do tráfico de drogas e pela pobreza. Privadas do lazer de qualidade e gratuito, imprescindíveis para sua


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socialização, as crianças dos bairros circunvizinhos à Praça, se desenvolvem em um ambiente pouco favorável à formação de um bom caráter, além de serem poupadas de viver uma infância saudável com atividades inerentes a esta fase do desenvolvimento humano, tão importante para dar solidez às próximas fases. Além das crianças, também são alvos deste projeto, os jovens, os adultos e idosos que possam vir a ter um espaço para somar qualidade as suas vidas. Localizada

na

cidade

de

Vitória

da

Conquista,

em

uma

região

predominantemente residencial, próxima ao centro e de fácil acesso, hoje a praça não traz nenhum atrativo para ser frequentada. Apresenta-se mal conservada, possui poucas árvores, alguns bancos precários, calçamento impróprio para a circulação, falta de segurança, iluminação escassa e nenhuma forma de entretenimento. Estes dados obtidos através da observação do local e da aplicação de questionários junto aos moradores e frequentadores desta Praça, reforçam a importância da elaboração de uma proposta de revitalização para esta área, que a requalifique e a valorize como equipamento urbano, tornando-a uma opção de lazer público gratuito na cidade. Para tanto, foram feitos estudos para o embasamento teórico e a composição e aplicação de dois tipos de questionários para que o projeto pudesse partir da necessidade real da população e de sua percepção do espaço público. O primeiro questionário, aplicado junto aos frequentadores de praças bem estruturadas, na cidade de São Paulo, capital paulista e na cidade de Campinas–SP, permitiu conhecer a percepção dos entrevistados em relação aos benefícios concedidos pela praça para a qualidade de vida individual e coletiva. As cidades acima citadas foram escolhidas por afinidade e por terem muitas praças com boa estrutura além de ser hábito a população frequentar praças. O segundo questionário, aplicado junto aos moradores circunvizinhos da Praça Sá Barreto, permitiu conhecer o interesse por melhorias na mesma. Todos os estudos relatados culminam com o objetivo de conceber um Projeto Arquitetônico e Urbanístico para a Praça Sá Barreto que oportunize à comunidade momentos de lazer e socialização com diversificação, qualidade e segurança.


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2 EXPLORAÇÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA PRAÇA

2.1 Teorias e Conceitos sobre praças

2.1.1 História das praças como espaço urbano Para o arquiteto e urbanista italiano, Benévolo (1993), “a cidade não existe por uma necessidade natural, mas uma necessidade histórica, que tem um início e pode ter um fim”. Segundo o mesmo autor, teorizando como as cidades surgiram, ressalta que “o desenvolvimento da produção com os métodos científicos, que caracteriza a civilização industrial...” marca um período na história da cidade onde houve um acentuado crescimento do espaço urbano, o excedente crescente e ilimitado é distribuído a uma maioria até os limites do ambiente natural. Nasce a cidade moderna, que se estende e se reproduz por todo o planeta. (Figura 1).

Figura 1: Rua de um bairro pobre de Londres (Dudley Street), gravura de Gustave Doré de 1872. Fonte: BENÉVOLO,1999.

O planejamento das cidades surgiu como uma resposta aos problemas enfrentados pelas cidades, tanto aqueles não resolvidos pelo urbanismo moderno quanto aqueles causados por ele. A expressão “planejamento urbano” vem da Inglaterra e dos Estados Unidos, e marca uma mudança na forma de encarar a cidade e seus problemas ( BENÉVOLO,1999). Com o desenvolvimento das cidades, nasce a necessidade de áreas protegidas nos (e entre os) espaços intensamente ou medianamente urbanizados, não só para o equilíbrio ecológico, conforme discutido por Nucci (2001) e Cavalheiro (1991), mas também para o bem-estar da população, oferecendo opções de lazer e atividades recreativas fundamentais para uma boa qualidade de vida.


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Dentre outros planos de urbanização, a visão utópica de Howard com a criação do modelo urbano “cidade-jardim”, foi uma tentativa de resolver os problemas de insalubridade, pobreza e poluição nas cidades por meio de desenho de novas cidades que tivessem uma estreita relação com o campo. Ele apostava nesse casamento cidade-campo como forma de assegurar uma combinação perfeita com todas as vantagens de uma vida urbana cheia de oportunidades e entretenimento juntamente com a beleza e os prazeres do campo. (Figura 2).

Figura 2: Cidade-Jardim de Ebenezer Howard (1898) Fonte: KOHLSDORF, 1985, p. 30

O espaço urbano tido com precursor das praças foi a Ágora, na Grécia e o Fórum, para os romanos. A Ágora grega (Figura 3), era um espaço aberto, normalmente delimitado por um mercado, no qual se praticava a democracia direta, visto ser este o local para discussão e debate entre os cidadãos (MACEDO e ROBBA, 2002). A Ágora normalmente se delimitava por um mercado, uma estoa e demais edifícios, sendo que dela era possível ver a acrópole, a morada dos deuses na mitologia grega. Já o fórum romano representava em si mesmo a monumentalidade do Estado, sendo que o indivíduo que por ele passasse estava espacialmente subordinado aos enormes prédios públicos que o configuravam.


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Figura 3: Ágora de Atenas Fonte: http://klepsidra.net

Na Europa, as praças restringiam-se ao entorno dos palácios, nem sempre inseridos no contexto urbano. Os espaços livres existentes nas cidades e marcados pelas aglomerações humanas estavam, em geral, relacionados ao comércio popular ou ao entorno de igrejas e catedrais. Esses espaços, existentes há milênios, utilizados por civilizações de distintas maneiras, nunca deixou de exercer a sua mais importante função: a de integração e sociabilidade. Durante o século XIX, com o trabalho de determinados profissionais (como Olmsted) e o desenho urbano promovido por urbanistas como Georges-Eugène Haussmann, em Paris, e Cerdá, em Barcelona, o desenho específico de praças passa a constituir matéria própria, em paralelo à constituição formal da profissão de arquiteto paisagista (simultaneamente ao trabalho de Olmsted no desenho de sistemas de espaços livres em Boston e Nova Iorque). Frederick Law Olmsted projetou o Central Park de Nova Iorque, dando origem aos primeiros desenhos sistematizados de praças. (Figura 4)


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Figura 4: Vista aérea do Central Park- Imagem cortesia: Will Coldwell. Fonte: http://www.arch2o.com

No Brasil, com a colonização portuguesa, os espaços públicos se tornaram similares às praças europeias medievais (Figura 5), que normalmente se formaram a partir dos pátios das igrejas e mercados públicos. Uma série de jardins urbanos que surgem devido ao traçado viário das cidades (como as rotatórias e canteiros centrais de grandes avenidas) acaba recebendo o título legal de praça, ainda que sejam espaços de difícil acesso aos pedestres e efetivamente desqualificados como praças.

Figura 5: Praça Medieval Fonte: http://img.historiadigital.org


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Foi o plano de Aarão Reis para a Capital de Minas (Belo Horizonte), na última década do século que aplicou com maior clareza e sucesso os princípios hausmannianos, acrescidos de elementos barrocos como no plano de Washington D.C. Em outras capitais estaduais, como Manaus e Belém, Rio de Janeiro e São Paulo, além de cidades médias como Santos, engenheiros engajados nos melhoramentos e reformas urbanas, como Saturnino de Brito, Pereira Passos (muito comparado a Haussmann) e Prestes Maia, entre outros, incorporaram e empregaram seus ensinamentos nas diversas intervenções

nas

cidades

brasileiras, incorporando a elas novos traçados de parques e praças. 2.1.2 Conceitos O conceito de praça é popularmente associado ao ajardinamento urbano e às ideias de verde. A típica praça na cidade brasileira se caracteriza, portanto, por ser bastante ocupada por vegetação e arborização. Quando ela recebe um maior tratamento ou quando foi resultado de um projeto, ela também costuma possuir equipamentos recreativos e contemplativos (como playgrounds, recantos para estar, equipamentos para ginástica, pista de cooper, bancos e mesas). As praças são tidas como o espaço urbano dedicado ao lazer e às áreas verdes nas cidades. O processo de urbanização no Brasil se deu nos modelos europeus e por isso, a praça fica no centro da cidade, rodeadas por prédios públicos, tendo a igreja no topo principal. Em cidades de menor porte as igrejas eram sempre os prédios mais altos. Em seguida vinham os prédios públicos e as casas dos mais abastados (PEDRÃO, 2002). As praças fazem parte dos espaços Livres Urbanos que, segundo Lapoix (1969), são os espaços não construídos e não destinados a grandes infraestruturas, no interior e nas proximidades dos setores reservados às construções. Numerosos especialistas, ecólogos, urbanistas, políticos chegam a conceituar área livre como um “espaço aberto correspondente a uma porção da região, seja em função de seu estado inicial ou em função de seu manejo” (LAPOIX, 1969). No entendimento de Santos (1997), “O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história


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se dá” (SANTOS, 1997, p. 51). Para Santos (1997), “a utilização do território pelo povo cria o espaço”; imutável em seus limites e apresentando mudanças ao longo da história, o território antecede o espaço. Já o espaço geográfico é mais amplo e complexo, entendido como um sistema indissociável de sistemas de objetos e ações, em que a instância social é uma expressão concreta e histórica. O território é um conceito subjacente em sua elaboração teórico-metodológica e representa um dado fixo, delimitado, uma área. As praças são uma forma de paisagem, seja esta bem vista pela sociedade ou não. Paisagem que com o passar do tempo foi transformada pela natureza humana, ou mesmo esquecida por ela. Assim, Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é um conjunto de formas, que num dado momento, exprime as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço é “essas formas que a vida anima”. Ainda de acordo com o referido Geógrafo, “a palavra paisagem é frequentemente utilizada em vez da expressão configuração territorial. Esta é um conjunto de elementos naturais e artificiais que fisicamente caracterizam uma área” (SANTOS, 1997). Assim sendo, as praças estão inseridas neste contexto, em que a paisagem deve ser valorizada e seus espaços bem estruturados e planejados. Caso contrário esses espaços, nesse caso, as praças, acabarão se tornando basicamente uma mercadoria, como aponta o geógrafo Santos: o espaço uno e múltiplo, por suas diversas parcelas, e através do seu uso, é um conjunto de mercadorias, cujo valor individual é função do valor que a sociedade, em um dado momento, atribui a cada pedaço de matéria, isto é, cada fração da paisagem ( SANTOS, 1997, p. 83).

Silva (1991) faz o seguinte comentário relacionado à questão espacial:

O espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente, e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante dos nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções. O espaço é então um verdadeiro campo de forças cuja aceleração é desigual (SILVA, 1991, p. 13).

No momento de se organizar os espaços e planejar uma estrutura urbana nota-se que as praças são verdadeiros elos entre os diversos espaços criados, de modo que as praças tinham como conotação a noção de “espaços” em que se


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vivenciava a infância, a adolescência...Como nos relata o autor De Angelis (2000, p.2), “qualquer um de nós tem, remotas que sejam, lembranças de uma praça onde, na infância, o balanço, a gangorra ou o escorregador faziam parte do universo da criança”. As praças estão para as cidades como o coração para o ser humano, é nelas que se encontram a identidade cultural de uma localidade, são importantes para o microclima da localidade, as áreas verdes com vegetação local contribuem com a minimização dos efeitos da poluição melhorando a sensação de bem estar e da qualidade de vida, além de ser uma barreira acústica e conforto luminoso (MACEDO e ROBBA, 2002). Muitas são as funções que uma praça pode desempenhar. Para entender os diversos significados das praças, desde sua origem, até os dias de hoje, se faz necessário entender as praças no contexto de alguns autores. Considerando que praças são espaços abertos, públicos e urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população (LIMA et al., 1994; MACEDO e ROBBA, 2002), sua função primordial é a de aproximar e reunir as pessoas, seja por motivo cultural,

econômico

(comércio), político ou social. Se para alguns autores, as praças exprimem locais de bate papo e reencontro, para outros podem significar trocas de experiências, lazer, meditação, ou ainda: “lugar fundamental da vida social, espaço de encontro, de trocas de palavras e mercadorias” (DE ANGELIS, et al, 2005, p.2). Segundo Casseti e Lietti (apud DE ANGELIS, 1995, p.2), é considerada, desde sempre, “como o âmbito da visibilidade, onde aparecer significa existir na qualidade de ator social”. De acordo com Rigotti (1965, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2), “as praças são locais onde as pessoas se reúnem para fins comerciais, políticos, sociais ou religiosos, ou ainda, onde se desenvolvem atividades de entretenimento.” Ardoroso defensor da arte nas praças, Sitte (1992 , p.25, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2) escreve que nelas “[...] Concentrava-se o movimento, tinham lugar as festas públicas, organizava-se as cerimônias oficiais, anunciavam-se as leis, e se realizava todo tipo de eventos semelhantes.” Todavia “a praça é o lugar intencional do encontro,

da

permanência,

dos

acontecimentos,

de

práticas

sociais,

de

manifestações da vida urbana e comunitária e, consequentemente, de funções estruturantes e arquiteturas significativas (LAMAS apud DE ANGELIS, 2005, p.2)”.


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Orlandi, (1994, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2) se refere às praças ainda como: Um nó formal que melhor representa a qualidade do espaço urbano, a praça constitui, por si só, um sucesso a atestar os valores sociais alcançados pela comunidade, que soube dar o justo valor às funções institucionais na organização civil.

De forma bastante concisa, Spirn (1995, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2), exprime bem o caráter das praças: “lugares para ver e ser visto, para comprar e fazer negócios, para passear e fazer política”. A autora Zuliane (1995, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2) “entende a praça como o lugar privilegiado e tradicional de trocas, ponto de convergências de ruas e teatro de todas as forças sociais, eixo de cada movimento”. Os autores Macedo e Robba (2002, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2) contextualizam: “mesmo havendo divergências entre os autores, todos concordam em conceituá-la como um espaço público e urbano, celebrada como um espaço de convivência e lazer dos habitantes urbanos.” Jam Gehl, em seu livro Cidades para Pessoas (2015), fala com muita ênfase da importância da cidade viva e convidativa que trata cuidadosamente de seus espaços públicos que inspira a vida e atrai uma massa crítica de pessoas que queira utilizá-los através das atrações e oportunidades de permanência - e a praça se presta bem para esta finalidade. É quase sempre mais simples e eficaz aumentar a qualidade e, portanto, o desejo de passar mais tempo no local, do que aumentar o número de visitantes no referido espaço. Trabalhar com tempo e qualidade, em vez de lidar com números e quantidade, em geral, também melhora a qualidade urbana em benefício de todos a cada dia. (Figuras 6 e 7)

CINCO

QUATRO

TRES

DOIS

UM

ZERO

100 80 60 40 20 0

DE 0 A 5, QUANTO A PRAÇA LHE BENEFICIA? Figura 6: Benefício concedido pela praça para a qualidade de vida individual Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto à população, 2016


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CINCO

QUATRO

TRÊS

DOS

UM

ZERO

120 100 80 60 40 20 0

DE 0 A 5 QUANTO A PRAÇA BENEFICIA A POPULAÇÃO? Figura 7: Benefício concedido pela praça para a qualidade de vida coletiva Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto à população, 2016

2.1.3 Transformação do espaço em lugar Segundo a Psicologia Ambiental, área emergente da psicologia, que estuda a pessoa em seu contexto, tendo como tema central as inter-relações entre a pessoa e o meio ambiente físico e social, as dimensões sociais e culturais estão sempre presentes na definição dos ambientes, mediando a percepção, a avaliação e as atitudes do indivíduo frente ao ambiente. Cada pessoa percebe, avalia e tem atitudes individuais em relação ao seu ambiente físico e social. As relações interdisciplinares Arquitetura - Urbanismo - Psicologia (ambiental) existem como princípio, pois estas áreas do conhecimento partem das relações ambiente construído/habitante e seu comportamento (ORNSTEIN, 2005). No Urbanismo, outras áreas do conhecimento interagem para que, com uma visão multidisciplinar, o espaço urbano possa ser visto e tratado de forma global (Figura 8).

