Revista digital Ecos da Terra - agosto 2011

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Editorial

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A edição de Ecos da Terra de julho/agosto/2011 traz uma empresa que, apesar de poluir com a construção de carros, pode dar inicio a um processo reverso, quando se preocupa em adaptar seus carros para biodiesel. Usando diesel comum, as emissões de gases de efeito estufa cairiam de 124 g/ km para 90 g/km, ou 28% menos em relação a um modelo sem a propulsão elétrica. Afinal qualquer empresa precisa pensar numa tecnologia para o futuro. Os produtos criados ou industrializados precisam minimizar os malefícios impactantes na agricultura e na alimentação do ser humano, cada vez mais. Outra abordagem da equipe de redação da Ecos da Terra é provocar a investigação e o estudo mais aprofundado pelos seus leitores, sobre o tema da emenda co Código Florestal Brasileiro e o cuidado com as florestas brasileiras. Nossa responsabilidade em usar a internet, meio democrático, para questionar atitudes impensadas de administradores e políticos, que lutam não por ideal e respeito ao povo e à nação, mas a interesses não tão respeitáveis. Na reportagem sobre o que acontece pelo nosso Universo a abordagem da descoberta de água em Marte. Na verdade a revista está recheada de assuntos, interatividade, que farão seu cérebro girar. Aproveite! Silvia Regina Pellegrino Freitas da Rocha | Editora

EXPEDIENTE Reportagem e Edição Silvia R. Pellegrino Freitas da Rocha

Ano 02 - edição 9

Envio de e-mails 150.000

Revisão de Textos Paulo Roberto Freitas da Rocha Programação Visual Eduardo Schubert Jornalista responsável Isabelle Soares

Contato: comercial@boletimcult.com.br Fone: +55 41 35387868

Edição, produção e publicação BOLETIM CULT


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Ă?NDICE

Editorial

Personalidade carlos gomes

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Meio Ambiente

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ECOLOGIA

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Sustentabilidade

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Biodiversidade

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TECNOLOGIA VERDE

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Universo

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Reportagem Especial RECICLAR PELO BEM DO PLANETA

o futuro


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Personalidade

Carlos Gomes

Segundo Gomes, presidente da PSA Peugeot Citröen para o Brasil e América Latina, a meta é ampliar a participação no Brasil. O gestor português, que até meados do mês de julho era o diretorgeral da Fiat França e Espanha, assumiu a liderança da construtora francesa nos mercados da América Latina, substituindo Vicent Rambaud, e torna-se o presidente-executivo do grupo PSA. O mercado de automóvel da América Latina é um dos que deverá crescer mais nos próximos anos, ao passo que o mercado europeu deverá recuar.

“Somos o único grupo a fabricar

duas marcas no Brasil.”


08 A Peugeot Citroën detém atualmente duas fábricas na América do Sul, uma no Brasil e a outra na Argentina. Em conjunto, estas fábricas produzem cerca de 250 mil unidades e têm mais de 7.500 trabalhadores.

Currículo Carlos Gomes trabalha no setor de automóveis desde 1988. Inicialmente trabalhou na Citroën e Renault Portugal, até ter assumido o cargo de responsável pela formação comercial do grupo Renault em Paris. Em 1998 integrou a direção comercial da Fiat em Turim. Atualmente, e depois de ainda ter passado por Portugal e Espanha, o gestor acumulou a direção da Fiat na França e Espanha. O dia de 1º de fevereiro de 2011 marcou uma data especial para a PSA Peugeot Citroën no Brasil. Há exatos dez anos, em 1º de fevereiro de 2001, o grupo francês, o segundo maior construtor de carros da Europa (atrás da Volkswagen), inaugurou o seu primeiro centro de produção no mercado brasileiro, em Porto Real (RJ). Uma década depois os resultados são positivos, apesar da necessidade de ajustes para garantir maior crescimento no futuro. O grupo terminou


2010 com recorde nas vendas e começa 2011 com a perspectiva de ampliar ainda mais sua participação no mercado. “Estamos contentes com a data: nestes dez anos aprendemos a caminhar, estamos implantados no Brasil e o consumidor olha hoje para a PSA de forma querida, mas exigente. E está no direito de esperar muito mais nos próximos anos”, diz o português Carlos Gomes, presidente da PSA Peugeot Citroën para o Brasil e América Latina. Uma das metas do executivo, de 46 anos, é ampliar a participação de mercado da PSA no Brasil para 7,5% em 2015. Essa cota foi de 5,2% em 2010 e deve ficar próxima de 6% em 2011. Para atingir parte do objetivo, estão previstos investimentos de R$ 1,4 bilhão até 2012. A capacidade de produção de veículos em Porto Real, que situa-se em 150 mil unidades por ano, deve aumentar quase 50%, indo para 220 mil carros a partir do ano que vem. Gomes assumiu o cargo em julho de 2010, quando entrou para o grupo PSA, depois de 12 anos na Fiat, empresa em que ocupou a presidência para França, Espanha e Portugal. Bem adaptado ao Rio, onde está a sede da PSA, Gomes prevê que os próximos dez anos serão de grandes desafios para a empresa no mercado brasileiro, marcado por forte concorrência entre as montadoras. Mas ele entende que a PSA tem algo que a diferencia dos concorrentes: “Somos o único grupo a fabricar duas marcas no Brasil.” O ritmo forte de vendas está em alta e continua em 2011. Em janeiro, as vendas cresceram mais de 40% sobre idêntico mês de 2010. A

Personalidade


10 participação de mercado do grupo no mercado brasileiro, em janeiro, chegou a 5,9%, acima do mesmo mês do ano passado e no patamar esperado para o fechamento de 2011. “Este ano queremos nos aproximar de uma participação de mercado de 6% no Brasil”, antecipa Gomes. Essa cota deve ficar em 6,4% na América Latina, onde o grupo também tem operações industriais na Argentina. No total, a PSA tem quatro fábricas entre Brasil e Argentina: duas de veículos e duas de motores. No Brasil, que responde por um pouco menos de 60% das vendas da PSA no mercado latino-americano, o balanço aponta para um saldo positivo. Quando Peugeot e Citroën chegaram ao país, foram reconhecidas como marcas glamourosas, com conceitos que não existiam no mercado, e tiveram êxito fantástico, diz Gomes. E exemplifica: “Quando viu o Peugeot 206, o consumidor disse uau!” Mas no momento seguinte o plano-produto não foi tão ambicioso quanto poderia ter sido. O grupo poderia ter aproveitado a oportunidade de crescer mais rápido em um momento de revitalização do mercado. “Poderíamos ter crescido mais e melhor, mas estamos satisfeitos com o que foi feito e pensamos que os próximos dez anos serão bastante bons para nós.” A PSA Peugeot Citroën vai investir R$ 1,5 milhão na terceira fase de seu programa de testes com biodiesel no Brasil, que desde 2003 vem sendo executado em conjunto com pesquisadores do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel) da USP de Ribeirão Preto (SP). Depois de obter bons resultados nas avaliações com carros de passeio, equipados com motores diesel Euro


