Ocupai! - Festival Ibérico de Arte e Ação [Programa]

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MANIFESTO OCUPAI! Ocupar: Verbo transitivo. Encher um espaço de lugar e de tempo. Ocupai. Segunda pessoa do plural do imperativo afirmativo do verbo ocupar. São Pedro do Sul. Bem-vindos a uma terra feliz. Um território de matriz rural em transformação. Paisagens de montanhas e de rios, novas urbanidades, novas atividades fruto da adesão à grande roda motriz do global. Um sentido de proximidade resiste nesta terra (olá vizinho), mas em simultâneo há tanto espaço por preencher e ação por encetar, que ligue, intercepte, provoque o contacto, o desejo e a afirmação do ser-no-tempo-e-no-espaço. OCUPAI! - Festival Ibérico de Arte e Ação é um evento contemporâneo e urbano que decorre na cidade de São Pedro do Sul entre 31 de Julho e 2 de Agosto de 2015 e que pretende trazer a liberdade de expressão ao espaço público urbano, enquanto arma produtiva e criativa para tornar a vida de uma cidade do interior mais aberta. É no quotidiano que vemos como há gente que escapa ao contacto, ao simples olhar, olhos nos olhos, como há tantos desejos escondidos que nunca vêm à tona, enredados em automatismos à distância de um “gosto” tão rapidamente clicado quanto esquecido. O festival pretende pois pensar em como a população, particularmente aquela jovem, pode ocupar o espaço público à luz dos novos desafios da comunicação. Porque é que muitos jovens dizem que “aqui não se passa nada” e não assumem o seu poder coletivo em processos de transformação? OCUPAI! é um festival que se inspira na emergência de movimentos de ocupação do espaço urbano, mas aplicando um fator de cortesia à moda antiga, através da utilização, na língua Portuguesa, da verdadeira forma da segunda pessoa do plural do verbo ocupar: OCUPAI!, tornando assim a palavra de ordem numa proposta de ação serena e positiva, não caótica e violenta.

OCUPAI! traz uma imprevisível coexistência entre a força das comunidades de uma cidade e as contingências existenciais, que perturbam, que metem em crise, que fazem mexer e pensar, recordando-nos que tudo é passível de ser alterado: basta saber atingir o ponto de rutura com inteligência, ironia e perseverança. OCUPAI! é um festival urbano contemporâneo e social, em que social quer mesmo dizer pessoas concretas, não qualquer tipo de chavão publicitário que fica bem na promoção de qualquer festival no século XXI. OCUPAI! é um festival ibérico no sentido em que assume o seu posicionamento geográfico no interior beirão situado no cruzamento com duas regiões espanholas, Galiza e Castilla y León, que tantas ligações históricas, linguísticas e culturais têm com a zona, promovendo-se assim uma interação espontânea com gente boa que vem de contextos comparáveis ao de São Pedro do Sul, trabalhando há décadas no agitar consciências em terras de província, assumindo riscos como forma de vida, o que torna esses riscos mais verdadeiros e próximos das pessoas. OCUPAI! é um festival sem medo de trilhar caminhos arriscados. OCUPAI! é um festival no verão que não é um festival de verão. OCUPAI! é um festival que acredita que não é só a grande escala que convoca públicos, também a disseminação de micro-ações com sentido. OCUPAI! é um festival que pretende impulsionar uma relação quotidiana nova numa pequena cidade do interior. OCUPAI! é um festival não efémero e não auto-celebrativo. OCUPAI! é um festival que junta criatividade manual e local à moda antiga, música improvável e inclassificável, palavra falada, cantada e gritada, que invoca o poder da voz no rompimento de barreiras sensoriais e psicológicas. OCUPAI!: não podemos deixar de colocar o desafio. É esse o nosso compromisso com a cidade e com quem a vive.


PROGRAMA OCUPAI!


DA SERRA AO BAIRRO CHINÊS Instalação Audiovisual de Luís Costa (c/ Susana Rocha e Nely Ferreira)