Figura 8. Inserção Multilateral de diferentes subáreas de disciplina no campo de Estudos Pessoa -Ambiente Fonte: GUNTHER, 2003


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Por outro lado, inter-relação também quer dizer que o ambiente físico tem efeito sobre as condutas humanas, havendo uma reciprocidade entre pessoa e ambiente. Essa inter-relação é dinâmica, tanto nos ambientes naturais quanto nos construídos. Ela é dinâmica porque os indivíduos agem sobre o ambiente, mas esse ambiente, por sua vez, modifica e influencia as condutas humanas. Assim, enquanto a arquitetura preocupa–se em projetar e construir espaços para o convívio, proporcionando bem-estar para os indivíduos, a Psicologia Ambiental, preocupa-se com os fatores psicológicos ligados a determinado ambiente (ORNSTEIN, 2005). O comportamento humano pode ser influenciado através do arranjo do espaço físico. Portanto, o design de estruturas físicas pode alterar o humor ou percepção dos indivíduos e através destas alterações pode-se alterar o comportamento do indivíduo/usuário. Durante a pesquisa em campo, entrevistas com os frequentadores das praças confirmam que elas têm o poder de modificar e influenciar as condutas humanas (Figura 9).

150 100

50 0 SIM

NAO

A EXISTÊNCIA DE PRAÇAS BEM ESTRUTURADAS COLABORAM COM UMA SOCIEDADE MAIS PACÍFICA? Figura 9: Relação entre praças bem estruturadas e comportamento humano Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto à população, 2016

As pessoas se relacionam afetivamente com os ambientes nos quais se inserem, estabelecendo com eles diferentes tipos de laços, cuja compreensão está intimamente relacionada ao entendimento da memória dos indivíduos e/ou grupos em relação a tais experiências. Configurações de paisagens naturais têm efeitos positivos para a diminuição do estresse (JOYE, 2007), podem ajudar a pautar trabalhos de profissionais da arquitetura; visto que tais ambientes nem sempre são encontrados no ambiente urbano atual, porém, a falta de espaços nestas configurações pode estar ligada a efeitos psicológicos adversos.


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O homem é parte do ambiente, depende deste ambiente e por isso deve desenvolver com ele uma relação harmoniosa e saudável o que permite a transformação do espaço em lugar. Esta transformação também se dá pela diversidade, que traz a riqueza da mistura, do diverso, do complementar e que se expressa nas diferentes etnias, nas diferentes idades, nas diferenças sócio culturais, nos diferentes usos, nas diferentes tipologias que animam o cenário urbano (JAN GEHL, 2015). A praça – ambiente público, e o indivíduo interagem e trocam informações entre si, direta e indiretamente, de forma concreta e sutil. Se o ambiente exerce influência sobre um indivíduo, exerce consequentemente, influência sobre o coletivo. A pesquisa aplicada em praças na cidade de São Paulo e Campinas confirmam estas afirmações (Figura 10 e Figura 11). 160 140 120 100 80 60 40 20 0 SIM

NAO

ACHA IMPORTANTE A PRAÇA PARA A SUA QUALIDADE DE VIDA ? Figura 10: Importância da praça para a qualidade de vida individual Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto à população, 2016

160 140 120 100 80 60 40 20 0 SIM

NÃO

ACHA IMPORTANTE A PRAÇA PARA A QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO? Figura 11: Importância da praça para a qualidade de vida coletiva Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto à população, 2016


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Na medida em que a cidade se torna mais humana, com ruas, parques e praças cuidadosamente pensadas, proporciona prazer aos transeuntes e visitantes, bem como àqueles que ali moram, trabalham ou se divertem. Espaços públicos bem planejados inspiram, ao passo que os mal planejados brutalizam seus cidadãos. Nós moldamos as cidades e elas nos moldam (JAN GEHL, 2015). O ganho de vitalidade dos espaços públicos pela intensidade de pessoas circulando e frequentando lugares, traz a sensação de proximidade, de companhia, de compartilhamento, de inclusão e de animação, o que veio a ser confirmado na aplicação do questionário junto aos frequentadores das praças (Figura 12). Desta forma o espaço torna-se vivo e se transforma em lugar. Lugar de contato direto entre as pessoas e a comunidade do entorno, o ar fresco, o estar ao ar livre, os prazeres gratuitos da vida, experiências e informações. Uma forma especial de comunhão entre pessoas que compartilham o espaço público como uma plataforma e estrutura.

160 140 120 100 80 60 40 20 0 SIM

NÃO

QUANTO MAIS ESTRUTURADA UMA PRAÇA, MAIS FREQUENTADA ELA É?

Figura 12: Relação entre a estrutura da praça e a frequência Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016

Enquanto a rua sinaliza movimento - “por favor siga em frente”psicologicamente a praça sinaliza a permanência. Enquanto o espaço de movimento diz “vá, vá, vá”, a praça diz “pare e veja o que acontece aqui” (JAN GEHL, 2015). A praça como área urbana de permanência, permite cair o ritmo dos passos dos pedestres. Paradas mais longas significam espaços mais adequados e agradáveis. A duração e extensão da permanência são indicativos de vida urbana de cidades socialmente viáveis para todas as idades.


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De 1962 a 2005, a área destinada aos espaços públicos e à vida urbana cresceu sete vezes, de cerca de 15.000 m² para algo como 100.000 m². Os muitos e francos convites para caminhar, permanecer e sentar no espaço público comum estão cada vez mais presentes nas grandes e pequenas cidades, o que vem resultando em um novo e notável padrão urbano e consequentemente, melhor apropriação do espaço urbano (JAN GEHL, 2015). 2.1.4 Conservação do espaço urbano Ruas, parques e praças são essenciais ao bom ambiente urbano. A forma como são desenhadas e mantidas essas “salas de estar” ao ar livre é determinante para a vivacidade do cenário citadino. Conforme o parecer de Jaime Lerner, quanto mais humano for o espaço urbano que produzimos, mais valorizada nossa dimensão humana estará. A estreita ligação entre o uso do espaço público pelas pessoas, a qualidade destes espaços e o grau de preocupação com a dimensão humana devem ser levados em consideração quando se trata de conservação. A vida no espaço da cidade é uma parte vital da riqueza de experiências e acredita-se que as cidades devam ser construídas e mantidas para as pessoas. As cidades e seus habitantes têm se tornado mais ativos na reivindicação por um urbanismo voltado às pessoas. A consideração pelas pessoas no espaço urbano e consequentemente a vida na cidade devem ter um papel chave no planejamento urbano. É fator essencial cuidar das pessoas na cidade para se ter cidades mais vivas, mais seguras, sustentáveis e saudáveis. Assim como as cidades podem convidar as pessoas para uma vida na cidade, há muitos exemplos de como a renovação de um único espaço, ou mesmo a mudança no mobiliário urbano e outros detalhes podem convidar as pessoas a desenvolver um padrão de uso totalmente novo. Melhorar as condições leva essencialmente a novos padrões de uso e mais vitalidade no espaço urbano. Uma ligação precisa entre a qualidade do espaço público e o propósito da vida na cidade vem sendo notada nas cidades que implantam nova política de apelo ao uso do espaço público, refletindo na qualidade de vida individual e coletiva. O espaço urbano é palco para as atividades humanas. As necessárias, ou seja, as atividades que as pessoas geralmente têm que fazer: se locomover, esperar


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o ônibus, ir trabalhar ou à escola; as opcionais, na maioria das vezes recreativas, divertidas e de lazer, das quais as pessoas podem gostar: fazer caminhadas, pedalar, sentar-se para apreciar a vida ou o tempo bom, ficar em pé e dar uma olhada na cidade e as atividades sociais que incluem todo tipo de contato entre as pessoas e ocorrem em qualquer lugar onde existam pessoas no espaço da cidade. A qualidade da cidade é uma condição decisiva para esse importante grupo de atividades (JAN GEHL, 2015). As pessoas ficam se um lugar for bonito, significativo e agradável. Durante a aplicação dos questionários junto aos frequentadores das praças escolhidas, ficou claro que as pessoas notam e avaliam o local que elegem para permanecer. (Figura 13)

CINCO

QUATRO

TRÊS

DOIS

UM

ZERO

80 60 40 20 0

DE 0 A 5 QUAL SEU GRAU DE SATISFAÇÃO COM ESTA PRAÇA? Figura 13: Grau de satisfação com a praça frequentada Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016

A conclusão de que se oferecido um melhor espaço urbano, seu uso irá aumentar é aparentemente válido para os espaços públicos de grandes cidades, espaços urbanos isolados e até para um único banco de praça. (Figura 14)

Ambiente físico alta qualidade

Ambiente físico baixa qualidade

Atividades necessárias

Atividades opcionais

Atividades sociais

Figura 14: Ligação entre qualidade de ambientes externos e atividades ao ar livre Fonte: JAN GEHL, 2015.


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Se as condições para permanência ao ar livre forem boas, as pessoas se entregam a muitas atividades necessárias e também a um numero crescente de opcionais. Os pedestres ficam tentados a parar para apreciar o tempo, os lugares, e a vida na cidade, ou as pessoas saem de suas casas para ficarem no espaço urbano. A boa qualidade ao nível dos olhos deve ser considerada como direito humano básico, sempre que as pessoas estejam nas cidades (JAN GEHL, 2015). Contudo, a perspectiva mais ampla é que uma infinidade de valiosas oportunidades sociais e recreativas apareça quando o espaço é convidativo. Se há vida e atividade no espaço urbano, então também existem muitas trocas sociais. Se o espaço da cidade for desolado e vazio, nada acontece. Vitalidade e tranquilidade são qualidades urbanas desejáveis e valiosas (JAN GEHL, 2015). Estudos de cidades do mundo todo elucidam a importância da vida e da atividade como uma atração urbana. As pessoas se reúnem onde as coisas acontecem e espontaneamente buscam outras pessoas. Em entrevista junto à população, notou-se que frequentar espaços urbanos organizados é um hábito intrínseco aos costumes da vida na cidade. (Figura 15)

80 70 60 50 40 30 20 10 0 MAIS DE UMA UMA A CADA 15 VEZ/SEMANA VEZ/SEMANA DIAS

UMA VEZ/MÊS

FREQUENCIA COM QUE VAI À PRAÇA Figura 15: Frequencia com que vai à praça Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016

Jan Gehl diz que sentir-se seguro é fundamental para que as pessoas abracem o espaço urbano e que ser capaz de caminhar com segurança no espaço da cidade, é um pré-requisito para criar cidades funcionais e convidativas para pessoas. Em contrapartida, se reforçada a vida na cidade de modo que mais pessoas caminhem e passem um tempo nos espaços comuns, em quase todas as situações, haverá um aumento da segurança. A presença de outros indica que um


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lugar é considerado bom e seguro. Espaços urbanos conservados são espaços apreciados e frequentados e assim mais seguros. Convocar as pessoas a transitarem e permanecerem no espaço urbano também contribui para uma melhor sensação de segurança. As cidades devem propiciar boas condições para que as pessoas caminhem, parem, sentem-se, olhem, ouçam e falem (JEAN GEHL, 2015). No contexto urbano as praças compostas em sua maioria por espécies das mais variadas e sendo esses organismos vivos e como tal, passível de transformação que, como qualquer organismo com o passar dos anos se altera e, se não for cuidado se deteriora, precisam de cuidados para que mantenham suas funções sociais. Embora as praças tenham funções distintas e grande importância no cenário urbano e social, é notável, em muitas cidades, o descaso do poder público em mantê-las nas funções a que se prestam e reativá-las como sendo espaços de lazer e diversão dentre outras conotações. Quando não se dá a manutenção devida, a praça se descaracteriza e o espaço antes significativo passa a ser marginalizado dando espaço à mendicância, ao uso de drogas, à prostituição, fatores que levam ao afastamento das pessoas desses locais. Isto pode ser verificado e constatado no desenvolvimento do trabalho de Iniciação Científica - Avaliação do Grau de Conservação das Praças Urbanas da Cidade de Vitória da Conquista, Bahia, junto com Brenda Novais, Paulo Mascarenhas e Thais Oliveira, onde ficou constatado o sofrível estado de manutenção das praças de Vitória da Conquista. (Figura 16)

Avaliação do grau de conservação das praças de Vitória da Conquista - BA 69,87%

22,70%

RUIM REGULAR

6,55%

0,87%

0%

BOM

MUITO BOM

ÓTIMO

Figura 16: Avaliação da conservação das praças de Vitória da Conquista – BA Fonte: Pesquisa de Iniciação Científica sobre Avaliação do Grau de Conservação das Praças Urbanas da Cidade de Vitória da Conquista – Ba


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Certamente muitos de nós já nos percebemos mais felizes em ambientes amplos e iluminados, do que em ambientes fechados e escuros. Devemos também já ter reparado como é difícil ser práticos morando ou trabalhando em ambientes bagunçados e mal cuidados. Sensações de bem estar contribuem para elevar a qualidade de vida. Também, nos dias de hoje, devido aos efeitos do capitalismo exacerbado, do avanço tecnológico e do medo que assombra a população quanto à segurança no meio urbano, a população tem buscado para seu entretenimento, ambientes fechados como os shoppings ou se fechando em si mesmas no mundo online e digital, se privando do convívio em áreas públicas como outrora. De Angelis(2005) faz o seguinte comentário: “A partir do momento em que as estruturas logísticas dos mercados, a troca de informação e a própria informatização, aliados ao processo de globalização” [...] “distanciaram-se da dimensão comunitária da coletividade, e se aproximaram do privado na sua dimensão familiar, se não, ao seu isolamento individual” (DE ANGELIS et al, 2005, p.3). Em contrapartida, a saúde do homem, comprometida pelas razões acima, pelo sedentarismo, tem clamado por espaços abertos para atividades físicas ao ar livre e, uma nova onda pela busca de parques e áreas verdes tem se instalado na consciência coletiva. Este é o momento do poder público tratar com mais seriedade e empenho das praças e parques urbanos, objetivando a saúde coletiva e o bem estar geral da comunidade e do próprio espaço urbano. Desenvolver projetos Arquitetônicos e Paisagísticos alinhados com as pesquisas em Psicologia Ambiental, e conceitos de Sustentabilidade é um grande desafio, capaz de proporcionar resultados edificantes onde todos saem ganhando.

