Revista Digital Ecos da Terra - Março de 2011

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Editorial

Ecos da Terra traz o assunto polêmico que a Neuroengenharia tem abordado com constância e embasamento científico. O ser humano no futuro vai controlar máquinas, doenças, enfim tudo pela força do pensamento. Na verdade o que a equipe de redação da Ecos da Terra quer é provocar a investigação e o estudo mais aprofundado pelos seus leitores, sobre o tema da evolução humana, baseada na ciência. Nosso neurocientista Miguel Nicolelis, que ocupa a seção Personalidade, há dez anos vem afirmando que o ser humano poderia controlar dispositivos artificiais e até átomos de seu corpo, com a força do próprio pensamento. Seria como dizer que podemos mover montanhas. Na reportagem sobre Neuroengenharia o médico pequisador, palestrante e escritor, autor do livro “Neuroengenharia, o Futuro”, afiança estarmos beirando uma auto-revolução que irá reformular radicalmente nossos pontos de vista, de percepção, cognição, emoção e até mesmo identidade pessoal. Bem, a revista está recheada de assuntos que farão seu cérebro girar. Aproveite! Silvia Regina Pellegrino Freitas da Rocha | Editora

EXPEDIENTE Reportagem e Edição Silvia R. Pellegrino Freitas da Rocha

Ano 02 - edição 7

Envio de e-mails 150.000

Revisão de Textos Paulo Roberto Freitas da Rocha Programação Visual Eduardo Schubert Jornalista responsável Isabelle Soares

Contato: comercial@boletimcult.com.br Fone: +55 41 35387868

Edição, produção e publicação BOLETIM CULT


Ă?NDICE

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Editorial

Personalidade Miguel Nicolelis

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Meio Ambiente

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ECOLOGIA

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Sustentabilidade

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Biodiversidade

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Universo

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Reportagem Especial Neuroengenharia para contestar o que significa ser humano



MIGUEL NICOLELIS

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escobertas da neurociência mostram que o cérebro é mais maleável do que se imaginava e que um dia terá mesmo o poder de mover montanhas. Por enquanto, as experiências são feitas em animais. Eletrodos foram implantados em uma cobaia.

É um teste para medir a importância do sono para consolidar a memória. Este é um dos projetos do Instituto Internacional de Neurociências, de Natal, no Rio Grande do Norte. O Instituto integra uma rede formada por centros de pesquisa de outros oito paises. Experiências feitas com macacos nos Estados Unidos demonstraram que sinais elétricos emitidos pelo cérebro podem mover um braço robótico. É a força do pensamento. A frase do momento nesta área é “interface cérebro-máquina”. “A gente já sabe que é possível retirar sinal do cérebro, tratar esse sinal e devolver esse sinal para o cérebro através dessas interfaces, não apenas para o tratamento de desordens psiquiátricas ou neurológicas. Eventualmente, é um cenário de ficção cientifica, mas também para acessar a internet, fazer uma série de comunicações que hoje a gente faz através de circuitos que não estão implantados, como, por exemplo, um celular”, explica o neurocientista Miguel Nicolelis. Chips implantados no cérebro humano? É o futuro, diz Nicolelis, cientista que combina robótica e neuroengenharia nos estudos que faz em uma universidade norte-americana. Por exemplo, um chip seria implantado para detectar a possibilidade de um ataque epilético e mandaria sinais para outro chip, que estimularia a região do cérebro capaz de evitar a crise. Os chips também poPERSONALIDADE

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deriam transmitir os impulsos elétricos que resultam do pensamento para receptores externos. “A idéia, por exemplo, é que, no futuro, pacientes que sofram de paralisia severa possam usar o pensamento para controlar cadeiras de roda, computadores, aparelhos domésticos e até mesmo um automóvel”, comenta o

neurocientista Miguel Nicolelis.

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PERSONALIDADE

Nesta área, o Brasil tem uma vantagem sobre todos os outros países do mundo: é um projeto que estuda o envelhecimento do cérebro na Universidade de São Paulo. Em menos de três anos de existência, o projeto já recolheu amostras de 2,6 mil cérebros. É um material que vale ouro: o resultado da doação de famílias que aceitam colaborar com a ciência. Em um laboratório, como em nenhum outro do planeta, é possível fazer comparações entre cérebros doentes e saudáveis. De uma parceria com a Universidade de Vurzburg, na Alemanha, resultam modelos em terceira dimensão que facilitam as pesquisas e aceleram descobertas. Já ficou claro, por exemplo, que é muito importante fazer ginástica para o cérebro.