1 No Bairro Chinês, o maior bairro de barracas da zona oriental de Lisboa viveram ao longo do Século XX centenas de milhares de pessoas que trabalhavam nas muitas fábricas e armazéns existentes na zona, como a Fábrica Nacional de Sabões, a Fábrica de Borracha, a Fábrica dos Fósforos ou os armazéns de vinho de Abel Pereira da Fonseca. A grande força laboral que existia na zona era em grande medida oriunda de aldeias do Maciço da Gralheira e da Serra do Montemuro. No Bairro Chinês existia toda uma cultura local muito enraizada com ligações fortes às aldeias de origem (bailes de associações recreativas de São Pedro do Sul, Castro Daire ou Cinfães, fábricas com patrões da região que facilitavam as admissões de conterrâneos, o clube Oriental de Lisboa, clube mítico daquela zona de Lisboa que tinha jogadores e dirigentes oriundos das aldeias da região, etc.). A Binaural/ Nodar foi à procura das memórias dessa ligação entre o mundo operário de Lisboa Oriental e o mundo rural da Beira Alta, tendo sido feitas por Susana Rocha e Nely Ferreira um conjunto de entrevistas e de paisagens audiovisuais na freguesia de Marvila que foram posteriormente objeto de conceção artística por Luís Costa, o coordenador da Binaural/Nodar.


A lenda de São Macário fala de um pobre almocreve que por engano matou os pais e em sinal de arrependimento se tornou num eremita tendo-se fixado no alto de um monte, o monte Magaio, posteriormente monte São Macário, (situado na confluência de três freguesias: Covas do Rio, Sul e São Martinho das Moitas) onde não vivesse ninguém e onde poderia adorar Deus em paz, alimentando-se parcamente de bagas, mel e insectos. Apesar de viver em isolamento, Macário mantinha contactos esporádicos com a aldeia mais próxima (Macieira), onde por exemplo ia buscar brasas para se aquecer, transportando-as na mão sem se queimar em sinal de penitência, o que segundo os seus devotos, prova a sua santidade. Certo dia, no entanto, transportando as brasas encontrou uma bela pastora da referida aldeia e ao olhar para as suas pernas queimou-se, o que evidenciava as tentações que potencialmente poderiam atormentar um eremita em busca da santidade. A instalação, fruto duma pesquisa antropológica no Maciço da Gralheira entre 2006 e 2014, parte da releitura livre de elementos da lenda popular de São Macário para criar uma nova, sobre a ascensão do Santo e a sua morte. Um tempo suspenso, indeterminável. Macário, profundamente impregnado de pecado, vagueia em desespero com uma corda à volta de si mesmo, por entre os castanheiros seculares da aldeia de Macieira para encontrar consolo. Estes castanheiros são os eremitas do lugar, são consideradas árvores sagradas e

mágicas, porque ao longo dos anos têm absorvido a verdade da vida terrena e celeste. Créditos: Vozes: Anselmo Gomes Figueiredo, António Rodrigues Pinto, Carlos Costa, Custódio Pinto, Emília Costa, Emília Pinto, Gonçalo Barros, João Baptista Coelho, José Alves, José Nicolau de Figueiredo, Luís Gomes da Costa, Manuel Martins, Maria da Conceição Soares Martins, Maria da Luz Maio, Teresa Figueiredo, Valentim Nicolau de Figueiredo Performer Vocal: Manuela Barile Desenho de som: Luís Costa e Manuela Barile Gravações sonoras: Nely Ferreira e Manuela Barile Figurinos: Manuela Barile Costureira: Castelo Atelier (Viseu) Manuela Barile é uma artista italiana que vive e trabalha em Portugal. Desde o 2006 desenvolve projetos artísticos baseados nos lugares da região rural do maciço da Gralheira (município de S. Pedro do Sul) trabalhando em estreito contato com os habitantes locais levando em conta os aspectos específicos do território como a sua conformação natural, a memória, a tradição, a arquitetura, a história dos lugares, as simbolizações e os rituais depositados como sinais indeléveis no solo. O seu trabalho artístico combina antropologia visual e sonora, vídeo arte, documentário, performance art e performance vocal, tocando questões íntimas da vida como a morte, a dor, o trabalho, a felicidade e a religião.

macário

Instalação Audiovisual de Manuela Barile

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As quatro peças sonoras incluídas nesta instalação resultam de sons gravados exclusivamente no âmbito da primeira edição do projeto educativo Aldeias Sonoras que a Binaural/Nodar desenvolveu em 2009 no município de São Pedro do Sul. As quatro composições sonoras resultam de uma agregação territorial em quatro sub-áreas geográficas com o objectivo de serem captadas afinidades entre aldeias e freguesias, de alguma forma procurando reforçar o sentido de coerência narrativa de cada composição: Terras da Arada: aldeias situadas a Noroeste, em redor da Serra da Arada e correspondentes a duas freguesias: Manhouce e Candal.