2.1.6 Concepção do Projeto Arquitetônico e Paisagístico O Arquiteto e Urbanista, profissional diretamente envolvido com o espaço público e privado, deve estar atento a tudo o que nos rodeia para perceber conscientemente de que forma nos afetam e como podemos buscar soluções necessárias ao bem estar da coletividade. É preciso uma compreensão crescente de que as cidades precisam ser pensadas para enviar convites à circulação de pessoas e à vida no espaço urbano. É preciso reconhecer a importância dos pedestres e dos ciclistas para a


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sustentabilidade e saúde da sociedade e reconhecer a importância da vida urbana como um ponto de encontro atrativo, informal e democrático para seus residentes. Para Jan Gehl (2015), as cidades devem aumentar a quantidade e a qualidade de espaços públicos agradáveis, bem planejados, na escala do homem, sustentáveis, saudáveis, seguros e cheios de vida, a fim de proporcionar à comunidade, referenciais de lazer gratuito, de áreas de interação social e espaços que possam contribuir, através da influência positiva que exercem, com a qualidade de vida individual e coletiva. As cidades devem pressionar os urbanistas e arquitetos a reforçarem as áreas de pedestres como uma política urbana integrada para desenvolver cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis. Igualmente urgente é reforçar a função social do espaço da cidade como local de encontro que contribui para os objetivos da sustentabilidade social e para uma sociedade democrática e aberta. O planejamento físico pode influenciar imensamente o padrão de uso em regiões e áreas urbanas específicas. O fato de as pessoas serem atraídas para caminhar e permanecer no espaço da cidade é muito mais uma questão de se trabalhar cuidados com a dimensão humana e lançar um convite tentador. Planejamento e projetos podem ser usados para influenciar o alcance e o caráter das atividades ao ar livre. Convites para uma atividade ao ar livre que vá além de uma simples caminhada incluem proteção segurança, um espaço razoável, mobiliário e qualidade visual. Para Demattê (1999), esse planejamento, que tem por objetivo oferecer ao público espaço para convivência, lazer e recreação, envolve os seguintes aspectos: localização e tamanho, componentes arquitetônicos, e vegetação. Jan Gehl sinaliza que o corpo humano, seus sentidos e mobilidade são a chave do bom planejamento urbano para todos. O cliente aqui é o pedestre com todos os seus atributos, potenciais e limitações e trabalhar com a escala humana significa basicamente criar bons espaços urbanos para pedestres, levando em consideração as possibilidades e limitações ditadas pelo corpo humano. Quando é crucial deixar clientes e visitantes à vontade, é importante manter as dimensões e o projeto dos espaços externos em harmonia com a escala humana. Nosso aparelho locomotor e nossos sistemas de interpretação de impressões sensoriais estão adaptados para caminhar e ao andar em velocidade


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normal o fazemos de 4 a 5 km/h, o que nos permite ver o que se passa a nossa frente e detectar o caminho por onde se passa. A distância de cem metros é confortável para nos dar um ar de controle sobre a situação. As praças e largos, em sua forma espacial, podem igualmente estar relacionados ao olhar e a sua potencial percepção de eventos dentro de um raio de cem metros. A arquitetura de 5 Km/h permite uma fartura de impressões sensoriais, os espaços são pequenos e a combinação de detalhes, rostos e atividades contribui para uma experiência sensorial rica e intensa. Outro parâmetro importante é a distância - diferentes formas de comunicação ocorrem em diferentes distâncias. (Tabela 1) Tabela 1: Relação entre forma de comunicação e distância DISTÂNCIA

DENOMINAÇÃO

NATUREZA DE CONTATO

FORMA DE COMUNICAÇÃO

de 0 a 45 cm

distância íntima

pessoas íntimas

fortes emoções

de 45 cm a120cm

distância pessoal

amigos e familiares

conversas

de 120 cm a 370 cm

distância social

reuniões em grupo

conversas

mais de 370 cm

distância publica

formal

palestras, aulas, celebrações, apresentações

Fonte: JAN GEHL, 2015

Nosso sentido da visão desenvolveu-se de forma a nos permitir caminhar no plano horizontal. Temos um campo de visão para baixo (70 a 80 graus) e normalmente inclinamos a cabeça para baixo em dez graus quando caminhamos, o suficiente para evitar obstáculos e para cima (50ª a 55 graus do horizonte) e temos um campo de visão lateral. (Figura 17)

Figura 17: Ângulos de visão em relação ao plano horizontal Fonte: JAN GEHL, 2015


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Esses dados são importantes para projetar no espaço urbano, para uma maior compreensão de como experimentamos o espaço e como ele pode oferecer conforto e acolhimento e segundo Jan Gehl, independentemente de ideologias de planejamento ou condições econômicas, a gestão cuidadosa da dimensão humana em todos os tipos de cidades e áreas urbanas deve ser um requisito universal. É imprescindível a junção desses parâmetros aos elementos arquitetônicos que, harmonizados com os componentes naturais, constituam uma praça que atenda às necessidades estéticas e funcionais. Esses componentes arquitetônicos tratam de elementos que irão complementar a composição paisagística de acordo com as necessidades e desejos dos usuários que irão usufruir da praça a ser projetada (LIRA FILHO, 2003). A qualidade do espaço ao nível dos olhos, pode ser em si, decisiva para a qualidade de vida, apesar da deficiência de outras áreas de planejamento. A consideração pelos sentidos diretos das pessoas é de grande importância para determinar se elas podem andar, sentar, ouvir e falar dentro do espaço em que se insere. Falar dos traçados dos caminhos em uma praça é chamar a atenção para a necessidade do pedestre em traçar caminhos mais curtos, marcando linhas retas com os próprios pés sobre gramados e jardins. Incorporá-las ao projeto em grande medida é uma decisão acertada. Pensando na segurança de todos e mais especificamente idosos e portadores de mobilidade reduzida, a pavimentação tem um papel importante no projeto para o conforto e segurança do pedestre e deve ser considerada também a mulher de salto fino. A iluminação deve dizer para o pedestre que ele pode ir ao espaço urbano todo dia, a qualquer hora. Tem grande impacto na orientação segurança e qualidade visual durante a noite. A iluminação adequada sobre pessoas e rostos, para reforçar a sensação de segurança real e a percebida deve ser reforçada com iluminação baixa. Também o tratamento artístico da luz é um elemento importante na política da arte do espaço urbano, trazendo beleza e tornando o ambiente ainda mais agradável e prazeroso. Mobiliários e equipamentos urbanos criam oportunidades de permanência nos espaços urbanos. Os melhores lugares sempre combinam muitas vantagens e convidam a permanecer. Assentos primários confortáveis de preferência com braços


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e encosto e bem colocados devem dividir espaços com os assentos secundários (pedras, degraus, floreiras, monumentos, fontes, balizadores dentre outros) locais onde as pessoas possam se sentar, descansar e olhar em volta de modo mais descontraído.

O

desenho,

os materiais, a

propriedade

de

isolamento

e

impermeabilidade dos assentos influem diretamente no conforto. Sua implantação em um local de microclima agradável, de fácil acesso mas que não comprometa as passagens, de boa visibilidade (para ver e ser visto), um nível de ruído baixo que permita conversa e sem poluição é um item a ser observado. Bancos longos e retos, onde se senta lado a lado, podem ser adequados para se manter distância entre as pessoas embora não sejam adequados para conversa em grupo, enquanto o agrupamento de bancos cria uma paisagem para conversas. O planejamento cuidadoso das vistas e das opções para se olhar, determinam uma boa qualidade urbana. O convite para que as pessoas se expressem, joguem ou se exercitem no espaço urbano requer opções recreativas e criativas que entretenham todo tipo de público, de criança a idosos. Muitos pais utilizam seu tempo livre para desfrutarem com os filhos o espaço urbano quando este oferece boas opções de lazer, enquanto o numero de idosos cresce rapidamente e eles representam um grupo novo que necessita de estruturas adequadas e seguras que se adequem às condições inerentes a idade, para se manterem ativos. A criança que já transita pela cidade e o jovem buscam no espaço urbano oportunidades de esporte e lazer. Frente a estes desafios há uma forte tendência a realizar de forma nova e criativa, a paginação dos equipamentos e instalações para jogos e muitos tipos diferentes de academias esportivas ao ar livre, pistas de caminhada, bicicleta e skate, parques sensoriais, temáticos e com desafios físicos, que promovam uma vida urbana saudável e agreguem valor à vida nas cidades. O espaço urbano é também lugar de encontros para troca de arte e cultura: músicas, performances e o compartilhar de talentos, e para isso depende do espaço e do lugar que pode ser a praça a disponibilizar de espaços onde a arte convide as pessoas a se apropriarem do espaço urbano para se expressarem e colorirem a vida na cidade. O microclima de espaços urbanos merece atenção nos projetos de áreas públicas. Quando se objetiva a permanência para que as cidades sejam mais vivas é


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crucial se garantir a qualidade do clima natural no espaço urbano, considerando-se o papel chave exercido pelo clima na determinação da qualidade, prazer e conforto urbanos. Árvores de diferentes portes, plantas em geral, gramados e forrações verdes, telhados e paredes verdes e pavimentação porosa reduzem a temperatura. Pergolados, cercas verdes e paisagismo podem dar abrigo onde for mais necessário. As praças podem ser projetadas para oferecer experiências visuais. O design e detalhes do espaço tem um papel muito importante que pode ser expandido e reforçado por um apelo a outros sentidos como o uso, por exemplo, de ruído de água, neblina, vapor, impressões táteis, aromáticas e sonoras criando uma mescla de impressões sensoriais. Há um potencial inerente no trabalho com elementos estéticos e visuais. Detalhes cuidadosamente planejados e materiais genuínos provocam experiências valiosas e acrescentam mais valor para as outras qualidades que o espaço tenha a oferecer. A qualidade visual do espaço urbano inclui o desenho e detalhes de elementos individuais e de como todos os elementos se coordenam e envolve expressão total, estética, design e arquitetura. O espaço pode ser projetado para que todos os requisitos práticos sejam atendidos, para ser belo e com detalhes cuidadosamente concebidos, mas se não houver segurança, microclima adequado e oportunidades para a permanência será insuficiente. A arte na forma de esculturas, monumentos, fontes, detalhes de construções e decoração, comunica beleza, monumentalidade, memórias, comentários sobre a vida em sociedade e a vida urbana e tem no espaço urbano sua forma de expressão que cumpre sua função de interface entre arte e gente. Numa praça, conforme Demattê (1999), deve haver água para beber, caminhos e espaços para pedestres, guias rebaixadas e rampas para deficientes físicos, bancos para sentar, lixeiras e iluminação noturna. Além disso, continua a autora, havendo possibilidade a praça deve ser provida de telefone público e banheiros masculinos e femininos, playground, quadras para prática de esportes e locais de recreação para pessoas de diferentes faixas etárias. Como mostra a figura 18, resultante da pesquisa de campo, os moradores circunvizinhos à Praça Sá Barreto sinalizaram suas necessidades.


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PARQUE INFANTIL BANCO QUADRAS SEGURANÇA ILUMINAÇÃO BEBEDOURO SANITARIO EQUIPAMENTO DE GINÁSTICA MESA CANTEIROS ÁRVORE ACESSIBILIDADE LIXEIRA LIMPEZA GRAMADO EMBELEZAMENTO CALÇAMENTO TRAYLER ALIMENTAÇÃO IRRIGAÇÃO CICLOVIA PISTA DE CAMINHADA QUIOSQUE ESPAÇO ANIMAL PARADA DE ONIBUS COBERTA VIVEIRO WIFI FEIRAS FONTELUMINOSA PISTA DE SKATE

quantas vezes foi citada

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

necessidades

Figura 18: Diagnóstico das necessidades dos moradores circunvizinhos à Praça Sá Barreto quanto a sua revitalização Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

No que tange ao Projeto Paisagístico a de se pensar no planejamento da praça, e segundo Lira Filho (2003), deve-se prever todas as etapas de desenvolvimento (tempo de maturação) com todas as formas alternativas e soluções para a composição paisagística proposta. Para Lira Filho (2002), plantas e animais presentes nas praças podem se constituir em elementos de alto valor estético e funcional e, se necessário, algumas plantas podem ser modificadas ou melhoradas para que se obtenha um efeito belo e agradável aos usuários. A composição paisagística não é resultado de mera colocação de elementos arquitetônicos e naturais relacionados a questões racionais, mas conforme esclarece Depave (s.d.), trata-se da organização de um espaço que procura reações de nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato, paladar). A disposição dos elementos vivos e inertes em uma praça deve obedecer a critérios pré-estabelecidos os quais se denominam de princípios de composição paisagística. Segundo Lira Filho (2002), quando se elabora a composição paisagística,

dispõe-se

os

elementos

construídos

e

naturais

numa

certa

organização, de modo que fique visualmente agradável. Este visual, ainda conforme


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o autor deriva de princípios de composição paisagística tais como a mensagem, o equilíbrio, a escala, a dominância, a harmonia e o clímax. Demattê (1999) ressalta dois elementos essenciais que tornam um jardim agradável: harmonia e graça. A harmonia é resultado do uso correto e equilibrado dos vários elementos artísticos e funcionais de um jardim. Por outro lado, a graça corresponde à sensação de vida, de bem estar, que desperta interesse numa composição. Quanto ao plantio de árvores urbanas, PAIVA e GONÇALVES (2002) advertem que o ponto mais importante no processo de planejamento global da arborização urbana de uma cidade é enxergá-la no contexto holístico, sobretudo, as massas vegetais e suas posições relativas no contexto urbano. Acrescente-se a isto, a inserção das interações dos meios físico, biótico e antrópico. Os mesmos autores chamam a atenção para a escolha de árvores adequadas à área de crescimento; porém, nelas também não se percebe a preocupação com os impactos ambientas, com raras exceções. Dentre estas, em relação à área de crescimento das árvores, PAIVA e GONÇALVES (1997) comentam sobre um fato importante, de caráter estético e funcional, que se devido ao elevado grau de impermeabilização do solo urbano, recomenda-se que se deixe um espaço sem pavimentação ao redor da árvore (área de crescimento) revestida de grama ou de alguma forração herbácea florida. O maior problema da arborização urbana está no conflito que se estabelece entre as árvores e os demais elementos que compõem o ambiente. A solução para tal conflito se encontra na escolha adequada das espécies arbóreas, tendo-se em vista diversas finalidades a serem cumpridas no ecossistema urbano (GONÇALVES e PAIVA, 2004). Concluindo, PIZZOL, K. M. S (2006) faz a seguinte citação relacionada à qualidade do ambiente urbano: A qualidade do ambiente urbano está relacionada aos aspectos físicos, psicológicos e visuais da paisagem. Sendo assim, é fundamental para a cidade a presença de espaços livres contendo áreas verdes, pois a vegetação está intrinsecamente relacionada à melhoria e manutenção da qualidade ambiental urbana.

Com base nestas informações e em princípios técnicos vigentes nas normas da ABNT (ABNT NBR 9050:2015, ABNT NBR 6505:1994, ABNT NBR 16071:2012,


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ABNT NBR 13296, ABNT NBR 9283:1986 e ABNT NBR 9284:1986) e no Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações do município de Vitória da Conquista, o Projeto Arquitetônico foi pensado para atender da melhor forma possível os princípios que tangem à construção de uma praça, e assim proporcionar à coletividade um serviço em um espaço urbano de alta qualidade (Figura 19).

Figura 19: Critérios para uma boa qualidade urbana em paisagens para pedestres Fonte: JAN GEHL, 2015


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2.2 Projetos de Praças referenciais Para a elaboração da proposta de revitalização da Praça Sá Barreto, como referência, buscou-se considerar outras formas de se pensar e produzir o espaço urbano, considerando estilos arquitetônicos, traçados, formas de uso e algumas particularidades. Como para a revitalização da Praça Sá Barreto se pensou em várias funções sociais como convívio social, circulação, lazer, cultura, contemplação, lazer esportivo, espaço pet e serviços (alimentação) , foram pesquisadas praças com perfis distintos. Em cada praça pesquisada sobressaiu uma característica peculiar que colaborou com a formação da ideia inicial do projeto em questão.

