“ Um sonho espacial” Era uma vez uma menina chamada Luísa. Ela estudava no 4.º ano do Centro Escolar de Alagoas. Todos os anos, a sua escola organizava uma visita de estudo e a deste ano, seria ao Planetário. A Luísa tinha pesquisado na Internet e sabia que o Planetário era uma sala enorme e escura de onde se veem todos os planetas e estrelas. Ela andava muito nervosa com o dia que se aproximava, para poder ver os planetas de que mais gostava: Marte e Saturno. Dois dias depois, chegou o dia da viagem. Quando entrava no autocarro, com a pressa, tropeçou e caiu. Que desastre! Luísa não aguentava as dores, e começou a chorar. A sua professora chamou a ambulância, e a mãe que a tinha ido levar ao autocarro, pegou nela ao colo muito aflita. Luísa não parava de chorar. Quando chegou a ambulância Luísa foi para o hospital, porque tinha uma perna partida. A chorar, disse à mãe: - Já não vou poder conhecer o espaço… - Não te preocupes. Vais noutro dia. - disse a mãe. Ela ficou muito triste. Quando chegou ao hospital, o médico deu-lhe uma injeção para as dores e depois teve que ficar quieta com a perna para tirar uma radiografia. É claro, a perna estava partida e tinha que ser engessada! O Sr. Enfermeiro aplicou-lhe gesso na perna, para esta ficar quieta e sarar o osso. Vendo Luísa tão triste disselhe: - Não fiques triste, isto vai passar e daqui a uns dias estás boa. E ela respondeu: - Estou triste por ter caído e assim não pude ir com os meus amigos visitar o Planetário. O enfermeiro, para ela se alegrar, disse-lhe: - Olha, tu não foste ao Planetário mas estás a viver uma aventura no hospital, que os teus amigos não vão ter. Luísa sorriu. Como a mãe estava a seu lado, na cama do hospital, e lhe dava muitos miminhos, ela sossegou… Acordou agitada e ansiosa, porque sabia que o seu pai lhe tinha preparado uma surpresa. Toda jeitosa pôs-se a andar para a sala com ajuda de umas muletas. A mãe perguntou: - Estás pronta? - Sim, estou. - disse ela muito contente. Luísa e os seus pais entraram no carro. Minutos depois ela perguntava: - Onde é que é a surpresa? O que vamos fazer?
O pai respondeu, calmamente: - Tem paciência menina. Foram até um bonito jardim e, lá ao fundo, Luísa viu um enorme foguetão. Ela nem acreditava que o pai e mãe a iam levar a viajar até ao espaço. Isso sim era uma aventura! Gritou de alegria: - Eu tenho os melhores pais do mundo! Adoro-vos! A Luísa, super feliz, entrou no foguetão e ouviu o pai dizer: - Em… 3, 2, 1… descolagem! Saíram da terra e começaram a entrar no espaço. O planeta azul – Terra – ia ficando cada vez mais pequeno. Depois começaram a ver os outros planetas: a Lua, Mercúrio, Úrano, Neptuno, Vénus e claro que também viram Marte e Saturno, os seus preferidos. Ela perguntou: - Pai, podemos aterrar na Lua? - Sim, querida. Aterraram na Lua e puseram os capacetes especiais, para poderem respirar. A Lua era cinzenta, com pequenos e grandes buracos, a que o pai chamou crateras. Depois, apareceram uns seres espaciais muitos engraçados: eram o Zig, o Zag e o Zzz. Eram verdes, em forma da letra Z, com três olhos, três pés, e dois braços com três dedos, e muito meiguinhos, que só queriam brincar. Saltaram que se fartaram e brincaram a jogos espaciais. A Luísa estava a gostar muito de estar no espaço a brincar com os novos amigos mas tiveram que se despedir para continuarem a viagem. A certa altura, Luísa disse, emocionada: - Os anéis de Saturno! Que lindos! Gostaria de os levar comigo nos meus pequenos dedos. De repente, aproximaram-se de um planeta muito estranho e que Luísa nunca tinha visto. Viram um campo com duas placas, uma do lado esquerdo, que dizia Reino dos Mirolhos e outra do lado direito, que dizia Reino dos Canhotos. Ao centro havia uma arena rodeada de bancadas, que mais parecia um cenário de verdadeira guerra. Luísa ficou intrigada. - A professora nunca me falou neste planeta estranho! De repente, viu um ser a aproximar-se com um aspeto sinistro, de olhar sério, mas amigável. Luísa perguntou-lhe: - O que é isto? - É o lugar onde se travam grandes e infinitas batalhas entre os dois reinos. Respondeu o ser misterioso. - E o que ganham com essas lutas? - Nada! Só querem saber qual dos dois tem mais força e coragem, são teimosos...