“A doença de Alzheimer a gente não tem nenhum mecanismo para pará-la, mas a gente tem mecanismos para tentar treinar outras áreas do cérebro que não estejam afetadas para executar aquela função. Então, por exemplo, diz-se muito que quem tem um nível de educação maior, mais anos de escola, tem menos doença de Alzheimer. Não é verdade; ele tem igual. O que acontece com essas pessoas é que elas têm uma capacidade maior de utilizar outras áreas do cérebro, que já estão bem treinadas, porque ela sempre estudou, sempre incentivou o cérebro, a fazer aquilo que a área que está doente não consegue mais fazer”, afirma a pesquisadora da USP, Lea Grinberg.

e um candidato ao prêmio Nobel. Ele tem outra paixão além da ciência: o time do Palmeiras. À época em que ele morava nos Estados Unidos, onde trabalhou em uma das universidades mais prestigiadas do país, algumas vezes veio ao Brasil para assistir a jogos do time.

Miguel Nicolelis é considerado um dos 20 cientistas mais influentes do mundo

PERSONALIDADE

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de Estudos Avançados Santos-Dumont.

O neurocientista Miguel Nicolelis, também é o idealizador e diretor científico do Instituto Internacional de Neurociência de Natal. Confirmou, ele, para 2012, a conclusão do Campus do Cérebro em Macaíba, que está com as obras iniciadas, em terreno cedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nicolelis anunciou pelo Twitter, que o Campus do Cerébro, chamado por ele, de CERNE de Macaíba, em referência ao Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), um dos principais laboratórios de pesquisa em física no mundo, localizado na Suíça, contará com Supercomputador 1.2 Pentaflops, magnetoencefalógrafo, ressonância magnética e com o Instituto

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PERSONALIDADE

Também pelo Twitter, Nicolelis (@miguelnicolelis) informou que o Instituto encontrou uma solução para asfaltar a rua Prof. Francisco Luciano de Oliveira, em Candelária, onde está localizado há seis anos o Centro de Estudos e Pesquisa Prof. Cesar Timo-Iaria – IINN-ELS. Durante esse período, Nicolelis tem lutado para que a rua de barro seja asfaltada, mas tem encontrado vários impedimentos, inclusive jurídicos.


O neurocientista Miguel Nicolelis ganhou dois dos mais importantes prêmios do meio científico no ano passado e pode receber o prêmio Nobel de Medicina.

O Instituto de Neurociência de Natal é um projeto orçado em 100 milhões de reais. Além do Centro de Pesquisa em Natal, faz parte do Instituto a Escola Alfredo J. Monteverde, também em Natal, o Centro de Saúde Anita Garibaldi e o Centro de Pesquisa, ambos em Macaíba. A escola oferece ensino das ciências a cerca de mil crianças e adolescentes da rede pública.

Antônio Abujamra entrevista o neurocientista Miguel Nicolelis O neurocientista Miguel Nicolelis é formado pela USP, mas muito cedo deixou o país. “Sou da geração obliterada, que não teve a chance de agir pelo Brasil”. No final dos anos 80, começo dos 90, para Miguel, a “ciência brasileira quase colapsou”. Agora, de volta ao país, Miguel quer demonstrar, na periferia de Natal, que a produção do conhecimento de ponta pode ser descentralizada no Brasil. “O talento científico existe onde houver um ser humano pensando”. E no que Miguel Nicolelis vem pensando em sua pesquisa pessoal? Ele quer entender “como os circuitos do cérebro produzem todos os comportamentos que fazem o ser humano ser o que é”. Para ele, o cérebro não precisa mais do corpo para exercer seu desejo de interagir com o mundo. “A neurociência permitindo que o cérebro expresse essa condição humana sem limites espaciais e temporais”.

PERSONALIDADE

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O que fazer

com os pneus velhos?

