Sind Paiva Farias

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FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE - FAINOR ARQUITETURA E URBANISMO

HEVEN LACERDA MONTEIRO

CENTRO DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA RENOVO - UM ESPAÇO DE INCLUSÃO E LAZER

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA 2016


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HEVEN LACERDA MONTEIRO

CENTRO DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA UM ESPAÇO DE INCLUSÃO E LAZER.

Projeto apresentado à Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Professor Orientador (a): Esp. Líbera Dall’Orto

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA 2016


3 FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE

TERMO DE APROVAÇÃO

Projeto do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Independente do Nordeste, avaliativo para obtenção do titulo de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado em: ___/___/___

TÍTULO

CENTRO DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS - RENOVO UM ESPAÇO DE INCLUSÃO E LAZER.

________________________________________ Heven Lacerda Monteiro Autor (a)

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Esp. Líbera Dall’Orto Orientador (a)

________________________________________ Prof. Esp. Ivana Suzi Labanca

________________________________________ Marcelo Prado


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“Existe somente uma idade para a gente ser feliz... ·... Uma só idade para a gente se encontrar com a vida... ·... Essa idade tão especial e tão única chama-se presente... E tem apenas a duração do instante que passa...”. (A idade de ser feliz, Mário Quintana)


5 RESUMO Ao longo dos anos, países desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos, estão presenciando a mudança na estrutura etária de sua população idosa, que por sua vez, busca cada vez mais um envelhecimento saudável e feliz, gerando uma procura maior por locais que promovam qualidade de vida, lazer e bem estar. No Brasil, ainda existem dificuldades encontradas em relação aos idosos. A falta de políticas, projetos e ações tornam ainda maior a escassez de locais que poderiam trazer benefícios para esta fase da vida. Alguns fatores abordados neste trabalho são de extrema importância para a qualidade de vida do idoso, como a acessibilidade, segurança, conforto ambiental e ergonomia, e muitas vezes, acabam sendo deixadas de lado na construção de edifícios públicos e de projetos urbanos. O estilo de vida, voltado para atividades físicas e de lazer como aulas de artes, culinária, passeios, jardinagem, horta, entre outras, são requisitos importantes para a longevidade. O Centro de Convivência para Idosos tem por finalidade, atender os mais necessitados seja financeiramente, seja necessitado de carinho, afeto, ocupação, entre outros. Dessa maneira o principal objetivo deste trabalho é apresentar um projeto onde a construção de um edifício deva ter uma infraestrutura que atenda todas essas necessidades em um só local, levando em consideração todas as dificuldades que esta população enfrenta, promovendo com isso o seu bem estar e proporcionando qualidade de vida e lazer.

Palavras – chave: Centro de convivência, Qualidade de vida, Terceira idade.


6 ABSTRACT Over the years, developed countries, developing and underdeveloped countries, are witnessing a change in the age structure of its elderly population, which in turn, seeks an increasingly healthy and happy aging, creating greater demand for sites that promote quality life, leisure and well being. Unfortunately in Brazil, there are still difficulties in relation to the elderly. The lack of policies, projects and actions make even greater shortage of places that could bring benefits to this stage of life. Some factors discussed in this work are of utmost importance to the quality of life of the elderly, such as accessibility, safety, environmental comfort and ergonomics, and often end up being left out in the construction of public buildings and urban projects. The lifestyle, facing physical and leisure activities such as art classes, cooking , hiking, gardening, vegetable garden, among others, are important requirements for longevity. The Community Center for the Elderly aims, those most in need is financially, is in need of affection, affection, occupation, among others. Thus the main objective of this paper is to present a project where the construction of a building should have an infrastructure that meets all these needs in one place, taking into account all the difficulties facing this population, promoting with this their welfare and providing quality of life and leisure. Key - words: Social Centre , Quality of Life , Senior Adult .


7 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Visão normal um idosos Figura 02: Visão com presbiopia Figura 03: Visão com opacidade Figura 04: Ambiente Asilar com cores contrastantes e alta incidência de luz natural Figura 05: Corte AA – Centro de lazer Espírita Ave Luz Figura 06: Corte BB - Centro de lazer Espírita Ave Luz Figura 07: Fachada 1 - Centro de lazer Espírita Ave Luz Figura 08: Maquete eletrônica - Centro de lazer Espírita Ave Luz Figura 09: Atividades e oficinas para idosos - CECCO Figura 10: Atividades e oficinas para idosos - CECCO Figura 11: Terreno para implantação do centro de convivência Figura 12: Terreno indicado no quadrado vermelho e seu entorno. Figura 13: Gráfico com população Idosa por bairro de VCA Figura 14: Terreno pela Rua Rio de Contas Figura 15: Terreno na Avenida Olívia Flores Figura 16: Terreno na Avenida Olívia Flores Figura 17: Terreno na Avenida Olívia Flores Figura 18: Símbolo dos 3 R’s da sustentabilidade Figura 19: Desenvolvimento do partido arquitetônico/ Elaborada pelo autor. Figura 20: Segunda forma do partido arquitetônico/ Elaborada pelo autor. Figura 21: Forma final do partido arquitetônico/ Elaborada pelo autor. Figura 22: Anexo II – Quadro 2.1. Figura 23: Anexo II – Quadro 2.1. Figura 24: Anexo II – Quadro 2.1. Figura 25: Código Obras Figura 26: Tabela 1. Figura 27: Tabela 2. Figura 28: Tabela 3. Figura 29: Tabela 5. Figura 30: Tabela 7.


8 LISTA DE SIGLAS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INSS - Instituto Nacional do Seguro Social LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social API - programa de apoio à pessoa idosa SAC - Serviço de Ações Continuadas


9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1. Problema 1.2. Justificativa 1.3. Objetivo Geral 1.4. Objetivo Especifico

2. FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O processo de envelhecer 2.2 Depressão em idosos 2.3 Influências da arquitetura para um envelhecimento com qualidade de vida 2.3.1 Conforto Ambiental 2.3.2 Sustentabilidade 2.3.3 Psicologia Ambiental 2.3.4 Humanização 2.3.5 Segurança, acessibilidade e Desenho Universal 2.3.6 Ergonomia

3. PROJETOS DE REFERÊNCIA 3.1. Centro de lazer para terceira idade - Grupo Espírita Ave Luz 3.2. Centro de Convivência e Cooperativa – CECCO

4. METODOLOGIA

5. DESCRIÇÃO DO PROJETO 5.1. Conceito 5.2. Características do terreno 5.2.1. Topografia 5.2.2. Condicionantes climáticos 5.3. Partido arquitetônico 5.4. Programa de necessidades


10 5.5. Fluxograma 5.6. Legislação 5.6.1. Código de Obras e Plano Diretor 5.6.2. NBR 9050/2004 5.6.3. NBR 9077/2001 5.6.4. Estatuto do idoso