NOVAS ESCUTAS RURAIS

Instalação Sonora de Luís Costa

Terras do Baroso: aldeias situadas a Sudoeste e que agregam as freguesias de Santa Cruz da Trapa, Carvalhais e São Cristóvão de Lafões. Terras de São Macário: aldeias situadas a Nordeste, em redor do Monte de São Macário e correspondentes a três freguesias: São Martinho das Moitas, Covas do Rio e Sul Terras do rio Vouga: aldeias situadas a Sudeste, Sul e Sudoeste, todas banhadas pelo rio Vouga e correspondentes às freguesias de Pinho e Valadares. As peças sonoras foram criadas em 2014, partindo de uma escolha de excertos assente numa metodologia narrativa-poética e, paralelamente, na criação de interlúdios usando técnicas eletroacústicas, nomeadamente através de ferramentas de síntese granular

Luís Costa (1968). Economista. Presidente da Binaural/Nodar (São Pedro do Sul). Curador, programador, organizador e artista sonoro/vídeo. Em 2006 decide voltar ao território das suas raízes para desenvolver projetos de documentação, reflexão e expressão contemporâneas, cruzando vivências quotidianas, criação artística e pesquisa territorial. Coordenador do Nodar Rural Art Lab, um, conceito de pesquisa artística multimédia, o qual acolheu já mais de 100 artistas e investigadores. Coordenador do Arquivo da Memória de Viseu Dão Lafões, um projeto de pesquisa, catalogação e mapeamento audiovisual da memória coletiva de territórios do distrito de Viseu, integrado na rede Tramontana de arquivos de memória de zonas europeias de montanha. Realizou o documentário sonoro/vídeo experimental “Onde nasce o meu Paiva?”, estreado em 2011 durante o Festival Paivascapes #1. Enquanto artista sonoro, publicou em 2011 na Edições Nodar, com o artista sonoro inglês Jez riley French, o CD “Sonata for Clarinet and Nodar”. Co-editou em 2011 o catálogo e CD duplo “Três Anos em Nodar – Práticas Artísticas em Contexto Específico no Portugal Rural” e co-editou já em 2014, o livro+DVD “Il Senso del Dolore: Due Opere di Manuela Barile”, publicado em conjunto pelas Edições Nodar e pela editora italiana La Parete della Caverna.

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SOLO DE BATERIA

Uma coreografia de Luís Costa interpretada por Rui Tavares

4 Nos anos 60 e 70 de todas as revoluções, um músico rock aproximava-se de um deus inacessível, de um quebrador de tradições e de convenções.. Um solo de bateria era o exemplo perfeito da genialidade louca e eram poucos os que conseguiam emocionar através de um solo. Um solo era uma longa poesia, um longo e retorcido elogio à própria vitalidade primordial. Era assim que se amava esses solos, e com esses grandes bateristas muitos passámos longas tardes de verão a imitar cada gesto de qualquer um desses solos escutados em LP’s comprados numa discoteca e a sonhar naturalmente vir a um dia a ser um deles. Ginger Baker, John Bonham e Ian Paice, bateristas respectivamente dos Cream, Led Zeppelin e Deep Purple, são os três personagens desta performance. Representam o tempo que passou e o carácter xamânico desses homens-bateria, mas ao mesmo tempo três personalidades e três momentos da curva da vida. Luís Costa (São Pedro do Sul, 1968). Economista. Presidente da Binaural/Nodar (São Pedro do Sul). Curador, programador, organizador e artista sonoro/vídeo. Realizou o documentário sonoro/ vídeo experimental “Onde nasce o meu Paiva?”, estreado em 2011 durante o Festival Paivascapes #1. Enquanto artista sonoro, publicou em 2011 na Edições Nodar, com o artista sonoro inglês Jez riley French, o CD “Sonata for Clarinet and Nodar”. Rui Tavares (Oliveira de Frades, 1978) baterista e percussionista. Formado pela Escola Profissional de Música de Espinho, foi durante quase uma década músico da Orquestra do Norte, ao mesmo tempo que desenvolvia os seus próprios projetos musicais e colaborava com uma multiplicidade de músicos. É baterista dos grupos Basorexia Army, The Greyhound James’ Band e Gin Sónico Quartet e professor de bateria e percussão em vários locais da região de Viseu.


UWAGA!