2.2.1 Praça Paulino Botelho, São Carlos - SP Com aproximadamente 10 mil metros quadrados, localizada na cidade de São Carlos (São Paulo), defronte a Catedral central, limitada pela Avenida São Carlos, ruas Conde do Pinhal, Treze de Maio e Dona Alexandrina, esta praça contemplativa e de passagem encerra grande quantidade de árvores de diversas espécies, um belo traçado de canteiros, com muitos bancos em alvenaria, sendo alguns com tabuleiro para jogos incrustado em cerâmica, além de um chafariz com bocas de leão e golfinhos por onde saem jatos de água e uma bela fonte luminosa ao centro. (Figura 20 A e 20 B)

Figura 20 A: Vista Panorâmica Fonte: Google Earth 2016

Figura 20 B: Acesso Principal Fonte: Google Earth 2016

Rodeada por belas edificações, os antigos palacetes dos barões do café, hoje órgãos públicos, a praça foi construída inicialmente como jardim da casa do Conde


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do Pinhal onde hoje é o Paço Municipal, tendo sido transformada em jardim público em 1895. A praça passou por grandes transformações durante o século XX, refletindo a urbanização do município: Em 1900 foi construído um chafariz em mármore, um coreto foi erigido por volta de 1920, tendo sido substituído por uma fonte luminosa no início da década de 1960. Estão inseridos um memorial em homenagem a Anita Garibaldi (1910), onde hoje funciona o posto de informação turística. E alguns monumentos a Bento Carlos do Amaral, Anita Garibaldi, João Seppe e à visita do rei Alberto I da Bélgica em 1920. Na praça estão enterradas as cinzas de dois poetas da cidade. (Figura 21)

Figura 21: Projeto Arquitetônico Fonte: Prefeitura Municipal de São Carlos

A praça for revitalizada em dezembro de 2005, com a recuperação do chafariz, das esculturas, reforma do quiosque e nova iluminação. O chafariz original, em mármore, foi transferido para a fundação Pró-Memória, e uma réplica erigida sob a orientação do especialista mineiro Rinaldo Urzedo, que tem em seu currículo o restauro do medalhão central do frontispício da Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a cantaria do antigo Palácio dos Bispos, ambos em Mariana, e o chafariz do Largo do Pilar em Ouro Preto. A restauração foi baseada em pesquisas, fotos antigas e relatos de moradores são-carlenses de várias idades. Esta praça, é inspiração original deste trabalho, quer pela sua beleza, imponência com frondosas árvores seculares e a encantadora fonte luminosa. É


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uma referência em espaço público bem cuidado e respeitado, e para este projeto deixou o embasamento para a criação do traçado dos canteiros, a fonte luminosa na íntegra de seu traçado, os bancos com tabuleiro para jogos incrustado em cerâmica e a vegetação (Figura 22 A, B e C).

Figura 22 A: Fonte Luminosa Fonte: Google Earth 2016

Figura 22 B: Bancos e Traçados Fonte: Google Earth 2016

Figura 22 C: Vegetação exuberante Fonte: Google Earth 2016

2.2.2 Praça Juscelino Kubitschek, Belo Horizonte – MG Fundado em julho de 1990 e implantado em 1995, quando era chamado de Parque do Acaba Mundo, o Parque Municipal Juscelino Kubitschek, mais conhecido como Praça JK, ocupa uma área de aproximadamente 28 mil metros quadrados. Situado em Belo Horizonte – MG, Região Centro Sul, no bairro Sion, na Avenida Bandeirantes, s/nº - com as ruas Engenheiro Caetano Lopes, Professor Melo Cançado e Nova Era. (Figura 23)


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Figura 23: Vista Panorâmica da Praça Juscelino Kubitschek Fonte: http://negunomundo.com

Emoldurada por paisagismo (figura 24 A e 24 B), tem como opções de lazer quadra de futebol, equipamentos de ginástica, equipamentos de alongamento para a terceira idade, áreas de circulação, pista de caminhada, áreas de convivência com bancos e mesas, brinquedos e um bom espaço para a realização de atividades culturais e esportivas. Esta praça foi escolhida por apresentar em comum com o propósito deste trabalho, um espaço urbano para todas as idades, de fácil acesso e que sofreu um processo de revitalização para oferecer uma melhor opção de convivência e lazer à comunidade, sendo que os novos brinquedos foram instalados por uma empresa privada, em parceria com a Fundação de Parques Municipais, por meio de compensação ambiental (Figura 24 A, B, C e D).

Figura 24 A Paisagismo Fonte: http://negunomundo.com

Figura 24 B: Paisagismo Fonte: http://negunomundo.com


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Figura 24 C: Playground Fonte: http://negunomundo.com

Figura 24 D: Atividades interativas Fonte: http://negunomundo.com

2.2.3 Central Park Talvez a primeira impressão seja de espanto, por ser um parque de tamanha dimensão e não uma praça. Mas o fato de ter sido escolhido como projeto referencial está no significado de que este foi praticamente todo construído pelas mãos do homem, a partir de pequenas áreas de vegetação existente, para proporcionar à população um espaço planejado de entretenimento, convivência e contato com a natureza. O Central Park é um grande parque no meio de Manhattan, entre a 59th Street e a 110th Street (e da Fifth Avenue até a 8th Avenue) e foi construído artificialmente com alguns pedacinhos de natureza intocada. Foi inaugurado em 1857, com 341 ha é considerado um oásis dentro da grande floresta de arranhacéus existente na região onde as pessoas podem diminuir o ritmo frenético de Nova Iorque. O parque recebe por volta de 35 milhões de visitantes por ano e é o coração de Manhattan, com uma enorme variedade de atrações e atividades, quer no inverno ou verão (Figura 25).

Figura 25: Central Park Fonte: http://negunomundo.com


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Inspira este Projeto no tocante de poder existir em um só lugar várias atividades ao mesmo tempo, que atraia além dos moradores circunvizinhos, toda a população da cidade, em qualquer época do ano e se torne referência em espaço público de qualidade e um belo referencial turístico, uma vez que Vitória da Conquista não oferece opções para visitantes, quiçá um motivo para atrair moradores das cidades vizinhas e os que estão de passagem. É também exemplo de cuidado, manutenção, conservação e preservação, pois só assim é possível perpetuar um espaço público (Figura 26 A, B, C, D, E e F).

Figura 26 A: Passeios de bicicleta Fonte: http://visitenovayork.com.br

Figura 26 C: Circulação arborizada Fonte: http://visitenovayork.com.br

Figura 26 B: Aluguel de Triciclos Fonte: http://visitenovayork.com.br

Figura 26 D: Playground Fonte: http://visitenovayork.com.br


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Figura 26 E: Gramados para lazer Fonte: http://visitenovayork.com.br

Figura 26 F: Paisagismo Fonte: http://visitenovayork.com.br


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3 METODOLOGIA

Para a elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso, foi realizada pesquisa bibliográfica e levantamento direto através da elaboração e aplicação de questionários, um junto a frequentadores de cinco praças das cidades de São Paulo (SP) e Campinas(SP).e outro nas imediações da Praça Sá Barreto (BA). O primeiro questionário (Apêndice A) foi elaborado com quesitos objetivos para a coleta de informações sobre o perfil do usuário (idade, gênero, estado civil e grau de instrução) e oito quesitos sobre a relação deste com a praça. A aplicação dos 145 questionários foi feita em julho de 2016,em períodos distintos do dia, de forma aleatória, junto a 19 frequentadores da praça Buenos Aires (São Paulo-SP), 24 da Praça da Estação da Luz (São Paulo-SP), 39 da Praça Largo Do Pará (Campinas–SP), 46 da Praça Das Águas (Campinas–SP) e 17 da Praça Largo Santa Cruz (Campinas–SP).com o objetivo de conhecer a relação entre a população e o espaço urbano praça, bem como a apropriação deste espaço. Com a tabulação dos dados foi constatado o valor da praça para a qualidade de vida individual e coletiva, bem como a real apropriação do espaço público. Estas praças foram eleitas por serem praças bem estruturadas e bastante frequentadas. O segundo questionário, foi elaborado com quesitos objetivos para a coleta de informações sobre o perfil do usuário da Praça Sá Barreto (idade, gênero, estado civil e grau de instrução) e doze quesitos sobre a relação deste com a praça (Apêndice B). Foram aplicados 101 questionários junto à comunidade circunvizinha da praça eleita, em agosto de 2016, de forma aleatória, para averiguar o envolvimento destes com o espaço urbano e o interesse pela revitalização da Praça Sá Barreto. Foi constatada a insatisfação da população com o estado da referida Praça e o interesse pela sua revitalização. Em relação à idade, a distribuição por faixas a cada cinco anos segue os moldes do IBGE. Foram feitos registros fotográficos das praças visitadas para a aplicação do primeiro questionário (Apêndice C, D, E, F e G) para sinalizar suas estruturas e serviços. Para o Projeto Arquitetônico e Paisagístico foram consultadas as Normas da ABNT referentes às áreas públicas e acessibilidade (ABNT NBR 9050:2015),


46

Normas da ABNT referentes à Playground (ABNT NBR 9050:2015), Normas da ABNT referentes aos Índices Urbanísticos (ABNT NBR 6505:1994), Normas da ABNT referentes ao Espaço Físico Para O Uso Do Solo Urbano (ABNT NBR13.296:1995), Normas da ABNT referentes a Equipamento Urbano (ABNT NBR 9284:1986), Normas da ABNT referentes ao Mobiliário Urbano (ABNT NBR 9283:1986) dentre outras que se fizeram necessárias, além da consulta ao Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações do município de Vitória da Conquista-BA. „ É importante salientar que o programa de necessidades teve como lastro a pesquisa realizada junto à comunidade circunvizinha da Praça Sá Barreto (Tabela 2). Tabela 2: Necessidades levantadas pelos moradores circunvizinhos à Praça Sá Barreto

NECESSIDADES

PARQUE INFANTIL BANCO QUADRAS SEGURANÇA ILUMINAÇÃO BEBEDOURO SANITARIO EQUIPAMENTO DE GINÁSTICA MESA CANTEIROS ÁRVORE ACESSIBILIDADE LIXEIRA LIMPEZA GRAMADO EMBELEZAMENTO CALÇAMENTO TRAYLER ALIMENTAÇÃO IRRIGAÇÃO CICLOVIA PISTA DE CAMINHADA QUIOSQUE ESPAÇO ANIMAL PARADA DE ONIBUS COBERTA VIVEIRO WIFI FEIRAS FONTELUMINOSA PISTA DE SKATE

QUANTASVEZES FOI CITADA

94 74 56 52 47 41 40 39 39 38 31 26 19 16 15 11 8 6 5 3 3 3 2 2 2 2 1 1 1

Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.


47

4 APRESENTAÇÃO DA ÁREA DA PRAÇA SÁ BARRETO 4.1 Localização e Características A Praça Sá Barreto está localizada na cidade de Vitória da Conquista–BA, cidade da mesorregião centro sul, tendo como municípios limítrofes Cândido Sales, Belo Campo, Anagé, Planalto, Barra do Choça, Itambé, Ribeirão do Largo e Encruzilhada. Com uma área de 11.622,86 km², altitude 923 m, relevo Planalto, bioma Caatinga e Mata Atlântica, clima de Subúmido a seco, temperatura média: 20°C, chuvas de neblina no período de abril a agosto e de outubro a março, as chuvas das águas” (mais intensas e fortes), Vitória da Conquista é uma cidade com população total de 315.884 habitantes (Estimativa 2012). É a terceira cidade mais populosa do Estado e é composta por migrantes de todas as regiões brasileiras, notadamente do Nordeste e pelo êxodo rural constante. 67,5% da população do município vive na cidade. Faz parte da região econômica Sudoeste, tem um PIB (R$ bilhões) de 3.469 e IDH 0,708. Dista 509 km da capital (Salvador) e é servida pelas vias de acesso: BR-116, BA-262, BA-263 e BA-265. A economia da cidade esteve baseada na pecuária extensiva e no plantio de café, conferindo um desenvolvimento plausível, até a década de 1980; com a construção da BR- 116, no início dos anos 1960, o transporte de cargas e passageiros fez da cidade um centro comercial regional. Atualmente, o município preserva uma atividade agropecuária bem consolidada e é referência regional nas áreas de saúde, educação, comércio e indústria (PMVC, 2013) (Figura 27).

Figura 27 - Mapa do município de Vitória da Conquista no Estado da Bahia. Fonte: http://mapasblog.blogspot.com.br


48

A Praça Sá Barreto (Figura 28), foi criada durante a gestão do Prefeito José Fernandes Pedral Sampaio, em 1963, defronte sua residência. Está a 958 metros de altitude, Latitude: 14°.50‟.45,78” S e Longitude: 40°.50”.04,33” O. Faz divisa com o Centro, bairros Alto Maron e Guarani (Figura 29).

Figura 28: Sinalização da localização da Praça Sá Barreto Fonte Google Earth 2016

Figura 29: Imediações da Praça Sá Barreto Fonte: Mapa de Vitória da Conquista.


49

Está entre as ruas Paulino Santos, rua dos Andrades e avenida Antônio Nascimento. Ocupa uma área de 11.601.7164 m², perfazendo um perímetro de 444,4933 metros. Sua face norte mede 146,07 metros, a face leste mede 90,54 metros, a face sul mede 124,08 metros e a face oeste mede 83,81 metros (Figura 30 e 31).

Figura 30: Localização da Praça Sá Barreto Fonte: Mapa de Vitória da Conquista

Figura 31: Praça Sá Barreto Fonte Google Earth 2016.


50

Tem em sua composição alguns traçados de passeios pavimentados em pedra natural extraídas de pedreiras da região, calçadas em blocos de concreto e algumas espécies arbóreas, porém não existe gramado nem plantas para composição paisagística (Figura 32 A e B). Poucos bancos em madeira e concreto estão dispostos em sua área e representam o único mobiliário urbano existente e a iluminação é feita com postes altos. (Figura 33 A e B), alguns trailers de alimentação (Figura 34 A), um ponto de taxi (Figura 35) e um ponto de ônibus sem cobertura. Para acessibilidade existem quatro rampas de acesso, uma em cada esquina, porém não há faixas para travessia de pedestres e a pavimentação utilizada nas calçadas é irregular (Figura 36). A praça situa-se em área bastante acessível, com vias de tráfego fácil em todo o seu contorno (Figuras 37 A e B). Segundo informações de moradores vizinhos mais idosos, desde a sua implantação a praça nunca recebeu melhorias a não ser o plantio de algumas árvores e ajustes na pavimentação.

Figura 32 A: Calçada Fonte Google Earth 2016


51

Figura 32 B: Canteiros Fonte Google Earth 2016

Figura 33 A: Banco de concreto Fonte Google Earth 2016


52

Figura 33 B Bancos de madeira Fonte Google Earth 2016

Figura 34:Trailer e carrinho de รกgua de coco Fonte Google Earth 2016


53

Figura 35: Rampa Fonte Google Earth 2016

Figura 36: Ponto de taxi e rampa Fonte Google Earth 2016


54

Figura 37 A: Acesso pela rua JoĂŁo Pessoa Fonte Google Earth 2016

Figura 37 B: Acesso pela av. AntĂ´nio Nascimento Fonte Google Earth 2016


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4.2 Legislação do Município de Vitória da Conquista Conforme a Lei 1481 o Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações deste Município, praças são logradouros públicos (área pública e de uso da população, destinada à circulação, parada ou estacionamento de veículos ou à circulação de pedestres, comunicação ou lazer público e demais usos comuns, incluindo ruas, calçadas, parques, praças, calçadões e demais usos) e compreendem-se como Equipamentos Públicos ou Comunitários em áreas abertas, as praças, largos, parques, campos e quadras esportivas, utilizados para o convívio social, o lazer, a prática de esportes, a realização de eventos e a recreação da população, com suas áreas livres de uso público, ajardinadas ou não, e construções permanentes ou provisórias; No Anexo II - Quadro 2.1 - Atividades/ Empreendimentos que Configuram o Uso do Solo, a Praça se enquadra na atividade Urbanização UR-4 (Abertura ou Modificação de Vias e Logradouros e Criação de Faixas de Domínio) e no Quadro 2.2, Uso do Solo por Área de Influência, se enquadra em Empreendimentos E-e. A Praça Sá Barreto está situada na Zona de Uso ZR -2 e segundo as normas para Parcelamento do Solo o bairro onde está inserida deve ter um mínimo de 9% para Áreas Institucionais, de 15% para Áreas Verdes e Lazer e de 11% para Sistema Viário. Deve ter CAB 1,0, CAM 1,5, CO 0,60, CP0,20, Recuo Frontal de 3,0 metros e lateral de 1,50 metros (Figura 38). Esta Lei faz menção sobre as redes de distribuição de energia elétrica que deverão ser executadas com cabos e fios isolados em áreas arborizadas, localizadas em parques e no entorno de praças; também veda em praças a instalação de suporte para antena e antenas transmissoras de telefonia celular de recepção móvel celular e de estações de rádio - base (ERB) e equipamentos afins; sinaliza que o corte da via ou qualquer área pública para implantação de serviços de água, energia elétrica, telefonia ou similares, sem prévia licença está sujeita a penalidades e que não serão computadas, para efeito da aplicação do Coeficiente de Ocupação (Co), as seguintes áreas: placas com nome ou número da edificação, muros, bancos, espelhos d'água, equipamentos descobertos de lazer, inclusive piscinas.


