01 BdBoom relvas: como fazer uma bd
BdBoom relvas: como fazer uma bd
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BdBoom relvas: como fazer uma bd
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02 BdBoom estruturas narrativas
Definição de bd , a elips e e estruturas narr a t i v a s
[01]
Um exemplo simples de sequência de vinhetas. A narrativa não é linear, isto é, aparentemente, nenhuma imagem ou vinheta tem ligação. Pergunta-se: este exemplo é uma banda desenhada? Surgem várias respostas. As positivas justificarão que estamos perante uma sequência de quadradinhos – forma pela qual se reconhece a bd. As negativas colocam a questão da inexistência de uma história. Uma hipótese interessante será alguém “interpretar” as imagens e relacioná-las, criando assim uma história. Pode exprimir-se essa interpretação na forma de caixas e balões. Assim modifica-se o conteúdo inicial com uma das inúmeras interpretações que se podem fazer. Verifica-se como o uso de texto pode modificar todo o significado de uma bd.
[0 2] Apesar de a bd ter sido alterada com a inclusão de textos, a verdade é que o exemplo inicial continua a ser uma bd – uma bd muda (sem palavras) – que se lê apenas por imagens e que se interpreta subjectivamente. É a leitura sequenciada de imagens e de texto, seja numa narrativa linear ou não, que define a banda desenhada.
«Imagens justapostas em sequência deliberada, com a intenção de transmitir informação e/ou produzir reacções estéticas ao receptor» Scott McCloud in Understanding Comics
[03] Fica demonstrado que há vários tipos de bd: bds objectivas (mais tradicionais) e outras subjectivas. Há várias estruturas narrativas na bd, mas antes temos de entender o coração da bd: a elipse, ou a “a vinheta invisivel do leitor” (segundo Victor Mesquita). Elipse é o espaço, geralmente em branco, entre as vinhetas, embora possa ser trabalhado graficamente de várias formas criando um conjunto estético na prancha. A elipse é também um espaço narrativo onde está a ligação entre as vinhetas. Inconscientemente o leitor faz as transições espacio-temporais entre as vinhetas. As estruturas narrativas definem-se pela sua mobilidade no espaço e no tempo.
BdBoom estruturas narrativas
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O caso mais radical será o que já foi apresentado: 1. Narrativa não linear (o tempo e espaço não existem, ou são tão díspares que não se consegue fazer a relação: sem sentido, non-sense) [01] 2. Momento a momento (mesmo espaço, tempo lento)
[0 4] 3. Acção a acção (mesmo espaço, tempo menos lento)
[0 5] 4. Sujeito a sujeito (mudança de espaço, tempo menos lento)
[0 6]
5. Cena a cena (mudança de espaço e de tempo) Nota: quer a narrativa [04] quer a [08] são aproveitadas para realçar ambientes ou estados psicológicos, sem avançar muito com a acção (ou mesmo nada no caso da narrativa [08] )
[0 7]
6. Detalhe a detalhe (espaço explorado, tempo parado)
[0 8]
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03 BdBoom como tirar a história da cabeça
Toda a série Loverboy (três livros editados pela Polvo) surgiu de um desenho feito pelo argumentista Marte. Tudo começou com um rabisco acidental do rosto do personagem Loverboy.
1 .A ideia A ideia pode surgir de várias contaminações: Visual: imagens, fotografias, filmes, personagens, desenhos, rabiscos automáticos Sonoro: música, sons Escrita: contos, texto, notícia de jornal, poema Oral: uma história contada por alguém conhecido, uma conversa alheia Sentimento: ódio, amor, nostalgia, euforia História: autobiografia (situações do quotidiano) ou História.
2 .Como se planifica – materialização da ideia Desenhar e escrever simultaneamente, sem receio, usando um método idêntico aos dos Dadaístas e Surrealistas, a escrita automática, utilizando qualquer material riscador sobre qualquer superfície. Lápis, marcadores, canetas…. Folhas soltas, diário gráfico, toalha de mesa… Qualquer tipo de registo gráfico (esquemático, gatafunho, iconográfico….) O objectivo deste processo é estruturar as acções principais: personagens, ambientes, perfis psicológicos, diálogos, ritmos, paragens, silêncios, pausas.
BdBoom como tirar a história da cabeça
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Duas páginas de esboço esquemático para o livro “Loverboy, o rebelde”. O argumento é “desenhado” por Marte directamente numa folha A4 qualquer que é entregue ao desenhador João Fazenda
Bibliografia
3 . Esboço da prancha Pretende-se agora desenhar a lápis a bd propriamente dita e desenvolver a planificação inicial (materialização da ideia), inserindo estruturas narrativas mais complexas ( ver ficha nº 2) para melhor concretizar a bd. Nesta fase é necessário dar grande atenção à composição da prancha (ver ficha nº1) nomeadamente número de vinhetas por tira, número de tiras por página e número de páginas que poderão não coincidir com o esboço inicial.
Diniz Conefrey Curso de banda desenhada 2 volumes, CITEN / Fundação Calouste Gulbenkian, 1996, 1999 Will Eisner Quadradinhos e arte sequencial Martins Fontes (Brasil), 1989 Scott Mcloud Understanding Comics Kitchen Sink (EUA), 1993 Sergio García Sánchez Sinfonía Gráfica, variaciones en las unidades estructurales y narrativas del cómic Col. Viñetas #2, Glénat (Espanha), 2000 Jordi Vives Vamos fazer BD Col. Texto Juvenil de Bolso, Texto Editora, 1991 V/A OuBaPo 2 volumes L' Association (França)
Página finalizada pelo desenhador. Embora já não se possa ver o lápis da página, o desenhador teve de o fazer e ainda alterou a paginação . As duas pranchas do esboço do argumentista foram comprimidas para uma só pelo desenhador. Foi eliminada a 7ªa vinheta da primeira página do esboço e a segunda foi inserida na 9ª vinheta
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04 BdBoom propostas de trabalho
Desenhar sensações
O VALOR DO VENTO Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e Só entram nos meus versos as coisas de que gosto O vento das árvores o vento dos cabelos O vento do inverno o vento do verão O vento é o melhor veículo que conheço Só ele traz o perfume das flores só ele traz A música que jaz à beira-mar em agosto Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento O vento actualmente vale oitenta escudos Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto Ruy Belo Todos os poemas Círculo de Leitores, 2000 Livro adoptado no programa da língua portuguesa, 9º ano
Proposta de trabalho 1. Planificar uma folha A3 e dividi-la em 4 vinhetas 2. Desenhar uma sequência das sensações que o poema sugere Sugestão de técnicas – Lápis de cera ou pastéis de óleo
Homenagem a Ruy Belo Luís Manuel Gaspar Revista LER, Outono 1995
BdBoom propostas de trabalho
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Desenhar sensações
Mr. Burroughs David Soares e Pedro Nora Círculo de Abuso, 2000
Há no firmamento Um frio lunar. Um vento nevoento Vem de ver o mar. Quase maresia A hora interroga, E uma angústia fria Indistinta voga. Não sei o que faça, Não sei o que penso, O frio não passa E o tédio é imenso. Não tenho sentido, Alma ou intenção… ‘Stou no meu olvido… Dorme coração… Fernando Pessoa Poesias, Obras Completas de Fernando Pessoa Edições Ática, 1973 Poeta adoptado no programa da língua portuguesa, 8º e 9º ano
Proposta de trabalho 1. Planificar uma folha A3 e dividi-la em 6 vinhetas 2. Desenhar uma sequência das sensações que o poema sugere Sugestão de técnicas-Preto e branco e tonalidades de cinzento. A tinta da china ou lápis de grafite (HB,2B, 4B e 6B)
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05 BdBoom propostas de trabalho
Alice Geirinhas Mil folhas, suplemento do jornal Público 22.09.2001
O que conta uma ilustração A partir desta ilustração conta uma história sobre o que a imagem te sugere. Dá um título ao texto.
BdBoom propostas de trabalho
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Tr a n s f o rm a r imagens em palavras A partir desta prancha de bd, conta uma história, sobre o que a sequência de imagens te sugere. Dá um título ao texto.
Diniz Conefrey Arquipélagos Adaptações de dois textos de Herberto Hélder Iman edições, 2002
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06 BdBoom propostas de trabalho
Seth It’s A Good Life, if You Don’t Weaken Drawn & Quarterly 1996
Julie Doucet My New York Diary Drawn & Quarterly 1999
Richard Sala The Chucking Whatsit Fantagraphics Books 1997
Adaptar um poema em banda desenhada
ASSIM ÀS VEZES A manhã às vezes fica muito longe Perco-me então por caminhos de água Na língua que te despe o sol respira rente à relva Eugénio de Andrade Véspera da Água Editorial Inova, Porto, 1973 Poeta adoptado no programa de língua portuguesa , 7º ano
PROPOSTA DE TRABALHO Dividir uma folha A3 em 3 tiras. Dividir cada tira em 3 vinhetas 1º tira – Desenhar uma sequência de uma cena do quotidiano. O acordar. A manhã às vezes fica muito longe 2º tira – Desenhar um percurso imaginário ou não. Perco-me então por caminhos de água 3º tira – Desenhar o local aonde chegou. Conclusão. Na língua que te despe o sol respira rente à relva Sugestão de técnicas: Alto-contraste, preto e branco. Marcadores pretos de diversas espessuras. Nota: esta proposta de trabalho pode ser adaptada a diferentes faixas etárias (10/18)
BdBoom propostas de trabalho
Ilustrar as sociações de palavras LABIRINTO E OUTROS LUGARES DE AMOR PARA VIEIRA DA SILVA O outono por assim dizer pois era verão forrado de agulhas a cal rumorosa do sol dos cardos sem outras mãos que lentas barcas vai-se aproximando a água a nudez do vidro a luz a prumo fluvial dos mastros os prados matinais os pés verdes quase o brilho das magnólias apertado nos dentes uma espécie de tumulto as unhas tão fatigadas de estar nos dedos o bosque abre-se beijo a beijo e é branco Eugénio de Andrade Véspera da Água Editotial Inova, Porto Poeta adoptado no programa da língua portuguesa, 8º ano Luís Lázaro Gonçalo Pena
PROPOSTA DE TRABALHO A partir do poema de Eugénio de Andrade reagrupar palavras e ilustrar em 4 momentos cada nova associação. Ex: o brilho é branco, as unhas nos dentes, sol das magnólias, beijos verdes. 1. Planificar uma folha A3 e dividi-la em 4 vinhetas. 2. Ilustrar em cada vinheta a nova associação de palavras retiradas do poema, sem intenção sequencial. 3. Deixar zonas de cor lisa para colocar as novas associações de palavras. Sugestão de técnicas: técnica mista (ecolines, aguarelas, lápis de cor e recortes de jornais para as palavras).
