POEMAS A CONCURSO
1º Ciclo
Num planeta diferente Num planeta diferente, eu vi cabras a voar, vi cães fora da terra, vi peixes fora do mar. Num planeta diferente, vi uma galinha a pastar, uma baleia a encolher, e uma vaca a bicar. Num planeta diferente, vi lava a escaldar. Tão quente como o sol, que nada a podia apagar. Num planeta diferente, eu fui mergulhar, mas com tão pouca água, só à terra fui parar. Num planeta diferente, comecei a recear, tirei umas fotos e para a terra as fui mostrar. Francisco Rafael Pires Veiga, 4º ano - EBSMC
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2º Ciclo Lá vem a Língua Portuguesa Lá vem a Língua Portuguesa que tem muito para nos dar, estai atentos, portugueses, pois há palavras a mudar. No ano de 2009, alguns rumores a aparecer: - “Habitantes de Portugal, mudareis a forma de escrever”. Entre protestos e aceitações e a entrar lentamente, surge o acordo ortográfico e põe-nos a escrever de forma diferente. Tiraram aos dias da semana e aos meses do ano também, o uso das maiúsculas. E assim, sem mais demora, lhes pareceu ficar bem. Deitaram sortes às palavras, quais as letras a retirar, logo foi cair a sina, no “c” e no “p”, sem hesitar. Apesar da tentação de as voltar a colocar, lá nos fomos ajeitando… Ótimo, começamo-nos a habituar. Mas a nossa acentuação também entrou em mudança e para o pelo do cão foi destinada essa herança. Mas na nossa bela língua, que se estende para além-mar, alguns dos nossos escritores escrevem histórias de pasmar. Indo do norte até ao sul, neste nosso Portugal, fala-se e escreve-se diferente. Não é defeito, é original. E nós, pequenos escritores, que ainda temos muito para descobrir, nas aulas de português nos tentamos instruir. Ana Luís Afonso Madeira, 5º ano - EBSMC
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Ensino Secundário
CANSAÇO Acumula-se em mim um cansaço pessoano E irrompe a vontade de escrever poesia: Gesto incompleto de uma expressão impossível (o que está cá dentro não se diz em palavras) A frustração aumenta, a febre, a dor. O ruído das coisas (mesmo quando todo o mundo dorme) Afeta-me o juízo e a lucidez: Um tiritar de lâminas e metais Surgem-me no espírito como qualquer coisa Violenta dentro de um convento. Faz-me falta sentir-me eu, convicto e firme, Forte e ácido. Ser doce tem a inconveniência De se estar vulnerável. Mas eu estou na escuridão do lado escuro de tudo: Nem uma mão para agarrar, Nem o ridículo de ser frágil. Há em mim somente o vazio e a ambição Um em queda livre para dentro do outro (segundo a ordem natural das coisas) O meu cérebro sempre em funcionamento, Frenético como um comboio para parte nenhuma, A todo o vapor para parte nenhuma, Revoltado com o que quer que seja (ridículo) Inconformado com tudo menos o meu próprio desencanto. Esse já se instalou dentro de mim como um vício, Uma nódoa negra, um hematoma metafísico, Um vazio indescritível por ser vazio. Ficam estes versos como prova de um dia morto. A frustração aumenta, a febre, a dor. Pedro Eduardo Ramos, 12º A, EBSMC
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