3 e 4, agora será a vez de rodar por ruas e estradas brasileiras com motores Euro 5, em cinco veículos (dois Peugeot 408, dois Citroën C4 Pallas e uma van Peugeot Boxer), que serão abastecidos com B30 – mistura de diesel mineral comum com 30% de biodiesel, extraído de dendê, e, pela primeira vez, também da cana-de-açúcar. A PSA tem dois objetivos ao investir em testes com biodiesel no Brasil. Um deles, por enquanto ainda secundário, é se preparar para vender carros de passeio diesel no mercado brasileiro, pois muitos especialistas apostam que a legislação deverá mudar nos próximos anos e permitir o uso do combustível em veículos leves, o que hoje está proibido. “Somos o maior fabricante mundial de motores diesel para automóveis e claro que ofereceremos o produto aqui quando e se isso for possível”, afirma Carlos Gomes, presidente da PSA América Latina. Mas o objetivo maior dos testes aqui é preparar os motores da PSA para usar o biodiesel brasileiro que poderá, nos próximos anos, ser exportado para a Europa, onde está o maior mercado de todos os fabricantes de veículos leves a diesel. Existe essa possibilidade, pois os países europeus têm déficit de fornecimento e desde 2010 a União Europeia obriga, nos países da região, a adição mínima de 10% de biocombustíveis (biodiesel ou etanol) ao diesel e à gasolina. “Todo o mundo atualmente tem déficit de diesel e com isso o bio-

Personalidade


12 diesel ganha relevância internacional para compensar a falta do combustível mineral”, diz Pierre Macaudière, especialista mundial da PSA em pesquisas de química e combustíveis.

Metas apertadas Há cerca de 20 anos a PSA começou a fazer testes com biodiesel na França, onde o B7 está em uso desde 2008. Hoje o fabricante roda com B30 em uma frota cativa de cerca de 1 mil veículos, para testes. Macaudière explica que a maior utilização de biocombustíveis é parte fundamental para o cumprimento das apertadas metas de emissões de CO2 da União Europeia, que até 2015 quer baixar a média atual de 150 gramas por quilômetro para 130 g/km, podendo chegar a 95 g/km em 2020. Para o especialista da PSA, isso só pode ser atingido com o uso mais intensivo de biocombustíveis em conjunto com a eletrificação (ou hibridização) dos veículos. Ele usa o exemplo de um veículo híbrido pequeno, equipado com um motor diesel 1.6 e outro elétrico. Usando diesel comum, as emissões de gases de efeito estufa cairiam de 124 g/km para 90 g/km, ou 28% menos em relação a um modelo sem a propulsão elétrica. Com o “bônus” do B30 no tanque, essa queda seria de 40%, para 74 g/km, pois o CO2 do biodiesel pode ser reabsorvido pelas plantações.


“Dessa forma os biocombustíveis potencializam as vantagens dos progressos tecnológicos em torno das reduções de emissões”, avalia Macaudière.

Métodos diferentes No Brasil a PSA testa o biodiesel obtido por meio de processo químico (transesterificação) que usa o etanol para extrair o biocombustível de diversos tipos de óleos vegetais. Já na Europa é usado o metanol derivado do petróleo para se obter biodiesel de óleo de canola. Embora o processo com metanol seja mais eficiente, a redução de emissões de CO2 é menor com este método. Por isso o B30 brasileiro é considerado bastante promissor. Os testes feitos aqui com biodiesel proveniente de diversas fontes são inéditos no mundo e, de maneira geral, apresentaram resultados melhores do que os da Europa, com emissões mais baixas. Também não foram constatadas alterações no funcionamento dos motores testados. Os testes com biodiesel da PSA no Brasil começaram em 2003. Em abril daquele ano, o então presidente mundial da Grupo PSA, JeanMartin Folz, se encontrou com o presidente Lula no Brasil. Na oca-

Personalidade


14 sião foi proposto que a empresa contribuísse com sua experiência em motores diesel para o Programa Brasileiro de Biodiesel. Meses depois a PSA optou por apoiar o Ladetel, da USP Ribeirão Preto, para fazer os ensaios de campo. Na primeira fase do programa, de 2003 a 2006, foram usados dois veículos: um Peugeot 206 e um Citroën Xsara Picasso. O primeiro era equipado com motor diesel com pré-câmara e o segundo com motor a diesel common rail de injeção direta (HDi). Foi usado B30 com biodiesel de soja em testes que somaram 200 mil km rodados, sem apresentar problemas mecânicos e com significativas reduções de emissões de partículas, hidrocarbonetos (HC) e monóxido de carbono (CO). A segunda fase, de 2006 a 2010, foi feita com seis veículos produzidos pela PSA no Brasil e na Argentina (um Citroën Xsara Picasso, um Peugeot 206, dois Peugeot Partner e dois Citroën Berlingo), todos equipados com motor 1.6 HDI Euro 4. A novidade desta vez foi o uso de biodiesel extraído de outras oleaginosas além da soja, como mamona e dendê. Foram rodados cerca de 500 mil km por ruas e estradas brasileiras, também com bons resultados.


Na média das fases 1 e 2 do programa, as emissões de partículas foram reduzidas em 23% nos testes no Brasil, contra 19% na Europa. As reduções de CO foram idênticas: 11% tanto aqui quanto lá. Por outro lado, houve pequeno aumento de HC (4% aqui contra 3% na França). Já a poluição por óxido de nitrogênio (NOx), que subiu 8% nos testes europeus, aqui teve elevação menor, de 5%. Segundo Macaudière, a PSA já testa o uso de novo conjunto de pós-tratamento de gases para diminuir as emissões de NOx e HC, que aumentam com o uso de biodiesel devido a processos químicos decorrentes da mistura com o diesel mineral no motor. Nesta terceira fase do programa, que irá até 2013, os quatro sedãs escalados para os testes (dois 408 e dois C4 Pallas) vão usar o B30 em motores 1.6 HDI Euro 5 de 110 cv. Dois deles têm filtro de partículas FAP, que pela primeira vez será testado com biodiesel. Já o furgão Boxer usará motor 2.3 HDI Euro 5 e será o primeiro comercial leve de porte médio a integrar o programa no Brasil.