José Manuel Saraiva Alain Corbel
Nota: esta proposta de trabalho pode ser adaptada a diferentes faixas etárias (10/18)
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07 BdBoom propostas de trabalho
Ilustrar retratos psicológicos LOURENÇA Lourença tinha três irmãos.Todos aprendiam a fazer habilidades como cãezinhos, e tocavam guitarra ou dançavam em pontas dos pés. Ela não. Era até um bocado infeliz para aprender, e admirava-se de que lhe quisessem ensinar tantas coisas aborrecidas e que ela tinha de esquecer o mais depressa possível. O que mais gostava era de comer maçãs e deitar-se a dormir. Mas não dormia. Fechava os olhos e acontecia-lhe então uma aventura bonita e conhecia gente maravilhosa. Eram pessoas que ela via no cinema ou que já tinha encontrado em qualquer parte, mas que não sabia quem eram. Não gostava de ninguém que se pusesse entre ela e a imaginação, como um muro, e a não deixasse ver as coisas de maneira diferente. Não gostava que lhe tocassem e, sobretudo, que a gente grande pesasse com a grande mão em cima da sua cabeça. Apetecia-lhe morder-lhes e fugir depressa. Mas não fazia nada disso. Ficava quieta e olhava para a frente dela, cheia de seriedade. Isto tinha o efeito de causar estranheza e diziam sempre que ela era uma menina obediente e sossegada. Mas retiravam a mão. Tinham-lhe posto o nome de “dentes de rato”, porque os dentes dela eram pequenos e finos, e pela mania que ela tinha de morder a fruta que estava na fruteira e deixar lá os dentes marcados. (…) Agustina Bessa-Luís Dentes de Rato Guimarães editores, 11ª edição, 1999 Livro adoptado no programa da língua portuguesa, 7º ano
PROPOSTA DE TRABALHO 1. Planificar uma folha A3 de maneira a dividi-la em 6 vinhetas 2. Em cada vinheta desenhar 6 ilustrações sobre a maneira de ser da Lourença descritas no texto, sem preocupações de construir uma narrativa sequencial. Sugestão de técnicas: técnica mista Nota: esta proposta de trabalho pode ser adaptada a diferentes faixas etárias (10/18)
Paula Metcalf Marta Torrão André Letria Frédérique Bertrand Alice Geirinhas
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d e n t ro/fora
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pequeno/grande
Ilu strar os contrários
Sérgio Luiz As Aventuras do Boneco Rebelde Org. e intro. de Carlos Bandeiras Pinheiro e João Paulo Paiva Boléo, edição BaleiAzul/ Bedeteca de Lisboa, 1999
PROPOSTA DE TRABALHO 1. Fazer uma lista de palavras (substantivos e adjectivos) 2. Pesquisar no dicionário antónimos das palavras escolhidas. 3. Dividir uma folha A3 em 3 tiras e desenhar 2 vinhetas por tira 4. Ilustrar em cada tira a palavra escolhida e o seu antónimo Sugestão de técnicas: técnica mista
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08 BdBoom propostas de trabalho
Desenhar uma b d Fazer u ma ilustração (…) O gato Malhado aspirou a plenos pulmões a Primavera recém-chegada.Sentia-se leve, gostaria de dizer palavras sem compromisso, de andar à toa, até mesmo de conversa com alguém.Procurou mais uma vez com os olhos pardos, mas não viu ninguém. Todos haviam fugido. Não, todos não. No ramo de uma árvore a Andorinha Sinhá fitava o Gato Malhado e sorria-lhe. Somente ela não havia fugido. De longe seus pais a chamavam em gritos nervosos. E, dos seus esconderijos, todos os habitantes do parque miravam espantados a Andorinha Sinhá que sorria para o Gato Malhado. Em torno era Primavera, sonho de um poeta. (…) Em torno era a Primavera, sonho de de um poeta. O gato Malhado teve vontade de dizer algo semelhante à andorinha Sinhá. Sentou-se no chão, alisou os bigodes, apenas perguntou: – Tu não fugiste com os outros? – Eu? Fugir? Não tenho medo de ti, os outros são todos uns covardes…Tu não me podes alcançar, não tens asas para voar, és um gatarrão ainda mais tolo do que feio. E olha lá que és feio… – Feio, eu? O gato malhado riu, riso espantoso de quem se havia desacostumado de rir, e desta vez até as árvores mais corajosas, como o Pau-Brasil – um gigante – estremeceram. “Ela o insultou e ele a vai matar”, pensou o velho Cão Dinamarquês. O Reverendo Papagaio – reverendo porque passara uns tempos no seminário onde aprendera a rezar e decorara frases em latim, o que lhe dava valiosa reputação de erudito – fechou os olhos para não testemunhar a tragédia. Por duas razões: por ser emotivo, não lhe agradando ver sangue, menos ainda de andorinha tão formosa, e por não desejar servir como testemunha se o crime chegasse à justiça, massada sem tamanho, tendo de decidir entre dizer a verdade e arcar com as consequências da ira do Gato malhado – processo por calúnia, umas bofetadas, o bico arrancado, quem sabe lá o quê – ou mentir e ficar com a fama de covarde, de cúmplice do assassino. Situação difícil, o melhor era não testemunhar. Em troca rezou pela alma da Andorinha Sinhá, ficando em paz com a sua consciência, uma chata cheia de exigências. A própria Andorinha Sinhá sentiu que exagerara e, por via das dúvidas, voou para um galho mais alto onde ficou bicando as penas num gesto de extrema faceirice. O gato malhado continuava a rir, apesar de se sentir um tanto ofendido. Não porque a Andorinha o houvesse tachado de mau e sim por tê-lo chamado
de feio, e ele se achava lindo, uma beleza de gato. Elegante também. – Tu me achas feio? De verdade? – Feiíssimo…- reafirmou lá de longe a Andorinha. – Não acredito. Só uma criatura cega poderia me achar feio. – Feio e convencido! A conversa não continuou porque os pais da Andorinha Sinhá, o amor pela filha superando o medo, chegaram voando, e a levaram consigo, ralhando com ela, pregando-lhe um sermão daqueles. Mas a Andorinha, enquanto a retiravam, ainda gritou para o gato: – Até logo, seu feio… Foi assim, com esse diálogo um pouco idiota, que começou toda a história do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá. (…) Jorge Amado O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor Publicações Europa-América, 8ª edição, 1999 Livro adoptado no programa da língua portuguesa, 8º ano
1. PROPOSTA DE TRABALHO Construir uma prancha de bd numa folha A3 1. Estudo das personagens. O gato, a andorinha, o papagaio 2. Esboço da prancha. Composição da acção, inserir o texto e os diálogos . 3. (Re)desenhar a bd. 4. Dar atenção à letragem, (o que se escreve nos balões e nas legendas), ao tipo de letra, para facilitar a leitura.
