Índice
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 1 POEMAS LIDOS NA ESCOLA BÁSICA DE MACEDO DE CAVALEIROS – PRÉ ESCOLAR e 1º CICLO .......................... 3 POEMAS LIDOS NA ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DE MACEDO DE CAVALEIROS – 2º CICLO ......................... 46 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................................ 69
INTRODUÇÃO
No dia 7 de dezembro de 2012, os alunos de todo o Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros tinham uma surpresa à sua espera na sala de aula. O professor que naquele dia lhes deu aula ao primeiro tempo da manhã tinha uma missão… ler-lhes um poema. Ao longo do ano letivo de 2013/2014, semanalmente, deu-se continuidade à atividade “Abre a pestana com um poema por semana”, +
integrada no projeto aLeR , em que toda a comunidade escolar está integrada. Com ela pretendeu-se fomentar o gosto pela leitura, dar a conhecer poetas nacionais e, esporadicamente, estrangeiros, bem como facilitar o contacto dos alunos com a expressão lírica e motivá-los para a sua interpretação e procura de outros poemas do autor. Aos alunos pediu-se que acolhessem o poema com os cinco sentidos apurados, que sentissem a melodia daquele modo literário e que atentassem na combinação harmoniosa e inopinada das palavras. A poesia embala-nos com a sua musicalidade, dela ressaltando a cadência melódica que das duas artes deflui. A leitura do poema constituía, a priori, o cerne da atividade, contudo, os docentes que assim o desejassem podiam dela partir para o desenvolvimento de outras atividades, como jogos de associação de ideias, construção de campos lexicais ou semânticos, exercícios de expressão artística, como a ilustração, expressão de pontos de vista sobre o tema ou assunto apresentados na composição poética. Ao longo de quase dois anos, a atividade tem permitido aos alunos ouvir ler expressivamente poemas de Maria Alberta Menéres, Matilde Rosa Araújo, Luísa Ducla Soares, Manuel António Pina, Álvaro Magalhães, Regina Gouveia,
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Alice Vieira, Luís Infante, Alves Redol, Alexandre O’Neill, António Gedeão, António Ramos Rosa, Ary dos Santos, Carlos Drummond de Andrade, Eugénio de Andrade, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, José Gomes Ferreira, José Jorge Letria, Maria do Rosário Pedreira, Miguel Torga, Sérgio Godinho, Sophia de Mello Breyner Andresen, entre outros, alargando, deste modo, os seus conhecimentos, no tocante a poetas portugueses e à sua produção literária. Estas leituras têm servido os mais diversos fins: a criação de ilustrações, a exploração de temáticas relacionadas, ponto de partida para outros assuntos, material para desenvolvimento de aulas.
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POEMAS LIDOS NA ESCOLA BÁSICA DE MACEDO DE CAVALEIROS – PRÉ ESCOLAR e 1º CICLO
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Frutos
Pêssegos, peras, laranjas, Morangos, cerejas, figos, Maçãs, melão, melancia, Ó música de meus sentidos, Pura delícia da língua;
deixai-me agora falar do fruto que me fascina, pelo sabor, pela cor, pelo aroma das sílabas: tangerina, tangerina
Soares, Luisa (2008). O Planeta Azul. Porto: Civilização, p. 4.
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Chegou o outono
Chega o outono! As andorinhas Despedem-se das outras avesinhas E vão pelos ares fora Vão-se embora Embora? Não! Que voltam, voltarão… Quando a bela estação Da Primavera Que antecede ao verão Oferecer melhor vida. Não têm agasalhos nem comida, Vão para terras quentes À procura do sol que as consola
Mas nós, crianças, nós, todos contentes partimos para a escola.
Gomes, Alice (s.d.) Chegou o Outono, in Poesia portuguesa para crianças - Antologia. Sintra: Girassol, p. 138.
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A almofada do luar
Cai uma folha no Outono Sobre a toalha de linho E lembra-me a cor do sono Quando as aves fazem ninho. É uma folha amarela que empurrada pelo vento Vem colar-se à janela sob o tecto do relento. E eu, ao vê-la poisar, adormeço de repente na almofada do luar.
Infante, Luís (2009). Poemas pequeninos para meninos e meninas. Alfragide. p. 24.
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A Pulga Saltarica
Olha a pulga saltarica, Que pula, rebola e pica para fazer a refeição à custa do pobre cão!
Sai daí, pulga atrevida! Isso já é abusar! Não podes passar a vida A picar para engordar!
Que exploração degradante! Para te redimires do mal, Salta daí neste instante, Vai dar sangue ao hospital!
Gonzalez, Maria (2010). Bicho em Perigo. Coimbra: PI,p.75.
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A Melga Traumatizada
História estranha, de espantar, A de Helga- uma melga-, Que vou agora contar.
Distraída, sem pensar, Num cacto se foi sentar! Ora, melga descuidada Ficou tão traumatizada Que nunca mais quis picar! 8
«Nem mais uma picadela!», Disse a melga, decidida. E essa foi a sorte dela: Já não teme insecticida!
Mudou a alimentação só bebe água mineral. (Foi preciso uma aflição Para deixar de fazer mal…)
Gonzalez, Maria (2010). Bicho em Perigo. Coimbra: PI,p.75.