56

Figura 38: Zoneamento do Uso e Ocupação do Solo Fonte Lei 1481/2007-PMVC


57

4.3 Análise do entorno Bem localizada, em bairro potencialmente residencial, está servida por ruas pavimentadas que garantem o fácil acesso e tem ao seu redor todas as quadras ocupadas por lotes com edificações de porte e características que vão de um padrão baixo a médio. A população de classe econômica baixa a média, está distribuída em todas as faixas etárias. Pequenos estabelecimentos comerciais estão presentes no entorno, bem como escolas e instituições como o Tiro de Guerra, o Museu Pedagógico Padre Palmeira, a subestação da EMBASA (Empresa de Saneamento) e o Poço Escuro Área de Preservação Permanente (Figura 39 A e B).

Figura 39 B: Diagnóstico do entorno Fonte: Elaboração própria


58

Figura 39 A: Vista Panorâmica do Entorno Fonte Google Earth 2016

A análise da Tipologia local, apresentada na figura 40, mostra as características do entorno quanto a sua ocupação.

Figura 40 :Tipologia Fonte: Elaboração própria a partir do Mapa da Cidade


59

A análise das edificações, cujas fachadas são predominantemente pintadas e o número de pavimentos varia de um a cinco, é mostrada na figura 41.

Figura 41: Gabarito Fonte: Elaboração própria a partir do Mapa da Cidade

A análise de tráfego demonstra que todas as ruas do entorno são de sentido duplo e que o trânsito flui normalmente, sendo mais intenso nos horários de pico, nas ruas João Pessoa, Paulino Santos e Antônio Nascimento (Figura 42 A e 42 B).

Figura 42 A:Tráfego nas imediações da Praça Sá Barreto Fonte: Google Maps 2016


60

Figura 42 B: Sentido do Trafego de Veículos Fonte: Elaboração própria a partir do Mapa da Cidade

4.4 Análise da Praça Sá Barreto Inserida neste contexto, a Praça Sá Barreto foi avaliada na sua atual situação e como foi visto nas imagens anteriores, não se encontra em bom estado de conservação nem tão pouco dispõe de paisagismo, de mobiliário e de atrativos que convide a população para nela ir e permanecer (Figura 43).

Figura 43: Diagnóstico da Praça Sá Barreto Fonte: Elaboração própria a partir do Mapa da Cidade


61

Durante as entrevistas realizadas junto à população circunvizinha da Praça, os moradores sinalizaram a insatisfação em relação a vários aspectos (Figura 44 A e B). 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 NÃO

SIM

CONSIDERA A PRAÇA SÁ BARRETO BEM ESTRUTURADA? Figura 44 A: Conservação da Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

80 70 60 50 40 30 20 10 0 NÃO

SIM

CONSIDERA A PRAÇA SÁ BARRETO ADEQUADA PARA SER FREQUENTADA? Figura 44 B: Adequação da Praça Sá Barreto ao uso Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

Para a maioria dos entrevistados, a Praça oferece riscos ao ser frequentada, quer por questões de segurança em relação a assaltos em horários com pouco movimento, pela presença de usuários de drogas, pela queda de galhos de árvores que não recebem manutenção preventiva, quer por quedas devido a irregularidade do piso (Figura 45 A e B).


62

80 70 60 50 40 30 20 10 0 NÃO

SIM

A PRAÇA SÁ BARRETO OFERECE ALGUM RISCO? Figura 45 A: Existência de riscos na Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

80 60 40 20 0 RUIM

REGULAR

BOA

ÓTIMA

CONSIDERA A SEGURANÇA: Figura 45 B: Segurança na Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

A iluminação só se dá pelos postes altos e não há iluminação intermediária para equilibrar a iluminação abaixo das copas das árvores, criando áreas de penumbra (Figura 46).

60 50 40 30 20 10 0 RUIM

REGULAR

BOA

ÓTIMA

CONSIDERA A ILUMINAÇÃO: Figura 46: Qualidade da iluminação na Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.


63

Embora a arborização seja bem presente existem alguns vazios que poderiam receber mais espécies, pois pelo fato de ser uma praça antiga, algumas árvores foram cortadas (Figura 47).

45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 R

REGULAR

BOA

ÓTIMA

CONSIDERA A ARBORIZAÇÃO: Figura 47: Qualidade da arborização na Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

Segundo Jan Gehl o espaço público deve oferecer à comunidade um constante e convincente convite para que seu público venha e permaneça e com isso se aproprie do espaço. Para isso deve dispor de mobiliário e de atrativos que envolvam e divirtam as pessoas. A Praça Sá Barreto dispõem apenas de alguns ba cos e nada mais, o que a desvaloriza e a impede de cumprir seu papel de praça (Figura 48). 120 100 80 60 40 20 0 RUIM

REGULAR

BOM

ÓTIMO

CONSIDERA O MOBILIÁRIO E OS EQUIPAMENTOS DE LAZER Figura 48: Mobiliário e equipamentos de lazer da Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.


64

Embora a Praça ofereça excelente localização e fácil acesso como mostrado nas imagens anteriores e também confirmado pela comunidade como mostra a figura 49, um fato que chama bastante a atenção é a inexistência de faixas de segurança para a travessia de pedestres. O trânsito é constante nas ruas que contornam a Praça, o que dificulta a travessia com segurança, quer para pedestres em condições normais de locomoção, quer para idosos e portadores de necessidades especiais (Figura 50).

120 100 80 60 40 20

0 RUIM

REGULAR

BOM

ÓTIMO

CONSIDERA O ACESSO: Figura 49: Acesso à Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

80 70 60 50 40 30 20 10 0 RUIM

REGULAR

BOM

ÓTIMO

CONSIDERA A ACESSIBILIDADE: Figura 50: Qualidade da Acessibilidade na Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.


65

5 CONCEPÇÃO DO PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA PRAÇA SÁ BARRETO

Desde o início das reflexões sobre este Trabalho de Conclusão de Curso, pensou-se num lugar público onde se possa conviver com entusiasmo e alegria, de preferência em área aberta e de acesso gratuito, que promova socialização e oportunidades positivas que contribuam com a qualidade de vida da comunidade. Nada melhor que uma praça, onde a natureza esteja presente, criando um cenário envolvente e de preferência em um local cuja população imediata seja de classe média baixa a baixa, com menores possibilidades de lazer e interação social além da rua. A alma deste projeto está alicerçada no tripé interação, convívio e acessibilidade. É preciso convidar a população e cativá-la para que venha, permaneça e volte sempre. Um local que ofereça condições para que se dê o envolvimento e a apropriação do espaço é compromisso primordial do arquiteto urbanista, pois com a apropriação o cidadão não só usufrui como cuida do espaço que também é seu. O partido segue o título deste trabalho - A Vida Acontece na Praça. Vida no sentido de pessoas, cor, oportunidades, movimento, ação, livre expressão, interação, formas, água, ar, sol, verde, sorrisos, conversas, abraços, encontros, sensações dentre outros. E quando tudo isso pode ocorrer em um mesmo lugar pode se dizer que a praça acontece na vida da cidade. Linhas leves e sinuosas definindo os contornos de canteiros e por consequência os passeios e as áreas para esta e aquela função, emolduradas por plantas de diferentes cores e volumes são complementadas pelas várias formas dos mobiliários urbanos. Formas orgânicas e linhas retas combinadas nas poucas edificações como quiosques e sanitários almejam fundir as estruturas arquitetônicas à natureza em volta. O eucalipto autoclavado e a piaçava compõem as edificações, junto com a alvenaria. Para causar encantamento e envolvimento, não poderia faltar o elemento água que ganha destaque em dose dupla. Uma fonte luminosa/musical contemplativa ao centro e uma fonte interativa situada em outra área para que os usuários se divirtam durante o dia, poderão garantir o espetáculo.


66

Vitória da Conquista é terra de fortes expressões artísticas e uma área reservada para pequenas apresentações não poderia faltar para entreter, porém deve acontecer de forma orgânica, entremeada com o entorno. Espaços abertos também devem fluir para receber acontecimentos eventuais de atividades coletivas esportivas e artísticas. Pensando em sustentabilidade, para o mobiliário se priorizou o eucalipto de reflorestamento produzido na região; já o piso uniforme, em concreto sem rebaixos ou desníveis, com inclinação para o centro, permite a drenagem das águas pluviais captadas por grelhas e dutos e destinadas a reservatórios que também recebem as águas da fonte interativa para uso em sanitários e manutenção, visto que Vitória da Conquista tem sérios problemas com o abastecimento de água e com a drenagem pluvial; a permeabilidade está garantida em uma ampla área de vegetação que se espalha por toda a praça, além do piso intertravado no estacionamento; postes de iluminação fotovoltaicos movidos à luz solar, podem ser uma alternativa com boa relação custo-benefício e mínima manutenção para gestão de postes de iluminação pública; considerando as deficiências do abastecimento de água da cidade, foi sugerida a perfuração de um poço no local para irrigação da área verde e outras necessidades foram considerados neste projeto.


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6 PROGRAMA

A tabulação dos dados dos questionários permitiu conhecer o perfil de seus possíveis frequentadores, o que norteia a concepção do projeto de revitalização. Houve uma boa distribuição em todas as faixas etárias. Em relação à faixa de 5 a 9 anos não ser expressiva, não denota que este público não frequente a Praça, mas sim que poucos foram entrevistados. Conhecer esta característica alerta para o fato de que a Praça deve oferecer atrativos para todas as idades (Figura 51).

5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 34 anos 35 a 39 anos 40 a 44 anos 45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80 a 89 anos

14 12 10 8 6 4 2 0

IDADE Figura 51: Faixa Etária Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

Quanto ao gênero, embora a aplicação tenha sido aleatória, houve uma distribuição equitativa. Devido a necessidade de lazer, tanto homens como mulheres manifestam a importância de se ter um local para atender esta necessidade, embora os motivos sejam distintos (Figura 52).

GÊNERO 50% 50%

GENERO FEMININO

GENERO MASCULINO

Figura 52: Gênero Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.


68

O quesito estado civil dá a entender que existe um perfil de existência da família e consequentemente da necessidade de se ter espaços públicos de lazer, de preferência gratuitos, considerando os bairros vizinhos serem de classe média baixa a baixa. Também a alta incidência de solteiros é um sinal de que a oferta de opções de entretenimento, socialização e esporte no espaço público é bem vinda (Figura 53).

60 50 40

30 20 10 0

SOLTEIRO

CASADO SEPARADO

VIUVO

ESTADO CIVIL Figura 53: Estado Civil Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.

O grau de escolaridade predomina entre o 1° e o 2° e pode ser indício de poder aquisitivo. Quando se oferece oportunidades de lazer comunitário e gratuito todos são beneficiados e a cidade ganha com isso, pois promove a qualidade de vida (Figura 54).

60 50 40 30 20 10 0 NENHUM

1° GRAU

2° GRAU

SUPERIOR

GRAU DE ESCOLARIDADE. Figura 54: Grau de Escolaridade Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016.


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Muitos são os motivos que levam uma pessoa à praça - desde a simples travessia para se deslocar pelas ruas, mas que por si só já traz um benefício, pois como diz Jan Gehl, os passos desaceleram quando se passa por uma praça; como a busca por lazer, encontrar pessoas, se distrair, contemplar o belo, praticar esportes dentre outros (Figura 55). Como mostra o diagnóstico da Praça, o hábito de ser frequentada apenas de dia está associado à iluminação e à segurança, que não colaboram com um ambiente propício ao uso após o entardecer

TRABALHO

PASSAGEM

ALIMENTAÇÃO

LAZER

ESPORTE

ENCONTRAR PESSOAS

35 30 25 20 15 10 5 0

MOTIVO PELO QUAL VAI A PRAÇA. Figura 55: Uso da Praça Sá Barreto Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016

Estes dados somados aos dados do Diagnóstico do Entorno e Diagnóstico da Praça e ao quadro de necessidades apontadas pela população entrevistada, levaram a uma reflexão para se estabelecer as necessidades a serem atendidas para um grupo jovem, predominantemente, com famílias também, que buscam esporte e lazer (Figura 56).


70

100 90

quantas vezes foi citada

80

70 60 50 40 30 20 10 PARQUE INFANTIL BANCO QUADRAS SEGURANÇA ILUMINAÇÃO BEBEDOURO SANITARIO EQUIPAMENTO DE GINÁSTICA MESA CANTEIROS ÁRVORE ACESSIBILIDADE LIXEIRA LIMPEZA GRAMADO EMBELEZAMENTO CALÇAMENTO TRAYLER ALIMENTAÇÃO IRRIGAÇÃO CICLOVIA PISTA DE CAMINHADA QUIOSQUE ESPAÇO ANIMAL PARADA DE ONIBUS COBERTA VIVEIRO WIFI FEIRAS FONTELUMINOSA PISTA DE SKATE

0

necessidades Figura 56: Necessidades apontadas pelos entrevistados Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016

Para a elaboração do Programa de Necessidades além das considerações acima, foi levado em conta a proposta do trabalho, seu cunho inserido no espaço urbano com o objetivo de oferecer à comunidade um serviço de excelência, para se cumprir o propósito de fazer a vida acontecer na praça. Por questão de ordem prática, as necessidades foram agrupadas em Grupos Funcionais como Lazer, Esporte, Contemplação, Entretenimento, Acessibilidade, Infraestrutura, Mobilidade, Iluminação e Segurança (Tabela 3). Os quesitos Viveiro e Wi-Fi foram desconsiderados, uma vez que a manutenção de um viveiro em área aberta, como é o caso das praças torna-se difícil tanto pelo fator segurança dos animais e das pessoas, como no que se refere à alimentação dos animais pela população, o que pode por em risco a saúde destes. Com o objetivo de promover uma vida ao ar livre e resgatar atividades que pouco se tem acesso no espaço público, o quesito Wi-Fi também não será disponibilizado.