Performance Participativa de DEMO (Dispositivo Experimental, Multidisciplinar e Orgânico) Uwaga! é uma performance que utiliza o espaço público como espaço para a participação dos transeuntes/cidadãos com o propósito de lhes possibilitar a partilha da sua opinião sobre a cidade, dando assim voz à população da cidade de acolhimento do projecto. Para tal, parte de um dispositivo que engloba a utilização de um alfabeto em caixas de cartão e de dois telemóveis. Os transeuntes são questionados na rua, por um performer, sobre o que gostariam de dizer à cidade numa só palavra. De seguida, o performer comunica a palavra ao restante grupo através de uma mensagem (via telemóvel). O grupo, após receber a sms, aparece com essa palavra para mostrá-la à cidade, surpreendendo assim o espectador/transeunte e o restante público que assiste à sua chegada. Trata-se de uma palavra performativa uma vez que implica uma acção e movimentação pelo espaço público adoptado, suscitando uma nova leitura desse mesmo espaço a partir da dinâmica população/performance/cidade. Esta performance é desenvolvida em vários espaços públicos da cidade em colaboração com a população local. Nesse sentido, será realizado um laboratório de criação na área de movimento e arte da performance, com o objectivo de integrar os vários participantes como performers.

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DEMO (Dispositivo Experimental, Multidisciplinar e Orgânico) é um colectivo de artistas que privilegia a investigação e a criação com base no cruzamento entre as artes performativas, visuais e arte da performance, em contexto de criação e encenação colectiva, onde tendencialmente o público assume um papel criativo e participativo. Procura fomentar também uma consciência crítica através da dinamização da arte pela partilha, troca de conhecimentos e a fusão das várias áreas artísticas.


CEMENT ECLIPSES Street Art de Isaac Cordal

Com o simples ato de miniaturização e de colocação reflexiva, Isaac Cordal magicamente amplia a imaginação dos pedestres ao encontrarem as suas esculturas na rua. Cement Eclipses é uma definição crítica do nosso comportamento enquanto uma massa social. As figuras simpáticas são fáceis de gerarem empatias e de nos rirmos com elas. Eles apresentam fragmentos em que a natureza, ainda presente, mantém sintomas encorajantes de sobrevivência. A precariedade dessas estatuetas anónimas, colocadas à altura dos sapatos dos transeuntes, representa os restos nómadas de uma construção imperfeita de nossa sociedade. Estas pequenas esculturas contemplam a demolição e reconstrução de tudo o que nos rodeia. Elas chamam à atenção para o absurdo da nossa existência. Isaac Cordal gera cria situações de empatia com as suas pequenas pessoas e com a sua situação, o seu tempo de lazer, a sua espera e até mesmo os seus momentos mais trágicos, como a morte acidental. As esculturas podem ser encontrados em calhas, no topo dos edifícios, em cima de paragens de autocarro; em muitos lugares incomuns e improváveis. Isaac Cordal (1975, Galiza) interessa-se pela representação de protótipos que representam seres humanos em contextos de modernidade, tentado conceber cenas que condensam padrões de comportamento reconhecíveis: 2012 / 2008 Galería JM Málaga, 2006 / 2005 Festival Internacional de Artes Escénicas Santiago de Compostela, 2006 /2005 Festival Zemos98 Sevilla, 2006 Museo de Arte Contemporánea Vigo, 2006 Festival Internacional de Teatro de Rivadavía, 2006 Intituto Cervantes de Beijing, 2006 Forum de Barcelona, 2005 IV Premio Auditorio Novos Artistas Santiago de Compostela, 2004 Festival MestizArte Lugo, 2004 Caja Madrid Pontevedra, 2003 Galeria Por Amor a Arte Porto, 2003 Transmedia Brussels, 2001 V Bienal de Lalín Pintor Laxeiro Pontevedra etc.

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ORQUESTRA SAMPEDRENSE DE RINGTONES Performance Sonora de Luís Costa, com voluntários

Manifestação de jovens e menos jovens da cidade ativando coletivamente uma composição sonora para toques dos seus smartphones. O todo é melhor do que a soma das partes. Ou de como podemos manipular massas de sons banais e fazê-los fluir pela cidade tornando-os mais belos enquanto conjunto, numa ação descomprometida de defesa do estarmos juntos, hoje e aqui na nossa cidade. A invocação da força da coordenação e do ajuntamento de vontades. Se o quisermos, conseguimos. Orquestra Sampedrense de Ringtones é dirigida por Luís Costa, coordenador da Binaural/Nodar.

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ALDAOLADO Cabaret-Lírico Poético de María Lado e Lucía Aldao

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María Lado e Lucía Aldao são Aldaolado, música, poesia e humor. As jovens galegas Aldaolado estão a favor de romper com o estereotipo da poesia entendida como alarde virtuoso para minorias ilustradas. Jogam livremente à desmistificação, incitam ao combate expressivo. Lado e Aldao são dessas poetisas que atuam no rés-do-chão da vida, que disparam versos para cantar vitória entre os entulhos e os arrabaldes, para que nos possamos convencer de que nesses dias deveremos regressar a casa o mais tarde possível. São dessas poetisas que prescrevem medicamentação entusiasta para seguirmos em passos afortunadamente tortuosos, longe das certezas inabaláveis desses homensmáquinas que julgam dominar o mundo.