6. REFERÊNCIAS


11 1. INTRODUÇÃO

A expectativa de vida dos brasileiros traz à tona a necessidade de iniciativas que garantam um envelhecimento com qualidade, uma vez que o número de idosos no Brasil aumentou consideravelmente ao longo dos anos, e isso acaba gerando uma atenção maior em diversos segmentos de uma sociedade. Ao longo da história observamos que o Brasil, por vezes, possuiu uma postura diferenciada em relação ao idoso, mas somente após a década de 1990 que uma política social específica para este segmento foi instituída. Havia, antes disto, medidas de iniciativas privadas, e algumas públicas somente no que diz respeito a idosos em situação de pobreza, o que demonstrava a preocupação do Estado somente no âmbito assistencial, onde politicas para atender necessidades, como a de bem estar, eram deixadas de lado. Frente a esta mudança, algumas leis e portarias da Constituição de 1988 foram revogadas e em 1993 a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) foi regulamentada e junto a ela atrelada a Politica Nacional do Idoso. A partir disso a questão do idoso passou a ser pautada também na participação da sociedade e não somente ao Estado. Contudo, estudos realizados ao redor do mundo constataram que o Brasil ainda está em 56º no ranking de qualidade de vida para a terceira idade, e o mais alarmante são os dados do IBGE/2010 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), que afirmam a estimativa de que no Brasil haverá 73 idosos para cada 100 crianças no ano de 2050. Ainda segundo o IBGE (2010) Vitória da Conquista possui uma população de 306.866 habitantes, sendo considerada a terceira maior cidade do Estado e a quarta do interior do Nordeste, possuindo o numero de 25.098 idosos na zona urbana, o que atinge 7,8% de sua população total. Por esta razão é importante que haja uma preocupação especial com esta parcela da população, para que se sintam participativos frente à sociedade. A queda da taxa de mortalidade e a redução da taxa de fecundidade estão contribuindo para o aumento da perspectiva de vida, porém atrelada a esta


12 expectativa, surgem alguns desafios para a saúde pública atual, como a perda de autonomia e independência dos idosos frente ao processo de envelhecimento. De forma gradativa, todo processo de envelhecimento acaba gerando modificações funcionais, morfológicas e psicológicas, e isso consequentemente agrava a capacidade de adaptação ao meio ambiente. Além disso, na terceira idade, algumas alterações podem desencadear o início da depressão, como por exemplo a sensação de perda do controle sobre a própria vida, ansiedade, baixa autoestima, restrições das atividades sociais, entre outras. Estudos realizados apontam que cerca de 15% dos idosos apresentam alguns sintomas depressivos e cerca de 2% tem depressão grave. Vitória da Conquista possui apenas duas modalidades de atendimento ao idoso – o Integral Institucional, também conhecido como Asilar, de carater permanente garantindo sustento e abrigo e o Centro de convivência, ambos com uma única sede. Os centros de convivência possuem papel bastante relevante para a redução de algumas doenças nos idosos, principalmente as de cunho emocional. Neste âmbito, uma se destaca: a depressão. Além de auxiliar a terceira idade em aspectos fisiológicos, os centros de convivência promovem o conhecimento cultural e a estimulação intelectual através de cursos em diversas áreas, mudando de acordo com o interesse da sociedade. Por interferirem favoravelmente na rotina do indivíduo também promovem reflexões e discussões de interesses coletivos, como a valorização da vida, o olhar mais cuidadoso para a saúde e a prática de atividades físicas e de lazer, requisitos estes que ajudam a melhorar o estilo de vida e aumentar a longevidade do idoso. Para que o envelhecimento seja saudável e bem sucedido é preciso atingir um processo que se desenvolva sucessivamente em torno de critérios sociais, individuais e ambientais, para se alcançar metas que não visem apenas à saúde física, mas também a mental onde a visão de cada indivíduo sobre as mudanças, condições

e

adaptações

compreensão do idoso.

trazidas

pelo

próprio

envelhecimento

ajude

à


13 Uma das principais atitudes de uma sociedade em que o número de pessoas acima de 60 anos de idade vem crescendo rapidamente deve ser a conscientização. Criar um espaço que seja economicamente acessível, que englobe serviços que viabilizem a participação da terceira idade na vida pública e traga oportunidade de acesso à tecnologia, ao conhecimento e convívio com outras gerações, vai além de uma preocupação social, é um resgate à dignidade humana. Os idosos se encontram na etapa da vida mais longa e viver muito/ viver bem é um direito do ser humano. Todos querem viver mais, mas ninguém quer ser idoso. Aliás, ter vida longa sempre foi uma aspiração da humanidade, porém quando alcançada, passa a ser tratada como uma questão social. Este trabalho tem como finalidade favorecer a integração entre os idosos, familiares e comunidade através de métodos planejados e atividades que incluam um sentido na vida dos idosos. Por meio do centro de convivência é esperada uma reintegração social, trazendo à tona a responsabilidade que cada indivíduo possui em relação às pessoas idosas. Além disso, o objetivo principal é auxilia-los para que possuam um envelhecimento saudável, resgatando a autonomia e a capacidade funcional. E por fim, trazer motivação à população idosa de Vitória da Conquista e região, através de um espaço que cuide, aconselhe, auxilie, promova lazer e encoraja a assumir o seu papel na sociedade.

1.4 Objetivos Específicos

-

Propor através de um projeto arquitetônico a integração da sociedade com a pessoa idosa;

-

Despertar à consciência dos idosos para seus direitos, afim de que sejam respeitados;

-

Conscientizar a sociedade que o idoso dotado de total experiência pode construir novos relacionamentos e novas estruturas;


14 -

Propor espaços para oficinas, ateliês, salas de música e salas de estudos que promovam a formação e especialização de um novo ofício, garantindo espaço no mercado de trabalho;

-

Trazer conforto e bem estar ao idoso através de áreas de lazer devidamente estruturadas e aconchegantes;


15 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O processo de envelhecer

Todo processo de envelhecimento do corpo é dado desde sua concepção, pois o organismo passa por diferentes processos, e por conta disso no decorrer da vida ultrapassa as etapas da evolução. Para Beauvoir (1990, pp.121-122), Etapas sucessivas compõem a vida humana, cada uma com suas características. Velhice não é apenas uma questão pessoal de desgaste físico. É, em certo sentido, o ponto mais alto da existência, embora, na linguagem mais frequente, seja comum falar de decadência ou declínio, como específicos da idade avançada.

Desde o momento em que o indivíduo nasce ele está em desenvolvimento, passando da fase infantil para a puberdade, após isso para a maturidade e então o envelhecimento. Cada fase da vida possui diferenças importantes e significativas, tornando evidente a individualidade do ser humano, pois o envelhecimento não é igual para todos, muito menos as experiências. Existem diversos fatores que influenciam o processo de envelhecimento, a exemplo disso tem-se a cultura em que o idoso está inserido e a sua percepção em relação à própria velhice. Sabe-se que o mundo capitalista, de certa forma, reduz o ser humano a um agente produtivo, remetendo a importância do homem naquilo que ele consegue produzir, reduzindo ainda mais o vínculo do idoso com a sociedade, o que acaba gerando no idoso um sentimento de impotência frente às dificuldades geradas por este processo de envelhecimento. Quando reportamos ao termo velhice, logo vem à mente pessoas debilitadas, frágeis, de aparência enrugada, e possuidores de alguma patologia. Entretanto, para Hayflick (1996), estar envelhecendo não é o mesmo de estar doente, apesar de saber que o aumento da idade debilita ainda mais o


