Revista PARAR Review - Ed.18

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» ARTIGO ESPECIAL

EU, ROBÔ? Por Flavio Tavares, fundador do PARAR, idealizador da WTW e CMO da GolSat. / pag. 12

18ª EDIÇÃO / NOVEMBRO 2019 » GESTÃO DE FROTAS, MOBILIDADE, TECNOLOGIA E PROPÓSITO

O SEU VEÍCULO É SEGURO?

ENCOMENDA CONECTADA

Latin NCAP e Rota 2030 incentivam montadoras a desenvolverem a segurança de seus produtos / pag. 46

No futuro não tão distante, você vai receber suas encomendas via drones / pag. 40

EMPRESAS INTELIGENTES Inteligência artificial já é realidade no mundo corporativo / pag. 62

Uma nova Era para

GESTÃO DE FROTAS NOVA TECNOLOGIA POR VÍDEO GARANTE UMA GESTÃO DE VEÍCULOS MAIS EFETIVA E INTELIGENTE PARA FROTAS EMPRESARIAIS / pag. 22




08.

EMPRESAS CAMINHAM RUMO À SUSTENTABILIDADE DAS FROTAS Soluções que respeitam o meio ambiente são adotadas por empresas que querem se manter competitivas no mercado; conheça as iniciativas.

16.

PESQUISA TRAÇA CENÁRIO DO SETOR AUTOMOTIVO BRASILEIRO A 20ª edição do estudo mais antigo do mercado volta-se à realidade do Brasil, indicando tendências, caminhos e novas perspectivas.

40.

ENCOMENDA CONECTADA No futuro não tão distante, você vai receber suas encomendas via Drone Delivery.

22 46.

MATÉRIA DE CAPA

UMA NOVA ERA PARA GESTÃO DE FROTAS

Tecnologia desenvolvida pela GolSat une tendências da tecnologia para garantir uma gestão de veículos mais efetiva e inteligente; cooperativa agroindustrial revela os benefícios das câmeras em frotas empresariais.

O SEU VEÍCULO É SEGURO?

Itens de segurança nem sempre são prioridade; Latin NCAP e Rota 2030 incentivam os fabricantes a desenvolverem a segurança de seus produtos.

12.

← 14.

26.

38.

É HORA DE DESMOBILIZAR A FROTA, E AGORA? Processo consiste em um dos desafios dos gestores. Terceirização está em alta, garantem CEO´s da área.

MERCADO DE TRABALHO: O FUTURO CHEGOU Novos e inovadores modelos de negócio despontam; empresa brasileira atua com call-center totalmente home-office, transformando realidades.

ANTECIPANDO O FUTURO Gerente de Marketing e Vendas da Localiza Gestão de Frotas, Gabriel Andrade relembra a história do braço corporativo da locadora e reflete sobre a importância do olhar atento às tendências de mobilidade no mundo.

34 68.

EU, ROBÔ?

30

Por Flavio Tavares, fundador do PARAR, idealizador da WTW e CMO da GolSat.

VAMOS JUNTOS?

Entregar soluções de tecnologia mobile, conectando pessoas ou empresas, é o que move a 2GO Smart Mobility.

PUBLIEDITORIAL

REPENSANDO AS NECESSIDADES DA MOBILIDADE URBANA Por Alberto Brandao, Moskit CRM.

GESTOR COM PROPÓSITO É GESTOR RECONHECIDO

Em 2019, chegamos a terceira edição do prêmio Gestor do Ano, que acontece durante a noite de premiação na Welcome Tomorrow, o maior evento de mobilidade do mundo.

T I P S & C A S E S I N S I D E HEADLINE

FEATURED CONTENTS

4 –


– 5

PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

EXPEDIENTE

62.

NA GESTÃO DE FROTAS Workshop realizado pela GolSat foi um sucesso em 2019, levando conteúdos técnicos e conectando gestores de todo o país.

64.

ÚLTIMA PARADA: PARAR ON THE ROAD! O ciclo 2019 do maior evento de frotas do Brasil se encerra depois de cinco dias memoráveis.

74.

GESTOR COM HUMOR Por Dorinho Bastos, cartunista e professor de comunicação da USP.

TAKES

Aumento de acidentes com motociclistas acende um sinal de alerta para a conscientização de condutores e empresas.

60.

EMPRESAS INTELIGENTES Inteligência artificial já é realidade nas empresas brasileiras; conheça os benefícios do uso desta tecnologia para o gerenciamento de frotas e no mercado de seguros.

72

66.

AHEAD Veja os melhores takes das edições do AHEAD pelo Brasil, o ciclo de workshops para gestores de frotas do amanhã.

PARAR ON THE ROAD Confira os melhores momentos das edições do Parar on de Road.

A PARAR Review é uma publicação do PARAR, veiculada por distribuição direta. Para recebê-la, envie um e-mail para

atendimento@parar.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Loraine Santos

conteudo@parar.com.br COLABORAÇÃO Ana Luiza Morette Ana Paula Motta Rabelo Audrey Furlaneto Beatriz Pozzobon Guilherme Popolin Karina Constâncio Mariana Lo Turco Paula Bonini Pietra Bilek PUBLICIDADE

publicidade@parar.com.br (43) 3315-9500 PROJETO GRÁFICO & DIAGRAMAÇÃO Brand & Brand Comunicação

brand.ppg.br IMPRESSÃO E ACABAMENTO Idealiza - idealizagraf.com.br

A Revista PARAR Review é uma publicação da empresa idealizadora do PARAR.

TRANSPORTE NA DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS Por Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior.

Z O O M

58. AHEAD - A MUDANÇA

SINAL AMARELO PARA OS MOTOCICLISTAS

50.

54

CORRENDO PARA O FUTURO

Única piloto de Stock Car, Bia Figueiredo é inspiração para novas gerações de mulheres nas pistas e dá exemplo de empatia no mundo dos negócios.

institutoparar.com.br

IDEALIZADORA

golsat.com.br


6 –

EDITORIAL

> RICARDO IMPERATRIZ

PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

O futuro é humano

›› RICARDO IMPERATRIZ CEO Golsat e PARAR Leader

mente? Tenho certeza que as imagens mentais que foram criadas possuem alguma relação com a tecnologia e a modernidade. E não é para menos: lançamos a 18ª edição da PARAR REVIEW em plena Welcome Tomorrow 2019, um evento que é referência internacional em tecnologia e inovação. No entanto, pensar em como iremos gerir a mobilidade do time de profissionais da sua empresa diante dessas novidades tecnológicas que já chegaram (ou que estão por vir) também deve passar pela forma como as pessoas estão reagindo às informações. Parece algo contraditório, mas quanto mais discutimos modernidade, mais devemos refle-

cisa ser levado à sério: o ser humano. Não adianta transformarmos todas as nossas estruturas em ambientes tecnológicos se deixarmos de manter o ser humano no centro da discussão. Falar de bem-estar muitas vezes parece um tema desnecessário, especialmente em um mundo corporativo tão competitivo como o qual vivemos. Contudo, eu não chamaria de bem-estar, mas sim de “estar-bem”. Só assim as atividades corporativas podem ser executadas conforme o planejado. A mente humana possui uma capacidade incomparável de atingir resultados, mas, para tanto, precisa ser gerida de maneira assertiva. Para manter uma empresa competitiva e na vanguarda tecnológica, você, gestor de frotas e gestor de vidas, deve manter seus profissionais a postos na hora correta, no lugar certo, seguros

tir sobre a questão humana. De que forma tudo

e ao menor custo possível. A forma como nos

isso que nos está sendo apresentado pode ser re-

deslocamos – ou até mesmo a forma como não

almente colocado em prática pelos profissionais

nos deslocamos, dada a tecnologia disponível –

e pelas empresas? Como não se apavorar diante

influencia a operação das empresas, desde cus-

tantas transformações tantas transformações e

tos até a performance, e leva as empresas tanto

como, de fato, podemos aproveitar as ferramen-

às vitórias ou derrotas. Que tal conferir alguns

tas tecnológicas para agir e evoluir? A boa notícia

projetos práticos que estão transformando o se-

é que hoje temos muitos recursos à disposição e

tor de mobilidade corporativa e ao mesmo tempo

precisamos entendê-los para aplicá-los agora ou

estão ajudando a melhorar nosso futuro HUMA-

em um futuro próximo.

NO? Essa é a proposta da PARAR REVIEW #18. ▚

Em meio às diversas transformações, o retorno ao primeiro e mais antigo meio de transporte pre-

Boa leitura!

Fotos: © Mariya Popova / Divulgação

P

ARE UM MINUTO PARA PENSAR SOBRE O FUTURO DA MOBILIDADE CORPORATIVA E NA GESTÃO DE FROTAS LEVES. O que veio na sua



HEADLINE

› SUSTENTABILIDADE DAS FROTAS

No Brasil, empresas caminham rumo à sustentabilidade das frotas Soluções que respeitam o meio ambiente estão sendo adotadas por empresas que querem se manter competitivas no mercado; conheça as iniciativas por BEATRIZ POZZOBON

HOJE,

84

%

DAS PESSOAS

Fotos; © Divulgação

ESTÃO MAIS PROPENSAS A COMPRAR PRODUTOS E SERVIÇOS DE EMPRESAS QUE DESENVOLVAM PROJETOS SOCIAIS E RESPEITEM O MEIO AMBIENTE


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

›› SILVIA BARCIK, diretora de mobilidade sustentável do Instituto Renault.

AUMENTO DA QUANTIDADE DE VEÍCULOS CIRCULANDO NAS CIDADES TEM DEMANDADO SOLUÇÕES DE MOBILIDADE URBANA para manutenção da qualidade do ar e saúde da população. No Brasil, já são 65,8 milhões de veículos – sendo mais de 41 milhões de automóveis, é o que indica levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Outro estudo, dessa vez do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), revelou que mais de 70% da poluição do ar nas grandes cidades é causada pelo setor de transportes. De olho nesta realidade, as empre-

Fotos: © Divulgação / KIt8.net

sas do setor, que querem se manter re-

De acordo com Barcik, uma frota sustentável remete, especialmente, a veículos com baixa emissão de poluentes, visto que carros, ônibus, motos e caminhões não sustentáveis são responsáveis por emitir gases como o monóxido de carbono (CO), óxido de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos (HC) na atmosfera. Neste sentido, já em 1986 o Ministério do Meio Ambiente lançou o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), como uma forma de controle do ar nos centros urbanos. O objetivo é diminuir gradativamente a emissão de gases poluentes, a partir do controle dos lançamentos de veículos, que devem atender aos limites de emissão permitidos pelo programa. Para além do que a legislação determina, a Renault já conta com uma linha de veículos 100% elétricos e com zero emissão de poluentes. “Em

levantes no mercado, estão adotando medidas para

2008, a Renault lançou uma gama de veículos 100%

manter uma frota mais sustentável. Ainda mais sa-

elétricos e foi a pioneira nisso. Hoje, somos líderes de

bendo que, nos dias de hoje, 84% das pessoas estão

vendas na Europa e no Brasil. Nossos modelos, por-

mais propensas a comprar produtos e serviços de

tanto, respondem a essa preocupação legítima dos

empresas que desenvolvam projetos sociais e res-

gestores de frota que buscam diminuir seu impacto

peitem o meio ambiente, de acordo com pesquisa

ambiental”, ressalta a diretora.

da UOL, divulgada neste ano. “Consumir de forma

A Atlas Copco, empresa especializada no comércio

consciente passa pelos aspectos de reflexão sobre a

de bombas e compressores, também preza pela sus-

necessidade de uso e sobre a idoneidade do produto

tentabilidade na gestão da frota. “Nos empenhamos

ou serviço. Estes aspectos têm pesado cada vez mais

em sempre buscar a melhoria contínua e conduzir

na decisão de compra, sobretudo das novas gera-

os negócios de forma que o meio ambiente seja

ções. Empresas ambiental e socialmente responsá-

preservado para as gerações futuras”, destaca Vânia

veis têm saído na frente”, afirma Silvia Barcik, dire-

Vilela, coordenadora de serviços administrativos da

tora de mobilidade sustentável do Instituto Renault.

Atlas Copco. →

– 9


10 –

HEADLINE

› SUSTENTABILIDADE DE FROTAS

PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

Empresa oferece soluções para compensação de carbono

A Ticket Log, que atua no mercado brasileiro de gestão de abastecimento e manutenção de veículos, mantém um projeto de crédito de carbono, desde 2012. Os créditos de carbono são uma forma de poder de compra baseada na redução das emissões de gases de efeito estufa, possibilidade criada a partir do Protocolo de Quioto (1997). O Programa Crédito de Carbono da Ticket Log é um projeto aprovado pelo Verified Carbon Standards (VCS) que, além de fomentar uma atuação mais sustentável entre as empresas, permite a geração de créditos de carbono das empresas clientes que aderem ao programa e reduzem suas

emissões de gases de efeito estufa (GEE) das frotas comerciais de veículos com tecnologia flex, pela substituição no abastecimento de gasolina por etanol. Segundo Douglas Pina, head de mercado urbano da Ticket Log, já foram gerados mais de 34 mil créditos de carbono, o que representa uma redução de 34 mil toneladas de emissões de GEE no meio ambiente. ''Sabemos que, no Brasil, o transporte é o principal emissor de CO² e cabe aos gestores de frotas exercer o papel de adotar um modelo de atividade de menor impacto, fator crucial para evitar o avanço das mudanças climáticas. Algumas alternativas, como a utilização cada vez maior do etanol ou do biodiesel no abastecimento, já são realidade e outras frentes ganham cada vez mais atenção nas estratégias do setor”, pontua Pina. ''Aqui na Ticket Log, focamos em oferecer inteligência para otimizar a mobilidade urbana, que resultam no melhor planejamento

Entre as políticas adotadas pela empresa

''Temos números alarmantes de aumento

estão: troca de veículos a cada quatro anos ou

de emissão de CO2, menos de 1% da frota bra-

quando atingem 120 mil quilômetros rodados;

sileira é composta por carros elétricos, uma in-

das frotas e na compensação de emissões carbono'', completa. Outra iniciativa de responsabilidade climática gerenciada pela empresa é a Plataforma Compense, lançada neste ano, que permite que empresas possam compensar suas emissões de CO2 por meio do apoio a projetos brasileiros e internacionais de compensação, incluindo o Projeto de Crédito de Carbono da própria Ticket Log, que considera créditos gerados pela frota de veículos de seus clientes. A solução funciona como um balcão de vendas de ações de compensação de emissões, oferecendo ao comprador a possibilidade de compensar o impacto ambiental da sua frota, enquanto apoia outros projetos de cunho ambiental. ''O modo como as pessoas se deslocam está mudando, de forma que as empresas, que não incorporarem em suas iniciativas um olhar para essas mudanças, vão perder competitividade e mercado”, encerra Pina.

85% dos abastecimentos com etanol; manutenção preventiva; telemetria, para manter a

"A SAÍDA PARA A EVOLUÇÃO É COLOCAR O BRASIL MAIS PRÓXIMO

velocidade da frota sob contro-

DAS TECNOLOGIAS DE PONTA, DAR INCENTIVOS PARA ACELERAR A

le; aquisição de veículos flex,

ADOÇÃO DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS E HÍBRIDOS."

além de monitoramento do

Vânia Vilela, coordenadora de serviços da Atlas Copco

mercado de híbridos e elétricos

Para Vilela, o fato da sustentantabilidade

fraestrutura irregular e falta de planejamento

ser pauta em discussões na indústria auto-

urbano, que ao meu ver é uma das principais

mobilística já representa um avanço na área.

entraves para alcançarmos uma descarboniza-

“Hoje, podemos ver um compartilhamento de

ção'', enumera Vilela. "A saída para a evolução

mobilidade com os aplicativos, incentivo ao

é colocar o Brasil mais próximo das tecnologias

uso de bicicletas e semelhantes, que demons-

de ponta, dar incentivos para acelerar a adoção

tram que estamos olhando para um futuro

dos veículos elétricos e híbridos, se preparar

onde poderemos respirar um ar mais limpo''.

com infraestrutura, principalmente nas ro-

No entanto, segundo a coordenadora, o Brasil

dovias, termos mais eletrovias e eletropostos,

ainda tem muitos desafios para alcançar uma

frotas mais atualizadas e campanhas de cons-

frota 100% sustentável.

cientização”, finaliza. ▚

Fotos: © Divulgação

para investimentos futuros.