Humildade
As águas beijei As nuvens olhei, As árvores cantei Na sua beleza.
Os bichos amei Na sua bruteza, Na sua pureza De forças sem lei. E porque os amei E os acompanhei, Não me senti rei Na mãe-natureza.
Bugalho, Francisco (1960),Humildade, in Paisagem. Acedido em 9 de janeiro de 2014 de: http://www.citador.pt/poemas/humildade-francisco-jose-lahmeyer-bugalho
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Aprender a respeitar
Aprender a respeitar É coisa fundamental Para humano e animal. Respeita-se a si mesmo: O corpo e os sentimentos, Nos bons e nos maus momentos. Respeitar pais e avós, Os irmãos, tios e primos, Dos grandes aos pequeninos. Respeitar os professores, Os colegas e os amigos E até os inimigos. Respeitar os adversários Quando estamos a jogar (a perder ou a ganhar) Respeitar todos os povos, Do sul, do centro e do norte; Respeitar o fraco e o forte. Respeitar a Natureza Todos os dias do ano. Respeitar é ser humano!
Gonzalez, Maria (2012). Aprender a Respeitar. Texto Editores, p.48
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JOÃO BRINCALHÃO
De manhã salto da cama Começo logo a brincar Com os carros, com o gato E com tudo o que apanhar.
Só depois vou à cozinha Comer a papa quentinha Que a minha mamã já fez Como tudo num instante E vou brincar outra vez.
Ando de bicicleta Jogo à bola e ao pião Brinco de manhã à noite Porque sou um brincalhão.
Rosa, M (2002). João Brincalhão. Vila Nova de Gaia, p. 4
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E dia de Natal
Chove. É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor: Há a neve que faz mal, E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente Porque é dia de o ficar. Chove no Natal presente. Antes isso que nevar. 12
Pois apesar de ser esse O natal da convenção, Quando o corpo me arrefece Tenho frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra E o Natal a quem o fez, Pois se escrevo ainda outra quadra Fico gelado dos pés.
Pessoa, Fernando (s.d.) É dia de Natal, in Poesia portuguesa para crianças - Antologia. Sintra: Girassol, p. 148.
O Inverno Velho, velho, velho. Chegou o Inverno.
Vem de sobretudo, Vem de cachecol, O chão onde passa Parece um lençol. Esqueceu as luvas Perto do fogão Quando as procurou, Roubara-as um cão.
Com medo do frio, Encosta-se a nós: Dai-lhe café quente Senão perde a voz.
Velho, velho, velho. Chegou o Inverno.
Andrade, Eugénio (s.d.). O Inverno, in Poesia portuguesa para crianças - Antologia. Sintra: Girassol, p. 142.
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O MENINO, A LUA E O LIMÃO
Um menino chamado João engoliu uma lua pensado que era um limão. Não ficou azedo, mas com medo nem percebeu
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que tinha uma luz em segredo a brilhar no coração.
Infante, Luís (2009). Poemas pequeninos para meninos e meninas. Alfragide, p. 44.
JOÃO BRINCALHÃO
De manhã salto da cama Começo logo a brincar Com os carros, com o gato E com tudo o que apanhar.
Só depois vou à cozinha Comer a papa quentinha Que a minha mamã já fez Como tudo num instante E vou brincar outra vez.
Ando de bicicleta Jogo à bola e ao pião Brinco de manhã à noite Porque sou um brincalhão.
Pereira, M. (2002). João Brincalhão. Vila Nova de Gaia, p. 4.
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O MEU CAVALINHO
O meu cavalinho É um valentão Salta e cabriola Sem sair do chão.
Narinas abertas E crinas ao vento Galopa, galopa Não para um momento.
Se às vezes o monto Que grande alegria Damos volta ao mundo Apenas num dia.
E quando à noitinha Eu fico cansado Janto e adormeço Com ele ao meu lado.
Rosa, M. (2002). João Brincalhão, Vila Nova de Gaia. p. 4.
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Uma princesa enfeitiçada
Uma gata adormecida É uma princesa a dormir. A bichana, não ronrona Nem sequer sabe sorrir, Mas quando acorda feliz Roça-se pelo meu nariz E o segredo do que sabe Está naquilo que ela diz. É uma princesa dourada Que parece enfeitiçada A brincar de madrugada.
Infante, Luís (2009). Poemas pequeninos para meninos e meninas. Alfragide. p. 32.
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ESCRITA Menino quadrado comeu marmelada comeu toneladas de pudim gelado devorou biscoitos (os bifes não quis!) com muita manteiga os xis e os oitos! Bebeu capilé e refrescos doces por uma palhinha que ficou de pé. Menino quadrado já não se levanta, todos lhe confundem nariz com garganta… Em si próprio gordo talvez limitado, parece uma bola mas é um quadrado: tem tanto de altura como tem de rosto como de largura como de desgosto.
(1969). A escrita, in Figuras Figuronas, de Maria Alberta Menéres. Porto: Edições ASA, 2000, pp. 20-21.
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A vírgula e o ponto
A uma vírgula sem nome Chamaram Virgulina. Tinha um primo muito tonto Chamado ponto. Encontraram-se à esquina Da página de um conto. E pronto!
Infante, Luís (2004). Poemas para meninas e meninos pequeninos. Alfragide, p.30.