Personalidade


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Meio Ambiente

Desmatamento na Amazônia legal A um mês da finalização dos cálculos do desmatamento na Amazônia Legal, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já demonstra indícios de que a área desmatada em 2011 será superior a de 2010.


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O

aumento das áreas desmatadas chegou a 35%, mesmo assim, Mauro Pires, diretor de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, deixa as especulações de aumentos de lado e prefere acreditar que os números atuais serão equivalentes ou bastante próximos dos registros de 2009 e 2010. O projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011) ainda está, em agosto de 2011, na fase inicial de tramitação no Senado, mas o texto já recebeu três emendas, sendo duas do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e uma de Acir Gurgacz (PDT-RO). O senador pelo Pará quer reduzir para 15 metros a largura mínima para a Área de Preservação Permanente (APP) ao longo de rios com mais de cinco metros de largura que cruzam as cidades. Ele também fixa em 15 metros a faixa mínima de vegetação para o entorno de lagos e lagoas naturais em zona urbana. O projeto em análise no Senado fixa, para áreas rurais e urbanas, 30 metros para APPs na margem de rios com até 10 metros de largura e segue ampliando as faixas para


rios mais largos, chegando a 500 metros de área vegetada para rios acima de 600 metros de largura. Flexa Ribeiro argumenta que as faixas de preservação previstas no projeto são adequadas para as áreas rurais, mas inviáveis para o meio urbano. Ele considera que, na Amazônia, a adoção das dimensões de APPs previstas no PLC 30/2011 afetaria seriamente diversos municípios da região. - Não se pode esquecer que nossas estradas são nossos rios. E nossos rios em geral são largos. Exigir uma grande faixa de vegetação vai resultar em sérios problemas para as cidades, que tem áreas já consolidadas há muitos anos - disse. O parlamentar considera que não haverá riscos à população em se fixar em 15 metros as APPs urbanas, uma vez que as cidades poderão lançar mão de soluções de engenharia para evitar enchentes ou outros problemas causados pelo excesso de chuvas. Ele também afirma que sua emenda segue determinações previstas na Lei de Parcelamento de Solo Urbano (Lei 6.766/1979). Apesar disso e mesmo com a criação do Gabinete de Crise, com o intuito de conter o desmatamento em áreas onde ele estava fora de controle. No entanto, o que se viu nos últimos meses foi uma importante contribuição do Meio Ambiente


20Emenda ao código florestal Essa emenda sinaliza permissão para mais desmate Estado brasileiro no aumento das áreas devastadas, por conta de obras na região amazônica, entre elas a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Mesmo que apenas uma árvore tenha sido arrancada em julho, o número já seria suficiente para elevar os índices e acabar com a constante queda no desmatamento que o Brasil vem demonstrando nos últimos anos. Assim, o país também pode ser prejudicado em outros fatores, como a redução nas emissões dos gases de efeito estufa, já que o corte das árvores contribui muito para o aumento dos níveis de poluidores. Segundo Izabella Teixeira, a Emenda 164, incorporada ao projeto do novo código durante a tramitação na Câmara, precisa ser retirada do texto. “É possível ter supressão de vegetação, o texto do código prevê isso. Mas não concordo e acho inaceitável que existam propriedades licenciadas produzindo e que pratiquem desmatamento ilegal”, disse a ministra do Meio Ambiente. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou no Senado que o texto da Emenda 164, incorporada ao projeto de lei do novo Código Florestal durante a tramitação na Câmara dos Deputados, sinaliza a abertura para novos desmatamentos e precisa ser retirada do texto. Izabella ressaltou que a discussão em torno do novo código não deve


ficar restrita ao conflito entre ambientalistas e agricultores. “Se lermos o texto [da emenda], ele sinaliza a abertura para novos des-

matamentos”, destacou. “É possível ter supressão de vegetação, o texto do código prevê isso. Mas não concordo e acho inaceitável que existam propriedade licenciadas produzindo e que pratiquem desmatamento ilegal”, argumentou a ministra. A Emenda 164 permite a consolidação de plantações e pastos em

Meio Ambiente


22 áreas de preservação permanente (APPs) e em reservas legais feitas até junho de 2008, até que o governo estabeleça o que não poderá ser mantido nessas áreas. O dispositivo também prevê que os estados poderão legislar sobre políticas ambientais, juntamente com a União. O debate sobre o novo Código Florestal no Senado transcorreu em clima de cordialidade, diferentemente do que ocorreu na Câmara. A votação do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) causou desgaste na relação do governo Dilma Rousseff com o Congresso. Em praticamente cinco horas de debate, Izabella Teixeira respondeu a todas as perguntas feitas pelos senadores. A ministra disse que nenhum país pode renunciar ao desenvolvimento, contudo, o desenvolvimento deve ser construído com sustentabilidade. “Podemos fazer uso das nossas áreas protegidas dentro de uma visão de turismo sustentável. Mas temos que colocar essa discussão em outro patamar. Discutir como visão estratégica, como evitar queimadas, por exemplo.” Izabella Teixeira ressaltou a importância da área ambiental para o país e enfatizou que os ambientalistas não são contra o desenvolvimento. “Temos que fazer do Código Florestal uma legislação moderna sem conflito. Temos que acabar com essa falsa dicotomia [de ambientalistas contra agricultores] e não podemos perder mais tempo com isso”, argumentou.


Meio Ambiente


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ECOLOGIA

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Ecologia

Ecologia Emocional Por MEIRE MOREIRA Autora do Coluna “DECIFRA-ME!” no ZWELA ANGOLA

A ECOLOGIA EMOCIONAL É UM PASSO A MAIS PARA A INTELIGÊNCIA ECOMOCIONAL


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A

O movimento que propõe a Ecologia Emocional como um princípio saudável em nossas vidas nasceu na Espanha, sendo um conceito terapêutico que busca harmonizar nossas vivências e relacionamentos; Criado pelos psicólogos Jaime Soler e Mercé Conangla, ele faz um paralelo entre o que conhecemos por ecologia e as emoções;

Noções como reciclagem, descarte de inutilidades e sustentabilidade aparecem como norteadores das nossas atitudes e, assim como visamos eliminar maus hábitos de consumo , a ecologia emocional propõe uma revisão nos nossos relacionamentos; No Brasil, a precursora do movimento é a psicóloga mineira Arleime Fogaça, que há dez anos trabalha com a psicologia transpessoal, que motiva o reconhecimento e a reciclagem de emoções e relacionamentos;