2. PROPOSTA DE TRABALHO Ilustrar o texto. Criar uma imagem que transmita a ideia do que poderia ter acontecido à andorinha e simultaneamente do que aconteceu. Sugestão: técnica mista ou colagens. Nota: esta proposta de trabalho pode ser adaptada a diferentes faixas etárias (10/18)
Fernanda Fragateiro O Gato Listrado Publicações Dom Quixote, 1991
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DESENHAR UMA BD
PROPOSTA DE TRABALHO
(…) Assim um dia a caravela ancorou em frente duma larga e bela baía rodeada de arvoredos. Na longa praia de areia branca e fina, um pequeno grupo de negros espreitava o navio. Então o capitão resolveu mandar a terra dois batéis com homens para que tentassem estabelecer contacto com os africanos. Mas logo que os batéis tocaram a areia os negros fugiram e desapareceram no arvoredo. – Talvez tenham tido medo por ver que nós somos muitos e eles são poucos – disse um português chamado Pêro Dias. E pediu aos seus companheiros que lhe deixassem um batel e embarcassem todos no outro e se afastassem da praia. Mas os companheiros acharam este plano tão arriscado que não o quiseram aceitar. Porém, Pêro dias insistiu tanto que eles acabaram por fazer como ele pedia e remaram para o largo. O português mal ficou sózinho caminhou até meio da praia e ali colocou panos coloridos que tinham trazido como presente. Depois recuou até à orla do mar, encostou-se ao batel que ficara e esperou. Ao cabo de algum tempo saiu da floresta um homem que trazia na mão uma lança longa e fina e avançava negro e nu na claridade da praia. Avançava passo por passo, lentamente, vigiando os gestos do homem branco que junto do batel continuava imóvel. Quando chegou perto dos panos parou e examinou com alvoroço a oferta. Depois ergueu a cabeça, encarou o português e sorriu. Este sorriu também e avançou uns passos. Houve uma pequena pausa. Depois, num acordo mútuo, os dois homens, sorrindo, caminharam ao encontro um do outro. Quando entre eles ficaram só seis passos de distância, pararam. – Quero paz contigo – disse o branco na sua língua. O negro sorriu e respondeu três palavras desconhecidas. – Quero paz contigo – disse o branco em árabe. O negro tornou a sorriu e tornou a repetir as palavras ininteligíveis. – Quero paz contigo – disse o branco em berbere. O negro sorriu de novo e mais uma vez respondeu as três palavras exóticas. Então Pêro Dias começou a falar por gestos. Fez o gesto de beber e o negro apontou-lhe a floresta. Fez o gesto de comer e o negro apontou-lhe a floresta. Com um gesto de convite o marinheiro apontou o seu batel. Mas o negro sacudiu a cabeça e recuou um passo. Vendo-o retrair-se o português, para voltar a estabelecer a confiança, começou a cantar e a dançar. O outro, com grandes saltos, cantos e risos, seguiu o seu exemplo. Em frente um do outro bailaram algum tempo.(…)
1. Investigar e retirar elementos de bd’s sobre os Descobrimentos Portugueses (ver ficha bibliográfica). 2. Estudo das personagens, cenários e adereços. 3. Esboço da prancha (A3), composição da acção, inserir o texto e diálogos. 4. (Re)desenhar a bd. 5. Dar atenção à letragem, (o que se escreve nos balões e nas legendas) ao tipo de letra, para facilitar a leitura. Sugestão de técnicas: contorno a caneta preta de ponta fina. Aplicar a cor não na prancha original mas na fotocópia. Nota: esta proposta de trabalho pode ser adaptada a diferentes faixas etárias (10/18)
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Vitor Péon Nos Mares da China Futura, 1985
Andresen, Sophia de Melo Breyner O cavaleiro da Dinamarca, Porto Figueirinhas, 2001 Livro adoptado no programa da língua portuguesa em articulação com a disciplina História, 7º ano
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09 BdBoom propostas de trabalho
Viagens na Áfri ca Ocident al Os negros, tanto homens como mulheres, ocorriam todos para me ver como se fosse uma grande coisa a vista de um cristão, o que eles nunca tinham ouvido falar. Não se admiraram menos da minha cor branca do que dos meus fatos, que lhe causavam muita admiração (…) Alguns esfregavam as mãos e os braços com saliva para ver se a minha cor procedia de pintura ou de tinta ou se era mesmo pele. Tendo verfifcado que sim permaneciam muito admirados. Admiravam-se também muito de ver queimar uma vela à noite num candelabro, pois neste país não têm outra iluminação senão a da fogueira, o que os fazia achar a vela uma das mais belas e maravilhosas coisas (…) Cadamosto, Relações das viagens na África Ocidental, 1455
T RADIÇÃO ORAL AFRICANA Um dia sobre o mar surgiu um grande barco. Tinha asas brancas e brilhantes como facas ao sol. Homens brancos saíram da água dizendo palavras que ninguém compreendia. Os nossos antepassados tomaram medo e pensaram que era “vumbi”, almas do outro mundo. Conseguiram fazê-los regressar ao mar disparando nuvens de flechas. Mas os “vumbi” começaram a cuspir fogo com um barulho de trovão. “Tradição oral africana” in F. Braudel, Civilização material, economia e capitalismo, Lisboa, Edições Cosmos, 1985
PROPOSTA DE TRABALHO Seleccionar um texto e ilustrá-lo. Criar uma imagem que transmita a ideia geral do texto e que simultaneamente acrescente uma interpretação pessoal. Sugestão: técnica mista.
E. T. Coelho e Raul Correia O Caminho do Oriente IV Editorial Futura, 1983
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Do Cabo da Boa Esperança para a Angra de S. Brás Em 25 dias do mês de Novembro, um sábado à tarde dia de Santa Catarina, entrámos em Angra de São Brás, onde estivemos treze dias, porque nesta angra desfizemos a nau que levava mantimentos e os recolhemos aos navios (…) ao sábado [Dezembro 2], vieram obra de 2000 negros, entre grandes e pequenos, e traziam obra de doze reses, entre bois e vacas, e quatro ou cinco carneiros; e nós como os vimos, fomos logo em terra. E eles começaram logo de tanger quarto ou cinco flautas, e uns tangiam alto e outros baixo, em maneira que concertavam muito bem para negros de que não se espera música; e bailavam como negros. E o capitão-mor mandou tanger as trombetas e nós, em os batéis, bailávamos e o capitão de volta connosco. (…) ao Domingo vieram outros tantos, e traziam as mulheres consigo e moços pequenos; e as mulheres estavam em cima de um alto, perto do mar e traziam muitos bois e vacas. E puseramse em dois lugares, ao longo do mar e tangiam e bailavam como ao sábado. E o costume destes homens é o moços ficarem no mato com as armas. E os homens vieram falar connosco, e traziam uns paus curtos nas mãos e uns rabos de raposa, com os quais abanavam o rosto. E nós, estando assim à fala por acenos, vimos andar por entre o matos os moços, agachados e traziam armas nas mãos. Álvaro Velho, Roteiro da primeira viagem de Vasco da Gama (1497-1499)
Calecute E depois, que assim estivemos pousados, vieram de terra a nós quatro barcos, os quais vinham por saber que gente erámos e nos disseram e mostraram Calecute. E ao outro dia [Maio 21] isso mesmo vieram estes barcos aos nossos navios, e o capitão-mor mandou um dos degredados a Calecute; e aqueles com que ele ia levaram-no onde estavam dois mouros de Tunes, que sabiam falar castelhano e genovês. E a primeira salva que lhe deram foi esta que ao adiante segue: – Ao diabo que te dou, quem te trouxe cá? E perguntaram-lhe o que vínhamos buscar tão olonge. E ele respondeu: – Vimos buscar cristãos e especiarias. Eles lhe disseram – Porque não mandam cá el-rei de Castela e el-rei de França e a senhoria de Veneza? E ele lhe respondeu que: – El-rei de Portugal não queria consentir que eles cá mandassem. E eles disseram que: – Fazia bem. Então o agasalharam e deram-lhe de comer pão de trigo com mel. (…) Álvaro Velho, Roteiro da primeira viagem de Vasco da Gama (1497-1499)
Relvas, Çufo Grupo de Trabalho do ME para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1995
PROPOSTA DE TRABALHO 1. Seleccionar um texto. 2. Investigar e retirar elementos de bd’s sobre os Descobrimentos Portugueses (ver ficha bibliográfica). 3. Estudo das personagens, cenários e adereços. 4. Esboço da prancha (A3), composição da acção, inserir o texto e diálogos. 5. (Re)desenhar a bd. Sugestão de técnicas: Contorno a caneta preta de ponta fina. Aplicar a cor não na prancha original mas na fotocópia.
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10 BdBoom propostas de trabalho
Giraldo Sem Pavor O pérfido galego Afonso Henriques, senhor de Coimbra – o maldito de Deus – conhecia bem a valentia do cão Giraldo. O pensamento constante deste era tomar à traição as cidades e os castelos, só com a sua gente: ele tinha os muçulmanos sobre o terror das suas armas. Este cão procedia assim: avançava, sem ser apercebido na noite chuvosa, escura, tenebrosa e insensível ao vento e à neve, ia contra as cidades inimigas. Para isso levava escadas de madeira de grande comprimento, de modo que com elas subisse acima das muralhas da cidade que procurava surpreender, e quando a vigia muçulmana dormia, encostava as escadas à muralha e era o primeiro a subir ao castelo. E empolgando a vigia dizia-lhe: – Grita como tens costume de noite que não há novidade! – E então os seus homens de armas subiam acima dos muros da cidade, davam na sua língua um grito imenso e execrando, penetravam na cidade, matavam quantos encontravam, despojando-os, e levando todos os cativos e presa que estavam nela. Ibne Sáhibe Açala (séc.XII), in Coelho, António Borges (org), Portugal na Espanha árabe, vol. III, Lisboa, Seara Nova, 1973
Filipe Abranches e A. H. de Oliveira Marques História de Lisboa, vol I Assírio & Alvim e CML, 1998
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O Mestre de Av i s O pagem do mestre que estava à porta, como lhe disseram que fosse pela vila segundo já era percebido, começou de ir rijamente a galope em cima do cavalo em que estava dizendo a altas vozes, bradando pela rua: Matam o mestre! Matam o mestre nos paços da Rainha! Acorrei ao Mestre que o matam! (…) As gentes que isto ouviam, saíam à rua a ver que coisa era, e começando a falar uns com os outros , alvoraçavam-se nas vontades, e começavam de tomar cada um melhor e mais asinha. Álvaro Pais (…) cavalgou logo a pressa em cima de um cavalo que anos havia que não cavalgava e todos os seus aliados com ele bradando a quaisquer que achava dizendo: Acorramos ao Mestre, que é filho de del-rei Dom Pedro (…) A gente começou a se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de ver. Não cabiam pelas ruas principais, e atravessavam lugares escusos, desejando cada um ser o primeiro, e perguntando uns aos outros quem matava o mestre? Não minguava quem respondesse que o matava o Conde João Fernandes por mando da rainha. E por vontade de Deus todos feitos de um coração com talente de o vingar, foram às portas do paço que já eram cerradas (…) Ali se mostrou o Mestre a uma grande janela que vinha sobre a rua onde estava Álvaro Pais e a mais força da gente, e disse: amigos pacificai-vos que eu estou vivo e são, graças a Deus. Crónica de Fernão Lopes
PROPOSTA DE TRABALHO 1. Seleccionar um texto. 2. Estudo das personagens, cenários e adereços. 3. Esboço da prancha (A3), composição da acção, inserir o texto e diálogos. 4. (Re)desenhar a bd. 5. Dar atenção à letragem, (o que se escreve nos balões e nas legendas) ao tipo de letra, para facilitar a leitura. Sugestão de técnicas: tinta da china (preta, sépia ou azul), aparos e pincéis.