Com a parceria certa, você leva sua empresa cada vez mais longe

Gerenciamos sua frota de maneira personalizada, auxiliando suas decisões com tecnologia e inteligência de dados. Nosso objetivo é reduzir custos com soluções inovadoras. São 55 anos de experiência, gerenciando 1,8 milhão de veículos em 30 países.

Escolha estar à frente, escolha LeasePlan.

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› ARTIGO FLAVIO TAVARES Fundador do Instituto PARAR, idealizador da WTW e CMO da Golsat

Foto: © Divya N

inside


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

"A

QUELE MÉDICO ERA MUITO HUMANO…”. Essa foi uma frase que ouvi há

um tempo atrás, e me fez refletir sobre o que está acontecendo com o mundo. Vivemos em uma era em que a tecnologia nos apresenta novidades todos os dias. Seja com uma atualização nova em seu smartphone ou com andróides revolucionários. São tantas inovações no mundo tech que, de repente, ser humano se tornou uma qualidade. Quando será que perdemos a nossa humanidade? Na Revolução Industrial, lá no começo do século XX, o mundo pedia por máquinas. A escala industrial e a forma de produção de Ford, Fayol e Taylor era inspiração para os donos das grandes fábricas. E para trabalhar nesse modelo, cada trabalhador não precisava de sua inteligência emocional, criatividade ou pensamento crítico; o que precisavam era de uma técnica mecânica, repetitiva e que, depois de um tempo, se tornava automática. Essa característica das fábricas logo migrou para as relações humanas e o ser humano teve que se adaptar a esse formato de vida. Mas é essa mesma qualidade de adaptação, que foi imprescindível para a nossa evolução. Diante das dificuldades, encontramos forças e nos renovamos, para então, dar conta dos desafios. E cá estamos, no século XXI, vendo robôs trabalhando no lugar daquelas pessoas que antes eram força de trabalho no chão de fábricas. E agora, o que fazer?

O PROFISSIONAL DO FUTURO NÃO PRECISA DE HORAS EXAUSTIVAS DE TRABALHO; ELE PRECISA DO FAMOSO ÓCIO CRIATIVO, O QUAL FOI DEIXADO DE LADO POR DÉCADAS.

Foi ouvindo a frase do início deste texto que surgiu uma luz. Não é à toa que a humanidade se tornou um diferencial para as pessoas. Logo que pensamos nessa característica, lembramos de bondade, generosidade, empatia e gratidão. Lembramos daquela pessoa que é atenciosa e cuida com carinho das pessoas que estão a sua volta. Uma característica, que cá entre nós, nenhum robô pode ter. O futuro do trabalho não está atrelado apenas a inteligência artificial, big data ou carros autônomo; ele também tem a ver com qualidade de vida. Quando os colaboradores não precisarem mais fazer trabalhos mecânicos, repetitivos e cansativos, eles terão mais tempo para serem criativos e inovadores. O profissional do futuro não precisa de horas exaustivas de trabalho; ele precisa do famoso ócio criativo, o qual foi deixado de lado por décadas. Por isso, não fará mais sentido chefes que exigem o lado robô de seus colaboradores. O mundo não precisa de líderes que consideram que seus colaboradores são meras estatísticas. Precisamos de líderes que lembrem que hoje, a melhor inovação não são as máquinas, e sim, os seres humanos. Cabe a nós criarmos as nossas regras e construirmos um amanhã mais humano. Afinal, em terra de robôs, quem lidera com o coração, é rei! ▚

– 13


TIPS & CASES

por PAULA BONINI

Processo consiste em um dos desafios dos gestores. Terceirização está em alta, garantem CEO's da área

S

E VOCÊ ADMINISTRA OS VEÍCULOS DA EMPRESA, vai concordar que a desmobilização

da frota é um dos desafios inerentes ao cargo. Trata-se de um momento de renovação, que precisa ser criterioso e exige uma série de detalhes específicos. E como fazê-lo da melhor forma? Um dos primeiros questionamentos que vêm à tona é como identificar a hora certa de iniciar o processo. “É importante que as empresas não ultrapassem os 100 mil km, pois isto afeta demais o valor residual dos carros. Se avaliarmos as locadoras, que vivem da venda de carros, veremos que elas não permitem que os clientes utilizem seus carros acima de 120 mil km”. É o que orienta Diogo Ilha, CEO da MotorMarket, empresa que realiza todo o processo de desmobilização de frotas, gestão de documentação, preparação dos carros, armazenagem, vistorias e laudos, precificação dos veículos, venda e transferência.

Foto: © Freepik

É HORA DE DESMOBILIZAR A FROTA, E AGORA?

› DESMOBILIZAÇÃO DA FROTA


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

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Sendo assim, a periodicidade da des-

com facilidade e expõem colaboradores,

“Sempre apontamos para nossos clientes

mobilização varia de acordo com o tipo de

bem como verificar que dificilmente as

que a renovação da frota pode trazer di-

operação e quilometragem rodada. “Em

vendas ocorrem a nível nacional se não

versos benefícios para a empresa, como

operações muito severas é importante que a

optarem pela terceirização.

mais economia e melhor desempenho.

desmobilização não ultrapasse os 24 meses,

Indagado se a fase de mobilizar a frota

De qualquer forma, a decisão deve ser to-

ou até 12 meses às vezes. Caso contrário, os

já contribui com o sucesso do processo

mada de acordo com uma análise deta-

carros terão que ser vendidos como sucatas

futuro de desmobilização, Ilha respon-

lhada das condições dos veículos e cada

ao final do contrato. Empresas que traba-

de afirmativamente e orienta terceirizar

empresa pode ter uma política própria

lham com fertilizantes, mineração, segmen-

a operação desde o início, escolhendo

e que se adeque mais às suas necessi-

to de telecomunicação e geração e distribui-

empresas que realizam o processo como

dades”, considera. Quando a decisão de

ção de energia são exemplos”, alerta o CEO.

um todo.

desmobilizar a frota for tomada, o CEO da Manhein destaca a importância de

Na lista das principais dificuldades e riscos envolvidos, a documentação sempre aparece. Isso porque o prazo da entrega de documentos está diretamente relacionado com o preço do carro, e se não for cumprido adequadamente pode afastar o comprador. “Além disso, se o veículo não for devidamente transferido, a empresa pode acabar o processo de desmobilização inscrita no CADIN

MELHOR CUSTO BENEFÍCIO E AGILIDADE NA VENDA Para facilitar a desmobilização, Daniel Romero, CEO da Manhein, maior empresa de remarketing do mundo e desde 2014 com atuação no Brasil, acrescenta a importância de na fase inicial de mobilização treinar e criar no condutor uma

realizar uma criteriosa avaliação para entender qual canal de venda oferecerá o melhor percentual de recuperação de venda do veículo. E se o assunto é a venda do carro, o gestor pode encontrar dificuldades em diferentes aspectos. “Seja por não conhecer o mercado de venda e não contar com uma empresa especializada para compra e avaliação. Além de problemas com

“SEMPRE APONTAMOS PARA NOSSOS CLIENTES QUE A RENOVAÇÃO DA FROTA PODE TRAZER DIVERSOS BENEFÍCIOS PARA A EMPRESA, COMO MAIS ECONOMIA E MELHOR DESEMPENHO.

documentação de rodagem, CRV, transferência e multas, que podem aparecer depois de até cinco anos. Assim como por não ter um canal de venda específico”, cita. Por isso, ter um parceiro com

Márcio Pessoa

abrangência nacional facilita muito a vida do gestor, uma vez que não é neces(Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal)”, alerta Ilha. Neste contexto, a fim de evitar tais riscos e até mesmo gastos desnecessários, a terceirização do processo de desmobilização tem sido uma alternativa cada vez mais buscada no mercado. Para o CEO da MotorMarket, terceirizar o processo é uma forma de, inclusive, proteger o gestor de qualquer tentativa de fraude, o que é muito comum. “Além disso, as empresas do segmento de desmobilização têm grande estrutura e volume concentrado em seus fornecedores, propiciando grande economia. A Motormarket, por exemplo, hoje possui uma rede de 6 mil oficinas no Brasil que podem ser usadas como pontos de vistorias ou preparação de veículos”, cita. Os gestores passaram a se voltar para a terceirização, a partir do momento que identificaram que se trata de um trabalho completamente diferente do seu dia a dia. Também ao notar que as fraudes acontecem

consciência acerca do cuidado com o veículo, além de manter as manutenções em dia, dirigir de forma consciente e evitar multas. “Recomendamos que o gestor da frota faça um treinamento com sua equipe de condutores desde o início”. Tais cuidados podem ampliar a vida útil do veículo, impactando na frequência em que há necessidade de realizar o processo de desmobilização. “Os prazos (para desmobilizar) são variáveis de acordo com tipo de frota, seguimento e atuação de empresa. Porém, avaliamos uma série de fatores como manutenção, quilometragem, estado geral do veículo, custo para manter o veículo em operação”, explica Romero. Sobre a frequência indicada para a desmobilização, ele diz que, apesar de variável, normalmente, a regra para não termos muita depreciação em veículos leves é a troca de três em três anos. Na prática, no entanto, é pouco seguida.

sário entrar em contato e acompanhar o processo de desmobilização de forma individual, e sim centralizada. A Manheim, por exemplo, conta com pátios estrategicamente localizados em todo o país. A terceirização do processo, segundo Romero, apresenta grande custo benefício e agilidade para a empresa. “Uma empresa especializada tem acesso direto a diversos canais de distribuição o que gera agilidade e melhores oportunidades de negociação”, justifica. Contratar uma empresa para gerir a desmobilização da frota é o caminho mais simples, na visão dele, também para evitar custos desnecessários com a criação de infraestrutura tecnológica e alocação de colaboradores nessa tarefa. “A terceirização traz ainda economia com custos de manutenção de veículos parados no pátio, por exemplo, além da possibilidade de recuperação mais rápida de parte do investimento inicial”, comenta. ▚


HEADLINE

› SETOR AUTOMOTIVO BRASILEIRO

Pesquisa inédita traça cenário do

SETOR AUTOMOTIVO BRASILEIRO por PAULA BONINI

“G

LOBAL AUTOMOTIVE EXECUTIVE SURVEY (GAES 2019): BRAZILIAN CHAPTER” ou “Pesquisa Executiva

Automotiva Global: Capítulo Brasileiro”. Um estudo que chega a sua 20ª edição e, pela primeira vez, volta-se exclusivamente ao mercado nacional. Produzida pela KPMG, a pesquisa - que este ano aconteceu em parceria com a AUTODATA -, indica tendências, traça caminhos e amplia perspectivas. E vai além. Seus dados e informações permitem rever conceitos, estratégias e até investimentos deste mercado em profunda transformação. “É a pesquisa mais antiga do mercado, porém, nas edições anteriores, analisamos a indústria de forma global, juntamente com um time de 18 executivos no mundo”, conta Ricardo Bacellar, líder do Setor Automotivo da KPMG no Brasil, explicando que a decisão de realizar uma edição nacional foi em razão do país ter demandas e faltas específicas. “É a primeira de outras que virão. A ideia é se tornar uma publicação anual, com lançamento na virada do semestre de cada ano”, confidencia. Para desenvolver a pesquisa, entre os meses de fevereiro e março de 2019, 256 executivos de diferentes elos da cadeia automotiva e 1.004 consumidores residentes em todas as regiões do Brasil responderam a questionários. As conclusões foram muitas, sendo

DOS

CONSUMIDORES GOSTARIAM DE TER AUTOMÓVEIS ELÉTRICOS A DISPOSIÇÃO PARA COMPRA NO BRASIL.

Foto: © Shutterstock

A 20ª edição do estudo mais antigo do mercado, GAES 2019, volta-se exclusivamente à realidade do Brasil, indicando tendências, caminhos e novas perspectivas


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

algumas surpreendentes, especialmen-

e EUA, contam com subsídios do gover-

ciais. Ele não é mais agente passivo das

te por parte dos consumidores.

no. E, ainda assim, na China somente

inovações determinadas pela indústria

Para Bacellar, um resultado inespe-

10% da frota total é elétrica”, compara,

e assumiu o protagonismo dos movi-

rado, que chamou a sua atenção, foi

acrescentando que a indústria automo-

mentos do mercado”, afirma.

em relação aos veículos elétricos. A pes-

tiva precisa de volume para ser acessível.

Diante disso, a pesquisa destaca o

quisa revelou que surpreendentes 90%

Outra surpresa veio por parte dos

desafio da indústria automotiva em

dos consumidores gostariam de ter au-

executivos. Ao serem questionados so-

reposicionar sua estratégia de negócio,

tomóveis desse tipo à disposição para

bre a necessidade de repensar o papel

migrando do tradicional modelo pro-

compra no Brasil. “A ideia foi mostrar

da rede de concessionárias na constru-

duct centric, no qual exercia o papel pro-

o potencial do mercado e essa foi uma

ção do futuro da indústria, quase a tota-

tagonista de decidir por si só o perfil dos

surpresa”, garante. Apesar do desejo dos

lidade (98%) respondeu afirmativamen-

seus produtos, para o modelo customer

consumidores, apenas 46% dos executi-

te, dividindo a mesma opinião de 72%

centric, no qual os consumidores assu-

vos concordam parcialmente que há via-

dos representantes de concessionárias.

mem a figura de indutores/ coautores

bilidade desta oferta no Brasil e somen-

dos movimentos do mercado.

te 42% concordam parcialmente que há

PERFIL DO CONSUMIDOR

viabilidade de produção local.

Também chamou a atenção, segundo

que formam a percepção de valor do

Neste cenário, mapear os aspectos

O líder do setor automotivo da KPMG

Bacellar, a nítida mudança no perfil do

público e considerá-los de forma efi-

do Brasil, destaca que o país teria que

consumidor, que está cada vez mais em-

ciente nas estratégias de concepção de

superar muitos desafios. “Os órgãos go-

poderado e esclarecido. “Isso por conta

seus próximos produtos torna-se um

vernamentais teriam que se envolver.

do farto acesso ao conteúdo proporcio-

diferencial competitivo extremamente

Países com frotas elétricas, como China

nado em tempo real pelas mídias so-

relevante, aponta o estudo. →

– 17


HEADLINE

› SETOR AUTOMOTIVO BRASILEIRO

MODELO E AMBIENTE DE NEGÓCIOS “A indústria automotiva passa pelo mais profundo processo de transformação dos últimos 100 anos”, considera Bacellar. E muita mudança ainda está por vir - em todos os aspectos. No que diz respeito ao atual modelo de negócios, a maioria dos executivos entrevistados acredita que vai mudar radicalmente nos próximos dez anos. A pesquisa traz que a maioria “reconhece nas startups e nos centros de pesquisa das universidades potenciais

O BRASIL OCUPA A

184ª POSIÇÃO NO QUESITO PAGAMENTO DE IMPOSTOS ENTRE 190 PAÍSES PESQUISADOS.

forma significativa o preço final do produto. Para se ter uma ideia, segundo o Relatório Doing Business 2018, do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 184ª posição no quesito pagamento de impostos entre 190 países pesquisados. De acordo com o estudo, a principal razão para esse desempenho é a complexidade e as distorções da nossa legislação. As empresas brasileiras gastam cerca de duas mil horas por ano em atividades ligadas ao recolhimento de três categorias de tributos. Compreende-se porque quase metade dos executivos entrevistados apontou a re-

parceiros na construção do futuro ecos-

forma tributária como imprescindível para

sistema de negócios da indústria automo-

incrementar os resultados do setor, entre

tiva. Também, majoritariamente, o Rota

as alternativas propostas.

2030 foi apontado como incentivo para o

A reforma tributária foi escolhida pelos

setor continuar investindo em Pesquisa e

consumidores como o segundo fator mais

Desenvolvimento (P&D)”.

importante para melhorar seu poder de

Sobre o ambiente de negócios, a car-

compra, especificamente de veículos, só

ga tributária é percebida como um en-

perdendo para o alto índice de desempre-

trave à competitividade, impactando de

go atualmente verificado no País.

Fotos: © Shutterstock / Divulgação

18 –


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

– 19

HOJE X AMANHÃ

O ESTUDO MOSTROU MACIÇA CONCORDÂNCIA DE QUE O PAÍS PRECISA INVESTIR EM ALTERNATIVAS AO MODELO ATUAL. A OPÇÃO MAIS CITADA PELOS EXECUTIVOS É O INVESTIMENTO EM MALHA FERROVIÁRIA.