28 De acordo com essa terapia, pessoas podem ser tóxicas em um ambiente e envenenar outras pessoas com suas falas e atitudes nem sempre pensadas; As relações mais afetadas por este tipo de comportamento são as profissionais e as consequências para quem sofre os ataques das pessoas tóxicas se somatizam em doenças nervosas e gastrointestinais; Relacionamentos familiares e amorosos podem ocultar vestígios desse problema e às vezes é necessário que medidas drásticas sejam tomadas. Os psicólogos chamam de lixo emocional tudo aquilo que fica represado dentro da pessoa, como sentimentos de raiva, culpa ou arrependimento; O impacto ambiental gerado é semelhante ao que a natureza sofre: sua infelicidade provoca impactos nas pessoas ao redor e contaminam qualquer ambiente. Ao contrário da natureza, o tempo de decomposição das negatividades geradas por ela não tem prazo determinado. Um mal estar permanece como herança afetiva. MEIRE MOREIRA é Jornalista, Escritora, Fotógrafa e Violinista, Brasileira. Ela utiliza a palavra como meio de tornar o conhecimento um bem comum. Seu mais recente livro é “A TONGA DA MIRONGA DO KABULETÊ- PERFIL BIOGRÁFICO DO EX- PREFEITO ZÉ LOUQUINHO”. Ela é a autora do Coluna “DECIFRA-ME!” no ZWELA ANGOLA.


Ecologia


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SUSTENTA


ABILIDADE


Sustentabilidade 34

Reino Unido

comercializa garrafas de papel

U

m balão de papel machê inspirou o inglês Martin Myerscough a criar garrafas de leite feitas de papel. O investimento foi eficaz e hoje a empresa fornece o material para 15 lojas.

A empresa GreenBottle nasceu a partir da necessidade de criar uma alternativa para as embalagens de plástico para leite. Myerscough, o fundador, pesquisou e teve acesso às estatísticas sobre garrafas de plástico, que, segundo ele, eram “simplesmente horríveis”. Na ocasião, em 2006, Myerscough chegou a conclusão que algo Das embalagens de leite vendidas no poderia ser feito, só Reino Unido, 90% são feitas a partir do que ele ainda não sapetróleo. bia exatamente o que. A ideia surgiu quando seu filho chegou em sua casa com um balão de papel machê da escola. Assim, ele criou a GreenBottle (garrafa verde em inglês). Ela tem um revestimento plástico interno, que mantém o líquido protegido. Externamente a embalagem é feita de papel reciclado. O invólucro de papel pode ser reciclado até cinco vezes ou eliminado em uma pilha de compostagem.


Das embalagens de leite vendidas no Reino Unido, 90% são feitas a partir do petróleo. São usadas mais de 15 milhões de garrafas de plástico com leite diariamente no país, onde a maioria dos resíduos tem como destino o aterro sanitário. As comuns levam cerca de 500 anos para se decompor e só podem ser recicladas uma vez, já a garrafa de papel se decompõe em aproximadamente 35 dias. A GreenBottle foi desenvolvida para ser facilmente separada e levada para a reciclagem. São apenas três passos: rasgar o papel, retirar o plástico do leite e descartá-los em uma coleta seletiva. A empresa recebeu o financiamento de 4,5 milhões de libras de investidores privados. Agora está desenvolvendo uma alternativa “verde” para que as garrafas de detergente e xampu também sejam ecológicas. Em 2007 a GreenBottle ganhou o Prêmio Verde pela “criatividade sustentável”. O produto já é comercializado em uma conhecida rede de supermercados do Reino Unido.

A ideia surgiu quando o filho chegou em casa com um balão de papel maché da escola. Sustentabilidade


Sustentabilidade 36

Jardim Vertical em museu

é atração em Madrid

O

mais novo museu em Madrid, o CaixaForum, tem um jardim vertical em uma das paredes exteriores. Projetado pelos arquitetos suíços Herzog & Meuron, há 15 mil plantas de mais de 250 espécies diferentes que cobrem uma parede de 460 m2 de uma antiga estação de energia de 1899. Eles conseguiram obter um “encontro muito incomum entre o áspero e o natural” com um alto contraste entre o edifício restaurado, que utiliza estruturas metálicas enferrujadas, e belas plantas verdes, incorporando-o à natureza. A vegetação não precisa de terra, apenas água, sais minerais, luz e dióxido de carbono para sobreviver.



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O CaixaForum é um centro sócio-cultural inaugurado no coração de Madrid, em fevereiro de 2008, e serve como museu, auditório, galeria de arte, livraria e restaurante. O criador do jardim é o botânico francês Patrick Blanc, conhecido por seu trabalho na França, Quai Branley Office Wing - seu primeiro jardim vertical - e é esperado para instalar o próximo na China ou provavelmente no Reino Unido. Na verdade, ele



40 disse que tais projetos podem ser criados em qualquer lugar, mesmo em espaços difíceis, onde você não esperaria encontrar nada verde. Sua experiência vem de estudos relacionados a florestas tropicais. Os jardins verticais de Blanc mostram que a fauna incorporada com a arquitetura pode ser tanto funcional quanto oferecer uma bela paisagem. O sistema consiste em uma camada de PVC juntamente com feltro e uma armação de metal. Nenhum solo é necessário para a sobrevivência das plantas, o que é uma característica surpreendente. Há inúmeras vantagens em um jardim vertical, incluindo a melhora na qualidade do ar, redução de ilhas de calor, isolamento acústico e diminuição da insolação. Ele pode ser instalado em paredes interiores ou exteriores. Se todos os edifícios em Nova York fossem cobertos por estas vegetações, não haveria tanta poluição. Como um protetor do clima e isolante, as paredes verdes provavelmente podem suportar ventos fortes e luz UV extrema, o que as torna adequadas para regiões com padrões climáticos rígidos. Hoje a invenção de Blanc pode ser vista em cidades de todo o mundo: Paris, Bruxelas, Nova York, Osaka, Bangkok, Nova Delhi e Gênova, para citar apenas alguns. A Espanha vem se esmerando em construir jardins verticais. É uma


Sustentabilidade


42 forma de aproveitar espaços nas cidades para colocar o verde à vista dos habitantes. A biblioteca infantil San Vincent Del Raspeig, no leste da Espanha, é outro exemplo de que o verde está ganhando espaço na cidade de Madri. Tem-se nesse local um novo jardim vertical. A estrutura fica entre a biblioteca e um edifício residencial vizinho. O projeto possui seis andares e foi desenvolvido pelo arquiteto José Maria Chofre. A construção está firmada em uma estrutura de metal e o sistema de plantio foi planejado, utilizando recipientes quadrados preenchidos com feltro. O jardim fica grudado entre duas grades de metal, uma exterior e outra interior.