IGMIG

Concerto Dada Rock

9 Grandes doses de post-punk, funk, rock progressivo, electro, tecno e elementos da música clássica do século XX como o serialismo e a improvisação. As letras recordam o dadaísmo e utilizam a prosódia da voz como elemento composicional. Enormes doses de interação com o público e muito humor, por parte de Mig Seoane (voz e guitarra), Nacho Muñoz (voz e teclados) e Suso Feixón (bateria), um trio de Vigo (Galiza) difícil de enquadrar num único estilo. A encenação ao vivo de Igmig é tremendamente eufórica, não há um minuto para o descanso e os corpos bailam e suam em êxtase. Ignacio Muñoz — teclado, electrónica e vozes. Músico, produtor e compositor, tem trabalhado para gente como Mercedes Peón, Budiño, O.M.E.G.A.… Compositor de “off:ópera forte fonética” o seu alter ego Madamme Cell tem publicado trabalhos de música electrónica em numerosas net-labels. Suso Feixón — percussão e vozes. Na sua longa trajectória como percussionista tem passado por bandas míticas como A Roda. De noite transforma-se em Flydrums, um reputado percussionista de house e dance que tem trabalhado com os melhores DJ’s de Espanha. Mig Seoane — guitarra e vozes. Tem composto bandas sonoras para teatro, cinema e TV, os seus antecedentes estão ligados a O.M.E.G.A, Budiño, Blackingstones, Mr Caracter, etc…


TRANGLOMANGO

Concerto Novo Folk

Com a formação instrumental clássica do rock, à qual se junta um acordeão, os Tranglomango deixam-se influenciar pela cultura tradicional portuguesa como mote para a prática e domínio de um som que funde estilos contrastantes. Em “Más Línguas”, apresentamse arranjos de temas tradicionais e temas originais em ebulição destravada nos quais três vozes em negócios harmónicos animam a morúmbia em qualquer cemitério de paróquia. Liguem os cátodos aos pontos cardeais do corpo e larguem a velhinha: ela vai sacudir o pó do pé; é rock e chula! Interpretação: Catarina Almeida (voz, trompete e guitarra), Ricardo Augusto (voz e acordeão), Bruno Pinto (guitarra), Ana Bento (voz e baixo), Miguel Rodrigues (bateria e percussões).

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CONCERTO PARA AS ESTRELAS Performance Sonora Teatro do Frio

“Concerto para as Estrelas (Space Sound Shelter)” é uma performance musical para espaço público com reduzida poluição luminosa. Um concerto performance onde a parte visual será assegurada por um céu límpido e estrelado. A performance terá como instrumentos base diapasões, onde as frequências são calculadas através da sequência numérica de Fibonacci, e uma seleção de poemas de Inger Christensen. No local serão escolhidos lugares indicativos para a colocação do público, mas será da inteira responsabilidade de cada um a escolha do sítio para usufruir do espectáculo. O público terá consigo auscultadores wireless, podendo desta maneira viajar no espaço, tornando, se desejar, a experiência nómada.

Direcção Artística RODRIGO MALVAR Composição Musical e Programação Max/Msp FILIPE LOPES e RODRIGO MALVAR Cenografia HUGO RIBEIRO Design Gráfico SUSANA GUIOMAR Produção TEATRO DO FRIO Parceiros ao desenvolvimento da pesquisa teórica : Universidade do Porto Faculdade de Astrofísica do Porto

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PERRITA CHINA

Teatro Sonoro Nilo Gallego e Amalia Fernández

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“Perrita China” (“Cadelita Chinesa”) é um projeto de colaboração entre Amalia Fernández e Nilo Gallego, um desejo de intimidade e um impulso de curiosidade de um em direção ao outro. O seu tema é a colaboração em si mesma. Fazem coisas em uníssono, pelo gosto de ver até que ponto são iguais e também diferentes. Situações de confrontação, de comparação de espelho. Buscam um lugar de expressão e comunicação más além da habilidade e do virtuosismo. Nilo não é um grande bailarino, é tosco, há pouco espaço nas suas articulações. Amalia não é precisamente Paco de Lucia: sabe tocar apenas três acordes na guitarra e tarda alguns segundos em passar de um a outro. Por quê bailar toscamente? Por quê tocar a guitarra com tão poucos recursos? Por quê falar como sábios se o dito não vai a parte nenhuma? Por quê ser mago se a magia não aparece? Os artistas não sabem responder a estas perguntas. Apenas sabem que quando se põem transcendentais têm vontade de rir, e o riso parte-os em dois, em três, em oito ou em treze. O riso é uma cadelita chinesa, que eles perderam ontem à tarde, saindo a passear sozinha como um frade.