Existe a formação clara de dois grupos de prioridades: um deles integra a “agenda de hoje”, enquanto o outro a “agenda do amanhã”. Conforme esclarece o GAES 2019, na “agenda de hoje”, incluem-se as tecnologias de transformação, o aperfeiçoamento da eficiência energética de motores a combustão, a adequação ao ROTA 2030, a adoção de tecnologias de redução de custos e as tecnologias na gestão/integração de fornecedores. À “agenda do amanhã” pertencem os veículos elétricos, as tecnologias nas redes de concessionárias, as parcerias com startups, os serviços de marketplace nos veículos e os serviços próprios de gestão de frotas/locação de veículos/mobilidade. “Do perfeito equilíbrio entre a “agenda de hoje” e a “agenda do amanhã” depende a sobrevivência no curto, médio e longo prazos. E a julgar pelos resultados apurados, a opção pela “agenda de hoje” é prioritária, com o posicionamento dos itens relativos à “agenda do amanhã” em um plano não menos importante, mas ainda secundário neste momento”, conclui o estudo.

›› RICARDO BACELLAR

Líder do Setor Automotivo da KPMG no Brasil

INFRAESTRUTURA

PERSPECTIVAS PROMISSORAS

A infraestrutura também foi item abordado na pesquisa. O problema logístico decorrente do fato de a indústria estar dependente de um só modal de transporte, o rodoviário, constitui entrave à eficiência do setor produtivo brasileiro. O estudo mostrou maciça concordância de que o País precisa investir em alternativas ao modelo atual. A opção mais citada pelos executivos é o investimento em malha ferroviária. Adicionalmente, as respostas indicaram que a alternativa ideal para esse investimento deve ser via parcerias público-privadas (PPPs), dado o sucesso alcançado em projetos anteriores. De acordo com a Fundação Dom Cabral, com investimentos da ordem de R$ 300 bilhões em 10 a 15 anos, seria possível reduzir os principais gargalos e alcançar esse objetivo. Caso esses investimentos sejam concretizados, a economia anual em custos logísticos para todos os setores da economia nacional seria de R$ 31 bilhões.

Apesar dos desafios próprios do mercado automotivo brasileiro, que inclui aspectos culturais, sociais, educacionais e econômicos, as perspectivas são promissoras. Ao comparar o Brasil com outros países, percebe-se que existe clara dificuldade em acompanhar as inovações, até mesmo por conta das crises econômicas e políticas. No entanto, Bacellar enxerga pontos muito positivos no povo/mercado brasileiro: “a voracidade em consumir tecnologias e a criatividade”. Além disso, na visão dele, a globalização também favorece, facilitando acesso ao que há de melhor. Diante da realidade e dos resultados obtidos, há muitos desafios a serem enfrentados e muitos deles giram em torno da necessidade de reinventar, repensar, reconstruir e reorganizar as estruturas existentes. ▚

» INTERATIVO

›› ACESSE A PESQUISA NA ÍNTEGRA: Utilize o leitor QRcode do seu celular.




HEADLINE

› TELEMETRIA COM CÂMERAS

Uma nova Era para

GESTÃO DE FROTAS Tecnologia desenvolvida pela GolSat une tendências para garantir uma gestão de veículos mais efetiva e inteligente; cooperativa agroindustrial revela os benefícios das câmeras em frotas empresariais

M DOS MAIORES EVENTOS DE INOVAÇÃO, O SOUTH BY SOUTH WEST, MAIS CONHECIDO POR SXSW, realizado anualmente nos Estados Unidos, discute as tendências que irão transformar o mundo nos próximos anos. Na edição de 2019, vídeo e transporte figuraram entre as vinte tendências mundiais divulgadas no evento. Um projeto da GolSat une estas duas tendências para revolucionar a gestão de frotas das empresas a partir da tecnologia e da mobilidade inteligente. Trata-se de telemetria com câmeras instaladas em veículos para melhor controle das frotas. O head de produto e inovação da GolSat, Sergio Jábali, explica que o projeto está sendo desenvolvido há dois anos e, atualmente, encontra-se em fase piloto com três empresas. “A tecnologia já conta com identificação facial do condutor sem que este

Foto; © Freepik

por BEATRIZ POZZOBON


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

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“DAQUI ALGUNS ANOS, A MAIORIA DOS CARROS, SENÃO TODOS, JÁ VIRÁ COM CÂMERAS INSTALADAS” Sérgio Jábali

precise realizar nenhuma ação. Tam-

Ainda segundo Tudisco, todas essas

bém foi acrescentado o que chamamos

informações permitem ao gestor de

de Verbal Driver Coaching, em que a câ-

frotas traçar um perfil de comporta-

mera literalmente fala com o condutor

mento do condutor muito mais com-

dando feedback imediato às suas ações durante a viagem”, destaca Jábali. O advogado Carlos Tudisco, especialista em direito corporativo e gestão de frotas, afirma que a instalação de câmeras de vídeo em veículos, quando aliada a tecnologias de visão computacional, representa uma nova Era para a gestão de frotas. “A coleta das imagens por câmeras de vídeo, associada a algoritmos de visão computacional e telemetria, tem potencial de geração de dados de gestão num nível sem precedentes”, ressalta Tudisco. “Dessa forma, torna-se possível identificar o condutor por reconhecimento facial e alertá-lo

pleto e preciso do que as tecnologias disponíveis até então e com baixo custo operacional. Jábali lembra também que a importância desta tecnologia está em conscientizar condutores e gestores a partir dos dados gerados e, com isso, construir um trânsito mais seguro para todos. “Se você for contratar uma van para levar e buscar seu filho da escola, você vai preferir a empresa que possui câmeras instaladas nos veículos ou a que não possui? É esse tipo de questão que fará com que pessoas e empresas adotem, cada vez mais, esta tecnologia, tornando o pro-

quando ele exceder a velocidade da via,

duto mais barato e acessível”, pontua.

usar o celular, não utilizar o cinto de se-

“Daqui alguns anos, a maioria dos car-

gurança, ou avançar o sinal vermelho,

ros, senão todos, já virá com câmeras

por exemplo”, acrescenta o advogado.

instaladas”, finaliza.

›› SÉRGIO JÁBALI

Head de produto e inovação da GolSat


24 –

HEADLINE

› TELEMETRIA COM CÂMERAS

PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

O case da Cocamar

A QUESTÃO DA PRIVACIDADE A utilização de câmeras em veículos traz para debate a questão da privacidade dos motoristas. No entanto, segundo o advogado Carlos Tudisco, em nome da segurança, as câmeras de vídeo já são praticamente onipresentes nos ambientes de trabalho, sem que isso se configure como invasão de privacidade ou abuso de direito. “Uma análise lógica nos fará constatar que o veículo é certamente um ‘ambiente de trabalho’ muito mais perigoso do que um escritório, local onde todos já estão acostumados a desenvolver suas atividades sob monitoramento

também geraram um impacto econômico positivo para empresa. Em 12 meses, a frota da Cocamar reduziu o consumo de combustível em 33%, com uma economia significativa de aproximadamente 1,3 milhões de reais no ano. É preciso destacar, entretanto, que houve resistência de alguns motoristas à utilização da telemetria com câmeras para gestão da frota, assim como, geralmente, acontece quando se trata de iniciativas desconhecidas, até então. O analista de frotas da Cocamar ressalta que, para driblar esta barreira, a cooperativa criou políticas de incentivo ao cumprimento das normas de segurança na condução dos veículos. E, que hoje, todo gestor tem acesso ao comportamento dos seus motoristas, o que proporciona a oportunidade de reconhecer os melhores condutores de cada área. Neste sentido, vale salientar ainda que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) classifica a telemetria como um importante instrumento para a segurança do trabalhador.

constate de câmeras de vídeo”, salienta. “Além disso, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), determina que o controle e a direção dos meios de produção são deveres do empregador, sendo, por outro lado, essas prerrogativas fundamentadoras do princípio de Direito do Trabalho que impõe ao empregador a obrigação de assumir exclusivamente os riscos de sua atividade econômica”, completa Tudisco. O advogado ressalta, entretanto, que as imagens não devem ser utilizadas pelo empregador como instrumento vexatório contra o empregado, o que, além de antiético, pode gerar consequências trabalhistas. ▚

Fotos: © Divulgação

Em 2017, quando assumiu a gestão de frotas da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, sediada em Maringá (PR), Ezequiel Scopel percebeu a necessidade de uma gestão mais centralizada e efetiva, visto que, até então, o controle dos veículos era feito de maneira dissociada pelas diferentes áreas da cooperativa. Para mudar esta realidade, o gerente executivo de logística integrada da Cocamar lançou o projeto “Vida Segura”, visando a segurança dos condutores portamento do condutor, outras soluções e maior produtividade dos veículos da cooperativa. foram empregadas para a gestão de frota, O apoio para a realização do projeto veio da GolSat, tais como: gestão de combustível, multas responsável por implantar a telemetria com câmeras e pedágios, garantindo uma visão holístina frota da Cocamar, no início de 2018. “Como gestor ca e estratégica para o controle de frota. E, de frotas, consigo auxiliar os condutores em como segundo Santos, os resultados positivos já cuidar melhor do veículo, como evitar acidentes e começam a aparecer. Quando a Cocamar como voltar para casa em segurança”, destaca Scoiniciou o projeto piloto com pel, que, a partir da tecnologia dealguns veículos, a cada mil senvolvida pela GolSat, já implanquilômetros rodados, os tou câmeras em mais de 70% dos condutores da cooperativa veículos leves da empresa e espera cometiam 56,35 comportachegar aos 100% em breve. mentos inseguros. Em agosO analista de frota da Cocato de 2019, este número caiu mar, Everton dos Santos, explica para 3,33, uma redução de que, após o uso da tecnologia na 94% de comportamentos gestão da frota, hoje a Cocamar inseguros no trânsito. Os consegue fazer uma gestão de comportamentos inseguros comportamento por condutor, monitorados são: velocidaalém de demonstrar as caracterísdes (pista seca e molhada), ticas que cada motorista precisa velocidade por via, frenamelhorar e, a partir dessas infor›› EZEQUIEL SCOPEL gens, aceleração, curva mações, quais orientações devem Analista de frotas da Cocamar brusca e RPM. Os resultados ser dadas a eles. Além do com-



TIPS & CASES

› MERCADO DE TRABALHO

Mercado de trabalho:

O FUTURO CHEGOU

Novos e inovadores modelos de negócio despontam. Empresa brasileira atua com call-center totalmente home-office, transformando realidades por PAULA BONINI

novas tecnologias e perfil dos profissionais criam um recém - e interessante - cenário. Uma das palavras-chave, sem dúvida, é NOVIDADE. São novos modelos de negócios, novas carreiras, novas exigências, novas relações de trabalho... Neste contexto, há funções que se automatizam com o uso de robôs ou softwares. Porém, uma coisa é certa: a força da mão de obra humana não cai em desuso. A Home Agent, primeira empresa de call-center do Brasil totalmente home-office, é um exemplo que ilustra as transformações do mercado e o quanto - ainda assim - as pessoas são responsáveis por um diferencial insubstituível: a humanização. Graças a um time de 170 colaboradores, somado a perspicácia da liderança, o modelo

Foto: © Freepik

FATO QUE O MERCADO DE TRABALHO ESTÁ EM UM MOMENTO DE TRANSFORMAÇÃO E INOVAÇÃO. A globalização, competitividade, boom de


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

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inovador de negócio criado em 2011, tem alcançado ótimos resultados. “Diante da ineficiência da indústria de atendimento convencional, e do nível de estresse que envolve o setor, viemos para gerar qualidade de vida aos envolvidos e transformar o mercado de call-center ”, explicou Fábio Boucinhas, CEO da Home Agent, que já foi premiada cinco vezes na categoria Responsabilidade Social nas Associações de Empresas de Telesserviços Brasileira (ABT) e América latina (Aloic). Não é para menos. O formato de call-center em home-office traz vantagens sociais,

OS COLABORADORES GANHAM EM MÉDIA

econômicas e sustentáveis. Isso porque os colaboradores ganham em média 4 horas por dia, tempo que gastariam para se locomover, com ida e volta ao trabalho em São Paulo. São 2 meses por ano em que não estarão no trânsito, mas livres para investir em outras demandas pessoais, e sem o risco de se envolver em acidentes.

TEMPO QUE GASTARIAM PARA SE LOCOMOVER

É justamente aí que entram os impactos positivos também nos aspectos sustentável e ecológico. “Ao dispen-

sar o deslocamento dos colaboradores entre suas casas e o local de trabalho, elimina-se a emissão de mais de 50 toneladas de CO2 na atmosfera por ano, além dos gastos com energia elétrica, água e outros recursos necessários para o funcionamento de uma empresa de call-center tradicional”, calcula Boucinhas.

ECONOMIA COM MOBILIDADE URBANA A proposta inovadora da Home Agent consegue ir além. Outra vertente beneficiada pela empresa é a da mobilidade urbana. Segundo o CEO, cada colaborador precisaria utilizar, em média, 4 conduções ao dia para trabalhar se estivesse em uma empresa tradicional. Desse modo, é feita uma economia de mais de 80 mil viagens de transporte público e privado ao ano, contribuindo para a redução de tráfego na cidade. “Somente em 2017 geramos uma economia de cerca de R$ 500 mil com transporte público à Prefeitura de SP”, mensura. E já pensou que diante de imprevistos, como greves, enchentes e tempestades, o funcionário não perderá o dia de trabalho, e vai manter-se seguro em sua casa? →


& CASES

› MERCADO DE TRABALHO

NOVA EXPERIÊNCIA AO CLIENTE

›› FÁBIO BOUCINHAS CEO da Home Agentda GolSat

Além de todas estas vantagens, a experiência do cliente também é transformada. Quem recebe a ligação de um atendente de call-center que atua em home-office, possivelmente, perceberá a diferença na abordagem. “Não existem aqueles ruídos ao fundo, além do atendente demonstrar mais tranquilidade”, pontua Boucinhas, ressaltando que se trata de um diferencial competitivo com resultados 30% superiores se comparado ao modelo tradicional de atendimento.

Os resultados são potencializados ainda mais à medida que 93% dos colaboradores da Home Agent estão satisfeitos com o trabalho e 66% estão na empresa há mais de um ano. Além de 98% afirmarem que passaram a ter maior qualidade de vida e 91,4% que passam mais tempo com a família. “Pessoas felizes trabalham melhor. Nosso time é comprometido e engajado”, considera o CEO. Hoje, a Home Agent atende reconhecidas empresas, de diferentes segmentos, oferecendo soluções específicas e personalizadas a cada uma delas.

TOTAL DOS

FUNCIONÁRIOS SÃO

MULHERES

PROPOSTA INCLUSIVA

O perfil dos colaboradores da Home Agent é outro aspecto que chama a atenção. 93% do total dos funcionários são mulheres e 68% têm filhos. “Permitimos acesso a uma parcela de pessoas que não estariam disponíveis hoje para o mercado tradicional por questões pessoais”, comenta. Outro dado interessante é que 61% estão cursando ou já possuem ensino superior completo, enquanto que no mercado convencional de call-center a média cai para 16%. “Nossas atendentes têm maturidade, demonstram esclarecimento e tranquilidade, transmitindo isso aos clientes”, pontua o CEO Fábio Boucinhas. Questionado sobre como funciona a seleção de colaboradores, ele conta que é realizado um criterioso recrutamento e treinamento – etapas que acontecem presencialmente. “Oferecemos treinamento e capacitação com-

Fotos: © iStockphoto / Arquivo pessoal

28 TIPS –


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

“O FATO DE NÃO PRECISAR SE DESLOCAR DE CASA É UMA GRANDE E INCRÍVEL VANTAGEM, QUE NOS FAZ GANHAR TEMPO E DIMINUIR O ESTRESSE". Neide Scabello Gomes da Silva

portamental, das políticas de como trabalhar em casa, além do treinamento específico da operação do cliente”. Passada essa fase, é feita a homologação do espaço físico da casa ou do local de trabalho do agente de acordo com as normas do NR 17 do Ministério do Trabalho. "Nossa equipe opera em modelo home office, registrada em CLT”, observa. No que diz respeito à estrutura física, a Home Agent fornece hardware moderno e eficiente, headsets individuais com tecnologia de redução de ruídos, propiciando mais qualidade na ligação e, consequentemente, no atendimento. Além de controle de login, logout e pausas, bem como ferramentas de controle e acompanhamento a distância, para monitorar a tela do agente e as ligações. “Contamos com supervisores em todas as operações para controlar rigorosamente a produtividade e qualidade de todos os operadores”, diz, finalizando, sem titubear, que o modelo de negócio da Home Agent é o futuro do mercado. “É uma tendência. Uma prática que precisa ser disseminada”.