Os corredores, localizados na parte traseira, permitem o acesso à área verde, para que seja feita a substituição das espécies. Este trabalho também pode ser feito através de um andaime, instalado na parte da frente do jardim. Diferentes espécies formam a vegetação suspensa: florais e herbáceas de pequeno porte foram usadas na parte superior e heras e samambaias foram usadas nos fundos do pátio, formado entre o jardim e a biblioteca. O jardim vertical foi uma ótima solução urbana, que deu uma nova praça à cidade. A fachada externa verde é um jeito diferente de revitalizar edifícios e combater as ilhas de calor urbano.

Sustentabilidade


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BIODIVERSIDADE


Biodiversidade

Camada de gelo do ártico se aproxima do mínimo recorde O Ártico: camada de gelo pode chegar ao menor nível . A camada de gelo polar no Ártico se aproxima do nível mínimo recorde de 2007 e, em algumas áreas, é 50% menor do que a média, informou a agência de monitoramento ambiental russa. “De acordo com os resultados das observações, a camada de gelo do Ártico está próxima do mínimo observado em 2007 na região polar”, indicou a agência Roshydromet. A camada de gelo cobria uma área de 6,8 bilhões de quilômetros quadrados. Ela está menor do que o normal em todos os Biodiversidade


46 mares russos, segundo a agência. “Para setembro, podemos esperar condições de navegação muito fáceis na rota do Mar do Norte”, previu a agência. A Rússia fez do desenvolvimento da região do Ártico uma prioridade estratégica e espera aumentar a importância comercial da rota do Mar do Norte. O derretimento da camada de gelo - causado pelas mudanças climáticas, segundo especialistas - tornou a rota ao longo da costa do Ártico mais acessível.



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TECNOLOGIA VERDE


Tecnologia Verde

Carregador para IPHONE utiliza energia cinética de bicicleta

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m novo conceito de carregador sustentável para iPhone foi criado, especialmente, para ciclistas. O gadget SpinPOWER 14 utiliza a força da energia cinética, transformada em eletricidade para carregar a bateria do celular. Hoje os aparelhos telefônicos têm diversas utilidades: gravar vídeos, fotografar, mp3 player, GPS, internet e outras funções. O iPhone, por exemplo, tem tantos aplicativos que, se usados por muito tempo, a bateria se esgota rapidamente. O problema é que a diversão que tais celulares proporcionam custa caro para o meio ambiente, pois muita energia é gasta para mantê-los em funcionamento. O SpinPOWER 14 foi criado para amenizar este problema. Ele aproveita a energia das pedaladas da bike para recarregar o aparelho. O dispositivo vem com um dínamo, que converte energia mecânica em eléTecnologia Verde


50 trica. Assim, mesmo quem pedala devagar pode usar o produto. O dispositivo vem com um dínamo, que converte energia mecânica em elétrica. Assim, mesmo quem pedala devagar pode usar o produto.O aparelho é comercializado em forma de kit. Todos os suportes necessários de montagem são instalados na roda da bicicleta, sendo que um cabo leva a energia até o recarregador. A fonte de energia cinética da bicicleta para carregar o celular é uma ótima ideia, pois traz, ao mesmo tempo, benefício sustentável e financeiro.Ele é comercializado pelo site de vendas Amazon por US$ 79,99. O ponto falho é ele ter sido projetado especificamente para iPhone 4.


Tecnologia Verde

Eike inaugura primeira usina solar comercial do paĂ­s Empreendimento da MPX fica no CearĂĄ e tem capacidade inicial de gerar energia para abastecer 1,5 mil famĂ­lias.


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O

Ceará ganhou no dia 4 de agosto a primeira usina solar em escala comercial do país. O empreendimento da MPX, empresa do grupo EBX, de Eike Batista, foi inaugurado no município de Tauá, com capacidade de geração inicial de 1MW, energia suficiente para abastecer 1,5 mil familias. A planta recebeu investimentos de cerca de R$10 milhões. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apoiou a iniciativa inédita no país com aporte de R$ 1,2 milhão. Inicialmente, a usina ocupa uma área de 12 mil metros quadrados e conta com 4.680 painéis fotovoltaicos, que absorvem a luz do sol para transformação em energia elétrica. O projeto da usina prevê expansão de potencial até 50 MW, o que exigirá a inclusão de mais 234 mil painéis solares. Atualmente, a planta já possui autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e licença da Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace) para expandir sua capacidade até 5 MW. Segundo a MPX, a cidade de Tauá foi escolhida por seus ótimos índices de radiação solar ao longo de todo o ano, por se destacar em infraestrutura e também por projetos pioneiros como o Cidade Digital, que oferece à população amplo acesso à internet.



Tecnologia Verde 54

As 5 marcas globais mais verdes em 2011


Ranking elaborado pela consultoria Interbrand avalia as empresas mais sustentåveis, segundo o desempenho ambiental e a percepção dos consumidores


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e acordo com o relatório Interbrand, a chave para a performance ambiental da Toyota está na tecnologia híbrida, desenvolvida para seus carros.

A preocupação das empresas com a sustentabilidade aumenta a cada ano, estimulada, em parte, por uma crescente demanda social e, em parte, por exigências de mercado. Todos estão de olho. E para se destacar, não basta “agir verde”, é preciso divulgar as ações ambientais. O levantamento “Best Global Green Brands” da consultoria Interbrand, referência mundial em gestão de marca, aponta as companhias líderes não só na implementação de práticas sustentáveis, mas também na capacidade de comunicar eficazmente seus esforços para os consumidores. O estudo combina a percepção pública dos consumidores com a performance ambiental demonstrada a partir de informações e dados disponíveis para o mercado. Confira a seguir as 5 primeiras colocadas no ranking.

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{

Toyota A fabricante de carros japonesa lidera a lista de marcas mais sustentáveis, posição alcançada graças à associação de bom desempenho ambiental e alta percepção por parte dos consumidores – em grande medida, devido ao seu híbrido Prius. Lançado em 1997, o carro que se tornou sinônimo de veículo ecológico já está em sua terceira geração e é líder de vendas no Japão.


Na avaliação da Interbrand, para além do carro verde, a sustentabilidade ambiental está profundamente enraizada na marca e tem sido uma prioridade de gestão desde 1992, quando a empresa adotou a “Toyota Carta da Terra”, que resultou em melhorias no uso de energia, consumo de água, redução da geração de resíduos tóxicos e das emissões de gases efeito estufa.

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{

3M Segunda colocada na lista, a 3M implementou suas primeiras políticas verdes há 35 anos. De lá pra cá, de acordo com a consultoria, a empresa tem sido bem sucedida na pesquisa e no desenvolvimento de materiais renováveis como substitutos para polímeros à base de petróleo. A Interbrand destaca como positivo o fato do conglomerado multinacional conseguir reconhecimento por seu desempenho ambiental e gestão de energia - incluindo o prêmio “Energy Star Award Excellence”, concedido pela Agência Americana de Proteção ao Meio Ambiente(EPA) e pela Departamento Americano de Energia.