16 sistema imunológico, e que em qualquer fase da vida o ser humano é suscetível a vários tipos de patologia. A definição de envelhecimento para Birren e Schroots (1996), pode ser compreendida em três subdivisões: envelhecimento primário, envelhecimento secundário e envelhecimento terciário. O envelhecimento normal, conhecido como primário, atinge todos os humanos em decorrência da sua própria genética. Este tipo de envelhecimento atinge de forma progressiva o organismo, possuindo efeito cumulativo. O envelhecimento secundário, por sua vez, também pode ser caracterizado por envelhecimento patológico, pois como o nome sugere, se refere a doenças que não fazem parte do processo natural do envelhecimento. Nesse aspecto, podemos categorizar as alterações entre: celulares, teciduais, orgânicas e/ou funcionais. As alterações celulares podem, muitas vezes, ser irreversíveis, pois são reveladas ao longo do envelhecimento das células, já as alterações teciduais são quantitativas e qualitativas, dependendo muitas vezes dos elementos existentes. Quanto às alterações orgânicas, tem relação à composição corpórea, estatura, peso e alterações morfológicas. As alterações funcionais por sua vez, ocorrem nos sistemas e órgãos do corpo. Para Birren e Schroots (1996), o envelhecimento terciário é um período caracterizado por muitas perdas físicas e cognitivas, ocasionadas pelos efeitos do envelhecimento e por patologias dependentes da idade. No sistema cardiovascular, a capacidade dos vasos sanguíneos de garantir a circulação é reduzida, e como consequência, o idoso fica mais suscetível à fadiga ao risco de queda, dentre outras patologias (SIMÕES; MAZO; CARVALHO FILHO, Apud DORNELES, 2006).

As alterações que ocorrem no sistema nervoso estão associadas às atividades neurotransmissoras e dos receptores cutâneos responsáveis pela percepção da temperatura do ambiente e da sensibilidade tátil. Também há a redução no número de neurônios, causando lentidão nas respostas motoras.


17 Já no sistema pulmonar a alteração da morfologia torácica, a redução da elasticidade e atrofia dos músculos esqueléticos que influenciam na expansão da caixa torácica podem ocasionar insuficiência respiratória e fadiga. O processo de envelhecimento também trás mudanças nos sistemas sensoriais como: o de equilíbrio, auditivo, háptico, visual e paladar/olfato. A visão também acaba sofrendo alterações, dentre elas podemos destacar a: presbiopia, onde há perda de elasticidade do cristalino, e a opacidade, conhecida como catarata, que dificulta a adaptação às variações de luminosidade e identificação de objetos.

Figura 1: Visão normal/ Fonte: DORNELES, 2006, p.30.

Figura 2: Visão com presbiopia

Figura 3: Visão com opacidade/

Fonte: DORNELES, 2006, p.30.

Fonte: DORNELES, 2006, p.30.

Desta forma, para se projetar um ambiente ou até mesmo criar políticas públicas, devemos entender quais as maiores necessidades de um idoso, uma vez


18 que nessa fase da vida acontecem diversas transformações, (sejam elas físicas, psicológicas ou econômicas) que podem transformar a forma do idoso interagir com o ambiente ou com as pessoas. Dorneles (2006) cita três necessidades: físicas, informativas e sociais. As necessidades físicas estão relacionadas principalmente à saúde física, segurança e conforto da pessoa idosa, por isso um projeto deve pensar em maneiras de suprir suas necessidades sem que haja obstáculos em seus ambientes, deixando-os livres a fim de evitar possíveis acidentes. Por sua vez as necessidades informativas relacionam-se ao modo como as informações sobre o meio ambiente são processadas pelo idoso, como por exemplo, manter padrões de cores para ambientes e repeti-los de acordo com a mesma função de atividade, facilitando a orientação de idosos com problema de memória. Por fim, para Dorneles (2006) as necessidades sociais estão relacionadas com a promoção e interação social; projetar ambientes que sejam familiares para os idosos, como as varandas de edifícios residenciais, muitas vezes influenciam e promovem a interação com vizinhos. Por esta razão os projetos devem possuir a responsabilidade de acrescentar qualidade de vida ao tempo que se vive. A tabela (01) abaixo exemplifica a relação entre os problemas da terceira idade e suas relações com a arquitetura, ou seja, como esta pode tornar a rotina de um idoso mais fácil, agradável e independente.


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Tabela 1: Doenças comuns da Terceira idade e os principais aspectos arquitetônicos relacionados. Fonte: BARBOSA, 2012, apud ROJAS, 2005.

2.2 Depressão em idosos

Sabe-se que a depressão é de natureza multifatorial e pode ser caracterizada por um distúrbio da área afetiva ou do humor, que acaba envolvendo inúmeros aspectos de ordem biológica, psicológica e social e com forte impacto funcional em qualquer faixa etária (DJERNES, 2006). A geriatra Jamima Tamandaré afirma que a depressão é muito frequente em idosos,

pois

muitas

vezes,

os

pacientes

acometidos

têm

fatores

que

desencadearam: luto por morte de pessoas próximas, abandono da família, empobrecimento, doenças, dores crônicas, algum grau de dependência. O elevado grau de sofrimento, morbidade e mortalidade são apenas algumas características nos quadros depressivos encontrados na população idosa. O diagnóstico se torna mais complexo nesta população, pois a diminuição da resposta emocional torna evidente o predomínio de sintomas como diminuição do sono, perda de prazer nas atividades habituais, nostalgia e perda de energia (GAZALLE; HALLAL; LIMA, 2004; GRINBERG, 2006). Por esta razão a depressão precisa ser estudada a fundo, pois quanto mais precoce e correto for o diagnóstico melhor o tratamento é realizado.


20 A depressão muitas vezes é confundida com outro transtorno do humor: a ansiedade. Ambas apresentam uma grande diversidade de transtornos físicos e funcionais que atingem a sensibilidade do indivíduo. Por esta razão devem-se evidenciar alguns indícios no diagnóstico da depressão; o idoso que não desenvolve mais suas atividades de lazer e apresenta um humor deprimido, dificuldade de se concentrar, dificuldade de respirar, perca de memória, raciocínio lento, indecisão e percepção da falta de competência e controle, e os sintomas somáticos que incluem alterações do apetite e da função psicomotora (DJERNES, 2006). Devido aos fatores apresentados, entende-se que o quadro depressivo na terceira idade não é simplesmente consequência natural do processo de envelhecer, e sim um problema de saúde pública que nos faz repensar na importância da prevenção dessa doença e da necessidade de maiores estudos para proporcionar uma melhor qualidade de vida para essa parcela da sociedade. (REIS et al., 2011).

2.3 Influências da arquitetura para um envelhecimento com qualidade de vida

2.3.1 Conforto Ambiental

O conceito de Conforto Ambiental está associado ao modo como o arquiteto irá proporcionar as condições necessárias de habitabilidade de acordo com os recursos disponíveis para a construção de um ambiente. As escolhas do construtor devem respeitar as necessidades do meio ambiente natural, social, cultural e econômico de onde habitam os futuros usuários de tal espaço físico. De acordo com Barbosa (2015) o conforto ambiental é dividido em dois grupos de procedimentos que compõem o projeto arquitetônico: cultural e fisiológico. Esses aspectos estão contidos na bibliografia específica de Olgay, e em um dos seus artigos Barbosa elucida todos eles: (...) o conforto do idoso é abordado genericamente sob o ponto de vista higrotérmico, relativo a satisfação do homem com as condições de umidade e temperatura ambiente; lumínico, resultado da luminosidade local; acústico, com respeito à qualidade sonora, minimizando ruídos e


21 ecos; e antropodinâmico, que se refere aos movimentos requeridos pelas diversas atividades humanas (BARBOSA, 2015).

