A Viagem de Alak

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A VIAGEM DE

ALAK


A VIAGEM DE ALAK 

Texto — Alunos da Oficina de Expressão Escrita - 5ºB

Ilustrações — Alunos da Oficina de Expressão Escrita - 5ºB

Professores responsáveis — Filomena Mesquita, Ângela Fernandes e Francisco Veiga


A VIAGEM DE ALAK Alunos da Oficina de Expressรฃo Escrita - 5ยบB


Em homenagem a todos os meninos órfãos, vítimas de guerra.


INDICE

Capítulo I Alak ……………………………………………………………………………………………………………………………….pag. 06 Capítulo II Destruição e medo ……………………………………………………………………………………………………….. pag. 08

Capítulo III A fuga …………………………………………………………………………………………………………………………….pag.10 Capítulo IV Feliz encontro ………………………………………………………………………………………………………………..pag. 12 Capítulo V Dias diferentes ……………………………………………………………………………………………………………… pag. 14


Capítulo I

Alak Naquela manhã, quando Alak chegou à escola, já tinha soado o toque de entrada.

Preocupada, desatou a correr em direção à sala de aula. Bateu à porta e, depois de receber ordem para entrar, pediu desculpa à


professora pelo atraso, sentando-se no seu lugar, junto à janela. Sasha olhou -a e, de imediato, entendeu que não estava nos melhores dias. Alak era uma menina magra, de doze anos, com um rosto redondo e bonito. O branco dos seus dentes sobressaía, o cabelo era comprido e brilhante e os olhos vivos e castanhos deixavam transparecer tudo o que lhe ia na alma. Eram muitas as imagens guardadas na sua mente e que, frequentemente, a faziam ausentar-se da sala de aula, entrar noutro mundo,

que

tinha

ficado

para

trás.

Sasha,

a

sua

verdadeira compreendia

amiga, toda

aquela melancolia e esforçava-se por lhe prestar todo o apoio. “Afinal,

Alak

viera

parar ali, a Colónia, Köln, após ter vivido momentos de grande angústia, medo e desespero… nunca poderei esquecer a sua história de vida”, pensava Sasha.


Capítulo II

Destruiçao e medo Sentados à mesa, a tomar a refeição, Alak, Baku, seu irmão, avô, pai e mãe, não se aperceberam

de

imediato, do que estava a acontecer. Porém o barulho das armas, os bombardeamentos e a grande gritaria breve fizeram terminar aquele momento em família. Instalou-se o pânico, os prédios estavam em chamas, já havia pessoas

no

mutilados,

chão, muita

alguns gente

corpos

procurava

refugiar-se nas caves. De repente, mais uma bomba lançada e o prédio onde vivia Alak ruiu. Em segundos, tudo à volta eram escombros. Gritos, muitos

gritos, pedidos de socorro, desespero, destruição!


O avô foi rápido a tirar Alak debaixo duma viga, que quase a sufocou. - Vai correr tudo bem- dizia ele. - Vai correr tudo bem- repetia. -Não chores, não chores… o pai,

a mãe e Baku hão de aparecer - tentava o velho homem consolar a menina. -Eles vão aparecer - repetia vezes sem conta.


Capítulo III

A fuga Avô e neta não tiveram outro remédio senão porem-se a caminho, como tantos outros, pois a cidade (Beirute) estava destruída e a segurança não era nenhuma. Não podiam viver ali, naquele clima de guerra. Eram muitos e muitos os que fugiam. Pés ligeiros, filhos ao colo, com agasalhos, sem agasalhos, todos caminhavam com um olhar distante, à procura do nada. Alak sentia falta dos pais e do irmão. Chorava, chorava… e, nos momentos

em

que

as

suas

lágrimas secavam, era porque o

avô

a

confortava,

repetindo

constantemente que a família iria aparecer. O tempo começava a não ser favorável, pois soprava um ventinho

castigador,

as

temperaturas estavam baixas e era bem possível que a neve caísse. Os alimentos iam escasseando e as forças faltavam. A certa altura, apareceu um homem alto e forte, que dizia ter um


barco para levar toda aquela gente para lugar seguro. Começaram, então, todos a rodeá-lo e a entregar-lhe as economias para o transporte. O avô de Alak não foi exceção, deu todo o dinheiro que lhe foi pedido. Chegaram, finalmente, ao sítio onde se encontravam algumas embarcações. Ansiosos por entrar na que lhes tinha sido destinada, empurravam-se uns aos outros, chegando mesmo a cair. A travessia era difícil, estavam todos apinhados, a ondulação era forte e mal se respirava. O avô de Alak e mais duas ou três pessoas não resistiram e acabaram por sucumbir.

Alak estava agora mais sozinha que nunca e tudo aquilo lhe parecia irreal. Que iria acontecer?


Capítulo IV

Feliz encontro Alak encontrava-se, então, numa “espécie” de campo de refugiados, já sem a companhia do avô. Valia-lhe a ajuda de um casal, que tinha duas meninas, mais ou menos da sua idade, que gostavam de partilhar e conversar com ela. Alguns dias tinham passado, e Alak ainda não tomara verdadeira consciência da sua situação, tudo o

que lhe acontecera era como se de um sonho se tratasse. Não podia ser verdade! Uma tarde, a rotina dos refugiados alterou-se com a chegada de mais algumas dezenas de pessoas. Alak observava atentamente cada um que ia entrando, via em cada rosto o pai, a mãe e o irmão. Sentia tantas saudades! De súbito, os olhos de Alak fixaram-se num rapazinho, de casaco


com gorro, e que segurava na mão uma moldura com a fotografia de uma família. - Baku! – gritou Alak. - Baku! Baku! Baku! – chamava, sem parar, a menina. - Alak! A emoção era enorme. Os dois coraçõezinhos palpitavam de tal forma, que quase não cabiam no peito. Muitos

beijos

e

um

abraço

apertado uniam os dois irmãos. Tinham muito que contar um ao outro. Baku estava ali, pois fora salvo pelo vizinho Osmar que, ao passar pelo entulho, depois dos bombardeamentos, gemidos debaixo

do de

esburacada.

ouviu

menino, uma

porta

os

vindos toda


Capítulo V

Dias diferentes De mãos dadas, Alak e Baku sentiam-se muito fortes, capazes de enfrentar mais algumas adversidades da vida. Pelo

que

ouviram

dizer, não estava longe o dia de seguirem para um centro

de

acolhimento,

perto

da

cidade

de

Colónia, pois era dada prioridade aos meninos órfãos

para

serem

por

famílias

recebidos

disponíveis para tal. O

dia

da

viagem

chegou. Os dois irmãozitos não se separavam por um momento, era grande o receio de ficarem um sem


o outro. Após algumas horas, já se encontravam noutro país, ansiosos por saberem

o

que

viria

a

seguir.

Inesperadamente, tudo decorreu de forma ordenada e rápida: uma gentil família acolheu Alak e Baku.

Eles

seriam

muito

acarinhados, tratados como filhos verdadeiros.



Fim


Macedo de Cavaleiros, 2016


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