Filipe Abranches e A. H. de Oliveira Marques História de Lisboa, vol I Assírio & Alvim e CML, 1998
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algumas interpretações desenhadas
João Paulo Cotrim
Adaptar que r dize r divulgar o u interpretar? O tema é importante por se estarmos a viver momentos de larga contaminação entre as artes e os media, mas também porque foi e continua a ser altamente produtivo na banda desenhada nacional. Não é este o espaço para uma análise mais cuidada, mas adaptar foi visto durante muito tempo como uma maneira de simplificar, para o melhor e para o pior, obras fundamentais que assim se massificavam melhor, atingindo pedagogicamente jovens e iletrados. É hoje comum que o autor de uma novela seja também o responsável pela sua passagem a série televisiva ou peça de teatro. O poderoso desejo de ficção teceu relações tão complexas entre, por exemplo, o cinema, a banda desenhada, o teatro, o vídeo ou a escultura-instalação exigindo reflexões acerca das especificidades de cada disciplina artística e os mecanismos desta generalizada «transescrita» 1. Curiosamente, entre nós, os autores há muito que a praticam, a partir de lugares de um espectro que se pode definir assim: as adaptações directas, as inspirações em universos e as citações. Exclui-se aqui o caso especial das colaborações em graus diferentes entre escritores e desenhadores, como é caso de Rui Zink e André Carrilho, em Homens Aranha. É que aqui Zink escreveu directamente para as imagens de Carrilho.
A fase da ilustração No relacionamento entre a bd portuguesa e a tradição literária encontramos duas fases evidentes. Na primeira, os autores procuraram traduzir em imagens, e em um imaginário popular de entretenimento, obras de cariz aventuroso e maravilhoso ou de cariz histórico e afirmação ideológica da gesta nacional. Foi no pós-guerra, e teve, em modos distintos, dois grandes cultores. Fernando Bento (Lisboa, 1910-1996), que chegou a usar como matéria narrativa excertos d’«Os Lusíadas», de Camões (cuja biografia desenhou), embora o seu notável contributo para uma gramática visual e temática do género tenha sido o trabalho sobre clássicos da aventura como O anel da rainha de Sabá, de Rider Haggard, Beau Geste, de P. C. Wren ou A Ilha do tesoiro, de Robert Louis Stevenson. E Eduardo Teixeira Coelho (Angra do Heroísmo, 1919), por exemplo em A Torre de D. Ramires, de Eça de Queirós, ou em O tesouro. O suave milagre. O defunto. Adaptação de
contos de Eça de Queirós, sob argumento de José Carlos Teixeira, mas sobretudo na narração de Álvaro Velho da descoberta do caminho marítimo para a Índia, rescrita por Raul Correia, para O Caminho do Oriente. O cruzamento destes olhares prolongou-se até hoje na obra de autores como José Ruy (Amadora, 1930), com Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação adaptada em banda desenhada, ou na abordagem falhada, sem espessura, a Os Lusíadas; José Garcês (Lisboa, 1928), com Eurico, o presbítero; ou Augusto Trigo (Bolama, 1938) com Lendas de Portugal em banda desenhada, sob argumento de Jorge Magalhães. Estilística e tematicamente foram estas as tendências dominantes durante décadas, tendo marcado até autores mais ágeis na narrativa gráfica como Relvas (Lisboa, 1954), aquando da sua visita aos universos de Júlio Verne.2
A fase da interpre t a ç ã o Ainda que Isabel Lobinho e Mário-Henrique Leiria tenham antes estabelecido especiais cumplicidades, com ele a escrever-lhe argumentos (Mário e Isabel) e ela a passar a bd alguns Contos do Gin-Tónico, é sobretudo nos anos 90 que explode esta fase. Repare-se. Vera Tavares (Lisboa, 1975) em O Medonho Composto, a partir do folheto de cordel anónimo, de 1748, «Relação de hum monstruoso, e horrível bicho, que nas vizinhanças da Cidade de Visliza do reino de Polónia, se ocultava em hum fragoso monte...» e Filipe Abranches, com O Diário de K, a partir de A morte do palhaço, de Raul Brandão, são casos emblemáticos. Ambos praticam um expressionismo assente no preto e branco, com Vera Tavares a usar iconografia de época e Filipe Abranches a ser capaz de recriar os ambientes densos de Brandão. Arquipélagos de Diniz Conefrey parte de dois contos de Herberto Helder (“Aquele que dá a vida”, de «Os passos em Volta» e “(Uma ilha em sketches)”, de «Photomaton & Vox»). Leitura tão interessante quanto polémica, esta, suscitada por barroco trabalho de cor. Sem se pretender ser exaustivo, é de referir ainda Eric Lambé (Kinshasa, 1967), com Ofélia e os directores de recursos humanos a redesenhar as célebres cartas de Fernando Pessoa. Na mesma linha, Miguel Rocha assina, em Eduarda, uma plástica versão do conto de Bataille, «Madame Edwarda».
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Daniel Lopes e João Chambel aproveitam, em Heróis da Literatura Portuguesa, não a obra em concreto mas antes a energia ficcional das figuras de Álvaro do Carvalhal, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, António Ferro, Mário-Henrique Leiria e Mário Cesariny para um projecto que cruza várias disciplinas, sempre sujeitas à imposição da narrativa gráfica. Pedro Nora (V. N. de Gaia, 1977) compôs, a partir de David Soares, uma pujante sinfonia gráfica acerca do elevado preço devido ao acto de criar, na perspectiva do célebre beatnick William S. Burroughs, que veste o papel principal de Mr. Burroughs. José Carlos Fernandes (Loulé, 1964) tem uma obra vasta toda ela feita de ambiências literárias, pelo que não é de estranhar que aqui e ali aflorem pequenos sinais de afinidades ou mais directamente de sugestões oriundas de Borges, Rilke, Camus, Bradbury, Vian mas também Carlos de Oliveira.2 Não podemos, finalmente, esquecer as homenagens que Luís Manuel Gaspar vem fazendo a vultos e a textos, muitas vezes partindo poemas, noutras criando a partir de detalhes biográficos, sempre com um rigor feito de atenção e acrílico. E muito menos a experiência resultante do convite do IPLB, nas comemorações do Dia Mundial do Livro de 2002, a Miguel Rocha, João Fazenda, José Carlos Fernandes, Ana Cortesão e José Manuel Saraiva para fazerem a transcrição (em três pranchas de bd) de contos de Eça de Queirós, Machado de Assis, Miguel Torga, Clarice Lispector e Branquinho da Fonseca. Aqui e ali, surgem ainda notas agudas, como a de Pedro Brito (Barreiro, 1975), no seu Pano Cru. Eis a "lírica" rock de um grupo chamado Skamões: "desfez-se a nuvem negra, c'um sonoro bramido muito longe o mar soou". 1. Este texto segue de perto o verbete «Banda Desenhada e Literatura», no Suplemento ao Dicionário de Literatura, direcção de Jacinto do Prado Coelho, Porto, Livraria Figueirinhas. A coordenação do suplemento é de Ernesto Rodrigues (Literatura Portuguesa e Teoria da Literatura), Pires Laranjeira (Literaturas Africanas e Brasileira) e Vale Moutinho (Literatura Galega). No prelo. 2. Ver selecção bibliográfica, ficha nº12
João Fazenda Cantiga de Esponsais ContoS Contigo, 2002, IPLB
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selecção de livros e revistas sobre adaptações e universos literários
Filipe Abranches, desenho Raul Brandão, autor da obra adaptada O Diário de K. Col. Prontuário #4, Edições Polvo, 2001 A partir de “A Morte do Palhaço” Filipe Abranches, des. João Paulo Cotrim, arg. Al-Mu’tamid Revista Ler nº 51, Círculo de Leitores Biografia com adaptação de poemas de Al-Mu’tamid Fernando Bento, des. Robert-Louis Stevenson, autor da obra adaptada A Ilha do Tesouro Edições Asa, 1991 Regresso à Ilha do Tesouro Edições Asa, 1991 Fernando Bento, des. P.C. Wren, autor da obra adaptada Beau Geste Futura, 1982 E.T Coelho, des. Eça de Queirós, autor da obra adaptada A Torre de D. Ramires Antologia da BD Portuguesa, Futura, 1989 João Chambel, arg. e des. Daniel Lopes, arg. e des. Heróis da Literatura Portuguesa Íman edições, 2002 Baseado nos universos de Álvaro do Carvalhal, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, António Ferro e Mário Cesariny Cécile Chicault, des. Irmãos Grimm, autores da obra adaptada Os Três Cabelos de Ouro do Diabo Meribérica/Liber, 2001 Robert Crumb, des. David Zane Mainowitz, arg. Kafka para Principiantes D. Quixote, 2000 Biografia e adaptações de trechos