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pneu que não pode mais ser reformado para o uso nos carros, ônibus, caminhões e outros tipos de veículos deve ser retirado adequadamente de todo o território nacional, com vistas à preservação do meio ambiente e proteção à saúde pública. Os pneus que não servem mais, se coletados, permitem várias utilizações, podendo, por exemplo, ser transformados em combustíveis alternativos no processo produtivo da indústria de cimentos, aplicados como asfalto de borracha, ou usados em novos artefatos, como tapetes para carros, percintas de sofás, pisos industriais, entre outros. Por isso, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) criou o programa de coleta e destinação de pneus inservíveis em todo o país, que já deu destinação correta a mais de MEIO AMBIENTE

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70 milhões de pneus. Esse programa atende às exigências estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e conta com a fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA). Para ampliar o programa, a ANIP conta com a participação da população, que começa a se integrar gradativamente ao esforço do governo e da indústria. Para facilitar a coleta, a

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MEIO AMBIENTE

ANIP tem criado continuamente centros de recepção de penus inservíveis - “Ecopontos” - em parceria com as prefeituras e comunidades das cidades e regiões metropolitanas brasileiras. Assim, permite-se a participação e o envolvimento, cada vez maior, do consumidor brasileiro. Veja como você pode colaborar, deixando seu pneu velho no Ecoponto ou revendedor de pneus mais próximo. Saiba


mais sobre o programa e os pontos de coleta em sua região no site www.anip.com.br. A preservação do meio ambiente está em nossas mãos. Deixe seu pneu no Ecoponto ou em um revendedor de pneus mais próximo.

Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos ANIP Nota: em Sorocaba, grande parte dos pneus velhos são destinados para a indústria Borcol, fabricante de artefatos de borracha. Para a trituração dos pneus velhos que se encontram em seus terrenos-depósitos, a Borcol recebeu máquinas especiais da ANIP. Equipe VIVAcidade.

MEIO AMBIENTE

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ECOLOGIA

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Para ONU,

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agroecologia é a solução

a terça, 8 de março, a ONU – Organização das Nações Unidas – divulgou um relatório que afirma o potencial da agricultura sustentável, ou agroecologia, para rapidamente começar a alimentar as pessoas mais pobres, reparar os danos causados pela produção industrial e, a longo prazo, se tornar um padrão de produção.

Horta orgânica em projeto no Distrito Federal (foto: Aldem Bourscheit)

ECOLOGIA

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O estudo, intitulado “Agroecology and the right to food” (tradução livre “Agroecologia e o direito à alimentação”), foi apresentado pelo relator especial sobre o direto à alimentação das Nações Unidas, Olivier De Shutter. Uma das premissas do relatório, segundo declarações do De Shutter ao jornal The New York Times, é orientar a agricultura para os modos de produção que sejam mais ambientalmente sustentáveis e socialmente justos. Ele afirma que a agroecologia ajuda não somente os pequenos agricultores, que passam a ter a possibilidade de produzir num método menos oneroso que o industrial e mais produtivo, mas também beneficia a todos nós.

democráticas e menos sucetíveis aos choques climáticos. Se comparada com a agricultura industrial, que requer uma enorme quantidade de água

para a irrigação e combustíveis fósseis para o transporte e produção de fertilizantes químicos, a agroecologia usa menos recursos.

O modelo desacelera o aquecimento global (com pouca emissão de gases de efeito estufa) e a erosão ecológica, ou seja, os impactos ambientais causados pela mecanização dos cultivos. Além disso, processos agroecológicos promovem a descentralização da produção, com práticas agrícolas em pequena escala em várias regiões, o que torna as culturas mais Para que ela seja colocada em prática de forma plena é preciso

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ECOLOGIA


ter disponível trabalho, seja ele intelectual, aumentando o número de pesquisas sobre o tema, ou físico, já que precisará de mais agricultores e menos mecanização das lavouras. O relator da ONU ainda enfatiza que é mais fácil e rápido adotar a transição para a agroecologia em países em desenvolvimento, como a África, que ainda podem ser orientados em seus métodos, do que nos países desenvolvidos, que já tem as suas indústrias alimentares estabelecidas. No entanto, declara que mesmo estes países ‘viciados em fertilizantes químicos’ devem mudar para a agricultura sustentável, a fim de preservar o planeta. Dentre as recomendações aos governos, para criação de políticas públicas em sustentabilidade, o estudo afirma que é preciso reorientar os gastos públicos na agricultura, priorizando os serviços de extensão e infra-estrutura rural, bem como a pesquisa em métodos agroecológicos. O próximo passo seria a difusão dos conhecimentos sobre as melhores práticas de agricultura sustentável, com a colaboração das organizações e redes de agricultores existentes. ECOLOGIA

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SUSTENTA


ABILIDADE


Comércio de Belo Horizonte começa a substituir sacolas de plástico por alternativas ecológicas