O conforto higrotérmico diz respeito à sensação de bem-estar em relação à temperatura e à umidade. Para tanto, é necessário o equilíbrio entre o calor produzido pelo corpo e as perdas de calor do corpo para o ambiente. Na fase do envelhecimento, alguns pontos particulares são levados em conta na dificuldade em atingir tal equilíbrio. Com o avanço da idade, as atividades e o metabolismo humano se reduzem, há uma diminuição na quantidade de água nos órgãos e na pele, o que faz o idoso sentir mais frio do que quando jovem (BARBOSA, 2015). Em detrimento disso, os idosos sentem maior dificuldade em se adaptar às variações de temperatura e de perceber que seu corpo está excessivamente frio ou quente, ficando vulneráveis à hipotermia ou à hipertermia. Desse modo, algumas variáveis do conforto higrotérmico equivalem às questões ambientais, atividades físicas e vestimentas dos idosos. Sendo assim, deve-se usar alguns recursos como instrumentos próprios de medição da temperatura do ar, temperatura radiante, umidade relativa e velocidade do ar (BARBOSA, 2015). Com relação às atividades físicas, o ambiente deve oferecer condições favoráveis a fim de evitar o choque térmico nos anciãos. A vestimenta também pode oferecer o crescimento do conforto no ambiente, “no idoso, a vestimenta pode funcionar na redução de ganho de calor por radiação direta, e em outros casos reduzindo a sensibilidade do corpo às variações de temperatura e velocidade do ar (ROJAS, 2005). Os componentes do conforto visual e lumínico devem ser mais aprimorados para atender às necessidades dos idosos. Eles precisam de maior nível de iluminação na área de execução de suas atividades, desse modo os contrastes de cores entre paredes, pisos e objetos devem ser otimizados para auxiliar na identificação dos espaços (BARBOSA, 2015). Outro aspecto a ser alterado é alguns fatores do processo do conforto acústico. Na fase idosa, a pessoa adquire uma perda auditiva gradual, “principalmente

nas

frequências

altas,

correspondentes

aos

sons

agudos”(BARBOSA, 2015). Entretanto, para amenizar tal desconforto é possível


22 utilizar alguns recursos como materiais que ajudem a absorver o som, como forros e pisos acústicos. Janelas e portas também podem servir como uma barreira para evitar ruídos de um ambiente para o outro. As portas podem ser preenchidas de material abafador de som e as janelas podem ser insuladas ou laminadas por películas retardantes de som. De acordo com Pascale (2002) se o ambiente externo não apresentar ruídos desagradáveis, é desaconselhável o uso do tratamento acústico para janelas, pois eles também podem bloquear sons agradáveis como pássaros ou ondas do mar.

2.3.2 Sustentabilidade

A prática de uma construção sustentável precisa ser considerada na criação de um projeto arquitetônico, ou seja, é fundamental uma descrição da maneira como será conduzida cada etapa da obra. É necessário levar em consideração também o fato de que essa prática deve estar inserida durante todo o processo de uma construção, “desde sua concepção até sua re-qualificação, desconstrução ou demolição” (CORRÊA, 2013). Entretanto, devemos levar em conta que o conceito de sustentabilidade não é necessariamente concluído, não há como atingir um desempenho sustentável cabal, pois “um projeto poderá sempre adotar soluções que diminuam seu impacto no meio ambiente; analisado sob outros aspectos poderá não ser plenamente sustentável” (CORRÊA, 2013). Outra questão relativa é o procedimento utilizado para lidar com os problemas urbanos, Apesar dos avanços científicos que fornecem poderosas ferramentas de trabalho para o planejador, tais como programas de geo-referenciamento, fotos aéreas tiradas de satélites, programas que permitem trabalhar simultaneamente várias disciplinas de planejamento; pode-se apontar como o maior obstáculo a ser vencido a maneira de pensar soluções para os mais graves problemas de nossas cidades (CORRÊA, p 25. 2009).

Desse modo, os recursos disponíveis não serão suficientes se quem estiver projetando não se atentar às causas sociais. Corrêa (2009) nos apresenta um


23 exemplo em que um projetor pode inferir que a presença de uma favela no meio urbano gera violência, sendo que cessar a favela não é o desfecho da violência.

2.3.3 Psicologia Ambiental

A Psicologia Ambiental na Psicologia tem como propósito compreender como são desenvolvidas as relações entre indivíduo e ambiente, e também como é o convívio entre indivíduos em um determinado espaço. Em Arquitetura e Urbanismo, de acordo com Ornstein (2005) ela diz respeito ao modo de produção do ambiente em detrimento das necessidades do usuário especialmente nas etapas profissionais do processo de Arquitetura, Urbanismo e Psicologia Ambiental: uma Reflexão Sobre Dilemas... 159 produção do ambiente construído voltadas ao planejamento, à programação de necessidades e à formulação de alternativas de estudos preliminares e de ante-projetos, etapas em que o homem - usuário é o centro do ambiente “em fase de concepção” ou seja, um dos focos do problema a ser resolvido, enquanto necessidades e níveis de satisfação a serem atendidas (ORNSTEIN, p. 159, 2005).

Para Moser (2008), a Psicologia em seus diversos ramos, como a Psicologia Geral, Social, do Desenvolvimento, etc., tem esquecido o conceito de espaço. Para a Psicologia Ambiental, esta é uma noção que deve ser levada em conta, pois ela considera que o ambiente influencia o nosso modo de se comportar; a avaliação e percepção que temos desse espaço vão interferir na nossa maneira de atuar. De acordo com a autora citada acima, além do conceito de espaço outra noção de extrema importância é a de dimensão temporal. Ela diz respeito à questão de tempo que formula a história residencial do indivíduo, pois não se deve esquecer que é através de sua história residencial que o indivíduo constrói uma identidade residencial que vai influenciar a sua percepção e a sua avaliação da sua residência atual Ornstein (2005). Por se tratar de uma área interdisciplinar, a Psicologia Ambiental utiliza uma abordagem multi-metodológica. Ou seja, o que vai viabilizar o procedimento da


24 estratégia é o problema em estudo de cada situação. A sistematização realizada na área da Psicologia Ambiental precisa apoiar todos os diversos aspectos culturais. Por certo, o reconhecimento dessas especificidades culturais é resultado da relação comparativa entre culturas diferentes, e é necessariamente o tratamento da Psicologia Ambiental que permite o interesse na contextualização das cognições, das emoções e dos comportamentos (MOSER, 2005). Para indiciar as diversas formas culturais singulares de refletir o seu lugar de vida, de se comportar em um espaço, é necessário que elas sejam evidenciadas por meio de metodologias culturais neutras. Desse modo, para Moser (2005) as especificidades e diferenças culturais são analisadas por meio de procedimentos científicos que permitem a sua expressão singular, e não independentemente deles. Fazer a diferença entre, de um lado, a coleta de dados a sua sistematização, e de outro lado, a sua interpretação, permite dar o destaque essencial a toda singularidade.

2.3.4 Humanização

O conceito de Humanização Ambiental está ligado ao bem estar do ser humano inserido em um determinado espaço físico. Na maioria das vezes, a humanização de um ambiente está atrelada à Humanização Hospitalar. De acordo com Vasconcelos (2004), humanizar é Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais, indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde. Humanizar é adotar uma prática em que profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais que compõem o atendimento à saúde. Humanizar refere-se, à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao outro, de acolhimento e de reconhecimento dos limites. Humanizar é fortalecer este comportamento ético de articular o cuidado técnico-científico, com o inconsolável, o diferente e singular. Humanizar é repensar as práticas da instituição de saúde, buscando opções de diferentes formas de atendimentos e de trabalho, que preservem este posicionamento ético no contato pessoal (MEZZOMO, 2002 apud VASCONCELOS, 2004, p. 23).