Diniz Conefrey, des. Herberto Hélder, autor da obra adaptada Arquipélagos Iman edições, 2002 João Cunha, des. Milan Kundera, autor da obra adaptada Bem Alto Mutate & Survive, Associação Chili Com Carne, 2001 Excerto de “A insustentável leveza do ser”. José Carlos Fernandes, des. e arg Alguém Desarruma Estas Rosas e Outras Estórias Pedranocharco, 1997 Antologia do autor que inclui adaptação dos contos de Gabriel Garcia Marquez, “Alguém desarruma estas rosas” e “Diálogo do Espelho”, dos contos de Ray Bradbury, “The day it rained forever”, “The Dragon” e “As Mulheres”; e um trecho de “A Peste”, de Albert Camus. José Carlos Fernandes, des. e arg. Avaria Casa da Cultura de Loulé, 1995 Antologia do autor que inclui “O espaço entre as estrelas” inspirado num poema de Carlos de Oliveira, “Avaria” inspirada num conto de Boris Vian e “Teresa” inspirada num conto de Italo Calvino. José Garcês, des. Alexandre Herculano, autor da obra adapt. Eurico, o Presbítero Futura, 1983 Luís Manuel Gaspar, des. [Imagens que Passais pela Retina dos Meus Olhos] Revista Ler, Círculo de Leitores Adaptações de vários contos e poemas Alice Geirinhas, des. e arg. [Relatividade da Realidade] Quadrado #3 / 3ª série, ASIBDP, Bedeteca de Lisboa, Maio 2001 Baseado em “Os 3 estigmas de Palmer Eldrich” de Phillip K. Dick
André Lemos, des. Pierre Louïs, autor da obra adaptada Manual de Civilidade para Meninas Mutate & Survive, Associação Chili Com Carne, 2001 Excerto Isabel Lobinho, des. Mário-Henrique Leiria, autor da obra adaptada Contos do Gin Tónico Editora Forja, 1975 (reed. Cadernos Moura BD #3 a realizar em Junho 2002) Peter Kuper, des. Franz Kafka, autor da obra adaptada Give it up! And other Short Stories NBM Publishing, 1995 Edição portuguesa a editar brevemente pela Mundo Fantasma Mazan, des. Irmãos Grimm, autores da obra adaptada O Alfaiatezinho Valente Meribérica/Liber, 2001 Aprender a ter Medo Meribérica/Liber, 2001 João Mendonça, des. Jorge Magalhães, arg. Almeida Garrett, autor da obra adaptada Joaninha dos Olhos Verdes: volume I, O Bem e o Mal Edições Asa, 1993 Pedro Nora, des. Albert Camus, autor da obra adaptada O Viajante Quadrado #2 / 3ª série, ASIBDP, Bedeteca de Lisboa, Setembro 2000 Excerto de “O estrangeiro” Pedro Nora, des. David Soares, arg. Mr. Burroughs Col. Negra #2, Círculo de Abuso, 2000 Baseado no universo de William S. Burroughs
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Michel Plessix, des. Kenneth Grahame, autor da obra adaptada O Vento dos Salgueiros Witloof, 2001 Miguel Rocha, des. George Bataille, autor da obra adaptada Eduarda Col. Prontuário #1, Edições Polvo, Bedeteca de Lisboa, 2000 Fernando Relvas, des. e arg. Júlio Verne, autor da obra adaptada Viagem ao Centro da Terra Revista Tintin, 1980 José Ruy, des. Fernão Mendes Pinto, autor da obra adaptada Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação Meribéria/Liber, 1987 David Soares, des. e arg. Sammahel Colecção Negra #666 [3], Círculo de Abuso, 2001 Baseado no “Fausto”, de Thomas Mann Vera Tavares, des. O Medonho Composto Iman edições, 2001 Adaptação de conto anónimo do séc. XVIII Vários autores, des. Jan Baetens, arg. Self-Service Fréon, Casa Fernando Pessoa, 2001 Vários autores, des. e arg. Conto(S) contigo IPLB, 2002 Baseado em obras de Eça de Queirós, Machado de Assis, Miguel Torga, Branquinho da Fonseca e Clarice Lispector
Ana Cortesão Festa de Aniversário ContoS Contigo, 2002, IPLB
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João Migue l Lameiras
Se entendermos a Banda Desenhada de Temática Histórica como aquela BD que tem como ponto de partida um determinado facto histórico, concreto e bem documentado, pode-se até dizer que o género nasceu em Portugal logo com Raphael Bordallo Pinheiro e os Apontamentos sobre a Picaresca Viagem do Imperador do Rasilb pela Europa, paródica reportagem da primeira visita do Imperador Pedro II do Brasil à Europa em 1871, muito justamente considerada como “a primeira história aos quadradinhos portuguesa”. Mas falta a esta banda desenhada de irónico comentário social, feita pela pena mortífera de um Raphael Bordallo Pinheiro ainda em início de carreira, um ano após os acontecimentos narrados, o necessário distanciamento temporal que se separa o comentário da actualidade da reflexão histórica. Daí que só se possa falar com propriedade de BD de temática histórica em Portugal a partir dos anos 40/ 50 do século XX. Altura em que aquele que tem sido um dos géneros mais cultivados pelos autores portugueses, se constituiu como o principal campo de trabalho para os desenhadores de estilo realista que, em muitos casos construiram neste campo uma carreira de mais de quatro décadas. (...) Na origem do invulgar desenvolvimento deste género temático em Portugal estará uma lei de 1950, as “Instruções sobre Literatura Infantil”, resultante da acção da “Comissão especial para a Literatura Juvenil e Infantil” de que faziam parte Adolfo Simões Muller e José de Oliveira Cosme, directores respectivamente do Papagaio e do Mundo de Aventuras, duas das principais publicações infanto-juvenis da época que, à semelhança do que acontecia também em França e nos EUA, com o “Comics Code” vinha doutrinar e disciplinar internamente o conteúdo e os níveis de violência na BD, que só relativamente aos feitos do passado podia ser representada, o que, na prática, condicionava grandemente a publicação de géneros de grande sucesso como as histórias policiais e de espionagem, ou os Westerns. (...) Fernando Bento, que nas páginas do Diabrete adaptou as narrativas de carácter histórico-didáctico que Adolfo Simões Muller escreveu para a série Histórias da nossa História, conseguiu, graças ao dinamismo e à elegância do seu traço, tornar acessível aos jovens leitores esses acontecimentos, à semelhança do que faria mais tarde (nos inícios dos anos 50) com a vida de alguns ilustres vultos da nossa história, como Camões, Serpa Pinto, Nuno Álvares Pereira, S. João de Brito e Afonso de Albuquerque, cujas biografias Muller relatou na série As Grandes Figuras de Portugal, realizando, segundo João Ramalho Santos, um trabalho “de tal modo notável que consegue mesmo disfarçar a óbvia vontade do argumentista de introduzir (por vezes de uma maneira menos subtil) demasiada informação históri-
ca, de que a biografia de Camões é um bom exemplo”. (...) Embora seja a partir da década de 50, nas páginas do Cavaleiro Andante e do Camarada, que a BD histórica conhece o seu momento de maior expansão, curiosamente (ou talvez não...) o ponto mais alto deste género, encontra-se em O Caminho do Oriente, história desenhada de forma magistral por E. T. Coelho em 1946, em que Raul Correia, tomando como ponto de partida o roteiro de Álvaro Velho da viagem de Vasco da Gama à Índia, relata a epopeia dos Descobrimentos do ponto de vista de Simão Infante, um grumete embarcado na armada que parte para a Índia e que, graças à sua vivacidade e irreverência, se tornou um dos heróis preferidos dos leitores de O Mosquito, em cujas páginas esta saga foi publicada entre Agosto de 1946 e Junho de 48. (...) Discípulo de E. T. Coelho, com quem conviveu nos tempos áureos de O Mosquito, a carreira de José Ruy, marcada por um longo tirocínio feito nas páginas de revistas como O Papagaio, O Mosquito, Cavaleiro Andante e Camarada, acaba por apresentar mais paralelismos com a de José Garcês, outro autor da sua geração com quem compartilha o gosto pela banda desenhada histórica, género que irá marcar toda a sua carreira, como o provam histórias como Os 200 inimigos do Condestável, D. João de Castro e Fernão Mendes Pinto, esta última sobre a vida do autor da Peregrinação, obra que, tal como Garcês, José Ruy adaptou também à BD em 1959 e que refaria em finais dos anos 70, numa nova versão sem a fluidez da original. Quando, durante a década de 80, as Edições Asa, uma das mais fortes editoras de livros escolares, apostaram em força na banda desenhada como complemento pedagógico, foram buscar os autores com maior experiência no género. José Ruy, que desde o início da sua carreira sempre se mostrou mais interessado na adaptação de textos literários e na biografia de pessoas ou acontecimentos históricos, do que em produzir obras de ficção, sentiu-se como “peixe na água” nesta conjuntura. E assim, depois de ter adaptado à banda desenhada Os Lusíadas e alguns autos de Gil Vicente decidiu conjugar o seu interesse pela época Quinhentista, tão do agrado da Comissão dos Descobrimentos, com a criação de um novo herói, Porto Bom Vento, que lhe permitisse contar a gesta dos Descobrimentos do ponto de vista da “arraia miúda”, na linha do já que tinha sido feito por E. T. Coelho e Raul Correia, nas décadas de 50 e 60, com O Caminho do Oriente, mas sem nunca conseguir alcançar o nível gráfico do seu mestre. (...) José Garcês é outro nome que o leitor associa imediatamente à BD de temática história. Com uma vasta obra espalhada pelas páginas do Mosquito, Camarada, Cavaleiro Andante, Papagaio, Lusitos, Titã,