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upermercados, padarias, bre as melhores alternativas lojas e demais estabeleci- para a substituição das tradimentos de varejo de Belo cionais sacolinhas. Horizonte não poderão mais fornecer sacolinhas plásticas A ideia da para os concampanha é sumidores incentivar o Campanha organizada pelo transporuso de altertarem suas poder público e nativas suscompras. sociedade civil colocará à tentáveis, No dia 1º de venda embalagens como carrimarço enretornáveis e biodegradáveis nhos, caixas trou em vide papelão, gor na capisacolas retal mineira a Lei Municipal 9.529/2008, que cicladas, sacolas retornáveis exige a substituição de sacolas (ecobags) de tecido, TNT, paplásticas por soluções ecológi- lha, ráfia e outros. A campanha cas. BH é a primeira capital a educativa foi lançada em conadotar a medida. A fiscalização junto pela Prefeitura de BH, da nova regra deverá começar Procon e associações do setor dentro de 45 dias. Estão pre- de supermercados, comércio, vistas multas de até R$ 1 mil ou panificação e consumidores. interdição do negócio para as Para estimular a mudança de empresas que não se adequa- hábito, será produzido um morem. Antes das punições, será delo de sacola retornável que realizada a campanha educati- será vendida a R$ 1,98 (preço va Sacola Plástica Nunca Mais, de custo) a unidade nos pontos para orientar a população so- comerciais participantes.

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SUSTENTABILIDADE


Os pequenos e médios empresários já começaram a se adaptar à novidade. A r e d e d e s u p e r m e r c a d o s G u a r i n , p o r exemplo, fornecerá aos seus clientes sacolas descartáveis compostáveis, feitas com amido de milho, uma alternativa bem mais sustentável. Segundo o gerente de compras da Guarin, Wenderson Borges, o supermercado já possui fornecedor para as novas sacolas e deverá vender a embalagem biodegradável por R$ 0,19.

“Antes, o custo da sacola de plástico era nosso. Agora, vai passar para o consumidor”, afirma Borges.

SUSTENTABILIDADE

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Genebra

exibe soluções ecológicas para carros ‘beberrões’

Híbridos e elétricos de luxo são apresentados no salão. Desafio de montadoras é aliar performance a baixa emissão de poluentes

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eguindo a tendência dos últimos grandes eventos da indústria automobilística, o Salão de Genebra também é marcado por tecnologias que permitam carros mais econômicos e menos poluentes. Mesmo para veículos de luxo, alguns reconhecidamente “beberrões”, as montadoras mostram seus primeiros passos nesta direção. O desafio delas nesse segmento é aliar desempenho com o mínimo de emissão. Foi o que a Nissan fez com o conceito Esflow, um carro elétrico esportivo. “Buscamos juntar o conceito de emissão zero do Leaf [lançado em 2010] com a performance do GTR”, explicou o vice-presidente de marketing da Nissan Europa, Simon Thomas. O protótipo é movido por dois motores de 108 cavalos cada, colocados sobre cada uma das rodas traseiras, que tracionam o veículo de forma independente. O carro vai de 0 a 100 km/h em cinco segundos e, algo raro no conceito de carros elétricos, possui uma autonomia de 240 km.

Rolls Royce Phantom elétrico (Foto: Reuters)

SUSTENTABILIDADE

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Suzuki apresenta no Japão scooter movida a célula de hidrogênio Burgman teve sistema homologado e agora é testada na Inglaterra.

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Fabricante japonesa espera lançar o modelo no mercado em 2015.

Suzuki apresentou em Tóquio (Japão) a Suzuki Burgman, uma nova geração de scooters ecológicas alimentada por células de hidrogênio ou pilhas de hidrogênio. Nessas baterias, o hidrogênio reage com o oxigênio resultando em energia, sem nenhuma emissão de poluentes. A Suzuki conseguiu a homologação do sistema de pilhas e, agora, testa o produto na Inglaterra. A fabricante japonesa espera lançar o modelo no mercado em 2015.