25 No entanto, quando trazemos este conceito para o campo da Arquitetura podemos constatar que a humanização de ambientes está associada à Psicologia Ambiental, pois de acordo com Vasconcelos (2004) a humanização proporciona o usuário a aprimorar a sua percepção em relação a diversos componentes contidos no espaço, como as cores do ambiente, a cena mobiliária, etc. Para dar maior sustento a essa constatação, trazemos a afirmação de Ciaco (2010) de que o que humaniza o ambiente são as condições e características que ele fornece em relação as influências fisiológicas, psicológicas e morfológicas que o indivíduo tem. O ambiente pode ser humanizado, seja ele qual for; escritório, asilo ou hospital, desde que o usuário interaja de modo positivo com ele. Sendo assim, o idoso necessita de um ambiente em que todos esses fatores sejam aprimorados a fim de melhorar o seu nível de percepção. Alguns destes fatores são: luz, cor, som, aroma, textura e forma. A luz solar é importante para a absorção do cálcio e do fósforo, ela fornece vitamina D que ajuda no crescimento e fortalecimento dos ossos, diminui a pressão arterial melhorando, desse modo, a quantidade de oxigênio. Vale ressaltar que o projeto arquitetônico direcionado à terceira idade exige um maior cuidado, pois os idosos necessitam três vezes mais do contato com a luz solar em relação aos jovens. As cores de um ambiente além de ajudar na percepção visual, podem influenciar na sensação da temperatura que alguém sente em um determinado espaço. Birren (1978) assegura que as cores iluminadas em tons de laranja, amarelo e vermelho são as colorações mais perceptíveis. As cores consideradas “quentes” são mais excitantes que as cores “frias” e elas alteram a sensação térmica do usuário. O mesmo ambiente causa sensação de mais frio se estiver colorido com cores “frias”.


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Figura 4: Ambiente Asilar com cores contrastantes e alta incidência de luz natural/Fonte: JAIN MALKIN,2015 apud VASCONCELOS, 2004.

O barulho em excesso é outro fator negativo em um determinado ambiente. Ele desvia a atenção do indivíduo deixando-o estressado e mal humorado. Os idosos são mais sensíveis a esse tipo de situação, ficando mais propensos à insônia e desvairamento. Desse modo, o uso de equipamentos acústicos é imprescindível em um projeto arquitetônico, por meio de revestimentos e móveis que não refletem ou amplificam as ondas sonoras. O aroma do ambiente também possui influência nos indivíduos do ambiente, tanto de forma positiva quanto de forma negativa. Os cheiros agradáveis podem reduzir o estresse enquanto os cheiros desagradáveis aceleram o batimento cardíaco. Geralmente em ambientes direcionados aos idosos, usa-se o cultivo de plantas, pois aromatizam e purificam o ar de maneira natural. As texturas do ambiente dizem respeito ao contato do corpo humano com o espaço. Um espaço com diversos tipos de móveis, tecidos e acabamentos trazem versatilidade para as pessoas.


27 As formas também traz versatilidade, para Vasconcelos (2004) o seu uso em diversas maneiras num mesmo espaço provoca estimulação sensorial e cria distração positiva no ambiente.

2.3.5 Segurança, acessibilidade e Desenho Universal

De modo geral, acessibilidade trata-se de proporcionar às pessoas com deficiência, definitiva ou temporária, a participação de atividades que incluem o uso de edifícios, produtos, serviços e informação. A acessibilidade tem sido uma aflição permanente nas últimas décadas. Atualmente estão em processo obras e serviços de adequação do espaço urbano e dos edifícios às necessidades de inclusão de toda população. Construções adaptadas e equipadas para garantir o máximo conforto e segurança aos moradores da terceira idade, por exemplo, têm tido estudos recentes no Brasil, mas já permitem referências suficientes para a concepção de espaços adequados à dinâmica de vida doméstica de todos. Todo projeto arquitetônico deve proporcionar um espaço acessível, inclusivo e universal, ou seja, é necessário um conhecimento técnico acerca da acessibilidade, a ajuda de administradores públicos e apoio político. O resultado desse aparato de fatores está atrelada à segurança dos usuários, pois evita desconfortos que causam incidentes desagradáveis. Os principais grupos que necessitam de maior inclusão são os idosos, a população com baixa escolaridade, os que têm alguma deficiência intelectual, física, sensorial, motora ou apresentam mobilidade reduzida, sejam elas permanentes ou temporárias. A preocupação com essa relação é particularmente importante, uma vez que o planejamento do ambiente construído e a acessibilidade urbana são temas emergentes relacionados ao estudo, sobretudo da velhice e do envelhecimento, com poucas investigações publicadas. Entretanto, há no Brasil as seguintes normas específicas acerca da acessibilidade: -

NBR

9050:

equipamentos urbanos.

Acessibilidade

a

edificações

mobiliário,

espaços

e


28 - NBR 13994: Elevadores de passageiros e elevadores para transporte de pessoa portadora de deficiência. - NBR 14020: Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência – trem de longo percurso. - NBR 14021: Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência – trem Metropolitano. - NBR 14022: Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência em ônibus e trólebus para atendimento urbano e internacional. - NBR 14273: Acessibilidade à pessoa portadora de deficiência transporte aéreo comercial. - NBR 14970-1: Acessibilidade em veículos automotores – Diretrizes para avaliação clínica de condutor. - NBR 4970-3: Acessibilidade em veículos automotores – Diretrizes para avaliação da dirigibilidade do condutor com mobilidade reduzida em veículo automotor apropriado. De acordo com Cambiaghi (2007), os idosos sofrem dificuldades com os fatores desagradáveis contidos no ambiente, relacionados à variações de temperaturas, cores, forma e luminosidade. Por vezes, sentem dificuldade em algumas atividades cotidianas, como a passagem por corredores e cômodos cheio de móveis, deslocar de lugares baixos, descer e subir escadas e rampas, etc. Sendo assim, há algumas medidas cabíveis a fim de amenizar tais situações, como a inserção de pisos antiderrapantes; evitar o uso de degraus e desnivelamento entre ambientes; não colocar tapetes; planejar os lugares dos móveis a ser inseridos, etc. Portanto, assim como Cambiaghi (2007) e descrito na Norma NBR 9050, o desenho universal e a acessibilidade proporcionam a utilização de maneira autônoma, independente e segura do ambiente, independente da idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção. Para tanto, a NBR 9050 constituiu sete princípios universais adotados mundialmente em planejamentos arquitetônicos que visam a acessibilidade, são eles:


29 - uso equitativo: é a característica que faz com que o ambiente possa ser usado por diversas pessoas, independentemente da faixa etária ou habilidade. - uso flexível: é a característica que faz com que o ambiente acomode um vasto leque de preferências e capacidades individuais. - uso simples e intuitivo: é a característica que faz com que o ambiente propicie uma utilização de fácil compreensão, independentemente da experiência, do conhecimento, das capacidades linguísticas ou do atual nível de concentração do utilizador. - uso da informação perceptível: essa característica diz respeito ao ambiente a capacidade de comunicar eficazmente ao utilizador a informação necessária, independentemente das suas capacidades ou condições ambientais. - tolerância ao erro: essa característica minimiza os riscos e consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais. - baixo esforço físico: essa característica propicia o ambiente a capacidade dele ser usado de uma forma eficiente e confortável com um mínimo de fadiga. - tamanho e espaço para aproximação e uso: essa

característica

diz

respeito ao tamanho e espaço apropriados para aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente do tamanho do corpo, postura ou mobilidade do usuário.