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Modas e Bordados, Tintin e Mundo de Aventuras, Garcês esteve na primeira linha do ressurgimento deste género de BD na década de 80, sendo autor de um dos seus raros best-sellers, a História de Portugal em BD, escrita pelo historiador A. Carmo Reis e que teve direito a uma edição francesa. Mais recentemente, Garcês associouse com Mascarenhas Barreto, seu colaborador desde os tempos do Camarada, para adaptar à BD o polémico romance de Barreto, que defende que Cristovão Colombo era português e que trabalhou como agente secreto do Rei D. João II . Mas Garcês foi apenas um dos muitos autores do Camarada que se dedicaram à BD histórica. Esta revista editada pela Mocidade Portuguesa, especialmente na sua 2ª série publicou histórias de desenhadores como José Ruy, José Antunes, Manuel Ferreira, Baptista Mendes, Victor Paiva. Merecem destaque o traço estilizado e modernista de Hernani Lopes e o estilo nervoso e fluido de Júlio Gil que, apesar de não ter feito BD histórica no Camarada é autor de algumas BDs histórico-didácticas inseridas em livros escolares. Mas o autor que mais se distinguiu, foi Carlos Alberto,que para além das várias histórias que assinou no Camarada e no Mundo de Aventuras, consagrou também aos episódios da nossa história em belíssimas ilustrações que deram origem a quadros e a várias colecções de cromos. Também José Manuel Soares, que tinha igualmente formação como pintor, se dedicou a este campo, transpondo para a BD o romance A Ala dos Namorados de Campos Júnior, adaptado por Artur Varatojo, e o relato de Capelo e Ivens sobre a sua viagem de Angola à Contra-costa. Duas adaptações em que é patente a beleza do seu traço clássico e o seu talento de retratista. Vitor Péon, um dos mais prolíficos e dinâmicos desenhadores portugueses de sempre, já tinha feito BD histórica nos anos 50, com as histórias Reconquista de Angola e Os Heróis do Salado, publicadas no Mundo de Aventuras. A Reconquista de Angola é mesmo considerada por João P. Boléo e Carlos B. Pinheiro como “um dos mais eloquentes exemplos da corrente histórica de aventuras”. É também Peón que em 1967, no 1º ano da edição portuguesa da revista Tintin asseguraria a única (e fugaz) presença portuguesa com histórias de temática histórica, interrompida ao fim de duas histórias por imposição do editor belga. Péon vai passar a dedicar-se quase em exclusivo a este género a partir do seu regresso definitivo a Portugal na década de 80. São dessa fase os álbuns Gesta Heróica e A Epopeia dos Descobrimentos Portugueses (livro ilustrado que daria origem a uma colecção de cromos), trabalhos em que o estilo tão característico da fase final de Péon está ao serviço de um argumento bem documentado, onde abundam os arcaísmos de linguagem. Depois de um periodo de certa acalmia, vamos assistir nos inícios da década de 80 ressurgimento da BD histórica graças às várias comemorações promovidas pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. O concurso anual promovido por essa Comissão, ao assegurar um aliciante prémio pecuniário e a garantia de publicação para os vencedores, veio de alguma forma agitar um pouco as águas, levando a que autores mais jovens e com uma formação estética diferente, unidos apenas pela vontade de ver os seus trabalhos publicados, tentassem uma incursão nestes campos, como sucedeu, por exemplo, com Nuno Saraiva e Fernando Relvas. (...) Apesar do seu grande à vontade nas histórias urbanas, Fernando Relvas, que confessou que gostaria de ter tirado o curso de História, também se sentiu atraído pela BD histórica. Por isso, não admira que O Umbral Lumioso, o seu último trabalho para o Se7e seja uma
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Esta louvável opção de privilegiar a "arraia miúda" nesta série de biografias em BD, encontrou no traço nervoso e personalizado de Relvas o suporte ideal
incursão pela BD de temática histórica, tal como acontece com O Rei dos Búzios, uma aventura passada na época dos Descobrimentos e que foi parcialmente publicada na revista Sábado durante o ano de 1989. História que na altura ficou incompleta, mas que o autor terminou recentemente para o CD-rom distribuído juntamente com o nº 2 da revista Bibliotecas, da Câmara Municipal de Lisboa. E ainda bem que assim é, pois em termos gráficos e sobretudo cromáticos (Relvas faz milagres com os lápis de cera) é do melhor Relvas de sempre, sobretudo se comparada com uma história que fez para o jornal Combate, passada exactamente no mesmo período e em que o desenhador aborda o lado negro das Descobertas. (...) Çufo, o álbum que lhe permitiu voltar outra vez à BD de temática histórica, mas agora com muito melhores resultados, foi um trabalho de encomenda, lançado em 1995 durante o 8º Salão do Porto, aproveitando uma exposição comemorativa dos vinte anos de carreira de Relvas. Na origem de Çufo está a vontade do Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses de contribuir para um melhor conhecimento da expansão portuguesa através do papel desempenhado pelos cidadãos anónimos, protagonistas muitas vezes forçados e involuntários da gesta dos Descobrimentos. Esta louvável opção de privilegiar a "arraia miúda" nesta série de biografias em BD, encontrou no traço nervoso e personalizado de Relvas o suporte ideal. Relvas sempre preferiu para protagonistas das suas anti-epopeias, homens comuns que apenas se preocupam em sobreviver, como já era o caso de Vaz Taborda, o herói de Em Desgraça, ou de Çufo, um bracarense degredado para a Índia que será sucessivamente mercenário do Sultão de Bijapur, intermediário nas negociações com Afonso Albuquerque e soldado português. É a vida desta figura fascinante na sua humana ambiguidade, exemplo extremo da capacidade de adaptação dos portugueses, que Fernando Relvas vai contar de forma algo desgarrada, embora, em termos gráficos estejamos perante um dos seus melhores trabalhos, ao nível dos seus momentos mais altos na fase áurea do jornal Se7e.(...) Quanto a Nuno Saraiva, que prefere nem falar da sua experiência no campo da BD histórica, em Os Dias de Bartolomeu procurou (e conseguiu) introduzir um toque de humor, perfeitamente adequado ao seu grafismo caricatural e que vinha aligeirar uma narrativa condicionada pelo rigor dos factos históricos. Mas esta associação a História e a BD humorística tentada por Nuno Saraiva, e de que a série Asterix de Uderzo e Goscinny é o mais célebre exemplo, já vem de trás. O primeiro de um vasto grupo de filhos adoptivos de Asterix (há quem lhes chame mesmo bastardos…) em Portugal foi precisamente José Ruy, com Aventuras de quatro lusitanos e uma porca, uma história escrita por Paulo Madeira Rodrigues. Seguiu-se Luís Correia, com a série As Aventuras de D. Paio e o Principezinho, de que sairiam dois álbuns no início da década de 70 Se nesta série passada na época da conquista de Lisboa, detectamos a mesma utilização humorística dos anacronismos que é um dos segredos do sucesso de
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Asterix, falta profundidade e sentido de movimento aos desenhos, que parecem ter sido coloridos com canetas de feltro. Mas o verdadeiro Asterix português é Tónius, o Lusitano, o pequeno herói de André e Tito, que acompanhado do seu amigo Chicolindus (uma espécie de Obelix que prefere as trutas aos javalis…) combate anacronicamente os Árabes, chefiados por Muhamad Alivoujá. Apesar do sucesso da série, tanto em Portugal, como além-fronteiras, uma zanga entre os dois autores e a posterior morte de André enviabilizaram a continuação das aventuras de Tónius. (...) Trabalho claramente de síntese didáctica, o álbum Portugal 8 Séculos em BD apresenta duas particularidades: a entrada da Porto Editora no campo da BD histórica, e a estreia em álbum de José Morim, um desenhador vindo dos fanzines, onde fazia histórias de temática ecológica, em que era visível a sua capacidade no tratamento das paisagens naturais. Neste álbum, em que a representação da figura humana assume um papel importantíssimo, Morim consegue disfarçar as suas dificuldades neste campo, graças a uma excelente aplicação da cor, da responsabilidade do seu irmão Sérgio, com quem voltou a colaborar em O Defunto, adaptação de um conto de Eça de Queirós, já anteriormente adaptado à BD por E. T. Coelho. Do mesmo modo, também A Dama Pé de Cabra de Alexandre Herculano foi alvo de duas diferentes adaptações, por parte de José Garcês e da dupla Augusto Trigo/Jaime Magalhães, sendo gritante o contraste entre a rigidez do traço, elegante mas estático, de Garcês e a dinâmica planificação de Trigo. Aliás, sempre em colaboração com Jorge Magalhães, Augusto Trigo tem um razoável curriculum neste campo em que, para além do mais antigo Luz do Oriente, avulta a série Lendas de Portugal em BD, de que sairam três álbuns e que se afirma como uma interessante e eficaz viagem à nossa identidade histórica através da adaptação à BD das mais conhecidas lendas do nosso imaginário popular. Caminho já trilhado por E.T. Coelho na célebre Triologia das Mouras e que o argumentista Jorge Magalhães prosseguiu na série