PODER DE TRANSFORMAR VIDAS Neide Scabello Gomes da Silva, desde abril de 2016, integra o time de funcionários da empresa, sendo atualmente supervisora de equipe. Ela garante que sua qualidade de vida mudou de maneira indescritível. “O fato de não precisar se deslocar de casa é uma grande e incrível vantagem, que nos faz ganhar tempo e diminuir o estresse”, afirma. Para ela, este formato de trabalho tem o poder de transformar vidas. “Tenho vários exemplos para dar. Colegas que hoje podem levar e buscar os filhos na escola, acompanhar as suas crianças e ser presente na vida delas. Além da economia e segurança que isso gera”, ressalta. E os benefícios não param por aí. “Hoje me alimento melhor, durmo mais, tenho mais vida e qualidade nos meus dias, o que reflete positivamente no meu desempenho profissional”, comemora. ▚

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inside

› GESTOR DO ANO

Gestor com

PROPÓSITO é gestor RECONHECIDO Em 2019, chegamos a quinta edição do prêmio Gestor do Ano, que acontece durante a noite de premiação na Welcome Tomorrow, o maior evento de mobilidade do mundo por PIETRA BILEK

da vida e dos negócios já realizado no Brasil, é um dos momentos mais esperados pelo setor frotista. Este ano, a cerimônia vai acontecer na Arena Fleet, um dos palcos da WTW19, no dia 06 de novembro. Além do 100 Best Fleet, um prêmio internacional que reconhece as 20 melhores frotas do Brasil, o Instituto PARAR vai revelar o Gestor do Ano, um prêmio tradicional que elege o profissional mais votado pelo público. O ganhador leva uma viagem para a NAFA I&E, prêmio patrocinado pela empresa de software NEXTfleet tecnologia GolSat, que acontece em abril de 2020, nos Estados Unidos.

Foto: © Divulgação

A

NOITE DE PREMIAÇÃO NA WELCOME TOMORROW (WTW19), o evento mais relevante sobre o futuro


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

A PARAR REVIEW CONHECEU OS QUATRO GESTORES QUE ESTÃO NA DISPUTA PELO PRÊMIO, SUAS ASPIRAÇÕES E EXPECTATIVAS PARA O PRÊMIO.

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32 –

INSIDE

› GESTOR DO ANO

"UM BOM GESTOR DE FROTAS DEVE SER

SUA EMPRESA QUE SUA

» GERENTE EXECUTIVO DE LOGÍSTICA INTEGRADA DA COCAMAR

CAPAZ DE CONVENCER A

Ezequiel Scopel

ÁREA É ESTRATÉGICA PARA O NEGÓCIO."

CORPORATIVO DA INVEPAR

» GERENTE ADMINISTRATIVO

“Planejar o dia a dia e cuidar de condutores é como prestar um serviço social, pois nosso trabalho interfere diretamente na vida de nossos colaboradores. Cuidamos de nossos condutores orientando-os a praticar uma condução exemplar, segura, respeitosa e econômica, garantindo seu retorno para casa ao final de sua jornada. Um bom gestor de frotas deve ser capaz de convencer a sua empresa que sua área é estratégica para o negócio, tendo relação direta com a segurança dos colaboradores e reputação da marca estampada na porta de seus veículos. Deve ter foco no cliente, perfil inovador, engajamento e resiliência. O que me inspira a ser um gestor de frotas cada dia melhor são os resultados alcançados, o reconhecimento da empresa e do mercado, e principalmente a consciência do impacto do nosso trabalho na vida das pessoas e na sustentabilidade ambiental.”

"EM UM AMBIENTE DE FROTAS VOCÊ ESTÁ LIDANDO COM UM PÚBLICO MUITO DISTINTO, É IMPORTANTE ENTENDER E RESPEITAR CADA UM DELES."

Foto: © Divulgação

André Matoso

“Na gestão de frotas, penso que precisamos ajudar os nossos condutores a entender a importância de voltar para casa seguros e com mobilidade para agregar no tempo deles com a família. Na gestão de frotas, consigo auxiliá-los em como cuidar melhor do veículo, como evitar acidentes e como voltar para casa sem nenhum arranhão, sem falar é claro, em evitar danos econômicos. Criamos o projeto “Vida Segura”, porque para mim o mais relevante é cuidar da vida dos condutores e assim passar essa visão para eles. Porque “Vida não tem preço, vida tem valor! É insubstituível e irreparável!”. Em um ambiente de frotas você está lidando com um público muito distinto, temos vários perfis de condutores, é importante entender e respeitar cada um deles. É preciso também ter empatia, entender a dificuldade deles na pele, calçar o sapato deles, entender o trabalho e reconhecer as dificuldades do seu dia a dia ajudando a melhor o seu desempenho diariamente. Eu quero ser relevante na vida das pessoas, olhar no rosto delas e ver um sorriso, um piscar de olhos, que elas entendem por que razão cobramos e sensibilizamos alguns pontos críticos e cruciais para fazê-las perceber que isso é para a vida delas.”


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

"O QUE MAIS ME INSPIRA NA GESTÃO DE FROTAS É TER A

GRUPO FERTILÁQUA

DE SERVIÇOS DA COPEL

“O dia a dia de uma equipe de gestão de frotas é cheio de imprevistos e tanto turbulento. Não é fácil criar processos e falar sobre conscientização da forma de conduzir o veículo, principalmente tratando do setor agro, onde existem regiões com estradas precárias e sem conectividade. É extremamente desafiador, mas a missão é garantir que os condutores retornem para suas casas e familiares ilesos e com suas metas atingidas. Me inspira saber que meus filhos, meus pais, meu marido, amigos, sentem orgulho do que faço. Eu amo frotas e tento a cada dia tornar um setor mais forte e conhecido, através de interações com as pessoas para um conhecimento mais detalhado sobre o que é Gestão de Frotas, com o objetivo de deixar legados que compõem ações positivas. Sou uma sonhadora, a vida sem sonho é uma vida sem combustível, por mais dificuldades que possa enfrentar, certamente o resultado é muito gratificante.” ▚

"A MISSÃO É GARANTIR QUE OS CONDUTORES

“Sempre procuro pensar nas pessoas e envolvê-las de maneira efetiva em todas as decisões, assim posso planejar o dia a dia do condutor de maneira eficiente. Não existe obstáculo intransponível quando sua equipe está motivada e acredita que pode fazer a diferença. Quando os condutores percebem que nossa equipe se preocupa com o bem estar deles, o jogo vira a nosso favor. Planejamos todas as ações tendo como principal foco a segurança de todos e o bom atendimento de nossos condutores. Pessoas felizes distribuem sorrisos e gentileza, contagiam outras pessoas que contagiam outras e outras pessoas. O que mais me inspira na gestão de frotas é ter a chance de ajudar a fazer um trânsito mais seguro, com pessoas mais responsáveis e felizes na busca de um mundo mais consciente e sustentável. Poder chegar em casa todos os dias, abraçar minha esposa e dormir com a sensação de dever cumprido.”

FAZER UM TRÂNSITO

DEPARTAMENTO DE LOGÍSTICA

» COORDENADORA NACIONAL DE GESTÃO DE FROTAS DO

Luis Strugata » GERENTE DE

Yara Amaral

CHANCE DE AJUDAR A

MAIS SEGURO."

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RETORNEM PARA SUAS CASAS E FAMILIARES ILESOS E COM SUAS METAS ATINGIDAS."


TIPS & CASES

› 2GO SMART MOBILITY

VAMOS JUNTOS?

Entregar soluções de tecnologia mobile, conectando pessoas ou empresas, é o que move a 2GO Smart Mobility por GUILHERME POPOLIN

assim que a empresa de tecnologia 2GO

Smart Mobility conclui o manifesto que apresenta seu modelo de negócio, traduzindo um conceito que abarca dinamismo, tecnologia e conexão entre pessoas ou empresas. Compreender as necessidades individuais, em um mundo coletivo e veloz, abre caminhos para que novos serviços sejam apresentados, como

de fretamento. Por meio de um aplicativo,

tecnologia, que desenvolveu o aplicativo", con-

a 2GO conecta donos de vans – particulares

ta Almeida. Hoje, além dos parceiros indianos,

ou frotas –, que disponibilizam seus veículos

que se tornaram sócios, a 2GO conta com uma

para organizadores de eventos e usuários

equipe de executivos que alavancam a organi-

finais cadastrados.

zação da Startup.

O sistema de transporte coletivo de pessoas ainda é feito, em grande parte, de maneira analógica, uma vez que para contratar um veículo fretado há a necessidade de contatar uma empresa por telefone ou presencialmente. Ao identificar esse problema, Christian Almeida, CEO da 2GO, idealizou o projeto há três anos. “Por conta da minha experiência anterior, em uma empresa de transporte, co-

VIAJE E COMPARTILHE Almeida explica que a tecnologia aplicada à gestão de transportes coletivos garante a prestação de um bom serviço, por conta do sistema de avaliação realizado em todas as viagens. Além da qualidade, a possibilidade de compartilhar a contratação do transpor-

mecei a procurar empresas e parceiros para a

te é um diferencial que fomenta a interação

tecnologia mobile oferecida pelo 2GO. O sis-

construção de um aplicativo, com um sistema

entre as pessoas, transformando-a convívio.

tema inovador, a favor da mobilidade urbana

que pudesse transformar toda a gestão ana-

Com a 2GO, pessoas que iriam sozinhas a al-

e do meio ambiente, transpõe as barreiras

lógica em uma gestão digital. Há dois anos,

gum evento, por exemplo, podem se conec-

analógicas que até então cercavam o serviço

firmei parceria com uma empresa indiana de

tar com outras pessoas que também iriam

a gestão de transportes coletivos por meio da

Foto: © Freepik

"S

E QUER IR RÁPIDO, VÁ SOZINHO. SE QUER IR LONGE, VAMOS JUNTOS”. É


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

›› CHRISTIAN ALMEIDA CEO da 2GO

“ESTAMOS FELIZES COM RETORNO DO MERCADO E COM A PARCERIA DA WTW19, POR CONTA DE SER UM EVENTO TÃO POTENTE”

sozinhas e, dessa forma, fretarem um

busca, o qual permitirá que o carro bus-

veículo de transporte coletivo para festas,

que outras pessoas em suas casas, ou

shows e eventos esportivos – evitando a

seja, gerando conforto e convivência,

utilização de veículos individuais. “Den-

visto que a ideia do convívio pode se ma-

tro do aplicativo é possível compartilhar

terializar de várias formas, e uma delas é

a viagem, pois quem a cria recebe um link para enviar a outras pessoas que possam ter o mesmo interesse. É um comportamento coletivo que reduz o custo do transporte, além da experiência da convivência que é valiosa”, afirma Almeida. Para a Welcome Tomorrow 2019 (WTW19), pessoas de diferentes cidades que vão a São Paulo participar do

por meio de um aplicativo que dê condições de se movimentar”, conta Almeida.

PARCEIROS, NÃO CONCORRENTES

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ros cadastrados, permitindo o match entre o usuário e a empresa de transporte. “Nós cadastramos os parceiros de maneira parecida como a Uber, com a diferença que nós selecionamos as melhores empresas do setor. Em São Paulo, estamos prospectando parceiros, apresentando o projeto, e eles estão adorando, porque muitas empresas de transporte coletivo não têm infraestrutura digital e estão perdendo espaço para os aplicativos individuais”, explica Almeida. Com a 2GO, os parceiros têm a oportunidade de se reinventar e apresentar novos serviços. Nos veículos que farão o trajeto entre cidades há a proposta de equiparem os veículos com uma work station, com espaço para computador, tomadas e internet, para que as pessoas possam viajar conectadas. “Os parceiros estão recebendo muito bem a ideia. Nós temos tecnologia para atender também os veículos escolares, por exemplo, proporcionando aos pais acompanhar a viagem do filho por meio de check-in feito dentro do carro, que será compartilhado com quem faz a organização da viagem que pode ser uma mãe ou várias mães”, informa Almeida. O serviço do 2GO Smart Mobility, que pode ser utilizado por moradores da Grande São Paulo Estendida, cria um novo mercado, de acordo com Almeida. O CEO não considera como concorrentes as empresas que oferecem serviços semelhantes, já que é importante as companhias entenderem os pontos que possuem em comum, a fim de expandirem cada vez mais o mercado no qual estão inseridas. “Estamos felizes com retorno do mercado e com a parceria da WTW19, por conta de ser um evento tão potente”, conclui Almeida, que pretende dar o pontapé inicial no 2GO Índia no próximo ano. ▚

Além dos grandes eventos, outras categorias de serviços ainda vão ser

» INTERATIVO

implementadas pelo aplicativo, como:

evento podem se encontrar no aeroporto

entre cidades; executivos; empresas; es-

e contratarem um transporte coletivo.

tudantes; e turismo. A 2GO não possui

“Temos um sistema que vai funcionar

veículos e tem a função de oferecer as

após o evento que se chama 2GO Home,

ferramentas tecnológicas de gestão, já

em que será possível gerar um raio de

que as viagens são operadas por parcei-

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TIPS & CASES

› LOCALIZA

Gerente de Marketing e Vendas da Localiza Gestão de Frotas, Gabriel Andrade relembra a história do braço corporativo da locadora e reflete sobre a importância do olhar atento às tendências de mobilidade no mundo

carros fundada em 1973 observava então os pedidos frequentes de empresas que precisavam terceirizar sua frota e, portanto, não faziam o chamado uso eventual dos

por AUDREY FURLANETO

o nome atual. Gabriel Andrade, Head de Marketing e Vendas da Localiza Gestão de Frotas, relembra o início do setor, que hoje responde por quase 60 mil dos mais de 260 mil carros da locadora, uma das maiores do Brasil: “Tínhamos uma oferta na qual éramos referência: o aluguel de carros para o uso eventual. Por outro lado, existia uma demanda corporativa

veículos, mas, por falta de um serviço es-

vinda de empresas que acabavam alu-

pecífico, recorriam àquele modelo para

gando carros e os usavam de forma per-

atender à necessidade. Em 1997, enfim, a

manente. Era claro que o produto não

locadora fundou uma divisão para aten-

estava no melhor formato para atender

der exclusivamente àquela demanda

àquela demanda. A partir disso, fomos

crescente. Nascia então a Localiza Gestão

estudar e entender como se fazia em

de Frotas. Naquele primeiro momento,

outros lugares, analisamos as ofertas de

o braço corporativo foi batizado de Total

outros países para criar um modelo ade-

Fleet e, depois, em 2013, passou a adotar

quado ao uso contínuo”.