Tecnologia Verde


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Siemens O terceiro lugar no ranking de marcas mais verdes é ocupado pela multinacional da telecomunicação Siemens. Segundo a Interbrand, o destaque de desempenho ambiental da empresa alemã vai para o seu programa de eficiência energética, o Green Buildings, que chega a economizar 23 mil MW anualmente. Com esse sistema, as sedes da empresa na Europa deixam de gastar até 1,86 milhões de dólares.

Johnson & Johnson Líder mundial em produtos de limpeza e higiene, a Johnson & Johnson ocupa o quarto lugar no ranking de marcas mais verdes da Interbrand. De acordo com a consultoria, desde 1990 a empresa tem objetivos ambientais definidos e a cada cinco anos renova suas metas. Em algumas áreas, como redução de emissões de CO2, os resultados são superados, diz o relatório. Além disso, a empresa pertence a uma série de coalizões corporativas dedicadas à gestão ambiental. Segundo a consultoria, a percepção das ações ambientais da marca pelos consumidores contribui para colocar a Johnson & Johnson entre as cinco marcas mais verdes.


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HP Como empresa de tecnologia de ponta com soluções que vão desde centros de dados à computadores pessoais, a HP tem muitas oportunidades no campo da sustentabilidade - bem como desafios. A empresa tem se esforçado em desenvolver tecnologias e produtos mais eficientes em energia. Segundo a Interbrand, depois de ser alvejada pelo Greenpeace em 2009, a marca também tem feito progressos na eliminação de substâncias tóxicas e, no geral, apresenta um bom desempenho em termos de sustentabilidade ambiental, mas ainda precisa divulgar melhor suas ações.

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Cartoon estreia “Gisele e a Equipe Verde” Estrelada pela supermodelo brasileira, série traz time que trabalha para combater crimes ambientais

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m um bloco especial do Movimento Cartoon, o Cartoon Network estreará, no dia 4 de setembro, “Gisele e a Equipe Verde”, série animada de 26 curtas, com duração de cerca de 4 minutos cada, que aborda a questão ambiental. Estrelada pela supermodelo brasileira de renome mundial, Gisele Bündchen, a série traz um time de supergarotas que trabalham juntas para combater crimes ambientais. Gisele sempre foi apaixonada pela natureza e há anos vem apoiando diversas causas socioambientais, tanto que seu esforço foi reconhecido pela ONU, que a nomeou Embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Os três primeiros curtas do desenho serão exibidos dentro de um


especial do Movimento Cartoon, que terá duas horas de duração, sendo exibido das 8h30 às 10h30 no dia 4 de setembro. Usualmente, o bloco regular possui meia hora de programação dedicada ao meio ambiente e outros temas pró-sociais. A partir de 11 de setembro, será exibido um episódio a cada domingo, às 8h30, com reapresentação no bloco Girl Power, que vai ao ar todas as quartas, às 18h.

Clique aqui para ver o vídeo

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Cientistas encontram marcas de corrente de água em Marte Pesquisa suíça-americana, realizada em parceria com a NASA, mostra conclusão do estudo que encontrou evidências da possibilidade de ter existido água líquida em Marte.


Os resultados foram publicados na revista Science e as imagens, obtidas para analisar os resquícios da suposta água, foram obtidas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter. Com as imagens, é possível identificar as manchas escuras que se prolongam por alguns metros de altura, as quais seriam as marcas da água que passou por ali.


66 Nasa teria descoberto água salgada em Marte

A sonda responsável pelo reconhecimento das imagens é usada especificamente para encontrar água no planeta. O local onde as manchas foram encontradas é onde os raios de Sol conseguem bater durante a estação do verão. Ao mesmo tempo, as manchas desaparecem quando chega o inverno em Marte. Segundo a Nasa, o registro mostra manchas escuras que aparentemente se estendem para baixo pelas encostas durante a passagem da primavera para o verão na região observada, diminuem no inverno e voltam a se espalhar na primavera. O ciclo sugere que a água se congela na estação mais fria e entra em estado líquido com o calor. “A melhor explicação para essas observações é o fluxo de água salgada”, diz Alfred McEwen, da Universidade do Arizona, autor do artigo que explica o registro e que será publicado na revista especializada Science. De acordo com especialistas da Nasa, a água possuiria uma quantidade tão grande de sal que seria extremamente espessa.


A agência ainda não afirma que a descoberta seja, realmente, água, mas os indícios indicam que sim. A partir de agora, esse novo achado ajudará a planejar as missões futuras no planeta vermelho, com o objetivo de confirmar a presença do líquido. Mas a Nasa informa que o Curiosity, próximo robô andarilho a ser enviado a Marte, não poderá ajudar muito nesse sentido, já que seu local de pouso é muito longe do local das descobertas e ele não poderá se deslocar até lá.

“A melhor explicação para essas observações é o fluxo de água salgada”, diz Alfred McEwen, da Universidade do Arizona.

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Programa espacial As grandes etapas do programa espacial americano

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oncebido nos anos 1970 como veículo espacial econômico para alcançar a órbita terrestre, a nave espacial dos Estados Unidos, que combina as características de um ônibus e de um caminhão, enfrentou altos e baixos desde o seu primeiro voo, há três décadas. O ônibus espacial nasceu em 1972, com a decisão do presidente Richard Nixon de lançar o programa. O primeiro voo orbital, o da Columbia, ocorreu em 12 de abril de 1981, com apenas dois astronautas a bordo. O voo número 25 foi dramático: em 28 de janeiro de


1986, a nave Challenger explodiu diante das câmeras de televisão 73 segundos depois de decolar. Os sete membros da tripulação morreram, entre eles Christa McAuliffe, 37 anos, que se tornaria a primeira professora a voar para o espaço. A nave permaneceu paralisada durante quase três anos e reiniciou suas expedições em setembro de 1988 com o voo do Discovery. Um dos pontos culminantes da história da nave espacial ocorreu em 1990, quando o Discovery decolou com o primeiro telescópio espacial, o Hubble, que revolucionou a história da astronomia. O piloto da nave era Charles Bolden, atual diretor da Nasa e primeiro negro a ocupar esse cargo. No final de dezembro de 1993, o Endeavour efetuou a primeira missão de manutenção do telescópio, com o objetivo de corrigir um defeito de concavidade, apresentado pelo Hubble em um espelho, de fato inutilizável. A nave efetuaria outras quatro missões de manutenção do telescópio, a última delas em 2009. O voo do Discovery, em fevereiro de 1995, marcou o início de uma estreita colaboração espacial entre Rússia e Estados Unidos. O orbitador transportou então um cosmonauta russo e chegou a se aproximar bastante da estação russa MIR, que tinha sido voluntariamente desorbitada, com o objetivo de realizar sua destruição em 2001.