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SUSTENTABILIDADE



BIODIVERSIDADE


Mudança na lei do milho transgênico promete reacender polêmica

Governo avalia reduzir área entre plantação e unidade de conservação

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ma mudança na lei que determina a distância mínima exigida entre plantações de milho transgênico e unidades de conservação promete reacender a polêmica dos produtos geneticamente modificados. O projeto em parceria entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente está em discussão no governo e deve reduzir em até 90% a faixa de segurança.

biodiversidade

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Pela legislação atual, nenhuma lavoura de milho transgênico pode ser plantada a menos de 10 quilômetros da divisa de parques nacionais e reservas biológicas. Com a nova norma que depende de aprovação da presidente Dilma Rousseff, o plantio será permitido a 1,2 quilômetros. O principal risco da diminuição da faixa de segurança é a contaminação do milho convencional pelo transgênico, alertam especialistas, já que a polinização do grão é feita por insetos e pelo vento. A bióloga Arlinda Cézar, diretora administrativa do Instituto Venturi para Estudos Ambientais, diz que um dos problemas é a inexistência de pesquisas que apontem com segurança o impacto da alteração proposta. — A área de segurança é calculada para mais, porque se tende a exagerar na margem. Mas uma redução de 90% parece subestimar de-

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biodiversidade

mais a necessidade da reserva — avalia. Para o professor de genética, Francisco Mauro Salzano, é preciso cautela: — Mas não creio que qualquer passagem de pólen para as unidades de conservação possa ser catastrófica.


O DEBATE - O milho transgênico foi liberado para o plantio comercial em fevereiro de 2008. - A legislação prevê que é preciso respeitar 10 quilômetros de distância entre plantações de milho transgênico e unidades de conservação, como zona de amortecimento. Mas o governo federal deve reduzir a área de segurança para 1,2 quilômetros. - A redução divide produtores e ambientalistas. Ruralistas defendem a tranquilidade e segurança jurídica dos produtores que vivem da atividade agrícola na proximidade de parques, mas ambientalistas alertam para o risco da polinização do milho nativo pelo grão geneticamente modificado.

biodiversidade

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UNIVE


ERSO


ECLIPSE Um eclipse acontece sempre que um corpo entra na sombra de outro. Assim, quando a Lua entra na sombra da Terra, acontece um eclipse lunar. Quando a Terra é atingida pela sombra da Lua, acontece um eclipse solar.

Sombra de Um Corpo Extenso

aqui vemos a aparência da fonte para os pontos A a D na sombra.

aqui vemos a região da umbra e da penumbra da sombra.

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universo


Quando um corpo extenso (não pontual) é iluminado por outro corpo extenso definem-se duas regiões de sombra: - umbra: região da sombra que não recebe luz de nenhum ponto da fonte. - penumbra: região da sombra que recebe luz de alguns pontos da fonte.

A órbita da Terra em torno do Sol e a órbita da Lua em torno da Terra, não estão no mesmo plano, ou ocorreria um eclipse da Lua a cada Lua Cheia, e um eclipse do Sol a cada Lua Nova.

Linha dos Nodos O plano da órbita da Lua em torno da Terra não é o mesmo plano que o da órbita da Terra em torno do Sol. O plano da órbita da Lua está inclinado 5,2 ° em relação ao plano da órbita da Terra. Portanto só ocorrem eclipses quando a Lua está na fase de Lua Cheia ou

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Nova, e quando o Sol está sobre a linha dos nodos, que é a linha de intersecção do plano da órbita da Terra em torno do Sol com o plano da órbita da Lua em torno da Terra.

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universo


Eclipses do Sol e da Lua são os eventos mais espetaculares do céu. Um eclipse solar ocorre quando a Lua está entre a Terra e o Sol. Se o disco inteiro do Sol está atrás da Lua, o eclipse é total. Caso contrário, é parcial. Se a Lua está próxima de seu apogeu (ponto mais distante de sua órbita), o diâmetro da Lua é menor que o do Sol, e ocorre um eclipse anular. Como a excentricidade da órbita da Terra em torno do Sol é de 0,0167, o diâmetro angular do Sol varia 1,67% em torno de sua média, de 31’59”. A órbita da Lua em torno da Terra tem uma excentricidade de 0,05 e, portanto, seu diâmetro angular varia 5%

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em torno de sua média, de 31’5”, chegando a 33’16”, muito maior do que o diâmetro máximo do Sol. Um eclipse total da Lua acontece quando a Lua fica inteiramente imersa na umbra da Terra; se somente parte dela passa pela umbra, e resto passa pela penumbra, o eclipse é parcial. Se a Lua passa somente na penumbra, o eclipse é penumbral. Um eclipse total é sempre acompanhado das fases penumbral e parcial. Um eclipse penumbral é difícil de ver diretamente com o olho, pois o brilho da Lua permance quase o mesmo. Durante a fase total, a Lua aparece com uma luminosidade tênue e avermelhada. Isso acontece porque parte da luz solar é refractada na atmosfera da Terra e atinge a Lua. Porém essa luz está quase totalmente desprovida dos raios azuis, que sofreram forte espalhamento e absorção na espessa camada atmosférica atravessada.

