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OPINIÃO
Anastasia pedala até o TCU
OPINIÃO
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João Paulo Cunha
O senador Antonio Anastasia (PSD-MG) é o novo ministro do Tribunal de Contas da União. Venceu no plenário a disputa com os senadores Kátia Abreu (PP-TO) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e, em seguida, teve seu nome aprovado pela Câmara dos Deputados. Ele ocupa o lugar de Raimundo Carreiro, que assume a Embaixada do Brasil em Portugal. O senador mineiro fica com a vaga da cota do Senado. O cargo é vitalício e o salário está no patamar máximo do serviço público, em torno de R$ 37 mil por mês. Aos 60 anos, tem pelo menos 15 anos de sinecura pela frente.
Anastasia pedalou muito para chegar ao TCU. Nome do bolso do colete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), colhe, em torno de cinco anos depois, a última parcela devida pelos serviços prestados no impeachment de Dilma Rousseff. Foi de sua lavra o longo relatório, de mais de 400 páginas, que pedia ao Senado a aprovação da admissibilidade do processo contra a presidente. Ele foi indicado para a tarefa por Aécio Neves (PSDB-MG), que sempre o tratou como uma espécie de reserva técnica ou despachante de seus interesses.
Anastasia coordenou a campanha de Neves ao governo de Minas, inventando para isso o artifício do choque de gestão, a grande estratégia de marketing do tucano. Foi vice de Aécio, assumiu o mando no último ano de governo e se reelegeu para cumprir um mandato inexpressivo e antipopular. Com jeito de bom moço, foi uma espécie de coringa do conservadorismo em Minas Gerais desde o governo de Hélio Garcia. Atuou no planejamento e gestão, segurança pública, administração, recursos humanos e cultura. Era só chamar.
Anastasia comprometeu sua biografia e a democracia brasileira
Anastasia está no TCU porque sempre fez o serviço sujo
Como um carimbo burocrático umedecido com a tinta da pretensa competência técnica e da ética, Anastasia era a face menos comprometedora de Aécio Neves. Uma espécie de “meu garoto”, que com o passar do tempo foi se tornando cada vez menos autônomo e menos garoto. Com sua atuação na Comissão do Impeachment, rasgou de vez a fantasia.
O senador mineiro, mais uma vez, não é senhor de seu destino. Não é um acaso que os filhos de Bolsonaro tenham entrado na peleja, já que prestação de contas do uso de recursos públicos não é propriamente algo fácil para 01, 02 e 03, sem falar no cartão corporativo de 00.
Anastasia está no TCU porque sempre fez o serviço sujo. Sua competência, inegável, só não é maior que sua gratidão a quem sempre o acolheu em seus projetos de poder.
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Aos filiados, filiadas, companheiros e companheiras de luta, que o espírito natalino traga aos nossos corações a fé inabalável dos que acreditam em um novo tempo de paz e amor. Agradecemos por mais um período de caminhada coletiva e confiança mútua e desejamos que 2022 seja um ano de muitas conquistas!
FELIZ NATAL
E UM PRÓSPERO ANO NOVO! SINDIFES
Samuel Pinheiro Guimarães Bolsonaro: destruidor do futuro
1. Não é correto afirmar que o Presidente Jair Bolsonaro é um psicopata, desvairado, incoerente, manhoso, ignorante, violento, fascista e genocida e que seu governo é incompetente e sem rumo, sem um projeto para o Brasil. 2. Bolsonaro é tudo isso e pior do que isso tudo. Seu governo tem um projeto e este projeto tem como objetivo a destruição do futuro do Brasil. 3. O projeto do governo Bolsonaro se caracteriza pela destruição, como ele declarou: “Eu não vim para construir. Vim para destruir”, Jair Bolsonaro, 2019. 4. O projeto econômico de Bolsonaro é um projeto ultra neoliberal cujas premissas são simples: todos os problemas econômicos podem ser resolvidos pela empresa privada. 5. A política econômica de Bolsonaro procura, com ardor, desregulamentar as atividades econômicas; privatizar as empresas do Estado; vender os bens do Estado; reduzir os direitos dos trabalhadores. 6. Na área externa, as medidas econômicas têm com objetivo abrir amplamente a economia ao capital estrangeiro e às importações. 7. O projeto social de Bolsonaro é uma reversão aos valores mais conservadores da sociedade brasileira, que começaram a ser reformados em 1930. Acredita que o interesse do indivíduo é sempre superior ao interesse coletivo; que o uso da força e da violência para preservar valores é legitimo. 8. Se Bolsonaro avaliar que não tem chances de vitória nas eleições de 2022, tentará o golpe de Estado, sua única possibilidade de escapar dos numerosos processos que terá de enfrentar na Justiça pela enormidade e diversidade de seus crimes contra os brasileiros e o Brasil.
Golpe será saída para escapar de processos
Samuel Pinheiro Guimarães é embaixador e secretário-geral do Itamaraty
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Carlos Ferreira Martins Réveillon, carnaval e volta à escola
Depois do último meme da fábrica Bolsonaro de iscas para debate nas redes sociais, estamos todos discutindo se é melhor perder a vida e preservar a liberdade contraindo o vírus no réveillon, no carnaval ou na volta às aulas.
Essa foi a penúltima pérola produzida pelo boneco de ventríloquo que responde pelo ministério dos ataques à saúde. Penúltima, como na velha piada, porque a última ele pode estar produzindo agora e nós ainda não sabemos.
Com o planeta em alerta a partir da identificação da variante ômicron, qualquer debate sobre festas massivas como réveillon ou carnaval nem precisaria ser muito acirrado.
É fato, já mais do que reconhecido, de que os efeitos da pandemia atingem de forma desigual os diferentes setores da população e, pior, aprofundam a desigualdade.
É entre as crianças que isso salta aos olhos. Uma coisa é o prejuízo da formação escolar no período etário adequado e outra é ficar sem merenda escolar durante mais de um ano, para um contingente enorme de crianças que tinham na merenda a parcela substantiva, quando não a única, de sua alimentação diária.
Assim, a prioridade da volta às escolas deveria, sem dúvida, estar no centro do debate há muito tempo. Mas ela precisaria estar condicionada a outra questão, que parece passar longe da preocupação da mídia e das autoridades: a adequação física dos edifícios e equipamentos escolares e a definição de protocolos seguros para um retorno.
Em outras palavras, a grande pergunta hoje não deveria ser se haverá réveillon ou carnaval, mas se nestes quase dois anos, os entes federativos responsáveis (união, estados e municípios) tomaram as medidas necessárias para preparar as escolas, públicas ou privadas, para um retorno mais seguro às aulas.
Pandemia atinge de forma desigual a população
Carlos Ferreira Martins é professor titular do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP em São Carlos (SP)
ACOMPANHANDO
Na edição 361... “Consciência negra: por que ser antirracista?” ... E agora Homens brancos do 1% mais rico têm mais renda que todas as mulheres negras do país
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram mais uma estatística entre aquelas que expõem o quadro da desigualdade no país: 705 mil homens brancos que integram o grupo do 1% mais rico da população detêm 15,3% da renda nacional. O percentual significa um montante maior que o de todas as brasileiras negras adultas juntas, que compõem 14,3% da renda. Os dados estão expostos no levantamento intitulado “Quanto fica com as mulheres negras? Uma análise da distribuição de renda no Brasil”.