Nilo Gallego. Ponferrada, León 1970 Músico, realiza performances nas quais a experimentação com o som é o ponto de partida. Os seus trabalhos têm uma componente lúdica, procurando a participação do outro. Toca bateria, percussão e electrónica. Desenvolveu recentemente vários projetos colectivos como “Laboratório 987” com Chus Domínguez e Silvia Zayas apresentado no MUSAC, Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León em 2013/14. “Emisiones Cacatúa” com Arantxa Martínez, projeto em redor da rádio e coreografia apresentado no Festival In­presentable, Madrid em 2012 e “Orquestina de pigmeos” com Chus Domínguez, Noemí Fidalgo e Raul Alaejos, dedicado à performance site specific. Amalia Fernández. Bailarina, estuda Dança Clássica e Contemporânea no conservatório de Sevilha e na Escuela del Teatro de la Danza de Madrid (INAEM), completando a sua formação com diversos coreógrafos: Francesc Bravo, Debra Greenfield, Carl Paris, Ana Buitrago, Elena Cordoba, Maria José Ribot e Mónica Valenciano. Como artista independente estreou os espetáulos: “Matrioshka” em 2005, “Maya” em 2006, “Shichimi Togarashi” 2007, “Las Perras” 2008, “Kratimosha” 2009, “Souvenir” 2010 e “En Construcción” 2010 e “En Construccion” 2013.


GAZUA

Concerto Punk Rock

13 Os Gazua são um trio de punk rock com João Corrosão na voz e guitarra, Paulo Seixas no baixo e João Teixeira na bateria. As letras são em português e entram sem autorização directamente na nossa consciência colectiva. Com cinco discos editados até ao momento, os Gazua apresentam um estilo interventivo expresso sobretudo nas letras com palavras diretas assentes em temas da contracultura e nos paradoxos do mundo

contemporâneo, em que os riffs de guitarra imprimem um elemento adicional de personalidade da banda (rumando às vezes em direção ao heavy rock ao estilo dos anos 80/90). A irreverência e o risco em experimentar novas sonoridades marcam um trio com gosto de se reinventar, mantendo no entanto bem marcado um estilo próprio forjado por músicos com décadas de estrada.


peixe : avião Concerto indie Rock

14 Nascidos no verão de 2007 na cidade de Braga, os PEIXE : AVIÃO rapidamente conquistaram a atenção da imprensa nacional através de um EP promissor. Desde então a sua carreira tem sido pautada por um crescimento constante suportado pelos álbuns “40.02” (rastilho records, 2008) e “Madrugada” (PAD, 2010). Concertos nos melhores palcos nacionais, louvor da crítica e culto entre os fãs fazem dos PEIXE : AVIÃO um dos valores firmes da nova música portuguesa.


ESCRITA NO CEO Recital Poético-Musical-Astronómico Estíbaliz Espinosa, Patxi Valera e Nacho Muñoz

Uma leitura partilhada de textos sobre o céu, debaixo do céu, com música e som. “Escrita no Ceo”, recital sob o céu constelado, nasce da vontade de colocar em evidência vasos comunicantes entre a literatura e uma ciência elementar e primogénita como é a astronomia. “Escrita no Ceo” são os galegos Patxi Valera (aquófono e percussão), Nacho Muñoz [madamme cell] (piano e sintetizadores) e Estíbaliz Espinosa: voz, textos e traduções. “Escrita no Ceo” tenta apagar os límites entre a ciência e as humanidades aproveitando espaços convencionalmente não literários como planetários, observatórios, noites ao ar livre, compartindo-se textos de diferentes autores, épocas e estilos num âmbito que restitui á espécie humana como parte de algo mais grande. Trata-se Também de evitar a solenidade e o «sentar de cátedra» dos recitais, nos que o personagem principal é o recitador/a. Aqui o protagonismo têm as diferentes ênfases do céu que são brindadas desde a literatura [narrativa e poesia principalmente] assim como o estilo literário da literatura comummente etiquetada como de «divulgação científica».