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Tabela 3: Programa de Necessidades para a Praça Sá Barreto GRUPO

MODALIDADE

DESCRIÇÃO

FONTE INTERATIVA

ÁREA COM EJEÇÃO DE ÁGUA, PARA

FUNCIONAL LAZER

BANHO

COLINA

ELEVAÇÃO

DE

TERA

COBERTA

POR

GRAMADO

PARQUE INFANTIL

EQUIPAMENTOS PARA 0 A 5 ANOS EQUIPAMENTOS PARA DEMAIS IDADES

ESPORTE

CONTEMPLAÇÃO

PARQUE SENSORIAL

EQUIPAMENTOS SENSORIAIS

QUIOSQUE

QUIOSQUE COBERTO

MESA COM BANCO

MESAS DE APOIO COM BANCOS

MESA COM TABULEIRO E BANCO

MESA PARA JOGOS

BANCOS

BANCOS DIVERSOS

GRAMADO PARA PIQUENIQUE

ÁREA GRAMADA

ÁREA PET

ÁREA FECHADA PARA ANIMAIS

QUADRA POLIESPORTIVA

QUADRA COM ALAMBRADO

MINI BASQUETE

ÁREAS PEQUENAS COM TABULEIROS

QUADRA DE AREIA

ÁREA DE AREIA COM ALAMBRADO

SKATE

PISTA DE MANOBRAS

CICLOFAIXA

ÁREA DELIMITADA PARA BICICLETAS

FAIXA PARA CAMINHADA

ÁREA DELIMITADA PARA ANDAR

ACADEMIA AO AR LIVRE

EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA

FONTE LUMINOSA

EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS

PAISAGISMO

PROJETO DOS CANTEIROS PLANTAS

ENTRETENIMENTO

PERGOLADOS

ESTRUTURA EM MADEIRA

ESCULTURAS

PEÇAS ORNAMENTAIS

ÁREA

PARA

PEQUENAS

ARENA COM PALCO E ARQUIBANCADA

APRESENTAÇÕES

ACESSIBILIDADE

RAMPAS

DISPOSIÇAÕ EM DIVERSOS PONTOS

ESTACIONAMENTO PNE

VAGAS CONFORME ABNT NBR 9050:2015

PISO TÁTIL

INSTALAÇÃO POR TODA A ÁREA

FAIXAS DE SEGURANÇA

PASSAGENS

ELEVADAS

EM

PONTOS

DE

COCO/

ESTRATÉGICOS

ALIMENTAÇÃO

QUIOSQUES PADRONIZADOS

ESTRUTURA EM ALVENARIA

ÁREAS

PIPOCA/SORVETE/ÁGUA

SERVIÇOS

PARA

PEQUENOS

BALEIRO/ALGODÃO QUENTE/ TAPIOCA

DOCE/CACHORRO


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INFRAESTRUTURA

SANITÁRIOS

MASCULINO-FEMININO-PNE

BEBEDOUROS

BEBEDOUROS FIXOS DISTRIBUIDOS

LIXEIRAS

DISTRIBUÍDAS PELA ÁREA

IRRIGAÇÃO

EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS

DRENAGEM

GALERIAS COLETORAS

PASSEIOS

NA ÁREA DE CIRCULAÇÃO

MANUTENÇÃO

DEPÓSITO DE MATERIAL DE LIMPEZA E MANUTENÇÃO. ESTRUTURA EM ALVENARIA.

MOBILIDADE

ACESSOS

IDENTIFICAÇÃO

CALÇADAS

NO ENTORNO DA PRAÇA

CICLOVIAS E CICLOFAIXAS

CICLOVIAS NO ENTORNO DA PRAÇA E CICLOFAIXAS NAS VIAS PRÓXIMAS

ILUMINAÇÃO

SEGURANÇA

RUAS

MODIFICAÇÃO DE PERCURSOS

PARADAS DE ÔNIBUS,

PROTEÇÃO COBERTA E COM BANCO

PONTO DE TAXI

PROTEÇÃO COBERTA E COM BANCO

SINALIZAÇÃO

SINALIZAÇÃO DO ENTORNO

ESTACIONAMENTO

PARA CARRO, MOTO E BICICLETA

ALTA

POSTE DE 8 METROS E REFLETOR

MEDIA

POSTE COM 2,5 METROS

BAIXA

REFLETORES

QUIOSQUE DE SEGURANÇA

ESTRUTURA EM EUCALIPTO E PIAÇAVA

MONUMENTO DE CONTENÇÃO

ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO

Fonte: Resultado dos dados do questionário aplicado junto á população, 2016


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7 PROPOSTA E PROJETO Considerando o papel social deste Projeto, e o propósito da Praça em promover convivência e recreação, grande valor está na funcionalidade e diversificação para que o local possa atender as diferentes pessoas, em diferentes horários, por motivos diferentes e que possam utilizar boa parte da infraestrutura local em intensidade e tempo variados. Para atender ao Programa de Necessidades distribuído em Grupos Funcionais como Lazer, Esporte, Contemplação, Entretenimento, Acessibilidade, Infraestrutura, Mobilidade, Iluminação e Segurança a proposta é de setorização por função com o objetivo de criar “áreas de estar” distintas para público distinto, de forma que, em um mesmo espaço possam estar ocorrendo atividades que não interfiram umas nas outras, prezando a qualificação e a acessibilidade dos espaços. A trajetória solar na Praça Sá Barreto é bastante favorável à implantação do projeto proposto, sendo determinante na locação de cada área funcional, o que foi cuidadosamente estudado para proporcionar maior conforto ao usuário, no desenvolvimento das atividades disponíveis. Considerando a Rosa dos Ventos, algumas áreas tiveram sua localização pensada de forma que o vento predominante não prejudicasse a função das mesmas, como no caso da fonte luminosa, da fonte interativa e da área do anfiteatro, enquanto outras foram locadas de forma a aproveitar o sentido dos ventos predominantes, para favorecer a ventilação, como no caso da área de alimentação e sanitários. Tanto a Trajetória Solar como a Rosa dos Ventos podem ser visualizadas no Apêndice C. 7.1 Grupo Funcional Lazer O grupo Lazer inclui fonte interativa, colina, parque infantil, parque infantil com acessibilidade, parque sensorial, quiosque, área de jo gos de tabuleiro e jogos de mesa, bancos, gramado para piquenique e área pet. A fonte interativa consiste em um plano horizontal de onde partem jorros de água na vertical para a diversão dos usuários e tem seu uso previsto para momentos pré estabelecidos pela manhã e tarde. Ao seu redor pergolados em eucalipto com trepadeiras garantindo a beleza e o conforto térmico, permitem que os acompanhantes ou aqueles que preferem apenas observar, possam se acomodar com conforto. Nas bordas do piso da fonte interativa, uma canaleta recebe a água e


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a deriva para as vias coletoras que a conduz para a caixa subterrânea de reuso, instalada na parte mais baixa do terreno (Figura 57). A colina, como o nome diz, consiste em uma pequena elevação de terra com finalidade lúdica, coberta por gramado para que as crianças possam experimentar o subir, descer e rolar para sua diversão. Também está servida por bancos para o conforto dos acompanhantes e observadores (Figura 58).

Figura 57: Fonte Interativa Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 58: Colinas Fonte: Maquete Eletrônica.


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O Parque Infantil, protegido por pequena cerca decorativa em madeira de eucalipto de reflorestamento, tela e plantas de médio porte formando uma cerca viva com a finalidade de proteger as crianças e para evitar a entrada de animais, está dividido em duas áreas, uma para crianças de 0 a 5 anos e outra para crianças a partir de 5 anos, com o objetivo de segurança. Os equipamentos em madeira de eucalipto e bambu visam disponibilizar diversas opções de uso para oferecer diversão às crianças, sem causar congestionamento e estão dispostos a uma distância funcional uns dos outros. Situado próximo à academia ao ar livre, permite que pais e filhos estejam sob um campo visual de domínio. Também está próximo ao sanitário e fraldário para maior conforto. Ao seu redor, na parte externa, está servido por bancos, bebedouros e carrinhos de alimentação. Seu piso em areia, permite o amortecimento em caso de quedas, além de dar a oportunidade do andar de pés descalçcs e o contato com este elemento da natureza (Figura 59 e 60).

Figura 59: Vista panorâmica do Parque Infantil Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 60: Parque Infantil Fonte: Maquete Eletrônica.

O Parque Infantil com Acessibilidade está ao lado do Parque Infantil e do Parque Sensorial, com piso antiderrapante em concreto e dispõe de três opções de brinquedos adaptados à cadeira de rodas. O espaço entre eles está dimensionado para livre circulação dos usuários. (Figura 61) O Parque Sensorial tem como objetivo promover experiências para o desenvolvimento da capacidade cognitiva através de estímulos sensório/motor que aguçam a percepção sensorial dos visitantes e promover a integração da sociedade com pessoas que por algum motivo não tem um dos sentidos. É um parque para viver, sentir, experimentar e desfrutar, sons, texturas e formas, que despertam os sentidos para experiências mágicas e renovadoras, através de diversos dispositivos. Portadores de deficiência visual, auditiva ou física, bem como os idosos com sua natural perda de mobilidade e diminuição dos sentidos, podem se envolver neste espaço para desenvolver os sentidos e o raciocínio. Para o tato, superfícies com diferentes texturas, formas e volumes; para a audição a harpa gigante de tubos de metal e outros objetos sonoros, além do corredor de bambus suspensos tocados pelo corpo; para o olfato, canteiros com ervas aromáticas e flores com perfume; para o equilíbrio motor diferentes equipamentos para explorar o equilíbrio (Figura 61)


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Figura 61: Parque Infantil com Acessibilidade (à esquerda) e Sensorial (à direita) Fonte: Maquete Eletrônica.

Os Quiosques recebem iluminação para uso noturno e se misturaram à paisagem para oferecer sombra e conforto, e por esta razão sua estrutura é de eucalipto e a cobertura em piaçava. Uns com mobiliário e outros sem, para permitir diferentes usos. O piso em tijolo (valorizando as indústrias cerâmicas da região) e cimento queimado denota simplicidade (porém com um toque de arte), trazendo o padrão da maioria das casas ao redor, tornando o espaço familiar e aconchegante (Figura 62).


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Figura 62: Quiosques para Lazer Fonte: Maquete Eletrônica.

A Área de Jogos encerra ampla área com bancos em concreto, para se sentar à cavalo, com tabuleiros incrustados em mosaicos de pastilha vitrificada e mesas também com tabuleiros inscritos e bancos, ambos em concreto e com espaços para receber pessoas fazendo uso de cadeiras de rodas. Margeada por canteiros sinuosos com árvores para garantir o conforto térmico e plantas ornamentais, recebe com privacidade os apreciadores desta modalidade de lazer (Figura 63). As mesas para jogos trazem para a praça um hábito comum no bairro que é o jogo de dominó, nesta situação, ampliado para os jogos de tabuleiro. São redondas, em alvenaria e com tabuleiros inscritos em pastilhas cerâmicas vitrificadas e com bancos também em alvenaria. Algumas destas mesas dispõem de espaço para a acomodação de pessoas fazendo uso de cadeira de rodas (Figura 63). Os bancos em concreto, para sentar “à cavalo”(Figura 64), tem mosaicos em pastilha incrustado em sua superfície, criando tabuleiros para jogos. Para torna-los acessíveis à deficientes visuais, muitos deles têm o direcionamento por piso tátil.


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Figura 63: Área para Jogos com Mesas com Tabuleiro e Bancos em Concreto Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 64: Área para Jogos com Bancos em Concreto com Tabuleiro Fonte: Maquete Eletrônica.

Os Bancos nas opções com (Figura 64) e sem encosto (Figura 65), em madeira de eucalipto e em concreto, oferecem conforto e descanso e estão


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distribuídos por toda a Praça, criando áreas de convívio e de privacidade para aqueles que buscam o sossego e a introspecção.

Figura 64: Bancos com encosto - em madeira Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 65: Bancos sem encosto - em concreto Fonte: Maquete Eletrônica.

Durante uma visita à Praça Sá Barreto, foi notada a presença de uma família fazendo piquenique sobre o chão forrado com uma toalha. A partir desta cena, visando oferecer conforto e resgatando o cenário de piquenique sobre a relva, algumas áreas de gramado são destinadas a este uso (Figura 66).


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Figura 66: Picnic na Praça Fonte: Maquete Eletrônica.

A Área Pet, circunscrita por uma cerca decorativa em madeira de eucalipto de reflorestamento e tela metálica, com portão de acesso e plantas de médio porte, é destinada para pessoas que levam seus animais para a praça. Dispõem de piso em terra e bebedouro para as pessoas e para os animais, além de mobiliário lúdico para os animais se divertirem (Figura 67).

Figura 67: Espaço Pet Fonte: Maquete Eletrônica.


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7.2 Grupo Funcional Esporte Este grupo funcional inclui uma Quadra Poliesportiva, quatro espaços para Mini Basquete, Quadra de Areia, Academia Ao Ar Livre, Pista de Skate, Ciclovia e muitas calçadas para Caminhada e se destina àqueles que buscam na praça um local para a prática esportiva. Todas as quadras estão dispostas no mesmo setor, pois é uma área onde os ruídos são bastante intensos e todas elas são protegidas por alambrado para evitar acidentes com o deslocamento de bolas. O fato de estarem justapostas é intencional para se economizar com os alambrados (Figura 68 e 69).

Figura 68: Setor das Quadras Esportivas Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 69: Quadras Esportivas Fonte: Maquete Eletrônica.

A Quadra Poliesportiva (Figura 70) se configura na menor medida oficial, e tem piso em concreto. A quadra de areia (Figura 71) pode ter função múltipla. A Mini Quadra de Basquete, com piso em concreto, consiste em quatro pequenas áreas com cartela para o uso individual, em duplas ou pequenos grupos (Figura 71).

Figura 70: Quadra Poliesportiva Fonte: Maquete Eletrônica


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Figura 71: Quadras de Areia e Mini Basquete ao fundo Fonte: Maquete Eletrônica.

A Academia ao Ar Livre dispõe de equipamentos em eucalipto e ferro galvanizado, para atender as diferentes idades e funções. Está ao lado do Parque Infantil para oferecer comodidade aos pais que podem observar seus filhos enquanto se exercitam (Figura 72 e 73). Anexo a ela está a “Praça dos Idosos”, com aparelhos específicos em madeira de eucalipto (Figura 74).


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Figura 72: Academia ao Ar Livre Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 73: Academia ao Ar Livre Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 74: Praça da Melhor Idade Fonte: Maquete Eletrônica.

A Pista de Skate (Figura 75) com rampas e plataformas, está inserida na paisagem, embora tenha aparecido uma única vez na pesquisa sobre necessidades. Justifica-se pelo alto índice de jovens no bairro e também como mais uma forma de convidar para a praça e proporcionar aos jovens opções saudáveis de envolvimento, entretenimento e socialização, visto os bairros circunvizinhos serem de população menos favorecidas de recursos. Por necessitar de mais espaço para suas instalações não está situada na mesma área das quadras, porém ganha destaque ao ocupar um segmento especialmente destinado à ela (Figura 76). Na sua imediação está o bicicletário e o estacionamento de motos, visto que seu público utiliza-se muito destes meios de transporte, além de bebedouros e bancos para os espectadores (Figura 77).


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. Figura 75: Área da Pista de Skate Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 76: Pista de Skate Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 77: Estacionamento de Motos e Bicicletário junto à Pista de Skate Fonte: Maquete Eletrônica.

Uma pista para bicicleta, margeia a praça e se introduz nesta em alguns trechos (Figura 78 e79). Para caminhada e corrida, placas sinalizam as distâncias de percurso espalhadas pela praça.

Figura 78: Ciclovia interna Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 79: Ciclovia interna Fonte: Maquete Eletrônica.

7.3 Grupo Funcional Contemplação Formado pelas estruturas que promovem a contemplação e descanso no meio urbano, inclui a fonte luminosa, o paisagismo, pergolados e esculturas. Para o encantamento da população, a Fonte Luminosa com ”águas dançantes” ocupa o centro da Praça e está equipada com iluminação e sonorização que se alternam junto com os jatos verticais de águas espumantes (Figura 80). Em alvenaria estrutural, revestida por material cerâmico e com equipamentos hidráulicos apropriados (bomba, bicos e tubulações) Ao seu redor um canteiro cria uma área de afastamento de suas bordas para inibir a aproximação, evitando riscos de acidentes e de uso inapropriado. Plantas floríferas ornamentam e completam o visual.


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Figura 80: Fonte Luminosa Fonte: Maquete Eletrônica.

Vários Pergolados em madeira de eucalipto de reflorestamento autoclavado estão distribuídos pela praça, compondo com os bancos e as plantas trepadeiras de diferentes espécies e colorido variado, ambientes agradáveis para a permanência com conforto (Figura 81e 82).

Figura 81 Pergolado da Área de Entretenimento Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 82 Pergolado da Fonte Interativa Fonte: Maquete Eletrônica.