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O livro azul dos bonecos
No livro azul dos bonecos eu ouvi rumores e ecos de bruxas sonolentas e de magos patarecos. fechei-o a sete chaves, escondi-o em sótãos e caves e no porão fundo das naves, e no mais fundo de todos encontrei um diamante que era o olho postiço de um pirata navegante lá das bandas do levante.
Infante, Luís (2009). Poemas pequeninos para meninos e meninas. Alfragide. p. 68.
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POEMA VERDE
Verdes são os campos, Verdes os palmares, Verdes papagaios Voam pelos ares.
Verdes são os lagos Mais os oceanos, Verdes são as algas Eos verdes anos. 21
Verdes são as sombras, Verdes são as rãs, Verdes Primaveras E verdes maçãs
Verde é a floresta, Verde é o bilhar Mas ainda mais verde É o teu olhar
Soares, Luísa (2008).O Planeta Azul. Porto: Civilização, p.15.
QUERO…
-Quero ser uma sereia, Cantar no meio do mar…
-Ai, queres ser uma sereia? Começa por te lavar!
-Quero ser uma princesa Com cabelos de oiro fino… 22
-Olha, vai-te pentear, Estiveste a fazer o pino!
-Quero ser uma gaivota, Voar pelo céu sem fim…
-Então come os carapaus Em vez de comeres pudim!
Soares, Luísa (2008). Abecedário Maluco. Porto, p. 8.
O Dia do Pai É um dia iluminado pela ternura de quem ama em cada filho o futuro como se fosse uma chama que nada pode apagar, seja o vento, seja a chuva, seja a tormenta do mar. É um dia carinhoso com uma história para contar que só acaba à noite quando nos vamos deitar, ao colo do nosso pai com uma canção de embalar.
Letria, José (2008), O Livro dos Dias. Porto: Âmbar, p.13.
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A árvore e o vento
A árvore arrepiada, Disse para o vento: “Vê lá se és mais meigo, mais lento, senão tenho que ligar o aquecimento”. O vento, virando brisa, transformou-se em aragem fresca e lisa, deixando o vento a soprar, agreste e ciumento, para ser fiel ao seu temperamento. Depois disso nunca mais A árvore se deixou embalar Nos largos braços do vento
Infante, Luís (2008). Poemas pequeninos para meninos e meninas. Alfragide. p. 38.
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CANTO
No canto da quinta o melro cantava um canto no canto que me encantava.
O canto voava
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Pelos cantos das casas E os cantos parados Ficavam com asas.
Soares, LuĂsa (2008). AbecedĂĄrio Maluco. Barcelos, p. 24.
LIVRO
Livro Um amigo Para falar comigo Um navio Para viajar Um jardim Para brincar uma escola para levar
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debaixo do braço.
Livro Um abraço Para além do tempo E do espaço.
Soares, Luísa (2005). Poemas da Mentira e da Verdade. Lisboa, p. 33.
Mãe
Mãe, Para ti pintei o Sol Com uma cara, a rir. Mãe, Para ti colhi a rosa De pétalas de perfume. Mãe, Para ti guardei a concha Que traz a voz do mar. Mãe, Para ti fiz uma estrela Com a prata do chocolate. Mãe, Há uma régua para medir O quanto gosto de ti?
Soares, Luísa (2009). O Livro das Datas. Barcelos, p.28.
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O PARDAL NO FIO
O pardal no fio Ouvia as conversas De fio a pavio. Nada o afastava: nem o trovão, nem o frio. O que ouvia contava, o que contava corria, o que corria mudava o que já se sabia. O pardal recusou a alpista, arranjou uma lista e fez-se telefonista.
Letria, José (2008). O pardal no fio, in O meu primeiro álbum de poesia. Lisboa, p.47.
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A árvore e o vento
A árvore arrepiada, Disse para o vento: “Vê lá se és mais meigo, mais lento, senão tenho que ligar o aquecimento”. O vento, virando brisa, transformou-se em aragem fresca e lisa, deixando o vento a soprar, agreste e ciumento, para ser fiel ao seu temperamento. Depois disso nunca mais A árvore se deixou embalar Nos largos braços do vento
Infante, Luís (2009) Poemas pequeninos para meninos e meninas. Alfragide. p. 38.
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RETRATO DE UMA PRINCESA DESCONHECIDA
A Aranha Para que ela tivesse um pescoço tão fino menina Para Essa que ospeluda seus pulsos tivessem um quebrar de caule á esquina dotão tecto Para Escondida que os seus olhos fossem frontais e limpos noite quando Para Só quedesce a sua alta espinha fosse tão direita quieto. E ela Todo usasseo aquarto cabeça está tão erguida da sua teia sobre a testa Com Suspensa uma tão simples claridade Foram necessárias sucessivas gerações de escravos Fica ao espelho balouçando, De corpo dobradoaemesma grossas ideia: mãos pacientes Repisando Servindo sucessivas gerações príncipes «Meu Deus, serei lindadeou feia?» Ainda um pouco toscos e grosseiros Ávidos cruéis e fraudulentos Vieira, Alice (2008), O meu primeiro Álbum de Poesia. Lisboa. p. 44.