2.3.6 Ergonomia A origem etimológica da palavra ergonomia é grega, ergon (trabalho) e nomos (lei, regras), ou seja, significa o ramo de conhecimentos que define leis ou regras na relação do homem com o seu trabalho. A ergonomia é um ramo da ciência que andam de mãos dadas com diversas áreas científicas, tais como Fisiologia,

Antropologia

e

Biomecânica,

analisando

a

relação

homem/ambiente/trabalho (PASCALE, 2002). A princípio a ergonomia foi utilizada na guerra com o objetivo de viabilizar o uso

de

equipamentos

militares.

Fisiologistas,

médicos,

antropólogos

e

engenheiros se uniram para encontrar a melhor maneira para juntar tecnologia e ciências humanas a fim de melhorar o seu manuseio. Alguns países, como


30 Estados Unidos e Inglaterra começaram a implantar a ergonomia na indústria e, com o passar do tempo, começou a ser utilizada em outras áreas, como na arquitetura, por exemplo. Desse modo, o elemento principal da ergonomia é o fator humano. Por meio do estudo de seus aspectos anatômicos, fisiológicas e psicológicas, a ergonomia contribui para a melhoria da qualidade de vida, seja qual for o setor (MARIÑO, 1993, apud PASCALE, 2002). Além disso, devemos levar em conta que o ambiente deve seguir as mudanças ocorridas no corpo humano diante da fase idosa, dispor aos idosos, sobretudo aos de menor renda, técnicas que lhes garantam igualdade de cidadania e mais independência para uma vida normal na utilização de edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, apesar das limitações impostas pela velhice.


31 3 PROJETOS REFERENCIAIS

3.1 Centro de lazer para terceira idade - Grupo Espírita Ave Luz

O projeto Centro de Convivência para os idosos foi idealizado para a cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, no bairro do Altiplano do Cabo Branco, uma das regiões mais elevadas da cidade. Deste fato decorre a origem do nome. O principal desafio do projeto foi associar a plena visibilidade do vale do rio Timbó a uma ótima qualidade de conforto térmico, já que a fachada voltada para o vale é a oeste, na qual possui maior incidência de raios solares durante o período vespertino e a que poderia permitir maior desconforto térmico no interior do edifício. Elementos arquitetônicos, como grandes beirais associados ao uso de brises, foram adotados a fim de proporcionar a ventilação cruzada e constante no interior de toda a edificação. O mesmo ocorreu na concepção do projeto arquitetônico do Centro de Convivência – Renovo, onde o pavimento situado ao norte possui incidência solar mais intensa.

Figura 5: Corte AA/Fonte: http://kmarquitetos.blogspot.com.br/2007/08/centro-de-lazer-paraterceira-idade.html


32

Figura 6: Corte BB/ Fonte: http://kmarquitetos.blogspot.com.br/2007/08/centro-de-lazer-paraterceira-idade.html

Figura 7: Fachada 1/ Fonte: http://kmarquitetos.blogspot.com.br/2007/08/centro-de-lazer-paraterceira-idade.html

Figura 8: Maquete eletrĂ´nica/ Fonte: http://kmarquitetos.blogspot.com.br/2007/08/centro-delazer-para-terceira-idade.html


33 3.2 O Centro de Convivência e Cooperativa – CECCO O Centro de Convivência e Cooperativa – CECCO Parque Ibirapuera possui um serviço público de caráter municipal, coordenado pela Secretaria Municipal da Saúde. O trabalho realizado no centro tem parceria com diversas Secretarias Municipais, entidades privadas e a sociedade civil. O mais interessante é a importância do apoio dado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente, que possibilita a existência do CECCO no Parque Ibirapuera. O CECCO tem por missão fundamental a promoção e prevenção da saúde de seus frequentadores, preocupando-se com a qualidade de vida, o acesso universal, a integralidade e a equidade (ceccoibirapuera/2015). Muitas oficinas são desenvolvidas no CECCO, o que possibilita para os idosos uma vasta experiência em diversas áreas. Dentre muitas podemos destacar acolhimento coletivo, caminhada, percussão, dança circular, rodas de conversa, arte em tecido, ateliê livre, bijuteria, fios e bordados, jardinagem, mosaico, relax e meditação yoga e viagens ao Brasil. Esses aspectos citados acima serviram de inspiração para o projeto arquitetônico do Centro de Convivência – Renovo, principalmente na distribuição de algumas áreas, como a dos ateliês, pois através das oficinas e cursos que a convivência é praticada.

Figura 09: Atividades e oficinas para idosos/ Fonte http://www.ceccoibirapuera.com.br/


34

Figura 10: Atividades e oficinas para idosos/ Fonte http://www.ceccoibirapuera.com.br/


35 4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada consistiu em leitura teórica e pesquisa no que diz respeito à saúde, qualidade de vida, lazer e preferências de idosos, juntamente com consulta a projetos similares de referências, pesquisa de campo com aplicação de entrevistas com profissionais da área e observação participativa. Foram realizados também estudos referentes à localização do terreno escolhido e seu entorno, levantamento topográfico, fotográfico e condições climáticas, além de todas as leis necessárias para realização do projeto arquitetônico.


36 5 DESCRIÇÃO DO PROJETO

5.1 Conceito

O Centro de Convivência Renovo pauta-se no conceito Sustentável. As discussões relacionadas à construção sustentável têm se mostrado de grande relevância

entre

as

diversas

considerações

necessárias

ao

campo

arquitetônico na atualidade. O conceito de Desenvolvimento Sustentável é apresentado pela primeira vez na década de 80 pelo Relatório Brundtland, no qual formulava algumas considerações e críticas acerca dos padrões de produção vigentes na época. O relatório afirma que desenvolvimento sustentável é “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”. O uso de técnicas de sustentabilidade na construção é uma habilidade crescente no mercado. Sua adoção é uma prática inarredável tendo em vista que diversos setores agenciadores sejam eles no âmbito governamental, de consumo, de investimento e de associações, pulsionam o setor da construção a incorporar essas práticas em suas atividades. A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA, o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável - CBCS e outras instituições apresentam diferentes causas básicas da construção sustentável, dentre os quais destacamos: aproveitamento de condições naturais locais; utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural; implantação e análise do entorno; não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar; qualidade ambiental interna e externa; gestão sustentável da implantação da obra; adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários; uso de matériasprimas que contribuam com a eco eficiência do processo;

redução do

consumo energético; redução do consumo de água; reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos; introduzir inovações tecnológicas