As esculturas em fibra de vidro são elementos decorativos que contribuem com suas formas, volumes, cores e neste caso também são lúdicas, e se tornam mais uma opção de entretenimento, visando interagir com o público que pode se aproximar e “brincar” e estão dispostos em alguns pontos estratégicos da praça São atrativos para motivar e convidar para a Praça (Figura 83).


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Figura 83 Esculturas Interativas em Fibra de Vidro Fonte: www.google.com.br


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Com o aumento do estresse urbano a possibilidade de estar próximo à natureza é um atenuante e o Paisagismo é uma forma de trazer a natureza para perto do homem. Com suas cores, formas, texturas, volumes e fragrâncias a vegetação cumpre um papel visual amenizador e relaxante. Vitória da Conquista é conhecida como a terra das rosas, logo não pode faltar um bom jardim e deve cumprir seu papel de conforto (microclima) e embelezamento, além de seu importante papel na qualidade do ar e na ecologia por participar do ecossistema e compor grande área de permeabilidade. No paisagismo, as árvores têm importante função de abrigar vidas, compor teto vegetal, fazer jogo de luz e sombra, criar barreira acústica e de ventos e compor o microclima; elas dão suporte a todo o jardim. A luz e o sombreamento equilibrados favorecem o desenvolvimento de outros tipos de vegetação evitando a agressão pelos raios de sol diretos. Os arbustos, trepadeiras, agaves, bromélias e herbáceas de médio porte, forrações e gramíneas entram na composição do projeto paisagístico conformando o volume e o jogo de cores dados pelas diferentes espécies utilizadas (Tabela 4).


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Tabela 4: Espécies usadas no Paisagismo da Praça Sá Barreto

Espécies usadas no Paisagismo da Praça Sá Barreto GRUPO

TIPO

ESPÉCIE

ARBÓREAS

ÁRVORES

ACÁCIA FÍSTULA, ACÁCIA MIMOSA, ANGICO, CAGAITA,

(PEQUENO,

ESPATÓDEA, FICUS BENJAMIN, FLAMBOIAN,

MÉDIO E

GUAPURUVU, IPÊ, JASMIM MANGA, PAU FERRO,

GRANDE

SALGUEIRO CHORÃO E SIPIRUNA.

PORTE) PALMEIRAS

FÊNIX E ARECA DE LOCUBA

CONÍFERAS

CIPRESTE ITALIANO E CAIZUCA

ARBUSTIVAS

ACALIFA, AZALÉIA, BELA EMILIA BRANCA E AZUL, CLUZIA, CROTON, DRACENA, GARDENIA, HIBISCO, MURTA E QUARESMEIRA

AGAVES

AGAVE ANGUSTIFOLIA, AZUL E DRAGAO

TREPADEIRAS

JASMIM DE MADAGASCAR E SETE LEGUAS

HERBÁCEAS

HEBÁCEAS

ABAXI ROXO, ACORIS, AGAPANTO AZUL E BRANCO, BROMÉLIA, CALADIUM, CAPIM DOS PAMPAS BRANCO E AZUL, CAPIM DO TEXAS, , CROSSANDRA DIONELA, ESPADA DE SAO JORGE, ESTRELITZIA, FORMIO RUBRO E VARIEGATA, GERANIO, HELICONIA IRIS, LIRIO, LIRIO DA PAZ, MARANTA E MOREIA

FORRAÇÕES

ASPARGO, AZULZINHA, BRILHANTINA,

CAPUCHINA,

CINERARIA, CRISTA DE GALO, EMIGRAFE, ESPADINHA, GRAMA

AZUL,

HERAS,

MINE

LANTANA

BRANCA,

AMARELA E ROXA, PERIQUITO, PILEA, SINGONIO, TAGETE, E TRAPOERABA ROXA, GRAMÍNEAS

GRAMA AMENDOIM, GRAMA BATATAIS E GRAMA PRETA Fonte: elaboração própria


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7.4 Grupo Funcional Entretenimento Considerando que entretenimento é definido como qualquer ação, evento ou atividade com a finalidade de entreter e suscitar o interesse de uma audiência, e que a presença de uma audiência é que torna qualquer atividade privada de recreação ou lazer em entretenimento, este grupo está formado pela área para pequenas apresentações e uma área aberta livre (figura 84).

Figura 84: Área de Entretenimento Fonte: Maquete Eletrônica.

A área para pequenas apresentações consiste em um pequeno Anfiteatro com um palco central circular com diâmetro de 6 metros e arquibancadas de alvenaria em semicírculo com dois lances de assentos para 75 pessoas sentadas, embora haja espaços livres para acomodar ainda mais. Na parte mais alta, a arquibancada está protegida com guarda corpo e margeada por paisagismo (Figura 85). Estão disponíveis quatro espaços específicos para pessoas fazendo uso de cadeira de rodas.


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Figura 85: Anfiteatro Fonte: Maquete Eletrônica.

A Área Aberta Livre é uma área plana para atividades em grupo como aulas de ginástica, dança sagrada, yoga, capoeira dentre outras. Esta área também pode ser utilizada para feiras temáticas (cultural, artesanato, pedagógica, gastronômica). No piso está inscrito um mosaico circular para decoração e quebra da monotonia da cor de superfície. Ambos estão envoltos por Pergolados com bancos sombreados, servidos por bebedouros , coletores seletivos de lixo, carrinhos de alimentação e piso tátil. Nesta área estão dispostos os mastros para receber as bandeiras do Brasil, da Bahia e de Vitória da Conquista (Figura 86).


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Figura 86: Área para atividades em grupo Fonte: Maquete Eletrônica.

7.5 Grupo Funcional Acessibilidade Considera as lombofaixas em todos os pontos de travessia das vias públicas ao redor da praça (Figura 87), as vagas de estacionamento para PNE (Figura 88), piso tátil em toda a área de circulação da praça (Figura 89), conforme ABNT NBR 9050:2015.

Figura 87: Lombofaixas no entorno da Praça Sá Barreto Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 88: Vagas para usuários de cadeira de rodas Fonte: Maquete Eletrônica.

Todas as áreas da praça estão definidas para que todas as pessoas tenham acesso a todos os serviços oferecidos. A uniformidade do piso das áreas de circulação favorece um ir e vir com segurança, quer para crianças, idosos, cadeiras de rodas e pessoas fazendo uso de salto fino. O piso tátil está disposto de forma a conduzir o deficiente visual a todo o mobiliário da praça e a todas as áreas que possa fazer uso.

Figura 89: Piso Tátil Fonte: Maquete Eletrônica.

Tanto na Academia ao Ar Livre como no Parque Infantil com Acessibilidade e Parque Sensorial o mobiliário é adequado para o uso por portadores de limitação de mobilidade. Também as quadras poliesportiva e de Mini Basquete permitem o acesso. Na Área de Jogos e na Praça de Alimentação mesas são dispostas com acesso para pessoas fazendo uso de cadeira de rodas (Figura 90).


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Figura 90: Acessibilidade na Área de Jogos de Mesa Fonte: Maquete Eletrônica.

Dois sanitários adaptados, um masculino e um feminino com entrada independente, estão disponíveis. Os bebedouros com acessibilidade estão disponibilizados em diversos pontos pela praça, bem como coletores seletivos de lixo em altura compatível (Figura 91).

Figura 91: Bebedouro com acessibilidade Fonte: Maquete Eletrônica.


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7.6 Grupo Funcional Alimentação Consiste em uma pequena praça de alimentação com quatro Quiosques Padronizados em alvenaria com tijolos prensados autoportante, fabricados in loco e madeira de eucalipto de reflorestamento autoclavado, telhas de cerâmica, piso em cimento queimado para reduzir custos e conferir um padrão casual. Junto aos quiosques uma área livre recebe as mesinhas para o conforto dos clientes, todas em concreto e fixas no solo. Algumas delas disponibilizam o acesso para pessoas fazendo o uso de cadeira de rodas (Figuras 92 e 93).

Figura 92: Mesas e Bancos em Concreto Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 93: Mesas e Bancos em Concreto Fonte: Maquete Eletrônica.

Áreas para Pequenos Serviços como carrinho de pipoca, sorvete, água de coco, guloseimas, algodão doce, cachorro quente, tapioca e balão de gás estão definidas como pontos fixos em plataformas aleatoriamente distribuídas em paralelo às áreas de circulação, evitando-se assim criar obstáculos para a passagem (Figuras 94 A e B).

Figura 94 A: Carrinhos para Pequenos Serviços Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 94 B: Carrinhos para Pequenos Serviços Fonte: Maquete Eletrônica.


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7.7 Grupo Funcional Infraestrutura Infraestrutura aqui esta sendo considerada como as estruturas e condições básicas necessárias para que a praça funcione tais como sanitários, depósito de material de limpeza e manutenção (DML), bebedouros, lixeiras, irrigação, drenagem, calçadas, passeios, estacionamento, ponto de taxi e parada de ônibus coberta. Sanitários divididos por gênero, disponibilizam de dois box para vaso sanitário, além de dois mictórios no sanitário masculino, com descarga tipo Hydra (para atenuar o risco de vandalismo quebrando caixa acoplada) e bancadas com cubas (Figuras 95 e 96).

Figura 95: Planta de Layout Fonte: Projeto próprio.

Figura 96: Sanitários Masculino e Feminino e Fraldário entre eles Fonte: Maquete Eletrônica.


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Nesta mesma edificação está instalado um fraldário (Figura 97) e um depósito para material de limpeza. Dois sanitários para PNE com entrada independente fazem parte deste módulo

(Figura 98). Também em alvenaria e eucalipto de

reflorestamento autoclavado, com piso em cimento queimado e ventilação permanente, fazem o diferencial. Por se tratar de ambiente público aberto, e com funcionamento 24 horas, as áreas comuns dos sanitários, por questão de segurança e para evitar vandalismo serão semiabertas tendo uma parede vazada com alternância de espaços vazios e barras de eucalipto na vertical, que também fornecerão ventilação e iluminação natural ao ambiente, além de um visual agradável. A água para as descargas provirão das caixas de coleta das águas pluviais e de descarte da fonte interativa. A cobertura além da laje é de telhado de uma água com telhas cerâmicas.

Figura 98: Fraldário Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 98: Sanitário para pessoas fazendo uso de cadeira de rodas Fonte: Maquete Eletrônica.

Uma área para depósito de material de limpeza e manutenção está construída junto ao sanitário e dispõem de pia, tanque de lavar roupa, prateleiras para guarda de material e ventilação permanente, semelhante ao sanitário, com madeira roliça em eucalipto autoclavado. Bebedouros em alvenaria estão espalhados pela Praça para maior conforto e praticidade, dispondo também, de base baixa para crianças e pessoas fazendo uso de cadeira de rodas. A água para esta finalidade vem de um filtro único que recebe a água da EMBASA e distribui para os bebedouros. As lixeiras distribuídas por toda a área da Praça serão do tipo coleta seletiva com uma parte para recicláveis e outra para orgânicos, em corpo único por questão de estilo, em eucalipto autoclavado e com tampa sobreposta afastada. Para o uso, sacos plásticos serão acomodados em seu interior. A irrigação da área verde será terceirizada para empresa especializada e deverá ser por aspersão com bico ejetável e computadorizada. A água proverá da caixa subterrânea de coleta e poderá ser complementada por poço tubular in loco, quando necessário. Os passeios internos da Praça, exclusivamente para pedestres, com faixa livre (exclusiva para circulação) de 3 metros, serão de concreto (fck> 20 MPa), moldados in-loco com pedrisco de brita zero (malha 12mm), espessura de 6 cm,


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tendo inclinação de 3% das bordas para o centro, para a drenagem das águas pluviais. De elevada resistência, conforto de rolamento, antiderrapante, de fácil limpeza e manutenção. A Drenagem consiste na coleta das águas pluviais dos passeios internos através das grelhas de captação (Figura 99) e condução por tubulação de 100 mm para a caixa coletora para uso na irrigação, nos vasos sanitários e serviços de limpeza. Por gravidade as águas descartadas pela fonte interativa também são conduzidas para a caixa coletora. O volume excedente à capacidade da caixa será escoado para as galerias pluviais da via pública. Devido ao alto fluxo de escoamento das águas pluviais que descem pela rua das Pedrinhas e pela rua Antônio Nascimento, foram previstas duas galerias subterrâneas de drenagem antes da rua A e rua da Corrente, evitando assim, que haja inundação e estragos na praça em dias de alto índice pluviométrico.

Figura 99 Captação de água pluvial Fonte: Projeto próprio.

7.8 Grupo Funcional Mobilidade Mobilidade é a condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano, obtida por meio de políticas de transporte e circulação que visam a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no espaço urbano, através da priorização dos modos de transporte coletivo e não motorizados de maneira efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável (Figura 100).


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Figura 100: Mobilidade Fonte: http://miti.com.br/blog/mobilidade-urbana/acesso em 12092016.

Neste

item

estão

sendo

consideradas:

acesso,

calçadas,

ciclovias,

estacionamento, ruas, paradas de ônibus, ponto de taxi e sinalização Com a revitalização pretende-se atrair não só os moradores circunvizinhos como pessoas dos demais bairros. Sendo assim é importante identificar com placas a direção da Praça em pontos estratégicos da cidade. A localização privilegiada permite fácil acesso por todos os meios de transporte e a pé. A calçada tem a função de recepção da Praça, pois através dela dá-se o acesso. Por esta razão devem ser convidativas, amplas, abertas ao público. Pela Lei de Uso e Ocupação do Solo a largura mínima é de 2,5 metros e neste projeto adotou-se a largura de 3 metros, com inclinação de 2%. Como no contexto da pesquisa (2016) a calçada é pavimentada com dois tipos diferentes de revestimento, parte em piso intertravado e parte em pedra natural, o revestimento será padronizado todo em piso intertravado e acrescido de piso tátil, até então inexistente. Os pontos de travessia da via pública carroçável estão posicionadas em todas as faces da praça em lombo faixas de travessia. Não foram colocados bancos nas calçadas, justamente para não causar estrangulamento na passagem dos pedestres, deixando livre fluxo, e também para que a permanência ocorra no interior da praça. As ciclofaixas (Figura 101 A e B) seguem dos bairros vizinhos e passam pelas ruas que dão acesso à Praça, motivando o uso deste meio de transporte para chegar à Praça.


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Figura 101 B: Ciclofaixas Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 101 A: Ciclofaixas Fonte: Maquete Eletrônica.

Na face oeste da Praça, para permitir livre fluxo dos veículos na rua, o estacionamento com vagas destinadas a bicicleta, moto, e veículos - com vagas especiais para PNE e idosos, está situado dentro da área da Praça, o que aumenta a segurança e o conforto (Figura 102). Como benefício para o entorno, foi criado um estacionamento na frente do Museu Padre Palmeira, para servir a este e ao Colégio Diocesano, evitando assim que as vagas destinadas à Praça sejam ocupadas por este outro público (Figura 103).

Figura 102: Estacionamento Fonte: Maquete Eletrônica.


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Figura 103: Estacionamento do Museu Padre Palmeiras Fonte: Maquete Eletrônica.

Para melhor disposição do layout da praça, dois seguimentos desta em anexo, foram incorporados na área maior da Praça, criando um único corpo. Para tanto, um trecho da Rua foi removido e seu fluxo modificado para otimizar o tráfego local. Uma pequena rua entre os dois seguimentos também foi incorporada na área da Praça (Figura 104).

Figura 104: Junção de toda a área Fonte: Elaboração própria


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A rua da face norte passa a ter fluxo em um só sentido, a rua da face leste dois sentidos de tráfego e a ciclo faixa, a rua da face sul dois sentidos de fluxo e a ciclo faixa e a rua da face oeste um sentido apenas. Um Ponto de Taxi com três vagas está locado para o conforto da comunidade e está provido de cobertura e banco, além de telefone público. O Projeto prevê duas paradas de ônibus cobertas, para melhor atender à População (Figura 105 A e B).