Foi um imenso desperdiçar de gente Para que ela fosse aquela perfeição Solitária exilada sem destino
Andresen, Sophia de Mello Breyner (2011). Obra Poética (2ª ed.). Alfragide: Editorial Caminho, p. 593.
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As formigas dos carreiros
As formigas que correm nos carreiros sabem hist贸rias antigas e cantigas das romagens dos romeiros. Se entram nos piqueniques Com os passinhos matreiros Acabam nas barrigas Dos meninos lambareiros, As formigas dos carreiros.
Infante, Lu铆s (2009), Poemas pequeninos para meninas e meninos. Alfragide. p. 52
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Frutos
Pêssegos, peras, laranjas, Morangos, cerejas, figos, Maçãs, melão, melancia, Ó música de meus sentidos, Pura delícia da língua; 32
deixai-me agora falar do fruto que me fascina, pelo sabor, pela cor, pelo aroma das sílabas: tangerina, tangerina
Andrade, Eugénio (2005). Aquela nuvem e outras. Vila Nova de Famalicão, p. 33.
P´ra que sirva de castigo Duas estrelinhas marotas Travaram-se de razões Bateram uma na outra Deram murros, encontrões. - Eu sou mais bela que tu Mais vistosa, mais brilhante Em ti já ninguém repara Velha estrela cintilante. - Vai-te embora, estrela má Não te quero ao pé de mim! O Firmamento zangou-se E a ambas falou assim: - Quezilentas, refilonas Ouçam bem o que vos digo Vou tirar a luz às duas P´ra que sirva de castigo. Se à noite olharem o céu Com muita, muita atenção Há duas estrelas a menos A brilhar na escuridão! Lamas, M. (s.d.). Era uma vez...e outra... , in Língua Portuguesa-Amiguinhos - 4ºano. Lisboa: Texto Editores, p. 75.
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Amor sem tréguas
É necessário amar qualquer coisa, ou alguém; o que interessa é gostar não importa de quem. Não importa de quem, nem importa de quê; o que interessa é amar mesmo o que não se vê. Pode ser uma mulher, uma pedra, uma flor, uma coisa qualquer, seja lá o que for.
Gedeão, A. (s.d.). Amor sem Tréguas.Acedido em 02 de dezembro de 2013, de: http://www.luso-poema.net.
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HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei. Feio bicho, de resto: Uma cara de burro sem cabresto E duas grandes tranças. A gente olhava, reparava, e via Que naquela figura não havia Olhos de quem gosta de crianças. E, na verdade, assim acontecia. Porque um dia, O malvado Só por ter o poder de quem é rei Por não ter coração, Sem mais nem menos, Mandou matar quantos eram pequenos Nas cidades e aldeias da Nação. Mas, Por acaso ou milagre, aconteceu Que, num burrinho pela areia fora, Fugiu Daquelas mãos de sangue um pequenino Que o vivo sol da vida acarinhou; E bastou Esse palmo de sonho Para encher este mundo de alegria; Para crescer, ser Deus, E meter no inferno o tal das tranças, Só porque ele não gostava de crianças. Torga, Miguel (1991), História Antiga, in Primeiro Livro de Poesia (9.ª edição), de Sophia de Mello Breyner Andresen. Lisboa: Editorial Caminho, p. 76
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Os Reis Magos São três e chegam de longe com um sonho na bagagem: querem estar com o menino antes que finde a viagem. São magos do Oriente, mas não são magos de rua; acreditam nos cometas, nas estrelas e na lua. São os magos viajantes que resistem à fadiga, seguindo o rasto de luz de uma estrela que é amiga. São os Reis Magos que chegam das mais remotas paragens com ouro, incenso e mirra que trazem de outras viagens. São os Reis Magos felizes, joelho assente na terra, com um voto e uma prece: “Menino, põe fim à guerra.” Gaspar, Baltazar e Belchior pedem à estrela brilhante: “Dá nome a este menino antes que o galo cante.” Viemos aqui nesta noite com um desejo profundo: queremos ver o menino que vem dar esperança ao mundo. Letria, J. (s.d). Os reis magos. Acedido em 22 de dezembro de 2013, de: htt://pt.scribd.com/doc/77344290/Poemas-Reis-Magos
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O Computador A menina Leonor só quer o computador. O boneco e a boneca eram uma grande seca! Deitou fora a bicicleta, cansa muito ser atleta. Não sai para qualquer lado, Nem para comprar gelado. Anda da mesa para a cama, só se veste de pijama. Vê-se ao espelho de manhã A olhar para o ecrã. Já se esqueceu de falar. Só sabe comunicar com os dedos no teclado. Tem agora um namorado a menina Leonor chamado computador. É fiel, inteligente não refila, nunca mente. E quando ela se fartar, pimba, basta desligar.
Soares, L. D. (2010). A Cavalo no Tempo. Porto, pág.10.
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Amor sem tréguas
É necessário amar qualquer coisa, ou alguém; o que interessa é gostar não importa de quem. Não importa de quem, nem importa de quê; o que interessa é amar mesmo o que não se vê. 38
Pode ser uma mulher, uma pedra, uma flor, uma coisa qualquer, seja lá o que for.
Gedeão, A. (s.d.). Amor sem Tréguas. Acedido em 2 de dezembro de 2013 de: http://www.luso-poema.net.