Foto: © Divulgação

O FINAL DOS ANOS 1990, UMA DEMANDA GANHAVA MAIS CORPO DENTRO DA LOCALIZA. A locadora de


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

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Em pouco mais de 20 anos, a Localiza estamos negociando 130 Gestão de Frotas atende a mais de 1500 emmil carros ao ano. É natupresas, com a missão de cobrir todo o ciclo ral e óbvio que os preços de vida da frota que oferece aos clientes, caiam numa negociação desde a compra, a distribuição dos carros e dessa magnitude”. Ele o gerenciamento da manutenção até a venacrescenta ainda que é da dos veículos ao final do contrato e sua repreciso lembrar que a renovação. “Nesse processo, o padrão de troca dução de custos é apenas varia de 12 a 60 meses, mas a gente entende uma das vantagens da terque é preciso olhar o ciclo ótimo, que é de 24 ceirização da frota. “Quana 36 meses, de acordo com o uso, previsão do uma empresa conde depreciação, manutenção, etc. Não existrata nossa solução, está ›› GABRIEL ANDRADE Head de Marketing e Vendas da Localiza te um denominador comum: cada cliente comprando também um tem sua particularidade”, explica. conjunto de ferramentas Gabriel Andrade circula em eventos sobre de gestão. São aplicativos, gestão de frotas mundo afora. No ano pasconsultorias, uma série de sado, por exemplo, esteve no Vale do Silício, dispositivos para que o cliente, tanto denmais aplicativos”, lembra, para em seguida acompanhando a comitiva do Instituto Patro da empresa, quanto o motorista, tenha completar: “Estamos o tempo todo consurar na NAFA Institute & uma experiência fluida mindo informações, observando os desafios Expo, que reuniu mais ao fazer uso dos carros”. da mobilidade no mundo”. de 250 expositores na Por “experiência fluiPara ele, o grande desafio diz respeito à “QUANDO UMA EMPRESA feira de negócios com da”, Gabriel define como “gestão da mobilidade, que não está restriCONTRATA NOSSA SOLUÇÃO, gestores de frota de todo “um sistema integrado” ta a um modelo a, b ou c”. “Questões como ESTÁ COMPRANDO TAMBÉM o mundo. Em encontros que permite ao cliente carsharing ou inovações como os carros aucomo aquele, Andrade ter informações compleUM CONJUNTO DE capta tendências – em tas e coesas sobre seu FERRAMENTAS DE GESTÃO. especial, o próprio auveículo. “O motorista ou SÃO APLICATIVOS, mento da terceirização o gestor de frota da emCONSULTORIAS, UMA SÉRIE de frotas no mercado presa não têm a necesDE DISPOSITIVOS PARA mundial. “A demanda sidade de ficar juntando QUE O CLIENTE TENHA UMA continua, sim, cresceninformações, porque nós EXPERIÊNCIA FLUIDA AO te. No Brasil, no entanas oferecemos em sua FAZER USO DOS CARROS” to, ainda é um mercado completude. Ou seja, o muito pouco penetrado cliente pode ter acesso se comparado a outros países no mundo. rápido a todos os dados, seja da manutenAqui, ainda existe uma cultura de frota ção do veículo, seja de multas, entre outros própria. Estamos passando por um períodetalhes”, exemplifica. do de amadurecimento do mercado, e essa Embora o braço corporativo da empresa maturidade é que traz a demanda da terceiesteja consolidado, o gerente diz que não rização da frota e um olhar cada vez mais interrompe o processo de busca para se anprofissionalizado com relação à mobilidade tecipar a possíveis necessidades. “Não poem geral”, avalia. demos parar. Precisamos observar as tenPara Gabriel Andrade, as vantagens da dências e mergulhar logo nelas para pensar terceirização para as empresas têm imsoluções. Quando surgiu o Uber, por exempacto direto na redução de custos: “Se um plo, poderíamos avaliar como uma ameaça, cliente com frota de 500 carros, por exemporque o serviço talvez me tomasse parte plo, troca a frota a cada dois anos, ele negoda demanda de transportar executivos, ou cia a troca de 250 carros por ano. A Localiza, poderíamos desenvolver um produto e ver por sua vez, tem uma frota com mais de 260 aquele momento como uma oportunidade. mil carros. Suponhamos que nossa troca E assim fizemos, desenvolvendo um serviço seja feita a cada dois anos. Isso significa que para atender aos motoristas de Uber e de-

tônomos não serão soluções únicas para a mobilidade. Não há uma única resposta mirabolante para resolver o problema da mobilidade nas cidades, mas, sim, um conjunto de alternativas. Não existe um grande milagre do futuro, como o carro autônomo. Aliás, se pararmos para observar, a experiência do carro autônomo é algo que já consumimos: você chama um carro pelo aplicativo, ele aparece na sua porta e você entra nele. Não podemos entender isso como uma experiência de carro autônomo?”, questiona. Ele, por fim, completa: “O que costumo dizer é que as transformações existem, mas nós somos responsáveis no dia a dia por impulsioná-las, por alavancar essa revolução no cotidiano. Se, por um lado, eu não tenho carro autônomo, por outro lado, eu já tenho a capacidade de gerar informações que podem apoiar o cliente de forma que ele tenha uma experiência próxima à do carro autônomo, com todas as informações do carro completas, à sua disposição. Nós gestores de frotas, e profissionais da mobilidade, somos responsáveis por dar esses pequenos passos criando o caminho da transformação”. ▚


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› DRONE DELIVERY

ENCOMENDA CONECTADA

Tecnologia e inteligência proporcionam operações de frete mais otimizadas; no futuro, não tão distante, você vai receber suas encomendas via Drone Delivery

por GUILHERME POPOLIN

tecnológico impacta também os setores de logística e varejo, uma vez que aplicativos de cargas e fretes conectam empresas a motoristas autônomos, e softwares conectados a frotas otimizam percursos e registram com precisão o tempo dos trajetos. Além de evitar prejuízos e ociosidade, a eficiência na operação e a segurança na contratação proporcionam dinamismo na entrega quando indústrias e motoristas estão conectados. Entre vantagens e desa-

know-how geram mais valor e minimizam gargalos. Oferecemos um ecossistema que conecta a indústria e a transportadora, com soluções apoiadas em informações de inteligência, por meio dos fluxos das operações do próprio negócio”, explica. As soluções tecnológicas contemplam as necessidades de toda a cadeia logística, como a gestão de frete e vale-pedágio, a gestão de manutenção, pneus, despesas e pedágio eletrônico, que impactam em ganho de tempo e em um aumento de até 30% de eficiência das operações. O aumento da eficiência das operações está relacionado à atuação da Repom

fios, a popularização do serviço de delivery

S.A. como uma “Log Fintech”, de acordo

via drones é o próximo passo na revolução

com Gautier, um conceito que abarca três

do mercado de fretes.

aspectos importantes, como “o Log, em

Criar soluções, com novas tecnologias

menção ao know-how logístico de mais

e inteligência, que respondam às necessi-

de 25 anos de estrada; o Fin, que reme-

dades dos públicos (a indústria, as trans-

te a experiência em serviços financeiros,

portadoras e os caminhoneiros), trans-

administrando os fluxos de pagamentos

formam o setor, como aponta Thomas

das empresas e na oferta de soluções para

Gautier, Executive Managing Director, da

caminhoneiros; e o Tech, que traduz uma

Repom S.A. “O mercado de transporte ro-

marca que investe em tecnologia e em

doviário do Brasil oferece muitas oportuni-

uma metodologia ágil para endereçar às

dades de crescimento, a tecnologia e nosso

necessidades dos clientes”.

Fotos: © Freepik / Divulgação

S APLICATIVOS DE TRANSPORTE QUEBRARAM PARADIGMAS E VÊM REVOLUCIONANDO AS MANEIRAS COMO NOS DESLOCAMOS PELAS CIDADES. O avanço


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›› THOMAS GAUTIER, Executive Managing Director da Repom S.A.

A Divisão de Frota e Soluções de Mobilidade da Edenred Brasil, na qual a Repom S.A faz parte, apresentou, no início de 2019, um marketplace disruptivo na cadeia logística e de frete, o Freto. É uma plataforma totalmente digital, desenvolvida para conectar diretamente transportadores autônomos ou frotistas com o embarcador, funcionando como um marketplace da indústria para transporte de carga pesada. “Com o Freto, oferecemos ganhos em agilidade e em redução de custos operacionais e simplificamos todo o processo necessário para a contratação de um transportador. O match, que é a conexão da disponibilidade da

“O MERCADO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DO BRASIL OFERECE MUITAS OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO, A TECNOLOGIA E NOSSO

KNOW-HOW GERAM MAIS VALOR E MINIMIZAM GARGALOS."

carga com o aceite do trabalho, é feito pelo smartphone e pode levar somente 1 minuto”, explica Gautier. Antecipar tendências e explorar ecossistemas que tenham afinidade com o core business são dicas de Gautier para que uma empresa acompanhe os avanços constantes da tecnologia. Nesse sentido, Cesar Tuna, Coordenador de Tráfego Aéreo e Gestor de Crise na GRU Airport - Aeroporto Internacional de São Paulo, conta que o processo de rastreamento e catalogação de mercadorias está ficando mais rápido e fácil, com objetos cada vez menores sendo transportados. Entretanto, Tuna alerta que a transparência →

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› DRONE DELIVERY

para o usuário precisa ser aprimorada, com o objetivo de todos terem acesso às informações disponíveis sobre as encomendas de maneira mais eficiente. “Hoje, as grandes corporações já têm isso efetivamente bem incorporado dentro de seus processos, os sensores que leem códigos de barra e de acompanhamento estão evoluindo bastante”, explica Tuna, que sugere a migração para um único software de rastreamento, visto que existem “muitos softwares, e é preciso mais de um aplicativo para rastrear um objeto. Acredito que no futuro será possível, em uma única plataforma, rastrear objetos de mais de uma empresa”. Ainda sobre os impactos da tecnologia na logística e no varejo, Tuna

nha de divulgação, de educação da população, explicando onde pode voar, como voar, onde o equipamento e o piloto devem estar cadastrados”, comenta Tuna, uma vez que muitas pessoas utilizam os drones de maneira inadequada por desconhecimento, podendo gerar complicações no tráfego aéreo e acidentes. De acordo com André Arruda, sócio da AL DRONES, diversas iniciativas de Drone Delivery têm despontado no Brasil e no mundo. As autoridades aeronáuticas de vários países trabalham para viabilizar essas atividades, dentro da regulamentação aeronáutica, mantendo a segurança de voo. No Brasil, as autoridades da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e do

"ACREDITO QUE NO FUTURO SERÁ POSSÍVEL, EM UMA ÚNICA PLATAFORMA, RASTREAR OBJETOS DE MAIS DE UMA EMPRESA." ›› CESAR TUNA, Coordenador de Tráfego Aéreo e Gestor de Crise na GRU Airport - Aeroporto Internacional de São Paulo

acredita que o drone vai revolucionar o mercado, da mesma maneira que o celular transformou nosso cotidiano nos últimos anos. “Nós não vamos fugir dessa mudança tecnológica, mas precisamos fazer isso dentro de uma regra de transição para nos adequarmos a ela”, diz Tuna, que explica que vamos ter drones cruzando quase todo o céu em um determinado nível de altura, e o maior desafio será operá-los livremente sem causar acidentes, ou seja, “como é que ele [o drone] chega em segurança ao seu condomínio, para entregar sua pizza ou seu remédio?” Diante desse cenário, a sociedade precisa discutir os impactos culturais e uma legislação que contemple os drones. “Precisamos de uma campa-

Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) atuam para viabilizar e desenvolver com segurança o setor de drones do país, incluindo o Drone Delivery. “Recentemente, firmamos o acordo entre a AL DRONES e a empresa SPEEDBIRD AERO, para desenvolvimento e certificação do primeiro Drone Delivery no país. A ideia é avançar nas fronteiras do setor, utilizando tecnologias que permitam um serviço seguro no espaço aéreo integrado do futuro. Consideramos a Segurança de voo o aspecto fundamental para as operações de Drone Delivery. Por isso, trataremos cada operação com a devida cautela, sempre obtendo as autorizações necessárias das autoridades”, explica Arruda.

O Drone Delivery envolve, pelo próprio conceito, um escopo de voo desafiador: voos BVLOS (além do alcance visual do piloto), próximo a terceiros, com transporte de cargas. De acordo com Arruda, existe um caminho a ser percorrido, no sentido de aumentar a segurança de voo, até a viabilização do Drone Delivery. “A entrega por drones só é realmente vantajosa se os equipamentos puderem operar de forma segura, tanto em relação a outras aeronaves do espaço aéreo, quanto em relação pessoas em solo. Nesse sentido, a maioria dos drones atuais não possui um projeto maduro o suficiente para operar nesse cenário, do ponto de vista aeronáutico”, afirma. Sendo assim, a viabilização de tecno-

Fotos: © Freepik / Divulgação

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Autorização BVLOS dos Drones Sensefly eBee. Evento realizado na ANAC em São José dos Campos

Sócios da AL DRONES André Arruda e Lucas Florêncio, no FAA UAS SYMPOSIUM 2019, em Baltimore, nos Estados Unidos

logias como DAA (Detect & Avoid) e UTM (UAS Traffic

afirma. Nesse contexto, a operação dos veículos não

Management) são passos necessários para aumentar o

tripulados poderá trazer o real princípio de utilidade

escopo operacional dos RPAS – termo que se refere não

para os drones: eficiência e otimização dos tempos de

somente à aeronave envolvida, mas a todos os recursos

entrega; redução das emissões de poluentes; e redução

do sistema que a faz voar. Na iniciativa conjunta da AL

do tráfego terrestre.

DRONES e com a SPEEDBIRD AERO, a filosofia aeronáutica será incorporada pelos drones, com o objetivo de trazer a tecnologia e a prática da aviação para esses

“Uma malha aérea de entregas integrada ao Espaço Aéreo e controlada automaticamente não é um sonho distante. Porém, precisamos operacionalizar os aspec-

equipamentos de entrega.

tos de segurança de voo, para que isso seja desenvolvi-

O FUTURO DOS DRONES É O FUTURO DAS CIDADES INTELIGENTES

Avoid), Identificação Remota (Remote ID) e UTM (UAS

De acordo com Arruda, o conceito de Smart Cities (Cidades Inteligentes) confere aos Drones a possibilida-

do de forma sustentável. Tecnologias DAA (Detect and Traffic Management) serão a chave para desenvolvimento desse modal, uma vez que a segurança de voo e de solo devem ser a prioridade acima de qualquer interesse privado. O uso de drones ainda não se tornou

de de desenvolvimento pleno de seu potencial. “Drones

uma realidade dentro das cidades inteligentes atuais,

atuando de forma isolada, em espaços aéreos segrega-

mas naturalmente, com a evolução tecnológica e o au-

dos, como temos visto, são apenas o início de um movi-

mento da segurança de voo, o conceito de drone deli-

mento que deve se desenvolver nas próximas décadas”,

very será integrado ao Brasil”, conclui Arruda. ▚

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Informaçþes:

(+55) 12 2139 - 1979 comercial_br@cepamobility.com


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› SEGURANÇA

O SEU VEÍCULO É SEGURO? Muitas vezes itens de segurança não são a prioridade, fator que contribui para o alto número de acidentes; Latin NCAP e Rota 2030 incentivam os fabricantes a desenvolverem a segurança de seus produtos por GUILHERME POPOLIN

ou a oportunidade de utilizar o modal como ferramenta de trabalho. Não importa o uso que você dê ao carro, a direção preventiva e responsável deve ser prioridade, logo, a segurança do automóvel é um fator crucial no momento de escolher um modelo para adquirir. O Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe (Latin NCAP) e o Rota 2030 avaliam e definem regras para a fabricação de automóveis, respectivamente, fomentando o aspecto técnico da cultura de segurança. No entanto, por motivos culturais ou econômicos, muitas

âmbitos, proporcionando a otimização das linhas de produção e a redução de custos. Dessa forma, considerando a economia de escala, à medida que a demanda por um determinado item de segurança aumenta e os preços unitários de produção se tornam mais estáveis, o preço final cai. Há também o fator da concorrência na regulação dos preços, uma vez que um fabricante que aumentar os preços por conta de um item obrigatório poderá perder vendas. Os itens obrigatórios que interferem no valor de um veículos podem ser determinados pela legislação ou pelo mercado. Segundo Furas, a lei no Brasil exige Airbags duplos,

vezes equipamentos de segurança são pre-

mas não exige o Controle Eletrônico de Esta-

teridos em detrimento de itens cosméticos

bilidade (ESC, em inglês). Contudo, mesmo

ou tecnológicos. Mas será que carros mais

que não seja exigido por lei, os carros com-

seguros custam mais? E os carros brasilei-

pactos estão incorporando o ESC padrão.

ros, são seguros?

