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Ataques levam medo às escolas

metodologias e rotinas pedagógicas, que podem servir para evitar essas violências. “O trabalho com a arte e a literatura é fundamental".

Para ela, a arte desperta a sensibilidade para enxergar o outro e aceitar as diferenças. "A literatura tem a magia de vivenciar outras histórias e diferentes personagens que dialogam com o nosso euinterior", destaca.

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A secretária também ressalta que rodas de conversa, como espaço de escuta e de fala, é um aprendizado fundamental para que os conflitos não se transformem em confrontos.

Salienta ainda a importância de adotar projetos e programas que desenvolvem o senso crítico, a atitude ética e a responsabilidade, como os grêmios estudantis, o aluno ouvidor, a câmara jovem e o Santos Jovem

Doutor. "Em todas essas ações o princípio maior é a busca pelo bem comum", conclui.

Cristina destaca a existência do Programa da Justiça Restaurativa, que tem como princípio a reparação do dano feito ao outro por meio das rodas restaurativas, onde agressores e agredidos falam sobre os seus sentimentos e param para escutar a dor do outro. "A Educação é sempre um veículo de construção da paz, de prevenção da violência, de reparação do dano para que a punição não seja necessária, pois significa que todas as outras estratégias falharam", frisa.

O princípio da Justiça Restaurativa, explica, se traduz nos espaços para o diálogo sempre oportunizados em forma de rodas de acolhimento, de agradecimento, de celebração, dentre outras, de maneira que todos possam ser vistos e tenham vez e voz, despertando um profundo sentimento de pertencimento, aco- lhimento, importância e valorização da vida.

Números

Para compreender a necessidade de debater esse assunto, o Instituto Locomotiva realizou uma pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) sobre o clima de insegurança dos estudantes da rede pública de São Paulo. De acordo com a pesquisa, 48% dos estudantes e 19% professores afirmam ter sofrido algum tipo de violência nas suas escolas. Além disso, 71% dos estudantes e 41% dos professores afirmam que souberam dos casos de violência nas suas escolas. Já entre os familiares dos estudantes, 73% souberam de casos de violência nas escolas de seus filhos.

Para conter o problema de violência nas escolas do estado, o governo estadual anunciou algumas ações. O secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder disse que a secretaria planeja contratar 150 mil horas de atendimento psicológico e psicopedagogo para as escolas estaduais.

Reduzir casos

Sobre as medidas que o governo pode adotar para reduzir a violência nas escolas, Cristina Barletta aponta a necessidade de o governo mobilizar toda a sua rede de proteção de direitos, principalmente, a saúde e a assistência social para que se tenha uma atenção muito especial aos que estudam e trabalham na escola.

Já sobre os professores e funcionários, a secretária conta que o papel da escola é envolver todos os profissionais que atuam no contexto escolar como agentes de uma cultura de paz. Portanto, baseando-se no diálogo, no cuidado, na atenção e na escuta do outro, o que torna o ambiente mais saudável e seguro.

No mesmo pensamento, a psicóloga Mariângela Fortes concorda e defende que o governo deva investir em segurança na porta da escola para que armas e drogas não entrem com os alunos. Além de manter atendimento psicológico dentro da escola para alunos e funcionários, deve-se manter a guarda escolar e protocolos para serem adotados nos casos de violência extrema.

Outro ponto relevante é o de identificar as razões que geram os casos de violência. "É por intolerância, não aceitação de que cada indivíduo tem suas peculiaridades e individualidades, e o convívio com o diferente de mim que me enriquece a vida", afirma a psicóloga.

No seu entender, o respeito ao próximo é condição humana louvável. "Existem regras porque viveremos em sociedade. Se fossemos tão individuais, seríamos sós e não uma raça humana aqui no planeta. Temos que, como sociedade, nos unir contra o racismo, a fake news, olhar e educar nossas crianças para o bem, para o bom, para o saudável, para serem pessoas melhores do que nós somos”.

Por fim, não importa apenas a educação da escola, mas os pais e responsáveis que têm um grande papel na formação como indivíduo para sociedade. Ainda nessa linha, o atendimento com um psicólogo é primordial, não só para evitar futuras tragédias, mas também controlar a mente e o pensamento dos jovens.

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