Passarinho
Boa-noite, passarinho, onde é que tu vais dormir? Vou dormir num ramo verde com o luar a luzir. Boa-noite, passarinho, onde é que tu vais sonhar? Vou sonhar no bosque verde, tão verde à luz do luar. Boa-noite, passarinho, estás cansado de voar? Escondo a cabeça na asa e já posso descansar. Boa noite, passarinho, não dormes dentro de casa? Se eu pouso num ramo verde e o lençol é a minha asa?! Boa-noite, passarinho, qual é o teu candeeiro? São os olhos amarelos do mocho do castanheiro. Boa-noite, passarinho, um soninho descansado. Quando acordar de manhã vou cantar ao teu telhado http://www.escolovar.org/conto_matilde-rosa-araujo_misterios.htm
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Naquela Pastelaria
Naquela Pastelaria Já não sei como falar: Pedi ao moço um cachorro, Deram-me um cão a ladrar.
Naquela Pastelaria Irritei-me, dei um berro: Pedi um prego no pão, Deram-me um prego de ferro.
Naquela Pastelaria Quis um garoto beber: Puseram um rapazinho Num copo para aquecer.
Naquela Pastelaria Quando a conta quis pagar, Vejam lá que me trouxeram Uma conta de colar!
Soares, Luísa (2004). Criadores de Sonhos. Vila Nova de Gaia: Gailivro, p. 44.
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Doce história de uma violeta
Meteu-se dentro da terra Uma sementinha preta… Ai, violeta!
Dessa semente se ergueu Uma haste devagarinho… Ai, violeta!
E pequenina nasceu Uma folha redondinha… Ai, violeta!
Depois, num abrir mansinho, Nasceu uma flor quase preta… Ai, violeta! Araújo, Matilde (2010). O Livro da Tila. Lisboa: Editorial Caminho, p. 24.
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MAR
Já brincaste com a areia E com as conchinhas do mar? Já viste as ondas a ir, Para logo a seguir voltar? Encosta um búzio ao ouvido E fica atento a escutar. Parece que se sente doente Que está muito poluído, Hoje é um petroleiro Amanhã é um cargueiro Que deita lixo para o mar. E também há muita gente Que deita na praia lixo Uma garrafa, uma lata, Uma pistola de esguicho Uma embalagem qualquer. Ora isso não pode ser Pois a poluição mata algas e peixinhos Mata até os passarinhos Que na areia vão pousar Ou na água debicar Nas pocinhas, nos rochedos.
Gouveia, Regina (2009).Ciência para meninos em poemas pequeninos. Lisboa: Editora Gatafunho
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Certeza
Sereno, o parque espera Mostra os braços cortados, E sonha a Primavera Com seus olhos gelados.
É um mundo que há-de vir Naquela fé dormente; Um sonho que há-de abrir Em ninhos e sementes.
Basta que um novo Sol Desça do velho céu, E diga ao rouxinol Que a vida não morreu.
Torga, Miguel (2010). Diário (Vol I – IV, 5ª ed.). Alfragide: Dom Quixote, p. 27.
Pesquisa feita pelos alunos do 4º D, na internet.
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Poesia das Férias
"Nós somos as férias, muito prazer... Nós ressuscitamos a alegria de viver! Nós somos irmãs do feriado, Que é alegre e animado!
Nossa mãe é a folga cheia de harmonia, Emoção, surpresa e fantasia! Nosso pai é o descanso total, Fenomenal e especial!
Nós somos as musas do trabalhador, Que trabalha com suor e ardor! Nós somos o remédio para o “ stress “ e para a fadiga... Para quem está nervoso, somos as melhores amigas!
Nós gostamos de uma praia quente... E de um parque fremente! Nós somos as férias, muito prazer... Nós ressuscitamos a alegria de viver."
Mallon, Luciana (s/d.). Poesia das Férias. Acedido em 20 de abril de 2014 de: http://estoriastrenga.blogspot.pt/2012/06/poesia-das-ferias.html
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As formigas dos carreiros
As formigas que correm nos carreiros sabem hist贸rias antigas e cantigas das romagens dos romeiros. Se entram nos piqueniques Com os passinhos matreiros Acabam nas barrigas Dos meninos lambareiros, As formigas dos carreiros.
Infante, Lu铆s (2009), Poemas pequeninos para meninas e meninos. Alfragide. p. 52
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POEMAS LIDOS NA ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DE MACEDO DE CAVALEIROS – 2º CICLO
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A Borboleta
Era uma vez uma menina Tão cheiinha de calor Abanava um abaninho Como se fosse uma flor Como se fosse uma flor Uma rosa ou uma violeta E em volta dela voasse Feliz uma borboleta E veio a mãe veio o pai E disseram: filha minha! Não te canses a abanar Ligamos a ventoinha! Veio o avô veio a avó Com um ar consternado: Não te canses a abanar Pomos o ar condicionado! Param as mãos da menina Uma rosa ou uma violeta E em suas mãos pequeninas Adormece a borboleta
Araújo, Matilde (2007). As Fadas Verdes. Porto: Civilização, p.18
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OUTONO Chega o OUTONO! As andorinhas despedem-se das outras avezinhas e vão pelos ares fora vão-se embora ? Não! Que voltam, voltarão... Quando a bela estação da Primavera que antecede ao Verão 48
oferecer melhor vida. Não têm agasalhos nem comida, vão para terras quentes à procura do sol que as consola Mas nós, crianças, nós, todos contentes partimos para a escola.