“Isso acontece porque o mercado o esta-

De acordo com Alejandro Furas, Secretá-

belece por si só, o consumidor não compra

rio Geral do Latin NCAP, itens tecnológicos

carros sem esses elementos, mesmo que a

não aumentam o preço do veículo. Mesmo

lei não exija. O valor da segurança não deve

que alguns fabricantes queiram lucrar com

ser questionado quando estamos falando

a segurança, os carros não serão mais caros

de vidas que podem ser salvas. Os elemen-

porque são mais seguros, já que o avan-

tos de segurança são uma vacina para pre-

ço tecnológico traz inovações para outros

venir a pandemia de acidentes de trânsito,

Fotos;© ©Shutterstock Foto: Divulgação

OSSUIR UM VEÍCULO AUTOMOTIVO NA GARAGEM pode significar praticidade, status


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

que é a principal causa de morte em jovens de até 29 anos em nossa região - segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes rodoviários são a principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos”, afirma Furas. “A obrigatoriedade do Airbag e do ABS não fez com que os preços dos veículos subissem absurdamente”, afirma Alessandro Rubio, engenheiro da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), quem acredita que o avanço tecnológico na evolução dos equipamentos pode fazer os preços aumentarem seja em relação a itens de segurança ou a itens cosméticos. Todavia, os preços diminuem quando há o surgimento de novos equipamentos de segurança que

“A OBRIGATORIEDADE DO AIRBAG E DO ABS NÃO FEZ COM QUE OS PREÇOS DOS VEÍCULOS SUBISSEM ABSURDAMENTE.” Alejandro Furas

geram uma alta demanda e são implementados rapidamente em larga escala. “Quando a procura é maior, a produção é maior, e naturalmente o preço reduz. Assim, se tivermos uma legislação ou uma demanda do consumidor, os equipamentos podem não ficar tão caros até mesmo para os veículos de entrada”, explica Rubio, ao apontar que a questão do preço é relativa e sua percepção tem a ver com a cultura de segurança do Brasil ou a falta dela. “Hoje, por exemplo, uma pintura perolizada pode custar até 2 mil reais, e é só a cor do carro que vai ser diferente. Mas se a pessoa pretende colocar algum equipamento de segurança que tenha igual valor, o mesmo é considerado caro porque é mais difícil visualizar a importância”, explica Rubio. →

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› SEGURANÇA

PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

“COM ACESSO A ESSAS INFORMAÇÕES, O CONSUMIDOR COMEÇA A PROCURAR PRODUTOS COM MAIOR QUALIDADE, ESCOLHENDO O PRODUTO QUE MAIS LHE CONVÉM” Alejandro Furas

De acordo com a Bright Consulting, enquanto 100% dos veículos vendidos nos Estados Unidos possuem o Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC, em inglês) e a câmera de ré, apenas 40% e 35% dos veículos comercializados no Brasil dispõe das mesmas funcionalidades, respectivamente. Por aqui, somente 2% dos carros novos emplacados têm detector de fadiga, assistente de manutenção de faixa e frenagem de emergência (AEB, em inglês), já na Europa, mais de 50% da frota possui os itens, com a expectativa de chegar a 100% em 2021. O longo caminho que o Brasil tem para percorrer em busca do aprimoramento da segurança de seus veículos conta com o suporte técnico e o incentivo do Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe (Latin NCAP) e do Rota 2030. O Latin NCAP é uma entidade independente que submete os carros vendidos na América Latina e Caribe a uma bateria de testes para classificar o nível de segurança dos veículos novos, com base na avaliação da proteção dos ocupantes adultos (segurança passiva ou secundária), dos ocupantes infantis (segurança passiva ou secundária) e da segurança ativa ou primária que oferece o modelo, outorgando estrelas entre 0 e 5 para o ocupante adulto e infantil. Já o Rota 2030 é um programa governamental que instituiu regras para a fabricação de automóveis produzidos e comercializados no Brasil nos próximos 15 anos, estabelecendo novas metas de eficiência energética, quais itens de segurança se tornarão

obrigatórios nos próximos anos e quais novas tecnologias serão desenvolvidas obrigatoriamente. Para Furas, ambas propostas buscam melhorar a segurança dos carros vendidos no mercado brasileiro, sendo que a avaliação da Latin NCAP tem um efeito mais imediato no mercado. “Finalmente houve a combinação certa entre regulamentação governamental e a demanda do Latin NCAP. O mesmo acontece na Europa, onde o mercado foi alterado principalmente pelo Euro NCAP. Com esse sistema combinado, as marcas são incentivadas a fazer alterações voluntariamente e a obter boas notas nos testes do Latin NCAP, antes do prazo do Rota 2030, agilizando o mercado”, afirma. Rubio explica que o Rota 2030 promove o setor automotivo de maneira abrangente e, consequentemente, a segurança. Para o engenheiro, a importância do Latin NCAP está em “disponibilizar a informação para o consumidor, para que o mesmo faça sua escolha. Com acesso a essas informações, o consumidor começa a

procurar produtos com maior qualidade, escolhendo o produto que mais lhe convém”, finaliza. As normas do Latin NCAP são atualizadas a cada quatro anos. O novo protocolo entra em vigor em dezembro de 2019 e fica válido até 2023. A inclusão do teste do alce e o fim da divisão entre adultos e crianças para concessão das estrelas, de 0 a 5, são duas mudanças fundamentais. Um sistema de porcentagem para indicar os resultados de cada categoria adulto, crianças, proteção para pedestres e assistentes de condução - será criado. Segundo Furas, a grande mudança é a unificação de estrelas adultas e infantis, pois há marcas com ótimas pontuações no teste para adultos, mas com resultados inferiores nos testes para crianças, fator que fragiliza os efeitos da classificação. “Com o novo protocolo, existe apenas um conjunto de estrelas que inclui adultos, crianças, pedestres e tecnologias de assistência à direção. Para alcançar as cinco estrelas será preciso ser bom em todos os aspectos”, conclui. ▚

Fotos: © unDraw / Divulgação

O DESTINO É A SEGURANÇA


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

Últimos resultados Latin NCAP Desde 2010, o órgão supranacional independente Latin NCAP utiliza métodos de ensaio internacionalmente reconhecidos e qualifica entre 0 e 5 estrelas a proteção oferecida pelos veículos para ocupantes adultos e ocupante criança nas versões mais básicas dos modelos disponíveis no mercado. Dessa forma, estimula os fabricantes a melhorarem o desempenho em segurança de seus veículos e incentiva os governos a aplicarem as regulamentações exigidas pelas Nações Unidas quanto aos testes de colisão para os veículos de passageiros. Os resultados são aferidos a partir de crash tests (testes

de colisão), com impacto frontal a 64 km/h, lateral a 50 km/h e de poste a 29 km/h. De acordo com Alejandro Furas, os bonecos utilizados possuem sensores que permitem medir valores de impacto e de flexões que, por meio de uma correlação com estatísticas médicas, demonstram quais tipo de lesões os humanos poderiam ter em um determinado tipo de choque. Desde 2016, os testes consideram se o modelo conta com elementos como Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC, em inglês), alerta de cinto de segurança e ganchos de fixação para cadeirinhas infantis.

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Confira os modelos que conquistaram cinco estrelas nos testes adulto e infantil, em 2019: 7 Airbags - Toyota Hilux Double Cab / SW4 7 Airbags - Toyota RAV 4 6 Airbags - Chevrolet New Onix Plus 6 Airbags - Volkswagen Tiguan 6 Airbags - Volkswagen Jetta / Vento* (para Uruguai e Argentina) 6 Airbags - Volkswagen T-Cross

Modelos que conquistaram quatro estrelas nos testes adulto e infantil, em 2019: 4 Airbags - Ford Figo 2 Airbags - Nissan Frontier / NP300 Navara (double cabs) 2 Airbags - Toyota Etios 2 Airbags - Toyota Yaris

Já o pior avaliado nos testes adulto e infantil, em 2019, com três estrelas, foi: 2 Airbags - Volkswagen Suran/Fox


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Sinal amarelo para os

› MOTOCICLISTAS

Aumento de acidentes com motociclistas acende um sinal de alerta para a conscientização de condutores e empresas

MOTOCICLISTAS Foto: © iStockphoto

por ANA LUIZA MORETTE


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

ELA PRIMEIRA VEZ, O NÚMERO DE MORTES DE MOTOCICLISTAS FOI MAIS ALTO DO QUE O DE PEDESTRES. Durante o primeiro semestre de 2019, os acidentes com motocicletas receberam o maior número de indenizações do DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), representando 77% do total, apesar do modal compor apenas 27% da frota total de veículos - a maioria das vítimas usava o veículo para ir e vir do trabalho, escola ou para lazer, enquanto apenas uma minoria utilizava como ferramenta de trabalho. O aumento do número de acidentes envolve vários fatores, como o aumento da frota de motos. No entanto, a mudança das relações de trabalho é uma das principais causas do maior número de acidentes: “A expansão dos aplicativos de entrega no país também gerou uma transformação significativa na forma de consumo principalmente no setor de alimentação. A comodidade de pedir comida em casa pelo celular levou a popularização da prática e obrigou os restaurantes a terceirizar um serviço antes prestado por funcionários próprios”, explica Rosina Cammarota, CEO da CEPA Mobility Care. O maior número de motofretistas não foi acompanhado de uma transição da legislação nem de uma mudança de comportamento: a maioria das empresas contrata autônomos exigindo apenas uma documentação válida, como a Carteira Nacional de Habilitação e o licenciamento do veículo. “No caso dos aplicativos de delivery, a gestão é praticamente inexistente uma vez que os veículos são de propriedade do motociclista (motofretista).” pontua Rosina. “Para aquelas empresas que utilizam motocicletas na área comercial, na maioria das vezes o →

“NO CASO DOS APLICATIVOS DE DELIVERY, A GESTÃO É PRATICAMENTE INEXISTENTE UMA VEZ QUE OS VEÍCULOS SÃO DE PROPRIEDADE DO MOTOCICLISTA (MOTOFRETISTA).” Rosina Cammarota, CEO da CEPA Mobility Care

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› MOTOCICLISTAS

PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

processo de gestão limita-se a assegurar a manutenção preventiva/corretiva da unidade. Com certeza há exceções, mas na maioria dos casos desconsidera-se a necessidade ou aplicabilidade da telemetria no acompanhamento do desempenho em segurança viária do condutor.” O fato é que há uma falta de conscientização dos condutores e de uma gestão eficiente das frotas de motos, e é inevitável que o cenário de acidentes seja preocupante. Somado a isso, há um problema interno de empresas de delivery e de logística, que remuneram seus terceiros segundo sua produtividade, gerando um aumento de horas trabalhada e, consequentemente, de acidentes causados por fadiga e excesso de velocidade. Em São Paulo, a Prefeitura já começou a trabalhar para evitar que o número de acidentes continue crescendo. Procurados pelo Estado, em julho, os aplicativos IFood e Loggi se comprometeram a trabalhar para melhorar as condições de trabalho de seus motociclistas, ainda que terceirizados. As ações envolvem cursos de direção defensiva, realizar campanhas de conscientização sobre mobilidade segura e a não-bonificação de entregas feitas em menos tempo - a prática é comum para fidelizar entregadores e diminuir o tempo das entregas.

“AO INVÉS DE BONIFICAR QUEM FAZ ENTREGAS EM MENOS TEMPO, DEVERIAM BONIFICAR ENTREGADORES QUE FAZEM A ENTREGA EM UM TEMPO COMPATÍVEL COM A VELOCIDADE DAS VIAS.” Flavio Tavares, Fundador do Insituto PARAR

Para Flavio Tavares, fundador do Instituto PARAR, as empresas devem passar a tratar o assunto como um valor institucional e criar ações que busquem valorizar os motofretistas que trabalham de forma correta. “Ao invés de bonificar quem faz entregas em menos tempo, deveriam bonificar entregadores que fazem a entrega em um tempo compatível com a velocidade das vias”, sugere ele. Rosina Cammarota acredita ainda que uma gestão de frotas eficiente pode ser eficaz no combate aos acidentes: adotando a telemetria, avaliação do comportamento dos condutores, palestras sobre segurança e treinamentos de condução e pilotagem segura as empresas tornam-se protagonistas do processo de diminuição da ocorrências. ▚

Foto: © iStockphoto

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GESTÃO OPERACIONAL Elaboração da Política de Frotas, definição, acompanhamento e controle dos processos

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Z Ø Ø M

› ENTREVISTA BIA FIGUEIREDO

Correndo para o futuro Única piloto de Stock Car, Bia Figueiredo é inspiração para novas gerações de mulheres nas pistas e dá exemplo de empatia no mundo dos negócios por ANA LUIZA MORETTE

NA BEATRIZ CASELATO GOMES DE FIGUEIREDO É PROTAGONISTA DE UMA HISTÓRIA QUE COMEÇOU EM 1993: agora conhecida como Bia Figueiredo, a piloto corre na Fórmula Indy e na Stock Car, sendo a única mulher da categoria. Inspirada por grandes nomes do automobilismo, Bia é uma inspiração para as mulheres que desejam fazer parte desse universo e, mais que isso, tem trabalhado para mudar o mundo também fora das pistas. Em entrevista para a PARAR Review, Bia contou mais sobre sua história e dos próximos passos para o futuro.

PARAR REVIEW - Como foi a decisão de entrar para o automobiBIA FIGUEIREDO [BF] - Quando aos 8 anos pedi para o meu pai me levar para correr de kart no circuito de Interlagos, em São Paulo. Ali já tinha certeza que faria isso para sempre e começou uma longa carreira em corridas automobilísticas. Essa paixão nasceu em mim. Ninguém da minha família era envolvida com automobilismo, mas tive sorte por terem me apoiado em um esporte tão predominantemente masculino. É um esporte diferenciado, onde você tem que controlar uma máquina que pode chegar a quase 400km/h, e ter um controle mental gigante e gostar de desafiar o tempo.

Fotos: © Carsten Horst

lismo?


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

PR - Em algum momento o fato de ser mulher pesou na sua decisão? BF - Tive desafios na carreira toda. Hoje em dia não muito, mas no começo de carreira era complicado. Perdi boas vitórias e campeonatos, pois os meninos dificultavam ao máximo. Era inaceitável para eles e para os pais que seus filhos perdessem para uma mulher. Porém, isso me fortaleceu e aprendi a revidar... na pista, claro! PR - Hoje você é a única piloto no Brasil? BF - Sou a única mulher no grid da Stock Car, a principal categoria do automobilismo nacional.

PR - Muita coisa mudou desde que você começou? BF - Na minha época, o grande sonho dos pilotos era chegar à F1 e Formula Indy. Dos 30 pilotos que corri por anos nas categorias de base, somente 4 chegaram lá, sendo eu um deles. Não é fácil. Hoje, alguns pilotos veem esse sonho cada vez mais distante pelos altos custos e falta de apoio, e no kart já optam pelo turismo.

"ESSA PAIXÃO NASCEU EM MIM. NINGUÉM DA MINHA FAMÍLIA ERA ENVOLVIDA COM AUTOMOBILISMO, MAS TIVE SORTE POR TEREM ME APOIADO EM UM ESPORTE TÃO PREDOMINANTEMENTE MASCULINO."

PR - Você vê esse cenário mudando nos próximos anos? BF - O automobilismo é ainda uma grande paixão dos brasileiros. Obviamente com a crise e custos altos que envolvem o automobilismo, estamos sofrendo muito nos últimos 2 anos. Mas temos muito a evoluir: tanto no crescimento e desenvolvimento de novos pilotos, como nos eventos nacionais e também na estrutura de nossos autódromos. O público precisa voltar a ir para os autódromos em grande peso, como antigamente.

PR - O machismo no universo automotivo é real? BF - O mundo está mudando e acredito que isso também vá mudar. Hoje, temos mulheres competindo em categorias de base no automobilismo. Torço muito por elas e peço que foquem 100% no automobilismo e não desistam nunca. Falar sobre este tema já é uma maneira de incentivar. Eu cheguei ao topo do automobilismo, disputei temporadas da Fórmula Indy, por isso, tenho certeza que logo teremos outras brasileiras na disputa também. Espero ver mulheres ainda mais independentes e com oportunidades iguais aos homens. Que elas sejam expostas e preparadas para serem líderes desde pequenas. E quem sabe muito →

– 55


ZØØM

› BIA FIGUEIREDO

mais mulheres participando do automobilismo, mas não apenas como pilotos, mas também como chefes de equipe, mecânicas...

PR - Como você se protege disso? BF - Eu sempre corri com homens e me acostumei assim, por isso não consigo ver diferença, sabe? Já que consegui vencer correndo em igualdade com eles, não vejo o porquê de competir só com mulheres. Isso vai muito de encontro à igualdade dos gêneros. Nós mulheres podemos competir de igual para igual com homens. E podemos, inclusive, vencer.

PR - Como você enxerga a importância da iniciativa privada para auxiliar as mulheres a conquistarem mais espaço e segurança? Por exemplo, o caso da Lady Driver impacta na vida

de motoristas e das passageiras.

BF - A Lady Driver, que eu entrei esse ano, é uma iniciativa que mexe em uma ferida muito grande da sociedade, porque normalmente as mulheres crescem no Brasil ouvindo que elas não são capazes de dirigir ou dirigem mal. Quando eu descobri a Lady, como eu sempre fui apaixonada por carros e por velocidade e conquistei toda a minha independência financeira e todo meu sucesso por meio de um carro, dar a mesma chance para outras mulheres é algo fez eu me apaixonar pelo projeto. A gente ouve diversas histórias de como elas se sentem mais seguras dirigindo somente para as mulheres e outras passageiras que também preferem mulheres motoristas. É lógico que não é algo fácil, que a gente gostaria que acontecesse até porque existem excelentes motoristas

homens que são super respeitosos, mas, infelizmente, algumas exceções acabam estragando.