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70 Três meses mais tarde, o Atlantis realizou a primeira de nove missões à MIR, incluindo nesse voo quatro russos e um americano. A construção da Estação Espacial Internacional (ISS) em 1998, cujo primeiro módulo Zarya (russo) foi colocado em órbita por um foguete russo Próton em novembro daquele ano, implicou na missão mais importante da nave americana. Os lançamentos de naves já eram comuns, mas em 1 de fevereiro de 2003 ocorreu uma nova catástrofe: o Columbia desintegrou-se ao retornar à atmosfera, e seus sete tripulantes morreram. Não haveria mais voos durante dois anos e meio. Uma comissão de investigação designada para analisar as causas do acidente criticou a Nasa e formulou drásticas recomendações para melhorar as condições de segurança. Mas em julho de 2005, em seu primeiro voo depois da paralisação do programa, o Discovery perdeu um fragmento de grandes dimensões de espuma isolante no momento do lançamento, sem chegar a danificar o escudo térmico do orbitador. Esse mesmo problema esteve na origem do acidente do Columbia.


As naves permaneceriam novamente nos hangares durante um ano. Depois de novas medidas para dar segurança máxima à tripulação, em 4 de julho de 2006 os voos foram retomados, com um Discovery reformado. A decolagem da Atlantis na sextafeira, 8 de julho, marcou o último passeio espacial desse tipo de aparelho. No total, 385 pessoas de 16 países, na maioria americanos, terão voado em uma nave espacial. Foram construídas seis naves, apesar de a primeira, Enterprise, não ter passado do estágio de protótipo. Discovery, Endeavour e Atlantis são as três sobreviventes daquela frota.

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O sol visto bem de perto Cinco sondas perscrutam de forma detectivesca o nosso Sol, procurando descortinar os seus complexos segredos. Manchas solares que surgem de forma intensa a cada onze anos, campos magnéticos irrequietos, explosões gigantescas de energia e um vento solar cheio de partículas eletricamente carregadas. Eis como todos eles conspiram para fazer do Sistema Solar o lugar que tão bem conhecemos.


Estrelas como o Sol são mais do que dantescas bolas de fogo, que tentam aquecer o vasto e frio Universo. Estes astros luminosos são, igualmente, fábricas de matéria, que vão criar muitos dos elementos da Tabela Periódica, como o carbono e o oxigénio (gerados pela fusão nuclear das estrelas), ou o ouro e urânio (gerados pela explosão de estrelas quando estas morrem – as supernovas). Muitos dos átomos que são depois criados vão estar na origem dos planetas e de todas as criaturas vivas que conhecemos - inclusive nós, os humanos. Daí que, e parafraseando Carl Sagan, se diga que todos somos feitos do pó das estrelas. No que se refere àintensa luz (melhor dizendo, à radiação eletromagnética) que banha a nosso rosto todos os dias, ela tem origem numa das maravilhas mecânicas que estão ao dispor das estrelas: a já mencionada fusão nuclear. Isto só é possível devido ao fato de o Sol se assemelhar a uma colossal fornalha, com o seu núcleo atingindo temperaturas próximas dos impressionantes 15 milhões de graus Celsius. Consegue imaginar o que seria ter um forno destes em casa? A mais básica e vulgar de todas as fusões é a união entre núcleos atômicos de hidrogénio (o átomo mais leve e simples que a Natureza criou), os quais vão dar origem aos átomos de hélio, libertando neste processo uma quantidade de energia considerável que vai dar origem às partículas de luz (os fotões) que conhecemos. Eis, então, como em apenas um segundo (!) cerca de quatro milhões de toneladas de matéria são transformados em luz. Só para se ter uma melhor noção daquilo de que o Sol é capaz, fique sabendo que nesse simples segundo ele emite mais energia do que aquela que a humanidade gerou desde os seus primórdios.

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Temporada de Descobrimentos...

Ligado a todos estes intricados processos, encontra-se o surgimento de manchas escuras na superfície do Sol – as badaladas manchas solares. Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, elas não são um sinal de que a estrela se encontra “doente”, antes pelo contrário. Este fenômeno segue um ciclo de aproximadamente onze anos, período esse em que o Sol atravessa picos de alta e baixa atividade eletromagnética, correspondentes aos períodos em que, respectivamente, surgem mais ou menos manchas solares. Essencialmente, uma mancha solar é uma região do Sol que aparenta ser escura, porque é mais fria do que a superfície que a rodeia. Ou seja, é uma zona onde se verifica uma diminuição da temperatura e da pressão da massa de gás, relativamente ao resto da superfície. Fato curioso é que estes fenômenos estão intimamente ligados aos irrequietos campos magnéticos da nossa estrela, pois são eles que vão inibir o transporte dos gases mais quentes (e mais luminosos) até à superfície.


Outro fenómeno que os cientistas têm seriamente em conta, na altura dos estudos sobre o Sol, são as gigantescas erupções solares, e aqui devemos apontar o dedo, novamente, aos suspeitos do costume: os campos magnéticos. E por que? Pois bem, quando uma quantidade gigantesca de energia, que está armazenada nos campos magnéticos que estão por cima das manchas solares, explode, liberta-se todo um conjunto de energia (radiação eletromagnética) que vai desde as ondas rádio até aos raios X e aos raios Gama. E assim se produzem enormes “ondas” carregadas de energia, tão grandes em tamanho que seriam capazes de engolir planetas como Júpiter.

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76 Além do mais, ainda há que contar com o vento solar, uma emissão contínua de partículas eletricamente carregadas, que provêem do Sol e que se espalham pelos confins do Sistema Solar.