Contos Tradicionais Portugueses, em quatro volumes organizados pela proveniência geográfica dos contos, nos quais trabalhou com uma série de desenhadores de estilos diversos, desde o jovem Ricardo Cabrita, aos veteranos como Catherine Labey, José Garcês, José Abrantes, Carlos Alberto Santos e Eugénio Silva. (...) Também a mítica figura da Maria da Fonte teve direito ao papel de protagonista em duas edições recentes. Editado com o apoio da região de Turismo do Verde Minho o álbum de Carlos Tavares e José Macedo, aborda, num registo em que se misturam (mal) a história e a lenda, o movimento popular que ficou conhecido como a revolta da "Maria da Fonte". Os autores procuram enquadrar a Maria da Fonte, a quem dão uma existência real, no contexto político-social da regeneração. Intenção louvável, mas que não resulta, pela inexistência de uma intriga com interesse, que se sobreponha ao pano de fundo histórico e que permita “agarrar” o leitor. Salva-se o desenho de Carlos Tavares, que apesar dos problemas evidenciados nas cenas de acção, revela um traço personalizado e de grande suavidade e elegância. O mesmo tema é abordado em A Revolução da Maria da Fonte, álbum de Domingos Silva e Dino de Sousa, editado pela Câmara Municipal da Póvoa do Lanhoso que, apesar do grande formato e das cores suaves é afectado pelos mesmos problemas narrativos patentes no álbum de Tavares e Macedo. (...) Conforme se avança na História, vai diminuindo a quantidade de BD’s sobre o tema. E sobre os primeiros anos do século XX apenas temos os álbuns que José Ruy dedicou à implantação da República e ao Caso Alves dos Reis, sem contar com adaptação feita por Jorge Magalhães e Rui Lacas da peça Maldita Cocaína, de Filipe La Féria, que se assumia como um retrato do Portugal dos anos 20. Quanto
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ao Estado Novo, ao contrário do que acontece na literatura, tem sido praticamente ignorado pela BD portuguesa, se exceptuarmos a forma conseguida como Miguel Rocha evoca o ambiente cinzento e opressivo da época, em As Pombinhas do Sr. Leitão, uma história de ficção, sem grandes preocupações histórico-didácticas. Pelo contrário, o problema da guerra colonial foi tratado com um certo destaque pela banda desenhada, quer antes, quer depois do 25 de Abril de 1974, conforme ficou provado pelas investigações motivadas pela Exposição Uma Revolução Desenhada: O 25 de Abril e a BD. O teatro de guerra e os feitos heróicos dos militares portugueses eram o tema mais recorrente nas abordagens anteriores a 74, bem representadas por O Ericeira, uma história de 2 páginas de Baptista Mendes, publicada na Revista da Armada, baseada em factos reais, mas tratados de forma heróica e apologética. Curiosamente, a mesma perspectiva maniqueista é usada em Mamassuma: Comandos ao Ataque, de Vassalo Miranda, que, apesar das aparências foi desenhada em 76 e editada em 77 na Colecção África, da Ultrapresse. Miranda voltaria à Guerra Colonial e aos comandos em 1990 e 1995, com Operação Trovão, com argumento de Apoim Calvão e Operação Gata Brava, em que o mesmo Apoim Calvão e o General Spinola são protagonistas. Ex-militar e especialista em BD de guerra e de aventuras, com várias histórias publicadas na 5ª série do Mundo de Aventuras, durante os anos 80, Vassalo Miranda mantem-se coerente nas histórias que ilustra, em que critica abertamente a política de descolonização portuguesa, considerando que os movimentos de libertação africanos estavam a ser manobrados pelas grandes potências. Se estas histórias realçam o lado heróico da guerra, elas são um pouco um caso isolado dentro da produção bedéfila portuguesa pós-25 Abril, bem simbolizada pela revista Visão. Logo na capa do 1º nº, surge uma imagem de Matei-o a 24, história de Victor Mesquita com argumento de Machado da Graça, em que são relatados os problemas de adaptação de um ex-combatente na Guiné à vida civil. Embora a história tenha ficado incompleta, as poucas páginas publicadas foram suficientes para perceber que estavamos perante uma excelente história, que tratava de forma realista os horrores da guerra e o modo como a lógica fria dos exércitos se sobrepunha à solidariedade entre seres humanos. Outro exemplo de uma abordagem semelhante na desmontagem do lado heróico da guerra, é a de Pedro Massano, em Angola 1971, história publicada no nº 7 da revista Visão, que relata o caso verídico de um militar português que abate por engano uma mulher e uma criança negras, por as ter confundido com o inimigo. Encontramos a mesma visão pacifista em 7 -72 de Diniz Connefrey, história publicada no nº 2 da revista Azul BD3, e que é uma adaptação de A Patrulha, um conto do escritor moçambicano de origem portuguesa A. Carneiro Gonçalves, escrito em 1973 mas só publicado postumamente em 1975. Quanto ao 25 de Abril, se descontarmos uma história de duas páginas de Victor Mesquita sobre esta data histórica, incluida num álbum de luxo editado em França em 1984 pelo Banco Pinto e Sotto Mayor,
O problema da guerra colonial foi tratado com um certo destaque pela banda desenhada, quer antes, quer depois do 25 de Abril de 1974, conforme ficou provado pelas investigações motivadas pela Exposição Uma Revolução Desenhada: O 25 de Abril e a BD
BdBoom a história aos quadradinhos
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a tira 25 de Abril: Réquiem por uma Ditadura, realizada por Jobat em 1975 para o jornal Diário Popular e o caso singularíssimo de O País dos Cágados de Artur Correia e António Gomes de Almeida, que consistiu num irónico e algo desiludido retrato alegórico de Portugal antes e depois de Abril num registo de “funny animals” esteticamente próximo das histórias dos Estudos Disney , será preciso esperar pelas comemorações dos 25 anos do 25 de Abril para que os autores portugueses tratem o tema com o destaque que merece. E, agora que essas comemorações chegaram ao fim, pode dizer-se que quase todos os autores portugueses deram o seu contributo, integrando com histórias inéditas projectos colectivos, como a mostra Visões de Abril, que serviu de complemento à exposição Uma Revolução Desenhada: O 25 de Abril, ou o projecto (coordenado pelo desenhador Nuno Saraiva e integrado na mostra Liberdade e Cidadania: 100 Anos Portugueses) 25 de abril, 25 Anos, 25 BDs que o jornal Público acolheu nas suas páginas entre Abril de 1999 e Janeiro de 2000. Para além destas obras colectivas, preenchidas por curtas colaborações, outras obras de fôlego aproveitaram as comemorações dos 25 anos da Revolução, desde o correcto Salgueiro Maia de António Martins, ao fraquíssimo 25 de Abril, O Renascer da Esperança, de Manuel de Sousa e Ernesto Neves, para já não falar da estreia de José Carlos Fernandes no campo histórico-didáctico com A Revolução Interior: à procura do 25 de Abril, ilustrando um argumento de João Ramalho Santos e João Miguel Lameiras. (...) A História, o belíssimo trabalho de Maria João Worm (...), termina com a seguinte frase: “existem apenas contadores de histórias, contadores possíveis, factos soltos e legendas pessoais. As histórias é que não acabam no tempo de quem as conta…”Assim é. E este breve percurso pela BD histórica portuguesa prova que ainda muito há a contar e ainda mais maneiras de o fazer. De ajudar a contar nas histórias aos quadradinhos a História deste rectângulo à beira-mar plantado… BIBLIOGRAFIA GERAL BOLÉO, Joao P., PINHEIRO, Carlos B. – A Banda Desenhada Portuguesa: Anos 40anos 80. (catálogo da Exposição), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2000. DEUS, António Dias – O Caminho do Oriente, Lisboa, Universitas Gratiae, 1996. – Os Comics em Portugal: Uma história da banda desenhada, Lisboa, Cotovia/Bedeteca de Lisboa, 1997. GRANJA, Cecília – “As imagens da Banda Desenhada e o ensino da História”, Actas do Primeiro Encontro sobre o Ensino da História, Lisboa, Fundação
Maria João Worm A História Bedeteca de Lisboa, 1999
Calouste Gulbenkian, 1992. LAMEIRAS, João Miguel; BOLÉO, João P. Paiva; SANTOS, João Ramalho – Uma Revolução Desenhada: O 25 de Abril e a BD (Catálogo da Exposição), Porto, Edições Afrontamento/Bedeteca de Lisboa, 1999. MAGALHÃES, Jorge – “A História de Portugal em Banda Desenhada”, Cadernos da BD nº , Lisboa, 1987. SÁ, Leonardo De; DEUS, António Dias de – Diccionário dos autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal, Amadora, Edições Época d’Ouro/CNBDI, 1999. SANTOS, João Ramalho – “Insatisfação permanente: O teatro em imagens de Fernando Bento”, Nemo nº 28 (II Série ), Póvoa do Varzim, Edições EMECÊ, Dez. 1997. VÁRIOS AUTORES – História da BD publicada em Portugal (2ª parte), Costa da Caparica, Edições Época d’Ouro, 1996. ZINK, Rui – Literatura Gráfica? Banda Desenhada Portuguesa Contemporânea, Lisboa, Celta, 1999.