- E tu? De que reino fazes parte? - perguntou a Luísa cheia de curiosidade. - Eu não faço parte de nenhum. A minha função é de tentar juntá-los e mostrar-lhes o que é correto. - Então, és uma espécie de sábio? - perguntou a Luísa. - Posso dizer que sim... - O teu problema é muito complicado, mas eu tenho uma ideia. Consegues reunir os chefes dos dois reinos? - sugeriu a Luísa. - Vou tentar. O sábio tirou um objeto estranho do seu bolso e tocou em duas teclas brilhantes. Logo de seguida, apareceram os chefes dos reinos, caídos do céu. - Então amigos estão dispostos a acabar com as lutas? – perguntou o sábio. - Não. Queremos saber qual dos dois reinos é o mais forte! – responderam em coro. Luísa respondeu, com voz forte: - Mirolhos e Canhotos têm a mesma coragem. Todos somos diferentes, com os nossos defeitos e com as nossas qualidades. A luta não leva a lado nenhum e não prova quem é o mais forte. Apenas se destroem uns aos outros e quando derem conta, não serão capazes de se levantar. E que tal irmos para casa descansar e amanhã vamos ao parque fazer um piquenique e juntamos pela primeira vez Mirolhos e Canhotos para o divertimento? O Mirolho respondeu: - Não sei… se calhar não é boa ideia! Mas o Canhoto concordou com Luísa e disse: - Se não tentarmos não sabemos. Se calhar tens razão menina terrestre, somos diferentes mas podemos ser amigos. O Mirolho, para não ficar atrás, respondeu: - Podemos tentar. Amanhã, nós Mirolhos lá estaremos no parque da cidade, para o piquenique, mas esperamos que não haja nenhum truque da parte dos Canhotos. Lá resolveram todos ir para casa e descansar para o dia de seguinte, que de certeza seria muito cansativo. Então chegou o dia do piquenique no parque entre Mirolhos e Canhotos. No piquenique, comeram, brincaram e conversaram sobre tudo, mas estranharam o sábio não estar presente no piquenique nem aquela menina que estava com ele. Procuraram por eles por todo o planeta. Quando regressaram, viram o sábio e a Luísa sentados ao pé da toalha de piquenique… O Sábio olhou para eles e disse-lhes: - Estive em cima da árvore a ver com que facilidade vocês se juntaram, conversaram, brincaram e riram sem ajuda de ninguém. Será que perceberam o que realmente se passou nesta tarde maravilhosa? O Mirolho respondeu:
- Tinhas razão. Afinal não somos assim tão diferentes. - É verdade! - disse o Canhoto. O sábio continuou: - Todas as criaturas do nosso planeta são diferentes, mas completamo-nos uns aos outros e é a conversar que chegamos sempre a um entendimento. Por isso espero que tenham aprendido a lição. Não precisam de lutar para saber quem é o mais forte, precisam de se juntar e aprender uns com os outros. Penso que por hoje chega, afinal estão todos muito cansados. Quando precisarem de mim, eu aqui estarei para vos ajudar, mas não se esqueçam, a união faz a força! E, olhando para a menina, disse: - Obrigado Luísa, foste uma grande ajuda. O Canhoto e o Mirolho disseram em coro: - Agora, o nosso planeta vai passar a chamar-se PLANETA DA AMIZADE. - Fica connosco mais um bocadinho, Luísa. Pediram todos. - Não posso, está a ficar tarde e tenho que regressar a casa. A minha avó vem visitar-me e de certeza que traz o bolo de chocolate para a sobremesa, que é o meu preferido. Antes de se despedir, Luísa ainda conseguiu tirar imensas fotografias para mostrar aos seus amigos terrestres. De repente, a Luísa sentiu-se estranha… - Mas… onde estou…pai, mãe, as estrelas… Oh! Mãe foi um sonho! Eu sonhei que estava no espaço e que vivi tantas aventuras... - Sossega minha querida, já vamos voltar para casa e depois contas essas tuas aventuras. Mas Luísa ainda estava confusa… - Pronto minha querida, está tudo bem. Olha, a tua professora quis partilhar contigo a viagem ao Planetário e enviou para o telemóvel algumas fotografias dos planetas para tu poderes ver também. São lindos, mãe! Exatamente como eu sonhei. - Mas tens outra surpresa. Olha para a tua nova perna. disse o pai. - Quando Luísa olhou para a sua perna engessada, ela não estava branca, o Sr. Enfermeiro tão simpático tinha desenhado uns extraterrestes, que eram mesmo o Zig, o Zag e o Zzz, e um planeta onde estava escrito “Planeta da Amizade”. Luísa sorriu e sentiu-se muito feliz...