Cinco “terráqueos” em torno do Sol

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...quando uma quantidade gigantesca de energia, que está armazenada nos campos magnéticos que estão por cima das manchas solares, explode, liberta-se todo um conjunto de energias. Mas o que tem tudo isto a ver conosco, que estamos neste canto sossegado do Universo, que é o planeta Terra? A verdade incontornável é que ao conhecer melhor a estrela do Sistema Solar e o seu famoso ciclo de atividade, poderemos saber até que ponto ele poderá influir nas alterações climáticas do nosso planeta. Juntem-se, ainda, as já mencionadas erupções solares e os ventos solares, que poderão ter grandes impactos (negativos) nos nossos sistemas de telecomunicações e na rede elétrica. Ao lançar-se alguma “luz” sobre o complexo funcionamento do Sol, ficamos também mais perto de compreender o funcionamento da atmosfera e da magnetosfera terrestres, e de nos prepararmos para quaisquer consequências negativas que dela podem provir. Eis, então, porque é tão importante enviar sondas para estudar o astro-rei. Neste momento, destacam-se cinco

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78 sondas que tentam estudar ao pormenor o Sol, em busca de desvendar os seus segredos. A quantidade fenomenal de dados, imagens e vídeos, que estas sondas captaram e enviaram para a Terra são impressionantes e fora do comum. Pela primeira vez na história, a humanidade consegue olhar bem de perto para toda a complexidade que se tece no interior e na superfície Sol. Felizmente, para os mais curiosos, ainda falta muito por saber!


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REPORTAGEM ESPECIAL


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Reciclar pelo bem do Planeta TRANSFORME LATAS EM LUMINÁRIAS

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uitos alimentos consumidos diariamente vêm armazenados em latas, que após o uso vão para as lixeiras ou para a reciclagem. Porém, existem muitas opções de artesanato para esse material, uma delas é a fabricação de luminárias.


84 A técnica é simples e o resultado é único, já que varia de acordo com a criatividade de cada pessoa. Os materiais necessários são: lata (qualquer tamanho); martelo; prego; toalha; jornal; arame; alicate; água e tinta spray.

Como fazer: O primeiro passo é o segredo para que a luminária fique bonita, para isso é necessário encher a lata de água e deixá-la no congelador até que vire gelo. Isso deve ser feito para que a lata não amasse durante as etapas seguintes. O apoio também deve ser revestido com jornal e uma toalha, para não forçar a lata diretamente em uma superfície dura. A luminária começa a tomar forma quando os furos em sua lateral são feitos. Nesta hora é que entra a criatividade, quanto mais buracos forem feitos mais legal será a maneira como a luz será refletida. Por isso, é possível desenhar formas, como estrelas ou corações, sempre usando o prego e o martelo com cuidado. Faça também dois furos superiores, por onde passará o arame. Com os furos feitos e o gelo já retirado, passe o spray da cor esco-


lhida, em toda a lata. A pintura deve ficar uniforme e a tinta deve ser aplicada a 25 centímetros de distância. O arame cortado servirá como alça de suporte para a luminária, por isso deve ser pintado da mesma cor que a lata. Quando a tinta estiver seca, o arame deve ser passado pelos dois furos superiores e as pontas internas devem ser viradas para dentro, com o uso do alicate. A luminária pode ser usada com velas ou então com lâmpadas.

MANEIRAS DE REUTILIZAR FRASCOS DE VIDRO Às vezes reutilizar um material é bem mais fácil do que se imagina. Além de poupar recursos, você poupa o meio ambiente, deixando de descartar materiais que podem ser reutilizados tomando nova vida. Um bom exemplo disso são os abundantes frascos de vidro pre-

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86 sentes em diversos tipos de alimentos e que normalmente são descartados, sem serem encaminhados à reciclagem. Hoje temos sete opções de como reutilizar este material. Recipientes de vidro, geralmente transparentes, são ótimos

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para serem utilizados como potes organizadores. Os pequenos frascos, facilmente guardados em gavetas ou colocados em prateleiras, podem armazenar miudezas como parafusos, pregos, agulhas, botões, miçangas, entre outros. Recipientes maiores podem guardar massas, farinhas, arroz, açúcar e especiarias. Eles podem ser armazenados na dispensa ou sobre a bancada da cozinha como parte da decoração. Se preferir, cole uma etiqueta para identificar as especiarias, por exemplo.


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Frascos de geléia são reaproveitados para o mesmo fim, depois de bem lavados e escaldados em água fervente ou podem armazenar compotas e doces caseiros.

Porta velas para decoração é outra utilidade dos potes de vidro para um design diferenciado .

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Frascos de requeijão ou chocolate em creme, por exemplo, podem ser reaproveitados como copos. Eles geralmente vêm com desenhos decorados e as crianças adoram.

Se você produz seu próprio licor em casa, a dica é reaproveitar garrafas de vinho para armazená-los.

Aproveite pequenos potes para armazenar tinta ou como suporte para pincéis.


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TRASFORME GARRAFAS PET EM TAÇAS

ais uma dica de reaproveitamento de garrafas PET. Aproveitando a publicação do Estadão, com os conselhos e o passo a passo da Cláudia Gianini, artista e professora de artesanato, ensinamos como transformar garrafas PET em taças. Para isso, pode ser usada qualquer garrafa de refrigerante de dois litros ou, até mesmo, garrafas menores, que proporcionam uma diversidade de tamanhos de taças.

Material - Garrafas PET de 2 litros - Tíner ou removedor - Estilete - Tesoura - Régua - Chapa de ferro lisa (para dar acabamento) - Tinta relevo, verniz vitral ou tinta acrílica - Verniz marítimo - Cano de ferro de 3 cm de diâmetro

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Passo: Retire o rótulo da garrafa. Retire a tampa e separe-a e em seguida lave bem a garrafa. Para tirar a data de validade impressa, passe um pouco de tíner ou removedor.

º

Passo: corte o fundo e o “tampo” da garrafa. Para o tampo conte nove centímetros a partir do gargalo e para o fundo use a marca da própria garrafa. Para isso use primeiro um estilete, para fazer o furo inicial, e termine de cortar com a tesoura. Serão usados o topo e a base para montar a taça.

º

Passo: esquente a chapa de ferro em fogo brando. Se você não tiver uma, o ferro de passar roupa também serve, mas tem que ser ajustado para o modo de temperatura mínimo. Esta etapa serve para dar acabamento aos cortes realizados. Portanto, coloque as partes cortadas em contato com a chapa quente e gire depressa para que o PET não derreta.

4

º

Passo: esquente bem o cano de ferro e faça um furo no centro do fundo da garrafa.


5 6

º

Passo: Pegue a parte superior e encaixe, pelo gargalo, no furo feito na parte inferior, enquanto estiver quente, conforme mostrado na galeria. A peça deve estar equilibrada e parar em pé. A rosca do bico da garrafa deve ficar livre do outro lado da peça que serve como base, pois você terá que fechar com a tampa para que o líquido não vaze. Para que a tampa fique mais estreita, você pode fazer um corte de aproximadamente 0,5 cm.

º

Passo: para decorar, use a tinta relevo e desenhe como preferir. Para finalizar, passe uma demão de verniz marítimo para dar durabilidade à sua pintura; espere secar e sua taça de PET estará perfeita para uso.


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