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Selecção de livros e revistas editados em Portugal sobre bd histórica
HISTÓRIA DE PORTUGAL IDADE MÉDIA ORIGEM DE PORTUGAL Filipe Abranches, des. A.H. de Oliveira Marques, arg. História de Lisboa I volume séc. I - 1580 Assírio & Alvim, Câmara Municipal de Lisboa, 2000
António Jorge Gonçalves, des. Nuno Artur Silva, arg. À Procura do F.I.M.: Uma Aventura Pela Lisboa Subterrânea Lisboa 94, Capital Europeia da Cultura, Instituto Português De Museus, Coca Cola
DESCOBRIMENTOS Filipe Abranches, des. A.H. de Oliveira Marques, arg. História de Lisboa I volume séc. I - 1580; II volume 1580-1974 Assírio & Alvim, Câmara Municipal de Lisboa, 2000 Fernando Bento, des. A. Simões Muller, arg. Com a Pena e com a Espada Antologia da BD Portuguesa, Futura, 1983 Eduardo Teixeira Coelho, des. Raul Correia, arg. O Caminho do Oriente 6 volumes, Antologia da BD Portuguesa, Futura José Garcês, des. Mascarenhas Barreto, arg. Cristóvão Colombo 2 volumes, Edições Asa
Pedro Massano, des. e arg. A Conquista de Lisboa Montepio Geral, 1997
Nuno Saraiva, des. e arg. Os Dias de Bartolomeu Edições Asa, 1990
Vitor Péon, des. e arg. Nos Mares da China Antologia da BD Portuguesa, Futura, 1985
José Manuel Soares, des. Artur Varatojo, arg. A Ala dos Namorados Antologia da BD Portuguesa, Futura, 1985
José Pires, des. e arg. Gil Eanes e o Bojador As portas do Mito Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997 José Pires, des. Nuno Calado, arg. A Viagem de Pedro Álvares Cabral Terramar, Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1998 Fernando Relvas, des. e arg. Çufo Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1995 Fernando Relvas O Rei dos Búzios (versão em CD-Rom da bd iniciada na revista Sábado) Biblioteca, nº 3/4, Set 1999, Câmara Municipal de Lisboa José Ruy, des. e arg. As Aventuras de Porto Bomvento 7 volumes, Edições Asa
Rui Sousa, des. António Filipe Sousa, arg. Pêro da Covilhã : Viagens Meribérica/Liber, Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2000 Maria João Worm, des. e arg. A História Bedeteca de Lisboa, 1999
SÉC XVII, XVIII HISTÓRIA UNIVERSAL Filipe Abranches, des. A.H. de Oliveira Marques, arg. História de Lisboa II volume 1580-1974 Assírio & Alvim, Câmara Municipal de Lisboa, 2000 Christophe Blain, des. e arg. Isaac, o pirata: As Américas Polvo, 2001 François Bourgeon, des. e arg. Os Passageiros do Vento 5 volumes, Meribérica/Liber José Garcês, des. Mascarenhas Barreto, arg. D. João V, uma Vida Romântica Edições Asa, 1994
SÉC. XIX HISTÓRIA UNIVERSAL Filipe Abranches, des. A.H. de Oliveira Marques, arg. História de Lisboa II volume 1580-1974 Assírio & Alvim, Câmara Municipal de Lisboa, 2000 Pedro Cavalheiro, des. e arg. A Noiva de Jesus Cristo Vega, 1993 Jean Giraud, des. Jean-Michel Charlier, arg. Tenente Blueberry 24 volumes, Meribérica/Liber João Mendonça, des. Jorge Magalhães, arg. Almeida Garrett, autor da obra adaptada Joaninha dos Olhos Verdes: Vol. I O Bem e O Mal Edições Asa, 1993 Rafael Bordalo Pinheiro, des. e arg. Bandas Desenhadas de Rafael Bordalo Pinheiro: 1892-1904 Clube Português de Banda Desenhada, Bedeteca de Lisboa, 1996 Organização e introdução de Carlos Bandeiras Pinheiro Rafael Bordalo Pinheiro, des. e arg. Apontamentos de Rafael Bordalo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa Edição fac-similada, Bedeteca de Lisboa, 1996 Yslaire, des. Balac, arg. Sambre BaleiAzul, 2000
BdBoom História e banda desenhada Lista de livros (e algumas revistas)
SÉC XX HISTÓRIA UNIVERSAL Filipe Abranches, desenho A.H. de Oliveira Marques, argumento História de Lisboa II volume 1580-1974 Assírio & Alvim, Câmara Municipal de Lisboa, 2000 Federico del Barrio, desenho Felipe Hernández Cava, arg. O Artefacto Perverso Colecção Alboom, Baleiazul, 1998 Enki Bilal, desenho Pierre Christin, arg. As falanges da Ordem Negra Meribérica/Liber, s/d Enki Bilal, desenho Pierre Christin, arg. A Caçada Meribérica/Liber, s/d Monique Brouillard, desenho Felipe H. Cava, argumento Que Podemos Fazer? Primata especial, Edições Polvo; 2000 Stuart de Carvalhais, des. e arg. O Quim e o Manecas contra a terrível quadrilha do “Pé Fatal”: 1916 Circulo de Leitores, 1997 Robert Crumb, des. David Z. Mairowitz, arg. Kafka para principiantes D. Quixote, 2000 Miguel Ângelo Gallardo, des. Francisco Gallardo Sarmiento, arg. Um Longo Silêncio Biblioteca-Museu República e Resistência, Bedeteca de Lisboa, 1998 Frank Giroud, des. Jean-Paul Dethorey, arg. Luís Má Sorte 11 volumes, Meribérica/Liber Daniel Hulet, des. Jan Bucquoy, arg. Os Caminhos da glória 2 volumes, Meribérica-Liber
Rafael Gouveia, des. e arg. O manuscrito Durruti Lx Comics #3, Bedeteca de Lisboa, 1999
25 DE ABRIL GUERRA COLONIAL PORTUGUESA
Rui Lacas, des. Jorge Magalhães, arg. Maldita Cocaína de Filipe La Féria Página a página, 1994 Nota: a partir da peça, com o mesmo título, de Filipe La Féria
José Carlos Fernandes, des. João Miguel Lameiras, arg. João Ramalho Santos, arg. A revolução interior: à procura do 25 de Abril Afrontamento, Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, 2000
Victor Mesquita, des. e arg. Vietname Visão nº 5, 1975
Pedro Massano, des. e arg. Angola Visão nº 7; 1975
José Mota, des. e arg. 9 de Abril de 1918 Visão nº 11 e 12; 1976
Victor Mesquita, des. e arg. Matei-o a 24 Visão nº1, 2, 3, 4 e 5; 1975
Hugo Pratt, des. e arg. Corto Maltese 7 volumes, Meribérica/Liber
Miguel Rocha, des. e arg. As Pombinhas do Sr. Leitão Colecção Alboom, Baleiazul, 1999
Hugo Pratt, des. e arg. Os Escorpiões do Deserto 2 volumes, Meribérica Hugo Pratt, des. e arg. O último voo Meribérica/Liber, s/d Raives, des. Warnaut, arg. A Inocente Meribérica.-Liber, s/d Miguel Rocha, des. e arg. Borda d’Água Lx Comix #5, Bedeteca de Lisboa, 1999 V. Sanchez, des. Fidel Morales, arg. Amilcar Cabral Visão nº 5 e 6, 1975 Art Spiegelman Maus 2 volumes, Difel Tardi, des. e arg. Adèle Blanc-Sec 4 volumes, Bertrand Tardi, des. Daenincky, arg. Varlot Soldado Edições Polvo, 2001 Vários autores, des. e arg. O Muro: Antes e Depois Meribérica/Liber, 1990
José Ruy, des. e arg. Operação Óscar: Outra maneira de Contar o 25 de Abril Meribérica/Liber, 2000 Vitor Péon, des. e arg. Reconquista de Angola Os Heróis do Salado Mundo de Aventuras, 195 Vários autores, des. e arg. Uma Revolução Desenhada: O 25 de Abril e a BD Afrontamento, Bedeteca de Lisboa, Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, 1999 Coordenação de João Miguel Lameiras, João Paulo Paiva Boléo e João Ramalho Santos Vários autores, des. e arg. 25 de Abril aos quadradrinhos Diário de Notícias, Ministério da Educação, Bedeteca de Lisboa; 1999
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA UNIVERSAL Catálogo da exposição A Arquitectura na Banda Desenhada Instituto Francês de Arquitectura/Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Abril 1986 Comissariado e coordenação de Lional Guyon, François Mutterer e Vincent Lunel Catálogo geral Salão Lisboa 1998 Dossiê Cidade e Banda Desenhada Comissariado e coordenação de José Miguel Léon Pablo e Jesús Lopez Araquistán Bedeteca de Lisboa, 1998 François Bourgeon, des. e arg. Os Companheiros do Crepúsculo 3 volumes, Meribérica/Liber Hergé, des. e arg. As Aventuras de Tintin: Os Charutos do Faraó Difusão Verbo, s/d Hermann, des. e arg. As Torres de Bois Maury 2 volumes, Meribérica/Liber Edgar Pierre Jacobs, des. e arg. As Aventuras de Blake e Mortimer: O Mistério da Grande Pirâmide 2 volumes, Meribérica/Liber, s/d Jacques Martin, des. e arg. Alix 19 volumes, Edições 70 Alberto Uderzo, des. René Goscinny, arg. Astérix 31 volumes, Meribérica/Liber William Vance, des. Jacques Stoquart, arg. Ramiro 4 volumes, Meribérica/Liber
Vários autores, des. e arg. 25 Anos, 25 de Abril, 25 Bandas Desenhadas Publicadas no jornal Público desde do dia 25 de Abril de 1999 até Janeiro de 2000, patrocinadas pela Comissão Oficial das Comemorações do 25 de Abril Coordenação de Nuno Saraiva
Tel. 21 8536676 e-mail: bedeteca@cm-lisboa.pt www.bedeteca.com
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