37 sempre que possível e viável; educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo. Desta forma, no projeto arquitetônico desenvolvido adotaram-se algumas técnicas de sustentabilidade, com objetivo de contribuir na qualidade de vida dos idosos, sem comprometer o meio ambiente das gerações futuras. Foram elas: Telhado Verde, placa solar, capitação da água da chuva, reuso de água e brise vegetal. O telhado verde não se trata de uma técnica moderna. Segundo o arquiteto Le Corbusier, o mesmo era um dos cinco pontos fundamentais da nova arquitetura. Isso por conta da quantidade de benefícios que trás à edificação e à cidade onde está sendo implantado. Redução da poluição e melhora da qualidade de ar das cidades, combate ao efeito de Ilhas de Calor, melhora no isolamento térmico e acústico da edificação, auxílio na drenagem da água da chuva, redução do consumo de energia, aumento da biodiversidade, além da própria estética, foram às características principais que levaram a escolha do uso desta técnica. A energia solar pode ser considerada toda energia produzida pelo sol e existe a possibilidade de ser convertida em corrente elétrica, quando incidida em materiais semicondutores. Esta energia ocupa pouco espaço e tem baixa necessidade de manutenção. Além disso, ela é 100% limpa e renovável. Foram utilizadas placas solares para que se tornasse possível sua captação. O brise vegetal consiste em uma jardineira criada para renovar e dar vida às fachadas. Plantas são fixadas às paredes externas de construções. Desta forma, as fachadas são protegidas contra o excesso de energia solar, contribuindo para maior durabilidade das construções; melhora a qualidade e umidade do ar, devido à diminuição dos efeitos da emissão de carbono e da poluição; promove isolamento acústico e térmico.

5.2. Características do terreno


38 O terreno escolhido para a implantação do Centro de Convivência para Idosos está localizado na Avenida Olívia Flores, com sua lateral para a rua Rio de Contas, no Bairro Candeias, em Vitória da Conquista, Bahia.

Figura 11: Terreno para implantação do Centro de Convivência / Fonte Google Maps

Ao longo dos anos esta região se desenvolveu com a chegada de condomínios residenciais, comércio, faculdade, escolas, órgãos públicos, trazendo um fluxo maior de pessoas e carros para a região. No seu entorno é possível observar que o terreno fica próximo as principais instituições de ensino superior, serviços públicos, e condomínios residenciais, como: Colégio Oficina, UFBA, UESB. Há ainda próximo ao local, a construção do novo Shopping, o Boulevard, o CEMAE e outros serviços.


39

Figura 12: Terreno indicado no quadrado vermelho e seu entorno. Fonte: Google Earth

Analisando aspectos, podemos destacar que a Avenida Olívia Flores é a maior área de crescimento da cidade. Possui vias coletoras privilegiadas que interligam os principais pontos da cidade e transita uma grande quantidade de linhas de ônibus. Além disso, foi importante considerar também onde a população idosa de Vitória da Conquista está distribuída para que fosse possível a escolha da localização do terreno de forma eficiente. Observamos de acordo a imagem abaixo, que existe uma maior demanda de idosos nos bairros: Brasil, Patagônia e Alto Maron, porém estes bairros não possuem uma demanda eficiente de transporte público. Uma vez que muitos idosos se encontram com situação financeira desfavorável e necessitam deste tipo de transporte, o bairro que melhor se adequa ao centro de convivência é o Candeias III, seu maior fluxo de transporte público, e consequente fácil acesso.


40

Figura 13: Gráfico com população Idosa por bairro de VCA / Fonte http://populacao.net.br/IBGE

5.2.1 Topografia

O terreno possui uma declividade que corresponde a 1,0 m de diferença e a 1% de declividade, portanto não possui desníveis elevados, o que melhora o escoamento sanitário e das águas pluviais.

Figura 14: Terreno pela Rua Rio de Contas / Fonte: Acervo da aluna.


41

Figura 15: Terreno na Avenida Olívia Flores. Fonte: Acervo da Aluna

5.2.2 Condicionantes climáticos

É importante notar também os condicionantes climáticos de acordo ao terreno. Como o sol nasce no leste e se põe no oeste, a menor incidência de sol se encontra no fundo do terreno, enquanto a maior incidência de sol está na parte frontal, localizada na Avenida Olívia Flores, de acordo com a imagem abaixo.


42

Figura 16: Terreno na Avenida Olívia Flores. Fonte: Acervo da Aluna

Os ventos predominantes da região são do Norte e Noroeste do terreno, portando a maior incidência de ventos se encontra no fundo do terreno, enquanto a maior incidência de ventos está na frente, onde está a Avenida Olívia Flores, de acordo com a imagem abaixo.

Figura 17: Terreno na Avenida Olívia Flores. Fonte: Acervo da Aluna


43

5.3 Partido Arquitetônico

A composição do partido arquitetônico se deu a partir da abstração do símbolo conhecido como os 3 R’s da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). “... são ações práticas que visam estabelecer uma relação mais harmônica entre consumidor e Meio Ambiente. Adotando estas práticas, é possível diminuir

o

custo

de

vida

(reduzir

gastos,

economizar), além de favorecer o desenvolvimento sustentável respeito

(desenvolvimento

e

proteção

ao

econômico meio

com

ambiente).”

(http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/reduzir _reutilizar_reciclar.htm).

Desta simbologia, surge então, a ideia para o nome da instituição: RENOVO. O papel do centro de convivência é, dentre outras coisas, proporcionar ao idoso um processo de renascimento, renovação e recomeço, formando também 3’Rs que são alcançados através do desenvolvimento de atividades

culturais,

esportivas,

sociais,

artesanais,

gerando

um

envelhecimento saudável, livre de doenças de cunho emocional e problemas como a falta de autonomia. O partido é composto por três volumes principais, de forma que as reentrâncias e saliências, que simbolizam as setas do símbolo, dão movimento ao partido.


44

Figura 18: Símbolo dos 3 R’s da sustentabilidade/ FonteGoogle imagens.

Figura 19: Desenvolvimento do partido arquitetônico/ Elaborada pelo autor.

Figura 20: Segunda forma do partido arquitetônico/ Elaborada pelo autor.

Figura 21: Forma final do partido arquitetônico/ Elaborada pelo autor.

5.4. Programa de Necessidades

SETOR ADMINISTRATIVO ESPAÇO ATIVIDADES Secretaria Informações gerais e atendimento aos usuários. Sala de coordenação Sala para o coordenador geral. Administração Espaço para administrar o centro convivência. Sala de reunião Reuniões entre funcionários. Almoxarifado Depósito de materiais de expediente. SETOR DE SAÚDE


45 ESPAÇO Consultório médico Psicologia Pilates Fisioterapia Assistência social Sanitário feminino Sanitário masculino

ATIVIDADES Avaliação: nutricionista, geriatria e clínico geral. Atendi mento de consultas psicológicas. Realização de exercícios físicos específicos. Atendimento de seções de fisioterapia. Atendimento social para os usuários. Atendimento aos usuários femininos. Atendimento aos usuários masculino.

SETOR SERVIÇO ESPAÇO DML Copa Café/lanchonete Depósito de lixo Carga e descarga Estacionamento em geral

ATIVIDADES Depósito de material de limpeza. Destinado para refeições dos funcionários. Venda de café e lanches para os usuários. Abrigo do lixo gerado no centro de convivência. Destinado para carga e descarga de materiais. Estacionamento para veículos.

SETOR CONVIVÊNCIA/LAZER ESPAÇO ATIVIDADES Hall de entrada Área de socialização entre idosos. Sala de jogos Área destinada para diversão com jogos. Sala de leitura Área destinada para leituras. Sala de informática Curso de informática e acesso digital. Sala de multiusos Local para diferentes atividades. Oficinas/ateliês Aulas destinadas para artesanato Academia/piscina Realização de atividades físicas na água. Salão para eventos Realização de festas em geral. Vestiário Feminino Atendimento aos usuários femininos. Vestiário Masculino Atendimento aos usuários masculinos. Academia Realização de atividades físicas. Horta Espaço para cultivo de hortas. Estufa Espaço reservado para cultivo de flores.