Figura 105 A: Parada de ônibus Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 105 B: Parada de ônibus Fonte: Maquete Eletrônica.

Para segurança foram instaladas placas de sinalização para orientação do fluxo, bem como sinalização de estacionamento por tipo de transporte (carro, moto e bicicleta), das vagas especiais de estacionamento, redutores de velocidade e as passagens elevadas para travessia de pedestres. A questão de acessibilidade, importante na mobilidade está sendo tratada no item acessibilidade. 7.9 Grupo Funcional Iluminação Nas cidades, as praças e parques contribuem não só para o embelezamento, mas também promovem o lazer, recreação e o convívio entre as pessoas. Dessa forma, uma atenção especial deve ser dada na elaboração dos projetos de iluminação destes espaços públicos, no sentido de torná-los seguros e convidativos à comunidade. A iluminação destes espaços deve permitir no mínimo um reconhecimento mútuo, além de proporcionar informação visual suficiente a respeito das pessoas e suas intenções a uma distância segura. Segundo estudos realizados, a distância mínima necessária para uma pessoa reconhecer qualquer sinal de hostilidade e tomar as ações evasivas apropriadas é de 4 metros. A esta distância, o


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nível de iluminância médio mínimo necessário para reconhecimento facial é de cinco lux, de toda forma, sobre a superfície não deve haver valor inferior a um lux. Considerando a necessidade de identificação de obstáculos na superfície da via e a velocidade com que as pessoas ou eventualmente ciclistas trafegam, o fator de uniformidade (U) não deve ser inferior a 0,25. A iluminação é apenas um dos muitos componentes responsáveis pela melhoria do ambiente urbano e neste caso estão previstos três tipos de iluminação: Alta, Média e Baixa. Tabela 5 - Níveis de iluminância e uniformidade para pedestres

CLASSE DE ILUMINAÇÃ

ILUMINÂNCIA HORIZONTAL MÉDIA (LUX) (EMED)

P1 - USO NOTURNO MUITO

FATOR DE UNIFORMIDADE MÌNIMO (U=E MIN/EMED)

20

0,3

10

0,25

5

0,25

INTENSO POR PEDESTRES P2 – USO NOTURNO INTENSO POR PEDESTRES P3 - USO NOTURNO POUCO OU MODERADO POR PEDESTRES

Fonte: Manual de Distribuição - Projetos de Iluminação Pública – CEMIG

Em função da concepção arquitetônica o Projeto tem áreas distintas de utilização como jardins, brinquedos, jogos de mesa, quadras, dentre outras que pedem critérios de projetos diferenciados para cada espaço. Estátuas, algumas árvores e outros pontos de interesse especial recebem iluminação individual. Efeitos atrativos foram pensados com o uso de lâmpadas com temperatura de cor diferente, por exemplo, lâmpadas VS (Lâmpada de Vapor de Sódio) para a iluminação do entorno e lâmpadas VMT (Lâmpada de Vapor Metálico) para o interior da praça.. A iluminação Alta com postes de 8 metros de altura livre, e refletores estrategicamente locados, no sistema fotovoltaico garantem a iluminação geral. Pelo fato de existirem muitas árvores o controle de poda deve ser observado para não comprometer a eficiência da iluminação (Figura 106 A e B). Para melhor convivência da iluminação publica com a arborização, foi considerada a equação para o cálculo de variáveis que contribuem para a desobstrução da iluminação pública. A equação abaixo foi considerada para a implantação de novos sistemas de iluminação, auxiliando na definição da posição dos postes e sua distância às árvores existentes


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e na implantação de novas árvores auxiliando na definição das árvores em relação aos postes A equação considera os ângulos de máxima incidência de luz nos sentidos longitudinal e transversal à via, a sua altura de montagem e a distância da árvore. Z = H – (A x D) Sendo: Z = Altura mínima de um galho H = Altura de montagem da luminária AL = cot 750 = 0,26 (ângulo de máxima incidência de luz para o sentido longitudinal) AT = cot 600 = 0,57 (ângulo de máxima incidência de luz para o sentido transversal) D = Distância mínima do galho de menor altura

Figura 106 A: Projeção da desobstrução longitudinal Fonte: Manual de Distribuição - Projetos de Iluminação Pública – CEMIG

Figura 106 B – Projeção da desobstrução lateral Fonte: Manual de Distribuição - Projetos de Iluminação Pública – CEMIG


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Passagens e áreas com sombreamento de árvores recebem postes fotovoltaicos com 2,5 metros de altura. Quiosques e sanitários recebem iluminação interna. Monumentos e algumas árvores recebem refletores para iluminação focal. 7.9 Grupo Funcional Segurança Inclui Quiosques para Serviço de Vigilância e um monumento com finalidade de proteção. Dois Quiosques com estrutura em eucalipto autoclavado e cobertura em piaçava estão estrategicamente locados para inspirar segurança aos usuários (Figura 107). São pontos fixos onde permanecerão seguranças para informações e apoio aos usuários. Além dos pontos fixos, a segurança móvel com policiais circulando pela praça oferece à população uma boa motivação para frequentar a Praça.

Figura 107: Quiosque de Segurança Fonte: Maquete Eletrônica.

O Monumento de Proteção (Figura 108 e 109) consiste em um elemento instalado com o objetivo de barrar eventuais veículos que possam adentrar a praça no sentido da descida da rua do Cruzeiro, por ser uma rua em declive acentuado. Construída em concreto armado com Perfis “I” de Aço e concreto usinado.


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Importante salientar que no percurso de descida desta rua foram previstas várias lombofaixas e uma grelha de drenagem que auxiliam na desaceleração dos veículos, além da proibição da circulação de veículos pesados.

Figura 108: Monumento de Proteção Vista Frontal Fonte: Maquete Eletrônica.

Figura 109: Monumento de Proteção Vista Fundos Fonte: Maquete Eletrônica.


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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a proposta inicial deste Trabalho de Conclusão de Curso, abordando o tema Praça devido seu importante papel social no espaço urbano, revitalizando e requalificando a Praça Sá Barreto, para oferecer à população melhores níveis de qualidade de vida, com inclusão plena, após criterioso estudo sobre Espaço Urbano – praças, aplicação de questionários em campo e tabulação dos dados para levantamento das necessidades, deu-se as reflexões sobre o conceito e o partido deste projeto. Na reconfiguração do espaço existente, porém precário, foram mantidas as árvores existentes com exceção de uma apenas, que fora removida devido à junção de dois lotes anexos ao corpo maior da praça, para permitir a disposição física de todas as funções previstas para poder oferecer diversidade de uso. Todas as funções levantadas puderam ser implantadas de forma a garantir bons espaços de circulação e ampla área com ajardinamento, valorizando a vegetação. Fora atendido o critério de sustentabilidade através do uso de elementos construtivos como tijolo prensado autoportante feito na cidade, madeira de eucalipto de reflorestamento da região, telhas cerâmicas e piso intertravado fabricadas na cidade, coleta de águas pluviais para reuso e postes de energia fotovoltaica. A Acessibilidade plena também foi alcançada através da inclusão em todas as funções propostas tangíveis às pessoas que se utilizam de cadeiras de rodas para se locomover e através do piso tátil para permitir a otimização de uso pelos deficientes visuais. Todas as faixas etárias puderam ser contempladas. Conforme o Projeto apresentado através das linhas acima descritas e do Projeto Arquitetônico como pode ser visto nas pranchas, foi possível locar todas as áreas funcionais de forma que todas as necessidades levantadas no início deste trabalho puderam ser contempladas. Todas as faixas etárias foram atendidas de forma a atingir o público em geral, sem limitação alguma. O alto índice de jovens e famílias na população circunvizinha à Praça foi cuidadosamente servido com as propostas de esporte e lazer, e o fraldário em área neutra permite que a criança seja atendida por ambos os gêneros. A quadra de Skate, por requisitar maior espaço para as manobras, além de emitir ruídos, ganhou um lugar especial, permitindo sua instalação sem a necessidade da remoção de árvores adultas e sem comprometer a segurança dos


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usuários da Praça, permitindo seu uso com tranquilidade pelos praticantes deste esporte. Sem chocar com a natureza presente no local, as edificações em estilo levemente rústico se mimetizaram com a paisagem. Os pergolados em ondulações suaves, se entremeiam com o movimento dos passeios, das plantas e das pessoas, proporcionando conforto e beleza. Os bancos convidam a permanecer, os bebedouros oferecem conforto e as áreas destinadas aos carrinhos de alimentação sugerem que a permanência pode ser estendida um pouco mais. Sentir-se seguro é fundamental para o ser humano, e saber que no local existe uma estrutura para a permanência e circulação de policiais, traz conforto e proporciona segurança. Os animais de estimação, principalmente os cães, têm seu espaço garantido com água fresca e muita diversão. Se, alimentar-se em área pública, é a pedida do momento, para esta finalidade a praça de alimentação com os quiosques poderá entreter a muitos com conforto e privacidade. Caminhar, correr, pedalar, jogar bola, andar de skate, jogar dominó, cartas, xadrez ou dama, degustar aquelas comidinhas de praça, assistir a uma apresentação, participar de uma boa conversa, encontrar pessoas, contemplar a natureza, fazer ginástica, ficar sentado, lendo ou apenas observando, tomar um banho na fonte interativa, rolar pela colina, brincar no parquinho, se reunir para um piquenique na grama ou no quiosque, são apenas algumas das tantas opções que este Projeto oferece para a comunidade retratando a vida que acontece na praça. A contribuição que um espaço público assim estruturado pode trazer à cidade e à vida das pessoas, contribuindo para melhores níveis de qualidade de vida individual e coletiva é notório. Atingir o objetivo inicial de oferecer à comunidade conquistense uma opção de lazer com qualidade, diversidade, segurança e socialização leva a concluir, que A Vida Acontece na Praça Sá Barreto.


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REFERENCIAS

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LIRA FILHO, J. A. Paisagismo: implantação e elaboração de jardins. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 231 p. 174 p. (Coleção jardinagem e paisagismo. Série planejamento paisagístico; v.3), 2003. LOBODA, C. R.; DE ANGELIS, B. L. D. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e funções. Ambiência, Guarapuava, v.1, n.1, p.125 – 139, 2005. MACEDO, S. S.; ROBBA, F. Praças brasileiras. São Paulo: Edusp, 2002. ORNSTEIN, Sheila Walbe. Arquitetura, urbanismo e Psicologia Ambiental: uma reflexão sobre dilemas e possibilidades da atuação integrada. São Paulo: Psicol. USP, v.16, n.1–2. pp. 155-165, 2005. PAIVA, H.N., GONÇALVES, W. Implantação de arborização urbana. Viçosa: UFV, 20p. (Cadernos Didáticos, 17), 1997 PAIVA, H.N., GONÇALVES, W. Florestas urbanas: planejamento para a melhoria da qualidade de vida. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 180 p., 2002. PEDRÃO, F. A economia urbana - Ilhéus: Editus, 2002. PIZZOL, K. M. S. da. A dinâmica urbana: uma leitura da cidade e da qualidade de vida no urbano. Revista Caminhos de Geografia, Uberlândia, 1(16): 1-7, fev.2006. SANTOS, M. A urbanização brasileira- 2. Ed- São Paulo: HUCITEC, (Estudos Urbanos; 5), 1994 SANTOS ES. Reflexões sobre a utilização de espaços públicos para o lazer esportivo. RA´E GA; 11:25-33, 2006 SILVA, L.R. A Natureza Contraditória do Espaço Geográfico. São Paulo: Contexto, 1991. TANAJURA, M. História de Conquista, crônica de uma cidade. Vitória da Conquista, Brasil Artes Gráficas,1992.


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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO 1

FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR ARQUITETURA E URBANISMO TCC – A VIDA ACONTECE NA PRAÇA Discente: Regina Celia Inforçatti Carelli Orientador: Yasmine Midlej

Formulário 2: Valor da praça para a qualidade de vida individual e coletiva.

IDADE: GÊNERO

MASCULINO

ESTADO CIVIL

FEMININO

SOLTEIRO

CASADO

SEPARADO

VIUVO

NENHUM

1°GRAU

2°GRAU

3°GRAU

MAIS DE UMA

UMA VEZ POR

A CADA 15

UMA VEZ POR

COM QUE VEM

VEZ POR

SEMANA

DIAS

MES

À PRAÇA

SEMANA

INSTRUÇÃO PROFISSÃO FREQUENCIA

ACHA IMPORTANTE A PRAÇA PARA A QUALIDADE DE VIDA INDIVIDUAL? SIM (

)

NÃO (

)

NUMA ESCALA DE 0 A 5 QUANTO A PRAÇA LHE TRAZ BENEFÍCIOS? 0(

)

1(

)

2(

)

3(

)

4(

)

5(

)

ACHA IMPORTANTE A PRAÇA PARA A QUALIDADE DE VIDA COLETIVA? SIM (

)

NÃO (

)

DE 0 A 5, QUANTO A PRAÇA TRAZ BENEFÍCIOS PARA A POPULAÇÃO?

0(

)

1(

)

2(

)

3(

)

4(

)

5(

)

QUANTO MAIS ESTRUTURADA UMA PRAÇA FOR, MAIS FREQUENTADA ELA É?

SIM (

)

NÃO (

)

DE 0 A 5, QUAL SEU GRAU DE SATISFAÇÃO COM ESTA PRAÇA? 0(

)

1(

)

2(

)

3(

)

4(

)

5(

)

A EXISTENCIA DE PRAÇAS BEM PLANEJADAS COLABORAM COM UMA SOCIEDADE MAIS PACÍFICA?

SIM (

)

NÃO (

)


119

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO 2

FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE – FAINOR ARQUITETURA E URBANISMO TCC – A VIDA ACONTECE NA PRAÇA Discente: Regina Celia Inforçatti Carelli Orientador: Yasmine Midlej Formulário 1: PRAÇA SÁ BARRETO IDADE: GÊNERO

MASCULINO

ESTADO CIVIL

FEMININO

SOLTEIRO

CASADO

SEPARADO

VIUVO

NENHUM

1°GRAU

2°GRAU

3°GRAU

INSTRUÇÃO PROFISSÃO

FREQUENCIA COM QUE VAI À PRAÇA MAIS DE UMA VEZ/SEMANA ( UMA VEZ/MES (

)

)

NUNCA (

UMA VEZ/SEMANA (

)

A CADA 15 DIAS (

)

)

CONSIDERA A PRAÇA SÁ BARRETO BEM ESTRUTURADA? SIM (

)

NÃO (

)

CONSIDERA A PRAÇA SÁ BARRETO ADEQUADA PARA SER FREQUENTADA? SIM (

)

NÃO (

)

CONSIDERA QUE A PRAÇA SÁ BARRETO, DO MODO COMO SE ENCONTRA, OFERECE ALGUM RISCO?

SIM (

)

NÃO (

)

CONSIDERA IMPORTANTE QUE A PRAÇA SÁ BARRETO SEJA REFORMADA PARA OFERECER À COMUNIDADE UMA OPÇÃO DE LAZER E CONVÍVENCIA DE BOA QUALIDADE? SIM ( P

)

NÃO (

PARA VOCÊ, O QUE SERIA INTERESSANTE TER NA PRAÇA? 1-..........................2-...........................3-...........................4-.........................5-..........................

)


120

APÊNDICE C – TRAJETÓRIA SOLAR E ROSA DOS VENTOS PARA A ÁREA DA PRAÇA SÁ BARRETO


121

APÊNICE D – MAQUETE ELETRÔNICA Maquete elaborada por Aécio Moreno-Vitória da Conquista, BA, a partir da planta de Implantação Ilustrada.


122


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