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TÉLÉPATHIE Performance-Conferência Coletivo somospeces≠

16 Télépathie é um espaço de ensaio para a tomada de decisões e de criação de jogos simbólicos para a vida. Um lugar para a tomada de consciência, desde onde imaginamos, desde onde as nossas múltiplas personalidades e realidades podem tomar forma. Em Télépathie os artistas propiciam una tomada de consciência ativa por parte do público, sobre o que somos todos individualmente e o que determinamos na realidade. O que podemos e devemos pensar, e decidir tanto na esfera individual como naquela comunitária. Télépathie. Reunión Telepática é uma reunião activa, onde o público adquire o lugar de protagonista, no qual que são alteradas as formas de nos relacionarmos e de ver o mundo, graças a uma progressiva tomada de consciência das diferenças entre ver e experimentar. Durante a conferência-performativa Télépathie são trabalhados textos de Henry David Thoreau, histórias pessoais e o passeio como motor, usando-se como método a criação de uma atmosfera ambígua entre a realidade e a ficção, a verdade e a mentira. somospeces≠ são Alfredo Escapa e Marta Alaíz. Alfredo Escapa forma-se em artes vivas com diversos mestres como Oskar Gómez Mata, Espe López, Olga Mesa, Nilo Gallego, Sabine Dahendorf, Andrés Corchero, Martin Chaput, Esperanza Abad, Mª Mar Navarro, Andrés Hernández, Isabel Úbeda Puccini, Mas Soegeng, Arístides Vargas, Alicia Framis e Virginia Villaplana. Trabalhou com Nilo Gallego em Ciegas con Pistola, Fora do tempo, Pequeñas Nadas e Grupo Sanguíneo, com Silvia Zayas em El Mientras del Teatro, com L´Alakran em Psicodrama IV e Optimistic vs Pesimistic, com Costanza Brnic em El Ejercicio de la Fuerza. Com somospeces≠ criou os espectáculos Sabe Mentir la Boca e Las Ostras No Esperan a Nadie en el Fondo del Mar. Com La Tremolina Teatro criou Poesía Viva!!!, Poesía a la Luz de la Claraboya e L.P. Viaje al Corazón del Poeta.


Campanologia Sampedrense Performance Sonora de Luís Costa e Jovens Paroquianos

Os sinos das igrejas e capelas de São Pedro do Sul constituem simultaneamente um elemento disseminado e esquecido do património religioso local. “Campanologia Sampedrense” constitui um espetáculo sonoro em espaço público, da autoria do coordenador da Binaural/Nodar, Luís Costa, que consiste numa composição para toques de sinos de igrejas e capelas da cidade a serem executadas por jovens paroquianos com instruções ligadas à própria tradição sineira local e à percepção sonora da malha urbana da cidade. O projeto inclui um trabalho de campo a ser levado a cabo junto dos vários campanários das igrejas e capelas, no sentido de ser criado um percurso a ser seguido pelo público o qual, tendo semelhanças óbvias com as tradicionais procissões religiosas, pretendendo expandir ao máximo as nuances acústicas da obra na sua articulação com as próprias características do espaço público da cidade.

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“Campanologia Sampedrense” faz parte do ciclo “Campanologias Beirãs”, um projeto que constitui a expansão territorial de “A Cidade de Mateus: Uma Campanologia Viseense”, uma co-produção Binaural/Nodar e Teatro Viriato para o Festival Viseu A… de 2014. Luís Costa é presidente da Binaural/Nodar (São Pedro do Sul). Curador, programador, organizador e artista sonoro/vídeo.


Espaços de Gastronomia e Artesanato Local No centro histórico de São Pedro do Sul, existirá durante o Ocupai! um conjunto de espaços de comércio de doçaria regional e de autor, de artesanato tradicional e contemporâneo, com demostrações ao vivo e possibilidade de contacto directo com produtores e artesãos, promovendo-se assim o que de melhor tem a região de Lafões, particularmente o que é originário das suas aldeias rurais.

Vem Tocar o Que Sabes (Jam Session)

ATIVIDADES adicionais

Guitarra, baixo, concertina, acordeão, cavaquinho, reco-reco, bateria, bombo, ferrinhos, clarinete, saxofone, violino, pratos DJ, instrumentos de brincar, objetos encontrados, materiais orgânicos ou inorgânicos, instrumentos invisíveis (mas cheios de estilo). Vem, não perguntes nada, toca, aprende, interage, olha, ensina, passa um bom bocado. um minuto ou uma hora, tu o decides. Na Rua Direita

Bares de Apoio Durante o Ocupai!, a organização irá dinamizar dois bares de apoio ao festival, um na Antiga Garagem Guedes (Av. António Correia de Oliveira) e outro no Lenteiro do Rio, com todo o tipo de bebidas (águas, refrigerantes, cerveja, capirinhas, bebidas brancas) e alguns petiscos para matar alguma fome nas noites intensas do festival.

