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Dar outra ótica ao debate

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A polêmica criada a partir da proposta lançada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, de criaçãodeumafrenteformadapelos estadosdoSuleSudeste-interpretadaporoposicionistascomoumatese “separatista”-,suscitouodebateem torno da necessidade de tornar mais equânimearepresentatividadepolíticadasregiõesnoCongressoNacional. Issoporque,oatualmodelofavorece aos interesses do Norte e Nordeste, emrazãodomaiornúmerodecadeiras ocupadasporparlamentaresoriundos dessasregiões,desconsiderandoarepresentatividadepopulacionaleaparticipaçãonaarrecadaçãodetributos.

Subjugadas pela cultura do coronelismo, as populações do Norte e Nordeste foram condenadas ao atraso e, por consequência, forçadas ao êxodo

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Apesar da tentativa de atribuir à proposta de Zemaviesesdiscriminatórios,énecessárioreconheceroméritodesuscitaroquestionamentosobreas consequências danosas que esse modelo político protecionista propiciou às populações nortistas e nordestinas por várias décadas. As dificuldades enfrentadasnessasregiõesjásãopordemaisconhecidas e, ao longo da história, sempre foram vistas comoestereótiposdamisérianacional,permeando retóricaspolíticaspopulistasecamuflandopráticas corruptasapartirdodesvioderecursosdosmuitos projetosgovernamentaiscriadosparatentaratender as demandas sociais daqueles estados. Subjugadas pelaculturadocoronelismo,aspopulaçõesdoNorte eNordesteforamcondenadasaoatraso e,porconsequência,forçadasaoêxodo para assegurar condições mínimas de sobrevivência.

Mesmoquereconhecidaanecessidadeatualdemanutençãodosprogramasassistencialistasedetransferência derenda,comooBolsaFamília,muito maisseesperadoGovernonosentido deimplementarpolíticasconsistentes eduradorasparadodesenvolvimento sustentável daquelas regiões. Além da urgência na instituição de programas e projetos para atendimento das populações mais vulneráveis, a partir dodesenvolvimentoeimplementação deaçõesparaacriaroportunidadesde trabalhoegeraçãoderenda.

Nessesentido,acriaçãodemecanismosealternativasdecunhoeconômicolocal,alémdegarantir asubsistênciadasfamílias,oferecerácondiçõespara suamanutençãonasprópriaslocalidades,evitando, oupelomenosminimizando,amigraçãoparaoutras cidades,especialmenteparaoSuleSudeste.Mais do que benevolência, as regiões Norte e Nordeste devem ser vistas como espaço para a expansão de polosprodutivosesegmentosempresariaisbrasileiros,sobretudoosvoltadosàproduçãodealimentos eenergiasrenováveis.Porissodevesignificarmuito maisparaoPaísdoqueapenasobjetodediscursos permeadosderetóricaspopulistaseleiçoeiras.

JAIRO SÉRGIO & COLABORADORES @jairosacampos Mais notinhas em www.boqnews.com/blognews redacao@boqnews.com

Dívida de quase um século

Desde 1927 já se estudava a construção de um túnel escavado para a passagem de um bonde elétrico entre Santos e Guarujá.

Em 1947, o urbanista Prestes Maia já defendia até três ligações entre as cidades. Neste século, o ex-governador José Serra chegou a inaugurar até uma maquete. E há uma década, o então governador Geraldo Alckmin concluiu o EIARIMA do túnel, que nunca saiu do papel.

Agora vai?

Hoje, Alckmin virou vicepresidente - algo impensável há uma década - e poderá, enfim, concretizar este projeto. Afinal, a construção do túnel SantosGuarujá foi garantida entre as obras do PAC, versão 2023, lançado oficialmente pelo presidente Lula, no Rio de Janeiro, na sexta.

Investimentos de porte

O novo PAC vai investir R$ 1,7 trilhão em todos os estados do Brasil, sendo R$ 1,4 trilhão até 2026 e R$ 320,5 bilhões após 2026, de acordo com o Governo Federal. Além da obra do túnel, outras ações estão previstas, como o arrendamento da STS33, a reforma do cais da Ilha Barnabé, além da dragagem de aprofundamento no estuário e dos berços. Além de investimentos no aeroporto de

Guarujá, outra lenda urbana.

Maior obra

Ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, comemorou a inclusão das obras do túnel no PAC. Segundo ele, esta será a maior obra do governo Lula e terá impacto na economia nacional.

À espera de apoio

Em vídeo, ele disse também que espera contar com o apoio do governo paulista na execução da empreitada. Ela passará a ser feita por uma PPP (Parceria PúblicoPrivada), algo que o governador Tarcísio de Freitas defendia ainda quando ministro da Infraestrutura.

SPU

Representante regional do PT no diretório estadual, o psicólogo

Emerson Santos foi nomeado coordenador do escritório descentralizado da SPUSuperintendência do Patrimônio da União, do Ministério da Gestão e Inovação, em Santos. Ele tomará posse na terça (15), na Capital.

‘Não à extrema direita’

O suspense acabou. O vereador Benedito Furtado (PSB) refletiu sobre o cenário eleitoral do próximo ano e garantiu que entrará na disputa eleitoral “contra a extrema direita”. Em vídeo nas redes sociais, ele se coloca à disposição do seu partido para disputar a prefeitura de Santos. Caso isso não ocorra, sairá candidato à vereança. Apesar de não gostar do título, Furtado é o decano entre os atuais vereadores.