5.5. Fluxograma


46

Vestiários

Oficinas/ateliers

Sala de m informática

Sanitários

Circulação

Academia/pi scina Café/lanchonete

Sala de multiuso

Sala de leitura

Depósito

Circulação

Salão de jogos

Circulação

Circulação

Administração

Sanitáriosos Pilates Fisioterapia Recepção

Psicologia

Hall de entrada Circulação

Consultórios Assist. social LEGENDA Acessos Administração Saúdeos Convivência/lazer Serviços

Secretaria


47 5.6 Legislação

Algumas legislações importantes foram consultadas para implantação do projeto arquitetônico: O Código de Obras e o Plano Diretor do município de Vitória da Conquista – BA, a NBR 9050 que trata da acessibilidade, a NBR 9077, que define as saídas de emergência em edifício e proteção contra incêndios, o Estatuto do Idoso que em alguns capítulos, deve ser observado e considerado para a elaboração de um projeto de um centro de convivência para idosos, Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa - RDCs e portarias, que são normas especificas a ambientes de atendimento à saúde.

5.6.1 Código de obras e plano diretor A legislação vigente no que se refere utilização de espaço urbano, do município de Vitória da Conquista é o Código de Obras, porém, não há nenhum item que se refere a espaços de convívio para idosos. Dessa maneira, foram observadas as seguintes atividades recomendadas pelo Código de Obras da Lei Municipal 1.481/2007: Anexo I: S - 2 – Serviço de saúde, saneamento e assistência social - S -2.4 - Assistencial a saúde sem internamento

Figura 22: Anexo II – Quadro 2.1. Fonte: Código Obras


48

S - 8 - Serviços de Esportes, lazer e diversão - S- 8.1 - Academia de ginástica, esporte, dança e outros de cultura física. - S- 8.17 - Salão de baile

Figura 23: Anexo II – Quadro 2.1. Fonte: Código Obras

IN -1.4 Outras atividades governamentais não classificadas.

Anexo II: O centro de convivência para idosos se encontra na zona de uso de corredores de usos diversificados, nível II, no corredor da Avenida Olívia

Flores. Figura 24: Anexo II – Quadro 2.1. Fonte: Código Obras


49

Figura 25: Código Obras.

Coeficiente de Aproveitamento CA – CAB 1,0 e CAM 2,0 Coeficiente de Ocupação CO – 0,60 Coeficiente de Permeabilidade CP – 0,20 Recuos Mínimos - Frontal 5,00m Lateral 1,50m Dimensões do Terreno Mínimo - Lote mínimo 300,00m² testada mínima 10,00m

Logo temos os seguintes dados para implantação do projeto: Área do terreno: 10.809 m² CO: 0,6x 10.809 = 6.485,4 m² (máximo) CP: 0,15x 10.809 = 1.621,35 m² (mínimo)

A área ocupada é de 1.630,84 m² e a área construída de 1.735 m². A área útil fica 1.526,54 m². A área permeável e de 1848,0m², e sendo obedecidos os recuos laterais de 1,5m e o frontal de 3,0m.

Portanto os cálculos ficam: CA: 1.735/10.809 = 0,16


50 CO: 10.809/1.630,84 = 0,1325 CP: 10.809/1848,0= 0.1502

Estacionamento: Conforme recomendação do Código de Obras municipal de Vitória da Conqusita-Ba, com área construída de até 2.500m², o projeto deverá possuir 01 vaga para cada 50 m² de área construída ou fração.

5.6.2 NRB 9050/2004 A NBR 9050 é uma norma específica sobre acessibilidade universal, que estabelece critérios e parâmetros para a construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Indica dimensões mínimas para banheiros, calçadas, aberturas, larguras e alturas adequadas para que todas as pessoas possam acessar os edifícios, tenham elas ou não necessidades especiais. Como parte dos idosos possui algum tipo de dificuldade de mobilidade, a aplicação desta norma faz-se necessária para proporcionar a utilização autônoma e segura do edifício proposto.

5.6.3 NRB 9077/2001

Esta norma é referente às saídas de emergência, que visa garantir a segurança dos usuários da edificação. Desta forma, a preocupação com as saídas de emergência, a utilização de rampas com inclinação adequada, entre outras questões foram contempladas no partido arquitetônico. Tabela 1 - Classificação das edificações quanto à sua ocupação De acordo ao grupo H, o centro de convivência para idosos se enquadra na divisão H-2.


51

Figura 26: Tabela 1. Fonte: Norma 9077

Tabela 2 - Classificação das edificações quanto à altura A altura do centro de convivência para idosos corresponde ao código L, edificações baixas.

Figura 27: Tabela 2. Fonte: Norma 9077


52 Tabela 3 - Classificação das edificações quanto às suas dimensões em planta O centro de convivencia para idosos corresponde a classe da edificação como pequena.

Figura 28: Tabela 3. Fonte: Norma 9077

Tabela 5 – Dados para dimensionamento de saídas O cálculo da população do centro de convivência para idosos é de uma pessoa por 4 m² de área ou duas pessoas por dormitório.

Figura 29: Tabela 5. Fonte: Norma 9077

Tabela 7 - Número de saídas e tipos de escadas A área do pavimento maior pavimento é inferior a 750m², e a sua altura corresponde ao código L, exigindo pela norma apenas 1 escada comum, caso necessário.


53

Figura 30: Tabela 7. Fonte: Norma 9077

5.6.4 Estatuto do idoso

O estatuto do idoso é uma lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, criada para garantir direitos sociais às pessoas com 60 anos ou mais.

5.6.5 Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002

Regulamenta as necessidades de atualizar as normas existentes na área de infraestrutura física em saúde.

5.6.6 Portaria nº 810 de 22 de setembro de 1989 no Ministério de Estado da Saúde

Define os padrões para o funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento de idosos, a serem observados em todo o território nacional.


54 6. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

IBGE. Projeção da população brasileira (revisão 2004). Disponível em: <htpp/:www.ibge.gov.br>.

http://populacao.net.br/bairros-com-mais-idosos-vitoria-da-conquista_ba.html

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Nova

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para

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<http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/acervo/pforum/cidade2.htm>. Acesso em: 25 de abril de 2016. 20:33.

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<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-

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ORNSTEIN, Sheila W.. Arquitetura, Urbanismo e Psicologia Ambiental: uma reflexão sobre dilemas e possibilidades de atuação integrada:


55 Psicologia

USP,

2005,

16(1/2),

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Disponível

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<http://www.scielo.br/pdf/pusp/v16n1-2/24653.pdf>. Acesso em 25 de abril de 2016. 23:56.

PASCALE, Maria A.. Ergonomia e Alzheimer: fatores ambientais como recurso terapêutico nos cuidados de idosos portadores da demência tipo Alzheimer. 2002. 120f. Dissertação (Pós Graduação em Engenharia da Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002).

ROJAS, Vera B. F. Contribuição para o planejamento de ambientes construídos destinados à convivência de idosos. 2005. 147f. Dissertação (Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia). Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.

VASCONCELOS, Renata. T. B.. Humanização de Ambientes Hospitalares: características

arquitetônicas

responsáveis

pela

integração

interior/exterior. 2004. 177f. Dissertação (Curso de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.


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