Mal nascer

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MAL NASCER DE CARLOS CAMPANIÇO

COMENTÁRIOS DO CLUBE

Resumi um pouco para que não se cansem a ler e para poderem cascar-me mais facilmente! Isto é brincadeira... . Aí vai. Gostei muito da maneira de escrever do autor, é original. A história de uma vingança, que do ponto de vista moral não seria a atitude mais correcta, enquadra-se na sociedade que é retratada. No entanto, esta mesma sociedade em que convivem uma burguesia em ascensão pelas riquezas que possui (terras, casas e empregados escravizados) e um povo para lá do miserável, peca um pouco por falta de personagens mais humanas ou com mais sentimentos, tanto de um lado como do outro. Talvez seja a intenção do autor levá-las aos extremos do desumano, até porque na realidade há seres assim, mas tantos e todos reunidos num pequeno lugar... Nas obras de alguns dos nossos escritores clássicos caía-se no exagero quando tudo era demasiado feérico, que sendo mágico não é compatível com a realidade, mas nesta obra não há personagens de nobres sentimentos, defensoras de valores, respeitáveis ou educadas, quer com quer sem dinheiro. E uns e outros só têm um objectivo: vingança. Mas para meu espanto tem um final feliz, telenovelesco, onde vence o amor... depois de ter arrasado tudo para trás, destilando muito ódio. Diz-se que "do amor ao ódio vai um passo", mas neste "Mal Nascer" foi com muito ódio, com uma vingança cruel que atingiu terceiros que a personagem principal ganhou um prémio de amor. Ainda bem que é fantasia porque até o próprio amor descrito é mais atracção física sublimada… Ana Cristina Féria

Ótimo romance com linguagem precisa e concisa, retrata a vida nas terras do interior sul de Portugal no seculo XIX, com personagens que definem a época onde os ricos ditam as leis. Octávio Silva

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Quando leio, o que avalio primeiro é a literatura, o estilo inconfundível ou banal de cada autor... é o que me cativa ou não... Antes da 'estória', da História, da Filosofia... ou da Moral, valorizo a escrita e não me surpreendeu que esta obra tenha sido candidata finalista a um prémio literário, pena não ter ganhado... - Não é superficial. É consistente quanto baste. Deixemos as 'profundidades' para a Ciência e as 'filosofias'; - Não é 'literatura de viagens'. A interpretação de grande parte das frases não é nada fácil, devido à riqueza e nível do vocabulário, aos termos específicos da época, alheios às gentes mais jovens, às comparações e associações, às metáforas e alegorias...; - Não é 'fleur blue', que traduzo para português como 'romance cor-de-rosa'. Previsível ou não, é um drama pungente, que dói por conter tanta verdade. Era assim mesmo, no Alentejo de então... Cada frase, todas curtas ou curtinhas são pérolas e o todo, uma jóia brilhante cheia de amor, sensibilidade, doçura, poesia... a contrastar com ódio, melancolia, tragédia, realismo... Como podem coexistir poesia e realidade se 'um poeta é um fingidor'? Gostei muito. Mais, adorei. Rosália Lourenço

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