PR - Você tem outras personalidades ou iniciativas que te inspiram como mulher e na sua carreira? BF - O meu grande ídolo, não tem como negar, foi o Ayrton Senna. Ele que fazia meu olhos brilharem na TV. Passei a acompanhar muito o Emerson Fittipaldi na Fórmula Indy também. Pirava com ele. Era uma época áurea do Automobilismo. Depois fui crescendo e conhecendo grandes pilotos e suas histórias. Além do Senna, Fittipaldi e Piquet, me inspirei muito no Rubens Barrichello e no André Ribeiro, que foi meu mentor durante 15 anos. Ele é inigualável quando se fala em postura, gestão de carreira e como lidar com patrocinadores. Aprendi muito com ele.

"O MEU GRANDE ÍDOLO, NÃO TEM COMO NEGAR, FOI O AYRTON SENNA. ELE QUE FAZIA MEUS OLHOS BRILHAREM NA TV."

Fotos: © Carsten Horst

56 –


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PR - Qual o seu futuro ideal para o futuro do automobilismo e do mercado automotivo?

"O WELCOME TOMORROW VEIO PARA MIM COMO UM APRENDIZADO. TER A OPORTUNIDADE DE OUVIR O QUE OUTRAS PESSOAS TÊM PARA DIZER SOBRE COMO O SER HUMANO VAI SE MOVIMENTAR."

BF - Precisamos de pró-atividade da nossa federação, promotores, pilotos e equipes. Todos temos que estar unidos. No último ano, o piloto Felipe Giaffone criou a Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo. Hoje temos voto da CBA e a ideia é cobrar, auxiliar, dar sangue novo a nova confederação. O próprio Felipe está criando uma escola de kart com os mesmos padrões da escola francesa, que hoje tem levado diversos pilotos para categorias TOP do automobilismo. Temos que copiar e tentar melhorar modelos que estão dando certo pelo mundo. Precisamos trazer os jovens para os autódromos e melhor a estrutura para esses eventos, criando experiências. Temos que nos revitalizar.

PR - Você tem algum medo quando pensa nas transformações que teremos no futuro? PR - Você enxerga a importância da sua figura para inspirar outras mulheres a conquistarem mais espaço? Como você lida com essa autoimagem? BF - Gosto de pensar que posso inspirar outras pessoas, pois se isso acontece é porque algo estou fazendo certo. Tenho muita vontade de incentivar outras mulheres - e minorias - mostrando que elas também podem chegar lá. A cada Karteiras, Women Drive Training e palestras, perceber que deixo cada vez mais mulheres próximas do automobilismo e carros é muito gratificante. Acho legal também quando as crianças vêm pedir autografo, me perguntar com quantos anos comecei no kart e ouvir que querem seguir meus passos. Fico muito feliz!

PR - Você é embaixadora do Welcome Tomorrow, o que te incentivou a fazer parte desse movimento? BF - O Welcome Tomorrow veio para mim como um aprendizado. Ter a oportunidade de ouvir o que outras pessoas têm para dizer sobre como o ser humano vai se movimentar. Até porque a gente está em uma constante mudança de vida, no sentido de como a gente vê o trabalho, como a gente vê

nosso corpo, nossa família, de como a gente encara nosso dia a dia, a nossa rotina, como a gente vai para o trabalho, como a gente paga uma conta, como as mães conseguem trabalhar e cuidar de uma casa e de todas as ferramentas que hoje têm aparecido para ajudar ela nesse sentido. Para mim, tem sido um prazer e vou falar um pouco do meu conhecimento e espero também aprender demais.

PR - Como você vê a importância de ter eventos e empresas discutindo um futuro melhor?

BF - Eu acho importantíssimo esse diálogo para descobrir o melhor formato da empresa trabalhar. Eu acho que funcionários felizes, pessoas que gostam de estar trabalhando onde estão é extremamente importante até em termos de produtividade. Às vezes, detalhes de ambiente, as visões dessa empresa sobre vários assuntos da sociedade, inovação e como ela trata esses funcionários pode fazer uma grande diferença de você ter as melhores mentes dentro da sua empresa. Então esse diálogo é extremamente importante e é dele que saem novas ideias.

BF - Medo não tenho, mas eu realmente me assusto com a rapidez com que as coisas estão mudando. Porém, eu vejo que é para um lado positivo, pensando mais nas pessoas em si e fazendo elas raciocinarem, pensando em melhorias. Então, precisamos ficar antenados para acompanhar tudo isso e até saber criar oportunidades para inovar.

PR - Que mensagem você deixa para as outras mulheres que estão inseridas nesse universo? BF - Eu fico um pouco solitária nessa vida de piloto. Aqui no Brasil só tem eu e a Débora Rodrigues correndo. No kart, tem vários talentos chegando. Inclusive, a Antonella Bassani que é a minha pupila. A Bruna Tomaselli também, que corre nos Estados Unidos. Ainda assim, a gente vê pouca aproximação de mulheres apaixonadas por carros e se envolvendo com mobilidade. No Welcome Tomorrow, já existem várias que eu conheço, mas isso tem que ser incentivado né? Se for incentivado desde a infância, que meninas podem ter acesso ou que podem fazer o que quiserem, quando se for falar de carro e mobilidade no futuro, tenho certeza que terão mentes femininas brilhantes para ajudar e se envolver no assunto. ▚


inside

› AHEAD

AHEAD A MUDANÇA NA GESTÃO DE FROTAS Workshop realizado pela GolSat foi um sucesso em 2019, levando conteúdos técnicos e conectando gestores de todo o país

S

ÃO PAULO, RIO DE JANEIRO, MATO GROSSO, SANTA CATARINA, RIO GRANDE DO SUL, MINAS GERAIS, PARANÁ E ESPÍRITO SANTO. Quan-

do a GolSat começou a pensar o AHEAD, um evento para gestores de frota, não imaginava que seria um sucesso em tantos estados do Brasil. O AHEAD - Gestão de Frotas do Amanhã, surgiu com um desejo da GolSat em provocar uma verdadeira mudança na vida dos gestores, e por isso a empresa reconheceu uma demanda entre esses profissionais: a de levar conteúdo técnico sobre o mercado de frotas e criar um espaço qualificado de network para os gestores se conhecerem e trocarem experiências. O principal diferencial do AHEAD é que, além de levar um conteúdo técnico e sanar muitas dúvidas, os principais convidados para os palcos de cada workshop foram sempre os próprios gestores de frotas, por

isso todas as edições contaram com talk shows feito por profissionais da região, dispostos a entenderem dos seus negócios e buscarem soluções efetivas na sua gestão. Em todos os AHEAD’s realizados em 2019, foram levadas palestras e talk shows sobre telemetria, terceirização, integração, abastecimento, manutenção, desmobilização, veículos elétricos e autônomos, e especialmente, os principais insights sobre o futuro do setor. Além de receber gestores de todos os cantos, o workshop também passou o principal valor da gestão de frotas, o da vida. A coordenadora de marketing da GolSat, Giovanna Souza, esteve a frente do projeto e o acompanhou em todas as cidades: “Esse ano foi incrível e sei que ano que vem o AHEAD vai impactar ainda mais o universo das frotas, seu presente e futuro. Quero que a gente continue fazendo os participantes do nosso workshop entenderem a

importância que o Gestor de Frotas tem nas empresas e que ele assuma o seu papel de Gestor de vidas. Também acho que o AHEAD vai mudar não apenas o trabalho do gestor nas empresas, mas o trânsito brasileiro. Quando levamos o valor de segurança para tantos lugares, estamos impactando quem faz o trânsito acontecer.” apontou Giovanna. Além de muito conteúdo e inovações sobre o mercado frotista, o AHEAD também realizou uma edição especial com a família dos participantes. O AHEAD Together aconteceu no dia 13 de junho, e apresentou a família como centro das discussões de todos os conteúdos. Todos os gestores e parceiros que estavam no evento, levaram alguém para dividir o esse momento. Seja com o companheiro (a), os filhos, irmãos ou pais, todos os participantes estavam acompanhados de pessoas importantes para sua vida.

Fotos: © Divulgação

por PIETRA BILEK


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» Edição especial do AHEAD para as famílias dos gestores de frotas

Throwback Ahead

PALAVRA DE ESPECIALISTA » LILIANE BALKE - Gerente de Processos da Lavoro

EDIÇÕES

13

CIDADES

+50

O AHEAD traz muita inovação, conteúdo relevante e networking de qualidade. É um momento ímpar para a troca de experiências, para abrir a mente para novas tecnologias e para expandir o leque de conhecimentos do Gestor de Frotas, sem nunca esquecer da segurança no trânsito.

GESTORES IMPACTADOS

PALESTRAS E TALK SHOWS

ESTADOS

» LUCIANO VENDRAME - Consultor da Locomove Foram mais de 600km percorridos para acompanhar de perto a visão dos principais gestores de frotas do país. O resultado? SENSACIONAL! Foram experiências únicas compartilhadas, diferentes pontos de vista sobre mobilidade onde foram oferecidas soluções para os problemas encontrados pelos profissionais de gestão de frotas.

» FABIANO DA SILVA - Gestor de Frota da Scania Codema A experiência foi única e super construtiva, pudemos notar o quanto o futuro pode trazer de inovações em relação a mobilidade, e como devemos estar ligados às novas visões e ideias.


inside TAKES » CONFIRA OS MELHORES TAKES DO AHEAD


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

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HEADLINE

Inteligência artificial já é realidade nas empresas brasileiras; conheça os benefícios do uso desta tecnologia para o gerenciamento de frotas e no mercado de seguros

por BEATRIZ POZZOBON

I

nteligência artificial nada mais é do que a capacidade das máquinas tomarem decisões inteligentes, a partir de uma enorme quantidade de dados. Com foco na eficiência da operação e na redução dos custos, empresas e indústrias de diversos setores já investem nesta tecnologia que, como não poderia deixar de ser, já é realidade também na área de gestão e monitoramento das frotas. Com a automatização dos processos, a análise avançada dos dados coletados nos veículos traz diversos benefícios para a gestão da frota. Pode-se citar, por exemplo, a redução de gastos com combustível, pneus e manutenção, prevenção de acidentes, previsão de chegada e monitoramento da condução do motorista. No Brasil, uma das em-

presas que utiliza da I.A em seus processos é a Ticket Log, que administra mais de um milhão de veículos por ano. “Com os recursos da inteligência artificial e de atendimento, temos ganho de eficiência, o que se reflete no propósito da empresa, que é simplificar e flexibilizar a movimentação de pessoas e veículos”, destaca Douglas Pina, head de mercado urbano da Ticket Log. De acordo com Pina, a inteligência artificial permite uma visão 360º da frota, dessa forma, os gestores podem acompanhar a performance dos veículos, ter uma visão focada em metas de quilometragem, incluindo a comparação com a frota de outras empresas com o mesmo perfil de negócio, obter dados de comportamento dos condutores e analisar o custo do litro do combus-

"A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PERMITE UMA VISÃO 360�DA FROTA, DESSA FORMA, OS GESTORES PODEM ACOMPANHAR A PERFORMANCE DOS VEÍCULOS." Douglas Pina

tível. Em uma única plataforma online, os gestores podem ainda realizar agendamento de serviços, fazer o controle automático das manutenções preventivas e negociar diretamente com os distribuidores a compra de peças, o que chega a proporcionar uma economia de até 30% para a empresa. Além da gestão da frota, a I.A se faz presente na Ticket Log para otimizar o atendimento ao público. No ano passado, a empresa implementou a EVA (Edenred Virtual Assistante), uma assistente virtual que, por meio de um chat online, é responsável pelo atendimento dos mais de 36 mil estabelecimentos comerciais parceiros da empresa em todo o Brasil. “A EVA não é só consultiva para resolução de dúvidas, ela também pode incluir saldo no cartão, liberar uma restrição que está bloqueada, configurar o cadastro

Fotos; © Freepik / Divulgação

Empresas inteligentes

› INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

do veículo, entre outras ações”, explica o head de mercado urbano da Ticket Log. “O fato dela fazer tudo isso e não só dar orientações, é um grande diferencial e minimiza de forma significativa a duração dos atendimentos com a inteligência preditiva, conseguindo ainda interpretar cenários, formar hipóteses e oferecer soluções, antes mesmo do usuário expressar sua necessidade”, completa. Segun-

I.A. no mercado de seguros “As oportunidades para uso de inteligência artificial nas seguradoras são ilimitadas”. A afirmação é Rodrigo Brancher, CTO na Youse, uma insurtech – startup especializada em seguros – que utiliza I.A desde o início da empresa, em 2016. Segundo ele, isso acontece porque as seguradoras trabalham com um enorme volume de informações, e a inteligência artificial atua, justamente, na criação de padrões a partir de dados coletados. Dessa forma, entre os benefícios da I.A para o mercado de seguros pode-se citar desde a automatização de processos, que antes eram manuais e demorados, como análises de aceitação ou de vistorias de sinistros; até uma revolução total na forma de precificação. “A precificação passa a ser baseada em dados de comportamento como hábitos de direção, horários de circulação, entre outros, e não somente com base nos dados de perfil, como se faz hoje. Enfim, temos a possibilidade

do Pina, logo no primeiro mês, 20% das liberações de restrições do serviço de gestor remoto foram feitas pela EVA pelo aplicativo da Ticket Log, ou seja, sem nenhuma interação da área de operações da empresa. Com esse ganho de tempo, a equipe pode se dedicar mais às questões estratégicas, deixando as funções de monitoramento e atendimento de chamados ao cuidados da EVA.

›› GABRIEL BUGALLO, vice-presidente de

›› EDUARDO GUEDES, vice-presidente de TI

soluções da Seguros SURA

e operações da Seguros SURA

de obter identificações individualizadas do risco sem precedentes, impactando o preço diretamente”, explica o CTO. No caso da Youse, a inteligência artificial já é empregada para verificar a propensão a conversão das cotações, ou seja, pessoas mais propensas a concluir a adesão ao seguro. A tecnologia é utilizada também para verificar a probabilidade de aprovação de um cliente ou veículo na vistoria prévia de aceitação, o que permite reduzir a quantidade de vistorias realizadas, economizando tempo do cliente e dinheiro da seguradora. “A utilização de I.A gera resultados positivos em várias frentes. O modelo de propensão a conversão, por exemplo, aumentou a produtividade dos vendedores do call center, que não investem tempo ligando para pessoas que não têm interesse real em contratar o seguro”, pontua Brancher. A Seguros SURA Brasil está em fase de testes para implantação da inteligência artificial

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nos processos da empresa. De acordo com Gabriel Bugallo, vice-presidente de soluções da Seguros SURA, a expectativa da seguradora é reduzir o esforço operacional nos processos de subscrição, emissão e sinistros. “Começamos a desenvolver a inteligência na identificação de embarques atípicos, por exemplo, onde analisamos o comportamento das movimentações diárias dos segurados. Nossa intenção é usar a I.A para as atividades de gerenciamento de risco, respondendo às situações de riscos reais que podem ou não acontecer com os motoristas”, complementa Bugallo. “Os principais benefícios que enxergamos são o tempo de resposta mantendo a precisão na precificação do risco. A tendência é que a proposta fique mais adequado para o cliente ao longo do tempo de acordo com as suas necessidades e características mais detalhadas”, finaliza Eduardo Guedes, vice-presidente de TI e operações da Seguros SURA. ▚


inside

PARAR ONTHE

ROAD

O ciclo 2019 do maior evento de frotas do Brasil chega ao fim depois de cinco edições memoráveis por MARIANA LO TURCO

2019

FOI MAIS UM ANO EM QUE O INSTITUTO PARAR LEVOU CONTEÚDO PARA VÁRIAS CAPITAIS BRASILEIRAS. O ciclo deste ano do PARAR On

the Road passou pelo Rio de Janeiro, Curitiba, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. Foram mais de mil gestores de frotas que puderam aproveitar um dia incrível de evento, com muito conteúdo e networking. Especialista em em produção de conteúdo para profissionais frotistas, o Instituto PARAR já fez mais de 400 eventos desde sua criação, sempre tendo em foco a capacitação dos profissionais da área de frotas. E em cada evento, os presentes saem preparados para serem profissionais melhores e mais humanos.