Mercado de Usados Na Antiga Garagem Guedes um espaço para todos poderem vender as coisas velhas ou sem uso lá de casa: roupas, pequeno mobiliário, antiguidades, instrumentos musicais, livros, CDs, DVDs, brinquedos, etc. etc. Por 5 Euros diários, poderá finalmente ver-se livre do que está a mais, ao mesmo tempo que pode amealhar uns trocos, tão úteis nos tempos que correm.

O Cantinho do Falador (Speaker’s Corner) Tem uma mensagem de amor, indignação, dúvida ou sugestão sobre a sua terra? Tem um convite a fazer a alguém que queira partilhar com o espaço público? Tem um poema escrito no seu diário que nunca foi lido em voz alta? Tem outros motivos para falar em público no púlpito? O microfone e o púlpito são seus. Só pedimos bons modos, ausência de agressividade verbal e um mínimo de 10 minutos no púlpito para explicar bem ao que vem.

Estabelecimentos Aderentes O Ocupai! é gratuito e de entrada livre em todos os eventos, mas existe uma pulseira que poderá ser adquirida no posto de informações do festival (2 Euros por dia ou 5 Euros para os 3 dias) para se obter desconto de 20% em estabelecimentos aderentes (Hotel do Parque, Parque de Campismo de Vouzela, Pizzaria S. Pedro, Restaurante Estrela da Manhã, Restaurante o Camponês, Padaria Solar da Lapa, Bar Roquivários e Bar Grémio).


localização e Informações i Posto de Informação Antiga Garagem Guedes (em Frente ao Cine-Teatro Jaine Gralheiro) Av. António Correia de Oliveira, São Pedro do Sul Coordenadas Geográficas: 40.760910, -8.063550

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Outros Contactos Tel. +351 232 723 160 Tlm. +351 919 257 865 Email: festivalocupai@gmail.com Web: www.lafoesterradecultura.org Facebook: www.facebook.com/festivalocupai

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5 1, 2, 3 Rua Direita 4 Largo de São Sebastião 5 Cine-Teatro Jaime Gralheiro 6, 7 Antiga Garagem Guedes 8, 12 Sede da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul 9, 10, 11, 13, 14, 15 Lenteiro do Rio 16 Palácio do Marquês de Reriz 17 Igreja Matriz de São Pedro do Sul

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FICHA TÉCNICA E PARCEIROS OCUPAI! - Festival Ibérico de Arte e Ação

OCUPAI! - Festival Ibérico de Arte e Ação

São Pedro do Sul, 31 de Julho a 2 de Agosto de 2015

São Pedro do Sul, 31 de Julho a 2 de Agosto de 2015

Direção Artística: Binaural/Nodar Co-organização: Binaural/Nodar, Município de São Pedro do Sul e Espíritos Inquietos - Grupo de Intervenção Cultural Parceria Artística: Alg-a (Galiza, Espanha)

Parceiros: Termalistur - Termas de S. Pedro do Sul, EM, SA Associação Alg-a (Galiza) Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Pedro do Sul Agrupamento de Escolas de São Pedro do Sul Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de São Pedro do Sul Produções NH Município de Vouzela Município de Oliveira de Frades Rádio Lafões (São Pedro do Sul) VFM (Vouzela) Hotel do Parque (Termas de São Pedro do Sul) Rede Cultural Viseu Dão Lafões

Diretor Artístico e de Programação: Luís Costa (Binaural/Nodar) Equipa de Programação: Nuno Almeida (Espíritos Inquietos) e Susana Rocha (Binaural/Nodar) Responsável pela Produção: Susana Rocha (Binaural/ Nodar) Coordenação da Equipa de Produção Municipal: Carlos Almeida e Pedro Xavier (Município de São Pedro do Sul) Imagem Gráfica: Manuela Barile (fotografias para cartazes) e Luís Costa (desenho gráfico) (Binaural/ Nodar) Relação com Comunidades Locais: Susana Rocha e Nely Ferreira (Binaural/Nodar) A Binaural/Nodar é uma estrutura co-financiada pela Direção Geral das Artes

Agradecimentos: Proprietário do Palácio do Marquês de Reriz Rui Tavares Paróquia de São Pedro do Sul Restaurante Estrela da Manhã



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