5 minute read

Obras simultâneas afetam trânsito

Next Article
A parte de cada um

A parte de cada um

A vida de milhares de pessoas que pretendem acessar o túnel Rubens Ferreira Martins ou seguir para outros bairros em direção à Zona Noroeste, Capital, São Vicente ou Cubatão pelo Centro de Santos mudou completamente.

Resultado da alteração decorrente do fechamento parcial em duas das quatros pistas – além do fim do estacionamento da via da Avenida Visconde de São Leopoldo – há quase um mês para obras da segunda fase do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos.

Advertisement

Não bastasse, o trânsito, que já era intenso em decorrência do fechamento do elevado Aristides Bastos Machado, está ainda mais caótico. O elevado está em obras desde março último. Assim, a previsão de conclusão está prevista apenas para 2024.

Dessa forma, no cruzamento da Praça dos Andradas com a Rua João Pessoa, o fluxo de veículos é crescente e ininterrupto a qualquer hora do dia. Não bastasse, nem a sinalização semafórica para pedestres funciona (uma está com as lâmpadas queimadas e a outra inexiste) neste trecho.

Funcionários da CET tentam evitar o pior – apesar de reconhecer que pouco podem fazer. Mesmo assim, acidentes ocorrem – ainda que sem gravidade.

Tensão

Não bastasse, com aumento do fluxo e concentração de veículos, o risco de pequenos acidentessem gravidades - cresce. Um deles envolvendo um motorista e um motociclista piorou ainda mais a situação justamente no ponto mais complicado no último dia 5: cruzamento da Rua João Pessoa com a Praça dos Andradas – do lado direito da pista.

Viaturas de ambulância e da própria polícia disparavam suas sirenes no congestionado trânsito, piorando ainda mais a situação. Aliás, cenas comuns e um stress para quem está nas viaturas – e nos veículos à frente. A ideia inicial era que o trecho com obras na atualidade fosse feito apenas quando o elevado estivesse liberado.

No entanto, a pedido do Mi- nistério Público, a Cetesb passou a liberar as licenças por lotes desde agosto passado. Resultado: como este trecho já está liberado e as obras se arrastam há quase três anos – ao contrário da Rua João Pessoa, por exemplo – não houve outra alternativa, dizem pessoas consultadas pelo Boqnews

Problema

Por sua vez, o próprio prefeito Rogério Santos (PSDB) reconhece que está com as mãos atadas. No último dia 7, inclusive, esteve na sede da EMTU, na Capital, reforçando o pedido para agilizar os serviços.

“Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance”, destacou.

Ele salientou que a prefeitura – a obra é de responsabilidade do governo estadual, por intermédio da EMTU – já autorizou a realização de serviços durante a madrugada.

O Diário Oficial de Santos, por exemplo, publicou medida que amplia o horário de funcionamento dos serviços até às 5 horas em trechos de áreas não habitacionais, como o Centro. No entanto, vale lembrar que a situação só não é pior agora, pois o fluxo de veículos diminuiu em razão das férias escolares e universitárias. Mas voltará com tudo a partir de agosto.

Dessa maneira, a previsão é que as obras somente no trecho da Avenida São Leopoldo prossigam até o final de novembro. Enquanto isso, transtornos não faltam. A qualquer hora do dia – piorando na hora do rush, a partir das 17 horas – longas filas se formam ao longo da Avenida

João Pessoa.

Aliás, já a partir do cruzamento da Avenida Senador Feijó, a quilômetros de distância do estreitamento da pista. Dias antes do início das obras na pista, o Boqnews publicou reportagem e vídeo antecipando os problemas que ocorreriam – o que se atesta na prática hoje.

Reclamações

Em meio às polêmicas, quem sofre são os motoristas e passageiros. Um motorista de ônibus – que preferiu que não se identificar –disse que dependendo do horário e do fluxo de veículos, ele demora 20 minutos para percorrer da Praça Rui Barbosa até chegar ao túnel Rubens Ferreira Martins. Chegaria primeiro se fosse a pé.