Eclipses do Sol Durante um eclipse solar, a umbra da Lua na Terra tem sempre menos que 270 km de largura. Como a sombra se move a pelo menos 34 km/min para Leste, devido à órbita da Lua em torno da Terra, o máximo de um eclipse dura no máximo 7 1/2 minutos. Portanto um eclipse solar total só é visível, se o clima permitir, em uma estreita faixa sobre a Terra, chamada de caminho do eclipse. Em uma região de aproximadamente 3000 km de cada lado do caminho do eclipse, ocorre um eclipse parcial.

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universo


Como a Lua se move aproximadamente 12° por dia, para leste, em relação ao Sol (360°/29,5 dias= 12°/dia), o que implica numa velocidade de:

A velocidade de um ponto da superfície da Terra devido à rotação para leste da Terra é:

universo

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Como a velocidade da Lua no céu é maior do que a velocidade de rotação da Terra, a velocidade da sombra da Lua na Terra tem o mesmo sentido do movimento (real) da Lua, ou seja, para leste. O valor da velocidade da sombra é, grosseiramente,

Cálculos mais precisos, levando-se em conta o ângulo entre os dois movimentos, mostram que a velocidade da Lua em relação a um certo ponto da Terra é de pelo menos 34 km/min para leste. A duração da totalidade do eclipse, em um certo ponto da Terra, será o tempo desde o instante em que a borda leste da umbra da Lua toca esse ponto até o instante em que a borda oeste da Lua o toca. Esse tempo é igual ao tamanho da umbra dividido pela velocidade com que ela anda, aproximadamente, Na realidade, a totalidade de um eclipse dura no máximo 7 1/2 minutos. Um eclipse solar total começa quando a Lua alcança a direção do disco do Sol, e aproximadamente uma hora depois o Sol fica completamente atrás da Lua. Nos últimos instantes antes da totalidade, as únicas partes visíveis do Sol são aquelas que brilham através de pequenos vales na borda irregular da Lua, um fenônemo conhecido como “anel de diamante”, já descrito por Edmund Halley no eclipse de 3 de maio de 1715. Durante a totalidade, o céu se torna escuro o suficiente para se observar os planetas e as estrelas mais brilhantes. Após a fase de “anel de diamante”, o disco do Sol fica completamente coberto pela Lua, e a coroa solar, a atmosfera externa do Sol, composta de gases rarefeitos que se extendem por milhões de km, aparece. Note que é extremamente perigoso olhar o Sol diretamente. Qualquer exposição acima de 15 segundos danifica permanentemente o olho, sem apresentar qualquer dor!

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Eclipses da Um eclipse lunar ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. À diståncia da Lua, 384 mil km, a sombra da Terra, que se extende por 1,4 milhões de km, cobre aproximadamente 3 luas cheias. Em contraste com um eclipse do Sol, que só é visível em uma pequena região da Terra, um eclipse da Lua é visível por todos que possam ver a Lua. Como um eclipse da Lua pode ser visto, se o clima permitir, de todo a parte noturna da Terra, eclipses da Lua são muito mais frequentes que eclipses do Sol, de um dado local na Terra. A duração máxima de um eclipse lunar é 3,8 hr, e a duração da fase total é sempre menor que 1,7 hr.

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Lua


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Temporada de Eclipses Se o plano orbital da Lua coincidisse com o plano da eclíptica, um eclipse solar ocorreria a toda Lua nova e um eclipse lunar a toda Lua cheia. Entretanto, o plano está inclinado 5,2 ° e, portanto, a Lua precisa estar próxima da linha de nodos (cruzando o plano da eclíptica) para que um eclipse ocorra. Como o sistema Terra-Lua orbita o Sol, aproximadamente duas vezes por ano a linha dos nodos está alinhada com o Sol e a Terra. Estas são as temporadas dos eclipses, quando os eclipses podem ocorrer. Quando a Lua passar pelo nodo durante a temporada de eclipses, ocorre um eclipse. Como a órbita da Lua gradualmente gira sobre seu eixo (com um período de 18,6 anos de regressão dos nodos), as temporadas ocorrem a cada 173 dias, e não exatamente a cada meio ano. A distância angular da Lua do nodo precisa ser menor que 4,6° para um eclipse lunar, e menor que 10,3 ° para um eclipse solar, o que estende a temporada de eclipses para 31 a 38 dias, dependendo dos tamanhos aparentes e velocidades aparentes do Sol e da Lua, que variam porque as órbitas da Terra e da Lua são elípticas, de modo que pelo menos um eclipse ocorre a cada 173 dias.