Gomes, Alice (s.d.). Acedido em 30 de outubro de 2013: de:nestepasís.wordpress.com,
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O búzio
Pus um búzio da praia na concha do meu ouvido. Logo ouvi o mar chamar Muito longe, num gemido. Ó mar, Ó mar... Peguei num búzio das águas, pousado ali na areia. Ele guardava a canção Secreta duma sereia. Ó mar, Ó mar... É só um búzio das ondas, todos o julgam vazio. Mas eu viajo lá dentro Num sonho feito navio. Ó mar, Ó mar...
Soares, Luísa (2007). Poemas da mentira e da Verdade. Lisboa: Livros Horizonte, p.25
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Declaração dos Direitos da Criança Tenho direito a ter um nome e uma nação Tenho direito a não ter fome e a ter pão Tenho direito à liberdade Tenho direito à igualdade Tenho direito à educação Tenho direito a ter amor e compreensão seja qual for a minha raça a minha cor ou religião Tenho direito a tratamento Tenho direito a alojamento Tenho direito à distracção Tenho direito à amizade e à protecção da negligência crueldade ou exploração Tenho direito à segurança Tenho direito a ser criança
Monteiro, Anthero (1999). Declaração dos Direitos da criança. Acedido em 19 de novembro de 2013 de: http://pracadapoesia.blogspot.pt/2008/11/decalatao-dos-direitos-da-criana.html
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Tocar
CONCLUSÃO A Lua está lá no céu Quem é que a vai tocar? São duas mãos pequeninas
Os impactos de amor não são poesia (tentaram ser: aspiração nocturna). O Sol está lá no céu A memória infantil e o outono pobre Quem é queno o vai tocar? vazam verso de nossa urna diurna. Com as luvas do luar
São duas mãos pequeninas
é poesia, o belo? Não é poesia, Que Que não se podem queimar o que lá não poesia não tem fala. E as eestrelas no écéu Nem o mistério em si nem velhos nomes poesia são: coxa, furta, cabala.
Quem é que as vai tocar?
São duas mãos com anéis De brilhantes a brilhar
Então, desanimamos. Adeus, tudo!
E os Apássaros lá no céu mala pronta, o corpo desprendido, Quem é que os vai tocar? resta a alegria de estar só, e mudo. Pássaros em se liberdade De que formam nossos poemas? Onde?
Que sonho lhes responde, Ninguém os deveenvenenado buscar se o poeta é um ressentido, e o mais são nuvens? Andrade, Carlos Drummond de (2007). «Antologia Poética». Lisboa: Relógio D’Água Editores, p.103.
Araújo, Matilde (2007). As Fadas Verdes. Porto: Civilização, p.20.
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AS PEDRAS As pedras falam? pois falam mas não à nossa maneira, que todas as coisas sabem uma história que não calam. Debaixo dos nossos pés ou dentro da nossa mão o que pensarão de nós? O que de nós pensarão? As pedras cantam nos lagos choram no meio da rua tremem de frio e de medo quando a noite é fria e escura. Riem nos muros ao sol, no fundo do mar se esquecem. Umas partem como aves e nem mais tarde regressam. Brilham quando a chuva cai. Vestem-se de musgo verde em casa velha ou em fonte que saiba matar a sede. Foi de duas pedras duras que a faísca rebentou: uma germinou em flor e a outra nos céus voou. As pedras falam? pois falam. Só as entende quem quer, que todas as coisas têm um coisa para dizer.
Menéres, Maria (s.d.). As Pedras. Acedido em 13 de novembro de 2013 de: http://sonheicontigo.no.sapo.pt/Poemas/Maria_Alberta_Meneres_As_Pedras/Maria_Alberta_Meneres_As_Pedras.html
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Voz do Menino da Escola diante do Presépio
Menino Jesus, nas palhas dormindo bem se vê que sonhas um sonho tão lindo. Menino Jesus, nas palhas deitado tanto que tu sabes e sempre calado… Eu cá já sei ler, escrever, contar! Que tens, meu Menino, para me ensinar Seus lábios, sorrindo, abriram-se em flor e o Menino disse: - A lição do Amor!
Côrtes-Rodrigues, Armando (s.d.). Voz do Menino da Escola Diante do Presépio. Acedido em 10 de dezembro de 2013 de: http://bibliopac.ual.pt/Opac/Pages/Document/DocumentCitation.aspx?UID=dbd0d47326eb-45b8-a097-0d434d51ba61&DataBase=10014_BIBLIO,
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Eu queria ser Pai Natal
Eu queria ser Pai Natal e ter um carro de renas para pousar nos telhados mesmo ao pé das antenas.
Descia com o meu saco ao logo da chaminé carregado de brinquedos e roupas, pé ante pé.
Em cada casa trocava um sonho por um presente. que profissão mais bonita fazer a gente contente!
Soares, Luísa (2005). Poemas da Mentira e da Verdade. Lisboa. p. 33.