Fotos: © Divulgação

Última parada:

› PARAR ON THE ROAD


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

DE GESTOR DE FROTA PARA GESTOR DE VIDA Essa é uma frase que foi muito falada para os gestores que participaram do PARAR On the Road. O Instituto preparou vários conteúdos com foco na segurança dos colaboradores. Foram mesas-redondas e palestras, como é o caso da apresentação do Gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente para América Latina da Shell, Rogério Nersissian. Apresentando vários dados sobre acidentes

– 65

ciar”, alguns profissionais de frotas dis-

emprego do futuro’, mostrou que, por

cutiam a respeito do uso da tecnologia,

mais que o robô desempenhe algu-

apresentavam seus cases e falavam dos

mas funções de maneira mais rápida

seus planos para o futuro.

e eficaz , a empatia, gratidão e criati-

Para os gestores que estavam em

vidade são características únicas dos

busca das melhores soluções para a sua

seres humanos e vão ser elas que vão

frota, a feira de negócios foi uma ótima

nos diferenciar no mercado de traba-

oportunidade. As patrocinadoras do PA-

lho. Um talk-show com Tássia Junquei-

RAR On the Road aproveitaram o brunch

ra, da BeerOrCoffe, falou sobre a nova

servido pelo Instituto PARAR para estrei-

configuração do espaço de trabalho e

tar laços com seus clientes e também,

de como os coworkings são o futuro

estabelecer novas parcerias. Durante os

dos escritórios. Esse momento foi uma

de trânsito no Brasil, Nersissian atentou os gestores ao fato de que as estatísticas não são só números, e sim, vidas. Não é

PARA OS GESTORES QUE ESTAVAM EM BUSCA DAS

à toa, que Nersissian ganhou o título de

MELHORES SOLUÇÕES PARA A SUA FROTA, A FEIRA

Embaixador de Segurança do Instituto PARAR junto com Dr. Dirceu Alves, Diretor

DE NEGÓCIOS FOI UMA ÓTIMA OPORTUNIDADE.

de Comunicação e do Departamento de Medicina da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego). Ambos têm como objetivo de vida lutar por um trânsito mais seguro e são grandes parceiros do PARAR nesta missão. A parceria entre PARAR e CEPA Safe Driver (Centro de Prevenção de Acidentes) também prioriza a segurança nas frotas, tema que foi muito presente nos talk-shows com Rosina Cammarota, CEO da CEPA. Além de falar sobre a importância do treinamento de direção preventiva, Rosina também contou sobre a criação do centro e aproveitou para sortear vários serviços para os gestores presentes.

FOCO NO GESTOR DE FROTA

sorteios de todas as edições do ciclo 2019,

pílula para a Welcome Tomorrow 2019,

várias parceiras e patrocinadoras apro-

o evento mais relevante de mobilidade

veitaram a chance para presentear o pú-

do mundo.

blico com os seus serviços. E um prêmio que não podia faltar era um curso do PGF (Programa para Gestores de Frota).

ESPECIALISTAS DO FUTURO O único curso voltado ao profissional de frotas na América Latina é o PFG, que já tem 5 anos de história. Com conteúdo bem elaborado e seguindo as principais tendências da indústria automotiva, o curso tem mudado a carreira de muitos gestores. Esse foi um dos assuntos abordados em um talk-show com Flavio Tavares, em que ex-alunos do PGF contaram como

O grande protagonista em todas as

o curso transformou suas vidas e seu dia-

edições do PARAR On the Road foi o ges-

-a-dia no trabalho. Para homenagear os

tor de frotas. Por isso, em diversos mo-

melhores alunos do curso, no PARAR On

mentos esses profissionais subiram ao

the Road SP, foi entregue o certificado de

palco para contar sobre sua trajetória ou

“Gestor 5 estrelas” para os cinco melhores

dando dicas sobre a área. Durante a pro-

alunos de todas as turmas do PGF.

LOCADORAS, STARTUPS E CASES DE SUCESSO As mesas-redondas do ciclo 2019 do PARAR On the Road tinham como objetivo resolver os principais desafios dos gestores de frota. Por isso, conversas com locadoras e debates sobre desmobilização e carros elétricos marcaram presença no conteúdo de todos os eventos. Além disso, startups com soluções de manutenção, logística e integração de dados subiram ao palco para mostrar como é possível unir o trabalho feito por startups aos das empresas de frota.

2020 PROMETE! O Instituto PARAR está preparando

gramação, o #SomosTodosGestores foi

Como o futuro do trabalho ainda as-

um calendário incrível para o ano de

o momento para os gestores contarem

susta muitos profissionais, o tema tam-

2020. Seguindo as tendências do setor,

suas histórias e seus dilemas enfrenta-

bém foi abordado das edições do PARAR

a intenção do PARAR é criar um conte-

dos no cotidiano. Já com a mesa-redonda

On the Road. O líder do PARAR, Flavio Ta-

údo relevante e que supere todas as

“Se não posso medir, não posso geren-

vares, em sua palestra ‘A paternidade é o

expectativas dos gestores de frota. ▚


inside TAKES » CONFIRA OS MELHORES TAKES DO PARAR ON THE ROAD 2019


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

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REPENSANDO AS NECESSIDADES DA MOBILIDADE URBANA por ALBERTO BRANDAO, MOSKIT CRM

› PUBLIEDITORIAL

MA GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO ACORDA TODOS OS DIAS E SE DESLOCA PARA O TRABALHO. A jornada diária entre nossas casas e o local onde trabalhamos é parte praticamente indissociável da nossa história de vida. Passamos tanto tempo em transportes que os americanos possuem até uma palavra para este hábito. A palavra commuting não tem uma tradução literal, mas para os falantes da língua inglesa descreve bem a viagem cotidiana de milhões de pessoas em todo o mundo. A quantidade de tempo gasto na rotina diária de transporte não é pouca. A média nacional está próxima de uma hora e vinte minutos, mas quando olhamos especificamente os grandes centros, a média de tempo pode subir para quase 3 horas todos os dias.

Foto: © Freepik

TIPS & CASES


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

UM DOS GRANDES DESAFIOS DA TECNOLOGIA É REDUZIR ESTE TEMPO E AUMENTAR A QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE GASTAM UMA BOA FATIA DO SEU TEMPO EM DESLOCAMENTO.

Um dos grandes desafios da tecnologia é reduzir este tempo e aumentar a qualidade de vida das pessoas que gastam uma boa fatia do seu tempo em deslocamento. Algumas alternativas se mostram eficientes na otimização do transporte e no ganho de qualidade de vida. O uso de bicicletas, o transporte colaborativo ou até mesmo os patinetes elétricos alugados através de aplicativos são bons exemplos dessa busca por opções mais viáveis. No entanto, uma revolução silenciosa e que traz grande impacto na forma como as pessoas vivem o dilema do deslocamento diário vem surgindo. E aqui, a palavra revolução funciona bem. Em vez de otimizar a forma como

nos movemos pelas cidades, a saída tem sido bem mais drástica. Uma das melhores soluções e que mais influenciam no transporte das grandes cidades é não precisar se deslocar. Segundo a Global Workplace, o número de pessoas que passaram a trabalhar de casa aumentou 115% na última década. Nos últimos 10 anos os esforços para facilitar o trabalho remoto passaram por grandes avanços. Dos chats para colaboração entre equipes até ferramentas profissionais operando em nuvem, as ações à distância tornaram-se mais eficientes e a necessidade de interações presenciais é cada vez menor. Além da economia em horas de viagem e promover um aumento na qualidade de vida, empresas também reduzem custos com este movimento. A mesma pesquisa da Global Workplace estima que funcionários que ficam apenas meio período em home office podem gerar uma economia de até 11 mil dólares ao ano para empresas, nos Estados Unidos. Para os profissionais, o trabalho remoto pode representar uma redução de gastos de gastos de até 7 mil dólares ao ano, reduzindo o estresse e, segundo a Universidade de Stanford, aumentando a taxa de retenção nos postos de trabalho. →

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70 – PUBLIEDITORIAL

DAS CIDADES, UM VENDEDOR COM UMA REUNIÃO AGENDADA PARA ÀS 10 HORAS DA MANHÃ PRECISARIA SAIR COM PELO MENOS UMA HORA DE ANTECEDÊNCIA PARA CHEGAR AO SEU DESTINO SEM ATRASO.

No mesmo passo, profissionais podem se beneficiar da tecnologia que permite o trabalho remoto para se deslocar menos, mesmo quando trabalham de um escritório central. Grande parte dos benefícios de evitar deslocamentos pela cidade podem ser transferidos aos profissionais, como por exemplo vendedores, que agendam reuniões e precisam enfrentar o trânsito, a dificuldade para estacionar, a depreciação de veículo e os gastos com combustível. Na maioria das cidades, um vendedor com uma reunião agendada para às 10 horas da manhã precisaria sair com pelo menos uma hora de antecedência para chegar ao seu destino sem atraso. Contando com o tempo de retorno, uma reunião que dura uma hora acaba consumindo quase 3 horas reais. O mesmo vendedor adotando soluções como Moskit CRM para gestão de vendas, Google Hangouts ou TotalVoice para ligações e conferências remotas, é capaz realizar uma reunião sem consumir horas adicionais, economizando praticamente duas horas que seriam gastas em deslocamento. Um levantamento divulgado pela Meetime, em 2018, aponta que 60% das empresas já adotam algum tipo de vendas inter-

na, 28% ainda não adotam mas já pensam na mudança de direção. Apenas 14% dos entrevistados não utilizam um modelo de Inside Sales não pensam em mudar a forma como trabalham. Para pensar em tecnologia e mobilidade, é preciso também pensar em formas de eliminar a necessidade de deslocamento. Computação na nuvem, chats colaborativos e plataformas inteiras que permitem interação completa sem a necessidade de todos estarem no mesmo lugar, representam um verdadeiro impacto na forma como as cidades se organizam. Cada pessoa que perde a necessidade de se deslocar representa um carro a menos na rua. Como consequência, morar em bairros centrais deixa de ser uma prioridade e os custos com moradia acabam reduzidos. A tecnologia vem para nos lembrar que a solução para um grande problema pode ser mais simples do que parece. Aos poucos estamos descobrindo que a grande melhora na mobilidade urbana acontece repensando a necessidade de se deslocar. E como os dados estão mostrando, este é um movimento que traz benefícios diretos para funcionários, empresas e para o funcionamento das cidades. ▚

Foto: © Freepik

NA MAIORIA

PararReviewMag / #18 / Novembro 2019


Um jeito mais inteligente de consumir móveis para você voar livremente.

Liberdade para mudar de vida ou de endereço quando quiser e, ainda assim, se sentir em casa. Foi com esse propósito que criamos a Tuim, um serviço de móveis por assinatura que permite montar o seu ninho com a sua cara, sempre que você bater asas em busca do novo. Para viver cada momento por inteiro, dando valor ao que realmente importa.

Saiba mais como funciona e vem voar com a gente: tuim.com.br


inside

› ARTIGO DR. DIRCEU RODRIGUES ALVES JR.

TRANSPORTE na disseminação de doenças

GRANDE MOBILIDADE DO SER HUMANO, UTILIZANDO OS MAIS VARIADOS TIPOS DE VEÍCULOS, concorre para a disseminação de doenças e para a rápida transferência de um foco de infecção de um hemisfério para outro. Os pontos mais distantes do nosso planeta cada vez se tornam mais próximos. A evolução do transporte aproxima cada vez mais estes pontos. Até bem pouco tempo, somente através do transporte marítimo conseguíamos atravessar o Atlântico, o Pacífico e atingir outro continente. As viagens eram longas, cansativas e desgastantes. A Vigilância Sanitária nos portos preocupava-se em não deixar entrar no país qualquer patologia que poderia se disseminar comprometendo toda à população. Os suspeitos eram submetidos à quarentena, já que poderiam estar no período prodrômico (período de incubação). Cobravam-se as vacinações obrigatórias para determinadas doenças. Hoje, com o desenvolvimento tecnológico, a aviação civil rompe o tempo de percurso entre os pontos mais longínquos, e em curto período,

nos deslocamos de um continente para outro. Essa rapidez facilita o transporte de doenças, as mais diversas e nos mais variados pontos. Além de transportar os doentes e portadores de doenças, o transporte em geral é capaz de conduzir o hospedeiro intermediário e o agente vetor favorecendo a disseminação e o aparecimento do foco a distância. Entendemos que tenha sido essa a primeira globalização, não pensada, não discutida pelos órgãos governamentais. Porém, a expansão dessa globalização cresce a cada dia, a cada hora. Das doenças sexualmente transmissíveis, a AIDS é tipicamente um exemplo a ser lembrado. Em 1982, um Boeing da Panamerican Air Lines trazendo um grupo de americanos pousa no Aeroporto Internacional do Galeão, na semana do carnaval. Este grupo participou de todos os grandes bailes da cidade do Rio de Janeiro, capital da beleza e da alegria naquele período. Desde então começou a aparecer os primeiros casos da doença no nosso país. O Brasil entrava na Globalização da AIDS. E daqui para frente, como faremos o controle dessas doenças? Torna-se cada vez mais difícil o controle das doenças infectocontagiosas. Sabemos que a falta de controle vai permitir o aparecimento de epidemias comprometendo todo o planeta Terra. O transpor-

te em geral será o responsável pela disseminação e, especificamente o transporte aéreo, será o elemento capaz de produzir a eclosão de focos epidêmicos quase simultâneos em toda a superfície terrestre, causando uma pandemia. Hoje vemos Aedes egipty, Phebotomus, barbeiro, aruá, Tsé-Tsé etc., sendo transportados dos focos de origem para os grandes centros urbanos através de todo tipo de transporte. Precisamos instituir o mais breve possível normas que permitam um controle mais eficiente, principalmente com as doenças tropicais, bem como maior conhecimento e respeito à legislação específica. Sem isso, evoluiremos com todo recurso tecnológico para o extermínio do ser humano, a passos largos. O transporte chega aos lugares mais longínquos desse país que tem dimensões continentais. Em determinadas áreas de nosso território temos doenças tropicais, as mais variadas, transmitidas por insetos. Ao chegarem a determinada região, os veículos passam a hospedar passageiros bastante diferenciados, “os insetos”, que em curto período desembarcarão nos grandes centros, multiplicando-se e aumentando de maneira assustadora a disseminação de uma doença epidêmica originária de áreas bastante distantes. Nada se tem feito para combater este

Fotos: © Divulgação / Freepik

A globalização das doenças infectocontagiosas.


PararReviewMag / #18 / Novembro 2019

tipo de atividade que ameaça toda população. Vez por outra, vemos nos jornais insetos transmissores de Dengue presente no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba etc. Tais insetos têm por habitat a região de Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazônia, e hoje estão disseminados em estados populosos onde tal vetor tinha sido erradicado há anos. Medidas mais concretas devem ser adotadas pela vigilância sanitária com objetivo de se fazer o combate permanente a tais insetos que produzirão múltiplas doenças infecciosas graves na população dos grandes centros. A vigilância sanitária dos aeroportos, aeroclubes e de qualquer pista de pouso deve ser enérgica em termos de obrigar a dedetização de tais aeronaves ao deixarem o campo de pouso de onde decolaram. Além disso, a dedetização também na chegada, vai proporcionar maior garantia de que nenhum vetor está sendo tra-

zido para um grande centro. Tal conduta se aplicaria nos terminais rodoviários, transportadoras, trens, navios e individualmente por todos os motoristas que transitam por tais áreas. Estas são medidas profiláticas, fáceis de serem adotadas, de baixo custo e que seriam executadas pelos que transitam nestas regiões. A vigilância sanitária de cada cidade faria a fiscalização e, consequentemente, as punições com multas àqueles que incorrem em erros, no descumprimento as necessidades básicas em termos de Saúde Pública. Os aeroclubes tornam-se quase sempre os pontos de desembarque dentro dos hangares de uma vasta fauna de transmissores de doenças como o vetor da Febre Amarela, Malária, Dengue, Doença de Chagas etc. Sabemos que todas essas doenças foram extremamente combatidas durante anos, com custos elevadíssimos, na faixa litorânea do

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nosso país. De poucos anos para cá, já ressurge a Dengue. Alguns raros casos de Malária, Febre Amarela já foram citados nesta região e até de Doença de Chagas. Não podemos permitir que a reinfestação desta faixa litorânea, venha a trazer os problemas de saúde do passado que levaram a população ao sofrimento e à morte. Ações de motoristas, pilotos, maquinistas, comandantes de navios e barcos em geral, transportadoras, órgãos governamentais e municipais devem agir de maneira genérica para não transformarmos este país em um “Berço Esplêndido de Doentes”. ▚

›› DR. DIRCEU RODRIGUES ALVES JR.

Diretor da ABRAMET Associação Brasileira de Medicina de Tráfego www.abramet.org.br dirceurodrigues@abramet.org.br dirceu.rodrigues5@terra.com.br


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› DORINHO BASTOS



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