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Entre dois e sete eclipses ocorrem anualmente. Em cada temporada usualmente acontece um eclipse solar e um anular, mas podem acontecer três eclipses por temporada, numa sucessão de eclipse solar, lunar e solar novamente, ou lunar, solar e lunar novamente. Quando acontecem dois eclipses lunares na mesma temporada os dois são penumbrais. As temporadas de eclipses são separadas por 173 dias [(1 ano - 20 dias)/2].

Foto obtida por Maria de Fátima Oliveira Saraiva no eclipse da Lua em 20 de fevereiro de 2008. universo

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Em 2009 os eclipses foram:

•26 de janeiro de 2009 - eclipse anular do Sol (não visível no Brasil )

•22 de julho de 2009 - eclipse solar total (não visível no Brasil )

•9 de fevereiro de 2009 - eclipse lunar penumbral

•7 de julho de 2009 - eclipse lunar penumbral

•6 de agosto de 2009 - eclipse lunar penumbral

•31 de dezembro de 2009 - eclipse lunar parcial (visível somente no

extremo nordeste do Brasil).

Em 2010:

•15 de janeiro de 2010 - eclipse anular do Sol (não visível no Brasil)

•26 de junho de 2010: Eclipse lunar parcial, visível no sul ao amanhecer.

•11 de julho de 2010 - eclipse solar total (visível na Argentina e Chile),

eclipse parcial visto no extremo sul do Brasil, ao pôr-do-Sol).

•21 de dezembro de 2010: Eclipse lunar total (visível no Brasil)

Saros O Sol e o nodo ascendente ou descendente da Lua estão na mesma direção uma vez cada 346,62 dias. Dezenove de tais períodos (=6585,78 dias = 18 anos 11 dias) estão próximos em duração a 223 meses sinódicos. Isto significa que a configuração Sol-Lua e os eclipses se repetem na mesma ordem depois deste período. Este ciclo já era conhecido pelos antigos Babilônios, e por razões históricas, é conhecido como Saros, que significa repetição em grego.

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Autoria: ©Prof. Kepler de Souza Oliveira Filho ©Profa Maria de Fátima Oliveira Saraiva universo

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ENTREVISTA ESPECIAL


Neuroengenharia

para contestar o que significa ser humano

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raças a Neuroengenharia, disciplina parte da engenharia biomédica que utiliza técnicas de engenharia para entender, reparar, substituir ou melhorar os sistemas neurais. Cientistas que trabalham nessa área são qualificados para resolver os problemas de design da interface entre o tecido neural vivo e aparatos artificiais. A Neuroengenharia é, portanto, a arte de se usar da tecnologia eletro-eletrônica para a modulação e decodificação da atividade cerebral, de maneira a restaurar funções neurais perdidas em uma série de condições neurológicas, tais como lesões traumáticas do sistema nervoso, amputações, neurodegenaração ou mesmo desordens neurológicas das mais diversas etiologias. Ela depende de duas importantes técnicas do domínio da eletrofisiologia: estimulação elétrica e registro eletrográfico. A estimulação elétrica do sistema nervoso é usada para modular a atividade neural do substrato alvo e de seus correspondentes nos diversos circuitos neurais, substituinentrevista especial

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do a atividade disfuncional. Já o registro da atividade elétrica do cérebro tem a capacidade de extrair informação da fisiologia do sistema nervoso de maneira a ser usada funcionalmente por dispositivos eletro-mecânicos externos. A gama de aplicações terapêuticas da Neuroengenharia é tão ampla quanto a variedade das desordens que acometem o sistema nervoso como um todo. De maneira geral, elas podem ser categorizadas em dois grandes grupos, não bi-univocamente relacionados às duas técnicas que constituem a ciência.

O conceito chave nesse caso é substituir a atividade patológica dos diversos substratos neurais relacionados à função perdida através da imposição do ritmo fisiológico por um dispositivo externo ao sistema nervoso. Ante essa realidade o Brasil tem hoje o maior banco de cérebros para pesquisas do mundo. Temos alguns dos cientistas mais respeitados desta área. O resultado disso é que o país está hoje entre os centros de pesquisas mais importantes do mundo no setor.

Nos Estados Unidos podemos citar Dr. Bruce Katz, mais volA Neuromodulação, direta- tado para a Inteligência artifimente ligada à estimulação elé- cial. trica, é usada no tratamento de desordens neurológicas como as Epilepsias, Mal de Parkin- Em uma entrevista recente son, Dor Crônica, Transtorno publicada em H + Magazine Obsessivo Compulsivo e mes- (em inglês), uma nova publicamo Depressão e Obesidade. ção (on-line e impressa), que

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entrevista especial


abrange as tecnologias que “prometem e ameaçam alterar radicalmente a nossa vida e nossa visão do mundo e nós mesmos”, o especialista em Inteligência Artificial, Dr. Bruce Katz, estabelece um visão sublime para o campo emergente da neuroengenharia (aka engenharia neural). Katz, um palestrante, professor adjunto, e autor de Neuroengenharia, o Futuro e Design Digital, acredita que, “Estamos à beira de uma ampla neuro-revolução, que irá reformular radicalmente nossos pontos de vista, de percepção, cognição, emoção e até mesmo identidade pessoal. “Ele diz que o avanço no estudo dos sistemas neurais e tecnologias de interseção, está movendo-se rapidamente de ajudas de percepção, tais como implantes cocleares para dispositivos que irão reforçar e acelerar o pensamento. Ele pode vir a “libertar a mente de seu estado ligado ao corpo para uma existência independente de plataforma”, afirma. A Tecnologia que irá permitir um dia fazer o upload da mente humana é altamente controversa, ajudando a alimentar o debate entre os especialistas e céticos. entrevista especial

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Independentemente de qual lado você está sobre o assunto, tanto técnica ou eticamente, Bruce Katz levanta alguns pontos positivos.

Este campo tem todas as características de uma grande revolução tecnológica, mas em maior alcance e com tentáculos mais profundos do que aqueles Armado com um Ph.D. em In- que acompanham os computateligência Artificial na Univer- dores e a Internet … sidade de Illinois, suas idéias Para modificar o cérebro, não parecem firmemente enraiza- é somente modificar como perdas no método científico. E ela cebemos, mas o que somos, vem através do prefácio de seu nossas consciências e nossas livro, Neuroengenharia, o futu- identidades. ro: Eu não sou o primeiro, e certamente não serei o último, a salientar a importância da evolução que vem da engenharia neural.

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entrevista especial

O poder de ser capaz de fazer isso não pode ser exagerado, e as consequências dificilmente podem ser imaginadas … Aqui estão apenas alguns tópicos que iremos cobrir:


1. Interfaces cérebro-máquina para controle de computadores, exoesqueleto, robôs e outros dispositivos somente com o pensamento; 2. Dispositivos de leitura da mente que o conteúdo consciente de um cérebro projeta em uma tela como se fosse um filme; 3. Dispositivos para aumentar a capacidade intelectual e a concentração; 4. Dispositivos para aumentar a criatividade e percepção; 5. Mecanismos para fazer o upload da mente para uma máquina, assim, preservando da decadência do corpo e da morte corporal. Voltando a entrevista, Katz fala sobre terapias de reforço cognitivo (há um outro artigo dedicado inteiramente ao assunto) e as questões jurídicas, sociais e éticas em torno da neuroengenharia. Ele então aponta no “modelo kludgy“ características do cérebro humano que ele espera que nós vamos superar, nos próximos 20 anos: * Limitações da memória de curto prazo * Limitações significativas de memória de longo prazo (o cérebro só pode segurar tanto quanto um disco rígido de PC de 1990) * Fortes limitações na velocidade de processamento (embora o cérebro seja um sistema altamente paralelo, cada neurônio é um processador muito lento) * Limites na racionalidade

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* Limites na criatividade (a maioria das pessoas passam a vida inteira sem dar uma contribuição significativa para a humanidade), e talvez a mais significativa … * Limites sobre o número de conceitos que podem se entreter na consciência de uma vez.

IMPLANTE COCLEAR O implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, também conhecido como ouvido biônico, que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, a fim de ser decodificado pelo córtex cerebral. O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o implante coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário a capacidade de perceber o som. Atualmente existem no mundo, mais de 60.000 usuários de implante coclear.

“Libertar a mente deste limitado, embora notável órgão, nos permite manipular diretamente o pensamento, e isso vai produzir mais ganhos de inteligência, criatividade e conseguir harmonia com outros seres e universo como um todo.” Katz.

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