Para garantir as verbas

Diante de tantas reclamações de edis e atrasos na liberação de verbas que impedem o recebimento pelas entidades, o vereador Zequinha Teixeira (PP) apresentou projeto que permite que os recursos provenientes das emendas parlamentares sejam identificados como ‘restos a pagar’, caso não sejam pagos no mesmo ano, e assim sejam executados no ano seguinte.

Relembrando 8 de janeiro

Um dos mais importantes juristas brasileiros, o advogado Vicente Cascione considera um absurdo o tratamento imposto peo STF dado às pessoas presas após os atos de 8 de janeiro, em Brasília. “Existem algumas sem culpa formada, nem individualização de conduta”, enfatiza. Cascione participou do Jornal Enfoque desta sexta (11), dia do Advogado, disponível nas redes.

Quem Responde?

Qual .. a justificativa que o ex-presidente Jair Bolsonaro dará para as acusações da venda de joias pela família Cid e investigadas pela Polícia Federal?

“Quando todas as armas forem de propriedade do governo, este decidirá de quem são as outras propriedades.”

Ponto de Vista

Os novos ditadores

Michael J. Sandel, o celebrado filósofo de Harvard, em entrevista ao jornalFolhadeSãoPaulo(03/08/2023), expõe seu pensamento sobre a democracia, tema recorrente de seus livros e palestras, acentuando, agora, o que denomina de “ditadura do algoritmo’, entidade responsável pela polarização corrosivadossistemasdemocráticos.

Osalgoritmossãousadosporgrandescorporaçõescomoalavancadeseus negóciose,hoje,principalmente,pelas empresas de tecnologia, sendo estas guiadas por uma teia de conteúdos, ondeseabrigammentiras,desinformação e versões. Os impactos aparecem noadensamentodapolarização.

Puxando o fio do rolo temático para análise do que ocorre no seio das nações, sejam elas regidas pelo liberalismo, pela social-democracia ou sistemas autoritários, transparece a feição populista, com seus modos de expressar o perfil dos dirigentes, moldando suaformadeagiraogostodasmassas.

O populismo é um dos mais antigos vírus da política, aparecendo, desde priscas eras, no dedo do imperador romano apontando para cima ou para baixo e determinando se o gladiador, derrotado na arena, deveria ser morto pelaespadadoadversárioouviver.Os ditadorestinhamcomofachoapolítica dopanisetcircenses.(...)

O que caracteriza o populismo?

Alguns fatores são lembrados pela ciência política. Dentre eles, a ligação direta dos populistas com as massas, sobrepondo-se às instituições do Estado. O discurso nacionalista é outro componente, principalmente quando a questão é a economia. O populismo desfralda a bandeira da união das massas,e,noembalo,denunciaaresponsabilidadedaselites.Éclaroqueagesob a fragilidade de um sistema partidário formado pelos catch all parties “partidos do agarra tudo o que puderem”, como designa o constitucionalista alemão,OttoKirchhemeier.

Na América Latina, o mais simbólico caso é o da Argentina, com a figura de Juan Domingo Perón, presidente da Argentina entre 1946 e 1955 e 1973-1974, coronel do exército que ascendeu politicamente durante um período em que o país era governado peloGrupodeOficiaisUnidos(GOU), compostopormilitaresfascistas.

Puxemos o fio do novelo para o Brasil e nos fixemos na história mais recente.Entre1946e1964,conhecido como Quarta República, vivemos um ciclopopulista.Osprincipaispresidentes desse ciclo foram Eurico Gaspar Dutra(1946-51),GetúlioVargas(195154), Juscelino Kubitschek (1956-61), Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-64).Osquatroúltimossãovistos comopolíticospopulistas.

Opopulismotemmuitoslados.O populismodedireitaabrigaperfisideologicamente conservadores, ligados, nas últimas décadas, às crises sociais, políticas e econômicas. O populismo de esquerda, que se veste do manto progressista, se ancora, como antes foi dito, na defesa dos trabalhadores contra as elites. Emerge daí uma grande corrente clientelista, atendida com programas para amaciar seu coração e “protegerseubolso”.

O fato é que, na paisagem contemporânea, nasce uma nova floresta populista,irrigadaporgrandescorporaçõesesuasextensõesnasmídias.Funcionam como fonte de fakes e leituras enviesadas sobre fatos sociais e eventos políticos. Estamos vivenciando a “ditadura de uma nova ordem social”, cujospilaresseassentamnaimposição de modelos e visões sobre o cotidiano. Tudo parametrizado por algoritmos. Faltaclareza,corporaçõesnãoprestam contasdoseumododeagirecomunidadessãoinduzidasaconsumiroquea elasseapresentam.

Florescenessapaisagemumanova cultura,regadaàpolarizaçãoqueacirra oânimodegruposeimpulsionada,sobretudo, em momentos eleitorais. Batalhas e conflitos diversos ocorrem nas ruasenasarenasdasNações,algumas nasproximidadesdassedesdosPoderes Constitucionais, onde as armas, a par de discursos exaltados, chegam a usaroímpetodestrutivodabala.Oplaneta se engalfinha numa guerra pelo poder.Soboapoio,explícitooucamuflado,denovosditadores.

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