A ajudante de cozinha Tatiana Rua Correia, 39 anos, sente na pele as mudanças no trânsito. Ela trabalha na Ponta da Praia e utiliza a linha 152 em direção ao terminal do Valongo e depois seguir para sua residência, no Jardim Rádio Clube. “Quando chega na Rua João Pessoa, para tudo”, reclama. O ritmo de ‘tartaruga’ na via começa a partir da Rua Senador Feijó.

Ou seja, se antes ela chegava às 19 horas em casa – saindo uma hora antes do emprego – agora não chega antes das 19h30.

“Mais comum chegar quase às 20 horas”, complementa. Mesmo quem não usa esta saída para chegar à Zona Noroeste tem sentido na pele os impactos da redução da pista.

Agilizar serviços

Em razão das obras, trânsito se intensificou afetando a todos. Prefeito Rogério Santos (à esquerda) esteve na sede da EMTU, na Capital, para pedir por agilidade dos serviços, inclusive durante a madrugada.

Reflexo no morro

O confeiteiro João Carlos Rodrigues de Oliveira, 41 anos, ficou assustado com o tempo de espera para atravessar a Rua João Pessoa de ônibus logo no primeiro dia da mudança. “Eu ia pelo Centro de ônibus. Agora, venho de carro (ele trabalha na Ponta da Praia) e demoro menos, mas vou pelo morro”, salienta.

Ele já notou que o fluxo de veículos cresceu na subida do Morro do Jabaquara em direção ao outro lado, descendo pelo Morro da Caneleira. “Demoro mais de meia hora para chegar em casa. Na ida, faço em 20 minutos”, salienta.

Comércio

Mas não são apenas os usuários do transporte público ou particular que reclamam. O comerciante Washington Santana, que tem uma oficina mecânica e funilaria no número 215 da Avenida Visconde de São Leopoldo teme os impactos orçamentários no seu negócio.

“Na semana passada, não recebi um cliente. E como ficam as contas? Quem paga?”, reclama, lembrando que o comércio já fora duramente impactado em razão da pandemia onde as (poucas) reservas financeiras se foram. Assim, ele tem ido pessoalmente buscar os carros de clientes com seu guincho.

Impedido de acessar seu negócio em razão da obra, a alternativa é usar a calçada para acesso de veículos – como ocorre com um estacionamento vizinho.

Como a calçada e boa parte da ciclovia permanecem intactas, elas se tornam válvula de escape para circulação de pessoas, mas sempre colocando em risco os que nela trafegam.

Não bastasse, outra obra paralela de expansão do VLT ocorre na Rua Visconde do Embaré – ao lado da Rodoviária.

Assim, veículos – tanto do terminal de passageiros como da própria Rodoviária – saem pelos fundos do terminal e seguem pela Rua São Bento, que passou por obras emergenciais para atender a nova demanda.

Dessa forma, os veículos não precisam enfrentar o caos reinante na Praça dos Andradas e imediações. O problema são as linhas que vêm das ruas do Centro e do túnel e precisam acessar o terminal. Ou seja, sair é fácil. O problema é entrar na Rodoviária ou Terminal do Valongo.

Reunião

Sobre a reunião ocorrida na EMTU, o prefeito antecipou algumas novidades. “Tivemos algumas conquistas importantes”, avalia. Entre elas, a empresa responsável pelo trabalho confirmou a finalização das obras na Rua Campos Melo (Macuco) neste mês de julho – serviços se arrastam há dois anos na via – e, na sequência, o início da nova frente de trabalho na Rua Luís de Camões.

“Haverá pavimentação e calçada, conforme combinado com os comerciantes”, diz o prefeito. Participaram do encontro o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Marco Antonio Assalve, o presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), Francisco Wakebe.

E ainda: o superintendente da construtora Alya, Lucas Padilha, o presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET-Santos), Antonio Carlos Gonçalves, além da equipe técnica das áreas envolvidas.

Além disso, sobre o trabalho noturno, ficou acertado que eles ocorrerão na região central, nas ruas Amador Bueno, Visconde de São Leopoldo, Visconde de Embaré e São Bento.

A obra da segunda fase do VLT, que liga a Estação Conselheiro Nébias ao Valongo, tem prazo para ser concluída até julho de 2024.

This article is from: