Paraná | p. 6
Syngenta condenada Justiça responsabiliza empresa pela morte do sem-terra Keno
Brasil | p. 4
Consumo de drogas não se resolve com polícia Luiz Eduardo Soares explica por que não adianta insistir em políticas que não funcionam
Arquivo MST
Orue Brasileiro
PARANÁ
Ano 3
Edição 106
6 a 12 de dezembro de 2018
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
VIDA DE COBRADOR
NATAL SOLIDÁRIO Conheça alternativas de consumo consciente neste fi nal de ano Cidades | p. 5
Como é o dia a dia dos trabalhadores que o prefeito Greca quer demitir Cidades | p. 5 Joka Madruga
Ednubia Ghisi
Cultura | p. 7
Editorial | p. 2
Geral | p. 3
Evento no Tatuquara
Lei da Mordaça
Abordagem violenta
2º Descentraliza acontece sábado em Curitiba com apresentações e oficinas
“Escola sem partido” quer calar o debate e a Liberdade de Expressão
Advogado negro é novamente vítima de violência policial em Curitiba
2 | Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 6 a 12 de dezembro de 2018
Bolsonaro e os Sem mordaça porões do agronegócio na democracia EDITORIAL
O
direito à liberdade de pensa- único. Uma população sem informento e expressão é uma con- mação, debate e sem acesso à eduquista da humanidade, comparti- cação torna-se mais submissa, mais lhada por muitas correntes teóricas fácil de ser manipulada. E é tame políticas. Quem se opõe a esse di- bém por isso que políticos conservareito limita a democracia. Não à toa, dores e poderosos têm interesse no projeto: eles sabem a própria Constituique é mais fácil imção fala em livre mapor suas vontades nifestação de pensaInviabilizam o quando o povo tem mento e expressão, pensamento menos acesso ao coem seu artigo 5º. crítico e nhecimento crítico. Mas, no BraAs medidas antisil, defensores do decretam a populares e antinafim da liberdade ideologia de um cionais que Bolsodo pensamento esnaro e seus aliados pensamento tão propondo, há alpretendem tomar guns anos, o Projeto único precisam de uma de Lei nº 7.180/14, cultura antidemochamado de “escocrática, desde a esla sem partido”, que representa, na verdade, a “lei da cola até a universidade, para evitar a tomada de consciência do povo bramordaça”. Sob o pretexto de retirarem sileiro. É por isso que se apresenta “ideologias” da sala de aula, inviabi- como tarefa de todas as forças delizam o pensamento crítico e decre- mocráticas a rejeição ao projeto “estam a ideologia de um pensamento cola sem partido” no Congresso.
SEMANA
OPINIÃO
suas regionais por incitar a violência no campo e por trabalhar com advogada popular e mestre em direitos milícias privadas. humanos e democracia pela UFPR Em seus discursos eleitorais, Bolsonaro já afirmou que não havecenário eleitoral acirrou os rá demarcação de terras indígenas, conflitos políticos no Brasil, titulação de territórios tradicionais com elevação da violência e crimi- ou reforma agrária e que acabanalização da luta política por direi- rá com a “indústria das multas ambientais”, de modo que o futuro do tos humanos. Representantes do agronegócio Incra, Funai, ICMBio, Ibama e Fundação Palmares são são o segundo setor incertos. com mais represenEm plena COP tatividade nos miA UDR já foi 14 da Convenção nistérios no futuro da Diversidade Biogoverno de Bolsoinvestigada em lógica, o governo naro. Tereza Crissuas regionais Bolsonaro também tina, representante por incitar a anunciou que retida bancada ruralisraria a candidatura ta e conhecida por violência no do país para sediar defender o aumencampo e por a 25º Conferência to do uso de agrotrabalhar com das Partes sobre o tóxicos no país, assumirá o Minismilícias privadas Acordo de Paris, em razão de “cortério da Agricultura tes orçamentários”. (MAPA). O próprio presidenLigada ao MAPA, Bolsonaro criou a Secretaria Espe- te chegou a afirmar que teve particial de Assuntos Fundiários, diri- cipação direta na decisão política gida por Nabhan Garcia, presiden- de não sediar o evento, alinhandote da União Democrática Ruralista -se com o presidente estaduniden(UDR) e amigo pessoal do presi- se Donald Trump. Em clima de autoritarismo, cerdente eleito. Ele já afirmou que vai reformu- ceamento democrático, criminalilar a política de reforma agrária no zação, concentração de produtiviBrasil, retirando seu “viés ideoló- dade e desprezo socioambiental, o gico”. A UDR já foi investigada em que restará de nossa diversidade? Naiara Bittencourt,
O
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 106 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm, Laís Melo e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO NESTA EDIÇÃO Anderson Moreira, Ednubia Ghisi e Paula Zarth Padilha ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes e Joka Madruga DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
Brasil de Fato PR
Paraná, 6 a 12 de dezembro de 2018
QUE DIREITO
FRASE DA SEMANA
“Cada agricultor tombado no campo é um dia a menos de comida em casa”
Patrulhas das Mulheres em todo o Paraná Foi sancionado o projeto de lei do deputado estadual professor Lemos (PT), ampliando a Patrulha Maria da Penha para todo o Paraná. O projeto tinha sido protocolado em março. Ele define o que deve ser feito por policiais militares com foco no combate à violência contra as mulheres. As patrulhas devem ser diárias e a encargo da Secretaria de Segurança Pública.
Disse a paraense Tainá Marajoara, cozinheira, realizadora cultural e conselheira nacional de cultura alimentar em entrevista ao Brasil de Fato. Tainá é fundadora do Ponto de Cultura Alimentar Lacitatá, em Belém (PA).
Mais uma perseguição Renato Almeida Freitas Jr, advogado e ativista do movimento negro de Curitiba, foi preso mais uma vez de forma arbitrária, desta vez pela PM, no dia 5, na chamada Praça do Gaúcho, centro de Curitiba, reduto de jovens e integrantes do hip-hop. No relato do advogado, Almeida aguardava uma reunião no local e recebeu abordagem, ao lado de cinco jovens. O policial exigiu a saída imediata de Almeida do local, que se recusou. Levado para um módulo policial administrativo no centro, onde ficou por 40 minutos, o jovem ainda foi agredido e sofreu ameaças de morte. “Uma arbitrariedade que põe em risco a minha vida”, denuncia o advogado. E completa: “É um misto de perseguição concreta, pelo que eu represento na minha luta. Mas principalmente a perseguição genérica a jovens como eu, porque aí sim é o racismo”, diz.
Divulgação
Privatização do BB prejudicaria população do campo Futuro presidente do banco fala em enxugamento e privatização de ativos Paula Zarth Padilha O Banco do Brasil é uma empresa com ações vendidas na bolsa de valores. O governo federal não é dono de 100%, mas controla a gestão por ser acionista majoritário. Assim, cumpre diversas funções sociais. A mais conhecida é o financiamento rural. Mas não só. Pronaf, Fies, FAT, Proger, Moderagro, Pronamp, PCA, Inovagro, Finame são alguns dos programas que atende. O BB também financia os moradores que vivem na seca, custeia o plantio agroflorestal, a agricultura familiar agroecológica, inovação tecnológica com sustentabilidade ambiental e empreendimentos do Mi-
3 | Geral
nha Casa, Minha Vida. Em 2017, a participação do BB no financiamento agrícola correspondeu a 60% do total das instituições financeiras. Isso também é possibilitado porque está
Se bancos como BB e Caixa perderem seu caráter público, quem sofrerá será a população em 99,8% dos municípios, em cidades onde nenhum banco privado vai. Futuro presidente do BB nomeado pelo governo Bolsonaro, o economista Ru-
bem de Freitas Novaes, declarou à Agência Brasil que “a orientação da próxima gestão será a busca por eficiência, o enxugamento e a privatização de ativos da instituição”. Para o economista Pablo Diaz, que é funcionário do BB, privatizar ativos significa delegar ao “mercado” a gestão. “Por trás do discurso está a desidratação do BB. O futuro presidente tem origem num banco privado”. Ele explica, ainda, que essa desestruturação é continuidade do governo Temer. “Se bancos como BB e Caixa perderem seu caráter público, sua função social, para serem mais um banco privado jogado à concorrência do mercado, quem sofrerá será a população.”
É ESSE? Naiara Bittencourt*
É nosso direito produzir e comer sem agrotóxicos Ontem, dia 4, foi aprovado em comissão especial da Câmara Federal o Projeto de Lei que cria a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos no Brasil. Agora, segue para votação no plenário na casa e disputará espaço com outro projeto que modifica a atual lei de agrotóxicos, flexibilizando e ampliando seu uso, também aprovado em comissão especial por manobras da bancada ruralista. Já a PNARA foi construída por diversas organizações sociais e protocolada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva à Comissão de Legislação Participativa, em novembro de 2016. Dentre os avanços, o projeto incentiva a criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, cria uma plataforma de dados sobre contaminações e intoxicações por agrotóxicos, estabelece medidas de fiscalização, controle e informação sobre as substâncias e estabelece taxas progressivas na tributação de agrotóxicos de acordo com seu grau de periculosidade. É direito dos agricultores orgânicos e agroecológicos produzir sem veneno e sem contaminação e é direito dos consumidores comer alimentos saudáveis e seguros. * advogada popular e mestre em direitos humanos e democracia pela UFPR
4 | Brasil
Brasil de Fato PR
Paraná, 6 a 12 de dezembro de 2018
Proibir não diminui consumo de drogas Para ex-secretário nacional de segurança, não adianta insistir em modelos que não funcionam Orue Brasileiro
Ana Carolina Caldas
O
antropólogo e ex-secretário nacional de segurança pública Luiz Eduardo Soares defende que, para combater a violência, deve-se partir para a legalização das drogas, alteração na estrutura da segurança pública e investimento para diminuir as desigualdades sociais. Confira a entrevista exclusiva concedida ao Brasil de Fato Paraná durante o evento “Ilegal: debate sobre drogas e segurança pública”, organizado pelo mandato do vereador Goura (PDT). Brasil de Fato | Como é possível explicar a necessidade de legalização das drogas para a população? Luiz Eduardo Soares | É preciso investir na informação, trazer dados empíricos para que as pessoas possam formar opiniões com serenidade e racionalidade. O que eu posso dizer é que não acertamos quando perguntamos se devemos ou não manter a proibição das drogas. A proibição não existe, de fato. Ela existe na lei, mas não é praticada. Ou seja, o acesso às drogas é franqueado no Brasil todo. Esse problema é mundial. Nenhuma polícia no mundo conseguiu reduzir consumo de drogas. Agora, muda-se de figura de
uma disciplinarização, mudança acordo com o contexto em que essa de hábitos, reforço na propaganda questão está inserida. Se está num etc. Portanto, a legalização das drocontexto que consumo de drogas é gas não traz o caos, problema de prisão e mas sim a disciplina, polícia ou num cono ordenamento, as texto em que ela é visÉ preciso regras. ta como problema de alterar as rotas saúde pública, eduQual deveria ser a cação e cultura. Essa, no combate à função da polícia na objetivamente, é a violência e no erradicação da vioquestão. tratamento às lência? É preciso rever a atual estrutura Que exemplos podedrogas da segurança pública. mos dar sobre esse Hoje a polícia mais tema? O que já foi numerosa é a milifeito com o cigarro. tar, que é proibida de investigar, de Houve uma redução bastante sigacordo com o artigo 144 da Constinificativa do consumo de nicotina tuição Federal. Sendo assim, ela é sem polícia, sem cadeia. Tivemos
instada a produzir. O que significa, na estrutura brasileira, prender. Na verdade, a polícia deveria ser considerada de sucesso quando diminuísse o número de prisões. Temos 56 mil homicídios dolosos por ano, apenas 8% dos quais são investigados, e a maior taxa de crescimento da população penitenciária do mundo. Portanto, é preciso investir em programas que visem à antecipação, à prevenção, e, depois, à investigação rigorosa desse conjunto de atividades. Isso é indispensável para alcançar resultados mais adequados. O que é necessário para alterar o atual cenário de violência crescente? Para quem espera o caminho de racionalidade, democracia e respeito a direitos, as perspectivas não são muito otimistas. Quando falo em racionalidade, estou me referindo à elaboração de políticas públicas que partam da dinâmica da história, da análise de dados para definir estratégias razoáveis. Para esse horizonte, eu esperaria uma postura de reconhecer que é preciso alterar as rotas no combate à violência e no tratamento às drogas. O que vi nos discursos dos já nomeados para o governo e do próprio presidente eleito é a reiteração do que já deu errado.
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Extrema pobreza cresce e atinge 15,2 milhões de pessoas Redação O número de pessoas na faixa de extrema pobreza no Brasil aumentou de 13,5 para 15,2 milhões – crescimento de 12,6% na comparação entre 2016 e 2017. De acordo com definição do Banco Mundial, são pessoas com renda inferior a 1,90 dólar por dia ou 140 reais por mês. Segundo o IBGE, o crescimento do percentual
nessa faixa subiu em todo o país, com exceção da Região Norte, onde ficou estável. Os dados fazem parte da Síntese dos Indicadores Sociais 2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que entende o estudo como “um conjunto de informações sobre a realidade social do país”. O trabalho elaborado por pesquisadores da instituição tem como prin-
cipal fonte de dados para a construção dos indicadores a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2017. O estudo mostra ainda que também aumentou a proporção de pessoas abaixo da linha de rendimentos, equivalente a quem ganha até 5,5 dólares por dia ou R$ 406 por mês. São 54,8 milhões de pessoas nessa faixa.
Brasil de Fato PR
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5 | Cidades
Projeto do desemprego de cobradores de ônibus fica para 2019 Câmara Municipal analisa projeto de Greca, que pode demitir 6 mil trabalhadores em Curitiba Ana Carolina Caldas
Ana Carolina Caldas
A
Câmara Municipal de Curitiba recusou, nesta semana, pedido de urgência para votação do projeto do desemprego, proposta do prefeito Rafael Greca que quer acabar com os cobradores nos ônibus da cidade. O que pode levar à demissão de 6 mil pessoas. O sindicato da categoria era a favor da urgência por acreditar que tinha votos para enterrar a proposta. Mas, dos 34 vereadores, 18 votaram contra. Agora, a análise do projeto ficará para 2019. Para entender o que esse projeto representa, o Brasil de Fato entrevistou cobradores sobre sua rotina e a ameaça da proposta do prefeito para suas vidas.
Ana Carolina Caldas
Comecei como Claudinei cobradora depois que meu Silvino marido faleceu, em 2012. Antes, de Lima trabalhava como doméstica, porque ele não cobrador deixava trabalhar em empresa. Fiquei sozinha com os filhos, sem pensão e fui fazer o curso para cobradora. Trabalho na estação do Círculo Militar. A gente chega aqui, faz amizade, vê gente com mais problemas que nós e vira até psicóloga. O cobrador é quem orienta e dá segurança aos passageiros. Gostaria de continuar como cobradora, gosto desse Depois de 17 anos trabalhando contato com as pessoas. como metalúrgico, fui demitido e tive dificuldade em arrumar outro trabalho por causa da idade (48 anos). Está muito difícil arrumar um trabalho depois dos 35. Se a função de cobrador desparecer ficará faltando o contato mesmo da empresa com o usuário. Com o cobrador, são feitas as reclamações e são dadas as orientações. Gosto do meu trabalho e tenho Cleonice medo do desemprego. Penso em fazer de Souza curso para motorista de ônibus, já Alves pensando no futuro. cobradora
Consumo solidário é alternativa para compras de final de ano Anderson Moreira
É
possível consumir de forma solidária e consciente nesta época do ano. Os espaços de comercialização são variados - feiras, lojas, entregas em pontos fixos e vendas pela internet - e há uma diversidade de produtos - alimentos orgânicos, artesanatos, roupas, pães, doces, cerveja artesanal, cachaça orgânica, dentre outros. O consumo solidário é um dos princípios da economia solidária. “É uma forma de economia que respeita o ser humano e o meio ambiente. Ela é fundamental para alcançarmos uma sociedade mais justa”, diz Rosana Kloster, do Sinergia Alimentos Saudáveis, um empreendimento
solidário que comercializa produtos originários de redes, empreendimentos, cooperativas, associações e pequenos agricultores. Para as ceias de fim de ano também há opções como as Cestas Agroecológicas Campo-Cidade, comercializadas pela Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA-PR), em parceria com cooperativas de outros estados. Ademir Fernandes, que faz parte da CCA, diz que o objetivo do trabalho é pôr na mesa da população um alimento saudável, sem uso de insumos químicos e que não agride o meio ambiente. “Queremos que o processo vá muito mais longe, que muitas pessoas consigam consumir e os agricultores consigam aumentar sua produção”, afirma.
COMPRE PRODUTOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA 1ª Festa da Economia Solidária Artesanato Produtos agroecológicos e orgânicos, alimentação, cerveja artesanal, música, dança e outras atrações. Quando: 15/12, das 8h às 22h. Onde: Espaço Cultural e Esportivo dos Bancários - Rua Piquiri, 380, Rebouças - Curitiba Quanto: Entrada Gratuita Casa da Economia Solidária Onde: Rua XV de Novembro, 270, sala 212/214, 2º andar, Centro, Curitiba (PR) Informações: (41) 3323-2827
Cestas Agroecológicas Campo-Cidade Pedidos via whatsapp: (41) 99531-7950 Vendas online: www. produtosdaterrapr.com.br Feira de Natal de Economia Solidária Quando: De 17 a 22 de dezembro, das 9h às 17h. Onde: Ao lado do Terminal do Portão, em frente ao MuMa Curitiba (PR) Sinergia Alimentos Saudáveis Vendas: www.sinergiaas.com.br
6 | Paraná
Brasil de Fato PR
Paraná, 6 a 12 de dezembro de 2018
Syngenta é condenada por assassinato de sem-terra
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Empresa já havia sido responsabilizada pela morte de Valmir Mota de Oliveira, o Keno, em 2015 Ednubia Ghisi e Franciele Petry
A
empresa suíça Syngenttransnacionais agrícolas que atua no país, foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Paraná, no final de novembro, pelo assassinato do agricultor sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, e pela tentativa de assassinato da agricultora Isabel Nascimento de Souza. A decisão dos desembargadores da 9ª Câmara do Tribunal de Justiça do Paraná confirmou a sentença de primeira instân-
cia, de 2015, quando a 1ª Vara Cível da Comarca de Cascavel determinou que a empresa tem responsabilidade pelo assassinato e deveria indenizar a família das vítimas por danos morais e materiais. Keno, que integrava o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi assassinado com um tiro no dia 21 de outubro de 2007, aos 34 anos. Deixou a esposa Íris Maracaípe Oliveira e três filhos: Juan, Keno Jr. e Carlos Eduardo. “A justiça foi feita. Hoje a Syngenta é culpada. Eu estou muito emocionada [...]”, disse a viúva do agricultor ao saber da condenação. Arquivo MST
“Eu só tenho de agradecer a Deus, porque nunca perdi as esperanças de que a Syngenta seria condenada um dia por essa tragédia. Preferia mil vezes que ele estivesse aqui comigo, mas tenho certeza de que, onde estiver, está feliz agora”, completou Íris. Ataque brutal O assassinato ocorreu em um campo de experimentos ilegais de transgênicos da Syngenta, na cidade de Santa Tereza do Oeste, nas proximidades do Parque Nacional do Iguaçu. A área estava ocupada por cerca de 150 integrantes da Via Campesina - articulação de movimentos sociais do campo, entre eles o MST -, que denunciava a ilegalidade das pesquisas da transnacional, que produz agrotóxicos e transgênicos. Os militantes foram atacados a tiros por cerca de 40 agentes da NF Segurança, empresa privada contratada pela Syngenta, que foi considerada pela Justiça responsável pela ação. Além do assassinato de Keno, Isabel foi baleada e perdeu a visão do olho direito. Foi posta de joelhos para ser executada, mas ergueu a cabeça e foi atingida na altura do olho. Outros três agricultores ficaram feridos.
VITÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS O caso ganhou ampla repercussão nacional e internacional. Em 2008, integrantes da Via Campesina protestaram contra a morte de Keno em frente à sede da empresa, na Suíça. No mesmo ano, o embaixador suíço Rudolf Bärfuss pediu desculpas à viúva do agricultor em nome do governo do país. Advogado que acompanhou o julgamento,
Manoel Caetano Ferreira Filho, avalia que a decisão do TJ foi uma grande vitória para os movimentos sociais, pois reconhece a responsabilidade da Syngenta. “Acho Importante que, sendo a empresa do porte que é, tenha prevalecido no tribunal o julgamento favorável às partes mais fracas, que foram vítimas da violência”, destaca.
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117 | Cultura
LUZES DA CIDADE Pedro Carrano
A senhora descansa dos seus 90 anos de ação nesse mundo. Ela está no mesmo sofá, todos os dias, debaixo da janela. Pelas manhãs, quando penetro receoso naquele recinto, para deixar minha filha com a trabalhadora que cuida das duas, passo o dia com a imagem daquela senhora na minha cabeça. A luz de fora também penetra no rosto envelhecido, só que extremamente limpo, até mesmo naqueles dias escuros. Fico
pensando que são talvez os últimos dias de sol emitidos pra ela, resumindo uma vida de quantas coisas impossíveis de elencar, que só cabem mesmo no resumo daquela imagem. Uma flor que cumpre um ciclo. E por que não pensar também que o sol, de alguma maneira, está recebendo os últimos raios de luz daquela senhora, agora pulsando fraco nalguma das centenas de janelas num conjunto da periferia de Curitiba.
2º Descentraliza mostra linguagens artísticas urbanas O evento no Tatuquara, promove apresentações e oficinas do hip-hop dancing, grafite e percussão Hannah Mariana
Laís Melo “Descentralizar o olhar da arte que geralmente se encontra no centro da cidade e trazer esse olhar específico para as linguagens que são desenvolvidas na periferia e para os corpos que estão ali praticando essas linguagens”, é com essa missão que Vitor da Rosa, professor de breaking e um dos organizadores do evento, apresenta o 2º Descentraliza Arte Geral, que acontece no sábado (8), no Tatuquara, em Curitiba. Junto das organizadoras Andrea Gianini, Camile Ca-
ronari, Eloísa Salvador, Karina Merencio, Rita Brambila e a Ong Arte Geral, o projeto surgiu da vontade de mostrar e trocar com a comunidade os estudos e aperfeiçoamentos que são desenvolvidos ao longo do ano. “Nos últimos cinco anos, o Arte Geral, que antes trabalhava com outras áreas, agora tem se voltado mais para
o comprometimento e ensino da dança. Nessas duas edições, tentamos fazer uma aproximação do nosso público com as linguagens urbanas”, conta Vitor. A partir desse pensamento foram propostas as oficinas de jazz, hip-hop dancing, grafite, desenho e percussão, que impulsionam a construção de conhecimento a partir das linguagens artísticas trazidas. Para as apresentações, junto das mostras de trabalho que estão sendo feitas com os alunos das oficinas ao longo do ano, também foram convidadas para se apresentar outras instituições que trabalham no mesmo sentido em várias localidades de Curitiba e Região Metropolitana, além e aberta chamada pública para quem queira apresentar seu trabalho.
Quando: Sábado, 08 Onde: Clube da Gente - R. Evelázio Augusto Bley, 151, Tatuquara Programação: 9h cadastro dos alunos | 10h – 12h Oficinas 12h30 Almoço | 13h Apresentações Contato e inscrições: arte.artegeral@gmail.com Quanto: Gratuito
Gibran Mendes
Centenas de janelas
DICAS MASTIGADAS
Crepe com calda de chocolate e maracujá Ingredientes 4 ovos, 1/2 litro de leite, 400g de farinha de trigo, 1 colher de sopa de manteiga, 2 colheres de sopa de açúcar
Como fazer Bata tudo no liquidificador. Aqueça uma frigideira e coloque um pouco da massa por vez, fazendo discos. Gire a frigideira para espalhar de forma igual o creme. Retire quando estiver firme.
Creme de chocolate 200g de chocolate em pó, 400ml de leite, 100g de açúcar, 1 colher de sopa de amido de milho, 120ml de creme de leite
Como fazer Leve ao fogo leite e chocolate com açúcar e amido de milho. Faça um creme consistente. Deixe esfriar e bata na batedeira com creme de leite. Deixe ficar bem liso e recheie os crepes. Leve ao forno quente por 5 minutos.
Calda de maracujá 2 unidades de maracujá (a fruta), 2 colheres de açúcar, 1 xícara de água
Como fazer Leve ao fogo até engrossar em ponto calda. Sirva frio sobre o crepe recheado.
Reprodução
8 | Esportes
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Paraná, 6 a 12 de dezembro de 2018
Não existe ou é oculto Por Cesar Caldas A diretoria do Coritiba insistiu, até outubro, que havia objetivo, planejamento e executor defi nidos para o futebol na temporada fi nda no mês seguinte, a saber: subir à Série A com atletas de base, observados há anos por Forner, 12 reforços que este indicaria e, no início da Série B, “pontuais contratações” para titularidade. Se tal planejamento existiu, Forner não teria sido substituído em abril por Eduardo Baptista – que não conhecia os garotos, nem indicou a dúzia de Simiões. Perquirido no Conselho se a substituição representava o reconhecimento de um erro, o presidente Samir Namur disse que, ao contrário, isso demonstrava o acerto do plano. Já em agosto Baptista caiu para que Tcheco tentasse o impossível. O ano termina e ninguém, além do próprio G5, faz ideia do fio que conduzirá o futebol coxa em 2019. Se ele existe, está fechado em alguma gaveta.
2019 já começou Por Marcio Mittelbach Algumas torcidas choram o rebaixamento, mas o Paraná já está com as energias voltadas para 2019 e o retorno à elite em 2020. Com contrato até o fim de 2019, o técnico Dado Cavalcanti teve o privilégio de oito jogos na Série A para testar o elenco. O Paraná encerrou 2018 com cinco atletas da base no time titular: Jhony, Jhonny Lucas, Alesson, Andrey e Keslley. Embora onze em cada dez torcedores concordem que é preciso dar oportunidades para essa galera, o treinador alertou que ainda é cedo para afirmar qualquer coisa, que alguns podem voltar para base ou sair por empréstimo. Do plantel contratado em 2018, parece que ninguém vai permanecer. Silvinho e Torito Gozáles já deram adeus e se juntaram a atletas como Caio Henrique, Carlos, Cléber Reis e Alex Santana. Já o goleiro Richard sinalizou em sua rede social que deve permanecer.
Vai ter festa na Baixada Por Roger Pereira 12 de dezembro será um dia histórico para o futebol paranaense. O Clube Atlético Paranaense buscará a conquista do primeiro título internacional para o futebol das araucárias. A partida de volta contra o Junior Barranquila (da Colômbia) promete ser o jogo de futebol mais importante já disputado no Estado. Pode-se até considerar que os títulos brasileiros de Atlético (2001) e Coritiba (1985) tenham mais relevância. Mas foram conquistas fora de casa. Agora, é uma final no Caldeirão, com promessa de recorde de público. Mais de 40 mil vozes empurrando o Atlético para se consolidar como o “Furacão das Américas”, um grande no cenário nacional e continental. Para voltar à Libertadores e coroar o grande segundo semestre, em que Thiago Nunes salvou o ano atleticano. (Esta coluna foi escrita antes da partida de ida da decisão. Barranquilla, não jogue água no meu chope).
Palmeiras também lidera prêmio de melhores jogadores do Brasileirão Palmeiras, Grêmio, Inter e Flamengo têm maioria dos jogadores em destaque no país Frédi Vasconcelos
C
ampeão e vice do Brasileirão, Palmeiras e Flamengo têm os maiores orçamentos do futebol brasileiro, acima de R$ 600 milhões por ano em 2018. Junto com os gaúchos, Internacional e Grêmio, que terminaram em terceiro e quarto lugares, os times são donos de 10 dos 11 jogadores selecionados pelo prêmio mais tradicional do futebol brasileiro, o Bola de Prata/ESPN. O único intruso foi Gabigol, do Santos, também artilheiro do campeonato. O Palmeiras liderou com folga também essa disputa, com quatro jogadores no Bola de Prata, com o melhor técnico e o Bola de Ouro, o craque do campeonato, que ficou com o atacante Dudu (veja a lista completa ao lado). Os outros três times tiveram dois jogadores cada. O Paraná não teve nenhum jogador citado entre os melhores. O Atlético Paranaense, que teve excelente recuperação no segundo turno e terminou
na sétima colocação do Brasileirão, teve destaques individuais, como o atacante Pablo, mas isso não foi suficiente para ter indicados ao prêmio, que é fei-
to com base em notas em todas as rodadas do campeonato. O único premiado do estado foi o árbitro Rafael Traci, considerado o melhor da competição. Divulgação
Dudu, do Palmeiras, levou bola de prata como melhor atacante e bola de ouro como o craque do Brasileirão 2018
SELEÇÃO DA BOLA DE PRATA 2018 Goleiro Weverton (Palmeiras)
Meia Lucas Paquetá (Flamengo)
Lateral-direito Mayke (Palmeiras)
Segundos atacantes Dudu (Palmeiras) Everton (Grêmio)
Zagueiros Pedro Geromel (Grêmio) Víctor Cuesta (Inter) Lateral-esquerdo Renê (Flamengo) Primeiro volante Rodrigo Dourado (Inter) Segundo Volante Bruno Henrique (Palmeiras)
Centroavante Gabriel (Santos) Troféu Telê Santana (Melhor Técnico) Luiz Felipe Scolari (Palmeiras) Apito de Ouro (Melhor Árbitro) Rafael Traci (PR)
Modric vence Bola de Ouro Croata desbancou Cristiano Ronaldo e Messi Redação O croata Luka Modric venceu, na noite da última segunda-feira (3), o prêmio Bola de Ouro, da revista “France Football”, durante cerimônia em Paris, e quebrou a hege-
monia do português Cristiano Ronaldo e do argentino Lionel Messi. Em setembro, Modric já havia recebido o “The Best”, organizado pela Fifa. Com a nova premiação, ele se torna o primeiro jogador a desbancar Cristiano e
Messi, que dominaram o pódio entre 2008 e 2017. Cada um conquistou o posto de melhor do mundo cinco vezes. O último jogador a derrotar a dupla foi o brasileiro Kaká, em 2007, quando atuava pelo time italiano Milan.