ALARGAR A RODA A D. Lena, que (ainda) não sabe o que é a Web 2.0, ao conversar comigo sobre as suas necessidades de formação, manifestou vontade de aprender “mais coisas sobre internet: o facebook, o myspace, o twitter, o h5 e essas formas novas de fazer apresentações”. Começo esta minha reflexão citando a D. Lena, funcionária da biblioteca da minha escola e pessoa atenta aos trabalhos dos alunos, para referir que, mesmo nas bibliotecas em que a professora bibliotecária ainda não está “alfabetizada” nas ferramentas da Web 2.0 (como é o meu caso), elas já por lá andam a desafiar-nos a acompanhar os nossos alunos nos novos ambientes em que se movimentam com tanta facilidade e onde andam, por vezes, tão perdidos. E com isto não quero problematizar a segurança na internet mas tão só o uso das novas ferramentas enquanto instrumentos de acesso à informação e à construção do conhecimento. No entanto, a biblioteca escolar não poderá nunca trilhar o seu caminho sem o apoio e a articulação com a comunidade escolar, no seu conjunto. E refiro-me aos órgãos de gestão que poderão criar as condições de formação interna (e de uso da Web 2.0), à colaboração incontornável com os elementos das equipas do Plano Tecnológico da Educação, à cooperação com os professores na preparação de actividades conjuntas e na validação de conteúdos. Não o fazemos já nas nossas bibliotecas quando pedimos a ajuda de colegas de diferentes áreas do saber para a indexação dos documentos? Compete, contudo, ao professor bibliotecário um papel desafiador e de intervenção junto da comunidade no domínio do desenvolvimento das competências exigidas ao estudante (agora dizse aprendente?!) do século XXI, nomeadamente no âmbito das literacias da informação, tecnológica e digital. À escola, no seu conjunto, pede-se que não ignore as novas modalidades de aprendizagem e construção do conhecimento. Que, possuindo os meios tecnológicos, não se limite a usá-los para melhorar esteticamente os velhos “apontamentos”, mantendo modelos de ensino e aprendizagem que não são compatíveis com o mundo em que vivem os nossos alunos. Não basta criar um Plano Tecnológico da Educação, fazendo “chover” computadores nas escolas e ligações de banda larga que, em muitos casos, não nos ligam a sítio nenhum porque a escola continua a estar organizada segundo um modelo de “um para muitos”, a maior parte das vezes, sem qualquer interacção comunicativa. Tudo o proporciona. Vejamos, por exemplo, como estão organizadas as salas de aula em que todos estão virados para um quadro (ainda que, por vezes “interactivo”) e para um professor que, se quiser dinamizar trabalho de grupo dentro da sala de aula, vai ter que a desarrumar para criar um ambiente propício ao desenvolvimento dessa actividade. Superar este obstáculo será uma parte do caminho para o reconhecimento dos novos modos de aprender e das mudanças de protagonismo na construção e divulgação de conteúdos. Um dos enormes desafios que hoje se coloca à biblioteca escolar é o de preparar os seus utilizadores para o uso crítico da informação em ambientes digitais. Se o domínio das ferramentas, sobretudo quando falamos dos alunos, não constitui um grande problema, já o uso dos conteúdos deve ser encarado com preocupações pedagógicas, éticas e até legais. Mas a primeira etapa desta jornada poderá ser a que hoje nos traz aqui a esta plataforma: a formação das equipas das bibliotecas escolares e, ao mesmo tempo, a mudança de mentalidades necessária para o desenvolvimento das novas competências necessárias ao desempenho do cargo