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Os meus tesouros Este botão encontrei, estas caricas me deram, por este pião troquei berlindes que me trouxeram, estes cromos já não sei de que histórias é que eram, mas este pneu pequenino É de um carro que eu sonhei. Estas pedrinhas redondas junto ao rio as apanhei, e as sementes amarelas são da árvore que eu sei!
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Os bocadinhos de telha, tão macia, já tão velha, são para “jogar à macaca” num jogo que eu jogarei.
Com fios de muitas cores, fiz trancinhas que guardei, com pratas de chocolates olas que não atirei, bicos de lápis de cor em mil sítios apanhei. Só eu sei que o arco-íris No meu bolso o inventei Meneres, Maria Alberta (2008). Conversas com versos. Alfragide: Asa (3ª ed.), p..162.
AQUELA NUVEM
Aquela nuvem parece um cavalo... Ah! se eu pudesse montá-lo! Aquela? Mas já não é um cavalo, é uma barca à vela. Não faz mal. Queria embarcar nela. Aquela? Mas já não é um navio, é uma torre amarela a vogar no frio onde encerraram uma donzela. Não faz mal. Quero ter asas para espreitar da janela. Vá, lancem-me no mar donde voam as nuvens para ir numa delas tomar mil formas com sabor a sal - labirinto de sombras e de cisnes no céu de água-sol-vento-luz concreto e irreal.
Ferreira, José ( s.d.). Acedido em 15 de janeiro de 2014 de: www.josemariaalves.blogspot.com
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O Caracol Pode a noite ir jรก distante E o sol arder como brasa: Mais atrรกs ou adiante, Eu paro, e cheguei a casa.
A ave de volta ao ninho, Rasga o ar com sua asa, Que eu, devagar, no caminho, Direi jรก que estou em casa. 57
Todo o tempo me sobeja, No monte ou na campina rasa, Em qualquer lado onde eu seja. Se paro, cheguei a casa
Nascimento, Cabral (s.d). Os animais na poesia, in Mar de Palavras 5ยบ ano. Lisboa: Lisboa Editora, p. 138.
É tão bom não ter juízo! Ser um rapaz com juízo? Ah, isso não é preciso! É tão bom ser diabrete, pintar de verde o tapete. É tão bom ser um mauzão, deitar pimenta no pão. É tão bom ser um pirata, puxar o rabo da gata. É tão bom ser um traquinas, despentear as meninas. É tão bom ser um travesso, vestir tudo do avesso. É tão bom ser um marau, pôr no lixo o bacalhau. É tão bom ser desastrado, cair no lago calçado. É tão bom ser malandrão, roer os ossos do cão. É tão bom ser um maroto, pôr no prato um gafanhoto. Tão bom ser insuportável, pisar um senhor notável. Ser sempre inconveniente, ao careca dar um pente. É tão bom ser mau, mau, mau, Soltar na aula um lacrau. O pior é quando a mãe resolve ser má também…
Soares, Luísa (s.d.). O Canto dos Bichos. Acedido em 27 de janeiro de 2014 de::http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/gambozinos-historiaDeGatos.html
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As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra. Com mãos tudo se faz e se desfaz. Com mãos se faz o poema – e são de terra. Com mãos se faz a guerra – e são a paz. Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra. Não são de pedras estas casas mas de mãos. E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas. E cravam-se no Tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas. Folhas que vão no vento: verdes harpas. De mãos é cada flor cada cidade. Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.
Alegre, Manuel (1967). O Canto e as Armas. Acedido em 22 de abril de 2014 de: http://cvc.instituto-camoes.pt/poemasemana/05/01.html, em 22/04/2014
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A ANA QUER
A Ana quer nunca ter saído da barriga da mãe. Cá fora está-se bem mas na barriga também era divertido.
O coração ali à mão, os pulmões ali ao pé, ver como a mãe é do lado que não se vê.
O que a Ana mais quer ser quando for grande e crescer é ser outra vez pequena: não ter nada que fazer senão ser pequena e crescer e de vez em quando nascer e voltar a desnascer.
Pina, Manuel António (2012). O pássaro da Cabeça e mais versos para crianças. Porto, p. 9.
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Os Gambozinos
Eu vi, eu vi, Eu vi à luz da Lua Saltarem gambozinos Aqui na minha rua.
Ouvi, ouvi, Ouvi a sua voz Cantar com as estrelas Quando ficámos sós
Senti, senti, Senti o seu perfume. E, como pirilampos, Pareciam deitar lume.
Menti? Menti? Menti ou talvez não. Os gambozinos vivem Na imaginação.
Soares, Luísa ( s.d.). O Canto dos Bicho. Porto: Civilização Editora. Boaventura, Odete, Onde Moram as Palavras 5, pág.29
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Eu quero ser Eu quero ser tudo futebolista e arquitecto actor de cinema mudo é preciso é que dê certo. No fundo o que eu quero é ser grande e bem depressa porque isto de crescer não pode ser só conversa.
Quero ser grande em altura sem ter projecto nenhum e quem sabe se hei-de ser piloto de Fórmula Um?
Também quero ser marinheiro, alpinista e domador, herói de banda desenhada, pirata e aviador.
Quero ser de tudo um pouco Pois tenho imaginação Para acreditar que acordo Com o mundo na palma da mão.
Letria, José (s.d.). O que eu quero ser, in Miguel, Caminhos da Leitura, Português 5º. Porto: Ambar, p. 64.
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História de gatos Eu tinha um gato malhado Que era muito malcriado, Se lhe dizia "bom dia" Ele nem me respondia, Se o mandava caçar, Deitava-se a ressonar, Se o mandava à escola Ele ia jogar à bola, Se o mandava pescar Até fugia do mar. Aquele gato malhado Não me fazia um recado, Era só vê-lo miar E dormir ou arranhar. Deitei-o pela janela. Entrou-me o gato por ela Mais uma gata amarela E os doze filhos dela. Sentaram-se à minha mesa, Comeram-me a sobremesa, Dormiram no meu colchão, Rasgaram o meu roupão, E dentro dos meus sapatos Fizeram chichi os gatos. Para ficar sossegado Fui viver para o telhado.
Soares, Luísa, (s.d.). O Canto dos Bichos , in Vinte e Cinco - As Cartas. Acedido em 27 de fevereiro de 2014 de: http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/gambozinos-historiaDeGatos.html, em 27/02/2014
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Plantar uma floresta
Quem planta uma floresta Planta uma festa. Planta a música e os ninhos, Faz saltar os coelhinhos. Planta o verde vertical, Verte o verde, Vário verde vegetal. Planta o perfume Das seivas e flores, Solta borboletas de todas as cores. Planta abelhas, planta pinhões E os piqueniques das excursões. Planta a cama mais a mesa. Planta o calor da lareira acesa. Planta a folha de papel, A girafa do carrocel. Planta barcos para navegar, E a floresta flutua no mar. Planta carroças para rodar, Muito a floresta vai transportar. Planta bancos de avenida, Descansa a floresta de tanta corrida. Planta um pião Na mão de uma criança: A floresta ri, rodopia e avança.
Soares, Luísa (2007). Plantar uma floresta. Acedido em 20 de março de 2014 de: http://espaco-horizontes.blogspot.pt/2007/05/plantar-uma-floresta-lusa-ducla-soares.html
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ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
Ó mãe, posso ter um hipopótamo, uma girafa ou um pinguim? Diz-me que sim, diz-me que sim. Gostava tanto de ter um elefante, um rinoceronte e uma baleia. Não é boa ideia? E se for uma vaca, um canguru e uma doninha? Também não? Que grande desgraça! E se for uma traça? Não? Então quero um cão, um gato, um papagaio, e uma lombriga. E, já agora, um coelho, uma aranha e uma formiga. E um jacaré. Pois é, também quero um jacaré. E quero um tubarão que venha comer à minha mão, um mosquito que seja bonito, e uma sardinha que seja só minha.
Magalhães, Álvaro (s.d.). In Onde moram as palavras, 5º ano, p. 43.
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LUA
Ó lua, cara redonda, Ó lua, meu lindo queijo, Se fores queijo vou comer-te, Se fores cara dou-te um beijo.
Ó lua, meu candeeiro Que estás pousado no ar, 66
Olha que o sol já se pôs, Acende a luz do luar.
Ó lua, que vais tão alta E voas como um balão, Um dia hei-de alcançar-te A bordo de um foguetão.
Soares, Luísa (2008). O Planeta Azul. Porto, p. 6.
Viajar é correr mundo
Viajar é correr mundo, voar mais alto que os pássaros ou pisar o chão da Terra ou as ondas do Mar Alto… É ver bichos de muitas cores e feitios, montanhas, rios e ribeiros e pessoas 67
e lugares… Conhecer e descobrir, inventar e duvidar sabendo cada vez mais, sem nunca pensar que basta o mundo que se conhece. E alargá-lo com amor dentro de nós e dos outros.
Redol, Alves (1990). Boletim Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, in Português Interativo 6º Ano, p. 201.
O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português, Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Pessoa, Fernando (s.d.). Acedido em 27 de junho de 2014 de: http://expresso.sapo.pt/falta-cumprir-se-portugal=f587581#ixzz33li743a9
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CONCLUSÃO Mercê da colaboração e empenho de toda a comunidade escolar, designadamente da equipa das bibliotecas escolares, dos alunos, dos assistentes operacionais e da Direção, foi possível levar a bom porto a atividade “Abre a pestana com um poema por semana…”, enquadrada no projeto
aLeR+ do
Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros, iniciada em dezembro de 2012. “O caminho faz-se caminhando”, como afirmou Fernando Pessoa, e foi fazendo jus a este verso que a semente desabrochou, proporcionando aos alunos o contacto profícuo com a poesia, que lhes merece tantas vezes animosidade. Com agrado conhecemos distintos aproveitamentos desta atividade que, em primeira instância, visava tão-somente a aproximação entre alunos e um mundo encantado e íntimo – o da poesia… Com o mesmo contentamento ouvimos os alunos perguntar pelo dia e pelo docente a quem caberia ler o poema da semana. Da gratidão para com os docentes, que souberam receber esta iniciativa e que a fizeram crescer, abraçando a dádiva da maneira que entenderam ser melhor, serão testemunhas estas breves palavras. A semente foi plantada em 2012, brotou, abriu em flor e deu belos frutos nos dois anos que se seguiram, precisa apenas de continuar a ser tratada com estima e carinho para se manter vigorosa e voltar a frutificar…
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